O livro mostra o mundo político e social do Brasil do fim do século XIX visto por um estrangeiro. É esta perspectiva, a do padre Zygmunt Chelmicki, que dá colorido especial ao leitor. Filho de família fidalga, o padre católico empreendia intensa atividade comunitária, editorial e política. Veio ao Brasil, nos primeiros meses da nascente República brasileira e suas anotações de viagem resultaram neste livro, que relata a vida não apenas de seus patrícios na nova terra, mas também o ambiente político e social do Brasil naquela época. Chelmicki era um homem admirável, espírito inquieto e pesquisador incansável. Sua obra se revela um guia seguro para conhecer, por via de olhos europeus, o universo social do Brasil do fim do Império e princípio da República. Chelmicki veio ao Brasil atendendo a convite para retratar a real situação vivida pelos polacos que haviam trocado sua pátria pelo país da América do Sul. Naquela época diversas famílias estavam emigrando em busca de melhores condições de sobrevivência. A missão do sacerdote era mostrar que a realidade não era tão favorável. Ao contrário, muitos enfrentavam a miséria e a fome no novo país.
Nos seis primeiros dias que passou no Rio, Zygmunt Chelmicki (pronuncia-se Zigmund Réumitzqui) encontrou 500 imigrantes. Todos eles teriam ficado doentes pelo menos uma vez com moléstias prolongadas, como a febre amarela. O sacerdote faz uma descrição chocante da figura do imigrante polaco no Brasil.
"Caminhando pelas ruas da cidade, nas proximidades do cais ou becos malcheirosos, ao encontrar um ser parecido com pessoa humana, expressão doentia nas faces, rosto chupado, olhar anuviado, abatido e arrastando os pés com dificuldade, com roupa rasgada e na cabeça um boné surrado, nem pergunte quem ele é, de onde vem. Pode estar certo: é um imigrante polaco", descreve Chelmicki.
Em São Paulo, a situação revelada pelo padre polaco era menos desesperadora. Ele conta que ali era menos difícil para alguém com profissão definida encontrar emprego. Nas palavras do próprio autor: "São Paulo não me pareceu tão deprimente como lá no Rio". Porém, a situação encontrada por ele no interior do estado, nas fazendas produtoras de café, foi diferente. Chelmicki concluiu que apenas alguns imigrantes podiam conseguir emprego. "Quanto aos restantes, um destino cruel os aguarda".
Paraná
Depois de desembarcar em Paranaguá, como os últimos imigrantes polacos de lá tinham ido para Curitiba, Zygmunt Chelmicki pegou o primeiro trem para Morretes e Antonina. Ele visitou fazendas de cana-de-açúcar nos dois municípios e viajou para Curitiba. Segundo o sacerdote, apesar de a cidade estar preparada para receber algumas centenas de visitantes, já abrigava 5.200 imigrantes.
"A situação dos imigrados não difere nada daquilo que vi até agora. Muitos deles já provaram o amargor nas colônias, e acabaram evadindo-se das províncias de Santa Catarina e até do Rio Grande, vindo a pé até Curitiba. Semanas após semanas ficaram errando pelas matas até que finalmente chegaram aqui", relata Zygmunt Chelmicki. O livro tem 353 páginas.
A Tradutora
A tradutora Sofia Winklewski Dyminski nasceu na Polônia e junto com a família chegou ao Brasil nos anos 20. Ela conta que o livro do Padre Chelnicki, publicado em Varsóvia, em 1892, sempre acompanhou seu pai. Sofia chegou ao Brasil aos 11 anos de idade e desde então residiu em São Paulo e se mudou para o Paraná em 1933. Passou 8 anos de sua juventudade em Paranaguá, lugar que marcou profundamente a sua personalidade e influenciou decisivamente na sua formação artística devido ao constante contato com o mar e a vida litorânea.
Em 1950, após ter residido em várias localidades do interior do Paraná e Santa Catarina fixou-se definitivamente em Curitiba, onde começou a sua atividade artística, cursando a Escola de Belas Artes do paraná, sendo aluna do Professor Guido Viaro e orientada pela Professora Adalice Araújo.
Como artista plástica, realizou 10 exposições individuais e participou de inúmeras exposições principais coletivas, além das exposições dos Salões Paranaenses, Salões da Primavera, Salões de Arte Religiosa Brasileira em Londrina e coletivas comemorativas como Salão da Mulher e Salão Terceira Idade no exterior (Ohio e Suissa) como artista representativa da Arte Paranaense. Seu nome consta na Enciclopédia Delta Larouse (verbete com ilustração), Dicionário de Arte de Roberto Pontual - Rio de Janeiro 1ª Edição. Recebeu como pintora os seguintes prêmios: 1º Prêmio Cidade de Londrina no 1º Salão de Arte Religiosa, Prêmio Aquisição 21º Salão Paranaense de Belas Artes, Prêmio Aquisição no 19º Salão Paranaense de Belas Artes, Medalha de Bronze no Cinquentenário da Universidade Federal do Paraná, Medalha de Bronze no 15º Salão de Belas Artes da Primavera.
O Autor
Zygmunt Chelmicki nasceu em 10 de maio de 1851, em Varsóvia, e morreu em 03 de julho de 1922. Ele foi um padre católico polaco, além de ativista social, jornalista e editor. O Pe. Zygmunt Chelmicki pertencia a uma antiga família da nobreza polaca, cujos ancestrais feudais eram senhores de Chełmice Dobrzyń. Zygmunt fez o ensino secundário no ginásio de Chelmno, onde se formou em 1868. No mesmo ano, entrou no seminário em Plock. Em foi ordenado, em 1872, subdiácono. Ele continuou seus estudos teológicos em 1872, em Münster (ortodoxos). Depois de voltar para casa, foi ordenado sacerdote, em 20 de Setembro de 1873. Em 1877, mudou-se para Varsóvia, onde recebeu do então administrador da Arquidiocese a Igreja Paroquial do Espírito Santo (ex-Paulista). Função que que ocupou até sua morte, em 1922.
Contudo, Chelmicki, desde 1881, trabalhou como editor do jornal de Varsóvia "Słowo" (Palavra). Em 1891, Zygmunt viajou ao Brasil com o objetivo de investigar a situação dos imigrantes polacos que estavam sendo assentados no país. Os frutos desta viagem foi o livro que publicou no ano seguinte. Em seu relato, ele derrubou muitas das miragens da Imigração, mostrando o brutal sofrimento de fome e miséria dos imigrantes polacos.
Em 1900, ele se tornou editor de uma edição monumental das "Obras da Biblioteca Cristã". Como parte dessa ação foi "Referência da Enciclopédia da Igreja". De 1905 a 1914 exerceu um papel preponderante na Stronnictwie Polityki Realnej. O apogeu da atividade política do Padre Chełmicki aconteceu nos anos 1916-1918. Em 17 de setembro de 1917, ele foi designado secretário do Conselho de Regência da Polônia restaurada. Em 11 de novembro de 1918, juntamente com a aclamação do Marechal Józef Pilsudski, como presidente da II República da Polônia, o Padre Zygmunt teve encerrado seu papel político no Conselho. Ele foi sepultado no cemitério de Varsóvia.
Já a tradutora Sofia, naturalizada brasileira, levou mais de 30 anos para concluir a tradução do livro que está sendo lançado. Ela conta que em certos momentos teve receio de terminar a tradução, pois o livro poderia ser mal interpretado pelas autoridades brasileiras. A crítica mordaz do padre polaco poderia trazer dissabores à tradutora. Tentando ser o mais fiel ao pensamento do autor, Sofia, ao concluir a tradução sentiu que o texto em português estava incompreensível, assim pediu ajuda a colaboradores que lhe ajudaram a corrigir, adaptar e deixar o texto traduzido, além de mais compreensível, muito mais agradável de ler.
Lançamento
* 09/10/2010 (sábado) às 16h30
Bienal do Livro do Paraná (Curitiba)
Estação Convention Center - Shopping Center Estação
Estante do Senado Federal (C03 e B02)
Homenagem consular
* 10/10/2010 (domingo) às 10h00
Homenagem a tradutora
Solar do Rosário (Curitiba)
R. Duque de Caxias, 4.
Nos seis primeiros dias que passou no Rio, Zygmunt Chelmicki (pronuncia-se Zigmund Réumitzqui) encontrou 500 imigrantes. Todos eles teriam ficado doentes pelo menos uma vez com moléstias prolongadas, como a febre amarela. O sacerdote faz uma descrição chocante da figura do imigrante polaco no Brasil.
"Caminhando pelas ruas da cidade, nas proximidades do cais ou becos malcheirosos, ao encontrar um ser parecido com pessoa humana, expressão doentia nas faces, rosto chupado, olhar anuviado, abatido e arrastando os pés com dificuldade, com roupa rasgada e na cabeça um boné surrado, nem pergunte quem ele é, de onde vem. Pode estar certo: é um imigrante polaco", descreve Chelmicki.
Em São Paulo, a situação revelada pelo padre polaco era menos desesperadora. Ele conta que ali era menos difícil para alguém com profissão definida encontrar emprego. Nas palavras do próprio autor: "São Paulo não me pareceu tão deprimente como lá no Rio". Porém, a situação encontrada por ele no interior do estado, nas fazendas produtoras de café, foi diferente. Chelmicki concluiu que apenas alguns imigrantes podiam conseguir emprego. "Quanto aos restantes, um destino cruel os aguarda".
Paraná
Depois de desembarcar em Paranaguá, como os últimos imigrantes polacos de lá tinham ido para Curitiba, Zygmunt Chelmicki pegou o primeiro trem para Morretes e Antonina. Ele visitou fazendas de cana-de-açúcar nos dois municípios e viajou para Curitiba. Segundo o sacerdote, apesar de a cidade estar preparada para receber algumas centenas de visitantes, já abrigava 5.200 imigrantes.
"A situação dos imigrados não difere nada daquilo que vi até agora. Muitos deles já provaram o amargor nas colônias, e acabaram evadindo-se das províncias de Santa Catarina e até do Rio Grande, vindo a pé até Curitiba. Semanas após semanas ficaram errando pelas matas até que finalmente chegaram aqui", relata Zygmunt Chelmicki. O livro tem 353 páginas.
A Tradutora
A tradutora Sofia Winklewski Dyminski nasceu na Polônia e junto com a família chegou ao Brasil nos anos 20. Ela conta que o livro do Padre Chelnicki, publicado em Varsóvia, em 1892, sempre acompanhou seu pai. Sofia chegou ao Brasil aos 11 anos de idade e desde então residiu em São Paulo e se mudou para o Paraná em 1933. Passou 8 anos de sua juventudade em Paranaguá, lugar que marcou profundamente a sua personalidade e influenciou decisivamente na sua formação artística devido ao constante contato com o mar e a vida litorânea.
Em 1950, após ter residido em várias localidades do interior do Paraná e Santa Catarina fixou-se definitivamente em Curitiba, onde começou a sua atividade artística, cursando a Escola de Belas Artes do paraná, sendo aluna do Professor Guido Viaro e orientada pela Professora Adalice Araújo.
Como artista plástica, realizou 10 exposições individuais e participou de inúmeras exposições principais coletivas, além das exposições dos Salões Paranaenses, Salões da Primavera, Salões de Arte Religiosa Brasileira em Londrina e coletivas comemorativas como Salão da Mulher e Salão Terceira Idade no exterior (Ohio e Suissa) como artista representativa da Arte Paranaense. Seu nome consta na Enciclopédia Delta Larouse (verbete com ilustração), Dicionário de Arte de Roberto Pontual - Rio de Janeiro 1ª Edição. Recebeu como pintora os seguintes prêmios: 1º Prêmio Cidade de Londrina no 1º Salão de Arte Religiosa, Prêmio Aquisição 21º Salão Paranaense de Belas Artes, Prêmio Aquisição no 19º Salão Paranaense de Belas Artes, Medalha de Bronze no Cinquentenário da Universidade Federal do Paraná, Medalha de Bronze no 15º Salão de Belas Artes da Primavera.
Chelmicki quando participante do Conselho Regente da II República da Polônia recém-instalada, em 1918, andando pelas ruas de Varsóvia junto com outros membros do conselho de governo. |
Zygmunt Chelmicki nasceu em 10 de maio de 1851, em Varsóvia, e morreu em 03 de julho de 1922. Ele foi um padre católico polaco, além de ativista social, jornalista e editor. O Pe. Zygmunt Chelmicki pertencia a uma antiga família da nobreza polaca, cujos ancestrais feudais eram senhores de Chełmice Dobrzyń. Zygmunt fez o ensino secundário no ginásio de Chelmno, onde se formou em 1868. No mesmo ano, entrou no seminário em Plock. Em foi ordenado, em 1872, subdiácono. Ele continuou seus estudos teológicos em 1872, em Münster (ortodoxos). Depois de voltar para casa, foi ordenado sacerdote, em 20 de Setembro de 1873. Em 1877, mudou-se para Varsóvia, onde recebeu do então administrador da Arquidiocese a Igreja Paroquial do Espírito Santo (ex-Paulista). Função que que ocupou até sua morte, em 1922.
Contudo, Chelmicki, desde 1881, trabalhou como editor do jornal de Varsóvia "Słowo" (Palavra). Em 1891, Zygmunt viajou ao Brasil com o objetivo de investigar a situação dos imigrantes polacos que estavam sendo assentados no país. Os frutos desta viagem foi o livro que publicou no ano seguinte. Em seu relato, ele derrubou muitas das miragens da Imigração, mostrando o brutal sofrimento de fome e miséria dos imigrantes polacos.
Em 1900, ele se tornou editor de uma edição monumental das "Obras da Biblioteca Cristã". Como parte dessa ação foi "Referência da Enciclopédia da Igreja". De 1905 a 1914 exerceu um papel preponderante na Stronnictwie Polityki Realnej. O apogeu da atividade política do Padre Chełmicki aconteceu nos anos 1916-1918. Em 17 de setembro de 1917, ele foi designado secretário do Conselho de Regência da Polônia restaurada. Em 11 de novembro de 1918, juntamente com a aclamação do Marechal Józef Pilsudski, como presidente da II República da Polônia, o Padre Zygmunt teve encerrado seu papel político no Conselho. Ele foi sepultado no cemitério de Varsóvia.
Já a tradutora Sofia, naturalizada brasileira, levou mais de 30 anos para concluir a tradução do livro que está sendo lançado. Ela conta que em certos momentos teve receio de terminar a tradução, pois o livro poderia ser mal interpretado pelas autoridades brasileiras. A crítica mordaz do padre polaco poderia trazer dissabores à tradutora. Tentando ser o mais fiel ao pensamento do autor, Sofia, ao concluir a tradução sentiu que o texto em português estava incompreensível, assim pediu ajuda a colaboradores que lhe ajudaram a corrigir, adaptar e deixar o texto traduzido, além de mais compreensível, muito mais agradável de ler.
Lançamento
* 09/10/2010 (sábado) às 16h30
Bienal do Livro do Paraná (Curitiba)
Estação Convention Center - Shopping Center Estação
Estante do Senado Federal (C03 e B02)
Homenagem consular
* 10/10/2010 (domingo) às 10h00
Homenagem a tradutora
Solar do Rosário (Curitiba)
R. Duque de Caxias, 4.