O toque de Cracóvia, ou “Hejnał”, já se tornou algo mítico depois de tantos séculos de existência. Lendas, ou histórias são contadas por todos os cracovianos. Para alguns, representa o anúncio da abertura e fechamento dos antigos portões medievais da cidade, mandados construir pelo Rei Casimiro - "O Grande".
Para outros, o toque é anterior ao reinado de Casimiro (último rei da dinastia Piast). Segundo a versão mais aceita, o toque marcial lembra o alarma dado por um corneteiro quando do ataque das forças tártaras em 1241.
A interrupção abrupta do toque representa o momento em que o corneteiro foi atingido por uma flecha dos soldados do mongol Genghis Khan. Mas o alerta colocou de prontidão as forças do rei polaco e após um dia inteiro de escaramuças, Cracóvia foi salva. O mais antigo relato sobre o “Hejnał” (pronuncia-se reinau) é uma crônica de 1392.
A palavra “hejnał” é de origem húngara e significa alvorecer (amanhecer). O uso desta palavra para desiginar o toque de alerta teria se iniciado sob o reinado do rei Ludwik I, também chamado de "O Húngaro", que reinou na Polônia entre 1370 e 1382.
Apenas em três momentos, o alerta não soou na cidade.
Durante a guerra napoleônica a cidade ficou na miséria completa, o toque deixou de ser executado por algum tempo. Mas com generosidade dos cidadãos Tomasz i Julianna Krzyźanowska, o “Hejnał” voltou a soar no alto da torre da Mariacka, em 1810.
Já no século vinte, como parte das lendas, a morte por causa natural do trompeteiro de turno, à meia noite, do dia 7 de julho de 1901, interrompeu o toque. E a terceira vez (o período mais longo) que o trompete emudeceu foi durante a ocupação alemã, na segunda guerra mundial.
De 1939 até as 19 horas do dia 24 de dezembro de 1941, o povo não pode ouvir o alerta. Desde então, mesmo sob o comunismo, o “Hejnał” nunca mais foi interrompido. O “Hejnał” foi tocado simultaneamente, em 18 de maio de 1944, na torre da igreja e também em campos da Itália, para anunciar a vitória da legião polaca na Batalha de Monte Cassino.
O toque é executado por policiais, que se revezam em turnos de 8 horas, em todas as horas cheias do dia, inclusive durante a madrugada. O corneteiro inicia seu ritual abrindo as janelinhas no alto da torre mais alta - uma em cada ponto cardeal - e repete quatro vezes o toque. O alerta cracoviano do meio-dia é transmitido ao vivo pela Rádio Polônia, desde 1927, para todo país.
Em 11 de junho de 2000, o “Hejnał” entrou para o “Guinness Book of Records”, depois de ter sido tocado ao mesmo tempo em várias partes do mundo por mais de 2 mil trompetistas civis e militares de orquestras da Polônia Inglaterra, Bélgica e Espanha. O mais jovem trompetista tinha 8 anos e o mais idoso 79 anos de idade.
O trompetista que por mais anos tocou o “Hejnał” foi Adolf Śmietana, por longos 36 anos, desde 1926. A família Kołton executa o “Hejnał” por três gerações. Em outubro de 2004, Jan Kołton se aposentou depois de 33 anos tocando no alto da torre. Seu pai tinha feito o mesmo durante 35 anos e a tradição agora continua com seu filho.
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