Os meus Jarosiński chegaram ao Brasil em 1911, para ser mais preciso em 14 de junho, no porto do Rio de Janeiro. Os Jarosiński faziam parte de um grupo de 194 famílias, procedentes das províncias de Siedlce, Chełm e Lublin. Cada família era constituída em média de 6 pessoas, ou seja, estavam naquele navio 1150 imigrantes. Após permanecerem 10 dias na hospedaria do imigrante da Ilha das Flores, na baia da Guanabara, embarcaram com destino a Paranaguá no navio costeiro Itaúba. Era 24 de junho. Depois de Paranaguá, subiram a Serra do Mar de trem e passaram alguns dias na Casa do Imigrante, em Curitiba, até serem encaminhados a Colônia Iapó de Castro. A viagem de Piotr, Ana e os filhos Wiktoria, Bolesław (meu avô), Józef e Maria, desde a vila Helenów, distrito de Wojcieszków, município de Łuków foi cansativa, penosa mas cheia de esperança.
Passaram a viver em Castro, cidade das mais antigas do Paraná. Embora nascido em Monte Alegre do Tibagi (anteriormente município de Tibagi e atualmente de Telêmaco Borba) minhas raízes paranaenses também estão na rainha do rio Iapó. O nome “Castro” foi dado em homenagem ao português, Martinho de Melo e Castro que foi Secretário de Estado dos Negócios Ultramarinos da Coroa Portuguesa (cargo equivalente ao de Ministro da Marinha). Castro foi elevada a categoria de cidade em 21 de janeiro de 1857, sendo considerada a Primeira Cidade instituída na Província do Paraná, por isso é tão conhecida como a “Cidade Mãe do Paraná”.
Muito pouco ficou registrado até hoje sobre a colonização polaca nos Campos Gerais, ou seja, em terras de Palmeira, Irati, Guarapuava, Ponta Grossa e Piraí do Sul, Tibagi e Castro em que pese terem sido criadas 15 colônias com mais de 200 famílias nos 13 primeiros anos do século 20. Do pouco que se sabe é que em 1855, chegaram ao município imigrantes alemães e tempos depois os polacos, assentando-se nas colônias de Terra Nova e Santa Leopoldina. No final do século 19 Castro recebeu alemães protestantes, que se instalaram na região de Maracanã, Rio Abaixo e Bulcão. No início do século, em meados de 1911, chegaram mais polacos e os primeiros holandeses, estes fundaram a Colônia de Carambeí, e entre 1951 e 1954, com a vinda de mais 50 famílias, fundaram a Castrolanda que foi batizada assim em homenagem à cidade. Os japoneses chegaram em 1958 e impulsionaram a agricultura através de novas técnicas de plantio e produção. Mas sem dúvida nenhuma do contigente populacional a etnia mais expressiva é a polaca, pouco louvada é verdade, mas ainda assim a mais importante.
O jornal curitibano Gazeta Polska, de 9 de julho de 1893, é uma das poucas fontes a relatar que “essas também foram mal conduzidas, não por falta do governo, mas pela inconsciência dos líderes da colonização, que se locupletavam com os recursos destinados à implantação e estabelecimento dos imigrantes, enquanto esses passavam fome e necessidades. (...) em vista de informações falsas de que os poloneses serem vagabundos, o governo decidiu sustar qualquer auxílio. Os colonos, para não morreram de fome, lançaram mão do gado dos grandes fazendeiros, matando os animais que pastavam nos pastos selvagens, conseguindo dessa forma sobreviver até que viesse a primeira colheita.(...) Em vista da matança de cabeças de gado, surgiram divergências entre os poloneses, que lutavam pela vida, e os fazendeiros, que defendiam suas propriedades. O mais afamado, pela fúria contra os imigrantes, era um tal Domingos Ribas. Embora atualmente os colonos já possuam seu pão cotidiano, êle não deixa de persegui-los com seus negros, batendo e maltratando, não só os homens, mas as mulheres e até crianças. Há anos êle vendeu as terras ao governo, para que ali fossem instaladas colônias. Não se retirou das mesmas, embora já estivessem morando ali os imigrantes, utilizando os campos como outrora e procurando despejar os colonos polacos.”
Aquele que procura por informações sobre os polacos em Castro se depara com a incredulidade da população local. É comum ouvir: “Não! aqui não tem colônia de polacos , não! As colônias daqui são de alemães e holandeses.” Impressionante como a população local desconhece suas origens. O Museu do Tropeiro existente na cidade fala apenas dos tropeiros e dos portugueses e cabolcos que precederam o movimento imigratório. Nem mesmo os holandeses força econômica do município tem tanta coisa assim. Apesar disto, basta abrir a lista telefônica e encontrar centenas de nomes de origem polaca. Não bastasse isso as colônias Iapó, Santa Leopoldina, Tronco, Passo dos Bois e Maracanã ainda conservam lotes dos primeiros imigrantes polacos.
Um recenseamento realizado no mês de maio de 1943 na área urbana e suburbana de Castro apontava uma população de 5.350 habitantes. A estatística era bem detalhada, apresentando não só a origem étnica dos moradores como os endereços e quantidade de pessoas por residência. Estão assinaladas 119 residências de polacos com 558 pessoas, ou seja, 10.42% da população da cidade. O contingente étnico polaco só é inferior ao dos brasileiros. As demais etnias estão assim representadas: alemã ( 38 residências e 125 pessoas), italianos (16 residências e 73 pessoas), russos (6 residências e 36 pessoas), sírios (6 residências e 36 pessoas), lituanos ( 2 residências e 6 pessoas), holandeses ( 2 residências e 3 pessoas), estoniano (1 residência e 4 pessoas), iugoslavos (1 residência e 7 pessoas), austríacos ( 1 residência e 4 pessoas), franceses (1 residência e 3 pessoas), suíços (1 residência e 2 pessoas) e mais 3 residências cada uma com um integrante das nacionalidades japonesa, ucraniana e portuguesa. Resumindo, em 14 de julho de 1943, a população de Castro era composta por:
Brasileiros em geral: 4490
O jornal curitibano Gazeta Polska, de 9 de julho de 1893, é uma das poucas fontes a relatar que “essas também foram mal conduzidas, não por falta do governo, mas pela inconsciência dos líderes da colonização, que se locupletavam com os recursos destinados à implantação e estabelecimento dos imigrantes, enquanto esses passavam fome e necessidades. (...) em vista de informações falsas de que os poloneses serem vagabundos, o governo decidiu sustar qualquer auxílio. Os colonos, para não morreram de fome, lançaram mão do gado dos grandes fazendeiros, matando os animais que pastavam nos pastos selvagens, conseguindo dessa forma sobreviver até que viesse a primeira colheita.(...) Em vista da matança de cabeças de gado, surgiram divergências entre os poloneses, que lutavam pela vida, e os fazendeiros, que defendiam suas propriedades. O mais afamado, pela fúria contra os imigrantes, era um tal Domingos Ribas. Embora atualmente os colonos já possuam seu pão cotidiano, êle não deixa de persegui-los com seus negros, batendo e maltratando, não só os homens, mas as mulheres e até crianças. Há anos êle vendeu as terras ao governo, para que ali fossem instaladas colônias. Não se retirou das mesmas, embora já estivessem morando ali os imigrantes, utilizando os campos como outrora e procurando despejar os colonos polacos.”
Aquele que procura por informações sobre os polacos em Castro se depara com a incredulidade da população local. É comum ouvir: “Não! aqui não tem colônia de polacos , não! As colônias daqui são de alemães e holandeses.” Impressionante como a população local desconhece suas origens. O Museu do Tropeiro existente na cidade fala apenas dos tropeiros e dos portugueses e cabolcos que precederam o movimento imigratório. Nem mesmo os holandeses força econômica do município tem tanta coisa assim. Apesar disto, basta abrir a lista telefônica e encontrar centenas de nomes de origem polaca. Não bastasse isso as colônias Iapó, Santa Leopoldina, Tronco, Passo dos Bois e Maracanã ainda conservam lotes dos primeiros imigrantes polacos.
Um recenseamento realizado no mês de maio de 1943 na área urbana e suburbana de Castro apontava uma população de 5.350 habitantes. A estatística era bem detalhada, apresentando não só a origem étnica dos moradores como os endereços e quantidade de pessoas por residência. Estão assinaladas 119 residências de polacos com 558 pessoas, ou seja, 10.42% da população da cidade. O contingente étnico polaco só é inferior ao dos brasileiros. As demais etnias estão assim representadas: alemã ( 38 residências e 125 pessoas), italianos (16 residências e 73 pessoas), russos (6 residências e 36 pessoas), sírios (6 residências e 36 pessoas), lituanos ( 2 residências e 6 pessoas), holandeses ( 2 residências e 3 pessoas), estoniano (1 residência e 4 pessoas), iugoslavos (1 residência e 7 pessoas), austríacos ( 1 residência e 4 pessoas), franceses (1 residência e 3 pessoas), suíços (1 residência e 2 pessoas) e mais 3 residências cada uma com um integrante das nacionalidades japonesa, ucraniana e portuguesa. Resumindo, em 14 de julho de 1943, a população de Castro era composta por:
Brasileiros em geral: 4490
Polacos: 558
Alemães: 125
Outros: 177
Imigrantes: 860
Total: 5350
Ou seja, os polacos em 10,42%, constituindo-se no maior contigente imigratório da cidade. De onde se pode concluir que a maioria dos imigrantes era de origem polaca. O fato dos alemães da cidade, nos dias de hoje, terem maior destaque se deve a organização social. Estes, desde o início procuraram se unir em grupos e associações, enquanto os polacos ficaram isolados nas colônias e desunidos entre si. Ainda hoje é forte na cidade a presença do Clube dos Alemães.
Aliás, muitos descendentes de polacos em Castro se acreditam filhos de alemães, o que não é verdade. Wróbel, por exemplo, é sobrenome polaco e não alemão como podem supor algumas pessoas com este sobrenome. Isto se explica, porque quando da vinda dos primeiros Wróbel para o Brasil, eles portavam passaporte alemão, em função a ocupação Prussa-Alemã de 123 anos em boa parte das terras da Polônia. Um grupo expressivo de imigrantes polacos chegou em Castro no ano de 1911 procedentes das províncias de Chełm, Siedlce e Lublin e foram assentados principalmente nas Colônias Iapó, Santa Leopoldina e no bairro de Bonsucesso. Neste grupo chegou também Piotr (Pedro) Jarosiński (grafado pelo despreparado tabelião da cidade como Iarochinski) com a esposa Anna Filip-Jarosiński e os filhos Wictoria, Jozéf, Bolesław e Maria. O casal Piotr e Anna teve mais 5 filhos entre Castro e Ponta Grossa, como Angelina, João, Ladislau, Anastácia e Francisco. Descendem de Piotr e Anna 244 pessoas, sendo que apenas 40 assinam o sobrenome Iarochinski, Jarochinski ou Jarosiński.