domingo, 18 de maio de 2008

Guarapuava no Wawel


Com a volta da Polônia ao mapa da Europa em 1918, depois de 127 anos de ocupação estrangeira, muita coisa teve que ser reconstruída. Uma delas, foi o Castelo de Wawel, em Cracóvia, sede do grande Reino Polônia-Lituânia dos séculos 14 e 15 e que tinha sido desfigurado pela ocupação Austro-húngara.
Como o recém Estado não tinha dinheiro suficiente, foi realizada uma campanha internacional para angariar fundos para a restauração do Castelo e da Catedral de Wawel. Muitos que haviam emigrado e viviam naquele tempo, na França, Rússia, Estados Unidos e Paraná colaboraram.
Assim, em retribuição ao gesto, os restauradores colocaram na muralha ao lado da rampa que sobe da cidade velha ao portão do Castelo, várias placas com os nomes dos contribuintes... e adivinha: logo no início está lá uma placa em granito branco: Władzysław Kamiński - Guarapuava Parana Brazylia 1922.
Sim o guarapuavano "Ladislau" precursor dos Kaminski da cidade mandou dinheiro para reconstruir o "Panteão Nacional" da Polônia.
Creio que nem os Kaminski de Guarapuava sabem disto... Lá na cidade do ventos frios do Paraná há o famoso Hotel Kaminski, bem no centro da cidade. Guarapuava, pois, também é terra de polacos.

Encontros brasileiros em Cracóvia

Comandando o samba na festa "Brasil Alegria"
Inicialmente a intenção era descrever como se vivem os estudantes brasileiros em Cracóvia para uma brasileira de Varsóvia, mas o texto foi aumentando, que resolvi partilhar estas impressões e informações com os leitores do blog. Assim que, também acontecem festas "brasileiras" comandadas por de DJs (geralmente eles vêm de Varsóvia). Realmente não são festas brasileiras, mas são aquelas baladas organizadas em discotecas, sem música brasileira, não têm nada de Brasil, muito menos tem brasileiro no salão de dança. É muita rumba e salsa para caracterizar estas festas de brasileiras. Parece que é mais uma jogada de marketing usar o bom nome da MPB, do samba e do carnaval brasileiro para mostrar música dos países hispano-americano. Tem muita gente que acha que no Brasil se fala espanhol e que América Latina é a terra do carnaval. Nada mais ignorante. Colocam as cores verde-amarelas e o nome Brasil nos cartazes e com isso atraem público.
Contudo, a pequena comunidade de estudantes brasileiros sim, reúne-se regularmente em Cracóvia. O cônsul honorário brasileiro (um polaco) promove reuniões de tempos em tempos. Geralmente em algum bar, ou restaurante da cidade. Ele passa alguma informação e em seguida abre a rodada de cerveja.
Atualmente, apesar do grupo estar diminuindo, devido ao retorno ao Brasil daqueles que encerram ou desistem de seus estudos, os encontros para uma cervejinha continuam ocorrendo... e a cerveja polaca é das melhores. Difícil é escolher entre Okocim, Tyskie, Żywiec, Tatras, Lech... Nos últimos dois anos, os encontros de fim de semana acontecem num bar, propriedade de um argentino e de um mexicano amigos, o "El Sol Latino". Aí já foram realizadas várias festas brasileiras... Até carnaval. Leva-se CDs com MPB e é só samba o que se ouve. Porém, procura-se um outro local. Quem sabe um autênticamente brasileiro, onde não se precisará ouvir a mesma "salsa" o tempo todo e não será necessário abrir alas para o samba na marra. - Algum empresário se habilita?

Cozinhando feijoada em Zakopane
Também costuma haver encontros em datas como o Natal e a Páscoa, ou outro feriado mais prolongado. Quando não se organiza uma "lingüiçada", em Cracóvia mesmo, a reunião ocontece em Zakopane, onde se aluga quartos naquelas casas "Noclegi" e se faz feijoada e se degusta caipirinha. Sempre com muita animação! E, às vezes, com convidados de outras cidades e até países. Nos últimos dois encontros havia pessoas da Rússia e até brasileiros em viagem por aqui. Evidentemente que não são só os 11 estudantes vivendo em Cracóvia (todos descendentes de polacos do Paraná e Rio Grande do Sul). Uma estimativa "empírica" mostrou que havia cerca de 33 brasileiros, no total, na cidade, ano passado e todos de alguma forma eram conhecidos. Entretanto, agora com esta "onda" de ilegais brasileiros vindo tentar se casar com "polaquinhas" para regularizarem suas situações no Reino da Elizabeth, este número fugiu do controle.

Almoçando na Vila Deciusz
Mas estes ilegais não costumam ter sucesso no empreendimento. Até se casam, porém como só querem a cidadania polaca e não se casar realmente, a Voivoda (Estado) da Malopolska não concede cidadania nestes casos. Os funcionários do Departamento de Imigração fornecem somente um visto temporário inicial de um ano, renovável por outros dois anos para o casado estrangeiro. No final de três anos de visto temporário na Polônia (e não na União Européia), o consorte pode requerer o visto de residência permanente. Mas nem sempre isto acontece, pois o que estes ilegais querem mesmo é ser súdito da Rainha da Inglaterra e não morar na Polônia. Assim quando a Polícia em suas investigações constata que o matrimônio não existe e que o estrangeiro não está mais residindo na Polônia, não renova mais o visto. Por outro lado, estes ilegais brasileiros só conhecem da Polônia, as polacas, colegas de trabalho na Grã-Bretanha. Até chegarem aqui, nem sabiam onde, no Mapa Mundi, encontra-se a Polônia. Na maioria das vezes nem o amor das polacas eles têm, pois estas na verdade, vendem o "casamento" por 5 mil libras esterlinas. Mas as autoridades da Malopolska estão atentas a isto e não concedem cidadania, apenas visto temporário.

Esquiando no natal em Zakopane

Há nestes estudantes brasileiros de maneira geral, um orgulho de estarem estudando e vivendo na terra de seus avôs e bisavós. Possuem além do sentimento de brasilidade, de amor as cores verde e amarela, do paladar que clama por feijão e cachaça, sobrenomes com a mesma origem comum polaca. Os encontros da comunidade brasileira estudantil de Cracóvia conseguem reunir o amor pelo Brasil e o respeito pela origem polaca, por isso alguns polacos e polacas que falam português também costumam participar das "festas brasileiras" de Cracóvia.