quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Eslováquia começa a usar Euro

O euro produzido na Eslováquia

Desde hoje, primeiro de janeiro de 2009, a vizinha Eslováquia faz parte dos 16 países da zona Euro. A Eslováquia é o primeiro país da Europa do Leste a adotar a moeda única européia. Sai na frente das vizinhas República Tcheca, Polônia e Hungria.
O câmbio está em 30,1260 coroas para cada 1 Euro. Nos dezesseis primeiros dias de janeiro deverão ainda conviver as duas moedas, coroa e euro. Porém no comércio, lojas, farmácias, supermercados só são aceitas moedas e notas de Euro. Até o final de 2009, a coroa poderá ser trocada nos bancos comerciais, depois disso só no Banco Central da Eslováquia.
Entre 19 de agosto e 15 de dezembro de 2008, O banco central produziu 500 milhões de moedas ou 2.405 toneladas em EURO de 2 €, 1 €, 50 centavos, 20 centavos, 10 centavos, 5 centavos, 2 centavos e 1 centavo de. A cada mês a produção é de 150 milhões destas moedas.
Na Polônia, seguem as discussões entre o Presidente Lech Kaczyński e o primeiro-ministro sobre a adoção do Euro. Tudo leva a crer, entretanto, que a Polônia só estará na zona Euro em 2012. Até lá o złoty (ouro) seguirá sendo a moeda polaca.

Decidido: Hanna Lis volta ao "Wiadomości"

Hanna Lis

Os novos diretores gerais da TVP - Telewizja Polska, Piotr Farfał e Tomasz Rudomino, respectivamente presidente e vice, deram entrevista ao vivo, ontem, na própria emissora estatal, pelo canal TVPinfo. Eles substituem a polêmica administração de Andrzej Urbański, Sławomir Siwki e Marcin Bochenki (os três eram indicados pelo partido PiS do presidente da República). Embora os três susbtituídos aleguem ilegalidade na posse de Farfał, a verdade é que a presidência dos novos diretores foi confirmada pelo Tribunal Nacional.
Além de oito diretores de setores que serão demitidos, ou transferidos para outras funções, a primeira decisão do novo presidente é de que a jornalista Hanna Lis voltará a conduzir o principal telejornal da emissora, o "Wiadomości", já nesta segunda-feira dia 5 de janeiro.
Ainda não se sabe, contudo, qual jornalista será o editor chefe, já que Krzysztof Rak,  que retirou Hanna do ar duas semanas atrás, entrou em férias. A dúvida se ele continua, ou não, se deve aos boatos dos corredores da emissora de que a ordem para tirar a bela Hanna do vídeo partiu do presidente substituído Urbański. Este por sua vez, teria sido forçado pelo partido PiS que não admitia a presença do casal Hanna e Tomasz Lis na condução do telejornal e no "talk-show" político do marido Tomasz.
A verdade é que do ponto de vista jornalístico, a mudança de poderes na principal emissora de televisão do país, pouco acrescentará a liberdade de expressão, pois os novos presidente e vice foram indicados pelos partidos LPR (Partido da Liga da Família Polaca) e Samoobrona (Partido da Autodefesa), dois partidos ainda mais à direita do que o conservador partido de extrema-direita do presidente Lech Kaczyński. Assim, ao que tudo indica a liberdade de expressão e jornalismo sem censura continuará com mordaças, apesar da independência de Hanna Lis em seus comentários.  A jornalista vinha aproveitando as "enrascadas" e gafes do presidente da República para destilar algumas verdades que o partido não gostou. Por isto teria sido afastada do vídeo.

QUEM É HANNA


Hanna Lis, cujo sobrenome de solteira é Kedaj, é filha de dois jornalistas Aleksandr e Waldemara e nasceu em 13 de maio de 1970, em Augustów. Por sua vez, a mãe dela é filha de Stanisław Stampf'l, também jornalista e escritor.
Hanna morou alguns anos na Itália, já que seu pai era correspondente do jornal Życia Warszawy, em Roma. Ela começou sua carreira na TVP, onde entre outros programas apresentou o telejornal "Teleexpress". Em 2002, transferiu-se com um bom salário para a televisão privada TV4 (do grupo Polsat), onde apresentou outro telejornal, o "Dziennik".
Em 2004, ela foi transferida para o canal principal do grupo a TV Polsat. Ali foi âncora do telejornal "Wydarzenia". Fez algumas aparições como correspondente da CNN norte-americana, neste período. 
No tempo que viveu na Itália, chegou a representar a Polônia no 20º Festival da Canção Infantil "Zecchino d'Oro", de 1977. No ano seguinte, ela se apresentou com Piccolo Coro dell' Antoniano no Vaticano e cantou algumas canções para o Papa João Paulo II.
Casou-se com Tomasz Lis, um popular jornalista, que faz dublê de galã em suas aparições televisivas. Em 2002, ela fez uma aparição como atriz no filme "Rób swoje ryzyko jest twoje". É formada pela Universidade de Varsóvia, em Filologia Italiana e conquistou o prêmio jornalístico  "Wiktor 1996", na categoria "Descoberta do Ano". 

Houve gueto em Cracóvia?

Portões de entrada do gueto de Płaszów, em Cracóvia

Cracóvia antes de 1918 estava sob jugo do Império Austríaco por 123 anos. Neste período fez parte da província austríaca da Galícia. Muitos eram os judeus residindo na cidade, especialmente no bairro do Kazimierz. Em 1939, estes judeus alcançavam o número de 68.482, quase um quarto de uma população total de aproximadamente 250.000 habitantes. Em 6 de  setembro de 1939, Cracóvia foi capturada pelas tropas alemãs.  
A perseguição aos judeus começou imediatamente e se intensificou logo depois dos alemães terem declarado Cracóvia capital do Generalgouvernement, a área da Polônia que a Alemanha não anexou diretamente a suas províncias orientais. Os alemães ordenaram o fechamento das sinagogas e do "Judenrat". O primeiro presidente da "Judenrat" era Marek Biberstein, conhecido professor judeu ativista social.  O SS-Oberscharführer Paul Siebert, apontado como membro da "Judenrat", disse que todas as ordens alemãs deveriam ser cumpridas com absoluta obediência e com precisão. Uma das primeiras ordens da SS foi recolher utensilhos e peças de valor das sinagogas e entregar-las todas aos alemães. Em 1940, foi organizada pelos alemães um polícia judaica, e foi designado como chefe Symche Spira, o qual antes da guerra tinha sido carpinteiro e judeu ortodoxo. Embora não falasse fluentemente polaco ou alemão, ele se tornou o melhor colaborador da SS e da Gestapo.  Em novembro de 1939, todos os judeus de 12 anos e acima desta idade tiveram que usar uniformes e a estrela de David. Segundo dados da "Judenrat" foram vendidas 53.828 "Estrelas de David" para serem usadas pelos judeus com mais de 12 anos de idade. 
Na cidade, o castelo de Wawel se transformou na residência do advogado nazista Hans Frank, que tinha sido indicado como governador geral da Polônia. Montelupich se transformou em uma prisão das polícias de segurança alemãs. Em 1942, o campo de Płaszów (ou Plachóvia) foi estabelecido no sul da cidade como um campo de trabalhos forçados para os judeus de Cracóvia. Em 1944, Plachóvia se transformou também num campo de concentração. O gueto cobria uma área de 20 hectares, e incluía 15 ruas e 320 edificações com 3.167 cômodos. Em maio 1940, os alemães iniciaram a desocupação do Kazimierz e a transferência dos judeus de Cracóvia para o campo vizinho, do outro lado do rio Vístula.  


Judeus sendo transferidos através da ponte de ferro sobre o rio Vistula, na rua Starowiślna.

Em 15 de agosto, quase todos já haviam sido retirados de Cracóvia, bem como das localidades ao redor da cidade. Membros da "Judenrat" tentaram impedir as transferências forçadas. Marek Biberstein, e diversos outros membros da "Judenrat" e até alguns oficiais alemães que não concordavam com as medidas foram presos. Biberstein foi aprisionado em Cracóvia e depois em Tarnów até 1942. Um advogado de Cracóvia, Dr. Artur Rosenzweig, tentou se tornar o novo líder da da "Judenrat". Rosenzweig era uma pessoa modesta e recusou-se a colaborar com a SS. Marek Biberstein foi morto em Placchóvia em 1944.
Em março de 1941, quase todos os judeus já estavam em Plachóvia. Apenas 15.000 permaneceram em Cracóvia. Ainda no começo de março de 1941, os alemães resolveram fazer um gueto, ali perto no bairro do Podgórze. Os alemães concentraram assim os judeus que haviam permanecido em Cracóvia neste gueto criado na outra margem do Vístula. Ao redor de 20.000 judeus foram confinados neste gueto do Podgórze. Apesar de cercado por cercas de arame, barricadas e muro, os bondes elétricos continuaram atravessando o bairro, porém ser fazer nenhuma parada dentro da área do gueto. Os alemães criaram fábricas dentro do gueto, entre elas a Optima e Madritsch, onde judeus eram usados como mão-de-obra escrava. Centenas de judeus também foram empregados em fábricas e outros serviços fora do gueto, mas sempre tinham que retornam para dormir amontoados.
Em março de 1942, os alemães prenderam aproximadamente 50 intelectuais no gueto e os enviou para o campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau, distante 64 km. Na segundo semestre de 1942, os alemães retiraram cerca de 13.000 pessoas do gueto. Durante estas transferências, a Plac Zgody e a fábrica Optima foram os pontos principais de retirada.
A maioria dos transferidos foram enviados pra o campo de extermínio de Belzec, no sudeste da Polônia, a algumas dezenas de quilômetros de Rzeszów (ou Jechóvia em português). Outros tantos foram enviados para Auschwitz. Centenas de pessoas foram executadas durante estas transferências pelos motivos mais torpes.
Em março de 1943, os alemães destruíram o gueto de Cracóvia. Mais de 2.000 pessoas foram transladadas para Auschwitz-Birkenau e imediatamente assassinadas. O resto da população do gueto foi transferida para bem mais perto, ali mesmo no campo de Plachóvia. Uma unidade especiais, conhecidas como Unidades 10051 desenterrou corpos putrefatos para queimá-los e dispersar as cinzas. O trabalho das unidades 10051 durou quase dois anos e envolveu a exumação de mais de dois milhões de corpos. Em Plachóvia, em janeiro de 1945, uma Unidade 10051 exumou 9.000 corpos de 11 sepulturas coletivas.
Existiu um movimento de resistência judeu dentro de Plachóvia, já a partir do momento em que o gueto foi estabelecido.

O campo de Płaszów (Plachóvia)

Operações clandestinas tentaram dar suporte para a educação e o bem-estar das crianças. Em outubro de 1942, entretanto, a Organização Judaica de Luta (Zydowska Organizacja Bojowa - ZOB), organização clandestina independente da ZOB de Varsóvia, preparou-se para lutar contra os alemães. A ZOB, contudo, decidiu não lutar nos confins limitados do gueto, mas usar o gueto como base para atacar alvos na cidade de Cracóvia. O mais importante ataque da ZOB ocorreu no centro de Cracóvia, no Café Cyganeria, que era frequentado por oficiais alemães. Os rebeldes do gueto também tentaram reunir grupos ativos de rebeldes da região de Cracóvia. Em confrontos sucessivos com os alemães, os rebeldes do gueto sofreram muitas perdas. No outono de 1944, os remanescentes da resistência fugiram da Polônia, atravessando a Eslováquia e indo para a Hungria, aonde se juntaram aos grupos de resistência judaica em Budapeste. Cracóvia permaneceu como sede administrativa do Generalgouvernement até os alemães evacuarem a cidade em janeiro de 1945.
As condições de vida neste campo foram terríveis. O comandante da SS no acampamento Amon Goeth fazia de tudo para tornar a vida dos prisioneiros um inferno. Um prisioneiro de Plachóvia podia se considerar uma pessoa de sorte se sobrevivesse ali mais de quatro semanas. Sim, pois apesar de difícil sempre existia uma mínima possibilidade de escapar com vida do campo, sonho este alimentado por todos. Após a liberação, o comandante Amon Goeth foi preso por oficiais polacos, sentenciado à morte e enforcado. Em 18 de janeiro de 1945 as Forças Armadas Soviéticas libertaram Cracóvia, pondo fim ao terror que dominou corações e mentes por cinco anos. 

P.S. Respondendo a pergunta do título. Sim, houve!. Pois se antes, Plachóvia, Podgórze e Cracóvia fossem cidades diferentes, a verdade é que hoje as duas primeiras são bairros de Cracóvia. E de certa forma já o eram antes, apenas é que ficavam no outro lado do rio Vístula. E outra coisa é que o texto aqui, foi baseado em alguns outros, inclusive de publicações do United States Holocaust Memorial Museum.