sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Filme polaco no mercado mundial

Hajdarowicz ao centro, recepcionando em sua casa o diretor brasileiro Murilo Pasta (à direita), o ator espanhol Fele Martinez e atriz brasileira Mariana Loureiro do filme Carmo.
Foto:Ulisses Iarochinski

Neste ano pela primeira vez na história do Instituto Polaco do Filme representou o cinemada Polônia na maior feira mundial do filme, ocorrida na Califórnia, agora em novembro. Isto foi possível graças a colaboração com a European Film Promotion e a Gremi Film Production.
A Gremi de Cracóvia, do mesmo produtor do filme brasileiro Carmo, Grzegorz Hajdarowicz, foi em parte a maior responsável por levar produções de 26 empresas e instituições de 12 países. Os filmes foram apresentados no Loews Hotel em Santa Monica, Los Angeles, onde se concentram os mais importantes produtores mundiais do cinema.
Foi uma oportunidade também para se fazer campanha na American Film Market do filme polaco candidato ao Oscar, "Sztuczki". O representante da Polônia, foi apresentado pela primeira vez nos Estados Unidos no Aero Theatre de Santa Monica, dia 7 de novembro passado. Na mesma mostra também foram apresentados os candidatos da Suíça, Áustria, Finlândia, Luxemburgo e Holanda. O mercado de cinema foi até o dia 12 último. 

Cena do filme Sztuczki

O filme candidato ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro 2009, "Sztuczki" é dirigido por Andrzej Jakimowski e tem no elenco Tomasz Sapryk, Joanna Liczowska, Marzena Sztuka, Ewelina Walendzia, Damian Ul e Rafał Guźniczak. O filme já recebeu 30 prêmios internacionais e foi distribuído para 26 países.

Stefek, interpretado por Damian Ul

O filme conta a história do menino Stefek que desafia o destino aos seis anos de idade. Ele acredita que a cadeia de eventos que ele põe em marcha irá ajudá-lo a se aproximar do pai, que abandonou sua mãe. Sua irmã Elka, de 17 anos, ajuda-o a aprender como "subornar" o destino com pequenos sacrifícios.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Tusk: melhor que seu governo

Foto: Jakub Ostałowski / Fotorzepa

O chefe de governo polaco Donald Tusk após um ano no posto de primeiro ministro consegue ser melhor que o próprio governo administrado por ele. Explica-se: uma pesquisa de opinião divulgada hoje, pelo jornal Rzeczpospolita e realizada pela GfK Polonia demonstra que Tusk tem 48% do universo pesquisado de 500 pessoas, entre 6 e 7 de novembro como bom primeiro-ministro. Contudo seu governo é ruim para 62% dos entrevistados. O ministro de seu gabinete de governo que consegue um maior percentual na escala de bom é Radosław Sikorski com 30%.

Mas o que faz um primeiro-ministro ser melhor que seu próprio governo é polêmica hoje entre sociólogos, economistas e população em geral na Polônia. Tusk mesmo sofrendo com a intrasigência do Presidente da República Lech Kaczynski não tem se abatido. Um dia após ser excluído da lista de convidados nas comemorações do 11 de novembro no Grande Teatro de Varsóvia pelo presidente e ter lhe sido negado o avião presidencial viajou para Frankfurt, na Alemanha, para conversar com o presidente do Banco Central Europeu sobre a introdução do Euro na Polônia. As televisões polacas transmitiram ao vivo, desde a cidade alemã, a entrevista coletiva que Tusk concedeu a imprensa européia depois do encontro. De concreto mesmo, ele não anunciou nada. Mas demonstrou mais uma vez porque consegue ser melhor que seu governo.

Por sua vez, Sikorski, atual ministro das relações exteriores, já foi ministro da defesa e senador. Em 1988, uma foto feita por ele no Afganistão conquistou o concurso "World Press Photo" na categoria de novos fotógrafos. Foi eleito o "homem do ano 2005" pela Gazeta Polska e o “Wiktor 2006” , na categoria do político mais popular. Ele foi eleito pelo PO - Platforma Obywatelska, mesmo partido de Tusk. Sikorski é casado com a jornalista e escritoraAnne Applebaum, que ganhou o Prêmio Pulitzer 2004 com seu livro Gulag: Uma História”.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Sentida ausência de Wałęsa

Lech e Maria Kaczyński e o presidente da Lituânia, Valdas Adamkus, no Grande Teatro de Varsóvia.
Foto: Fotorzep.

A ausência de Lech Wałęsa na cerimônia de gala promovida pelo atual presidente da Polônia, Lech Kaczyński, foi mais sentida do que a exuberância do espetáculo no Grande Teatro de Varsóvia, ontem à noite. O presidente da República ao excluir o mais conhecido polaco em todo o mundo das comemorações dos 90 anos de Independência da Polônia provocou a maior polêmica no país. Pois nem mesmo na mais importante comemoração do dia, na (praça) Plac Piłsudski, sob os olhares de quase duas dezenas de presidentes estrangeiros, Wałęsa esteve.

Dezenas de presidentes estrangeiros na Plac Piłsudski.
Foto: Assessoria presidendial


Para a televisão polaca, Kaczyński declarou, que todo o polaco tem direito do sentimento de alegria pela importante data e não seria diferente com Wałęsa. "Se ele tivesse pedido para participar das comemorações, poderia ter recebido um sim, pois tudo é possível.", afirmou o presidente.
Mas os partidos políticos, entre eles o Platforma Obywatelska do primeiro-ministro Donald Tusk (também excluído da "Noite de Gala"), concididem que o presidente Kaczyński não possui o direito de excluir Wałęsa de qualquer comemoração. "A festa não é do presidente, mas é da Nação e para esta, o ex-líder do Solidariedade é um herói vivo. O atual presidente só pode estar exercendo seu mandato, porque o eletricista de Gdańsk um dia lutou pela segunda Independência da Polônia, que foi a do comunismo.", afirmou um deputado de Szczecin.
Bronisław Komorowski, presidente do Congresso, comentou que, "Kaczyński não convidou para o Grande Teatro Lech Wałęsa - símbolo "Solidarności". Isto é o mesmo que não convidar, antes da guerra, ao general Piłsudski para comemorar o 11 de novembro."

Lech Wałęsa. Foto: Albert Zawada / AG


OUTRA GAFE

Não bastasse esta gafe presidencial, os jornais polacos chegaram as bancas com a informação de que o primeiro-ministro, portanto chefe de governo, tem um encontro, hoje, com o presidente do Banco Central Europeu para tratar dos passos para a introdução da moeda Euro na Polônia.
O presidente Kaczyński reagiu ao encontro dizendo que não cede o avião presidencial para que Tusk se encontre com Jean-Claude Trichet, pois quem trata de Euro na Polônia é ele. Ou seja, o presidente, que junto com seu irmão gêmeo Jarosław foi motivo de piada em toda a Europa, quando este era primeiro-ministro, parece que deseja que a Polônia continue a fazer parte das anedotas que circulam pelos corredores de Bruxelas e Strassburgo.
A pergunta a ser feita é: O Euro é uma questão de governo, ou de Estado?

IMPRENSA BRASILEIRA
Por outro, há que se mencionar que justamente a data comemorada ontem, teve um grande significado não só para a Polônia. Mas para a toda Europa e por extensão o mundo. Allém de marcar a volta da Polônia ao mapa mundial em 1918, como um Estado, o 11 de novembro também marca o do fim da primeira guerra mundial. Por isso foi comemorado em outros países do mundo, como França, Inglaterra e até nos Estados Unidos de Barak Obama e G.G. Bush.
Mas nenhuma comemoração foi mais concorrida que a da Plac Piłsudski (a praça tem este nome em homenagem ao general Józef Piłsudski, presidente da segunda República polaca, a de 1918) de Varsóvia.
Enquanto na França participaram de comemorações apenas o presidente Sarkozy e o Príncipe Charles da Inglaterra, na Polônia estiveram mais de 40 delegações estrangeiras, entre estas, a metade era representada pelos presidentes, primeiros-ministros, reis e príncipes de diversos países dos cinco continentes.

Presidente Nicolas Sarkozy, Príncepe Charles e sua esposa Camilla, duquesa de Cornwall, no Palácio Elysee em Paris. Comemorando o armistício de Verdun sobre a primeira guerra mundial .
Foto: Michel Euler /AP

Mas parece que a imprensa brasileira ainda não consegue avaliar qual é a noticia do dia mais importante do mundo. As televisões brasileiras em seus telejornais da noite, de ontem, preferiram noticiar apenas que Sarkozy e Charles comemoraram o fim da primeira guerra. Nem uma palavra, nenhuma linha sobre os eventos da Polônia. Simplesmente omitiram a nação de Lech Wałęsa (a pronúncia correta é lérrhhh vauensa e nao léqui valêssa) e do Papa João Paulo II.
Seria descortesia com a notícia, seria desconhecimento histórico, seria algo contra a Polônia, seria falta de correspondentes na Europa, seria falta de competência jornalística, ou seria simplesmente preguiça?
Sim, pois será que as agências Reuters (anglo-americana) e FrancePress (francesa) produziram apenas notícia sobre Sarkozi e Charles? Mais fácil é reproduzir o material que as agências enviam quase que gratuitamente a cada minuto (tudo pronto, editado, texto traduzido...é só colocar no ar). É deve ser isto,! Pois é impossível acreditar que os jornalistas brasileiros sejam tão preguiçosos, incompententes e ignorantes no trato com a informação internacional.
A principal manchete do jornal Gazeta Wyborcza não poderia ser outra:
"11 de novembro sem Wałęsa"

Mariana e zapiekanka

Foto: Ulisses Iarochinski

A atriz brasileira Mariana Loureiro comendo um Zapiekanka, o sanduíche polaco, no bairro judeu do Kazimierz. Mariana, do filme "Carmo" de Murilo Pasta, deve voltar a Polônia brevemente para acompanhar a participação do filme no Festival do Cinema de Łódź ( pronuncia-se uudji e não lóds). O melhor Zapiekanka de Cracóvia está exatamente no Kazimierz (cajimiéje). É feito da metade de um pão bengala (baguet em francês e deve ser bengalão para os gaúchos, já que chamam o pão francês dos curitibanos de cacetinho) muito cogumelo silvestre, queijo, molho de tomate e cebolinha picada e claro assado no forno, por isto se chama justamente Zapiekanka.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

90 anos: Chefes de Estado em Varsóvia

Plac Piłsudski, local das comemorações da Independência, ao fundo o monumento ao soldado desconhecido.
Foto: Szczepan

Comemorações da Independência da Polônia estão acontecendo não só na Polônia, mas também na Inglaterra, França, Estados Unidos, Austrália, Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e tantas outras cidades ao redor do mundo onde existe um polaco, ou um descendente de imigrantes polacos.
Em Varsóvia chegaram quase 20 chefes de estado e governo. Entre os mais de 800 convidados, estão, a chanceler alemã, o presidente do Afganistão, o príncipe de Gales, presidentes da Lituânia, Estônia, Letônia, Ucrânia, Áustria, Eslováquia, Tcheca, Eslovênia, Sérvia, Montenegro, Hungria Geórgia e delegações diplomáticas da Arábia Saudita, Bośnia e Hercegowina, Bulgaria, Croácia, Chipre, Finlândia, França, Grécia, Iraque, Lichtenstein, Macedônia, Holanda Romênia, Suécia, Turquia, e Comissão Européia. Angela Merkel, da Alemanha, deposita coroa de flores na tumba do soldado desconhecido.
Mas a Rússia mandou avisar que não estará presente nem o presidente Dimitry Miedwiedwie, nem o primeiro-ministro Putin. Apenas o embaixador representará a Rússia. Assim como o Brasil, que se fará representar pelo novo embaixador Carlos Alberto Simas Magalhães.
No caso específico da Rússia, a imprensa e grande parte dos polacos entendem como um sinal da animosidade milenar que envolve as duas nações.
No Grande Teatro de Varsóvia, o Presidente da República, Lech Kaczyński, promove às 20:00 horas uma Noite de Gala, em comemoração aos 90 da Independência da Polônia. Entre centenas de convidados, será notada a ausência de Lech Wałęsa. O ex-líder do Solidariedade e um dos grandes responsáveis pela outra independência da Polônia, a do sovietismo, respondeu a imprensa, porque não estará presente: "Este é um dia de reflexão para mim, orgulho de nosso passado. Passo este dia junto à minha família. Não fui convidado para a gala presidencial. Apesar do desconforto estou, contudo, disposto a me conciliar com Kaczyński." Também, o primeiro-ministro Donald Tusk não foi convidado pelo presidente.

90 anos da Independência Polaca

Mapa da recuperação da Independência no ano de 1918. Vilno e Lwów ainda faziam parte da Polônia

Era 11 de novembro de 1918 quando finalmente o marechal da guerra Józef Piłsudski assume completamente o poder sobre o território da Polônia desaparecida do mapa 123 anos antes. O significado da data para os polacos atualmente é o maior de sua história, conforme atestam duas pesquisas de opinião publicadas nos dois principais jornais do país esta semana.
Uma Independência da opressão, da ocupação, da invasão. Agressões contra a Polônia, que causaram entre tantas coisas, a grande onda emigratória que ocorreu durante todo o século 19 e início do 20.
Marechal Józef Piłsudski


Com a morte do herdeiro do trono do Império Áustro-húngaro, naquela Sérvia de 1914, a Polônia, apesar da primeira guerra mundial que estourava, tinha pela primeira vez em mais de um século, a grande oportunidade de reconquistar seu território, seu Estado, seu mapa. Depois de dois anos de sangrentos combates na Europa, em 5 de novembro de 1916, os imperadores áustro-húngaro e alemão declaram a crianção do Reino Polaco nos territórios ocupados pelo reino da Rússia. Mais de um mês após, em 25 de dezembro, o Tzar Nicolau II faz declaração semelhante, dizendo sobre a criação de um Estado Polaco aliado a Rússia. Meses mais tarde, em 15 de agosto de 1917, Roman Dmowski e outros polacos criam em Lausanne, na Suíça, o Comitê Nacional Polaco. Com o fim da guerra chegando ao fim, o presidente dos Estados Unidos da América, W. Wilson faz a declaração de seus 14 artigos, em 8 de janeiro de 1918, onde no artigo 13 declara que "Deveria ser criado um estado polaco independente, que abrangesse os territórios onde resida a população majoritariamente polaca e para o qual deve ser assegurado o livre acesso ao mar. A independência política e econômica, assim como a integralidade dos territórios onde vive esta população, deveriam ser garantidos pelas convenções internacionais”.
Em 28 de agosto de 1918, o Conselho de Comissários Populares da Rússia Soviética anula os tratados de que dividiram a Polônia por mais de um século. E finalmente em 11 de novembro de 1918, os alemães assinam armistício em Compiègne, Norte de Paris, o fim da 1ª. Guerra Mundial.
Mas não foram apenas os invasores e potências amigas que faziam, declaravam, aclamavam, os polacos por sua parte, além de tomar parte nas batalhas da primeira guerra mundial lutavam, como sempre lutaram durante os 123 anos que duraram as invasões estrangeiras em sua milenar Polônia.

General J. Haller

Já em 1908, surgem na Galícia áustro-húngara as primeiras organizações militares não legais e paramilitares ambicionando a independência da Polônia. Em 6 de agosto de 1914, as Legiões Polacas, sob o comando de Józef Piłsudski, partem da Galícia e vão para os territórios ocupados pela Rússia. No período que durou a primeira guerra mundial, entre 1914 e 1917, as Legiões Polacas, com três divisões, lutam na frente de batalha sob o comando austríaco. Mas sempre tendo em mente, que o objetivo maior era a Polônia. Assim em junho de 1917, na França, começa a ser formado o Exército Polaco, ou Armia Polska, sob o comando do General J. Haller. Um mês após, em julho de 1917, os soldados das Legiões polacas se recusam a fazer juramento de lealdade ao imperador alemão. As Legiões são dissolvidas e os alemães ordenam a prisão dos oficiais e legionários rebeldes. Piłsudski é um dos aprisionados. Os acontecimentos correm ao explodir das bombas, em agosto de 1917, na Rússia, o Exército Polaco cria suas formações, que ainda tinham que lutar sob o comando russo.
Tanta luta tem que ser reconhecida. Como uma ironia histórica, em 12 de novembro de 1917, é convocado pelos alemães e áustro-húngaros, o Conselho Regente do Reino da Polônia, instância executiva existente no território do Reino Congressista Polaco, sob aocupação russa.

Wincenty Witos

Os fatos são virtiginosos, em 28 de outubro de 1918, o polaco Wincenty Witos convoca a Comissão Polaca de Liquidação, em Cracóvia. A comissão extermina as relações estatais e jurídicas que ligavam a Galícia com o Império Áustro-húngaro e garantem a manutenção da segurança e da paz até o dia da criação do Estado Polaco Independente.
Ignacy Daszyński, em 7 de novembro de 1918, cria em Lublin, seu governo Independente. Cinco dias depois, coincidindo com o fim da guerra, Józef Piłsudski, regressa a Varsóvia, após ter estado aprisionado em Magdburg. O Conselho Regente, imediatamente lhe entrega a chefia das forças armadas da Polônia e o governo Daszyński se demite.
No dia seguinte, 12 de novembro, na cidade de Poznań é criado o Comitê Central de Cidadania transformado em Conselho Popular Superior em seguida. Os Alemães conferem ao Conselho a direção do território e logo depois este Comitê organiza o Levante da Wielkopolska. Dois dias depois, em 14 de novembro de 1918, o Conselho Regente transfere poder total para o Marechal Piłsudski no governo do novo Estado que voltava a figurar no mapa da Europa.

Ignacy Daszyński


Piłsudski convoca o primeiro governo central polaco, em 17 de novembro de 1918, cujo premeiro-ministro é J. Moraczewski. O autogoverno estava finalmente instalado.
As ações que anteriormente pareciam longas e sem resultado, agora se desenvolviam rapidamente. Era urgente reconstruir um Estado vilipendiado durante décadas. Em 22 de novembro, Józef Piłsudski se declara Chefe do Estado Polaco. O ano de 1918 termina, mas na Polônia ele marca as primeiras comemorações do natal e ano novo sob a bandeira branca-vermelha da velha Águia Branca.

Primeiro gabinete de governo em 1918, com Piłsudski, ao centro.

Em 16 de janeiro de 1919, o governo já tinha novo primeiro-ministro, era o pianista mundialmente aclamado, Ignacy Paderewski, que faz a convocação do seu governo e que consegue finalmente o reconhecimento internacional da Independência de sua nação. Na semanas seguintes, são realizadas as eleições do parlamento, em 26 de janeiro, para em 26 de fevereiro, o Parlamento aceita a Constituição que descreve os poderes superiores do Estado polaco. 17 de março de 1921, o Parlamento aprova a Constituição de Março.


Primeiro-ministro, o pianista Ignacy Paderewski

Mas apesar de tudo, a independência não está ainda garantida. É preciso lutar pelas fronteiras polacas, pelas agressões daqueles que não concordar com o renascimento do Estado polaco.
Entre 18 de dezembro de 1918 a 16 de fevereiro de 1919 acontece o Levante da Wielkopolska (Grande Polônia) na região de Poznań. Nos dias entre 16 a 26 de agosto é a vez do Levante da Śląsk (Silésia). Ainda em 1919, os exércitos tchecos ocupam a região Cieszyński na Silésia. É preciso defendê-la. O ano se encerra e as dificuldades continuam, um novo levante volta a ocorrer na Silésia entre 19 e 25 de agosto de 1920 e um plebiscito nas regiões da Warmia, da Mazúria e da própria Silésia para se incorporarem ao novo Estado.
Em 9 de julho de 1920, o Marechal Piłsudski solicita que os cidadãos polacos se alistem nas forças armadas para a defender a Pátria. Em maio do ano seguinte estoura um novo levante na Silésia, que dura até 5 de julho de 1921. Não bastassem estes levantes desde a abril de 1919 a março de 1921, a Polônia tem que enfrentar a guerra contra a Rússia bolchevique. Os revolucionários comunistas da mesma forma que a monarquia Romanov não queriam dar independência para a Polônia. Mas finalmente, depois de muitas batalhas, com os exércitos polacos entrando em Moscou, é assinado um acordo de paz em Riga e fica estabelecida a fronteira polono-soviética no Leste.

BRASIL
O Reino do Brasil e depois a República que durante este todo este tempo recebeu grupos e mais grupos de imigrantes polacos, denominados então polacos-russos, polacos-alemães, polacos-austríacos em função dos documentos de viagem que portavam estes indivíduos, era uma nação que desde então clamava em fóruns internacionais a Independência da Polônia.

O Águia de Haia, Rui Barbosa, defensor da Polônia.

Talvez o brasileiro que mais clamou por isto tenha sido Rui Barbosa, que já em 1907, como embaixador brasileiro na 2ª. Conferência de Paz em Haia, na Holanda, declara-se partidário da independência da Polônia. Em um discurso conferência de Petrópolis, em 17 de março de 1917 declara que “Os polacos eram um povo que havia conquistado as sympathias do mundo pelas injustiças políticas que, ha mais de um século, os governos autocratas da Russia, da Allemanha e da Austria faziam cair sobre a sua cabeça”.
No decorrer da primeira guerra mundial, o presidente Hermes da Fonseca declararia em 1914,
"rigorosa neutralidade” na Guerra. Três anos depois, o Brasil anula a declaração de neutralidade em 01 de junho de 1917. Em 23 de outubro daquele mesmo ano, navios alemães afundaram 4 navios brasileiros, no Atlântico. O presidente Wenceslau Braz declara que o Brasil entra na Guerra ao lado dos aliados.
Finalmente 1918, o O Brasil se torna o primeiro país da América do Sul a reconhecer a Independência da Polônia. E em 18 de janeiro de 1919, a delegação do Brasil participa da Conferência de Paz em Paris, assinando seis meses depois, em 28 de junho de 1919, o Tratado de Versailles se tornando membro da Liga das Nações.


Quadro „Lwowskie orlęta. Obrona cmentarza” (Orlen em Lwów, defesa do cemitério) de Wojciech Kossak. Acervo do Muzeum Wojska Polskiego (Museu polaco das forças armadas).
Meninos polacos lutaram como soldados pela libertação da cidade polaca de Lwów, cidade que hoje se encontra em território da Ucrânia.
Fonte: Archiwum „Mówią wieki”


Filme "Polonia Restituta" de autor desconhecido sobre a Independência da Polônia, com imagens da época, disponibilizado pela TVN24.pl.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Julia: uma revelação de atriz

Foto: Divulgação do Filme

Fui assistir este fim de semana no Kino PodBaranami (Cinema debaixo do carneiro), o filme "33 sceny z Życia" (33 cenas da vida), levado pelas críticas que o apontam como o melhor filme polaco não só deste ano, mas dos últimos anos. Dirigido pela cineasta Małgorzata Szumowska.
Realmente um ótimo filme com grandes interpretações. Mas a história tão comum na vida de todo mundo é uma seqüência de acontecimentos trágicos que era preferível não ter visto o filme.
Mas ao contrário disto, a sensação é de que o filme merece e deve ser visto e muito pelo desempenho da jovem atriz alemã Julia Jentsch.
Não só porque Julia é bela, tem um frescor, uns olhos expressivos, um corpo sensual, mas principalmente por seu talento dramático. Julia é uma revelação das mais gratas nos últimos anos no cinema europeu.
No filme de Szumowska, a personagem de Julia, em poucos meses sofre uma série de perdas, que começa com seu cachorro, depois com a morte da mãe, do pai e o marido. Este é o único que não fica claro se morre também ou simplesmente se separa dela.
A atriz nasceu em Berlim, em 20 de fevereiro de 1978. Filha de advogados estudou arte dramática Hochschule Ernst Busch de Berlim, entre 1997 e 2001. Em recente entrevista ao jornal Süddeusche Zeitung declarou que ela odeia ser o centro das atenções, já que seus projetos são mais importantes que a sua pessoa.
Ela também é pianista. Seu primeiro papel de destaque foi no filme cult "Edukators", com Daniel Brühl. Em 2005, pelo filme "Sophie Scholl – The Final Days", ela foi nominada para o Prêmio da Academia junto como o "Melhor filme de língua estrangeira" e ganhou como atriz o "Prêmio do Cinema Europeu", além de melhor atriz do "Prêmio do Cinema Alemão" e ainda o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim. Em 2005 ela esteve, bem pertinho do Brasil. Foi a Buenos Aires promover dois de seus filmes, "Sophie Scholl - Die letzten Tage" (2005) e "Fetten Jahre sind vorbei, Die" (2004).

João Paulo II, o maior patriota

O jornal Rzeczpospolita, na véspera das comemorações dos 90 anos de Independência da Polônia, publica na primeira página, desta segunda-feira, 10 de novembro uma pesquisa de opínião sobre as figuras históricas da nação.
O papa João Paulo II recebeu 55% da preferência popular. Seguido do Marechal Józef Piłsudszki com 25%. O líder operário que derrubou a União Soviética, Lech Wałęsa ficou com 9%, o cardeal Stefan Wyszyński 7%, enquanto Ignacy Paderewski apenas 2% proc.). A pesquisa foi realizada pela empresa GfK Polonia.
Segundo o sociólogo, prof. Janusz Czapiński, ouvido pelo jornal, embora os polacos considerem 11 de novembro de 1918, a data mais importante, que a eleição do papa em 1978, ou a queda do comunismo em 1989, o 3 de maio da Constituição, o fim da segunda guerra, a entrada na União Européia em 2004, a escolha massiva do nome de Karol Wojtyła como um dos grandes patriotas da nação pode ser entendido como a de uma pessoa não só religiosa, mas de uma pessoa que por sua grandeza e significado de polonidade suplanta tudo.
Para o jornal Gazeta Wyborcza, uma outra empresa de pesquisa, a Pentor perguntou qual a data mais importante. E deu isto mesmo, 1918 é o momento mais importante da história da Polônia, que recebeu 43% da preferência, seguido da Constituição de 3 de maio de 1791 com 12%. O final da segunda guerra mundial recebeu 12%, o início do pontíficado do Papa 6%, e o fim do comunismo 4%.
O 11 de novembro tem um significado, um tanto diferente daquele que o brasileiro tem pelo 7 de setembro. A Polônia já existia antes de 1918, ou mesmo antes de 1795, como uma das grandes nações do mundo renascentista, enquanto o Brasil antes do ato de Pedro I era apenas uma colônia portuguesa.
A Independência da Polônia foi a recuperação de sua independência como Estado depois de 123 anos de invasão estrangeira. E por isto é tão importante.

domingo, 9 de novembro de 2008

Zamosc - a princesa do Leste

Foto: Ulisses Iarochinski

Já ouvi e li que "uma imagem vale mais que mil palavras". Mas a surpresa ao dar os primeiros passos pela "anoitecida" Zamość (zamóchtch - tem acento agudo no S e no C), a princesa do Leste polaco, derruba esta sentença. Pois quantas fotos eu já tinha visto, quanto já tinha lido sobre esta cidade e nada ... mas nada, nenhuma das fotos, imagens, palavras podem descrever e mostrar o real encanto de uma das mais belas cidades do mundo.
Sim! Fiquei embevecido...estou! Zamość é qualquer coisa de especial...muito especial. Sabe? Fiquei até com orgulho da Polônia ter uma cidade tão bonita. Tão Linda!
Caminhar pela "cidade velha", patrimônio da humanidade, tanto à noite, quanto durante o dia é uma revelação contínua...suas fachadas coloridas, seus edifícios simétricos, suas calçadas cobertas são algo mais que encantador... são indiscritíveis... nenhuma imagem, nenhuma foto (tal qual esta) podem transmitir o que realmente é andar pelas ruas e sentir Zamość.

P.S. Estive lá esta semana, procurando certidão de nascimento de bisavô de brasileiro descendente de polacos. Não encontrei, mas fiquei maravilhado com a cidade. Na próxima visita a Polônia, além de Cracóvia (é evidente) inclua Zamość no roteiro.

sábado, 8 de novembro de 2008

Tusk acredita na zona Euro para 2011

O primeiro-ministro Donald Tusk e o ministro da economia Waldemar Pawlak.

"A Polônia tem chances reais de entrar na zona de euro em 2011", diz o primeiro ministro da Polônia, Donald Tusk. Essa é uma tarefa difícil, mas possível.
O primeiro ministro sublinhou que o governo vai precisar da aceitação dos polacos para introduzir euro e acredita que vai conseguí-la. Ele espera também que a Polônia vai cumprir as metas para entrar na zona de euro, ou seja, pelo menos dois anos de estabilidade econômica. Banco Central da Polônia declarou a cooperação com o governo polaco em mais importantes assuntos econômicos para o país.
Antes de entrar na zona de euro têm que ser cumpridas certas condições. A inflação não pode ser maior que 1,5% do médio nível de inflação em três países da União Européia, onde atingiu o menor nível. Taxas de juros de longo prazo não podem ultrapassar em mais de 2% a média das taxas de juros em três países da União Européia com a mais baixa inflação. A dívida pública não pode ultrapassar em 60% o PIB e o déficit do orçamento em 3% do PIB. Dois anos antes de adotar o euro a moeda nacional já está vinculada ao euro (mecanismo ERM2) e o seu câmbio pode oscilar em relação ao euro somente mais/menos 15%.

Fonte: Departamento de Promoção Comercial e Investimentos da Embaixada da República da Polônia. Acesse www.saopaulo.trade.gov.pl

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Lalka de Bento Gonçalves

Lalka Kujawianka (boneca de Kujawy)

O núcleo da BRASPOL (Representação Central da Comunidade Brasileiro-Polonesa) de Bento Gonçalves está promovendo o concurso da Lalka - Boneca Viva entre as descendentes de polacos daquela cidade gaúcha. O prazo para inscrições vai até este domingo dia 9 de novembro.
Os pré requisitos são: Ter descendência polaca, residir em Bento Gonçalves, ser simpática e ter entre 3 e 8 anos. Os responsáveis pelas crianças interessadas podem entrar em contato com Thayse Noskoski pelos telefones 3453 9034 ou 3453 3888, ou participarem da reunião que acontece dia 09, na sede da Braspol, rua Bazilio Zorzi, 80 - Bairro Glória à partir das 16 horas.
A eleição da Lalka acontecerá no salão comunitário do Bairro Gloria, dia 07/dezembro, a partir das 16 horas. Será uma festa infantil, com brincadeiras, docinhos, salgadinhos, sorteio de brindes e com o desfile das candidatas ao titulo de Lalka - Boneca Viva. Este evento é realizado para preparar as pequenas meninas a concorrerem no certame maior que é a Krakowianka, ou Rainha.

P.S. As bonecas de louça com roupas típicas das várias regiões da Polônia são uma tradição, como esta da foto.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Buscador de origens viajando

Igreja de Zniatyn do seculo 17

Desta vez estou percorrendo a linha de fronteira entre Polonia e Ucrania.... Budynin, Zniatyn, Hulcze, Liwcze, Sulimow, Dolhobyczow....de longe uns 2 km vi do outro lado da fronteira a cidade de Sokal, na Ucrania... a guarda de froteira passa o tempo todo pela estradinha que liga as cidades polacas onde busca encontrar ancestrais da familia Ostrowski... boa sorte para mim e os descendentes Ostrowski brasileiros...

domingo, 2 de novembro de 2008

Dia das Almas na Polônia

Foto: AG

Os cemitérios polacos no Dia de Todos os Santos, primeiro de novembro é mais concorrido que o Dia dos Mortos (ou das almas, como é chamado na Polônia). Os polacos passaram a noite de sábado para domingo rezando nos cemitérios.

Ambos os dias são comemorados desde o século 10 pela Igreja católica Apostólica Romana. Antes disto o dia dos Mortos eram comemorado em outra data como uma comemoração pagã.

Depois da segunda guerra mundial, com o novo mapa saido da cabeça do soviético Józef Stalin, os polacos foram realocados na quase maioria das vezes de um lado para outro, quem estava no Leste e perdeu suas terras para a criação da Ucrânia como um grande país soviético, dando aos antigos rutenos terras que eram dos polacos, foram parar no extremo Oeste. Assim pessoas que estão residindo em Sczeczyn (no Noroeste do atual território da Polônia) se deslocam até Rzeszów (jéchuf) para orar nos túmulos dos seus que ficaram para trás. Num percusrso de mais de mil quilômetros. De algumas cidades da Polônia partiram neste fim de semana excursões para os cemitérios da cidade de Lwów (Lviv) que hoje estão na Ucrânia. Outras foram para Vilno, na Lituânia, pois ambas cidades milenarmente sempre foram polacas e não só nos últimos 60 anos que deixaram de ser por imposição dos vencedores da Segunda Guerra Mundial. Stalin impôs e ingleses, franceses, brasileros e Norte-americanos aceitaram.

Talvez por isto o finados é mais longo do que os países vizinhos e muitos outros países no mundo,l como por exemplo o próprio Brasil. A história Polônia, como talvez, em nenhum outro lugar, impõe tradições e costumes únicos.

sábado, 1 de novembro de 2008

Finados na Polônia é à noite

Foto: Ulisses Iarochinski

Milhares de castiçais de vidros coloridos contendo velas ficaram iluminados já nesta noite de sexta-feira para sábado. Os polacos tem por tradição rezar pelos mortos no finados durante a noite. Durante o dia limpam os túmulos, colocam flores e estes castiçais de vidro e apenas de noite voltam em família, com crianças e todos para rezar e homenagear seus mortos. A foto é no Cemitério Rakowicki de Cracóvia, o maior da cidade e o segundo do país. Nele estão enterrados grande parte dos heróis, artistas e personalidades da nação, como o pintor Jan Matejko, o diretor teatral Tadeusz Kantor e os pais do Papa João Paulo II, Emilia e Edmund Wojtyła.
A Polônia este fim de semana, ou está nas estradas (viajando) ou nos cemitérios, dos grandes da cidades aos pequenos do sertão, onde sempre ao lado de uma igreja há um campo santo. também na Polônia está o maior cemitério sem tumbas de todo o mundo: Auschwitz-Birkenau.

O maior cemitério sem tumbas do mundo: Auschwitz Birkenau. Foto Ulisses Iarochinski

Villa Decius: Troféu Sérgio Vieira de Mello

O Embaixador brasileiro na Polônia, Carlos Alberto Simas Magalhães, entrega o troféu Sérgio Vieira de Mello, a senhora Krystyna Pryjomko-Serafin. Foto:P. Mazur

Pela quinta vez consecutiva a Associação Villa Decius de Cracóvia realiza sua premiação internacional denominada Embaixador Sérgio Vieira de Mello, alto comissário das Nações Unidas, morto em atentado no Iraque.
O prêmio com o nome do diplomata brasileiro é concedido a organizações e pessoas que contribuem especialmente para coexistência pacífica das sociedades, religiões e culturas.
A cerimônia deste ano acontceu no último dia 16 de outubro, precedida da conferência internacional "Metas milenares da Cultura?"
O troféu Sérgio Vieira de Mello este ano foi concedido para a senhora Krystyna Pryjomko-Serafin, na categoria pessoal. Ela criou a Fundação Casa São Gabriel de Shiefild, que coopera com a Fundação Centro de Desenvolvimento e Cooperação, que por sua vez, ocupa-se do Centro Residência Educacional para Filhos de Prisioneiros de Instituições Penais em Arushy, na Tanzania.
Na categoria organizações, o prêmio foi para Fundação Helsinqui do Direitos Humanos.
Estiveram presentes na cerimônia o representante da Presidência da República da Polônia, o Embaixador do Brasil, o Embaixador da Suécia, Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, consulados e organizações ligadas a defesa dos direitos humanos.
A Associação Villa Decius foi fundada em 1995, por representantes do mundo das ciências, economia e cultura como o objetivo de servir ao dialogo internacional de culturas. Entre suas metas principais está o desenvolvimento de atividades para um instituto de estudos avançados, proteger a tradição da Villa Decius e desenvolver um fórum para a cooperação nas áreas culturais e econômicas.
Foto: J. Jastrzębski

A associação ocupa um antigo palácio cracoviano de 1535, construído pelo húngaro Jost Ludwig Dietz. Para a construção, ele contratou três arquitetos italianos, Giovanni Cini de Siena, Zenobius Gianotti de Roma e Filippo de Fiesole. Localizado no bairro de Sowiniec, em meio a um grande parque renascentista e muito próximo da Montanha e Bosque do Przegorzały e do Zoológico de Cracóvia.