sexta-feira, 3 de junho de 2016

Governo PiS quer desmatar Floresta Białowieża

Foto: David Levene/The Guardian
Agora o ministro do meio ambiente Jan Szyszko quer que a UNESCO altere o status da única floresta intacta do continente europeu (7 milhões de anos) de Białowieża de "natural" para "cultural". A floresta de 100 km2, fica a 62 Km da cidade de Białystok.

ministro Jan Szyszko
Na verdade, o que quer o governo do PiS (partido de extrema-direita) é começar um desmatamento desnecessário deste santuário da humanidade. Já há registros de corte de árvores nas divisas da floresta com os campos particulares mais próximos. Floresta que se estende além fronteira, até no território da Bielorrússia.

O ministro alega que é preciso "retirar" 60 mil abetos vermelhos mortos das trilhas e caminhos da floresta. Sua decisão de adotar novas medidas de seu plano de manejo florestal, aumentará significativamente o limite de corte em Białowieża, em desacordo com os compromissos internacionais.

A UNESCO expressou repetidamente preocupação com esta situação criada pelo governo atual da Polônia. O abeto é uma grande árvore conífera atingindo uma altura de 30 a 50 metros e um diâmetro de tronco de 1 a 1,5 m. A característica deste pinheiro é a sua copa piramidal, muito regular. Pode chegar a 70 m de altura.
Árvores caídas naturalmente
Após grande tempestade que caiu sobre a Floresta no final do ano passado, o atual governo propôs um aumento radical na colheita de madeira na área. O plano de gestão para a década 2012-21 sugere que o limite de corte de 63,4 mil de metros cúbicos de madeira durante 10 anos  seja aumentado para cerca de 320 mil de metros cúbicos.

"Tília cordata" caída naturalmente - Foto: David Levene/The Guardian
Adam Wajrak
No final de março último, o ministro do Meio Ambiente já tinha aprovado o limite de elevação para 188 mil metros cúbicos. Em três áreas florestais de exploração econômica próximas as localidades de Hajnówka, Bialowieża, Browsk foram definidas áreas de referência onde não vão ser aplicadas medidas de proteção.

Segundo o naturalista e jornalista Adam Wajrak, a decisão de março provocou indignação na comunidade científica, bem como ambientalistas. Especialistas mundiais protestaram contra os planos do PiS incluindo biólogos das universidades de Varsóvia e da Universidade Iaguielônica de Cracóvia.

Ação dos exploradores - Foto: David Levene/The Guardian
Em seu parecer, Wjarak enfatizou que um maior estiramento e a substituição da regeneração natural da floresta com o plantio de composição de espécies das florestas desenvolvidos por necessidade econômica para justificar o corte da floresta de Białowieża como regras normais de manejo florestal e extensão da sua proteção como um parque nacional é improcedente.

Corte nas áreas próximas - Foto: David Levene/The Guardian
Wajrak apresentou dez argumentos, segundo os quais as Florestas Estatais e suas degradações sejam naturais ou causadas por insetos não ameaçam o meio ambiente destas áreas preservadas, já que são seu elemento natural e fator importante na preservação destas florestas naturais. "A única coisa que ameaça é o caruncho e os exploradores de madeira. Os madeireiros (exploradores de madeira) não querem concordar com isso. Mas são eles que matam as árvores na floresta. Assim, desde logo, o que a floresta precisa é ser tomada pelas mãos de silvicultores que tenham "carinho" e desejo de que tudo seja protegido", diz o naturalista.

Floresta
Puszcza Białowieska foi declarada propriedade do rei por Władysław Jagiełło que usou madeira dali para armar o exército polaco contra os saxônicos da maior guerra da idade média, a Batalha de Grunwald.
Em 1538, o rei Sigismund baixou um decreto penalizando quem matasse os bisões da Floresta.
Em 1541, o rei polaco declarou a floresta área de preservação permanente.

Durante a I Guerra mundial os alemães tentaram destruir a floresta e exterminar os bisões. Durante os três anos de ocupação germânica foram construídos ali 200 km de estrada de ferro.

A reserva foi inscrita na Lista do Patrimônio Mundial, em 1992, e reconhecida internacionalmente como uma Reserva da Biosfera no âmbito da UNESCO e no Programa O Homem e a Biosfera em 1993.

Bisões
A floresta de Białowieża (click para ouvir a pronúncia correta em polaco do nome da floresta) de que abriga cerca de 12 mil espécies vegetais além de 1500 espécies de fungos e cogumelos é também uma das duas áreas na Polônia onde ainda vivem os últimos Żubrbisões europeus (a outra reserva é em Niepołomice a 20 km de Cracóvia). São 800 bisões vivendo em harmonia com a natureza do Nordeste da Polônia, próximos a cidade de Hajnówka.

Bisões de Białowieża - Foto: David Levene/The Guardian

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Por que Papa Francisco escolheu Cracóvia?

Três anos atrás, no Rio de Janeiro, o Papa Francisco anunciou que a próxima Jornada Mundial da Juventude seria realizada em Cracóvia, na Polônia.
Santuário da Divina Misericórdia Irmã Faustina Kowalska - Lagiewniki em Cracovia
Para muitos jovens, foi um momento de júbilo, mas outros ficaram confusos: onde é a Polônia? Não é frio demais por lá?

Cada vez que o papa escolhe um local para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), ele pensa em dar destaque a um tema específico. E o tema da JMJ marcada para o mês de julho próximo nasceu desta afirmação de Jesus:

“Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7).

Não é surpresa nenhuma que o Papa Francisco queira chamar a atenção para a misericórdia durante este Ano Jubilar. E que lugar seria melhor para isso do que Cracóvia, a terra que nos deu a devoção à Divina Misericórdia? Foi por isso que o Santo Padre escolheu ninguém menos que São João Paulo II e Santa Faustina Kowalska para serem os padroeiros da JMJ de julho deste ano.

O Papa Francisco fez um breve comentário sobre estes dois santos e sobre a escolha de Cracóvia em uma mensagem do ano passado:

“Cracóvia, a cidade de São João Paulo II e de Santa Faustina Kowalska, está esperando por nós de braços e coração abertos. Eu acredito que a Providência Divina nos levou à decisão de celebrar o Jubileu da Juventude naquela cidade, que foi lar desses dois grandes apóstolos da misericórdia em nossos tempos. João Paulo II percebeu que este é o tempo da misericórdia.
No início de seu pontificado, ele escreveu a encíclica Dives in Misericordia (Rico em Misericórdia). No Ano Santo de 2000, ele canonizou a Irmã Faustina e instituiu a Festa da Divina Misericórdia, no segundo Domingo de Páscoa.
Em 2002, ele inaugurou pessoalmente o Santuário da Divina Misericórdia em Cracóvia e confiou o mundo à Divina Misericórdia, no desejo de que esta mensagem chegasse a todos os povos da terra e enchesse os seus corações de esperança: ‘Esta centelha precisa que a graça de Deus a acenda. Este fogo da misericórdia tem de ser passado para o mundo. Na Misericórdia de Deus, o mundo encontrará a paz e a humanidade encontrará a felicidade!’. Queridos jovens! No Santuário em Cracóvia, dedicado a Jesus Misericordioso, onde Ele é retratado na imagem venerada pelo povo de Deus, Jesus está esperando por vocês”.

Capela de Jesus Misericordioso - com o quadro inspirado nas visões de Faustina Kowalska e pintado por Eugeniusz Kazimirowsk sob orientação do padre Michał Sopocko
Muito tem sido escrito sobre São João Paulo II, Santa Faustina e seu exemplo inspirador de santidade. No entanto, poucos dos que irão à Polônia para a JMJ conhecem a história e a cultura extraordinárias em que se formaram esses dois santos. Eles não cresceram no vácuo: foram formados desde cedo pela rica cultura polaca.

Na primeira viagem à sua terra após eleito papa, São João Paulo II exortou os jovens a manterem viva a sua herança cultural, dizendo:

“Desde as suas origens, a cultura polaca traz em si claríssimos sinais cristãos… A inspiração cristã continua a ser a principal fonte de criatividade dos artistas polacos.
A cultura polaca ainda flui numa ampla corrente de inspirações cuja fonte é o Evangelho. Isto contribui também para o caráter profundamente humanista desta cultura: ele a torna tão densa e autenticamente humana. Vocês estão ouvindo estas palavras de um homem que deve a própria formação espiritual, desde o início, à cultura polaca, à sua literatura, à sua música… ao seu teatro; à história polaca, às tradições cristãs polacas, às escolas polacas, às universidades polacas.
Ao falar com vocês, jovens, desta forma, este homem deseja, acima de tudo, pagar a dívida que tem com esta maravilhosa herança espiritual. Permaneçam fiéis a esta herança. Façam dela o alicerce da sua formação. Sejam nobremente orgulhosos dela. Mantenham esta herança e multipliquem-na; entreguem-na às gerações futuras”.

Texto: Philip Kosloski