sábado, 28 de março de 2009

Duppa e a cerveja

Foto: Kombidosbrothers

Procurei através da Internet alguma repercussão das apresentações de Isidório Duppa no Festival de Curitiba, o maior encontro da arte teatral na América Latina. Nada! Nenhuma linha. Mas reclamações através de comentários de leitores sobre cancelamento de um espetáculo paulista sim! Ou sobre a longa duração da peça Maria Stuart com Júlia Lemmertz. Mas nenhuma crítica ou citação do espetáculo mais curitibano e paranaense do Festival. Por isso aí vai mais um "causo" do personagem de Gláucio Karas:

"Iscuitei uma buzina de Kombi no porton e a cachorada saiéu loca corendo prá vê quim éra, e num é qui éra um Kombi mésmo, só qui ansim meio fantasiada cós vidro tudo iscuro. Descéu do Kombi um camarada de boné e com esses colete cheio de borso, qui néi de pescaria falando qui tavam percurando uma propriedade típica de polaco pra fiumá uma filme de televison pra uma fábrica de cerveza de casa, uma tár de Rause Bíer, falô qui si dexásse dava pra iéu uma caxa de cerveza.

Iéu pensô, proque non? No finar das conta num ia custá nada. Iéu falô intom qui pudia e iele foi inté o Kombi e abriu a porta dos passagero e iéu quase caiu sentado no chon. Dessero do Kombi umas seis mossa só de biquíni, néi sei se é ansim qui si chama, proque na parte de tráis num dava pra vê pano ninhum e na frente só um trapinho. O sution era tão piquininho qui parissia que cada mossa tinha duas casa de jão-de-baro depindurada. Iéu ficô paralizado oiando aquilo, inté qui ielas fizero fila e viéro tudo balanssando os cabelo cumprido pra pérto de iéu e cada uma déu um béjinho na minha rosto.

Vige Nossa Senhora!!!! Makto Boska! Iéu só tinha visto mossa désse jéito no cartáis da parede da oficina mecânica. Mosso do boné inton preguntô si iéu gostei das siliconada, num disse que sim néi qui non, proque vóis num saía, poquinho mexeu com cabéssa, inton foi aí qui discubriu qui móssa qui si veste desse jéito si chama de siliconada.

Entraro tudo na casa, fiumaro na cozinha, na varanda, no potrero, im cima da carossa, segurando cavalo, corendo detráis das galinha, trepando nos pinhéro e despóis de cada isforço tomavam um gole da cerveza e falavam: "Rause Bíer, o sabor da roça". Iéu via tudo aquilo e mi dava água na boca, de tomá cerveza tambéi.

Preguntéi pro home do boné proque usá siliconada pra porpaganda de cerveza, e iele disse qui si num tive muié bunita a cerveza num vende, é pros home quando ponhá cerveza no copo, aparecê na cabéssa deles uma dessas siliconada e pensá qui tão junto delas, qui iço éra procauza de um tár de Márqueti.

Ieste Seu Márqueti deve ser muito intiligénte mésmo, iéu mésmo sin tomá cerveza já ta ca cabéssa nas móssa.

Foro imbora e dexaro pra iéu a caxa de cervéza Rause Bíer, ponhéi uma méia dúzia pra gelá no riberon e tomei, tomei, tomei., e desgracera, num aperéceu ninhuma mossa na cabéssa, única coisa qui deu mésmo foi um mijadéra desgraçada. "

Semo Polaco Non Semo Fraco. Izidório Duppa.

Atentados contra a preservação

Cracóvia sempre foi relutante em permitir a construção de arranha céus na cidade, principalmente no perímetro interno ao antigo fosso medieval. Mas alguns sacrilégios foram cometidos, como por exemplo, a substituição do sobrado que havia na Praça Szczpanski.



Sobrado na esquina da ulica (rua) Reformacka com praça Szczepański, ao redor do ano 1930.

No lugar do sobrado desde 1940, está o edifício KKO, construído pelos ocupantes alemães para uso do governo geral nazista.

Lá da Polonia, terras longes

Alfredo Coelho foi um dos poetas selecionados por Fredencis (pseudônimo) para ilustrar "A Polonia na Literatura Brasileira", livro publicado em 1927, em Curitiba, por Editores Placido E Silva & CIA Ltda. Seu poema "Nívea" expressa sua devoção para com uma polaquinha:

Nívea

De eburneas fórmas - radiações de estrella,
Contornos leves e feições serenas,
É muito loira e tem mãos pequenas
A minha suave e lyrial Graziella.

Lá da Polonia - terras longes, Ella
veio a estes climas argumentar-me as penas...
Loiras formosas e ideas morenas,
De olhos ardentes, têm ciumes d´Ella!

Ha lactescencias de luar e neve,
Fulgencias de astro em suas carnes quentes,
Novas, de opala, viginaes, macias...

Graziella é a Dama de cintura breve,
Fórmas eburneas e resplandescentes,
Que ora começa a escurecer meus dias...