quarta-feira, 28 de maio de 2008

Sarkozi sonha com uma Polônia forte

Foto: Forum
O presidente francês Nicolas Sarkozi, que faz hoje visita oficial de chefe de Estado a Polônia concedeu entrevista ao jornal Dziennik Polski, antes do embarque. Sarkozi disse sonhar com uma Polônia forte na União Européia. "Importante é que tendo a Polônia encontrado seu lugar, o qual a ela corresponde, sua missão será de fortalecimento dela e da União Européia. Vemos a Polônia, desde nosso país, como um importante parceiro. França e Polônia deverão trabalhar juntas na defesa de quatro critérios. Estou certo de que esta parceria polaca-francesa é importante também nas relações euroatlânticas". Parabenizou a Polônia pelas ações no Chade e no Afeganistão e pensa que está reservado a Polônia um lugar de liderança na UE e por isso quer assinar hoje em Varsóvia com o presidente Lech Kaczyński acordos estratégicos para ambos os países e ficar sempre muito próximo dos polacos.
Outra ação de Sarkozi é a abertura do mercado de trabalho francês aos polacos, situação sobre a qual Irlanda e Inglaterra se mostram bastante satisfeitas de terem feito. Assim tanto aquele famoso encanador polaco dos "out-door" terá emprego regular, assim como profissionais de outras 17 atividades funcionais.

Roger estréia na seleção polaca

Foto: AG
Roger Guerreiro, o brasileiro de passaporte polaco, finalmente estreou com a camisa branco vermelha da Polônia. Foi na vitória da Polônia sobre a Albânia por 1 X 0, no Stadion Kreuzeiche de Reutlingen, na Alemanha, onde a seleção se encontra concentrada. O gol foi do centroavante Żurawski aos 3 min do primeiro tempo. Roger jogou apenas 45 min sendo substituído pelo ídolo do momento Euzebiusz Smolarek. Segundo a imprensa polaca, Roger não foi mal. Chutou até a gol. Foi ele que fez boa jogada no gol da Polônia, atrapalhando a defensiva albanesa. Andou até fazendo um gol aos 40 min. mas anulado pelo juiz alemão Knut Kircher. Quem levou a pior foi Łobodziński que se contundiu e pode ficar de fora da lista dos que vão a Euro2008. O último jogo da seleção polaca, antes de embarcar para a Áustria, será domingo contra a Dinamarca no mesmo estádio alemão.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Tarnowski - o último mazuriano


A família Tarnowski, no Brasil, é uma das tantas que embora possuindo sobrenome aristocrático, faz parte daquela imensa maioria que descende de imigrantes camponeses da Polônia. Com exceção de alguns sobrenomes mais famosos como Czartoryski (família da esposa do último rei da Polônia, August Poniatowski) poucos são os que foram motivo de um livro. Os Tarnowski do Brasil podem ter acesso nas versões em inglês e polaco de um livro que ao traçar a história particular de um membro deste clã familiar polaco fornece muitas informações.
Este livro “Último Mazuriano” foi lançado recentemente na Polônia, pela editora Wydawnictwo W.A.B. A obra é de autoria do jornalista Andrew Tarnowski, nascido em 1940, em Genebra, mas cidadão britânico. O livro foi lançado originalmente em língua inglesa, em 2006, pela Aurum Press, na Inglaterra.
“O Último Mazuriano: Um Conto de Guerra, Paixão e Perda” oferece um retrato de uma família aristocrata pertencente a um dos clãs mais antigos da Polônia. Embora o título evoque romance, não é nada cor-de-rosa. Longe disto. Fora alguns esboços nevados de uma floresta e de uma passagem divertida sobre um javali selvagem, a franqueza do livro é tal aquela que se possa imaginar de um autor, que antes de mais nada é um jornalista e para quem o compromisso com a verdade vai além das relações familiares. A maior parte do livro é drama em sua mais alta voltagem. O autor parte da história de vida de seu pai, Stanisław Tarnowski, nascido em 1918, na Polônia. Era um homem quando jovem muito enérgico e indomável, tendo sido distinguido com medalhas de honra. Como tantos de sua geração lutou contra os alemães nazistas. Mas em sua vida pessoal passou por situações onde seu temperamento se exacerbou. Vivendo o pós-guerra na Grã-Bretanha foi esquecido pelo Governo Polaco no Exílio. Herói de guerra teve que lavar louça e passar dias de obscuridade e penúria. Stanisław Tarnowski, voltou à Polônia em 1957 para visitar. O livro traça um perfil bastante agudo da Polônia no século 20 com o reaparecimento do Estado Polaco no mapa da Europa, a destruição da Segunda Guerra e o difícil período comunista. A natureza nua e crua dos relatos de Andrew está envolvida por uma fascinante perspicácia.

Soldados alemães derrubam a cancela na fronteira polaca em setembro de 1939

Os pais de Andrew figuram entre aqueles que em 1939 lutara, contra as invasões nazista e soviética na Polônia. Stanisław Tarnowski com a esposa conseguiram escapar pelas montanhas da Suíça depois da rendição da França. Três anos depois, já com o filho Andrew, foram para a Inglaterra como refugiados, após de perambularem durante a guerra por Belgrado, Istambul, Palestina e Egito. Naquele país africano, moraram em uma vila emprestada a eles por um tio do Rei Farouk. A ida para a Inglaterra foi para que Stanisław treinasse no comando de pára-quedistas da Forças Armadas Polacas no exílio.
Andrew, depois de se graduar em História na Universidade de Oxford e ter trabalhado por breve período como contador, acabou jornalista da Agência de Notícias Reuters por 29 anos. Foi correspondente da agência noticiosa na Polônia, Espanha, Itália, Cuba, Estados Unidos, Argentina, Índia e Líbano. Na Polônia, foi correspondente da Reuters entre 1988 a 1992, quando teve oportunidade de entrevistar as principais personagens daquele período de mudanças na Polônia, como Lech Wałęsa, Jacek Kuron, Adam Michnik, Jerzy Urban e Aleksander Kwaśniewski.
O “Último Mazuriano” é o primeiro livro dele. Uma obra, onde Andrew Tarnowski se volta para o mundo antes da guerra para falar da aristocracia polaca e das origens da sua família. Ele diz que começou as pesquisas para escrever o livro em 1991, quando procurava saber sobre as origens do seu sobrenome aristocrático. Em entrevista para o site polishcultura da Inglaterra, Andrew disse que “após ter visitado a propriedade que foi de meu avô Hieronim antes da segunda guerra mundial e ter falado com um ex-empregado dele, viajei para o Canadá, os Estados Unidos e o Reino Unido para entrevistar familiares espalhados pelo mundo. Embora tendo crescido na Inglaterra e na Escócia como um menino britânico, eu sempre quis saber da minha família e da minha herança polaca, e estando na Polônia tive a inspiração para começar a descobrir sobre a família e o país de onde eu vim”.
O livro provocou a ira da Tarnowski Family Association, sediada em, 16 Glebe Road, Homsey – London N8 7DB, Tel: +43 208 340 9785, na Inglaterra, que o expulsou da organização e o processou na justiça. Dos 8 membros da associação, segundo Andrew, apenas 4 haviam lido seu livro. Para estes membros, o livro é injurioso e consideram que humilha vários membros da família. A Associação por sua vez cuida para que a imagem Tarnowski seja preservada e costuma fazer reuniões rotativas ao redor do mundo. A próxima será de 15 a 18 de agosto, no Hotel Konstancja, em Konstancin – Jeziorna, próximo a Varsóvia. Maiores informações podem ser obtidas com Paul Tarnowski pelo email, zrtarnows@hotmail.com , ou reservas diretamente com o hotel no nr. + 48 22 754 4500. Além do site http://www.rodtarnowski.com

A família Tarnowski teve início com Spytek, senhor feudal de Melsztyn e dono do castelo de Biecz. Filho de Jan de Melsztyn e Elizabeth Lackovic nasceu em 1398 e faleceu em 1439. Casado com Beatricza Szamotulska, foi quem deu a seus filhos Jan, Dorota e Spytek, o sobrenome de Tarnowski. Pois Spytek tinha fundado a cidade de Tarnów, em 1330, e construiu dois grandes castelos, um ali e outro em Melsztyn. Dois dos maiores atos de Spytek foi interromper a coroação do rei Władysław III e trabalhar pela coroação de Jadwiga, sobrinha do Rei Casimiro - o Grande (o último da dinastia Piast), a então princesa do Reino da Hungria e o conseqüente casamento desta com o duque Jagiello da Lituânia. Jadwiga (em português Edwirges) foi coroada Rei e não rainha (este título era privativo da esposa de um rei). Jadwiga foi a fundadora da Universidade Jagielloński de Cracóvia e proclamada Santa Edwirges da Polônia pelo Papa João Paulo II, em 1997. Ela é padroeira da Polônia e da União Européia, pois com seu casamento deu origem a união pessoal da maior nação da idade média, o Grande Reino Polônia-Lituânia e a segunda dinastia da história do reino da Polônia, a Jagiellońska

Spytek também deu suporte financeiro para a expedição militar do rei Segismund Korybut contra o Reino da Boêmia nos anos de 1422 a 1427. Foi ele que em 1429, organizou a Confederação de Korczyn contra Zbigniew Olełnicki, bispo de Cracóvia, sendo derrotado pelas tropas do rei, acabou morrendo na Batalha de Grotniki. Seu bisneto Jan Tarnowski foi designado Marechal da Rutênia (atualmente Ucrânia) e governante do Castelo Real de Wawel. E o neto de Jan, chamado Jan Amor Tarnowski fundou a cidade de Tarnopol (hoje na Ucrânia) em 1540.

P.S. Este "post" foi uma homenagem pessoal aos meus amigos, os irmãos Júlio e Rogério Tarnowski de Curitiba.


Polônia empata com Macedônia

Foto: Michaela Rehle/REUTERS

A seleção polaca de Futebol, do treinador holandês Leo Beenhakker empatou nesta segunda-feira, em 1 X 1 com a seleção da Macedônia. O gol, de penalti, foi marcado por Matusiak aos 39 min. do segundo tempo. A Polônia jogou com uma equipe considerada reserva, o que dá a entender que o "cidadão polaco" Roger Guerreiro é titular, pois não deu as caras no gramado. O jogo foi no Stadion Kreuzeiche, em Reutlingen, na Alemanha e faz parte da série de amistosos antes da estréia na EuroCopa 2008, que acontece agora em junho na Áustria-Suíça. A Macedônia saiu na frente com gol de Maznov aos 45 min. do primeiro tempo.
Ficaram de fora Krzynówek, Smolarek, Bąk, Żewłakow, Boruc, Błaszczykowski, Łobodziński, Żurawski e o brasileiro Roger. E segundo a imprensa polaca a equipe jogou sem vontade, sem idéia e sem um esquema tático definido. Embora o fosse um jogo treino e na Alemanha 2.500 polacos entusiasmados compareceram para torcer.

Foto: Thomas Kienzle /AP
A imprensa alemã pede atenção para o brasileiro-polaco Roger. Pelo menos é o que escreveu o jornalista do Bild Super Express, que chega a comparar o paulista com Michael Ballack, "Jogi, atenção com este brasileiro-polaco". Jogi é o apelido do técnico alemão, Joachim Löw. A Alemanha deverá enfrentar a Polônia, na primeira fase da Euro2008.

Professores polacos em greve

Foto: Agencja SE/East News
Bandeiras preta, nacional e do sindicato, além de cartazes. Isto é o que se vê, hoje, em muitas escolas e pré-escolas na Polônia. Porta-voz da ZNP - Associação dos Professores Polacos afirma que 30 mil escolas e 20 mil centros educaionais estão com as aulas canceladas devido a greve geral.
A greve atinge maior percentual de professores paralisados na Voivoda Lubulski com 90% e apenas 45% nas voivodas warmińsko-mazurski e opolska.
Os professores exigem aumento no orçamento da educação, aumento de 50% nos salários até 2010 e aposentadoria após 30 anos de trabalho, independente de idade.
De acordo com a ZNP, um professor com 15 anos de trabalho recebe no máximo 1.800 złotych bruto. Com tanto desconto este valor cai quase pela metade.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Proposto boicote ao festival Eurovisão

Maryla Rodowicza - Foto: Krzysztof Jarosz

Uma das maiores intérpretes da música popular da Polônia propõe um boicote ao Festival Eurovisão encerrado no sábado em Belgrado na Sérvia com a vitória do russo Dima Bilan e a última colocação da representante da Polônia, a estadunidense Isis Gee.
"A Polônia nunca ganha este concurso. Por que? Porque não se escolhe para ele ninguém com válida artisticidade, aquilo é somente um arranjo entre vizinhos". Foi o que afirmou Maryla Rodowicza ao jornal "Fakt", apelando que se boicote o Festival mais importante da televisão Européia.
"Eu retiraria os artistas deste festival", afirma a indignada artista depois da derrota da representante da Polônia, Isis Gee. A cantora polaca está cansada das humilhações que experimentam os artistas polacos nesta competição. "Nós não temos chances, porque este é um festival político. Não tem substância artística, porque todos os países votam em seus vizinhos. Até mesmo a fraca canção espanhola teve a maioria dos pontos da vizinha Andorra" - explicou Rodowicz.
Embora as apresentações dos representantes da Polônia e Grã Bretanha terem sido boas do ponto de vista artístico, elas ficaram na duas últimas posições entre 25 países concorrentes. Só votaram na Polônia, os emigrantes polacos que trabalham na Inglaterra e Irlanda. Em nenhum outro país, a representante conseguiu votos. Por sua vez, a quase totalidade das ex-repúblicas soviéticas participantes no concurso votaram em favor do cantor russo. Não porque ele fosse o melhor, mas porque era o vizinho mais importante.
Maryla não está sozinha em sua opinião, também a cantora Irena Santor está indignada "Eu assisti, e vi o quanto nossa cantora foi prejudicada. Como prova, mostrou no Eurovisão que tem voz boa e musicalidade, o que não impediu a derrota", declarou Irena. "Aquilo conta só o circo. Este nem mesmo o grupo Abba ganharia, como fez anos atrás. Agora o que vale são as cambalhotas e não a música".
Também a crítica espanhola está contra a forma como são escolhidos os ganhadores. Não existe um júri especializado, mas apenas telespectadores que enviam seus votos via SMS ou telefone. "Isto não é um festival de música. San Remo, por exemplo, apesar de seus defeitos é muito mais um festival de música", disse um produtor musical, no debate que se seguiu à transmissão desde Belgrado, na TVE Internacional. Para os debatedores, a prova maior de que o festival é decidido pelos vizinhos é que o representante espanhol no Festival Eurovisão (o ator argentino, Rodolfo Chic Chic, que faz sucesso na Espanha como comediante) recebeu 12 pontos (máxima pontuação por país) da vizinha Andorra e acabou ficando na décima sexta posição. Rodolfo não é cantor e a canção não era música, mas uma pantomima com ritmo de reggaeton.
Mas outra questão que ficou sem resposta, em vista dos votos da Polônia serem apenas da Irlanda e Inglaterra, é quem realmente vota. Seriam telespectadores do próprio país que gostam dos vizinhos, ou imigrantes do país votado? Seja como for o Festival Eurovisão terá como sede ano que vem Moscou em sua edição de número 54. Festival Eurovisão da Canção, criado em 1956, é um concurso anual de canções transmitido pela televisão com participantes de diversos países cuja televisão nacional transmissora é membro do EBU - European Broadcasting Union. O concurso é transmitido pela televisão e pelo rádio e mais recentemente também pela Internet. O nome do concurso deriva da palavra Eurovision que é a primeira palavra da rede de televisões européias: a European Broadcasting Union (EBU). Qualquer membro da EBU pode participar no concurso, mesmo que não seja um país europeu. Isto inclui países africanos e asiáticos tais como Israel, Marrocos, ou Armênia. O Líbano pensou em participar em 2005, mas desistiu, pois não queria transmitir a atuação de Israel.

Carro com seguro mais barato

A principal manchete do jornal Rzeczpospolita desta segunda-feira, 26 de maio de 2008 é Auto taniej ubezpieczę - Asseguro mais barato um carro. E a foto do sorridente piloto de Fórmula 1, o cracoviano Robert Kubica levantando o troféu de segundo colocado no grande Prêmio de Mônaco. Curiosamente, o polaco que chegou na frente de Felipe Massa está apenas dois pontos do brasileiro na classificação geral.
Mas os portais dos principais jornais do Brasil, nesta segunda-feira, mencionam apenas que o polaco chegou em segundo e mais nada. Não se dignam a escrever pelo menos três frases sobre o desempenho de Kubica na prova. Naturalmente que os espaços da imprensa brasileira devam ser para os três brasileiros e para o vencedor. Mas parece haver um deliberado descaso com o piloto mais regular da temporada. Mesmo sem ter vencido ainda um Grande Prêmio, Kubica é o quarto melhor classificado com 32 pontos. Lewis tem 38, Raikkonen 35 e Massa 34. O jornal "O Globo" na seção pilotos escreve que Kubica nasceu em Krakau, quando poderia escrever em português Cracóvia, ou em polaco Kraków. Por que será que está escrito em alemão? Por que copiou do site da BMW?
Kubica (pronuncia-se cubitssa) já tem dois segundos lugares e alguns terceiros. Daqui a pouco ele ganha um Grande Prêmio e aí a imprensa brasileira (atrasadinha) vai fazer a mesma coisa que fez quando Guga Kuerten venceu a primeira vez Roland Garros: surpreender-se!

domingo, 25 de maio de 2008

Os três irmãos eslavos

Lech e a Águia Branca - quadro de Walery Eljasz-Radzikowski

A lenda conta que viveram em priscas eras três irmãos eslavos nas terras banhadas pelo rio Vístula: Lech, Čech e Rus. Esses três aventureiros empreenderam uma longa viagem. Após exaustiva caminhada, resolveram descansar. Foi quando Lech avistou nas proximidades, um ninho com aguiotos brancos. Exclamou, instintivamente: “Isso aí é sinal de que devo estabelecer-me por aqui com a minha família”.
Seus dois irmãos prosseguiram a caminhada. Čech tornou-se pai dos Tchecos; e Rus, o pai dos Rutenos (Russos, Bielorussos e ucranianos).
Lech, porém com a sua comitiva preferiu se fixar, definitivamente, à pequena distância do ninho das águias brancas, fundando a cidade de Gniezno. A palavra Gniezno deriva de gniazdo que quer dizer ninho. Lech escolheu para brasão de sua família a Águia Branca e passou a ser considerado o pai da Nação Polaca.

Na região da Wielkoposki (Grande Polônia), no Parque Rogalin, existem três árvores de mais de 700 anos denominadas justamente Lech, Čech and Rus.

Os eslavos estão distribuídos geograficamente assim:
  • Sul - Sérvios, Croatas, Eslovenos, e Búlgaros
  • Leste - Russos, Bielorussos, Rutenos (atuais Ucranianos)
  • Oeste - Tchecos, Eslovacos, Polacos
Uma lenda semelhante, com os mesmos personagens existe na Croácia, porém com uma pequena mudança em relação aos nomes.

Dez meses de blog

Neste 25 de maio, o blog JAROSINSKI do Brasil está comemorando dez meses de existência contínua e diária. O número de acessos foi aumentando gradativamente. De um início com 20 visitantes em média por dia, alcançou 150 visitantes dia e 200 "pagewiews" (páginas vistas) nas últimas semanas. Com picos de até 500 visitantes num único dia. No total, o blog já recebeu mais de 50 mil visitas e 60 mil páginas vistas, no arquivo.
Nada mal para um blog, que não está ancorado em nenhum portal de grande jornal, revista ou televisão e fala apenas de Polônia, Cracóvia, Sul do Brasil, polacos e polacas.
Tem como norma o uso apenas das palavras polaco, polacos, polaca, polacas, por considerar a palavra "polonês" um galicismo que esconde um preconceito criado pelo mal uso da palavra polaco, por cariocas, na segunda metade do século XIX e início do XX.
O primeiro texto postado neste blog foi o artigo preparado para meu doutorado em história na Universidade de Cracóvia, em 25 de julho de 2007 (ver no arquivo ao lado), que acabou se transformando numa dissertação de mestrado em cultura internacional pela mesma universidade de Cracóvia: "Porque Polaco!".
O uso do termo, pois, é uma forma, como já escreveu o prof. Hugo Mengarelli, no prefácio do livro "Saga dos Polacos - A Polônia e seus emigrantes no Brasil", de homenagem aos primeiros imigrantes. "Ulisses, preocupa-se em recuperar o termo polaco ao invés de polonês, pois que este surge do preconceito com os “polacos”, do preconceito do sofrimento desta gente. Assim como os jovens da aristocracia paranaense usurpavam o corpo de uma polaquinha, também usurpavam a indígena, a negra, a italiana, a ucraniana, etc. [...] O termo “polonês” de alguma maneira surrupia o que de mais sacrificado, doloroso e glorioso este povo encerra. "

Na primeira chancela do blog procurava ligar as minhas origens pelas cidades onde vivo

Entendo que ao evitar a palavra "polonês" acabo perdendo muitos visitantes que no Google buscam apenas as palavras polonês, polonesas. Mas o pior não é isso, o que faz mal mesmo é a pressão, a censura e a intimidação para que eu não use o termo polaco. Os adeptos, por convicção, do termo "polonês" escudam-se no sentido pejorativo (para eles) do termo, justificando que a palavra ofende e que por isso já foi eliminada do dicionário. Resta saber de que dicionário, pois continua a existir no Houaiss, Aurélio e nos existentes de outros 7 países de língua portuguesa, que desconhecem o galicismo "polonês". O patrulhamento destes "convictos" chega ao cúmulo de telefonarem, mandarem emails, cartas, aos jornais e TVs que eventualmente divulgam meu trabalho, para que mudem o termo original polaco para "polonês".
É de se perguntar, quem está discriminando quem. Eu, que não proibo ninguém de usar o termo polonês (como uma variante deste rico idioma português falado no Brasil), ou aqueles que querem a todo custo me silenciar e impor suas vontades? Talvez se não ficassem apenas no "é pejorativo" e procurassem saber a origem deste galicismo, seriam mais abertos, democráticos e não professariam tanto o prefixo "anti-", tal como em, anti-polaco, anti-semita, ou ainda afro-descendente.

sábado, 24 de maio de 2008

Ulica Pietrkowska em Łódż

Foto: Ulisses Iarochinski
Rua central da cidade de Łódż (pronuncia-se uudji), a Ulica Pietrkowska é uma das mais compridas da Europa. Além de edificios pintados com sugestivas obras de arte, esculturas de equilibristas suspensas possui a sua calçada da fama como Hollywood. Durante a segunda guerra mundial, os alemães com sua mania incorrigível de mudar os nomes das cidades polacas a chamavam de Litzmannstadt.
A cidade de 770 mil habitantes é a terceira da Polônia com mais população depois de Varsóvia e Cracóvia. Łódż foi fundada em 1423 e a tradução literal de seu nome em português é barco. A cidade tem também um dos maiores cemitérios judaicos da Europa. Foi e continua a ser um importante centro industrial e comercial textil e de confecções da Polônia. Também em Łódż está a Universidade do Cinema, considerada a melhor do mundo. Onde se formaram os cineastas mais importantes do cinema polaco como Andrzej Wajda, Krzysztof Zanussi, Krzysztof Kieślowski e Roman Polański. Foi também aqui que nasceram duas personalidades mundiais, o pianista Artur Rubinstein, que aliás nasceu nesta mesma rua, a Pietrkowska. E Max Factor Senior, produtor, inventor e criados da empresa Max Factor nasceu aqui em 1877.

Estátua do pianista Rubinstein na Pietrkowska

A outra Rubinstein famosa, a Helena, dos cosméticos também nasceu na Polônia, mas no bairro Kazimierz, em Cracóvia.

Pasolini nas ruas de Łódź

Foto: Ulisses Iarochinski
Poster de espetáculo teatral nas ruas de Łódź (uudji). A peça com direção de Ewa Wycichowska, baseada no texto do italiano Pier Paolo Pasolini, intitulado em polaco "Wygnani" foi estrelada por Marek Kasprzyk, Luiza Łuszcz-Kujawiak, Monika Tomczyk, Marek Targowski.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Ponte jornalística Polônia-Brasil

Placa, em Cracóvia, de Curitiba cidade gêmea a 11.500 km
Foto: Ulisses Iarochinski

O blog JAROSINSKI do Brasil está completando neste domingo dez meses de existência. Sua criação deve muito a um jornalista de Curitiba, Dante Mendonça. Explico: Embora já possuísse o site Saga dos Polacos há dez anos (foi criado em outubro de 2008) e a webradio Zalas há mais de dois anos, não havia de minha parte um trabalho diário da atualidade polaca.
Apesar de conhecer o cartunista e jornalista Dante Mendonça através de sua trajetória profissional na imprensa do Paraná nunca tivemos um contato maior. Certo dia, por indicação de um amigo comum - jornalista Júlio Tarnowski Jr. - recebi um pedido para traduzir expressões para o idioma polaco. Mendonça preparava seu livro "Botecário", um manual de expressões mais usadas nos bares. A obra foi lançada com 19 capítulos, cada um em idioma diferente, um deles com a minha tradução em polaco.
O tempo passou e no dia em que experimentei a mais baixa temperatura em Cracóvia, fiz uma foto de minha barba coberta por uma camada de gelo formada pela respiração (bafo do nariz). O frio estava tão forte que não podia abrir a boca para conversar ao telefone. Embora o céu estivesse azul e o sol brilhasse, tudo estava coberto por um manto branco de neve e a temperatura naquela quarta-feira, 9 horas da manhã, há três fevereiros, estava em 30 graus negativos.
A foto, feita com a câmera do celular, enviei por email para Dante. Este imediatamente repassou para o cartunista Luiz Solda, que além de seus cartuns famosos, fazia (e faz) sucesso com seu blog Solda Cáustico. O cartunista por sua vez, publicou a foto e esta teve grande repercussão.
Quando na seqüência, Júlio Tarnowski Jr. publicou um artigo de minha autoria no jornal Tribuna do Paraná, sobre a conquista do sexto título mundial da seleção de volei brasileira em Katowice, uma vez mais Dante repassou para Solda alguma coisa minha e este o publicou também em seu blog. A repercussão desta vez foi maior ainda, pois um leitor de Solda, repassou meu artigo para o blog de Juca Kfoury do jornal Folha de São Paulo, que também o publicou. No artigo, tentava explicar o porquê de Ricardinho tinha sido desconvocado da seleção de volei que disputaria o Panamericano.
Foi então, que desta parceria incidental com Dante e Luiz Solda, resolvi enfim criar o JAROSINSKI do Brasil. Assim, que os três são em grande parte responsáveis por ter iniciado um trabalho diário sem nenhuma compensação financeira, seja de salário ou publicidade, no espaço cibernético.
A "parceria" com Dante Mendonça rendeu outro importante trabalho. O jornalista, que vinha acalentando planos para uma obra sui-generis na área do humor, ao ler meu livro "Saga dos Polacos" e ter tido conversas com alguns "polacos" de Curitiba como os Jaime - Lerner e Lechinski (entre outros) - decidiu-se por publicar o livro "Banda Polaca - o humor do Brasil Meridional". Mais um vez a "parceria" funcionou. Dante, solicitou-me ajuda na busca de anetodas envolvendo polacos, história da Polônia e da emigração dos polacos para o Brasil, e um prefácio.
Conto isto para dizer que a parceria permanece estreita. Prova disso são as duas colunas que Mendonça publicou no jornal "O Estado do Paraná" esta semana sobre o guarapuavano, que com sua generosidade ajudou na reconstrução do Castelo de Wawel em Cracóvia, e na criação da Colônia Amola Faca, hoje munícipio de Virmond, Władysław Kamiński. Informações que publiquei inicialmente aqui neste blog e que Dante achou muito interessantes. Tanto que procurou mais informações no Paraná e publicou duas colunas a respeito. Colunas estas que reproduzi aqui no JAROSINSKI do Brasil e que Luiz Solda também repercutiu em seu Solda Cáustico.
A repercussão dos meus textos aqui no blog, na coluna do Dante e no blog de Solda tem sido intensa nestes dias. Alguns familiares de Władysław Kamiński têm entrado em contato não só comigo, mas também com Dante. Uma neta de Władysław Kamiński acaba de enviar-me email informando que no mês de junho estará chegando em Cracóvia para pessoalmente ver a placa com o nome de seu avô na muralha do Castelo de Wawel. Seu esposo, por sua, depois destas publicações, entrou em contato com o museu de Wawel e dali já informaram que possuem pelo menos 15 cartas de doadores recebidas do Brasil com contribuição. São mais informações que podem render mais textos aqui e mais colunas de Dante e Solda. No ínicio da semana visitarei a responsável no museu de Wawel para saber mais detalhes. De antemão adianto que outra placa de contribuintes na muralha do Castelo é do jornal LUD, publicação bilíngue (português-polaco) que existiu durante muitas décadas em Curitiba.
De certa forma foi estabelecida uma ponte Brasil-Polônia através desta parceria
Iarochinski-Mendonça-Tarnowski-Solda, que de minha parte espero que continue. Pois a divulgação das coisas polacas que andavam meio esquecidas voltam a se reavivar. Aquilo que não se recorda, não se repete é facilmente esquecido, principalmente pelas novas gerações. Jovens que quando se deparam com algo interessante pensam ter descoberto o ovo de Colombo, não percebem que informação é pratrimônio a ser preservado e repetido.

O polaco da Pedra

Nossa foto da placa do Brasil na muralha do Castelo de Wawel continua repercutindo na imprensa paranaense. O colunista Dante Mendonça foi atrás de maiores informações e publicou mais uma texto sobre Władysław Kamiński de Guarapuava:

Saga de polaco (2)

Dante Mendonça [23/05/2008]

A velha casa de Wladyslaw Kaminski, restaurada, hoje recebe turistas em Guarapuava.


O município de Virmond tem esse nome em homenagem ao médico Guilherme Frederico Virmond, o primeiro pintor a se radicar no Paraná. Surgiu da fazenda Amola Faca, comprada para assentar imigrantes polacos. Os 10 mil réis vieram da generosidade de Władysław Kamiński, o pioneiro de Guarapuva que tem o nome gravado na pedra de Cracóvia.

Na região de Guarapuava, o município de Virmond comemorou neste 17 de maio mais um aniversário de fundação com a inauguração a Casa da Memória, uma réplica de residência pioneira que preserva a história das 70 famílias de descendentes de polacos que formaram a Colônia Amola Faca, cepa do município emancipado em 1990.

Há quem diga que a denominação Amola Faca seria mais pitoresca para uma região agrícola, apesar da origem francesa do nome Virmond. Por certo, registrou no “Diccionário Histórico e Geográfico do Paraná” (1926) o historiador Ermelino de Leão: “A família Virmond, provem do casal de Frederico Guilherme Virmond, natural de Colonia, Allemanha, f. do Dr. João Maurício Virmond, médico, que immigrou para o Brasil em 1818, casando-se com Isabel Maria de Andrade, f. de Manoel Ferreira de Andrade e de sua mulher Edeltrudes de Andrade. A família Virmond é de origem francesa, mas, em virtude das perseguições religiosas devido ao Edito de Nantes, teve que imigrar para a Allemanha. Frederico Guilherme Virmond estabeleceu-se na Lapa, depois de sua permanência no Rio de Janeiro, onde teve uma casa de ferragem”.

Um dos ilustres descendentes dos Virmond é o advogado Eduardo Rocha Virmond, ex-secretário de Cultura no governo de Jaime Lerner, que por certo tem muito a contar sobre o pintor que estudou medicina em Berlim e que comprou a fazenda Amola Faca em 1852, embora residindo na Lapa.

Os 24 mil hectares adquiridos por Frederico Guilherme Virmond (1791 / 1876), foram mais tarde vendidos ao guarapuavano Ernesto Queiroz.

Em 1921, o primeiro cônsul da Polônia no Sul do Brasil formou uma sociedade de colonização para formar uma colônia com famílias de imigrantes polacos espalhados pelo Brasil.

Em 1923, a sociedade colonizadora achou o paraíso na fazenda Amola Faca, de Ernesto Queiroz. 10 mil réis, pediu o guarapuavano pelos 24 mil hectares no Terceiro Planalto paranaense. Naqueles tempos miseráveis, quem teria 10 mil réis para acomodar tantas famílias originárias de Curitiba, São Mateus do Sul, Prudentópolis e do Rio Grande do Sul?

Foi então que entrou na história o generoso homem de Guarapuava: Władysław Kamiński emprestou 10 mil réis à colonizadora e a semente do futuro município de Virmond foi assim lançada nos caminhos dos tropeiros.

Władysław Kamiński nasceu 1868 em Bielystok, Polônia. Chegou a Guarapuava por volta de 1888, onde faleceu em 1947. Foi dono de serraria e do Hotel dos Viajantes (Também conhecido como Hotel Kaminski, que pegou fogo em 1952, quando não mais pertencia à família.)

É o mesmo homem que em 1922 contribuiu com a restauração do Castelo de Wawel, na Cracóvia, e hoje tem o nome gravado na pedra.

Kamiński (segundo o jornalista e historiador Ulisses Iarochinski) tem origem na palavra polaca “kamien”, pedra. A terminação “nski” pode ser traduzida como “ense”, no português). Ou seja: Władysław Kamiński, o homem de pedra.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Ola tem novo emprego

Foto: Cezary Piwowarski

A filha do ex-presidente Aleksander Kwaśniewski, Aleksandra, ou simplesmente Ola depois de tentar a carreira de atriz, participar do programa "Taniec z Gwiadami" (Dança com as estrelas), tentou investir no telejornalismo, mas não deu certo, foram apenas testes no programa jornalístico Dzień Dobry TVN (Bom dia TVN), mas nem por isso ficou desemprega, já arrumou emprego de locutora numa rádio FM. As más linguás dizem que ela consegue estes empregos só porque é filha de quem é... Aliás, filha de peixe, peixinha é... Ainda mais com o mesmo nome.

Ola Kwaśniewska dança no "Taniec z Gwiadami"

Polônia na final EuroVisão

Isis Gee, a representante da Polônia

No próximo sábado acontece em Belgrado, na Sérvia, o 53° Festival EuroVisão, um dos mais tradicionais concursos de música da Europa e talvez o mais importante, pois reúne representantes de quase todos os países da Europa, incluindo Turquia e Israel. E desde 1994, quando Edyta Górniak, ficou em segundo lugar, que a Polônia não chegava com chances a final. A cantora Norte-americana Isis Gee, de 35 anos vai representar a música polaca. Há quatro anos a Polônia não passa das semifinais do concurso e Isis Gee conseguiu a proeza na última terça-feira.
A representante da Polônia, que cantará em inglês, terá pela frente artistas da Grã-Bretanha, França, Espanha, Grécia, Romêmia, Bośnia e Herzegowina, Finlândia, Rússia, Israel, Azerbaijão, Armênia, Noruega, a anfitriã Sérvia e outros. Serão 25, os participantes entre cantores, cantoras e grupos.
Os vencedores são eleitos pelos votos dos telespectadores dos países participantes. Cada país pode votar em qualquer participante de outros países, menos no seu representante. A votação é acompanha ao vivo no intervalo de cada apresentação. De uns anos para cá é permitido o voto também por SMS (mensagem escrita por celular chamada no Brasil de torpedo).
Mas o que acaba acontecendo na maioria das vezes é que polacos morando em outros países votam na representante da Polônia. Nos últimos anos, por exemplo, Portugal tem recebido muitos votos da Suíça, França, Bélgica, Alemanha e Holanda, onde é forte a comunidade portuguesa. Portugal, inclusive já ganhou algumas vezes o concurso, conquista que a Polônia nunca teve.

Isis Gee, na verdade chama-se Tamara Gołębiowska, e nasceu em Seattle, Estados Unidos, em 1972. Começou sua carreira artística aos 5 anos de idade. Compositora e poeta já fez parceria com Tony Bennete, com pianista McCoy Tyner e Steven Dorff. Em 2004, veio morar na Polônia onde se casou com o polaco, Adam Gołębiowski. Em 2007, lançou na Polônia seu CD "Hidden Treasure".

Belgrado, capital de 1,6 milhão de habitantes, está em festa pelo EuroVisão

Dorn: Intelectuais bobos

Foto: Michal Rozbicki

"Não entendo de onde esta histeria e bobeira, que envolveu os intelectuais"
, comentou Ludwik Stanisław Dorn, deputado do PiS - Partido Direito e Justiça (o mesmo do presidente Kaczyński) e ex-vice-primeiro ministro sobre a lista de intelectuais, políticos e artistas em defesa de Lech Wałęsa, desde que foi anunciado que uma pesquisa do Instituto da Memória Nacional escontrou provas de que o ex-presidente da República e lider do Solidariedade foi agente do SB- Serviço Secreto do regime comunista polaco. "É uma tal elite intelectual, que protesta sem que o livro tampouco tenha sido publicado ainda. Isto é Polônia!", exclamou Dorn. Para o deputado da direita polaca, se Wałęsa foi realmente o agente "Bolka" (codinome de espião), ou não isto não muda em nada seu importante papel na derrocada do comunismo na Europa. O balanço que se pode fazer da vida de Wałęsa, no que se refere ao fim do comunismo é positivo.
Dorn criticou a lista que foi aberta para que o mundo político, cultural, mediático e econômico proteste e defenda a honra do Prêmio Nobel da Paz polaco. Porque segundo ele, o resultado das pesquisas, que será a publicação do livro dos historiadores, Sławomir Cenckiewicz e Piotr Gontarczyki, do Instituto da Memória Nacional, ainda nem foi publicado. "Ninguém ainda leu e vai que realmente exista algum documento. E daí? Vão passar por bobos?", repetiu Dorn.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Banda Polaca homenageada na Câmara


O jornalista Dante Mendonça foi homenageado nesta segunda-feira, 19 de maio, com voto de louvor da Câmara Municipal de Curitiba, proposto pela vereadora Julieta Reis. O cronista e chargista Dante ganhou a deferência pelo lançamento do livro "Banda Polaca – Humor do Imigrante no Brasil Meridional".

O livro relata história e estórias, causos e piadas dessa brava gente polaca recolhidas por Mendonça, neotrentino radicado em Curitiba. A Banda é o lado polaco do Sul do Brasil. Também foi uma banda do carnaval curitibano nos anos 70. Essa duplicidade de conceitos inspirou Dante Mendonça, um dos fundadores da carnavalesca Banda Polaca, a escrever o livro. O anticarnaval de Curitiba foi só a desculpa para introduzir o assunto. Vale mesmo, ao longo das páginas bem pesquisadas, o comportamento do polaco. Muitas vezes quieto, pensativo, com um ar que parece ingênuo, o polaco é de verdade mesmo muito esperto, inovador de costumes, com um humor fino e elaboradíssimo. Introduziu nas terras do Sul traços culturais que se incorporaram ao dia-a-dia do restante das populações. Isso se vê na agricultura, na produção doméstica de alimentos, nas receitas, nas danças, na música, nas cores preferenciais, no jeito de fazer a casa e de morar. Especialmente, no humor. Esse toma conta do polaco cientista, intelectual, professor, artista, pesquisador e também do que chegou como colono, cercou a propriedade, introduziu a carroça de toldo, ensinou a cortar madeira no tempo certo para fazer a casa, a fazer a broa de centeio, a azedar o repolho na pipa, a festejar o casamento – ou o batizado - por três dias seguidos. O sotaque em gerúndio, quando nem se sonhava com a internet e a tradução literal do inglês informático, dá sabor especial às conversas e às piadas, aos causos contados com um humor tocante, de rir e de emocionar.


Cracóvia mais bela que Florença

Foto: Ulisses Iarochinski
Cracóvia é melhor cidade na Polônia. Com este título, os jornais da Polônia, no último fim de semana informaram que uma pesquisa de opinião apontou a cidade como aquele em que todo polaco gostaria de morar.
O jornal Rzeczpospolita escreveu assim: "Nem Wrocław, nem Varsóvia, mas Cracóvia é a mais atrativa cidade de nosso país. Assim responderam cada um dos entrevistados na pesquisa de opinião pública. Mas a capital dicou bem situada. Varsóvia ficou na primeira posição segundo a rapidez com que se expande." Quando foi perguntado "Onde gostaríamos de morar" pela enquete do "Instytut GfK Polonia", os resultados apontararam:

- Kraków 12%.
- no campo, fora da cidade 9%.
- Wrocław 7%.
- Varsóvia 6%.
- Gdańsk 6%.
- Aqui, onde moro 6%.
- Poznań 4%.
- Outra cidade 36%.
- não sabe 14%.

Na categoria de maiores investimentos, Varsóvia explode no primeiro posto, mas infelizmente também ocupa o posto de cidade mais aborrecida da Polônia e uma das mais desinteressantes da Europa.
Um outro estudo, este realizado pela Universidade George Washington, ao atualizar uma lista dos locais culturais protegidos pela UNESCO, apontou que Cracóvia é mais bonita que Florença na Itália. Para dezenas de especialistas em turismo, Cracóvia é a primeira entre trinta locais na Polônia que entrou nesta lista. Os especialistas disseram gostar muito de Wawel e sugerem para férias a antiga capital polaca no lugar de Rodos, Budapeste ou nos Grandes Corais das Ilhas Maldivas. No primeiro posto desta lista estão os Fiordy na Noruega e a cidadezinha francesa de Vezelay, onde esta uma das mais belas igrejas européias do século 12, a Sainte Marie-Madeleine, no mosteiro Beneditino. Além disso, os especialistas em turismo apontaram a Polônia como um dos país mais atrativos turisticamente.
A publicação "Puls Bizness" publicou o ranking CBI (Country Brand Index) com os locais mais atrativos do mundo, através de enquetes 2500 turistas de vários países. Pela segunda vez consecutiva a Australia ficou no primeiro posto como país mais interessante para o turista, seguida dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Itália. A Polônia ficou classificada na oitava posição.

E tem mais sobre Guarapuava...

Depois de ter lido a divertida coluna do Dante Mendonça, no jornal "O Estado do Paraná" (via Internet), no último domingo sobre "os machos" de Guarapuava, ocorreu-me que havia algo que ligava Guarapuava com Cracóvia, via e-mail comuniquei isto ao jornalista-cartunista. Ao mesmo tempo que enviava a ele fotos para provar a ligação escrevi um texto sobre o assunto e coloquei aqui no blog. Mas o Dante fez mais,escreveu sua coluna de ontem aproveitando meu texto e adicionando o humor tão necessário. Fez mais o Dante, com a repercussão causada enviou-me mensagens dos familiares do nosso personagem principal, o qual ontem, no texto de Virmond, acrescentei que sem o dinheiro emprestado por ele, não haveria a colônia de Amola Faca e nem o atual munícipio de Virmond. Reproduzo a coluna do Dante Mendonça, tal qual foi publicada no jornal com as mensagens dos familiares do "Seo Ladislau" de Guarapuava:

Pedra de Guarapuava


Dante Mendonça [20/05/2008]


Guarapuava não é apenas uma terra de guapos machos que faz fronteiras com o Pólo Sul e o Pólo Norte. É também o chão de bravos imigrantes alemães e polacos, gente generosa que ainda hoje é lembrada na terra de origem, com o nome gravado na pedra.

Quem visita Cracóvia, na Polônia, encontra gravado num muro histórico à prova de generosidade dos bravos imigrantes, nos revela o jornalista Ulisses Iarochinski, que também fez as fotos acima. Atualmente encerrando o doutorado de História na Universidade de Cracóvia, Ulisses traz uma contribuição para a história dos Campos de Guarapuava que está ao alcance de qualquer turista em visita ao Castelo de Wawel, que foi sede do grande Reino Polônia-Lituânia dos séculos 14 e 15 (e que é nome de um dos primeiros edifícios da Praça Osório, em Curitiba). Com a volta da Polônia ao mapa da Europa em 1918 (escreveu Ulisses), depois de 127 anos de ocupação estrangeira muita coisa teve que ser reconstruída. Uma delas foi o Castelo de Wawel, em Cracóvia, que tinha sido desfigurado pela ocupação austro-húngara. Como o recém - Estado não tinha dinheiro suficiente, foi realizada uma campanha internacional para angariar fundos para a restauração do Castelo e da Catedral de Wawel. Muitos que haviam emigrado e viviam no exterior contribuíram. Do Brasil, apenas um polaco de Guarapuava colaborou e entrou para o muro da história polaca.

Em retribuição à generosidade, os restauradores fixaram na muralha várias placas com os nomes dos contribuintes e (pergunta o jornalista) “adivinha quem tem o seu nome gravado em granito branco, logo no início da rampa que leva o turista ao castelo?”

Wladzyslaw Kaminski Guarapuava Paraná Brazylia -1922

Precursor dos Kaminski nos Campos de Guarapuava, o guarapuavano “Ladislau” abriu mão de suas suadas economias, naqueles tempos miseráveis, e mandou dinheiro para reconstruir o Panteão Nacional da Polônia.

Ulisses Iarochinski acredita que talvez nem os Kaminski de Guarapuava saibam disto.

A respeito da crônica “Guarapuava é assim!” (domingo), João Alberto Twardowski, médico em Guaíra, conta que certa feita um gaúcho rodou os bares de Guarapuava à procura de briga, tal a fama da cidade. Aprontou muitas e saiu desanimado, depois de cruzar com um velhinho sentado no meio-fio, pitando o palheiro:

- Cadê os macho de Guarapuava, os home brabo que tinha por aqui, tchê?

O velhinho só levantou os olhos, deu uma tragada, tirou o cigarrinho da boca e respondeu:

- Os brabo, os macho mesmo, nóis já matemo tudo!

Repercussão familiar:
(Mensagens recebidas via email por Dante Mendonça, autor do Livro, "Banda Polaca - o humor do Brasil Meridional".)

- Prezado Dante,
Ao meu ver meu pai Leonidas, que reside em Guarapuava, seria o mais indicado para citar detalhes da família no contexto de Guarapuava, já que ele mora lá desde nasceu. Inclusive ele está às vesperas de completar 75 anos (30/06/1933). Aproveito para copiar a prima Leonorin que, creio, poderá também ceder mais detalhes. É filha do tio Leomar, irmão do pai, falecido recentemente. Obrigado, e um abraço, Omar.

-Dante,
Apos ler tua materia sobre meu bisavo Wladyslaw Kaminski, gostaria de lhe dizer que os "polacos de Guarapuava" , alguns deles (eu) que moram nos EUA hoje, sabem muito bem sobre o 'tijolinho" no castelo de Wawel e sao extremamente orgulhosos por esse ato de patriotismo
feito por ele. Agradeco pela materia e te desejo tudo de bom. Maressa Kaminski Garcez.

- Caro Dante,
Obrigado pela matéria, serviu de homenagem a muitas pessoas, em especial meu pai Leonidas, o único filho ainda vivo de Wladzyslaw, ou Ladislau, de Guarapuava. Um abraço, Kaminski.



terça-feira, 20 de maio de 2008

Inaugurada Casa da Memória em Virmond

Casa da Memória de Virmond

O munícipio de Virmond, no Sudoeste do Paraná, na microrregião de Guarapuava, distante 345 Km de Curitiba, comemorou neste 17 de maio, mais um aniversário de fundação. E aproveitou para inaugurar a Casa da Memória, que resgata a história das 70 famílias de descendentes de polacos que formaram a Colônia Amola Faca (localidade precursora do município de Virmond).
A casa foi construída na praça central da cidade e é uma réplica da residência de Paulo Palinski um dos pioneiros. O projeto foi uma parceria entre Prefeitura e Braspol e coordenado por Geraldo Zapahowski. Cada uma das famílias homenageadas ganhou um quadro com uma foto antiga e texto explicativo. Ao mesmo tempo foi iniciada uma campanha visando dotar a casa de móveis e utensílios típicos da época da colônia.

O processo que antecedeu a emancipação política de Virmond teve participação de uma associação criada por Nelson Segundo, Joersio Carlos de Vargas, Cláudio Benderowicz, Aldino Milani, Valdecir Milani, Salete de Vargas, Edvino Cherpinski, Antônio Szczerba, Pe. Renato Gotti, Casemiro Dombrovski, Joel de Lima Lentch, Osmar Luíz Palinski e Afonso Timm. Pela Lei n.º 02, de 10 de outubro de 1947, foi criado o Distrito Administrativo de Virmond. Em 17 de maio de 1990, através da Lei Estadual n.º 9.250, foi criado o município, com território desmembrado de Laranjeiras do Sul. A instalação oficial ocorreu no dia 1º de janeiro de 1993.

Embora possua como denominação um sobrenome de origem alemã-francesa, o munícipio é uma forte concentração de famílias de origem polaca. A maioria de sua população descende dos imigrantes polacos da Colônia Amola Faca.

Este núcleo colonizatório foi organizado pelo então cônsul da Polônia, Kazimierz Głuchowski, que em 1920, adquiriu terras no munícipio de Guarapuava. O primeiro cônsul da Polônia, no sul do Brasil, logo ao tomar posse em 1921, formou uma sociedade de colonização junto com Franciszek Łyp e Władysław Radecki. Emprestou então 10 mil réis de Władysław Kamiński e comprou a Fazenda Amola Faca para efeitos de colonização. Para formar a colônia chamou famílias de imigrantes polacos espalhados pelo Brasil, que haviam se desfeito de suas terras por um motivo ou outro. A primeira escola surgiu em 1924 e a primeira igreja em 1928, período em que chegou à localidade o padre Paulo Schnneider, juntamente com irmãs carmelitas.

Władysław Kamiński é a mesma pessoa que, em 1922, contribuiu com a restauração do Castelo de Wawel, em Cracóvia, e que por isso tem seu nome entre as placas dos polacos de todo o mundo que ajudaram na reconstrução do símbolo da nação polaca. Sua placa está colocada logo no início da muralha que dá acessos aos portões de Wawel.

A área adquirida tinha sido a Fazenda Amola Faca, que havia pertencido a Frederico Guilherme Virmond (nascido em 1791 e morto em 1876), prussiano que estudou medicina em Berlim e contribuiu para a construção da Cadeia Velha e da Fundação da Sociedade Harmonia Lapoense da cidade da Lapa. O médico e pintor Virmond comprou a fazenda em 1852, no então município de Guarapuava, embora continuasse a morar na Lapa. O opúsculo escrito por David Carneiro, em 1929, que deu início à sua carreira de historiador foi justamente sobre a figura Frederico Guilherme Virmond. Segundo Carneiro, Virmond foi possivelmente o primeiro pintor a se radicar no Paraná. Mais tarde, a Fazenda Amola Faca de 24 mil hectares foi vendida para o guarapuavano Ernesto Queiroz. Este vendeu, em 1923, 4 mil hectares da fazenda para a Sociedade Colonizadora do Cônsul Głuchowski.

Mapa com as áreas onde a Sociedade do cônsul Głuchowski estaria colonizando

Władysław Radecki era o encarregado das vendas das parcelas de terras às famílias polacas, que eram originárias de Curitiba, São Mateus do Sul (Água Branca), Prudentópolis e do Rio Grande do Sul. O médico J. Czaki foi contratado para atender num ambulatório construído pela sociedade colonizadora. O preço máximo do alqueire era de 70 mil réis.

Mapa da Colônia Amola Faca (atual Virmond) com seus lotes numerados

Estas foram as primeiras pessoas a comprar terra na Colônia de Amola Faca: 1 - Władysław Radecki, 2 - Piotr Walicki, 3 - Józef Jasiński, 4 - Władysław Jasiński, 5 - Walenty Jasiński, 6 - Franciszek Mierzwa, 7 - Walenty Mierzwa, 8 - Józef Warchoł, 9 - Jakób Szichta, 10 -Macin Belinowski, 11 - Józef Telasko, 12 - Józef Grzeszczyszyn, 13 - Józef Wasiak, 14 -Katarzyna Chmielowska, 15 – Dr. J. Czaki, 16 - Walenty Jasiński, 17 - Jan Jasiński, 18 -Szczepan Jagas, 19 - Michał Lisowski, 20 - Adam Wasiak, 21 - Adam Fidryszewski, 22 - Walenty Mierzwa, 23 - Franciszek Wojdyła, 24 - Paweł Leniewicz, 25 - Andrej Fidryszewski, 26 - Franciszek Kochanowski, 27 - Józef Miński, 28 - Sylwester Wojdyła, 29 - Franciszek Karmański, 30 - Władysław Karmański, 31 - K. Kasan, 32 - Aleksander Rabel, 33 - Bernard Gurkowski, 34 - J. Półchołopek, 35 - J. Michałowicz, 36 - Wawrzyniec Michałowicz, 37 - Jan Cirruścinski, 38 - Kazimierz Kochanowski, 39 - Stanisław Dąbrowski, 40 - Aleksander Malinowski, 41 - A. Paliński, 42 - Paweł Paliński, 43 - Michał Radłowski, 44 - J. Rolak, 45 - Stefan Chociaj, 46 - Stanisław Zawadzki, 47 - Michał Zimbros, 48 - Jan Wojciechowski, 49 - Adam Frydrych, 50 - Józef Grad, 51 - Józef Kłaczek, 52 - Klara Rolakowa, 53 - Dr. Arystydes Queiroz, 54 - A. Frydrych, 55 - Paweł Pietrzek, 56 - Jan Pilarski, 57 - Aleksander Radecki, 58 - Henryk Radecki, 59 - Dr. J. Czaki e A. Kawecki, 60 - Celuśniak, 61 - A. Łukasiewicz, 62 - M. Józwiak, 63 - W Buszkiewicz, 64 - Józef Pietrzak e 65 - Marcin Krakowski. (Os números correspondem aos lotes no mapa).

fonte: arquivo particular de Ulisses Iarochinski