segunda-feira, 31 de maio de 2021

Arqueólogos descobrem navios de que iriam atacar a Polônia

Um dos navios naufragados do século 17 encontrados na costa da Suécia (Foto: Jim Hansson/Vrak/SMTM)

Navios de guerra naufragados no século 17 em ilha sueca são identificados

Embarcações afundaram enquanto transportavam tropas para a Polônia em 1677; ao contrário do que arqueólogos acreditavam, elas não faziam parte da famosa esquadra de Vasa.

Arqueólogos do museu de naufrágios sueco Vrak finalmente identificaram dois navios de guerra naufragados no século 17 e encontrados em 2019, perto da ilha de Vaxholm, no sudeste da Suécia.

As embarcações, que afundaram em 1677, são Apollo e Maria, ambas construídas em torno do ano de 1648. Os navios de guerra sucumbiram quando transportavam tropas para a Polônia, antes de uma invasão orquestrada pelo rei da Suécia, Carlos X Gustavo.

Os barcos também participaram de outros dois confrontos históricos: a Batalha de Møn, em 1657; e a Batalha do Som, em 1658. Mas o que mais chama a atenção não são as aventuras bélicas que viveram seus tripulantes, mas sim a misteriosa origem dos veículos náuticos, que antes acreditava-se que pertenciam à famosa esquadra do navio Vasa.

A hipótese foi descartada depois que os pesquisadores analisaram amostras de madeira para fazer a datação. “Os resultados mostram que o carvalho com o qual os navios foram construídos foi derrubado durante o inverno de 1646 ou de 1647. Isso significa que eles deveriam ter sido construídos um ou dois anos depois”, explica Jim Hansson, arqueólogo que liderou o projeto de pesquisa, em comunicado.

Inicialmente, os especialistas pensaram que os dois barcos faziam parte da famosa linha do navio Vasa, devido ao tamanho das madeiras encontradas. “Mas as datas não batiam. Os navios irmãos de Vasa, Äpplet, Kronan e Scepter, foram construídos logo após o naufrágio de Vasa, em 1628”, reforça Hansson.

Por meio de digitalizações, os pesquisadores descobriram ainda que um dos navios recém-identificados tinha 8,7 metros em seu ponto mais largo e comprimento estimado em 35 metros. As medições são um indício de que ele foi realmente arquitetado no século 17, já que tais proporções são típicas do período.

As duas embarcações de guerra descobertas em 2019 na costa da Suécia
foram identificadas como Apollo e Maria, ambas construídas em torno do ano de 1648.
Foto: Vrak Museum of Wrecks

As origens das madeiras também faziam sentido com os relatos históricos: o navio Apollo tinha pedaços que vinham do norte da Alemanha, já Maria apresentava estruturas tipicamente feitas no leste da Suécia. Além disso, acredita-se que os dois barcos foram construídos de forma robusta para suportar peso de artilharia pesada.

“Também sabemos que os navios realmente grandes do mesmo tipo do Vasa foram principalmente ideia do Rei Gustav II Adolf, e essa ideia morreu com ele em 1632”, conta Patrik Höglund, gerente assistente do projeto. “Após sua morte, navios de guerra de médio porte foram construídos em seu lugar”.

Fonte: Revista Galileu

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Vovós lutam pela democracia na Polônia

Quem são as vovós polacas?
Elas conseguirão derrubar o governo do PiS?

Idosas polacas organizam protestos regulares contra erosão da democracia no país, governado por partido ultraconservador.

Até parece pleonasmo ultraconservador, extrema-direita, fascista, nazista e...Justo na Polônia?

"Não sou capaz de ficar tranquila em casa, cada violação dos direitos me dói", diz aposentada.

Clima de fim de expediente em Varsóvia, confusão no sinal de trânsito entre o "Presente de Stalin" (o Palácio da Cultura) e a Estação Central Ferroviária. Transeuntes apressados, a maioria concentrada na telinha do celular, como se quisessem ficar ainda um pouco mais anônimos do que já são, em meio ao cinza-concreto da metrópole.

Justamente por isso, destaca-se em meio à massa um grupo colorido, a maioria de terceira idade e do sexo feminino. Eles portam faixas e agitam bandeiras do arco-íris e da União Europeia. Um alto-falante berra: "Vai ficar maravilhoso, vai ficar normal!".

Essa canção de rock-cult está associada na Polônia ao fim do comunismo soviético, em 1989, porém desde o começo da pandemia de Covid-19 ela voltou a se transformar em símbolo musical de esperança.

Também essas manifestantes têm esperança: de que o país deixe de seguir o curso do partido do governo, o extrema-direita Partido Direito e Justiça (PiS). Elas se denominam "Polskie Babcie" – Vovós Polacas – e querem ser mais do que o clichê da velhinha que prepara pierogi (os tradicionais pastéis cozidos), tricota e dedica seu tempo aos netos.


Estas senhoras ativistas até fazem essas coisas, mas além disso vão às ruas; muitas já protestam regularmente há seis anos. Como símbolo, escolheram a bandeira do arco-íris, em geral associada à comunidade LGBT. A delas traz o enunciado: "Vovós Polacas. A força dos impotentes".

"Raiva é necessária para se agir"
Nesse fim de tarde, as Babcie desfilam pelo centro de Varsóvia. Pedestres as olham céticos, alguns se viram, uma jovem faz sinal de aprovação com o polegar, outra pergunta se pode tirar uma foto junto com as manifestantes.

Em geral, são os mais jovens que mostram aprovação pelo que as senhoras estão fazendo. "Os jovens costumam aplaudir", comenta Krystyna Piotrowska, que dentro de alguns meses fará 70 anos. "Poucos momentos atrás, uma moça veio até mim e agradeceu por nossas atividades. Ela disse que, graças a nós, se sentia segura."

ao fundo o Palácio da Cultura Stanilista

Partindo dos que estão na faixa etária das Vovós, tais reações são antes de mais nada, raras. "É mais fácil virem uns xingamentos que você não ia gostar de ouvir, pode acreditar", conta Piotrowska. Situações desagradáveis são também frequentes, como quando alguém lhes arranca a flâmula das mãos, ou diz que deveriam estar portando uma bandeira polaca Biała-Czerwona (alvirrubra), em vez desta do arco-iris.

Porém isso não é motivo para se deixar intimidar: "O que me impulsiona é a raiva. Ela pode ter uma má fama, mas é necessária para se agir", explica a manifestante, que não só é avó, como também bisavó de três.

De início, as Babusia se reuniam para ocasiões concretas, como dar respaldo aos juízes críticos ao governo. Mas agora protestam todas as semanas, e cada uma se concentra numa causa. Para Anna Łabuś, de 77 anos, por exemplo, é a luta contra "o aniquilamento da Constituição polaca", para outra, trata-se da "imprensa independente e livre", outra ainda está apreensiva com o futuro do sistema de educação.

"Não sou capaz de ficar tranquila em casa, cada violação dos direitos me dói", prossegue Łabuś. "A UE deveria prestar mais atenção para que verbas estão fluindo para a Polônia e impor condições, a fim de que o nosso país volte a ser um Estado de direito."

Democracia, um bem por que é preciso lutar
E quanto às concidadãs e concidadãos que pensam totalmente diferente? "Os 30% que votaram no PiS compensam os seus fracassos com os benefícios sociais que recebem do Estado", aponta Łabuś. "Nenhum deles pensa de onde esse dinheiro vem," completa.


No entanto, além dos simpatizantes e dos opositores do partido nacionalista do governo, há ainda os que estão "no meio". "O pior de tudo são os indiferentes, e infelizmente no momento eles são a maioria", afirma Iwonna Kowalska, presidente das Polskie Babcie. "Eles ainda têm seu celular, seu passaporte, podem viajar. Não estão cientes do que estão tirando deles, passo a passo, e que em breve pode ser tarde demais para frear o processo. Nós tentamos lhes explicar."

A principal luta das Vovós é para que seus netos possam viver numa Polônia democrática. "Eu provavelmente não vou mais estar viva quando a minha neta estiver grande", comenta Kowalska, que conta 67 anos. "Mas para mim é importante ficar na memória dela como alguém que lutou pelos seus direitos. É impensável deixar para a neta um país em que ela só possa fazer pierogi".

A presidente das Vovós cresceu durante o socialismo soviético polaco (1945-89). Na época, muitos de sua idade lutaram contra o sistema e para viver num país democrático e livre. "Em 1989 a gente pensava; 'Agora temos a democracia, e ela vai ficar para sempre", recorda.

Mas aí ficou constatado que a democracia é algo que se pode simplesmente dispersar com um sopro. Quando não se cuida o tempo todo dos valores fundamentais de uma sociedade, pelos quais todo mundo deveria se empenhar, pode acontecer que, de uma hora para a outra, a democracia deixe de existir."

"Nacionalistas também têm avó"
Atualmente as Polskie Babcie são apenas umas poucas dezena. Antes do coronavírus, eram cerca de 30, conta Iwonna Kowalska. Em sua opinião, de um modo geral são muito poucos os que se manifestam na Polônia.

O PiS venceu pela segunda vez consecutiva as eleições parlamentares, em todas as faixas etárias. O partido de Jarosław Kaczyński alcançou em 2019 o auge de popularidade entre os maiores de 60 – a geração das Vovós Polacas – com 55% dos votos.

Esses eleitores mais consequentes do Partido Direito e Justiça parecem ser os mais difíceis de alcançar, também para as Vovós revoltosas. De fato, elas nunca conseguiram convencer um dos cidadãos mais maduros do outro lado da barricada, admite, Iwonna Kowalska. "Eles são empedernidos demais, e nada interessados no que fazemos. Alguns têm problemas de caminhar, mas mesmo assim vêm regularmente aos nossos encontros para nos xingar."

Em contrapartida, o objetivo das avós organizadas "na luta contra o fascismo crescente" não é só protestar, mas também debater. Confrontar olho no olho os nacionalistas em passeata por Varsóvia foi uma ideia que as Polskie Babcie concretizaram. Numa entrevista a um jornal, algumas das ativistas de terceira idade consideraram também convidá-los para um café com bolo: "Afinal, de contas, nacionalistas também têm avó."

Fontes: Deutsche Welle e Gazeta Wyborcza
Texto: Magdalena Gwozdz-Pallokat e outros.

Tradução: Ulisses Iarochinski

segunda-feira, 19 de abril de 2021

População católica pode ser menor na Polônia

Mulheres polacas protestam nas igrejas da Polônia

Ativistas polacos estão apelando à população que pense antes de escolher a religião católica nas respostas ao censo 2021.

A campanha, lançada por um movimento com ligação a vários grupos LGBTIQ+ e responsável pelos protestos a favor do aborto na Polônia, pretende acabar com a narrativa de um catolicismo quase universal no país, que tem por base o censo anterior, realizado há dez anos.

Segundo o jornal inglês The Guardian, no censo de 2011, 96% dos cidadãos que responderam disseram ser católicos apostólicos romanos, mas os ativistas acreditam que os números não estão corretos, e defendem que muitas pessoas selecionaram a religião católica de forma automática e que muitos jovens não tiveram a oportunidade de responder, uma vez que os questionários do censo foram preenchidos pelos pais.

“Os censos de há dez anos apresentam uma Polônia muito homogênea e monolítica”, afirmou o líder da campanha, Oskar Żyndol, apontando que “há muitas pessoas na Polônia que não vão à igreja. Até mesmo segundo os dados da própria Igreja, apenas 28% dos polacos vão regularmente à missa”.

Desta vez, os ativistas esperam que seja diferente e que os polacos escolham outras opções na resposta do censo, como “cristão”, “ateu” ou “deísta”. Uma maior diversidade religiosa irá permitir rebater os argumentos do governo de extrema-direita, que tem recorrido aos censos anteriores para justificar uma série de decisões polêmicas, como a interrupção do financiamento de tratamentos de fertilidade ou a proibição quase total do aborto.

“Quando oficialmente só temos um pequeno grupo de não católicos, pode parecer que esse grupo não tem voz e não tem o direito de fazer exigências políticas”, declarou Żyndol, citado pelo The Guardian. “Se mostrarmos que existem mais deste tipo de pessoas, talvez leis e ideias progressistas sejam propostas com mais convicção.”

Fonte: O Observador
Texto: Rita Cipriano

terça-feira, 13 de abril de 2021

Polônia: A partida da última filha da igreja?

No momento em que greves nacionais organizadas por mulheres polacas continuam a ganhar força em todo o país, outro escândalo relacionado à Igreja abalou a Polônia: a exibição do documentário “Dom Stanislau”.

Cardeal Stanisław Dziwisz de Cracóvia e secretário pessoal do Papa João Paulo II

Filme realizado pelos Irmãos Siekielski revelou o papel direto do clero polaco no encobrimento mundial de pedófilos entre padres católicos.

O título se refere ao secretário pessoal do Papa João Paulo II, Cardeal Stanisław Dziwisz e expôs seus obscuros assuntos no que parece ser, entre outros, a aceitação de subornos feitos pelos padres pedófilos para silenciar suas vítimas e para assegurar-lhes posições na igreja. Mais importante ainda, lançou uma sombra sobre o legado do Papa João Paulo II na Polônia e suas repercussões para a psiquê e a política polacas são notáveis.

A Polônia se destaca entre seus vizinhos da Europa Central e Oriental como um país com profundo respeito pela religião. Uma referência à Deus aparece na Constituição polaca de 1997 e a Igreja Católica detém privilégios especiais atribuídos na Concordata de 1993.

Nas últimas décadas, a frequência regular à igreja diminuiu bastante, embora as tradições religiosas católicas continuem sendo observadas: Natal, Páscoa, Todos Santos, ainda fazem parte do calendário anual de celebrações familiares.

Quadro do pintor Z. Kotyłło

O batismo, a primeira comunhão, a confirmação e o casamento na igreja são marcos na vida da maioria dos polacos. E então, aparece o Papa Karol Wojtyła, um dos “Grandes Polacos”, que nas difíceis décadas do século passado tornou a Polônia reconhecida em todo o mundo, juntamente com os vencedores do Prêmio Nobel Czesław Miłosz e Wisława Szymborska, além do cineasta Andrzej Wajda (Oscar pelo conjunto da obra) e políticos dissidentes como Lech Wałęsa ganhador do Nobel da Paz.

A escolha de um polaco para o trono papal, em 1978, trouxe uma esperança renovada e zelo para lutar pelo que era certo. A Igreja Católica polaca permaneceu como uma força moral durante os anos de comunismo e os padres pagaram o preço do ativismo político.

João Paulo II incorporou esse espírito de justiça, humanidade, unidade e, em última análise, santidade. Mesmo com o progresso dos anos 2000 e o aumento da polarização política que dividiu o país em apoiadores do fascista Partido Direito e Justiça (PiS) e seus oponentes mais liberais (centro e esquerda), o Papa, falecido em 2005, manteve-se uma figura unificadora acima de todas as divisões. Ruas e monumentos foram dedicados à sua memória e muitos dos que cresceram durante o tempo de seu papado costumam se referir a si mesmos como “Geração JP2”.

Na verdade, as palavras do Papa e seu alcance aos jovens por meio do encontro conhecido como Dia Mundial da Juventude ressoou junto à muitos dentro e fora das fronteiras do país. Mas agora, a exibição de “Dom Stanislau” soltou ondas de choque pela Polônia. O material revelado é muito mais condenatório para o clero polaco do que o Relatório McCarrick, uma investigação interna da igreja que mostrou um agressor sexual subindo rapidamente para cargos mais altos na hierarquia da igreja nos Estados Unidos.

O documentário dos cineastas Irmãos Siekielski detalha ainda como João Paulo II deve ter tido conhecimento de muitos casos de abuso sexual, mas escolheu acreditar em seu secretário pessoal e nos criminosos que descartaram e minimizaram quaisquer evidências que foram enviadas ao Vaticano ao longo dos anos.

As gravações mostram claramente o Cardeal Dziwisz evitando as perguntas sobre sua falta de ação depois de receber relatos de vítimas de abuso sexual e desculpando-se com pouca memória dos eventos repetidas vezes. No final das contas, ele avisa o jornalista que sua investigação vai causar “um escândalo internacional” e que ele está “preocupado com a Polônia”.

Na verdade, o legado de João Paulo II, que é uma espécie de legado polaco, começa a ser questionado em todo o mundo. Mas, o mais importante, o legado e o papel da igreja começam a ser questionados em casa. Os números de apostasias têm aumentado rapidamente e, embora os números não tenham sido publicados oficialmente pelas autoridades da igreja, 2020 foi considerado o maior já registrado, e o número de participantes na missa de domingo caiu para os níveis mais baixos no último 20 anos.

Mais e mais pais consideram retirar seus filhos das aulas eletivas de religião nas escolas, petições foram lançadas para retirar o nome de João Paulo II das ruas e renovados apelos para encerrar o acordo de concordata foram levantados. Eles também vão de mãos dadas com protestos de mulheres que acusam a Igreja de infringir os direitos democráticos dos cidadãos.

A decisão do PiS no governo e na presidência da República, que mantém laços estreitos com a igreja, culpa a agitação e apela ao “niilismo”, “LGBT” e “Europa”. Seu líder, Jarosław Kaczyński, parabenizou seus seguidores por “defenderem a cruz”, que ele vê como uma defesa da Polônia de tais influências prejudiciais.

No momento em que a transparência é necessária, a maior universidade católica a KUL emitiu um comunicado condenando o documentário e acusando os autores de tentarem acusar falsamente João Paulo II e desmantelar seu legado.

As consequências desse escândalo, somadas aos protestos das mulheres, que destacaram a intromissão da Igreja na política, só aumentou a polarização da cena política. 47% dos seguidores do partido de extrema-direita PiS e do direitista Konfederacja acreditam que a Igreja pode lidar sozinha com o problema da pedofilia, enquanto 92% dos apoiadores do principal partido da oposição discordam veementemente.

Embora a Polônia possa ainda não ter abandonando totalmente seu legado católico, os polacos devem fazer a difícil escolha de reexaminar o mito e avaliar qual legado está sendo criado. E se o mito se mostra cada vez mais em desacordo com a realidade, isso pode significar o fim do partido no poder nas próximas eleições de 2023 e o repensar do lugar da Igreja na sociedade polaca.

Autora: Magdalena Karolak
Tradução para português: Ulisses Iarochinski


OS IRMÃOS SIEKIELSKI
Os irmãos Tomasz e Marek recebendo prêmios

Tomasz e Marek dividem os trabalhos nas reportagens e filmes. Tomasz é o repórter e Marek o produtor. 


Tomasz Siekielski nasceu em 24 de janeiro de 1974 em Bydgoszcz é jornalista de rádio e TV. Autor de documentários, reportagens de TV, escritor. Ao longo dos anos, Sekielski esteve associado às TVN, TVN24, TVP1, TVP Info, Wprost, Nowa TV, Wirtualna Polska e Onet.

Em 2018, Siekielski iniciou seu próprio canal no YouTube. Ele recebeu vários prêmios por seu trabalho, incluindo o Andrzej Woyciechowski (2006, 2019), Grand Press (2006, 2019), Wiktor (2006, 2019), Telekamery (2007, 2008), MediaTory (2010, 2019) e o Polish Eagle Film Award para o melhor documentário (2020).


Marek Siekielski é produtor dos filmes e reportagens do irmão.


Como produtor de TV, ele co-criou o programa Fakty TVN e o Teraz My!. Com seu irmão Tomasz, produziu os programas Teraz Ja, Simply - o programa de Tomasz Sekielski e Teoria da Conspiração. Em 11 de maio de 2019, o documentário que ele produziu, "Just Don't Tell Anyone", que trata do problema do abuso sexual de crianças na Igreja Católica Polaca, teve sua estréia na Internet.

O filme foi amplamente comentado nos meios de comunicação polacos. Poucas horas depois da estréia, declarações a respeito dele foram feitas pelo Primaz da Polônia Wojciech Polak e pelo Arcebispo Stanisław Gądeck.

segunda-feira, 29 de março de 2021

Tesco vai embora da Polônia

"Ao colocar no carrinho o Tesco cuida da tua segurança"

O Tesco vai abandonar o mercado polaco, após a venda dos seus ativos ao Salling Group, proprietário da Netto.
No total, o negócio, anunciado em junho de 2020 e agora aprovado pelo regulador polaco da concorrência, envolve 301 lojas e dois centros de distribuição. Os ativos em questão geraram para a Tesco vendas no valor de 1.600 milhões de euros.

Reforço da posição competitiva
Deste modo, o grupo dinamarquês Netto ganha posição em relação ao Lidl alemão, seu principal concorrente. O Salling Group recebe, todas as semanas, 11 milhões de clientes na Alemanha, Polônia e Dinamarca.

Com 50 mil colaboradores, as suas vendas anuais rondam os 8.186,85 milhões de euros. Para além do forte crescimento das vendas online, a Polônia é um mercado estratégico para o crescimento do grupo dinamarquês este ano.

De acordo com Per Bank, presidente do grupo, o objetivo é duplicar o negócio neste mercado, nos próximos 18 meses, permitindo-lhe converter-se num importante operador num dos maiores mercados da Europa.

O negócio permite à Netto ocupar as 700 lojas do Tesco na Polônia. Todos os pontos de venda comprados à Tesco serão transformados segundo o conceito Netto 3.0.

Tesco reduz pegada internacional
Com a venda do seu negócio na Polônia, o Tesco vê reduzida a sua presença internacional à Eslováquia, Hungria, República Checa e Irlanda. Recorde-se que, em 2020, foram vendidos os negócios na Malásia e na Tailândia.

Tesco é uma multinacional varejista britânica, de pequenas lojas a hipermercados, sediada na Inglaterra. Foi fundada por um filho de imigrantes polacos.

Jack Cohen, filho de imigrantes polacos de origem judaica da Polônia, fundou a Tesco em 1919 quando começou a vender mantimentos de guerra em uma barraca no Well Street Market, Hackney, no East End de Londres.

A marca Tesco apareceu pela primeira vez em 1924. O nome surgiu depois que Cohen comprou um carregamento de chá de Thomas Edward Stockwell. Ele fez novas etiquetas usando as iniciais do nome do fornecedor (TES) e as duas primeiras letras de seu sobrenome (CO), formando a palavra TESCO.

Depois de experimentar sua primeira barraca de mercado interna permanente em Tooting em novembro de 1930, Jack Cohen abriu a primeira loja Tesco, em setembro de 1931, em 54 Watling Street, Burnt Oak, Edgware, Middlesex.

O Tesco foi lançada na Bolsa de Valores de Londres, em 1947, como Tesco Stores (Holdings) Limited. 

A primeira loja de autoatendimento foi inaugurada em St Albans, em 1956, (que permaneceu operacional até 2010, antes de se mudar para instalações maiores na mesma rua, com um período como Tesco Metro), e o primeiro supermercado em Maldon, em 1956.

Em 1961, a Tesco Leicester fez uma aparição no Guinness Book of Records como a maior loja da Europa.

Fontes: Revista Grande Consumo e Tesco.

quinta-feira, 11 de março de 2021

Polônia e Bielorrúsia expulsam cônsules de ambos países


A Bielorrúsia anunciou nesta terça-feira (9) a expulsão de um cônsul polaco e protestou "fortemente" por sua participação em uma manifestação que homenageou os soldados polacos que na Segunda Guerra Mundial lutaram contra a ocupação alemã e soviética.

"Transformar criminosos de guerra em heróis é totalmente inaceitável", declarou a diplomacia bielorrussa em um comunicado.

O texto, explica sua decisão de expulsar o cônsul polaco em Brest (sudoeste), Jerzy Timofejuk.

Na Polônia, o Dia dos "Soldados Amaldiçoados" é comemorado todo dia 1º de março desde 2011.

De acordo com o comunicado da diplomacia bielorrussa, uma manifestação "informal" dedicada a este dia e organizada por organizações relacionadas com a Polônia aconteceu em Brest, uma cidade situada na fronteira com a Polônia, no dia 28 de fevereiro com a participação de Timofejuk.

Na terça-feira, o encarregado de relações exteriores polaco, no país, foi convocado ao Ministério das Relações Exteriores, que "protestou fortemente" contra a participação de Timofejuk nesta reunião.

"No nosso país, o incitamento ao ódio racial, nacional, religioso (...) e a reabilitação do nazismo é um crime", ressalta o comunicado.

Segundo o lado bielorrusso, ao participar neste evento, o cônsul polaco violou gravemente o direito internacional, em particular a Convenção de Viena sobre Relações Consulares.

A Polônia foi presenteada com uma nota em que o cônsul Jerzy Timofejuk foi convidado a deixar o território da Bielorrússia.

O Batalhão dos Soldados Amaldiçoados atuaram de 1944 a 1956

Anteriormente, o Ministério das Relações Exteriores da Bielorrússia condenou repetidamente as marchas para homenagear os soldados amaldiçoados organizados em Hajnówka. O lado bielorrusso menciona nesta ocasião a figura de Romuald Rays "Bury".

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Bielorrússia, 75 anos atrás, os "soldados amaldiçoados" liderados por Rajs invadiram vilas habitadas por bielorrussos e lituanos. Centenas de pessoas foram mortas ou mutiladas e várias aldeias foram incendiadas e seus habitantes queimados, disse o ministério.

RESPOSTA POLACA

Consulado Bielorruso em Varsóvia

O governo polaco, um dia depois, anunciou na quarta-feira (10) a expulsão de um diplomata bielorrusso, em retaliação a uma medida semelhante anunciada no dia anterior por Minsk, após uma homenagem a uma unidade polaca da Segunda Guerra Mundial.

A Bielorrússia tinha, no dia anterior, considerado o cônsul polaco, em Brest, "persona non grata" por participar de homenagem aos "soldados amaldiçoados" polacos que lutaram contra a ocupação alemã e soviética.

"Em reação às medidas hostis e infundadas das autoridades bielorrussas, a Polônia reconheceu como persona non grata, um diplomata da embaixada do país vizinho, em Varsóvia"
, tuitou o vice-ministro das Relações Exteriores da Polônia, Marcin Przydacz, sem maiores detalhes.

Os "soldados amaldiçoados", batalhões de resistência formados para lutar contra os ocupantes alemães na Segunda Guerra Mundial, também lutaram contra a ocupação soviética. Os "soldados amaldiçoados" ou "soldados condenados" (Żołnierze Wyklęci) é o nome dado a membros de organizações clandestinas anti-soviéticas e anticomunistas formadas na Polônia no final da Segunda Guerra Mundial.

Eles continuaram suas operações durante a década de 1950 e, notadamente, cometeram crimes contra civis. Uma de suas principais figuras foi Romuald Rajs, um criminoso de guerra responsável por assassinato em massa por motivos de nacionalidade e religião. 

Romuald Rajs

Se lutar contra duas ditaduras é ser terrorista, então o significado de herói não existe. O governo bielorrusso perdeu uma grande oportunidade de ficar de boca fechada.

  Fontes: TVP e  AFP - Agência France Press

segunda-feira, 8 de março de 2021

Igreja Católica diminui na Polônia

Santuário de Jasna Góra (Montes Claros) na cidade de Częstochowa, na Polônia

A Agência Católica de Informação - KAI forneceu os dados de 2021 sobre a situação da Igreja na Polônia. Também traz dados sobre os efeitos da pandemia de Covid-19 e as iniciativas do mundo católico.

A Agência Católica de Informação polaca (KAI) divulgou na sexta-feira, 5/03, o “Relatório 2021 sobre a situação da Igreja na Polônia”.

Segundo o relatório, diminuíram os jovens que atuam na Igreja local. Em cerca de 30 anos, sua participação caiu para a metade. No país, os jovens praticantes são cerca de 30%, os menos praticantes são pouco mais de 20% e os não praticantes 18,5%. Por outro lado, mais de 50% dos estudantes acham que a Igreja não tem autoridade.

Na Polônia, segundo o relatório da KAI, os que se consideram católicos representam 90% da população, enquanto quase 10% são ortodoxos e os restantes dizem não pertencer a nenhuma religião.

Em 2019, 32.461.000 fiéis informaram pertencer à Igreja Católica, distribuídos em mais de 10 mil paróquias: uma taxa de religiosidade entre as mais altas da Europa, pois quase 37% dos católicos vão à Missa aos domingos. No entanto, diminui o número dos que aceitam os ensinamentos da Igreja sobre questões morais, sobretudo no âmbito da ética sexual.

A pandemia Covid-19, segundo um comunicado do setor de Comunicações Estrangeiras da Conferência Episcopal da Polônia, contribuiu para uma diminuição das práticas religiosas comunitárias e os contatos com a paróquia; mas, levou a aumentar os vínculos familiares e religiosos, a busca do transcendente e de respostas para as necessidades espirituais.

Quanto às estruturas da Igreja Católica, na Polônia existem 1050 Santuários, dos quais 793 marianos: o mais importante continua sendo o de Jasna Góra (Montes Claros), que registrou mais de 4 milhões de peregrinos em 2019; o Santuário da Divina Misericórdia, ligado às aparições de Jesus a Santa Faustina Kowalska, registra anualmente cerca de 2 milhões de peregrinos, provenientes de 90 países.

Quanto ao clero, no país os cardeais são 2, os arcebispos 29, os bispos 123, dos quais 4 de rito bizantino-ucraniano, os sacerdotes 33.600, dos quais 24.700 diocesanos e 8.900 religiosos, e cerca de 1.200 os consagrados de 59 Congregações, inclusive os Institutos de Vida contemplativa.

Por outro lado, mais de 2,5 milhões de fiéis leigos prestam serviço em paróquias ou comunidades eclesiais. Em 2020, os seminaristas eram 2.556 e 55%, por ano, os que deixaram o sacerdócio. No âmbito ecumênico, a Igreja católica local conta com órgãos intereclesiais e comissões bilaterais de diálogo com as Igrejas Ortodoxa, Luterana e Adventista.

A Conferência Episcopal Polaca adotou diretrizes e aplicou as normas do “Motu Proprio” do Papa Francisco, para a defesa dos abusos contra menores. Em 2019, a Conferência Episcopal nomeou um delegado para a defesa de menores e instituiu uma Fundação para a proteção dos menores e prevenção das vítimas de abusos.

Na Polônia, a Igreja conta com órgãos, como a Caritas diocesana, Associações e organizações; oferece educação católica em escolas e universidades, inclusive de Teologia, nas principais cidades. Ainda no campo cultural, a Igreja local mantém, aproximadamente, 13 mil igrejas e cerca de 100 museus diocesanos, religiosos e paroquiais.

No que se refere à mídia católica, o setor que mais cresce é o dos portais católicos na Internet. Mas, um papel importante, em nível nacional, é desempenhado pela Agência Católica de Informação (KAI), da Conferência Episcopal da Polônia, e pela Fundação Opoka, portal a serviço da Igreja Católica para a criação de sistemas de intercâmbio de informação.

Fonte: Vatican News Service - TC

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Arcebispos salvaram polacos-judeus no Holocausto

Nas últimas semanas a Polônia viveu sob os holofotes do julgamento de dois historiadores num Tribunal de Justiça de Varsóvia. A questão é polêmica. Com quem está a verdade? Com as autoridades executivas, judiciais ou acadêmicas? As controvérsias são inúmeras.

Um artigo, escrito por Paweł Rytel-Andrianik das Universidades de Oxford e da Pontifícia Universidade da Santa Cruz de Roma e publicado preliminarmente em idioma polaco na revista "wSieci Historii", nas páginas 21 e 23 da edição de abril de 2014, e baseado em artigos, dissertacões e teses de KLICH, A .“Teodor Kubina: Czerwony biskup od Żydów,” passim (O Bispo Vermelho dos Judeus", passim); M. Paul, Wartime Rescue of Jews by the Polish Catholic Clergy (Resgate de Judeus em Tempo de Guerra pelo Clero Católico Polaco), p. 155; STOPNIAK, F. Katolickie duchowieństwo w Polsce i Żydzi w okresie niemieckiej okupacji (clero católico na Polônia e judeus durante a ocupação alemã), p. 25; WALTER, J. Dzieło miłosierdzia chrześcijańskiego (Trabalho de misericórdia cristã), p. 14; e RYTEL-ANDRIANIK, P.“Księża dla Żydów – wyniki badań (Padres para judeus - resultados de pesquisa),” p.27, demonstra que aqueles polacos católicos que ajudaram seus compatriotas de origem judaica foram muito mais expressivos e em maior número que aqueles que vencidos pelo medo da tortura, da morte e do extermínio colaboraram não só com os alemães, mas também com os russos e rutenos (ucranianos) do Exército Vermelho de Józef Stalin.

Este é o artigo de Paweł Rytel-Andrianik:

BISPOS SALVAM O POVO JUDEU NA POLÔNIA

Onze bispos diocesanos, que permaneceram em suas dioceses na Polônia, durante o Holocausto,  ajudaram os polacos de origem judaica. Isto é fato!

As ações de mais dois bispos ainda está sendo pesquisada. Além disso, um bispo diocesano, que havia emigrado para a Inglaterra, condenou os crimes nazistas contra a população de origem judaica na Polônia ocupada, em entrevista em uma rádio de Londres tão logo chegou fugido a Inglaterra.

Em 1939,  havia vinte e uma dioceses católicas romanas, na Polônia. Oito ficaram sem seus bispos diocesanos. Eles foram assassinados, exilados ou presos. O da diocese de Płock foi morto. Foram exilados os das dioceses de Gniezno, Poznań e Włocławek. Foram presos os das dioceses de Lublin e Łódź. Foi expulso o da diocese Katowice. Foi forçado a deixar sua diocese o bispo de Pińsk.

Treze bispos diocesanos estiveram efetivamente envolvidos na ajuda à população polaca de origem judaica, o que na Polônia, naqueles dias, foi realizado sob pena de morte. A atividade de dois bispos ainda estava sendo documentada, até a publicação deste artigo. Deve-se sublinhar o bispo diocesano, que já no exterior condenou os crimes nazistas contra o povo judeu na Polônia.

Uma versão preliminar deste artigo apareceu em wSieci Historii, 4/2014, 21-23 (em idioma polaco). Agradecimentos a Artur Rytel-Andrianik e Katarzyna Bruszewska por sua ajuda bibliográfica. A. Klich, "Teodor Kubina: O Bispo Vermelho dos Judeus", passim; M. Paul, Resgate de Judeus em Tempo de Guerra pelo Clero Católico Polaco, p. 155; F. Stopniak, clero católico na Polônia e judeus durante a ocupação alemã, p. 25; J. Walter, The Work of Christian Mercy, p. 14; P. Rytel-Andrianik, "Priests for Judeus - research results," p. 27.


Diocese de Czestochowa
Bispo Teodor Kubina
Ao chegar a Częstochowa em 1925, Kubina se tornou amigo de o rabino local Nachum Asz. Durante a guerra, ele encorajou os padres a emitir certidões de nascimento católicas falsas para judeus e encontrar abrigo para eles.

Sob a orientação do Bispo, o envolvimento dos padres e leigos neste esforço foi bastante eficaz. Os polacos que frequentavam as sinagogas na cidade foram escondidos nos conventos das Irmãs Albertinas, Irmãs Madalena, Irmãs de Nazaré, Oblação Irmãs do Sagrado Coração de Jesus, Irmãs da Reparação do Santo Rosto, Irmãs Bom Pastor, Irmãs Servas de Maria Imaculada (starowiejskie), Ursulinas da União Romana, Irmãs da Ressurreição e outros conventos.

Da mesma forma, a Ordem dos Paulinos de São Paulo e os Salesianos de Dom Bosco abrigaram aquelas pessoas de origem  judaica. A neta do Rabino Asz, Elizabeth Zielińska-Mundlak, foi escondida em um dos jardins de infância do convento.


Diocese de Kielce
Bispo Czesław Kaczmarek
Como os outros bispos, ele incentivou a ajuda aos polacos de origem judaica de todas as maneiras possíveis. De acordo com numerosas fontes, os judeus foram escondidos em Kielce nos mosteiros das Irmãs Albertinas, Filhas de Maria Imaculada, Irmãs Dominicanas, Irmãs de Nazaré, Irmãs Passionistas e Irmãs da Caridade. Padres e diocesanos de Kielce também estiveram envolvidos nesta ajuda.


STOPNIAK, F. “Katolickie duchowieństwo w Polsce i Żydzi w okresie niemieckiej okupacji,” p. 25; PAUL, M. Wartime Rescue of Jews by the Polish Catholic Clergy, 186-187; WALTER, J. Dzieło miłosierdzia chrześcijańskiego, p.14.








Arquidiocese de Cracóvia
Arcebispo Adam Sapieha
Há uma lista de padres que o arcebispo Sapieha permitiu que emitissem certidões de nascimento católicas falsas para aqueles polacos de origem judaica, ou os batizassem se eles assim desejassem. Como resultado, muitas pessoas poderiam obter novos documentos de identidade (por exemplo, a família Kleinmann com seus onze membros).

Em uma carta de 28 de fevereiro de 1942, Sapieha escreveu ao Papa Pio XII sobre os Campos de concentração e extermínio alemão estabelecidos na Polônia ocupada pelas forças armadas nazistas. Em 2 de novembro de 1942, Sapieha falou com as autoridades alemãs contra o terror em relação aos polacos de origem judaica.

P. Blett,  et al. (ed.), Actes et documents du Saint Siège, III, esp. 44-45, 539-541; W. Bartoszewski, Z. Lewinówna, Ten jest z Ojczyzny mojej, 50, 593-594, 824; T. Berenstein, A. Rutkowski, Assistance to the Jews in Poland 1939-1945, 40; E.K. Czaczkowska, “Są Sprawiedliwi znani tylko Bogu,” on- line: http://gosc.pl/doc/1808581.Sa-Sprawiedliwi-znani-tylko-Bogu/2 [January 12, 2015]; B. Kaliski, “Polityka okupantów wobec Kościoła Katolickiego,” 30; M. Kałuski, Wypełniali przykazanie miłosierdzia, 154-155, 170; F. Kącki, Udział księży i zakonnic w holokauście Żydów, 21, 42, 50-51, 113, 116-117; M. Paul, Wartime Rescue of Jews by the Polish Catholic Clergy, 28-29; T. Pawlikowski, Adam Stefan Kardynał Sapieha, 82-86; F. Stopniak, “Katolickie duchowieństwo w Polsce i Żydzi w okresie niemieckiej okupacji,” 24-25; J. Walter, Dzieło miłosierdzia chrześcijańskiego, 14, 33, 40.


Arquidiocese de Lwów
Arcebispo Bolesław Twardowski
Segundo o testemunho do padre Mieczysław Marszalik, secretário do arcebispo Twardowski, uma família de quatro membros do médico Artur Władysław Elmer foi batizada e ficou escondido na casa do arcebispo por dois anos. Infelizmente, o filho de Elmer foi detido pela Gestapo na rua, em 8 de agosto de 1943 e, depois de ser torturado, ele revelou seu esconderijo. A família inteira foi morta e o arcebispo foi monitorado de perto.



G. Chajko, Arcybiskup Bolesław Twardowski (1864-1944), 386-388; M. Kałuski, Wypełniali przykazanie miłosierdzia, 157-158; B. Łoziński, “Życie za życie,” on-line: http://gosc.pl/doc/792380.Zycie-za-zycie [January 12, 2015]; M. Paul, Wartime Rescue of Jews by the Polish Catholic Clergy, 134; F. Stopniak, “Katolickie duchowieństwo w Polsce i Żydzi w okresie niemieckiej okupacji,” 25.






Diocese de Łomża
Bispo Stanisław Łukomski
Józef S. Kutrzeba, conhecido como Arie Fajwisz, descreve que escreveu uma carta ao bispo Łukomski pedindo permissão para ser batizado. O bispo concordou e apoiou o padre Stanisław Falkowski, que o estava escondendo. Contando com o apoio do bispo, padre Falkowski também deu abrigo a outros moradores da cidade de origem judaica, incluindo - o que não é muito conhecido - o famoso escritor Paweł Jasienica (Leon Lech Beynar).


S. Łukomski, “Wspomnienia,” 62; W. Jemielity, “Martyrologium księży diecezji łomżyńskiej 1939- 1945,” 55; E.K. Czaczkowska, “Są Sprawiedliwi znani tylko Bogu,” on-line: http://gosc.pl/doc/1808581.Sa-Sprawiedliwi-znani-tylko-Bogu/2 [January 12, 2015]; M. Kałuski, Wypełniali przykazanie miłosierdzia, 158; M. Paul, Wartime Rescue of Jews by the Polish Catholic Clergy, 262-263; F. Stopniak, “Katolickie duchowieństwo w Polsce i Żydzi w okresie niemieckiej okupacji,” 25; J. Walter, Dzieło miłosierdzia chrześcijańskiego, 15.




Diocese de Łuck
Bispo Adolf Piotr Szelążek
O bispo pediu a seus padres diocesanos que distribuíssem um folheto intitulado “Protesto”, no qual sua autora, Zofia Kossak-Szczucka, exortava os católicos polacos a se oporem às crueldades alemãs, independentemente de qual fossem suas atitudes para com os compatriotas de origem judaica, porque: “(...) aquele que permanece em silêncio diante do assassinato - torna-se cúmplice do assassinato. Quem não condena, condena. ” A população não católica local recebeu ajuda devido ao apoio do bispo Szelążek.


F. Stopniak, “Katolickie duchowieństwo w Polsce i Żydzi w okresie niemieckiej okupacji,” 25; P. Rytel-Andrianik “Księża dla Żydów – wyniki badań,” 27.








Diocese de Przemyśl
Bispo Franciszek Barda
Em uma carta de 4 de novembro de 1939, o bispo Barda escreveu ao papa Pio XII que o prédio da Cúria estava sendo convertido em apartamentos para fiéis da religião de Moisés.

Em junho de 1942, ele enviou um pedido a Bernhard Giesselmann, o comissário de Przemyśl, para mover os judeus-católicos para um lugar seguro onde eles não tivessem que ficar no gueto.

Infelizmente, isso trouxe o efeito oposto. Aquelas pessoas foram presas e imediatamente deportadas para o gueto. Alguns deles morreram. O bispo Barda também assinou certidões de nascimento católicas falsas para pessoas de origem  judaica, incluindo Stanley e Lusi Igel (Igiel) e sua filha Toni (mais tarde Toni Rinde).

S. Zych, Diecezja przemyska obrządku łacińskiego, 199-205; M. Janowski, “Polityka niemiecka władz okupacyjnych wobec ludności polskiej i żydowskiej w Przemyślu w latach 1939-1944,” 215; M. Paul, Wartime Rescue of Jews by the Polish Catholic Clergy, 134; E. Rączy, Pomoc Polaków dla ludności żydowskiej na Rzeszowszczyźnie 1939-1945, 76, 79; E. Rączy, I. Witowicz, Polacy ratujący Żydów na Rzeszowszczyźnie w latach 1939-1945, 167; F. Stopniak, “Katolickie duchowieństwo w Polsce i Żydzi w okresie niemieckiej okupacji,” 25; J. Walter, Dzieło miłosierdzia chrześcijańskiego, 14.


Diocese de Sandomierz
Bispo Jan Kanty Lorek
O Povo Judeu orou por uma semana na Sinagoga de Sandomierz pelo bispo local depois que ele conseguiu com sucesso (e financeiramente) libertar pessoas de origem  judaica, em 1939.

Além disso, algumas famílias judias foram escondidas no seminário de Sandomierz e na torre da catedral. O Bispo Lorek prometeu dar abrigo a Yehiel Halevi Halshtok, Rabino de Ostrowiec, que não aceitou a ajuda, dizendo que não poderia salvar apenas a si mesmo quando seu povo estava sendo morto.

B. Kaliski, “Polityka okupantów wobec Kościoła Katolickiego,” 30; M.Kałuski, Wypełniali przykazanie miłosierdzia, 165; M. Paul, Wartime Rescue of Jews by the Polish Catholic Clergy, 15-16; F. Stopniak, “Katolickie duchowieństwo w Polsce i Żydzi w okresie niemieckiej okupacji,” 25; J. Walter, Dzieło miłosierdzia chrześcijańskiego, 14; Z. Zieliński, (ed.), Życie religijne w Polsce pod okupacją hitlerowską 1939-1945, 444.





Diocese de Tarnów
Bispo Edward Komar
O bispo encorajou seus diocesanos a ajudar as populações judaica e cigana. Ele não cedeu à pressão da Gestapo para proibir formalmente os padres de cooperar com a resistência polaca e ajudar os judeus. Os alemães frequentemente revistavam seu apartamento e o ameaçavam. Em resposta a isso, ele informou ao Arcebispo Adam Sapieha sobre as ações dos ocupantes alemães.



E. Kurek, Dzieci żydowskie w klasztorach, 211-215, 232-234; M. Paul, Wartime Rescue of Jews by the Polish Catholic Clergy, 176-177; F. Stopniak, “Katolickie duchowieństwo w Polsce i Żydzi w okresie niemieckiej okupacji,” 25, 31.








Arquidiocese de Varsóvia
Arcebispo Stanisław Gall
O arcebispo estava salvando padres judeus de Varsóvia, incluindo o padre Tadeusz Puder, a quem nomeou capelão do convento das Irmãs Franciscanas da Família de Maria em Białołęka. Ele também permitiu a emissão de certidões de nascimento católicas falsas (por exemplo, para o Reverendo Marceli Godlewski), o que ajudou a resgatar muitos polacos de origem  judaica. O Arcebispo Stanisław Gall morreu em setembro de 1942.


P.F. Dembowski, Christians in the Warsaw Ghetto, 61-62; M. Paul, Wartime Rescue of Jews by the Polish Catholic Clergy, 118; E.K. Czaczkowska, “Są Sprawiedliwi znani tylko Bogu,” on-line: http://gosc.pl/doc/1808581.Sa-Sprawiedliwi-znani-tylko-Bogu/2 [January 12, 2015]; F. Stopniak, Katolickie duchowieństwo w Polsce i Żydzi w okresie niemieckiej okupacji, 27; J. Walter, Dzieło miłosierdzia chrześcijańskiego, 45.




Arquidiocese de Vilno
Arcebispo Romuald Jałbrzykowski

Em 1941, o arcebispo de Vilno pediu para esconder os fugitivos do gueto nas ordens religiosas. Ele enviou professores judeus da Universidade de Stefan Batory - Michael Reicher e Julian Abramovich - para o convento das Irmãs de Nazaré.

Ele também deu um grande apoio ao clero local para salvar os cidadãos polacos de origem  judaica. Alguns deles foram mortos por salvar aquelas pessoas.

W. Bartoszewski, Z. Lewinówna, Ten jest z Ojczyzny mojej, 50; S. Bak, Painted in Words, 335-346, 353-360; M. Kałuski, Wypełniali przykazanie miłosierdzia, 171; D. Nespiak, “Żydzi na Kresach. Słowa i czyny,” on-line: http://www.lwow.home.pl/kres-zydzi.html [January 12, 2015]; M. Paul, Wartime Rescue of Jews by the Polish Catholic Clergy, 139; 146; F. Stopniak, “Katolickie duchowieństwo w Polsce i Żydzi w okresie niemieckiej okupacji,” 23-24; J. Walter, Dzieło miłosierdzia chrześcijańskiego, 15; Z. Zieliński (ed.), Życie religijne w Polsce pod okupacją 1939- 1945, 51.



Bispo na emigração
Bispo Karol Radoński

Além dos bispos diocesanos mencionados, havia outros bispos que, permanecendo fora de suas dioceses, se empenhavam em ajudar a população judaica. Karol Radoński, bispo de Włocławek, por exemplo, condenou as atrocidades alemãs contra os judeus, em seu discurso, em 14 de dezembro de 1942, na rádio de Londres.

Ele disse: “Os assassinatos cometidos abertamente contra os judeus na Polônia em meio às explosões e zombarias dos algozes e seus vassalos devem evocar horror e repulsa em todo o mundo civilizado. ... Como bispo polaco, condeno com toda a certeza o crime cometido na Polônia contra a população judaica ”.

G. Górny, Sprawiedliwi, 148.






Outros dois bispos diocesanos
As atividades de Karol Maria Splett (diocese de Chełmno) e Czesław Sokołowski (diocese de Siedlce, ou seja, Diocese da Podláquia) requerem mais pesquisas.

Enquanto Splett (que era alemão) foi acusado de falta de oposição firme aos comandos dos ocupantes alemães devido à sua origem, a atividade de Sokołowski era vista com mais frequência e de maneira positiva.

Dom Splett, bispo diocesano de Gdańsk, foi nomeado administrador temporário da vizinha diocese de Chełmno devido à situação extremamente difícil ali. A principal acusação contra ele era sua falta de oposição às autoridades alemãs. Quando os alemães emitiram o regulamento de outubro de 1939 ordenando o uso da língua alemã nas igrejas, o bispo Splett repetiu a ordem. Isso foi recebido com críticas contundentes pelo Cardeal Luigi Maglione, o Secretário de Estado do Vaticano, que ordenou a retirada do regulamento em uma carta de 12 de novembro de 1940. O Bispo Splett explicou mais tarde que ele o introduziu, após a Gestapo ter preso seis padres que ouviam confissões em idioma polaco.

Uma pesquisa recente de Rafał Dmowski mostrou que as acusações contra o bispo Czesław Sokołowski, da Diocese de Siedlce, na região da Podláquia são amplamente infundadas.


Naquela época, no entanto, o bispo Sokołowski foi transferido de sua residência por ocupantes alemães e estava hospedado em uma antiga paróquia ortodoxa (na ulica Sienkiewicz 37).

Na virada do ano de 1943 para 1944, o bispo Sokołowski foi condenado à morte pela Armia Krajowa (Exército da Pátria Polaca) por suposta colaboração com os ocupantes alemães, que mais tarde foi transformada em infâmia (privação de boa reputação).

No entanto, como podemos explicar o fato de que ele nomeou sete capelães das Forças Armadas Nacionais em 1943, e foi recomendado como o futuro arcebispo de Varsóvia pelo cardeal anti-alemão Hlond (carta de 31 de agosto de 1942)?

Além disso, vale mencionar que, de acordo com algumas fontes, o bispo Sokołowski foi libertado da prisão em 1939 sob fiança por contribuições reunidas entre os polacos-judeus.

Sokołowski foi acusado de, entre outras coisas, hospedar alemães em sua residência. Fora isso, o estudo sobre padres católicos gregos ajudando judeus, incluindo o Metropolitano, nas relações dos bispos diocesanos auxiliares com a população de origem judaica ainda requerem mais pesquisas.

Até o momento, não houve monografia sobre bispos que resgataram o povo polaco-judeu. No entanto, é claro que quase todos os bispos e administradores das dioceses católicas romanas, na Polônia, estavam envolvidos nesta assistência, embora estivessem pressionados por sentenças de pena de morte.

- P. Blett et al. (ed.), Actes et documents du Saint Siège, III, esp. 5-14, 23-24, 326-328, 336-340, 346.
- R. Dmowski, Unitis Viribus, 157-188. 15 P. Blett et al. (ed.), Actes et documents du Saint Siège, III, esp. 629-631.
- Cfr. esforços de Karol Niemira, bispo auxiliar de Pińsk. Permaneceu na paróquia de Santo Agostinho em Varsóvia (na fronteira do gueto). Ele ajudou mais de 100 pessoas, a maioria crianças judias, a escapar do gueto. Eugeniusz Baziak, bispo auxiliar de Lwów, esteve envolvido no resgate de Karolina Jus (nascida Frist) e sua família. Arcebispo de Lwów, Andrey Sheptytsky, pode trazer informações importantes.



Bibliografia
- Bak, S., Painted in Words: A Memoir (Bloomington and Indianapolis: Indiana University Press; Boston: Pucker Art Publications, 2001).

- Bartoszewski, W., Lewinówna, Z., Ten jest z Ojczyzny mojej. Polacy z pomocą Żydom 1939-1945 (Warszawa: Stowarzyszenie ŻIH, 2007).

- Bednarczyk, T., Obowiązek silniejszy od śmierci. Wspomnienia z lat 1939-1944 o polskiej pomocy dla Żydów w Warszawie (Warszawa: Grunwald, 1986).

- Berenstein, T., Rutkowski, A., Assistance to the Jews in Poland 1939-1945 (Warszawa: Polonia Publishing House, 1963).

- Blett, P. et al. (ed.),  Actes et documents du Saint Siège relatifs à la seconde guerre mondiale. III: Le Saint Siège et la Situation Religieuse en Pologne et dans le pays Baltes 1939-1945 (Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1967).

- Chalko, G., Arcybiskup Bolesław Twardowski (1864–1944): Metropolita lwowski obrządku Łacińskiego (Rzeszów: Instytut Pamięci Narodowej – Komisja Ścigania Zbrodni przeciwko Narodowi Polskiemu, Oddział w Rzeszowie, 2010).

- Czaczkowska, E.K., “Są Sprawiedliwi znani tylko Bogu. O Polakach ratujących Żydów w czasie II wojny światowej i o zniekształconej historii z Grzegorzem Górnym,” Gość Niedzielny, 50/2013, on-line: http://gosc.pl/doc/1808581.Sa-Sprawiedliwi-znani-tylko-Bogu/2 [January 12, 2015].

- Dembowski, P.F., Christians in the Warsaw Ghetto: An Epitaph for the Unremembered (Notre Dame: University of Notre Dame Press, 2005).

- Dmowski, R., Unitis Viribus. Diecezja podlaska w II Rzeczypospolitej (Warszawa: Muzeum Historii Polskiego Ruchu Ludowego, 2013).

- Górny, G., Sprawiedliwi. Jak Polacy ratowali Żydów przed zagładą (Warszawa: Rosikon Press, 2014).

- Janowski, M., “Polityka niemiecka władz okupacyjnych wobec ludności polskiej i żydowskiej w Przemyślu w latach 1939-1944,” in: Kresy Południowo-Wschodnie: Rocznik Przemyskiego Centrum Kultury i Nauki Zamek, vol. 3/4, no. 1 (Przemyśl, 2005-2006).

- Jemielity, W. “Martyrologium księży diecezji łomżyńskiej 1939-1945,” in: Rozporządzenia urzędowe Łomżyńskiej Kurii Diecezjalnej, no. 8-9 (August – September) 1974.

- Kaliski, B., “Martyrologium księży diecezji łomżyńskiej 1939-1945,” in: Rozporządzenia urzędowe Łomżyńskiej Kurii Diecezjalnej, no. 8-9 (August – September) 1974.

- Kałuski, M., Wypełniali przykazanie miłosierdzia. Polski Kościół i polscy katolicy wobec holocaustu (Warszawa: Von Boroviecky, 2000). - Kącki, F., Udział księży i zakonnic w holokauście Żydów (Warszawa: Adiutor, 2002).

- Klich, A., “Teodor Kubina: Czerwony biskup od Żydów,” Gazeta Wyborcza, March 1, 2008.

- Kopówka, E., Rytel-Andrianik, P., Dam im imię na wieki (Iz 56,5). Polacy z okolic Treblinki ratujący Żydów (Biblioteka Drohiczyńska V; Oxford-Treblinka: Wydawnictwo Sióstr Loretanek, 2011).

- Kurek, E., Dzieci żydowskie w klasztorach. Udział żeńskich zgromadzeń zakonnych w akcji ratowania dzieci żydowskich w Polsce a latach 1939-1945 (Lublin: Gaudium, 2004).

- Łoziński, B., “Życie za życie,” Gość Niedzielny, 7/2011, Febuary 21, 2011, on-line: http://gosc.pl/doc/792380. Zycie-za-zycie [January 12, 2015].

- Łukomski, S., “Wspomnienia,” in: Rozporządzenia urzędowe Łomżyńskiej Kurii Diecezjalnej, no. 5-7 (May – July) 1974.

- Paul, M., Wartime Rescue of Jews by the Polish Catholic Clergy. The Testimony of Survivors (Toronto: Polish Educational Foundation in North America, 2014), on-line: http://www.glaukopis.pl/pdf/czytelnia/WartimeRescueOfJewsByTheP olishCatholicClergy_MarkPaul.pdf [January 12, 2015].

- Pawlikowski, T., Adam Stefan Kardynał Sapieha (Lublin: Test and Towarzystwo im. Stanisława ze Skarbimierza, 2004).

- Rączy, E., Pomoc Polaków dla ludności żydowskiej na Rzeszowszczyźnie 1939- 1945 (Rzeszów: Instytut Pamięci Narodowej – Komisja Ścigania Zbrodni przeciwko Narodowi Polskiemu, 2008).

- Rączy, E., Witowicz, I., Polacy ratujący Żydów na Rzeszowszczyźnie w latach 1939-1945 (Rzeszów: Instytut Pamięci Narodowej – Komisja Ścigania Zbrodni przeciwko Narodowi Polskiemu, Oddział w Rzeszowie, 2011).

- Rytel-Andrianik, P., “Księża dla Żydów – wyniki badań,” Przewodnik Katolicki, 4/2014, January 26, 2014, 26-28.

- Stopniak, F., “Katolickie duchowieństwo w Polsce i Żydzi w okresie niemieckiej okupacji,” in: K. Dunin-Wąsowicz (ed.), Społeczeństwo polskie wobec martyrologii i walki Żydów w latach II wojny światowej (Warszawa: Instytut Historii PAN, 1996).  
- Walter, J., Dzieło miłosierdzia chrześcijańskiego: polskie duchowieństwo katolickie a Żydzi w latach okupacji hitlerowskiej (Warszawa: Chrześcijańskie Stowarzyszenie Społeczne, 1968).

- Zieliński, Z., (ed.), Życie religijne w Polsce pod okupacją hitlerowską 1939-1945 (Warsaw: Ośrodek Dokumentacji i Studiów Społecznych, 1982).

- Zieliński, Z., (ed.), Życie religijne w Polsce pod okupacją 1939-1945. Metropolie wileńska i lwowska, zakony (Katowice: Unia, 1992).

- S. Zych, Diecezja przemyska obrządku łacińskiego w warunkach okupacji niemieckiej i sowieckiej 1939-1944/45 (BABMK 14; Przemyśl: Wydawnictwo Archidiecezji Przemyskiej, 2011).


Autor: Paweł Rytel-Andrianik
Tradução do polaco para português: Ulisses Iarochinski

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Historiadores condenados na Polônia

Eles transformaram um herói em chantagista.
Tribunal: Grabowski e Engelking têm que se desculpar.


Tribunal de Varsóvia decidiu nesta terça-feira (09/02) que dois historiadores polacos devem pedir desculpas por terem "manchado a memória" de um ex-prefeito polaco num livro que escreveram sobre o Holocausto, ao apontarem o envolvimento da antiga autoridade no extermínio de judeus. 

O processo causou polêmica tanto na Polônia quanto em Israel.

Acadêmicos temem que a decisão possa prejudicar a pesquisa imparcial sobre as ações de polacos durante a Segunda Guerra Mundial.

O tribunal declarou que os pesquisadores Barbara Engelking, diretora do Conselho Internacional de Auschwitz na Polônia, e Jan Grabowski, da Universidade de Ottawa, devem se desculpar com Edward Malinowski por terem citado no livro Dalej jest noc (Assim é a noite, em tradução livre), de 2018, que o então prefeito do vilarejo de Malinowo entregou judeus a alemães nazistas.

A justiça, no entanto, não acatou o pedido de pagamento de uma indenização de 100 mil złotys – o equivalente a cerca de R$ 145 mil.

O processo partiu de uma sobrinha de Malinowski, Filomena Leszczyńska, de 81 anos, que considerou que a memória do tio havia sido difamada. A ação foi financiada pela Liga Polaca Contra a Difamação, organização que se opõe à existência de envolvimento de polacos no assassinato de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

A advogada de Leszczyńska, Monika Brzozowska-Pasieka, alegou que Engelking e Grabowski não seguiram a metodologia correta de pesquisa no livro. "Filomena está extremamente satisfeita com este veredicto", disse Brzozowska-Pasieka após o julgamento. "A questão da compensação desde o início foi secundária", completou.

O livro menciona que o ex-prefeito pode ter participado de um massacre local de judeus por soldados alemães. No entanto, Leszczyńska diz que seu falecido tio, na verdade, ajudou judeus. Para ela, houve "omissões" e "erros metodológicos" que fazem seu tio parecer alguém que traiu judeus.

De acordo com o livro, Malinowski permitiu que uma mulher judia sobrevivesse ao ajudá-la a se passar por não-judia. No entanto, em depoimento, a sobrevivente afirmou que ele foi cúmplice na morte de dezenas de judeus.

Desacreditar pesquisa
Os historiadores negam a acusação e disseram que vão recorrer da decisão. Eles argumentam que o caso é uma tentativa de desacreditá-los pessoalmente e dissuadir outros acadêmicos de investigar a verdade sobre o extermínio de judeus na Polônia.

"Este é um caso do Estado polaco contra a liberdade de pesquisa", disse Grabowski, cujo pai era um sobrevivente do Holocausto.

Acadêmicos polacos e organizações judaicas expressaram preocupação de que o julgamento possa minar a liberdade de pesquisa. Para Engelking, o caso é "um esforço" para mostrar aos pesquisadores "que há questões que não deveriam ser abordadas".

O Congresso Judaico Mundial disse, em comunicado, que estava "consternado" com a decisão. O memorial do Holocausto Yad Vashem de Jerusalém afirmou que as acusações "equivalem a um ataque ao esforço para obter um quadro completo e equilibrado da história do Holocausto" e "constitui um sério ataque à pesquisa livre e aberta".

Críticos acusam o atual governo nacionalista da Polônia de tentar encobrir o papel de autoridades polacas no genocídio de judeus durante a ocupação nazista alemã e desencorajar pesquisas acadêmicas sobre casos de colaboração.

Questão delicada
Mais de sete décadas depois do fim da Segunda Guerra Mundial, a contribuição de polacos para o Holocausto continua sendo uma questão política delicada na Polônia. Várias pesquisas mostram que, enquanto milhares de polacos arriscaram suas vidas para ajudar judeus, outros muitos teriam participaram do genocídio.

O partido ultraconservador no poder, o Direito e Justiça (PiS), alega que os estudos que mostram a cumplicidade de polacos no extermínio de judeus pela Alemanha nazista são uma tentativa de desonrar o país, que sofreu imensamente com o conflito.

Em 2018, a Polônia chegou a aprovar uma lei para criminalizar qualquer menção sobre a responsabilidade polaca nos crimes cometidos por alemães durante a ocupação do país na Segunda Guerra Mundial. Após pressão internacional, a lei, que previa uma pena de até três anos de prisão, foi derrubada.

Quase todos os 3,2 milhões de judeus da Polônia morreram durante a Segunda Guerra – cerca da metade do total de judeus que teriam sido vítimas do Holocausto. Outros 3 milhões de polacos de outras religiões morreram durante a ocupação nazista.

Somente em Auschwitz, o maior campo de extermínio nazista, foram assassinados cerca de 1,5 milhão de prisioneiros, a maioria judeus.

Fontes: le/cn (efe, ap, ots)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Julgamento determinará estudos sobre o Holocausto

Dois historiadores polacos estão sendo julgados por difamação devido a um estudo acadêmico sobre o comportamento polaco durante a segunda guerra mundial, um caso cujo desfecho poderá determinar o destino de pesquisas independentes sobre o Holocausto no país.


A decisão do tribunal distrital de Varsóvia sobre o processo contra os historiadores Barbara Engelking e Jan Grabowski deverá ser conhecida neste 09 de fevereiro, sendo este o primeiro processo desde que, em 2018, a Polônia tentou aprovar uma lei para criminalizar o ato de culpar falsamente o país pelos crimes relacionados com o Holocausto.

Uma intenção legislativa que gerou uma forte disputa diplomática com Israel e que acabou por cair.

O caso que envolve os dois historiadores é de difamação civil, julgado sob uma lei preexistente, mas vários estudiosos acreditam que abrirá um precedente na liberdade de pesquisa sobre o Holocausto.

Barbara Engelking é historiadora no Centro Polaco para a Pesquisa do Holocausto, em Varsóvia, e Jan Grabowski, filho de um judeu polaco sobrevivente, é professor de História na Universidade de Otawa, no Canadá.

Desde que conquistou o poder, em 2015, o partido conservador Direito e Justiça (PiS) tem procurado desencorajar as investigações sobre os delitos polacos durante a ocupação alemã ao longo da Segunda Guerra Mundial, preferindo salientar o heroísmo e sofrimento dos cidadãos do país.

O objetivo é promover o orgulho nacional, mas os críticos do partido no poder entendem que se trata de uma estratégia do Governo para encobrir o fato de alguns polacos, não todos, terem colaborado no extermínio dos judeus.

Entrada do Museu Yad Vashen

O processo contra os dois historiadores é entendido pelo museu israelita do Holocausto Yad Vashem como "um sério ataque à pesquisa livre e aberta" enquanto a Fundação para a Memória da Shoah, sediada em Paris, o descreve como "uma caça às bruxas" e uma "invasão perniciosa no coração da pesquisa".

No centro deste processo está um estudo, de dois volumes e 1.600 páginas em polaco, com o título Dalej jest noc: losy Żydów w wybranych powiatach okupowanej Polski (Noite sem fim: O destino dos judeus em condados selecionados da Polônia ocupada"), co-editado por Barbara Engelking e Jan Grabowski.

Os historiadores veem este caso como uma tentativa de desacreditá-los e de desencorajar outros investigadores a pesquisarem a verdade sobre o extermínio dos judeus na Polônia.

"Este é um caso do Estado polaco contra a liberdade de pesquisa", afirmou Jan Grabowski. O historiador, diz que foi alvo de assédio antissemita, tanto online como nas palestras que deu no Canadá, França e outros países.

Por seu lado, as autoridades polacas, têm argumentado que este é um caso civil, refutando a tese de que representa uma ameaça à liberdade de expressão.

Numa carta ao representante dos sobreviventes do Holocausto em Israel, o embaixador da Polônia em Israel, Marek Magierowski, expressou a sua preocupação com os insultos antissemitas que surgiram na sequência deste caso.

Por outro lado, Filomena Leszczyńska, sobrinha de um homem da aldeia de Malinowo cujo comportamento durante a guerra é brevemente mencionado no estudo, processou os dois historiadores exigindo 100 mil złotys (cerca de 22.250 euros) e um pedido de desculpa através dos jornais.

De acordo com as provas apresentadas no estudo, Edward Malinowski, contribuiu para salvar uma judia ao ajudá-la a passar por não judia, mas o testemunho da sobrevivente é citado como tendo dito que o homem foi cúmplice da morte de várias dezenas de judeus.

Malinowski foi absolvido de colaboração com os alemães num julgamento pós-guerra e a sobrinha conta com o apoio da Liga Polaca Contra a Difamação, uma organização próxima do Governo polaco.

Para esta Liga, os dois historiadores são culpados de caluniar "o bom nome" de um herói polaco, que dizem não ter tido nenhum papel na morte dos judeus, e, por acréscimo, de prejudicar a dignidade de todos os polacos.

A indignação de Filomena Leszczyńska foi provocada por um fragmento da publicação sobre seu tio Edward Malinowski. A história toda diz respeito a Maria Wiśniewska (também conhecida como Estera Drogicka), que em 1942 salvou sua vida indo trabalhar na Prússia Oriental (Atual Alemanha).


Malinowski, o chefe de Malinów, ajudou-a a escapar. A mulher "percebeu que ele foi cúmplice da morte de várias dezenas de judeus que estavam escondidos na floresta e foram entregues aos alemães, mas deu falso testemunho em sua defesa em seu julgamento após a guerra", escreveu a prof. Barbara Engelking em  "Ainda é noite" (Noite sem fim tradução para inglês).

Leszczyńska considerou que a publicação sobre seu tio infringia seus direitos pessoais: "o direito de venerar a memória do falecido", "o direito ao orgulho e à identidade nacional", "o direito a uma história imperturbada da Segunda Guerra Mundial", " o direito de não violar a honra "," O direito de receber informações confiáveis ​​da pesquisa histórica que paga ". A mulher, apoiada no Reduto do Bom Nome, exige um pedido de desculpas. 

Dr. Tomasz Domański da filial da cidade de Kielce do Instituto de Memória Nacional apontou aos cientistas inúmeros erros técnicos e a construção de uma narrativa que não corresponde aos fatos. "Os autores parecem traçar um quadro em que a existência judaica dependia principalmente da vontade dos polacos" - escreve um funcionário .

A objeção mais importante de Domański aos autores é uma seleção seletiva de fatos e fatos que foram submetidos à análise histórica. “Os estudos históricos devem servir para mostrar o quadro mais completo possível dos acontecimentos. Um elemento particularmente importante da oficina de cada historiador é o confronto de fontes de proveniências diversas, visando apresentar os acontecimentos da forma mais objetiva possível” - observou o historiador.

A opinião do pesquisador de Kielce é defendida pelo prof. Jacek Chrobaczyński da Universidade Pedagógica de Cracóvia. "Algumas pessoas que estudaram o trabalho devem considerar a questão de quais foram os pressupostos metodológicos da pesquisa. Os autores delinearam com precisão o cenário da oficina, que une a estrutura mental dos textos. Este livro não pode ser tratado como uma monografia", disse o cientista.

Zygmunt Stępiński, diretor do Museu de História dos Judeus Polacos POLIN, emitiu uma posição semelhante a respeito do julgamento de professores. “Lamento a falta de ataques substantivos - pessoais e institucionais - a investigadores que, de acordo com as melhores práticas e normas em vigor no mundo científico, cumprem a missão de descobrir fatos e fenômenos relativos a um dos períodos mais trágicos do história da Polônia e do mundo", escreveu o diretor do museu.

Mark Weitzman, diretor dos assuntos governamentais do Centro Simon Wesenthal referiu-se a "Noite sem fim" como um "livro meticulosamente pesquisado e conseguido... que detalha milhares de casos de cumplicidade dos polacos no assassinato de judeus durante o Holocausto".

Na sua opinião, os procedimentos contra os dois historiadores de reputação internacional "não são mais do que uma tentativa de usar o sistema legal para amordaçar e intimidar as pesquisas sobre o Holocausto na Polônia".

Ao usar "milhares de casos", Weitzman exagera no tom e compromete a sua própria opinião sobre o assunto. O Instituto da Memória Nacional nunca negou a participação de cidadãos católicos, que para escapar de punições severas, ou mesmo ressentidos tenham entregue cidadãos de origem e religião judaica aos algozes alemães. Mas não concorda com a banalização forçada de acusadores, por mais representativos que sejam, de criminalizar um grande número não provado cientificamente, ou criminalmente de cidadãos polacos como colaboracionistas dos nazistas.

BARBARA ENGELKING
Nascida em Varsóvia, em 1962,  Engelking recebeu um Mestrado em psicologia pela Universidade de Varsóvia, em 1988, e um Doutorado em sociologia pela Academia Polaca de Ciências, também em Varsóvia, com a tese sobre "A Experiência do Holocausto e suas Consequências em Relatos Autobiográficos" em 1993.
Desde então, Engelking foi professora assistente assistente no Centro Polaco de Pesquisa do Holocausto, parte do Instituto de Filosofia e Sociologia da Academia Polaca de Ciências. Desde 2014, ela é presidente do Conselho Internacional de Auschwitz da Polônia. De novembro de 2015 a abril de 2016, ela foi Ina Levine Invitational Scholar no Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos Mandel Center em Washington, DC.

JAN GRABOWSKI
Grabowski nasceu em Varsóvia, Polônia, filho de mãe católica romana e pai judeu. Seu pai, Zbigniew Grabowski, um sobrevivente do Holocausto e professor de química de Cracóvia, lutou no Levante de Varsóvia de 1944.
Enquanto estava na Universidade de Varsóvia, Grabowski foi ativo na União de Estudantes Independentes entre 1981 e 1985, onde ajudou a administrar uma gráfica clandestina para o movimento Solidariedade.
Ele recebeu seu mestrado em 1986, e em 1988 emigrou para o Canadá.
As restrições de viagens foram facilitadas pelo governo comunista da Polônia. Se ele soubesse que o regime cairia um ano depois, ele teria ficado, disse ele a um entrevistador: "Quando parti em 1988, pensei que não havia futuro para nenhum jovem na Polônia. Parecia que você estava olhando para o mundo através de uma espessa parede de vidro. Era uma espécie de irrealidade ... as regras eram oblíquas, estranhas, até desumanas. Então, depois de um ano, o sistema parecia desabar como um castelo de cartas. "
Ele recebeu seu Doutorado pela Université de Montreal, em 1994, para uma tese intitulada The Common Ground. Settled Natives and French in Montréal 1667–1760. Grabowski possui as duas cidadanias, polaca e canadense.


Fonte: Associated Press e outras