Campo de Concentração e Extermínio Alemão-Nazista de Auschwitz-Birkenau |
Envolvidos têm até 97 anos.
A condenação do ucraniano Demjanjuk, em 2011, abriu precedente para novos julgamentos. O escritório especial alemão para investigação de crimes nazistas anunciou nesta terça-feira (03/09) que recomendará a abertura de processos contra 30 supostos ex-guardas do Campo de Concentração e Extermínio Alemão-Nazista de Auschwitz-Birkenau, onde foram mortos cerca de 1,5 milhão de prisioneiros, dos quais, pelo menos 1,1 milhão eram judeus.
A medida pode provocar uma série de novos julgamentos contra supostos criminosos nazistas quase 70 depois do fim da Segunda Guerra Mundial. "Os casos serão entregues aos respectivos ministérios públicos", afirmou o procurador Kurt Schrimm, diretor do Escritório Central para a Investigação de Crimes do Nacional-Socialismo, sediado em Ludwigsburg.
Kurt Schrimm |
Estado de saúde pode ser entrave
Além da qualidade das provas e indícios, o estado de saúde dos acusados pode ser impedimento para a abertura de muitos processos. Os envolvidos, incluindo mulheres, têm idades que vão até 97 anos. O mais velho nasceu em 1916, o mais novo, em 1926.
Fundado em 1958, o Escritório Central para a Investigação de Crimes do Nacional-Socialismo realiza investigações preliminares, procura provas e encaminha os resultados aos ministérios públicos responsáveis.
Segundo Schrimm, seu departamento conseguiu identificar 49 guardas ainda sobreviventes do campo de concentração Auschwitz-Birkenau, dos quais 30 tiveram seus dados encaminhados para abertura de possíveis processos.
Duas outras pessoas não tiveram ainda seu lugar de residência determinado, enquanto uma outra já tem processo sendo encaminhado pela procuradoria em Stuttgart.
Dos restantes, nove morreram durante as investigações; sete moram fora da Alemanha: em Croácia, Áustria, EUA, Argentina, Polônia, Israel e Brasil. Estes casos serão encaminhados para a Corte Federal de Justiça alemã, que analisará a competência jurisdicional.
Precedente desde 2011
O Escritório Central para a Investigação de Crimes do Nacional-Socialismo conseguiu ampliar sensivelmente seu campo de busca por criminosos nazistas após o veredicto contra o ex-guarda do campo de concentração de Sobibór (pronuncia-se sobibur) John Demjanjuk (o ucraniano Ivan Mykolaiovych Demianiuk).
Ivan Mykolaiovych Demianiuk |
Schrimm também informou que o Escritório Central voltou a analisar juridicamente as atividades de todos os ex-membros dos campos de extermínio e dos chamados Einsatzgruppen, grupos paramilitares ligados à SS.
O departamento planeja encerrar nos próximos seis meses investigações nesse sentido envolvendo o campo de concentração de Majdanek, na Polônia. "O Escritório Central também está atualmente realizando pesquisas para tentar achar nomes de outros possíveis criminosos em arquivos na Rússia, Bielorrússia e Brasil", acrescentou Schrimm.
Julgamentos atuais
Além de ex-guardas dos campos de concentração atualmente há outros supostos criminosos de guerra nazistas sob investigações criminais. A promotoria pública de Dortmund continua uma investigação contra seis acusados de participação no massacre de Oradour-sur-Glane, na França. No incidente, em junho de 1944, 642 pessoas foram brutalmente assassinadas por tropas da SS, entre elas 247 crianças.
O presidente alemão, Joachim Gauck, pretende visitar o local em que ocorreu o crime nesta quarta-feira no âmbito de uma visita à França. Nesta segunda-feira, começou, além disso, o julgamento de um ex-membro da SS num tribunal da cidade de Hagen, no oeste da Alemanha.
O réu, o holandês naturalizado alemão Siert Bruins, hoje com 92 anos, é acusado de participação no assassinato de um integrante da resistência holandesa em setembro de 1944, na Holanda.
Fonte: MD/afp/dpa/ap