domingo, 15 de março de 2009

"Semo polaco non semo fraco" no Festival de Curitiba


Está para começar, nesta terça-feira, o maior evento teatral da América Latina e um dos maiores do mundo: O Festival de Teatro de Curitiba. Realizado há 18 anos, o festival atinge sua maioridade e promete novamente surpreender os curitibanos e todo o público que for à capital do Paraná, a terceira maior concentração da etnia polaca em todo o mundo, só perdendo mesmo para Chicago nos Estados Unidos e a própria capital da Polônia, Varsóvia. O festival acontece entre os próximos dias 17 e 29.
Para Leandro Knopfholz, diretor geral e um dos criadores do Festival de Curitiba, "Nesses 18 anos tudo o que envolve o festival cresceu. Os nossos objetivos, as qualidades das peças, o número de atrações apresentadas ao público. Desde quando começamos tudo evoluiu, estamos muito orgulhosos por isso. Verificamos 18 anos de resultados positivos". Nas 17 edições realizadas, 1,3 milhão de espectadores assistiram 1890 espetáculos.
Knopholz, descendente de imigrantes polacos que chegaram a Curitiba no fim do século 18, talvez pela primeira vez agendou entre as centenas de espetáculos que serão apresentados, um que sob todos os pontos de vista, mais representa a comunidade polaca no Paraná e por extensão do Sul do Brasil.
Knopfholz programou na edição 2009 do Festival, o espetáculo "Semo polaco non semo fraco". A peça de teatro que "Izidório Duppa" e grande elenco apresentarão nos dias 26, 27, 28 e 29 de março, no Centro Cultural Uninter (Alameda Dr. Muricy, 1088). Interessados em assistir esta peça teatral e qualquer outra das representadas por artistas como Thiago Lacerda, Marisa Orth, Marília Gabriela, José Wilker, Barbara Paz e Julia Lemmertz podem fazer pela Internet através do sítio www.ingressorapido.com.br , ou pelo número: 4003-1212 (ligação local em todo o Brasil). Os ingressos para a Mostra 2009, Mish Mash e Risorama custam R$40. As peças do "Fringe" variam desde entrada franca até R$ 50. A programação do festival com todos seus espetáculos e resenhas está no portal do Festival em http://www.festivaldecuritiba.com.br/.


Foto: Gláucio Karas
Aguçando o interesse da peça polaca de Isidório Duppa (dupa em polaco é bunda) republico crônica do empresário da cidade de Araucária, Gláucio Karas, que com o pseudônimo de Isidório Duppa é atualmente a mais genuína representação do humor dos brasileiros descendentes de polacos. Artista eclético e dos mais produtivos, ele é músico, compositor, escritor e agora também ator e dramaturgo.
Já colocamos aqui neste blog alguma coisa a respeito da produção musical de Isidório, mas nunca um texto produzido por ele. É um texto em legítimo "portugowski", como diz o colunista Dante Mendonça, do jornal "O Estado do Paraná" e autor do livro "Banda Polaca - Humor do imigrante no Brasil Meridional".

Causos do Isidório

"Pregado na parede do armazéi tinha um cartais anunciando um grandiozo baile de carnavá na cidade com uma déssas banda famósa, os "Pára-choque do Fracaço". Dizia no cartais qui quéi formasse uns blóco de carnavá só pagava metade da entrada.

Déu o maió ribuliço na region, éra só gente comentando qui iam no tal baile e tavam tudo preparando as fantasia pra formá os blóco pra pulá no salon. Inté cunvidaro iéu pra i junto no blóco dos marinhero, iéu non achô boa idéia inté proque aqui na roça num téi mar e néi naviu. Veio tambéi o pessoal dos prisidiário cumas ropa listradinha cunvidando iéu, mais cumo quiá iéu vai de preso siá inté hoje nunca posô nenhuma noite na cadeia, nun era dessa véis qui ia mi visti de zebra.

Pro fim o pessoal dos fantasiado de jogador de futeból co corintcha, até achei qui pudia aceitá, inton oferecero a camisa dum tál de Ronardo Gordo, quiriam mi pintá de iscurinho e ponhá uns dente postiço qui néi coeio e inton pulei fora, vai que apareçam uns camarada vistido de muié e queram me atacá.

Sendo ansim, já tava quase qui disistindo da idéia de i no tal do baile quando veio idéia de mi fantasiá de espantaio, era só ponhá umas paia nas manga, nas calça e abri os braço. Funcionô direito, me preguntaro na entrada onde tava o resto do blóco e iéu falô qui espantaio só téi um na roça e os passarinho iam chegá mais tarde.

Me dexaro entrá e era um baile diferente, tudo mundo fazendo treizinho, pulando abraçadinho dando vórta no salon, cantando aquela marchinha cunhessida do tipo "oia cabeléra do Polaco, será qui iele é fraco, será qui iele é fraco" ou inton, "mai iéu quero, mamai iéu quero, mamai iéu quero pastá"; tinha os otro qui cantava "dotô iéu non mi ingano, méu coraçon é ucraniano".

Iéu ali parado cos braço aberto sin si mexê até qui o cantor da banda convidô iéu pra cantá uma musca já qui iéuásô meio metido a cantor. Disse qui non só pra fazê cena mais o povo intero pidiu qui iéu cantasse umazinha só e lá foi iéu pra cima do palco. Mi déro o micronfone e inton tasquei umas polaquera do tipo "pidolido sonsoronzo sonsoronzo pidolido" e mintusiamei e fiquei ali cantando qui néi passarinho
e vistido de espantaio.

Quando abri os zóio vi qui o pessoal pararo de dançá e mi oiavam cumas cara isquisita, os vistido de índio começaro a me atirá fléxa, as de baiana tiraro as banana da cabeça e jogaro ni iéu, os ca cara do Lula pararo de tomá cachaça e diziam bobage inté qui mi ispantaro do palco.

Desgracera mésmo, priméra féis qui ispantam o espantaio. Agora iéu vai ter qui agüentá 40 dia de quaresma pra voltá a cantá nos pálco, inda béi que carnavá é só uma véis no ano."

Duppa, ou Gláucio, mantém um sítio onde é possível piratear os CDs já lançados pelo artista em www.duppa.com.br

Andżelika Borys eleita na Bielorrússia

Andżelika Boris -Foto: Marcin Śmiałowski - PAP

O Congresso da União dos Polacos na Bielorrússia, que se realizou na cidade de Grodno, neste fim de semana, apesar dos obstáculos colocados pelas autoridades bielorrussas escolheu pela segunda vez, para a presidência da entidade Andżelika Borys. A ativista polaca que recebeu 148 votos a favor e 15 contra cumprirá um mandato de mais quatro anos.Era necessário que houvesse 150 votos para o quórum mínimo e o governo do país vizinho está impedindo os eleitores da organização de viajarem até Grodno para votar. Uma vez superada a dificuldade, Andżelika Borys foi reeleita.

Alexandr Milinkevich, candidato derrotado nas eleições para a presidência da Bielorússia manifestou a convicção de que o povo polaco, ao decidir, apesar da repressão, se reunir para votar em sua organização, demonstrou preocupação com o respeito pelos direitos constitucionais e à liberdade de associação. Milinkevich chamou o Congresso da União dos Polacos de "santa liberdade". Ele disse que esta é uma demonstração do espírito patriótico daqueles que contam não só com o renascimento polaco, mas também da própria Bielorrússia.

Por sua vez, o jornalista Andrzej Poczobut, porta-voz da organização, afirma que o ditador da Bielorrússia vê o grupo étnico polaco em seu país como agentes hostis do Ocidente. Segundo Poczobut vivem na zona de fronteira da Bielorrússia com a Polônia mais de meio milhão de polacos, e a União dos Polacos é a única entidade a representar estas pessoas. Entidade que foi proibida de existir há quatro anos, quando seus militantes foram presos, multados, mantida sob vigilância e difamados na imprensa oficial da Bielorrússia

Os ativistas polacos, depois de terem conseguido realizar sua eleição e reeleger Boris passaram a acreditar, que o presidente Alexandr Lukashenko está de alguma forma respondendo ao compromisso que se impôs de melhorar as relações com a União Europeia e os Estados Unidos. Mas também reconhecem que isto só está sendo possível após as sanções económicas impostas por Norte-americanos e Europeus contra a Bielorrússia.Também acreditam que a ida de Poczobot e da líder Borys a Varsóvia, na sexta-feira, para se reunir com o presidente polaco Lech Kaczyński, na véspera da eleição ajudou bastante a que o Congresso da União não fosse impedido de se realizar.Os polacos estão entre os mais fortes defensores da reforma democrática e do estreitamento de relaçãos com o Ocidente por parte da Bielorrússia. O contingente étnico polaco representa 5% da população bielorussa, que atualmente é de 10 milhões de habitantes. Esta população já morava neste território antes da Segunda Guerra Mundial, pois aquelas terras sempre foram da Polônia.

Para Sergei Kostyan, membro do parlamento bielorrusso, e afinado com o ditador Lukaszenko, "não há dúvida de que o Ocidente gostaria de utilizar os polacos como força motriz para a repetição da Revolução Laranja ucraniana na Bielorrússia". Mas a União dos Polacos nega qualquer intenção de derrubar o governo de Lukashenko, que governa o país com mão de ferro desde 1994. "Nós não somos um gueto polaco, não somos separatistas ou terroristas", disse Borys, neste fim de semana. Pois segundo ela, "nós somos cidadãos da Bielorrússia, que desejam ter sua própria organização e que ela possa funcionar normalmente."