domingo, 17 de abril de 2016

As sete cidades mais polacas fora da Polônia

Estima-se que os números da diáspora polaca seja de 20 milhões de pessoas, o que significa mais de metade da população da Polônia.
Pessoas de origem polaca vivem em todo o mundo, às vezes formando um grande e influente segmento da população nestas cidades estrangeiras, como Chicago ou Curitiba.


CHICAGO

Na verdade, Chicago não é a "maior cidade polaca fora da Polônia", mas é a que possui a maior concentração de uma comunidade polaca numa mesma cidade.
A área metropolitana de Chicago (não só o município) é habitada por aproximadamente 1,5 milhões de pessoas de ascendência polaca.
Há um bairro chamado "Little Poland" (Pequena Polônia) iniciado no século 19, com muitos restaurantes e lojas polacas, bem como o Centro Copérnico, um edifício remodelado para se assemelhar ao Castelo Real de Varsóvia.
A primeira grande onda de imigrantes da Polônia chegou à "cidade dos ventos", na década de 1850.
Os irmãos polacos de origem judaica Leonard e Phillip Chess (Lejzor e Fiszel Czyz) nascidos em Motol, na então Polônia, chegaram a Chicago em 1928, onde criaram o lendário estúdio de gravação "Chess Records", em 1950. Este selo musical foi o responsável pelos lançamentos de artistas célebres como Muddy Waters e Chuck Berry.

CURITIBA

A capital do estado brasileiro do Paraná é o lar de mais de 400 mil pessoas com raízes polacas. A esse número, soma-se outros 300 mil, na sua região metropolitana composta por 29 municípios.
A cidade possui uma quantidade bastante grande de vestígios da influência polaca que tem sido percebida desde a segunda metade do século 19, quando os polacos começaram a chegar em 1853 (Hieronim Durski e outros 13 polacos). Curitiba tem um grande parque em homenagem ao São Papa João Paulo II (polaco de Wadowice) e conhecidas barracas gastronômicas especializadas em pierogi, bigos e sonho, chamadas "Tadeu Rei do Pierogi" e "Pierogi do Miro", abertas a cada  noite em diferentes ruas da cidade.

PARIS
Foto: Marta Darowska
Muitos polacos ilustres, como Maria Skłodowska-Curie, Fryderyk Chopin e Adam Mickiewicz, têm fortes laços com Paris.
A vencedora duas vezes do prêmio Nobel (casada com um parisiense), repousa em um túmulo do Panthéon e o gênio da composição para piano viveu 18 anos de sua curta vida ali, e está enterrado no famoso cemitério Père-Lachaise.
A cidade, tornou-se um "hotspot Polishness" (Centro de Acesso da Polonidade) na década de 1830, quando uma onda maciça de imigrantes das regiões invadidas e ocupadas da Polônia fugiram de lá, após a "Revolta de Novembro" ter sido liquidada (famosa rebelião polaca contra o domínio russo, no século 19).
Ao longo dos anos, os polacos deixaram sua marca na cidade: há uma escola polaca em Batignolles e uma expressiva biblioteca polaca. Cerca de 300 mil pessoas com raízes polacas vivem atualmente na cidade.

NOVA IORQUE
Foto: Andrzej Bogacz
Com mais de 218 mil habitantes com raízes na Terra no Vístula, a "Big Apple" é muitas vezes chamada de cidade mais polaca dos Estados Unidos, juntamente com Chicago.
Um dos bairros da cidade, "Greenpoint", é chamado de Pequena-Polônia, devido à forte presença polaca, que começou a se estabelecer ali, no final do século 19.
Há muitas lojas de alimentos e restaurantes polacos e um "Greenpoint Arts Block Festival" temático polaco.
Michał Wojnicz, descobridor do famoso "Manuscrito Voynich", veio morar em Nova Iorque pouco antes da Primeira Guerra Mundial trazendo seu achado lendário com ele.  O precioso manuscrito se tornou propriedade norte-americana.

TORONTO
Foto: Andrzej Grabowski
Imigrantes polacos começaram a chegar a Toronto em números significativos na década de 1870.
Hoje a comunidade polaca da cidade conta com cerca de 200 mil pessoas, muitas das quais vivem no bairro Ronscevalles.
Esta área está repleta de estabelecimentos polacos como o lendário "Café Polonez", onde você pode saborear o "barszcz" tradicional e os "pierogi".
Uma vez por ano, a Ronscevalles Avenue é fechada para o Festival Polaco Ronscevalles, que apresenta performances, música e danças folclóricas.
Geddy Lee, membro da famosa banda Rush de rock canadense, nasceu em Toronto, descendente imigrantes polacos de origem judaica.

LONDRES
Foto: Piotr Małecki
Num certo sentido, Londres foi a capital da Polônia durante quase meio século. De 1940 a 1989 foi a sede do governo polaco no exílio, a continuação legítima do governo da Segunda República Polaca, que foi abolida pela Alemanha nazista e pela União Soviética, em 1939.
Após a queda do regime comunista imposta a Polônia, uma das consequências da Segunda Guerra Mundial, o governo no exílio devolveu sua insígnia à Pátria, mostrando simbolicamente que a verdadeira independência tinha sido finalmente recuperada.
Por causa da guerra muitos polacos emigraram para Londres, entre eles, Jan Pieńkowski, que se tornou um notável ilustrador de livros das crianças inglesas. Hoje, muitos dos cerca de 185 mil polacos que vivem na cidade são imigrantes recentes.

VILNO
Foto: Cezary Aszkielowicz
A Polônia e a Lituânia formaram uma união do final do século 14 ao final do século 18.
Os laços entre os dois países eram tão fortes que o poema épico nacional polaco "Pan Tadeusz" começa com as palavras "Lituânia, o meu país!".
A significativa influência polaca sobre Vilno remonta aos tempos de Władysław Jagiełło, duque lituano que se tornou rei da Polônia e Lituânia, em 1385. Ele levou para Vilno muitos artistas, comerciantes e artesãos de Cracóvia.
Hoje há cerca de 87 mil polacos que vivem em Vilno, a maioria dos quais residem ali desde que nasceram. Isso, mesmo com a perda do território polaco para os lituanos depois da segunda guerra mundial.
A cidade conserva a casa em que o grande poeta e dramaturgo polaco Juliusz Słowacki viveu em sua juventude, e uma Casa de Cultura Polaca.

Texto original: Culture.pl
Tradução: Ulisses Iarochinski

terça-feira, 5 de abril de 2016

Dieta diária dos proto-polacos

Foto: Marcin Stępień
Séculos atrás, o menu diário, típico, das tribos eslavas no território da moderna Polônia consistia de ervas e cogumelos. Eles consumiam uma grande quantidade de grãos, e quantidades modestas de carne e legumes, bem como a ancestral da sopa de beterraba, conhecida como barszcz. Não é exatamente uma dieta paleo, mas certamente é uma dieta polaca e modernos foodies preocupados com a saúde fariam bem em dar-lhe uma olhada.

Os historiadores postulam que as tribos eslavas chegaram à Europa Central em torno do 6º século a.C. Começaram a ser chamados polacos sob o domínio do príncipe Mieszko I no século 10, considerado como o primeiro chefe de Estado polaco.

As práticas culinárias descritas datam daquela época até o século 13, quando as coroas lituana e polaca eram unidas. Embora alguns desses costumes venham de muito longe, alguns ainda são observáveis ​​na culinária polaca contemporânea. Por exemplo, sopas com verduras (como a azeda ou com folhas de beterraba) são ainda muito populares.

Cogumelos para sobreviver
Foto: Daniel Pach
Então, o que os primeiros polacos e seus antepassados ​​comiam?

Normalmente, um monte de ervas e cogumelos (variedades não-alucinógenas). Ervas como endro, alho, mostarda e coentro eram usadas em sopas e para adicionar sabor a outros alimentos (não havia pimenta, ou mesmo açúcar naquela época). Cogumelos silvestres foram um importante complemento das refeições quando era necessário completar o estoque de alimentos agrícolas com forragens. Cogumelos secos eram conservados para os longos invernos.

Grãos preciosos
Kutia - Foto: East News
Grãos também foram importantes no cardápio. As culturas de grãos do período incluia milho, cevada, trigo e aveia. Foram usados ​​para uma refeição popular chamada bryjka. Este prato simples era feito a partir de grãos triturados e cozidos como mingau. Pode ser servido doce, com frutas e às vezes mel. Ou salgado, com ervas, sal e banha animal ou cogumelos. Frutas cultivadas incluíam maçãs, pêras e pêssegos, ameixas, cerejas e frutas vermelhas também eram consumidas.

Nada de galinhas
Encenação de uma cerimônia eslava nas margens do Rio Warta - Foto: Marcin Stępień
"Eles não comem as galinhas, porque eles acreditam que eles causam uma perda de força e uma erupção vermelha. Eles comem a carne de vacas e gansos, porque isso lhes faz bem". Estas palavras de Abraham Ben Jakub, viajante judeu que visitou territórios eslavos no século 10, descreve os hábitos de comer carne dos ancestrais dos polacos. Naquela época, proto-polacos também se mantinham com carne de porco, peixe e caça. A carne foi muitas vezes preservada pelo fumo.

Vegetais, raízes e sopa
Foto: Marszull - Fotonova/ East News
Sopas eram comumente feitas a partir de plantas e vegetais como cenoura e nabo. Uma certa sopa azeda era preparada com grãos azedos de centeio e era chamada de barszcz. O nome também era utilizado para designar várias outras sopas de plantas e vegetais. O Barszcz está vivo e bem, na Polônia, ainda assim, com muitas variedades disponíveis durante todo o ano: barszcz vermelho, barszcz branco ou borstch ucraniano.
Outra sopa estranha com raízes antigas é Żurek, caldo feito com farinha de centeio fermentado. Acredita-se que esta remonta a várias sopas à base de farinha, preparados por essas tribos eslava.

Bétula
Foto: Taida Tarabula

Para acompanhar suas refeições, os primeiros polacos e seus antepassados ​​bebiam seiva de bétulas, colhidas de árvores durante a primavera.
Outras bebidas não alcoólicas incluídas eram água natural e leite. Se queriam algo mais forte, tomavam piwo (cerveja), hidromel e kwaś, uma bebida de baixa fermentaçao feita a partir de água, pão integral, fermento e mel.
Se desejas um gole do passado, seiva de bétula, chamado de suco de bétula, ou kwaś, é possível encontrar nas prateleiras de uma loja polaca - elas ainda são populares!

Autor: Marek Kępa. Fontes: Kuchnia słowian czyli o poszukiwaniu dawnych smaków / culinária eslava ou na busca para o gosto de idade por Hanna e Paweł Lis, entrevista com Joanna Lurynowicz pela Rádio polaca em 26 de abril de 2015.