terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Polônia realizará Congresso Lusófono


A Polônia realiza em abril de 2015 congresso sobre relações com países lusófonos.
O encontro, organizado pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, terá como objetivo principal analisar e discutir as relações entre os países de língua portuguesa e a Polônia.
O 4º Congresso dos Estudantes Lusitanistas da Polônia, dedicado ao tema "Cruzamentos: relações entre a Polônia e os países de língua portuguesa", realiza-se de 13 a 14 de abril de 2015, em Varsóvia. O prazo para inscrever as comunicações durante o congresso vai até 16 de fevereiro próximo.
A organização do evento está a cargo da representação do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua em Varsóvia e do Instituto de Estudos Ibéricos e Ibero-americanos da Universidade de Varsóvia.
O colóquio terá como objetivo principal analisar e discutir as relações entre os países de língua portuguesa e a Polônia. A conferência estará dividida em 4 blocos temáticos: cultura/projetos artísticos, história, economia e relações político-diplomáticas. "Serão bem-vindas comunicações e estudos que apresentem uma perspetiva comparatista entre o espaço lusófono e o polaco", refere uma nota divulgada pelo Camões.
Os estudantes de licenciatura, mestrado ou doutoramento inscritos em universidades na Polônia constituem o público-alvo da conferência. A língua de trabalho será o português.
A apresentação de candidaturas é feita online através do preenchimento da ficha de inscrição disponível no blog Camões em:

blog camoes

domingo, 28 de dezembro de 2014

IDA: Curitiba mais uma vez de fora

Será que os produtores culturais e de entretenimento do Rio e São Paulo sabem que Curitiba e o Sul do Paraná tem a maior concentração da etnia polaca na América Latina?????????




Mais uma vez um filme polaco fica de fora das salas de cinema de Curitiba. Antes foi "Lech Wałęsa" e agora "Ida".

Sim, porque alguns brasileiros privilegiados (sem nenhuma ligação com a Polônia) já podem comprovar todo o talento envolvido na criação de “Ida”.

A obra-prima de Paweł Pawlikowski foi o melhor presente de Natal que os cinéfilos receberam este ano. Infelizmente, este prazer é para poucos, restrito a oito salas apenas – quatro em São Paulo, três no Rio e uma em Goiânia (em Goiás por que?).

O drama polaco “Ida”, um dos filmes mais premiados do ano, já foi eleito o Melhor Filme Europeu de 2014, venceu o Festival de Londres, foi votado o Melhor Filme Estrangeiro do ano pelas associações de críticos de Los Angeles e Nova York, indicado ao Globo de Ouro e ao Critics’ Choice de Melhor Filme Estrangeiro, e é favoritíssimo ao Oscar da categoria (na qual já está pré-selecionado).


Já são mais de 30 troféus no currículo, mas o diretor e roteirista Paweł Pawlikowski (“Meu Amor de Verão”) ainda se surpreende com a repercussão de sua obra. “Eu pensei que estava fazendo um filme pequeno sobre um tema grandioso, mas não esperava isso.
"Tem sido uma grande surpresa”, declarou ele em conversa com a imprensa. Segundo Pawlikowski, filmar esse longa foi diferente. “Todos acharam um suicídio profissional voltar à Polônia e fazer uma produção falada em polaco. Mas esse era um filme que queria fazer. Paradoxalmente, ‘Ida’ se tornou o trabalho mais ressonante e bem-sucedido da minha carreira”, apontou. 

E o sucesso não se dá apenas entra a crítica. A produção vem tendo também boa recepção do público, em países em que não é exilada em um punhado de salas apenas.
Nos EUA, por exemplo, ela arrecadou US$ 3,5 milhões, um valor respeitável para um longa estrangeiro.
Na França, ele teve 600 mil espectadores e se tornou o longa polaco de maior bilheteria já conquistada no país. “Não é todo dia que um conto de fadas como esse acontece”, celebra o diretor.


Filmado em deslumbrante preto e branco – sua fotografia também é premiadíssima – , “Ida” se passa nos anos 1960 e acompanha a história de uma noviça órfã que, prestes a ser ordenada freira, descobre que é judia e sobrevivente do holocausto.
A história de “Ida” é a mais pessoal da filmografia de Pawlikowski. O diretor nasceu na Varsóvia e viveu lá até os 14 anos, quando sua família se mudou para o Reino Unido.
“Primeiro você pensa: ‘Quem se importa com as raízes? Não é nada demais. Eu posso transcender minhas raízes e cultura’. Mas chega uma hora em que você começa a olhar para trás e foi isso que me levou a fazer esse filme.”
A filmagem gerou no cineasta um sentimento de nostalgia. “Queria filmar um longa sobre a Polônia que não existe mais, aquela em que passei minha infância. Meu desejo era dar vida a um universo e a um certo tipo de personagens que existiam naquela época. Mas, principalmente, queria fazer um filme sobre a identidade, o que nos leva a ser o que somos, sobre fé e o que significa ser cristão. Tudo gira em torno das diversas pessoas que somos ao longo da vida e o quanto somos complicados. Nós podemos cometer atos criminosos e, ainda assim, sermos pessoas queridas.”



Mais do que uma história sobre suas raízes, Pawlikowski buscava explorar o significado de ser cristão. “Muitas perguntas rondavam a minha mente enquanto desenvolvia o roteiro: ‘Você pode ser um bom cristão sem ser um polaco católico? A religião é uma demarcação tribal ou é algo espiritual dentro de você? O que define a sua identidade é o sangue que corre em suas veias? Você pode escapar de todas essas definições e ter uma existência puramente espiritual?’. A Polônia é cheia dessas questões.”
Para levantar tais questionamentos em “Ida”, o cineasta optou por filmar de forma diferente, tanto na narrativa quanto na estética. “Precisava fazer um filme como forma de meditação. Estava cansado do cinema, de todos os seus truques, closes, enquadramentos, tomadas aéreas, iluminação perfeita… Eu me senti seguro em não mover a câmera, fazer planos estáticos, não revelar todas as informações nos diálogos. Deu certo e foi a forma que encontrei para escapar do tédio que o cinema estava me dando. Claro que os produtores reclamaram muito disso, me perguntando: ‘Por que você não move a câmera um pouco mais, por que a cena não pode ser mais emotiva? Eles achavam que seria um desastre e agora acho que mudaram de ideia.” Fugindo das técnicas “tediosas”, o diretor também optou por filmar em preto e branco, algo que tinha em mente desde o início do projeto.
“Quando desenvolvia o roteiro, já via que esse mundo precisava ser mostrado dessa forma. Às vezes, os cineastas optam por filmar em preto e branco para tornar seus trabalhos mais interessantes. Mas vi que em alguns desses filmes a cor poderia torná-los ainda melhores. Eu senti que o certo seria realizar ‘Ida’ em preto e branco, em parte porque se passa num tempo antigo, mas também porque não queria que o filme fosse realista, precisava removê-lo da realidade.”


Para realizar a fotografia em preto e branco, foi originalmente escalado Ryszard Lenczewski, habitual colaborador de Pawlikowski. Mas ele acabou entrando em conflito com o diretor e deixou o projeto por diferenças criativas.
Assim, o operador de câmera Lukasz Zal (documentário “Joanna”) foi promovido a diretor de fotografia, fazendo sua estreia na função num longa de ficção. “Eu não tinha escolha”, declarou o cineasta. “Ele é quem estava disponível naquele momento e se tornou uma grata surpresa. Lukasz tem boa energia, coragem e empolgação e isso é o que importa.”

De fato, foi uma revelação. Zal venceu diversos prêmios pelo trabalho, incluindo os prestigiosos European Film Awards, Cameraimage e até um troféu do Sindicato dos Cinematógrafos dos EUA (ASC).
Outra revelação da obra é a atriz Agata Trzebuchowska, que interpreta a personagem-título e foi indicada ao European Film Awards.
O diretor fez diversos testes antes de encontrar a sua Ida, até que uma amiga, a diretora Małgorzata Szumowska (“Elles”), viu a jovem na rua e a convidou para o teste. “Essa jovem nunca atuou, mas eu via que era perfeita para o papel, apesar de não seguir nenhuma religião e não acreditar em Deus. Foi um desafio. Mas, graças a Deus, desculpe o trocadilho, ela foi ótima na pele de Ida”, concluiu o diretor.

A Trama

A trama conta a história de Anna (Agata Trzebuchowska), uma noviça que está em vias de selar seus votos como freira e recebe a missão de conhecer sua única parente viva, a tia Wanda, interpretada pela excelente atriz também polaca, Agata Kulesza.
Para decepção da jovem, sua tia é uma juíza que leva uma vida livre e bem distante dos preceitos católicos seguidos pela religiosa. Enviada ao convento quando criança depois que os pais morreram, Anna não se lembra do passado, que acaba vindo bruscamente à tona nos primeiros minutos com Wanda, que conta sem rodeios que o nome da moça na verdade é Ida e que ela é judia.
Tal revelação vira a vida da jovem de cabeça para baixo já que, ao buscar o paradeiro de sua família, ela começa a questionar sua vocação. O filme vira uma espécie de road-movie quando a dupla decide ir em busca do túmulo dos pais de Ida.
Além da nova identidade, a noviça acaba encontrando o amor e muitos questionamentos sobre o futuro. O filme apresenta a relação conflituosa de tia e sobrinha, suas descobertas sobre si mesmas e a busca pela dignidade de seus familiares, mortos durante a Segunda Guerra Mundial.
Mais do que as doloridas histórias pessoais de Ida e Wanda, o filme de Pawlikowski consegue resgatar a história da Polônia: a invasão nazista e o extermínio de polacos judeus, os anos sob o stalinismo e o poder da igreja católica no país.
Trata-se de um resgate histórico brilhante, intenso e de beleza estética impressionante. A fotografia em preto e branco assinada pelos polacos Lukasz Zal e Ryszard Lenczewski intercala closes com cenas abertas, compondo uma verdadeira obra de arte. Em alguns momentos, tem-se a impressão de que o que está na tela são quadros estáticos, capazes de emocionar qualquer espectador.


Ida
Direção: Paweł Pawlikowski
Roteiro: Paweł Pawlikowski e Rebecca Lenkiewicz
Direção de fotografia: Lukasz Żal e Ryszard Lenczewski
Edição: Jarosław Kaminski
Produção: Eric Abraham, Piotr Dzieciol, Ewa Puszczynska
Elenco: Agata Kulesza, Agata Trzebuchowska, Dawid Ogrodnik e participação especial de Joanna Kulig
Distribuição brasileira: Zeta Filmes
Duração: 80 minutos
País: Polônia e Dinamarca



P.S.  NA ÁREA DA MÚSICA, CURITIBA FOI PRETERIDA PELAS APRESENTAÇÕES DO GRUPO POLACO "MOZART" EM 2013 E 2014.... VÁRIOS PIANISTAS POLACOS SE APRESENTARAM EM SÃO PAULO, BRASILIA, BELO HORIZONTE, PORTO ALEGRE...A ORQUESTRA DE BIDGOSZCZ EM SÃO PAULO E ATÉ O QUARTETO LUTOSŁAWSKI DE WROCŁAW DE APRESENTOU EM SOROCABA.....E KURYTYBAAAAAAA??????

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Livro valioso da coroação da rei Edwirges da Polônia


"Não vou continuar a escrever, porque não me pagaram", - observou o secretário da crônica medieval. Até 30 de Dezembro, no Museu da Arquidiocese do Wawel, é possível ver gratuitamente valiosos livros, de valor incalculável pertencentes aos arquivos da Catedral de Wawel, em Cracóvia, que acabaram de passar por um processo de manutenção e restauro.
Entre eles estão, livros dos séculos XIV e XV que registraram a cerimônia de coroação pontifical da rei Jadwiga (Edvirges) e Władysław Jagiełło. Arquivo de Cracóvia no Capítulo Catedral de Wawel detém a chave para a história da Igreja polaca e livros muito antigos.

A primeira lista de incunábulos é do ano de 1111. São livros medievais da primeira biblioteca capitular criada no Wawel. Muitos deles sobreviveram até hoje.
O mais valioso passou por manutenção e pode ser admirado até o final do ano no Museu Arquidiocesano do Castelo.

O que ver no exposição?

- A Obra-prima do século XIV do iluminismo medieval - o pontifical da "Ceremoniale et Pontificale Episcoporum". O códice em pergaminho é encadernado em couro vermelho e placas, contados nove iniciais ornamentais e centenas de outras menores, feitas de duas cores: vermelho e azul.
O livro contém orações, cerimônias e rituais celebrados pelo bispo. Ele foi o mestre de cerimônia na coroação da rei Jadwiga e Władysław Jagiełło, na Catedral de Wawel.

- Livro do século XV que pertenceu ao bispo Zbigniew Oleśnicki - pontifical "Pontificale Episcopi Sbignei". Livro da cerimônia de coroação de Kazimierz Jagiellończyki de 1447. Contém 70 iniciais em miniatura, de alguma forma o bispo, provavelmente retratou, também o brasão de armas Dębno (dos Oleśnicki). O livro possui uma capa que foi criação mais tarde, datada do século XVI, com os brasões de armas do Bispo Tomicki.

- Incunabulos - a maioria estava na Alemanha (Nuremberg, Colônia, Speyer), mas existem livros também procedentes de Strasburgo, Basileia e Veneza. Entre eles - o mais valioso, que é o mais antigo incunábulo polaco. "Opus restitutionum" de Franciszek Platea i "Opuscula" de Santo Agostinho, gravado em Cracóvia por Kasper Straube.
Do catálogo central de incunábulos das bibliotecas polacas só a Biblioteca no Wawel existem 24 deles.
A impressão de Jan Lapid do "Resolutorium" é uma das duas ainda existentes em todo o mundo.


- de Henryk de Susa está "Summa grande titulis Decretalium" de 1478. Este livro é uma obra do famoso decretalista, o Cardeal Henrik de Susa (1200-1271, chamado de Hostiensis), era professor de Direito em Bolonha e Paris. O trabalho, conhecido como "Summa aurea" foi escrito em 1253. E ele mesmo - mais tarde imprimiu - este incunabulo que é o texto de uma palestra dele com uma síntese do direito canônico e do direito civil de Roma.
A cópia do texto foi tirada pelo brilhante Jan Stanko em 1488. Este doutor em medicina e botânica, médico real e canône de Cracóvia. - 30 volumes de manuscritos que compõem a coleção mais antiga e mais importante dos arquivos armazenados nos arquivos da Cúria Metropolitana da Ulica (rua) Franciszkańskiej, n. 3

- Arquivos da Officialia e Episcopalia Arquidiocese de Cracóvia (a partir do século XV ao século XVIII). 625 volumes Coleção Acta da Officialia e Episcopalia, compõe-se de 625 volumes de uma coleção de livros manuscritos (cada um com aproximadamente 600-800 páginas), apresenta fatos importantes para a história das paróquias em toda a metrópole de Cracóvia e da Comunidade Polaco-Lituana.

É um testamento dos momentos em que a dignidade dos Bispos de Cracóvia eram relevantes tais como as personas de: Wojciech Jastrzebiec (1412-1423) - Arcebispo de Gniezno depois, Primaz da Polônia e da Lituânia; Zbigniew Oleśnicki (1423-1455) - o primeiro cardeal polaco; James de Sienna (1461-1463) - Arcebispo de Gniezno depois, primaz da Polônia e Lituânia; de Frederick Jagiello (1488-1503) - Cardeal, e desde 1493 arcebispo de Gniezno, ao mesmo tempo, primaz da Polônia e da Lituânia; Piotr Gamrat (1538-1545) - a partir de 1541 arcebispo de Gniezno, e ao mesmo tempo, o primaz da Polônia e da Lituânia; Andrzej Zebrzydowski (1551-1560); Jerzy Radziwill (1591-1600) - Cardeal; Bernard Maciejowski (1600-1605) - Arcebispo de Gniezno e depois, primaz da Lituânia, Cardeal; Jan Albert Vasa (1632-1634) - Cardeal; Kajetan Sołtyk (1759-1788).

Transcrições
Neste contexto, a Episcopalia Officialia de Cracóvia é um arquivo com textos originais, fundamentais para a compreensão da história da aristocracia polaca. Ele consiste em uma completa coleção de "rascunhos" (notas) e "czystopisy" (textos prescritos e "suavizados" pelo Secretário) de livros em impressões únicas. Pesquisadores e historiadores podem comparar duas formas de apresentar fatos históricos, observando-se um evento específico conforme a criação de um cronista, um secretário, ou um escriba. Nestes manuscritos estão também os comentários pessoais originais com testemunhos, emoções de funcionários episcopais, como por exemplo do Secretário do texto, que interrompe de repente uma das crônicas com a frase: ".. Não vou continuar a escrever, porque não me pagaram".


P.S. Incunábulo é um livro impresso nos primeiros tempos da imprensa com tipos móveis. A popularização da imprensa começa a ser mais conhecida em 1450, com Gutenberg. Refere-se às obras impressas entre 1455, data aproximada da publicação da Bíblia de Gutenberg, até 1500. Essas obras imitavam os manuscritos. Assim, demorou-se 50 anos para que o livro impresso passasse a ter suas próprias características, abandonando, paulatinamente, as características do livro manuscrito. A sua origem vem da expressão latina "in cuna" (no berço), referindo-se assim ao berço da tipografia.