terça-feira, 7 de outubro de 2014

Prefeitos devem ser reeleitos na Polônia

Prof dr. hab Jacek Majchrowski poderá se reeleger pela quinta vez prefeito de Cracóvia
Segundo o jornal Rzeczpospolita de Varsóvia informa que os polacos não pretendem grandes mudanças nas eleições previstas pra o próximo dia 11 de novembro na Polônia.

Os eleitores das maiores cidades polacas pretendem manter no cargo seus prefeitos. Pelo menos é o que expressa uma pesquisa publicada hoje no Rzeczpospolita realizada pelo Instituto de Ciências Sociais e Pesquisa de Mercado (IBRiS) com 500 pessoas de um amostra representativa.
Na capital, por exemplo, os varsovianos querem reeleger a prefeito Hanna Gronkiewicz-Waltz para um terceiro mandato, já no primeiro turno, com 51 por cento dos votos. O segundo colocado até aqui, o deputado do PiS Jacek Sasinowi está apenas com 17 por cento
O IBRiS informa que a  estimativa de erro é de até 4 por cento. Isto significa que ainda não é possível confirmar os 51 por cento de Gronkiewicz-Waltz.
Os pesquisadores também perguntaram sobre as preferências de voto dos residentes de Cracóvia, Łódź, Poznań e Gdańsk.
Também nestas cidades, a população quer manter seus prefeitos no cargo. Embora os presidentes dessas cidades (exceto Łódź) estejam no governa há pelo menos dois mandatos, basicamente eles não tem rivais.
Especialistas argumentam que os prefeitos em exercício são fortes pela fraqueza dos seus rivais. Não há líderes de oposição. De acordo com Anna Materskiej-Sosnowska do Instituto de Ciência Política pesa a favor dos atuais prefeitos suas altas visibilidades, o que se traduz em popularidade. "Eles estão com mais instrumentos nas mãos durante esta campanha."

Podem vencer já no primeiro turno das eleições municipais os prefeitos de:
Wrocław:   Rafał Dutkiewicz - 59 por cento.
Varsóvia:   Hanna Gronkiewicz-Waltz - 51 por cento.
Gdańsk:   Paweł Adamowicz - 46 por cento
Cracóvia:   Jacek Majchrowski - 40 por cento
Łódź:   Hanna Zdanowska - 39
Poznań:   Ryszard Grobelny - 38 por cento


Jacek Maria Majchrowski, prefeito de Cracóvia desde 2002, é professor universitário, advogado, historiador. Nasceu, na cidade vizinha de Sosnowiec, em 13 de janeiro 13 de 1947. Se eleito, será a quarta vez consecutivamente, prefeito da segunda maior cidade do país,

sábado, 20 de setembro de 2014

Primeiro poço de petróleo aberto no mundo foi na Polônia

Local do primeiro poço em Siary
O mais antigo poço de petróleo existente no mundo está localizado na Polônia, na vira rural de Siary, na cidade de Gorlice (Sudeste do país)
O poço foi escavado à mão, em 1852, numa mina, por Stanisław Jabłonowski dando origem à produção de petróleo bruto.
A primeira mina petrolífera polaca foi criado, em 1854, por iniciativa de Ignacy Łukasiewicz, Tytus Trzecieski e Karol Klobassa-Zrencki, na vila rural de Bóbrce, distrito de Chorkówka, perto da cidade de Krosno.
No meio da mina, um obelisco de pedra foi erguido por Łukasiewicz, em 1872, para comemorar a sua fundação. Em 1982, o governo apresentou um busto do fundador da indústria de petróleo polaco como sendo Ignacy Łukasiewicz. Foi a primeira mina do mundo a produzir de óleo bruto de petróleo.
Museu do petróleo em Bóbrce
A primeira destilaria de petróleo, na Polônia, foi fundada, em 1856, em Ulaszowice perto Jasło (agora dentro dos limites da cidade).Uma das refinarias mais antigas do mundo, a de 1884, está localizado em Gorlice.
Segundo dados oficiais, o óleo bruto pode ser extraído de 85 depósitos (a partir de 2013) de petróleo em território da Polônia.
Nas planícies polacas estão cerca de 42 destes depósitos petrolíferos. O maior depósito é da BMB (Barnówko-Mostno-Busch) e em Lubiatów, onde está 75% da produção nacional de petróleo em terra.
Na zona do mar Báltico polaco, estão outros dois depósitos, um em Kamien Pomorski e Wolin e mais ao norte no Cabo Rozewie,  em plataforma submarina no mar Báltico.
Nos Cárpatos, ao Sul estão outros 29 depósitos e na região PodKarpacy outros 12 depósitos em Jasło, Krosno, Gorlice (aqui os depósitos estão se esgotando).

Eu diante do cartório de Ropa, com a certidão de nascimento de um Rzipiela, que imigrou para Curitiba no início do séc. XX
Apenas como curiosidade. Estive na localidade de Ropa (petróleo, em idioma polaco), próximo a Gorlice, em busca de registros de nascimento da família Rzipiela.
Residentes em Curitiba e Araucária, descendentes destes Rzipiela de Ropa, por erro de cartório assinam Gipiela, o que fez que alguns familiares desavisados pensassem ser descendentes de italianos e não de polacos.

Xisto
Outro precursor polaco, foi o imigrante conhecido como , Roberto Oscar Agniewicz (1878 - 1947) – pioneiro da produção petrolífera no Paraná.
Em 1932, em São Mateus do Sul, no Estado do Paraná, de forma artesanal ele começou a produzir petróleo a partir do xisto betuminoso.
Em 1939, essa era a primeira gasolina fabricada no Brasil. Foi justamente nesse período que a imprensa curitibana chamou Agniewicz de empresário que sonhava com a exploração das riquezas do Brasil.
No início da II Guerra Mundial ele produzia diariamente 300 litros de combustível utilizado em veículos. Infelizmente, em 1942 o governo ordenou que Agniewicz fechasse a sua refinaria, sob o pretexto de que ele estava produzindo material bélico.
Em 1984 a Petrobrás – diante do prédio da administração da refinaria em São Mateus do Sul – ergueu em homenagem a Roberto Agniewicz um monumento de dois metros de altura, em reconhecimento ao seu trabalho pioneiro.
No pedestal do monumento foi colocada uma placa informativa. Atualmente (em 2007), nas instalações da Petrobrás em São Mateus do Sul trabalham na produção de petróleo cerca de 3 mil pessoas.


Atualmente, 91% da energia elétrica do país vem da hulha e do lignito, cujas reservas são suficientes para atender as demandas do país nos próximos 150 anos. Cerca de dois terços dos 14 bilhões de metros cúbicos de gás consumido na Polônia hoje são importados da Rússia.
Preocupado em garantir a sua independência energética, o país também aposta na exploração do gás de xisto. Em julho, uma primeira extração, a título experimental, foi realizada. O governo espera investir 12,5 milhões de euros até 2020 para extrair este combustível fóssil. A U. S. Energy Information Agency (EIA) disse já em 2011, que a Polônia tem 5.300.000 bilhões de metros cúbicos de gás sob a camada de xisto.
Tal quantidade é 2,5 vezes mais do que os depósitos da Noruega. O Relatório sobre os recursos de gás de xisto em 32 países ao redor do mundo foi publicado ontem pela EIA. É um gás disperso em rochas de xisto. Sua exploração começou apenas nos últimos anos graças às inovadoras tecnologias da American Gas Industry.
Com a exploração do xisto, os EUA se tornaram o maior produtor de gás do mundo, e assim, os preços da matéria-prima nos Estados Unidos estão caindo nos últimos três anos. Agora, o gás está custando 150 dólares mil metros cúbicos. Isso é mais de 2,5 vezes mais barato do que Gazprom cobra pela mesma quantidade de gás vendido. De acordo com as previsões da EIA do xisto polaco podem ser extraídos 22.400.000 bilhões de metros cúbicos de gás. Com o consumo atual na Polônia, esta perspectiva anunciada permitirá gás suficiente por 380 anos.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Os russos atacaram a Polônia em 1939


Exatamente 75 anos atrás, no dia 17 de setembro de 1939, o Exército Vermelho Russo realizou um ataque armado na Polônia.
Os polacos que haviam assinado um tratado de não agressão mútua com Moscou estava sendo atacado nos dois "fronts", no Oeste por Hitler e no Leste por Stalin.


Este ataque foi  realizado a partir de um protocolo secreto do Pacto Molotov-Ribbentrop, que previa que, em caso de guerra contra a Alemanha, a URSS entraria em ação militar nas zonas da República da Polônia.
Por que Stalin esperou até 16 dias antes que começar a ajudar os alemães?
Já era o terceiro dia da guerra quando Hilter lembrou o  líder soviético de suas obrigações.
Mas - como o professor Wojciech Materski, historiador recorda - Stalin tentou manter as aparências, Ele não funcionava como Hitler. Na verdade, desde 02 de setembro estação de rádio soviética em Minsk passava informações para a Luftwaffe no sentido de controlar polacos - diz o historiador.
E acrescenta: - Stalin foi, no entanto, muito sensível ao fato de que cada ação da propaganda do Exército Vermelho tinha uma desculpa - qualquer ação militar tinha que aparentar como realizada em sua própria defesa, e portanto, não era agressivo.
A invasão do Exército Vermelho foi apresentado como uma defesa das fraternais populações eslavas: minorias de bielorrussos e de ucranianos que vivem ou leste da Polônia. Esta desculpa seria difícil de defender. Stalin apresentou a guerra germano-polaca como um conflito imperialista em ambos os lados. Ele disse que, se os imperialistas iriam destruir uns aos outros, e o movimento comunista internacional não deveria interferir nele, e certamente não era para defender a Polônia.
No entanto, a 17 de setembro, o embaixador soviético em Varsóvia, Nikolai Sharonov correu com as negociações com o ministro Józef Beck a respeito da ajuda anteriormente acordada. Disse que os soviéticos poderiam dar Polônia equipamentos militares. - E, ao mesmo tempo, desde os primeiros dias de setembro, o NKVD entrou em nosso território e ocupou áreas estratégicas, atacando pontos de comunicação.
O Prof. Materski diz que somente em meados dos anos 90, aprendeu que escala Soviética começou antes de 17 de Setembro. Ele encontrou documentos nos arquivos russos que,  - As tropas estavam sabotando o equivalente ao que hoje é conhecida na Ucrânia como "homens verdes". É certo que, os "rebeldes" agiam sem uniformes, naquela época, o fazem agora na invasão da Ucrânia..

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

A crescente prosperidade da Polônia

Blog do Mark Mobius

Quando viajei pela primeira vez a Varsóvia, há mais de 20 anos atrás, a cidade era um lugar cinza e desagradável com lojinhas com vitrines sem graça, um resquício da era comunista. Agora é um lugar próspero, cheio de vida, com restaurantes maravilhosos, novos e altos prédios de escritórios comerciais e hotéis, e edifícios e monumentos antigos maravilhosamente restaurados. As mudanças em Varsóvia e em outros lugares da Polônia nas últimas duas décadas foram realmente notáveis.
Situada no coração da Europa, entre a Rússia e a Europa Ocidental, a Polônia está estrategicamente bem posicionada. Com uma população de 38 milhões, o país tem um grande mercado consumidor e uma grande força de trabalho.
A Polônia foi o único país da União Europeia (UE) capaz de evitar uma recessão durante as crises financeiras globais dos anos 2008 e 2009. Sua fronteira com a Alemanha é uma vantagem, a nosso ver, uma vez que a Alemanha é uma grande importadora e é a maior parceira comercial da Polônia, responsável por mais de um quarto das exportações e das importações do país.
Com uma força de trabalho com bom nível de educação, a Polônia agora compete com sucesso, com países como a Índia, pela terceirização de serviços. Além disso, o país está posicionado para potencialmente se beneficiar com a realocação de fábricas da Europa Ocidental para a Oriental. A economia da Polônia tem apresentado bons resultados ultimamente, com as previsões indicando um crescimento do produto interno bruto (PIB) acima de 3% em 2014, o que seria uma das maiores taxas de crescimento da Europa.
No entanto, nos últimos 10 anos, a tendência geral tem sido de uma desaceleração do crescimento econômico, à medida que o país amadurece. Em 2006, o crescimento foi levemente acima de 6% e em 2007 chegou a quase 7%, mas desde então a tendência tem sido de desaceleração. Porém, o crescimento da Polônia é abrangente, impulsionado por uma demanda tanto interna quanto externa.
Como resultado, embora a Ucrânia faça fronteira com a Polônia, acreditamos que o impacto no país da atual crise entre a Ucrânia e a Rússia deve ser mínimo.

O movimento de solidariedade
Durante a era do severo controle do partido Comunista Soviético na Polônia, os seus cidadãos reconstruíram as indústrias do país, devastadas pela guerra, mas o padrão de vida permaneceu baixo. Em 1980, houve greves e conflitos.
No estaleiro Lenin em Gdańsk, os trabalhadores desenvolveram um forte movimento não violento de “Solidariedade”, apesar da repressão do governo comunista. A Polônia começou o processo de libertar sua economia do comunismo muito antes de outros países da Europa Oriental, implementando grandes reformas apelidadas de “terapia de choque”, que incluíram o fim do controle de preços, a abertura das fronteiras e a privatização de empresas estatais.
A queda do muro de Berlim, em 1989, sinalizou uma nova tendência na Europa e, em 1990, Lech Wałęsa, líder do movimento Solidariedade, foi eleito presidente em uma eleição livre e democrática.
A União Soviética foi formalmente dissolvida em 1991 e, em 1997, a Assembleia Nacional da Polônia adotou uma nova constituição. A integração na Europa Ocidental continuou a ganhar força e, em 2004, a Polônia se uniu à União Europeia.
A entrada da Polônia para a UE em 2004 teve um grande impacto na situação econômica das pessoas no país e, mais importante, na ordem jurídica e política, porque o país teve de cumprir com as exigências legais e sociais estabelecidas pela UE.
Existe uma quantidade incrível de empresas na Polônia que exportam produtos para a Alemanha e outros países da Europa. A adesão à União Europeia oferece acesso gratuito a todos os mercados europeus e isso vale nos dois sentidos. Achamos que um grande aumento nos gastos dos consumidores tem tido um papel importante em impulsionar a economia da Polônia nos últimos anos, uma vez que esses gastos são responsáveis por uma parte muito maior do PIB do país do que são na Hungria ou na República Checa, por exemplo.
Uma série de reformas pós-era comunista, em especial a privatização de empresas estatais, resultou no desenvolvimento de um mercado de capitais vibrante, especialmente importante para investidores em ações como nós, interessados ​​em uma bolsa de valores ativa. Em nossa opinião, a privatização de empresas estatais da Polônia foi a medida mais revolucionária implementada após a queda do comunismo na Rússia e na Europa Oriental. Em 1989, o governo polaco controlava a maior parte dos ativos não agrícolas do país e havia poucas empresas privadas.
Naturalmente, o próximo passo foi o desenvolvimento de um mercado para as ações das empresas privatizadas e, em abril de 1991, a bolsa de valores de Varsóvia foi aberta. Na sequência, em meados de 1991, o governo anunciou um programa de privatização de choque, através de uma lei formalizando a privatização das empresas estatais, determinando que 50% dos ativos estatais fossem privatizados em até três anos.
As leis para possibilitar um programa desse tipo não foram promulgadas até abril de 1993. Em seguida, o programa “privatização em massa” foi lançado com base na livre distribuição de ações, permitindo que os cidadãos polacos com mais de 18 anos comprassem ações a um preço descontado. Infelizmente, a maioria dos cidadãos não tinha conhecimento do valor de tais ações e aqueles que perceberam o valor compraram todas as cotas possíveis. Muitos ficaram bastante ricos.

Reforma previdenciária na Polônia
Como resultado da elevada taxa de desemprego e do nível de remuneração mais baixo após a queda do comunismo, as taxas de fertilidade caíram na Polônia. Portanto, havia menos trabalhadores disponíveis para financiar a previdência do grupo cada vez maior de aposentados. Assim, o governo iniciou um sistema de previdência privada obrigatória. Houve críticos que disseram que os fundos de previdência privada eram caros e ineficientes.
Os fundos de previdência disseram que a regulamentação excessivamente rigorosa do governo prejudicava a sua capacidade de assumir riscos e obter melhores retornos, uma vez que tinham que manter mais da metade de seus portfólios em títulos de renda fixa nacionais, predominantemente em títulos do governo. Uma grande quantidade de dinheiro foi gasta pelos fundos de previdência em mídia de massa e em um exército de vendedores para atrair clientes.
Acreditamos que o evento mais recente e significativo da história do mercado de capitais da Polônia foi, provavelmente, a aquisição das posições em títulos de renda fixa dos fundos de previdência privada pelo governo polonês. No início de 2014, o governo confiscou 153 bilhões de złoty (US$ 50,4 bilhões) em títulos do Tesouro polaco, de 13 fundos de previdência privada. Esses títulos representavam cerca de metade dos portfólios de investimento dos fundos. É claro que a ação ajudou as finanças públicas no curto prazo, mas ameaçou minar os objetivos fundamentais da reforma previdenciária, de aumentar a poupança nacional e reduzir o peso de longo prazo dos custos de previdência no orçamento do Estado.
Para piorar a situação, o governo introduziu regras, como exigir que todos os 16 milhões de contribuintes de fundos de previdência na Polônia escolhessem se permaneceriam em fundos privados ou fariam a transferência para o sistema de previdência pública do país até o final de julho de 2014, o que provavelmente tornará difícil a sobrevivência dos fundos privados de previdência. Uma vez que o governo proibiu os fundos privados de fazer propaganda durante o período de seleção, acreditamos que há uma boa chance de que muitos optarão por transferir-se para o sistema de previdência social do governo.
Essa mudança é fundamental uma vez que, após o colapso do comunismo, os fundos de previdência privada foram estabelecidos em toda a Europa Central e Oriental para compartilhar os custos crescentes de aposentadoria com os sistemas de previdência social públicos.
Os recursos depositados em fundos de previdência privada foram investidos em ações e títulos para ajudar a financiar empresas privadas e projetos públicos de infraestrutura. Eles se tornam a base para os mercados de ações e de títulos de renda fixa desses países, incluindo a Polônia.
Os críticos dizem que a medida tomada pelo governo é simplesmente uma expropriação de ativos privados. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alertou que as medidas do governo “poderiam prejudicar a confiança social no sistema de previdência e a credibilidade de futuras reformas estruturais mais abrangentes”.
A OCDE disse também que o rápido envelhecimento da população exige um sistema de repartição (ou “pay-as-you-go”).
A principal razão para a medida do governo parece ser cobrir dívidas públicas crescentes. Após ter confiscado os títulos, o governo os cancelou e, desta forma, transformou o déficit orçamentário em um superávit, reduzindo a dívida pública, mas colocou um passivo de longo prazo, na forma de pagamentos previdenciários futuros, no orçamento do governo.
A motivação nos parece ter sido política, já que o partido centrista Plataforma Cívica estava sendo desafiado pelo partido Lei e Justiça nas eleições parlamentares, marcadas para 2015.
Esse movimento foi uma forma de o governo evitar as medidas de austeridade, e de ter liberdade para gastar dinheiro para atrair eleitores. Em nossa opinião, a ação da Polônia é sintomática dos movimentos de outros governos da Europa Central e Oriental, que estão tentando evitar reformas econômicas mais profundas, no interesse de objetivos políticos de curto prazo.
A preocupação é que ao reduzir os sistemas de previdência privada, no futuro o envelhecimento da população necessitará e exigirá cada vez mais apoio do governo. Ao impedir o crescimento dos mercados de capitais, que impulsionam investimento e crescimento econômico, a economia poderá sofrer, levando a recessões em tempos de crise econômica global. Acredito que a Polônia, como um dos maiores países da Europa Central e Oriental, não demonstrou um bom exemplo nesse sentido.
Apesar de eu ter criticado o plano de confisco de títulos, mantive a minha fé no mercado polaco, e ainda a mantenho. Acredito que, à medida que os pagamentos de aposentadoria crescerem e se tornarem cada vez mais uma sobrecarga no orçamento do governo, a pressão para retornar aos regimes de previdência privada aumentará.
Identificando potenciais oportunidades de investimento As minhas viagens para um país estariam incompletas sem visitar empresas que são, ou poderiam ser, potenciais investimentos em nossos portfólios. Enquanto visitávamos uma empresa de energia elétrica na Polônia, fomos informados por seus diretores que as concessionárias de energia elétrica do país têm passado por momentos difíceis nos últimos anos.
Há forte concorrência entre os geradores de energia, mas agora um novo programa do governo chamado de “mecanismo de reserva operacional”, introduzido no início de 2014, resultou em um aumento dos preços de energia. O mecanismo envolve pagamentos a empresas de energia para reduzirem a produção durante o horário de pico, mas manterem a capacidade disponível para o sistema.
Uma vez que o crescimento previsto da demanda seja apenas de aproximadamente 1%, novas usinas não fazem sentido econômico. A minha equipe e eu também visitamos uma rede de varejo de calçados com lojas por toda a Polônia.
Ela depende de importações da China, da Índia e de Taiwan para a maior parte de seus produtos, portanto, um fraco złoty polaco poderá ser um potencial problema. A administração da empresa já tem notado preços mais elevados para as importações asiáticas, conforme os custos trabalhistas na China e em outros lugares aumentam.
A competitividade de custos é importante, já que a venda de calçados pela Internet está se tornando cada vez mais significativa e os fornecedores de Internet estão envolvidos em uma feroz concorrência de preços. A administração da empresa acredita que os clientes não procurarão calçados com baixos preços na Internet, se tiveram um produto de qualidade a bons preços, disponível em locais convenientes como centros comerciais próximos.
No entanto, a empresa também está se envolvendo em vendas pela Internet. Pretendíamos, também, obter uma visão dos negócios de distribuição na Polônia e visitamos uma grande distribuidora de equipamentos de tecnologia, produtos de rádio e TV, eletrodomésticos, dispositivos móveis e equipamentos de escritório. Além de suas operações na Polônia, um terço das vendas da empresa é realizado em vários outros países.
As margens de lucro, no entanto, têm diminuído, à medida que os custos de transporte sobem. A empresa também tem se envolvido com o comércio eletrônico. Outra empresa que visitamos foi uma prestadora de serviços de transmissão de televisão por assinatura via satélite, e ela também entrou no mercado de serviços de telecomunicações, com o lançamento da banda larga sem fio em um serviço multi-play.
Acreditamos que o crescimento no segmento de TV por assinatura, no entanto, é limitado, uma vez que o mercado se tornou saturado. Dessa forma, o crescimento talvez venha só dos anunciantes dispostos a colocar mais propaganda em seus canais de TV, mas isso depende da qualidade da programação produzida.
Com a Internet, as barreiras de entrada diminuíram significativamente, de forma que todo mundo que possui o conteúdo certo pode atrair espectadores. Em outras palavras, a vida para os produtores de conteúdos tradicionais se tornou muito mais desafiadora.

A forte cultura polaca
A Polônia sofreu partições e guerras em sua história, e por isso o fato de o sentimento nacionalista dos polacos ter sobrevivido é uma prova de sua forte cultura.
Em 1941, Hitler atacou a União Soviética e a Alemanha assumiu o controle de toda a Polônia, cometendo muitas atrocidades e assassinando cerca de três milhões de polacos judeus em campos de concentração em todo o país.
Em 1º de agosto de cada ano, sirenes, sinos e buzinas ressoam por toda Varsóvia. Todo mundo na movimentada cidade para o que está fazendo e fica de pé, em uma demonstração maciça de respeito pela Revolta de Varsóvia quando, em 1944, a resistência polaca lutou contra a ocupação nazista da cidade.
Os guerreiros pela liberdade não tinham ideia de que um ano antes, em Teerã, Roosevelt, Churchill e Stalin secretamente haviam concordado que os russos assumiriam o controle da Polônia após a guerra.
Após a perda de 180.000 vidas e a heroica resistência de toda a população, os polacos foram forçados a se renderem e, em seguida, começou a apreensão e deportação de milhares de moradores de Varsóvia para os campos de concentração.
Em 1944, na época da Revolta, havia apenas cerca de 900.000 pessoas vivendo em Varsóvia, uma vez que muitos judeus e outros foram presos e deportados. Após a Revolta, Hitler ordenou a completa destruição da cidade de forma que, em 1945, menos de 1.000 pessoas permaneceram na totalmente arrasada cidade.
Essa época está imortalizada no filme de Roman Polanski “O Pianista”. Eu visitei o Museu do Levante de Varsóvia, uma exposição multimídia interativa impressionante e comovente que documenta a Revolta com artefatos e documentos, incluindo testemunhas oculares.
Quando os alemães foram derrotados, os comunistas russos marcharam para dentro da cidade. A fim de estabelecer uma ditadura comunista, começaram a apreender e a perseguir os membros da Revolta, chamando-os de “bandidos” e “reacionários”.
Ao longo deste período, houve incontáveis ​​atos de heroísmo e sacrifício, uma demonstração da força do espírito nacionalista do polaco. A história da arte e da música do país é maravilhosa.
Não vamos nos esquecer de Fryderyk Chopin ou Jan Paderewski! Durante uma viagem recente para o país, visitei o Museu Nacional de Varsóvia para ver uma exposição especial de Aleksander Gierymski (1850-1901), um artista excepcional.
A exposição reuniu 120 pinturas e esboços a óleo, 110 xilogravuras e 70 desenhos do artista. Foi a primeira exposição dos trabalhos do pintor nessa escala em 76 anos e um grande feito, considerando o tipo de destruição que a Polônia sofreu durante duas guerras mundiais.
Parte da exposição mostrou um vídeo de como algumas das pinturas do artista que haviam sido bastante danificadas foram meticulosa e lindamente restauradas por restauradores polacos, usando as mais recentes técnicas científicas. Muitas das pinturas exibiam o passado da Polônia, bem como comoventes retratos.
No geral, achei a Polônia um país com grande potencial para ainda mais progresso econômico e com interesses comerciais variados. A minha equipe e eu continuaremos a monitorar as empresas na Polônia, buscando potenciais oportunidades de investimento atrativas.
Veja eu e minha equipe em ação na Polônia, neste breve vídeo: http://youtu.be/AOB3fVulBPY

Os comentários, as opiniões e as análises do Dr. Mobius são apenas para fins informativos e não devem ser considerados como consultoria de investimento, uma recomendação para investir em qualquer ativo ou para adotar qualquer estratégia de investimento. Uma vez que as condições econômicas e de mercado estão sujeitas a mudanças rápidas, as opiniões, as análises e os comentários são oferecidos com base na data da publicação e podem ser alterados sem aviso prévio.
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Como essas estruturas são normalmente menos desenvolvidas em mercados de fronteira, e existem vários fatores que aumentam a probabilidade de extrema volatilidade de preços, falta de liquidez, barreiras comerciais e controles cambiais, os riscos associados aos mercados emergentes são mais altos em mercados de fronteira. As taxas de câmbio podem oscilar significativamente durante curtos períodos de tempo e podem diminuir os retornos.

1. Fonte: Banco Mundial, 2013.
2. Fonte: Banco Mundial, “Global Economic Perspective”, julho 2014; IMF World Economic Outlook Database, abril 2014, © pelo Fundo Monetário Internacional.
3. Fonte: UNdata, até 2011.
4. Fonte: IMF World Economic Outlook Database, abril de 2014. © Fundo Monetário Internacional.
5. Ibid.

Mark Mobius
Nasceu em 17 agosto de 1936, de pais alemães e porto-riquenhos em Hempstead, Nova York.
Ele é um gestor de fundos de mercados emergentes da Franklin Templeton Investments.
Mark Mobius, Ph.D., é o presidente executivo da Templeton Emerging Markets Group, ao qual se juntou a Templeton em 1987.
Atualmente, ele dirige a equipe de pesquisa da Templeton, baseado em 18 escritórios globais de mercados emergentes e administra carteiras de mercados emergentes
Ele recebeu seu B.A. e M. S. em Comunicação pela Universidade de Boston, e recebeu um doutorado em economia pelo MIT em 1964.
Ele também estudou na Universidade de Wisconsin, Universidade do Novo México, e na Universidade de Kyoto, no Japão. Ingressou na Templeton em 1987, como presidente do Fundo Templeton Emerging Markets. (NYSE: EMF), um fundo de investimento fechado, e não integrado o seu conhecimento de novos mercados internacionais com disciplinado, abordagem de longo prazo de Sir John Templeton para investir.
Este foi o primeiro fundo de capitais de mercados emergentes disponíveis para os investidores norte-americanos, e uma condição fundamental para a Mobius  assumir este desafio era de que Templeton deve abrir seu primeiro escritório de mercado emergente, o que fez em Hong Kong.
Suas funções atuais incluem a gestão de mais de 50 fechados e abertos os fundos de investimento em todo o mundo, incluindo 17 escritórios no exterior. Antes de ingressar na Templeton, Mobius trabalhou em empresa internacional de títulos de Vickers-da-Costa, e mais tarde foi presidente da International Investment Trust Company em Taipei, Taiwan.
Certa vez, ele dirigia uma empresa de consultoria independente que comercializava, entre outras coisas, como mercadoria o desenho animado Snoopy.
Nasceu cidadão norte-americano, mas também tinha direito a cidadania alemã por descendência. Ele renunciou à sua cidadania norte-americana e agora é um cidadão alemão.

Fontes: Revista Exame e Wikipedia

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Presidente polaco discursa no parlamento alemão


Discursando no Bundestag, em cerimônia sobre os 75 anos do início da Segunda Guerra, o presidente da Polônia Bronisław Komorowski condenou ingerência russa na Ucrânia e a taxou como "agressão sem precedentes".

O presidente polaco, Bronisław Komorowski, elogiou nesta quarta-feira (10/09) a reconciliação entre Alemanha e Polônia, "Ambos os povos podem se orgulhar desta reconciliação", na Câmara baixa do Parlamento alemão, em Berlim.
Ele lembrou também que somente alguns dias depois da invasão alemã da Polônia, em 1° de setembro de 1939, tropas soviéticas também entraram na Polônia.
A União Soviética era naquela época um aliado da Alemanha de Hitler.

"Estrada da liberdade"
Komorowski elogiou especialmente que, passados 25 anos da queda do Muro de Berlim, uma nova geração de alemães e polacos possa trabalhar e aprender juntos. Ele também lembrou o movimento sindical polaco Solidariedade que, segundo ele, foi uma das ações que tornou possível a liberdade na Europa."O que une os europeus é a crença de que a dignidade humana é inalienável", afirmou.
O chefe de Estado polaco também disse que a crise na Ucrânia é um "desafio para todo o mundo ocidental". Em relação ao comportamento do governo russo, ele acusou Moscou de estar realizando uma agressão sem precedentes. "Diante de nossos olhos, estamos testemunhando o renascimento de uma ideologia nacionalista que, sob o pretexto de slogans humanitários sobre a proteção de minorias nacionais, viola os direitos humanos e o direito internacional", afirmou, diante dos parlamentares alemães.
"Conhecemos tudo isso muito bem dos anos 30 do século 20", observou. Segundo ele, é necessária agora na Europa uma política sábia, a longo prazo, mas também eficiente. "Continuamos a acreditar que a nossa estrada da liberdade está ficando cada dia mais longa e que ela vai chegar até a parte mais leste da Europa", frisou Komorowski.

"Amizade é um milagre"
O presidente polaco, de 62 anos, há muitos anos trabalha pela reconciliação teuto-polaca. Durante seu tempo como presidente do Parlamento da Polônia, entre 2007 e 2010, realizou reuniões periódicas com seu colega alemão, o presidente do Parlamento alemão, Norbert Lammert.
Antes do discurso de Komorowski, Lammert também falou sobre a amizade entre Polônia e Alemanha, afirmando ser uma grande conquista que alemães e polacos sejam hoje amigos. "A Polônia foi a primeira vítima desta guerra e quem mais sofreu com a ocupação alemã", frisou. Lammert lembrou também o "extermínio industrial dos judeus europeus", que fez com que a Polônia se tornasse "o maior cemitério da civilização europeia".

domingo, 7 de setembro de 2014

Uma noite silesiana em Curitiba


A Universidade Federal do Paraná / Curso de Letras - Polaco
e a Universidade da Silésia - Polônia,

convidam para o Encontro com a

ALTA SILÉSIA,

Uma noite de impressões históricas, linguísticas, culinárias, musicais e cinematográficas.

Ministrantes:
Profª. Drª. Jolanta Tambor
Ms. Agnieszka Tambor
Ms. Karolina Graboń,
docentes da Universidade da Silésia (Uniwersytet Sląski) de Katowice - Polônia

Data e horário: 10 de setembro de 2014 às 19:00 hs
Local: R. Ébano Pereira, 502 (Sociedade Tadeusz Kosciuszko)

Programação:
1. Apresentação da região e do seu dialeto;
2. Sucessos do cinema silesiano;
3. Demonstração da dança regional “Trojak”;
4. Preparo e degustação dos pratos típicos: makówki e wodzionka;
5. Projeção do filme “Barbórka” de Maciej Pieprzyca (com legendas em inglês).

Apoio:
- Consulado Geral da República da Polônia
- Casa da Cultura Polônia Brasil
- Sociedade Tadeusz Kosciuszko
- Braspol Nacional
- Barsóvia

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Jogo de vôlei histórico em Varsóvia


A 18ªº edição do Mundial Masculino de Vôlei já entrou para a história. No sábado, no Estádio Nacional de Varsóvia, 62 mil espectadores acompanharam a vitória da seleção da Polônia, a anfitriã do torneio, derrotar a Sérvia, com certa facilidade, por 3 sets a 0, com parciais de 25/19, 25/18 e 25/18, em 1 hora e 23 minutos.
O estádio, que costuma receber partidas de futebol, foi adaptado para abrigar a abertura do Mundial de Vôlei. E a ação deu certo, tanto que o estádio ficou completamente lotado. E, apoiado pelo seu torcedor, a Polônia conquistou a vitória na partida de abertura do torneio.
Michał Winiarski foi o principal destaque da partida ao marcar 14 pontos para a Polônia, três a mais do que o sérvio Aleksandar Atanasijevic.
O jogo foi válido pelo Grupo A do torneio, que teve a sua primeira rodada completada neste domingo, com as partidas Venezuela x Argentina e Camarões x Austrália. Polônia e Sérvia só voltam a entrar em quadra na próxima terça-feira. Os donos da casa enfrentam a Austrália, enquanto a Sérvia, em busca da reabilitação, medirá forças com a Argentina.
No domingo, foram serão disputadas outras duas partidas, na cidade de Wrocław, todas válidas pelo Grupo A, Venezuela 0 x 3 Argentina e Camarões 0 x 3 Austrália.
A estreia da seleção brasileira, que está no Grupo C, na manhã desta segunda-feira, às 8 horas (de Brasília), diante da Alemanha.

domingo, 31 de agosto de 2014

O polaco Donald Tusk é eleito presidente do Conselho Europeu

O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk foi eleito presidente do Conselho Europeu, neste sábado em Bruxelas.
Em seu primeiro discurso prometeu construir compromissos, saindo na frente das preocupações do Reino Unido, bem como atividades para combinar a disciplina fiscal e crescimento. Tusk assumirá o cargo em 1º de Dezembro.
Até lá, o presidente do Conselho Europeu por dois mandatos de 2,5 anos continua sendo o belga Herman Van Rompuy. O primeiro-ministro polaco sublinhou que a UE tem de ser corajosa, mas não ​​radical no que diz respeito ao conflito na Ucrânia. Ele apontou também para os perigos da situação na Síria. Falando sobre a situação econômica, disse que poderá combinar a disciplina fiscal com crescimento econômico da Europa. "Eu percebo que os principais problemas que enfrentamos não vão desaparecer até dezembro. Um deles é uma crise que ainda se faz sentir na zona do euro." - Disse o chefe do governo polaco.
Tusk também presidirá as reuniões dos países da zona euro. O primeiro-ministro disse que a principal tarefa do presidente do Conselho Europeu continua ser a de construir compromissos. "80 por cento dos meus compatriotas acredita profundamente no sentido da União Europeia e não está à procura de alternativas", - disse ele.


Tusk também enfatizou herança polaca, sua experiência, que pode se tornar uma importante fonte de energia, para as necessidades da UE e no futuro, isso se fará sentir mais do que nunca. Ele ressaltou que os eventos dramáticos em toda a Europa vão exigir a opinião comum de toda a comunidade. "Todos os dias temos de responder à pergunta - para o confronto na Ucrânia, mas também para a situação na Síria, Líbia. Quem somos, como nós juntos podemos responder a este desafio que deve ser a capacidade de construir uma perspectiva comum para a Ucrânia. Nós podemos ajudar e vamos ajudar os nossos vizinhos. Seremos capazes de construir um ponto em comum, sem ambiguidades e, por isso, precisamos ser um tanto corajosos e responsáveis, com imaginação e senso comum podemos estar juntos. Sobretudo tendo em conta os desafios que (...) são tão dramáticos na vizinhança da UE",salientou Tusk.
Ele acredita que a posição da UE sobre o conflito ucraniano deve ser ousada, mas não radical. Em sua opinião, entende-se que vários países da UE têm diferentes níveis de sensibilidade e diferentes pontos de vista, mesmo quando se trata do conflito na Ucrânia.

O Conselho Europeu (também referido como Cúpula Europeia), é o mais alto órgão político da União Europeia. É composto pelos Chefes de Estado e de Governo dos países membros da União, juntamente com o Presidente da Comissão Europeia. A sua reunião é presidida pelo membro do Estado-Membro que atualmente detém a Presidência do Conselho da União Europeia.
O Conselho Europeu não é uma instituição oficial da UE, embora seja mencionada nos Tratados como um organismo que "dará à União os impulsos necessários ao seu desenvolvimento".
Fundamentalmente, define a agenda política da UE e, portanto, tem sido considerado o motor da integração europeia. Para além da necessidade de fornecer "impulso", o Conselho tem desenvolvido novas funções; para "resolver questões pendentes de discussões num nível mais baixo", a liderança na política externa - externamente agindo como um "Chefe de Estado coletivo", "ratificação formal de documentos importantes" e "participação na negociação dos tratados".
O Tratado de Lisboa criou o cargo de Presidente do Conselho Europeu, ocupado por uma personalidade independente dos Chefes de Estado ou de Governo dos Estados-Membros. Com mandato de dois anos e meio, o presidente é eleito pelo Conselho Europeu através da maioria qualificada, podendo o Conselho Europeu pôr termo ao seu mandato pelo mesmo meio.

Depois de ser eleito para presidir o Conselho Europeu, Tusk terá deixar a posição de primeiro-ministro, processo que envolve a renúncia de todo seu governo. Em tal situação, a Constituição define os próximos passos a seguir.
Após a aprovação da renúncia - ao abrigo da Constituição - o presidente da República deverá nomear um novo primeiro-ministro, fazendo sua proposta ao Conselho de Ministros. A partir da data de nomeação, o primeiro-ministro tem duas semanas para apresentar ao Sejm, seu programa do governo e obter voto de confiança para o seu governo.
O Parlamento dá voto de confiança ao governo por maioria absoluta de votos (e, portanto, deve haver pelo menos um voto mais "para" do que votos "contra" e "abstenção"), na presença de pelo menos metade do número legal dos deputados - o que no momento da votação parlamentar deve ser de pelo menos 230 membros.
Se na primeira etapa constitucional o Sejm não der o voto de confiança no Conselho de Ministros, segundo a Constituição, o Parlamento toma a iniciativa, de dentro de duas semanas formar um governo e dar-lhe o voto de confiança.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Cracóvia inaugura exposição de artistas curitibanas


Cracóvia recebe exposição de 6 artistas plásticas curitibanas, em seu coração O famoso Rynek - praça central do centro histórico da cidade.
As portas do Dom Poloni (Casa do Polaco do Estrangeiro) para a exposição "Brazylijska Natura - spojrzenia i inspiracje" (Natureza Brasileira - olhares e inspirações).
A abertura é hoje, 28 de agosto de 2014, às 18:00hrs. A exposição das seis artistas descendentes de imigrantes polaco  Dulce Osinski,  Everly Giller · Heliana Grudzien,  Márcia Széliga,  Mari Ines Piekas,  Schirlei Freder. · aborda o tema da natureza brasileira e é composta por trabalhos inéditos em gravura, pintura, fotografia, desenho e técnicas mistas das artistas brasileiras.

Local: Galeria Dom Poloni na cidade de Cracóvia - Rynek Główny 14






BRASIL - Realização: Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba; Casa da Cultura Polônia Brasil. - Apoio: Prefeitura Municipal de Curitiba Braspol Nacional 

POLÔNIA - Organizadores: Associação Wspólnota Polska - Kraków Consulado Honorário do Brasil em Cracóvia -  Grzegorz Hajdarowicz 
Patrocinador: Prefeitura da Cidade de Cracóvia - Apoio: Sika IM Patecki - Dealer Kia Kraków Stowarzyszenia Oświat i Kultury Polskiej - SOiKP

Mais informações:


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Uma nova Katyń é encontrada na Ucrânia

Em uma antiga prisão da NKVD - Comissariado do Povo para Assuntos Internos (ou Ministério do Interior) da Rússia Soviética, na de Vladimir, na região da Volínia polaca (atualmente em território ucraniano) foram encontrados os restos mortais de cerca de 1.000 pessoas.
Entre eles estão soldados. policiais e civis polacos. A exploração e exumações estão sendo feitas nas ruínas do antigo castelo do Rei polaco Kazimierz Wielki (Casimiro o Grande), na localidade de Vladimir, hoje, pertencente ao território da Ucrânia, e a 15 km da atual fronteira.
Nos anos de 1939 a 1956 existiu ali uma prisão do Ministério do Interior russo. A exploração arqueológica está sendo realizada por um grupo binacional de cientistas ucranianos e polacos.



"No momento já foram encontrados os restos mortais de cerca de 950 pessoas. Entre elas estão soldados polacos, mas também há civis. Também foram encontradas no local, pistolas TT junto aos mortos que possivelmente que foram mortos pela NKVD em 1940 e 1941", declarou Aleksiej Złatogorski, chefe da equipe ucraniana de arqueólogos.
A doutora em arqueologia, a polaca Dominika Siemińska, chefe da equipe polaca, acrescentou que "Os restos mortais estão em muito mau estado. Foram cobertos com cal. Já foram abertas duas cavidades na sepultura coletiva. Muitos deles, provavelmente foram abatidos a coronhadas e depois enterrados com escavadeira".
As exumações levará mais algumas semanas. O lado ucraniano inicialmente determinou que os restos dos corpos serão enterrados novamente em 23 de setembro, no cemitério municipal de Vladimir, na Volínia. Cidade, onde viviam polacos, rutenos, ciganos e judeus, antes da segunda guerra mundial, quando a região ainda era território da Polônia.


Uma nova Katyń?
É o que está se perguntando a sociedade polaca com as recentes descobertas. Katyń, também conhecido como Massacre da Floresta de Katyń, foi uma execução em massa ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial contra oficiais polacos prisioneiros de guerra.
Eram policiais e cidadãos comuns acusados de espionagem e subversão pelo NKVD - Comissariado do Povo para Assuntos Internos, a polícia secreta soviética, comandada por Lavrentiy Beria, entre abril e maio de 1940, após a rendição da Polônia à Alemanha Nazista.
Através de um pedido oficial de Beria, datado de 5 de março de 1940, o líder soviético Josef Stalin e quatro membros do Politburo aprovaram o genocídio. O número de vítimas é calculado em cerca de 22.000, sendo 21.768 o número mínimo identificado.
As vítimas foram executadas na floresta de Katyń, na Rússia, em prisões de Kalinin e Karkov e em outros lugares próximos.
Do total de mortos, cerca de 8 mil eram militares prisioneiros de guerra, outros 6 mil eram policiais e o restante dividido entre civis integrantes da intelectualidade polaca - professores, artistas, pesquisadores, historiadores, etc - presos sob a acusação de serem sabotadores, espiões, latifundiários, donos de fábricas, advogados, funcionários públicos perigosos e padres.
O termo "Massacre de Katyń" originalmente refere-se especificamente ao massacre na floresta de Katyń, perto das vilas de Katyń e Gnezdovo, localizadas cerca de 19,5 km a oeste de Smolenski.

A TV Cultura de São Paulo, exibiu no último sábado o filme "Katyń", realizado pelo maior cineasta polaco de todos os tempos Andrzej Wajda, cujo pai foi um dos oficiais assassinados em Katyń.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Capa da revista Przekrój de 1948


Ilustração de Zbigniew Lengren "Plaża" na capa da revista da revista cultura de maior circulação da Polônia,"Przekrój", edição de 11 julho de 1948. A revista sócio-cultural da esquerda-liberal é publicada desde 1945.
Até 2002 foi editada em Cracóvia. Mas entre 2002 a 2009, passou a ser publicada em Varsóvia. Voltou em 2009 para Cracóvia onde continuou a ser publicada.
O magnata Grzegorz Hajdarowicz foi o responsável pela volta da revista a Cracóvia, quando a comprou e a instalou em Zabłoce, cidade próxima a Cracóvia.
Em outubro de 2013, o Cônsul honorário do Brasil, em Cracóvia, Hajdarowicz vendeu a revista para o fotógrafo Thomas Neviadomski.
A última edição de Przejkrój editada por Hajdarowicz ocorreu em 30 de setembro de 2013.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Polônia escolheu seu candidato ao Oscar 2015


A Polônia já escolheu seu representante para a disputa do Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira de 2015.
Trata-se de “Ida”, do diretor Paweł Pawlikowski (“Estranha Obsessão”), um drama de época feito em preto e branco, sobre uma noviça que descobre um sombrio segredo familiar.
A informação é do Site The Hollywood Reporter. O filme vem acumulando prêmios e críticas positivas, além de conseguir se destacar no circuito dos cinemas arte, tendo arrecadado US$ 3,6 milhões nas bilheterias dos Estados Unidos e US$ 9 milhões na Europa.
Isto faz dele um dos filmes polacos mais bem-sucedidos de todos os tempos no mercado internacional. Entre as muitas honrarias conquistadas, “Ida” venceu o prêmio de Melhor Filme nos festivais de Londres, Gijón e Varsóvia, o Prêmio da Crítica no Festival de Toronto e foi o grande vencedor na premiação Eagle Awards da Polônia, um dos prêmios mais importantes de cinema do país, faturando os troféus de Melhor Filme, Diretor e Atriz (para Agata Kulesza).
Ambientado na década de 1960 na Polônia, a trama gira em torno de Anna (Kulesza), uma jovem noviça, que está prestes a fazer seus votos religiosos, quando descobre um terrível segredo de família, da época da ocupação nazista no país. “Não temos dúvidas de que de “Ida” de Pawlikowski é o filme polaco que tem a maior chance nesta categoria muito competitiva”, disse Agnieszka Odorowicz, diretor-geral do Instituto de Cinema Polaco.
“Ele não serve apenas como um exemplo fantástico do trabalho de seu cineasta, mas do cinema polaco como um todo.” A Polônia é um dos primeiros países a apresentar o seu candidato ao Oscar 2015. Até então, apenas a Hungria, com o filme “White God”, de Kornel Mundruczó (“Delta”), e a Turquia, com o drama “Winter Sleep”, do diretor Nuri Bilge Ceylan (“Era uma Vez na Anatolia”), tinha divulgados seus representantes ao próximo Oscar. Ida ainda não tem data para estrear no Brasil.

domingo, 17 de agosto de 2014

Gombrowicz, ainda pouco conhecido no Brasil


Em entrevista ao sobreCultura, Marcelo Paiva de Souza questiona o estranho silêncio no Brasil em torno de Witold Gombrowicz, escritor polaco que viveu por duas décadas exilado na Argentina e deixou uma obra vigorosa e inovadora. Circunstâncias fortuitas levaram ao exílio na Argentina o escritor polaco Witold Gombrowicz, nascido em Małoszyce, em 1904.
Gombrowicz deixou seu país com destino à América do Sul e, após o desembarque em Buenos Aires, foi surpreendido com a notícia da eclosão da Segunda Guerra. Apesar das dificuldades que se descortinavam em seu horizonte, decidiu ficar.
Escritor já com boa reputação na Polônia, teve que buscar meios de renascer das cinzas em um mundo estranho e hostil no qual viveu por mais de duas décadas.
Os 50 anos de seu retorno à Europa, em 1963 – já com prestígio consolidado e obras traduzidas para várias línguas –, têm sido lembrados por admiradores e estudiosos de sua obra, como Marcelo Paiva de Souza, doutor em ciência da literatura pela Universidade Jagielloński, em Cracóvia, Polônia, e professor de literatura polaca da Universidade Federal do Paraná.
Nesta entrevista ao sobreCultura, Marcelo descreve a trajetória vitoriosa de um escritor que soube dar a volta por cima, fala da importância de sua obra no panorama da literatura mundial e tenta encontrar razões que expliquem o relativo silêncio em torno do nome de Witold Gombrowicz no Brasil.

sobreCultura: Como apresentaria Gombrowicz ao leitor brasileiro?

Marcelo Paiva de Souza: Seria interessante dar a palavra ao próprio escritor, cuja verve é pródiga em autocomentários, para se ter uma amostra de seu trabalho de linguagem. Outro modo de apresentá-lo seria remontar ao início de sua carreira. Ele estreou na literatura nos anos 1930; seu primeiro livro, a coletânea de contos "Memórias da época do amadurecimento", é de 1933. A obra despertou nos críticos uma reação ambígua: reconheceram o talento do jovem escritor, mas não fisgaram o alcance de seu projeto criativo.
Na mesma década surgiram a peça "Ivone, princesa da Borgonha" [1935; primeira edição, 1938] e o romance "Ferdydurke" [1937]. Esses textos revelam a versatilidade do autor e um universo literário inovador e inconfundível. Ferdydurke, sobretudo, é corrosivo, insolente, afronta a cultura letrada da época, mostrando, com humor, como forças exteriores formam/conformam/deformam o indivíduo.
Em suma, Gombrowicz faz considerável barulho na literatura polaca da década de 1930. Não se filia a ‘panelas’ literárias mais prestigiadas nem a grupos de vanguarda; mantém-se fora, deseja estar fora. Cabe sublinhar isso, pois de algum modo a experiência do exílio que se abateria sobre ele potencia uma situação que, intrinsecamente, já experimentava em seu país.

- Quando ele deixa a Polônia?
Em 1939, por circunstâncias fortuitas, tomou um navio que o levou a Buenos Aires. Após o desembarque, veio a notícia da eclosão da Segunda Guerra e da invasão da Polônia pela Alemanha. Gombrowicz decidiu ficar em Buenos Aires, mesmo sem conhecer ninguém ali, sem falar espanhol e com apenas 200 dólares no bolso. Tem início então o longo período, de mais de 20 anos, em que viverá na Argentina.
Oriundo de uma família de média nobreza, acostumado a uma vida confortável e já dono de considerável reputação literária na Polônia, na Argentina ele não era ninguém. Até conseguir emprego em um banco, em fins dos anos 40, viveu em hospedarias precárias e enfrentou muitos outros obstáculos. Mais tarde irá expor em seu "Diário" o outro lado da moeda. Apesar das dificuldades, aquele período teve para ele qualquer coisa de libertação. Nesse sentido, o desenraizamento e a pobreza são para Gombrowicz um rejuvenescer, um lançar-se ao voo.


- Como era a relação de Gombrowicz com o mundo letrado em Buenos Aires?
Difícil, para dizer o mínimo. O escritor falará disso em seu "Diário" e no volume "Testamento", que surgiu de suas conversas com o crítico e romancista francês Dominique de Roux. Nessas obras, Gombrowicz reflete sobre seus malogrados contatos com os notáveis do mundo literário portenho. Simplificando a questão, o desentendimento nasceu de sua recusa a fazer o papel tradicional do escritor exilado que busca convívio com o establishment cultural da localidade em que foi dar. Com calculado esnobismo, declara-se conde, desdenha da forçosa peregrinação ao salão da escritora Victoria Ocampo, olha atravessado para o escritor Jorge Luis Borges e seus acólitos...
Se, por um lado, houve desencontro, não faltou, por outro, o contrapeso das afinidades eletivas, das simpatias e amizades, especialmente entre figuras mais jovens do universo intelectual de então em Buenos Aires, como Virgilio Piñera, Alejandro Russovich e outros, que se deixam fascinar por ele. Graças a esses contatos, a literatura gombrowicziana enfim passa a existir no exílio do escritor. Primeiro, com a tradução de Ferdydurke para o espanhol, levada a cabo pelo autor, com a ajuda de ‘assessores’ locais, e publicada em 1947. O espanhol em que Ferdydurke se materializa soa anômalo, estrangeiro. O escritor Ricardo Piglia verá nessa tradução uma obra-prima, por conta das possibilidades que ela abre em termos de exploração do idioma. A essa altura, Gombrowicz conclui sua segunda peça, "O casamento", traduzida para o espanhol também com a ajuda de parceiros. O texto foi publicado primeiro na Argentina, em 1948; só em 1953 sai em polaco.


- Quando Gombrowicz alcança reconhecimento na França?
De certo modo, as traduções de suas obras para o espanhol vão auxiliar nisso. O crítico e ensaísta polaco Konstanty Jeleński, colaborador do Instituto Literacki, sediado em Paris, faz com que essas versões cheguem a seu amigo François Bondy, que publica um artigo sobre Ferdydurke na influente revista Preuves. Foi assim que Maurice Nadeau conheceu a obra de Gombrowicz, tomou-se de admiração por ela e decidiu publicá-la em tradução para o francês sob o prestigioso selo Les Lettres Nouvelles, série que dirigia na editora René Julliard.
O Instituto Literacki e sua revista Kultura eram iniciativas de intelectuais e escritores polacos dissidentes que haviam optado pelo exílio com a stalinização do país, após a Segunda Guerra. Publicavam basicamente obras de polacos dissidentes, em polaco, para que circulassem livres da censura comunista.
Gombrowicz encontra nesse grupo interlocutores fundamentais. Graças a esse apoio, vai pouco a pouco se infiltrando no universo letrado francês e, por extensão, no europeu. Em 1958, sai a tradução francesa de Ferdydurke, um momento capital na carreira do autor. Nesse meio tempo ele vinha publicando na revista Kultura, em fragmentos, textos que mais tarde comporiam os três volumes de seu "Diário". Pode-se a partir daí falar da recepção de Gombrowicz em escala mundial. Ele continuou vivendo em Buenos Aires, mas se mantinha ativamente ligado ao Instituto.

- As décadas de 1950-1960 parecem ter sido um período fértil na carreira do autor, não?
Nesse período aparecem várias de suas obras mais importantes: os romances "Transatlântico", "Pornografia" e "Cosmos". É uma verdadeira explosão criativa. Parece que as energias represadas no período inicial de exílio se desencadeiam em sucessivas obras, todas geniais. São de um vigor ímpar, em diferentes âmbitos, pois, além dos romances, publicou a peça "Opereta" e a prosa fascinante do "Diário", em que há, além de diário no sentido estrito do termo, passagens memorialísticas, efusões líricas, crítica literária e debate de ideias, além de pura e simples ficção. É uma obra em que expande com ímpeto máximo, de modo abrangente e prismático, o aspecto intelectual de seu projeto literário. Mais que mero relato autobiográfico, é um mosaico de experimentação de escrita e de pensamento, um tour de force inventivo, crítico e polêmico.

- Qual a situação do autor na Argentina após a ‘conquista’ da França?
A conquista da França e da Europa vai gradativamente alterar o modo como era visto pela intelectualidade argentina, que o ignorava. A essa altura, porém, surge a oportunidade de regresso ao Velho Mundo, e em 1963 ele segue para Paris. Passa um período em Berlim e, com a saúde debilitada, fixa residência no sul da França, em Vence, onde morre em 1969, com prestígio consolidado e obras traduzidas para várias línguas. No contexto polaco, já é tido nesse momento como um dos maiores autores do país no século 20. A partir de sua morte, até hoje, a escalada é permanente. Multiplicam-se as traduções, e a recepção de sua obra é impulsionada sem cessar pela pesquisa especializada desenvolvida na Polônia e no mundo.

- Como a obra de Gombrowicz foi recebida aqui?
"Bakakai" é seu primeiro livro publicado aqui, em 1968, com tradução de Álvaro Cabral a partir da versão francesa da obra. O volume, que saiu originalmente em 1957, reúne os contos do livro de estreia, "Memórias da época do amadurecimento", dois fragmentos de "Ferdydurke" e três contos esparsos do autor. Infelizmente, não houve o cuidado de se fazer uma introdução, apresentando Gombrowicz e sua obra ao leitor brasileiro.
Em parte talvez isso explique o pequeno impacto da obra entre nós; sem o amparo de alguma informação e esclarecimento crítico, talvez tenha ficado indefesa demais. Ainda na primeira onda de assimilação de Gombrowicz no país, temos a publicação, em 1970 – pela mesma editora que publicou "Bakakai", Expressão e Cultura –, de "A pornografia", vertido do francês por Flávio Moreira da Costa. Reproduziu-se no livro o prefácio escrito por Gombrowicz para a tradução francesa do romance.

- O que teria motivado editores brasileiros a traduzir Gombrowicz?
Seu nome já era mundialmente reconhecido quando começa a ser editado no Brasil. Ao longo dos anos 1960, a reputação de Gombrowicz no universo do teatro torna-se fenomenal. Em 1963-1964, o diretor argentino Jorge Lavelli encenou "O casamento", em Paris, e a montagem teve enorme repercussão. Em seguida, o autor foi encenado por grandes nomes do teatro europeu. Para continuar com "O casamento", sucedem-se montagens em Estocolmo e Milão. Na então Berlim Ocidental, Ernst Schröder dirige a peça com cenografia do tcheco Josef Svoboda, um dos maiores cenógrafos do século 20. Em 1972, Lavelli encena "Ivone, princesa da Borgonha", em Buenos Aires, com grande sucesso. A carreira de Gombrowicz nos palcos alcança tal dimensão que deve ser vista como uma das molas propulsoras da divulgação de sua obra literária propriamente dita.

- Quais as outras ‘ondas’ de assimilação de Gombrowicz no Brasil?
Em 1986, a editora Nova Fronteira publicou nova tradução de "A pornografia", novamente a partir do francês. Mas essa versão, de Tati de Morais, foi revista com base no original polaco pelo dramaturgo e crítico teatral Yan Michalski. O lançamento teve certa ressonância, mas, de novo, a recepção crítica ficou muito aquém da força do romance.
Nos anos 2000, pela primeira vez, temos Gombrowicz traduzido no Brasil diretamente do polaco. A Companhia das Letras publicou três romances, todos traduzidos por Tomasz Barciński: "Ferdydurke" [2006], "Cosmos" [2007, vertido em parceria com Carlos Alexandre Sá] e, de novo, "Pornografia" [2009]. Traduzi a peça "Ivone, princesa da Borgonha" – montada no Rio de Janeiro em 2001 pela companhia L’Acte, com direção de Thierry Trémouroux [o texto não foi publicado] – e o conhecido ensaio ‘Contra os poetas’, publicado na revista Poesia Sempre – Polônia, da Biblioteca Nacional, em 2008. Além disso, saiu recentemente o livreto "Curso de filosofia em seis horas e quinze minutos", traduzido do francês por Teresa Fonseca e publicado em 2011 pela José Olympio.

- Acha que o autor finalmente alcançou no Brasil o lugar que merece?
Creio que ainda há flagrante distância entre Gombrowicz e o leitor brasileiro. Penso no leitor de forma ampla, mas levo em consideração nesse juízo também o leitor especializado, o pesquisador de literatura. Gombrowicz me parece ser um nome relativamente conhecido no país hoje, mas sua obra não ‘funciona’ no sentido rigoroso do termo. Não é algo que se estude, que se discuta, sobre o qual se escreva e se publique, algo que esteja de fato presente na rotina dos eventos acadêmicos na área de letras ou no âmbito da vida literária em geral. Resta não pouco a fazer em termos de tradução – e de crítica das traduções existentes. Antes de tudo, porém, o que falta mesmo é que se leia Gombrowicz! Espero ter ficado claro até aqui, porque estou convicto de que vale muito a pena.


Texto originalmente publicado no sobreCultura 16 (julho de 2014)

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A poesia "Óculos" de Julian Tuwin


Biega, krzyczy pan Hilary:
 « Gdzie są moje okulary? »
Szuka w spodniach i w surducie,
W prawym bucie, w lewym bucie.
Wszystko w szafach poprzewracał,
Maca szlafrok, palto maca.
« Skandal! – krzyczy – nie do wiary!
Ktoś mi ukradł okulary! »
Pod kanapą, na kanapie,
Wszędzie szuka, parska, sapie!
Szuka w piecu i w kominie,
W mysiej dziurze i w pianinie.
Już podłogę chce odrywać,
Już policję zaczął wzywać.
Nagle zerknął do lusterka…
Nie chce wierzyć… Znowu zerka.
Znalazł! Są! Okazało się,
Że je ma na własnym nosie.


Em português:

ÓCULOS,
Julian Tuwin

Corre, grita o Sr. Hilary:
"Onde estão meus óculos?"
Procura nas calças e casaco,
No sapato direito, no sapato esquerdo.
Tudo derruba nos armários,
apalpa seu roupão, apalpa seu casaco.
"Escândalo! - grita - não acredito nisso!
Alguém roubou meus óculos!"
Sob a cama, no sofá,
Procura em todos os lugares, rosna, sibila!
Olha no forno e na chaminé,
No buraco do rato e num piano.
Já no chão quer se rasgar,
Já começa a chamar a polícia.
De repente, olha-se no espelho ...
Não quer acreditar ... novamente olha.
Encontrou! Ali eles estão! Encontra-o
Sobre seu próprio nariz.

Tradução livre
de Ulisses Iarochinski

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Polônia alerta sobre invasão russa na Ucrânia



À medida que as forças leais ao Governo da Ucrânia apertam o cerco aos combatentes separatistas nas cidades de Donetsk e Lugansk, no Leste do país, o Exército russo vai-se estendendo ao longo da sua fronteira, a meia centena de quilômetros, em movimentações que a Polônia e a OTAN interpretam como os primeiros passos de uma invasão.
Os números da Aliança Atlântica são revistos e aumentados praticamente todos os dias – na semana passada, falava-se em 15.000 soldados russos ao longo da fronteira, mas agora serão já 20.000, de acordo com o secretário-geral adjunto da organização, o norte-americano Alexander Vershbow.
Apesar das acusações, a disposição das tropas russas não viola os acordos internacionais – oficialmente são exercícios militares, e não há grupos com mais de 9.000 soldados fora das suas bases, em cumprimento do Documento de Viena de 2011.
Como tem sido hábito desde o início do conflito na Ucrânia, quase todas as acusações, declarações e alegadas provas da culpabilidade de um e de outro lado jogam-se nas redes sociais, e não foi de se estranhar que uma das mais sérias acusações da OTAN tenha chegado através do Twitter. "A Rússia violou a lei internacional sem qualquer justificação, invadiu a Ucrânia, apoia os separatistas, e tem agora cerca de 20.000 soldados na fronteira com o Leste da Ucrânia", escreveu Alexander Vershbow.
É uma guerra com várias tentativas de cerco – no terreno, as forças ucranianas tentam derrotar os separatistas; a liderança da OTAN tenta convencer os seus membros de que é urgente apressar os preparativos para uma guerra; e a Rússia tenta avisar a Ucrânia que uma vitória militar no Leste do país pode sair-lhe cara.
Nesta quarta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, respondeu às duras sanções aprovadas na semana passada com a limitação ou proibição da importação de alimentos dos EUA e da União Europeia (UE). "Determinados tipos de produtos agrícolas, matérias-primas e alimentos com origem em Estados que decidiram impor sanções econômicas a entidades legais e/ou indivíduos russos, ou que se tenham associado a essa decisão, estão banidos ou limitados", lê-se no comunicado do Kremlin.

OTAN exige mais poder
Nas últimas horas, a OTAN não tem parado de lançar avisos. A porta-voz da organização, a romena Oana Lungescu, disse que "o mais recente reforço militar russo agrava a situação e compromete os esforços com vista a uma situação diplomática para a crise". Mas o mais sério aviso veio do próprio secretário-geral da Aliança Atlântica, o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen.
Num artigo assinado no Financial Times, intitulado "Todos os aliados da OTAN devem pressionar a Rússia", Rasmussen apresenta uma série de argumentos a favor do reforço da capacidade da aliança, contra aquilo a que chama "o maior desafio desde o fim da Guerra Fria".
Pondo toda a responsabilidade nas costas da Rússia, por ter "rasgado os compromissos" com a OTAN – que "se esforçou para melhorar as relações com Moscou após o colapso do comunismo" –, Rasmussen voltou a apelar ao reforço dos gastos com equipamento militar por parte dos 28 membros da organização.
A próxima reunião de cúpula da OTAN, que vai decorrer no País de Gales a 4 e 5 de Setembro (a última de Rasmussen como secretário-geral, posição que vai ceder ao norueguês Jens Stoltenberg a partir de Outubro), terá de servir para "aumentar a força de resposta multinacional", porque "as ações da Rússia não podem ser ignoradas".
"A ordem mundial pós-Guerra Fria está em jogo. Por isso, a OTAN é necessária mais do que nunca. Estamos decididos a mostrar que a OTAN está a falar muito a sério", escreveu Rasmussen. A ideia de uma invasão do Leste da Ucrânia pela Rússia não é nova – desde a anexação da península da Crimeia, em Março, que o Governo de Kiev, os Estados Unidos e vários países da União Europeia têm trabalhado com esse cenário em cima da mesa.
Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, disse ter "razões para suspeitar" que a Rússia vai entrar diretamente no conflito na Ucrânia. "Temos recebido informações nas últimas horas de que o risco de uma intervenção direta é sem dúvida mais elevado do que era há vários dias", disse o chefe do Governo polaco em conferência de imprensa.
E, à semelhança do secretário-geral da OTAN, pressionou os seus aliados a prepararem-se o mais depressa possível para esse cenário: "Se se concretizar uma intervenção direta das forças russas na Ucrânia, isso seria obviamente uma situação nova e, na minha opinião, ninguém tem uma resposta boa e inequívoca sobre de que forma o Ocidente deve reagir a isso."

Fonte: jornal "Público", de Lisboa