quarta-feira, 30 de julho de 2008

Filha de ex-presidente na FM Planeta

Filha e esposa do ex-presidente Kwaśniewski.  Foto: Kapif

A filha do ex-presidente Aleksander Kwaśniewski, Ola há quase dois meses apresenta um programa na rádio Planeta FM. O nome do programa de três horas é "Niedziela Słodko- Kwaśniewska" (niedjiela ssúódco - domingo doce) e nele ela fala sobre moda, cultura, esportes, cinema e novas tecnologias além de festivais de música e filme. Para promover seu programa, Ola Kwaśniewska junto com Weronika Książkiewicz saiu em poses bastante provocantes numa foto sobre "sexo aerobico".  O programa vai ao ar todo domingo às 11.00 horas.

Pioneiros polacos no Rio Grande do Sul


Dormitório na Hospedaria da Ilha das Flores,
local de quarentena dos imigrantes, no Rio de Janeiro.

A imigração polaca no Rio Grande do Sul, geralmente, é comemorada, como tendo início, em 1875. Mas é uma comemoração que ignora, que os polacos chegaram vários anos antes.

Os primeiros polacos, comprovadamente, chegaram, em 1824, e 105 deles foram assentados junto com imigrantes saxões (atuais alemães) na Colônia São Leopoldo. Foram durante muitos anos identificados como sendo alemães.

O padre polaco, Augustyn Lipiński TJ e seu irmão Sontag TJ eram conhecidos em 1849, em Dois Irmãos, no Rio Grande do Sul. Junto com eles estava o também polaco Padre Sedlak TJ, em São José Hortêncio.

O polaco Maksymilian Borowski, silesiano de cidadania prussiana, era professor em Santa Cruz do Sul, em 1851.

Imigrantes polacos, em número cada vez maior, começaram a chegar em 1857, para serem assentados em Santa Cruz do Sul e em Santo Ângelo, na região das Missões. O coronel polaco Florian Żurowski, chegou em Santo Ângelo, nesse mesmo ano, nomeado que fora como diretor de colonização. Ainda neste ano, chegou um terceiro grupo, em Santa Cruz.

Em 1869, deu entrada no Brasil o padre Marian Giżyński para ser pároco em Boa Vista – Pelotas, Alegrete e Passo do Rosário.


O grupo de 1875 foi assentado na Colônia Conde d’EU, onde hoje é a cidade de Garibaldi, e é considerado por aqueles historiadores erroneamento como o marco inicial da imigração polaca no Rio Grande do Sul. Eles entraram com passaportes prussianos (atual alemão).

Teodor Kraszewski e Jan Danielski com suas esposas estão registrados como proprietários dos Lotes 105 e 25 respectivamente e são considerados os primeiros polacos das terras gaúchas. Junto com eles estavam os Cichoscki, Kolosa, Czarnowski, Remus, Lewinski, Kurek, Bruski, Miszewski, Bilski, Szotrymowski, Sikorski e Ozowski, Merczel, Mokwa, Babinski, Zyglinski, Krewta, Szczpanski, Jaworski, Wisniewski, Grzeczka, Kufel, Dolnic, Kolc, Müller, Hamerski, Kuszkowski, Polon e Wós.

Relatório da Assembleia gaúcha, de 27 de dezembro de 1878, apresentado no Rio de Janeiro, em sua página 114, registra a presença de 49 polacos, na colônia Caxias. Informa ainda que em 10 de junho daquele ano, 17 signatários polacos encaminharam um abaixo-assinado ao diretor da colônia de Caxias onde pediam um sacerdote.

Dois anos mais tarde, em 1877, outro grupo de 400 pessoas, identificadas como russos chegou a Porto Alegre, procedentes de Santa Maria da Boca do Monte.
Eram na verdade polacos com passaportes russos.

A partir de 1890, o número de imigrantes polacos passou a ser expressivo, no Rio Grande do Sul, com grupos chegando mês a mês.

O ativista social Antoni Hempel em viagem ao Brasil identificou em seu livro "Polacy w Brazylii" de 1893, cerca de 12.500 imigrantes polacos, chegados em Porto Alegre, entre 1890 e 1891.

No Rio Grande do Sul, cerca de 40 localidades abrigaram os imigrantes polacos no desenrolar do processo de colonização: Rio Grande, Porto Alegre, Pelotas, Camaquã, Encruzilhada, Santo Antônio, Baixa Grande, Caxias do Sul, São Marcos, Veranópolis, Bento Gonçalves, Guaporé, Casca, Passo Fundo, Getúlio Vargas, Lagoa Vermelha, Erechim, Áurea, Sananduva, Gaurama, Barão de Gotegipe, Quatro Irmãos, Ijuí, Perau, Seberi, Tucunduva, Santa Maria, General Vargas, São Luís Gonzaga, Silveira Martins, Cruz Alta, Catuípe, Três de Maio, Santo Ângelo, Santa Rosa, Alecrim, Guarani das Missões, Guaíba e Garibaldi.

Exemplo de equívoco histórico e esta foto do primeiro moinho de Ijuí. Os historiadores da cidade identificam esta família como sendo de origem austríaca, quando na verdade eram polacos, de regiões ocupadas pelo Império da Áustria, que para imigrarem tiveram como único documento de saída, o fornecido pelas autoridades austríacas.

Fonte: MARQUES, Mário Osório; GRZYBOWSKI, Lourdes Carvalho. História Visual da Formação de Ijuí, MADP/UNIJUÍ Editora, p. 20.
No final do século passado, os imigrantes polacos descontentes e sentindo-se ludibriados pelo governo queriam voltar a Polônia.

O governo russo sabedor da situação, designou o embaixador Pierre Bogdanoff para recrutar soldados para o exército russo entre os jovens imigrantes polacos do Rio Grande do Sul.

Em suas viagens pelas colônias gaúchas, Bogdanoff fazia propaganda das intenções de sua majestade em perdoá-los pela saída ilegal do Reino e de pagamento de transporte para o Cáucaso e interior da Ásia.

Em muitas colônias entretanto, o emissário teve que fugir sob ameaças de violência e morte. Os boatos se espalharam e muitos descontentes voltaram para Porto Alegre em busca do sonhado repatriamento. A situação precária de alimentação e saúde causava surtos epidêmicos de tifo e varíola.

Os polacos irritados com a penúria em que viviam acabavam provocando distúrbios. Num deles foram presos 8 deles. As autoridades gaúchas ordenaram que qualquer caso de doença fosse imediatamente comunicado.

A família Zieliński de Dom Feliciano teve algumas crianças infectadas. Alguém denunciou o fato e a polícia, em nome da saúde pública, fuzilou todos os membros da família.

Aproveitando-se da extinção da hospedaria do imigrante em Porto Alegre, os policiais espalharam muitos dos descontentes pelos portos brasileiros, a fim de que eles procurassem voltar para a Polônia.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Cidadania polaca: exigências e buscas

Volto ao tema devido às dezenas de mensagens que recebo sobre o assunto. E como sempre restam dúvidas aí estão mais alguns esclarecimentos, respondendo a um dos emails:

E-mail recebido:

"Sobre o site Saga dos Polacos, já tinham me indicado, muito bom o site. A respeito de processo com datas e tudo que exigem o consulado, pelo que vi e sei de minha família as datas e exigências estão dando o direito, mas o problema o registro que era obrigatório fazer, pelo que procurei no consulado dizem que esse registro não foi feito, então não tenho direito? E a respeito da cidade onde meus bisavôs nasceram no documento de meu avô, só consta Polônia-russa, não consta mais nenhuma cidade. Daí não sei qual seria exatamente a cidade. Teria como conseguir encontrar algo? Preço: seria 300 a 500 euro por documento? E como pago? Mais uma dúvida se diz que e por lei de sangue, que a cidade não comprova cidadania, então porque tenho que saber a cidade que meus bisavôs nasceram . Então o que vale pois nem o consulado sabe explicar. Se puder me responder ficaria agradecida."

Resposta enviada:

De 1795 a 1918, a Polônia foi invadida e ocupada ao mesmo tempo por três Estados Vizinhos: Prússia (depois Alemanha), Áustria-Hungria e Rússia. Neste longo período, os polacos possuíam apenas sua nacionalidade, mas não a cidadania. Pois esta é dada pelo Estado. E a Polônia neste período não tinha Estado. Foi neste período que muitos polacos acabaram emigrando. Foi o caso de teus ancestrais. Eles saíram provavelmente da parte que era ocupada pela Rússia, daí porque, Polônia-Rússia, escrito nos registros dos Portos.
Uma das principais exigências para o processo de cidadania é apresentar um documento emitido por uma autoridade polaca. No caso, teus ancestrais, quando emigraram, o fizeram com documento emitido por autoridade russa, pois era o Estado ocupante das terras da Polônia, onde eles viviam.

Assim, o que é possível fazer, é buscar na cidade onde este ancestral nasceu, a certidão de nascimento. Esta, ou está em uma igreja, um cartório, ou um arquivo na Polônia. O que me proponho a fazer é ir lá nesta cidade, ou onde estiver nos dias de hoje estes livros (arquivo) e tentar obter do padre, do cartorário ou do diretor do arquivo uma segunda via carimbada e autenticada. Assim você terá um documento emitido por uma autoridade polaca como exige o processo de cidadania.
Desde a entrada na União Européia, em maio de 2004, as direções dos Departamentos de Imigração, das Voivodas (províncias-estados) da Polônia, que analisam e decidem pelos pedidos de cidadania, estão interpretando a Lei de Concessão da Cidadania Polaca. Alegam estes funcionários, que se o ancestral polaco, nasceu e emigrou antes de 1918, ele não tinha cidadania polaca, pois a nação polaca estava invadida pela Rússia, Áustria e Alemanha. Assim para provar que eram polacos e não russos, austríacos ou alemães, todo o emigrante deveria ter comparecido num representação consular da Polônia no exterior e pedir o reconhecimento de sua cidadania, afinal ele era polaco, apesar do passaporte estrangeiro com que emigrou.
Assim o que o Consulado de Curitiba está dizendo, é que teu ancestral não compareceu, ou que eles não possuem nenhum registro de que teu ancestral, após 1922, quando foi criado o Consulado polaco de Curitiba, foi lá para fazer esta solicitação de reconhecimento. Nem ele, nem outros milhares de emigrantes polacos que tinham chegado aos três estados do Sul Brasileiro. Como tudo tem exceção, há um pequeno grupo de pessoas de Erechim e Guarapuava que o fizeram. Disso estão se valendo os funcionários das voivodas para exigir tais registros.
O que posso dizer é que a lei polaca permanece a mesma, basta apresentar um documento emitido por uma autoridade polaca (segunda via da certidão de nascimento) e que esta interpretação que está exigindo este registro do consulado após 1920 pode mudar, ou acabar. E então, tudo volta a ser como era antes da entrada na União Européia e o Departamento de Emigração das Voivodas polacas terão que decidir positivamente aos pedidos que apresentem estas segundas-vias de certidões de nascimento. Já existe alguma movimentação de deputados no Congresso Nacional da Polônia neste sentido, ou seja, que acabe esta exigência de  registro de comprovação de cidadania do imigrante dos consulados.  Com isso a certidão de nascimento volta a ser o tal "documento emitido por uma autoridade polaca".
O valor que cobro, é um função da distância, da localidade onde nasceu o ancestral e Cracóvia, onde moro (despesas de trem, ônibus, táxi) duração da busca (hotel, alimentação) e taxas (tradução dos registros para idioma polaco. Podem estar em russo, latim, alemão) da segunda-via. Além do meu serviço de busca. Para pagar você teria que fazer uma transferência de depósito via banco (bando do Brasil, por exemplo) para minha conta corrente na Polônia.
Cidade não comprova cidadania, apenas é onde se poderia encontrar o registro de nascimento do ancestral. Se você não sabe onde fica, o único modo seria tentar descobrir, no Arquivo Público do Paraná, em Curitiba, ou no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. São os dois únicos lugares que podem manter ainda hoje estas informações. Assim de posse das informações constando o nome do ancestral, nome de seus pais, localidade e ano de nascimento eu poderia me deslocar até esta cidade para tentar encontrar o livro de assentamento de registros de nascimento, onde estará o nome de teu ancestral.

Bernardinho na Polônia?

Foto: FIVB
Raul Lozano, o técnico da seleção polaca de voleibol, com certeza não renovará seu contrato com a Federação de Vôlei da Polônia.  Pelo menos é o que afirma o jornal esportivo Przegląd Sportowy (pjeglond sportovi) em sua edição de hoje. Assim quem poderá assumir o selecionado banco-vermelho no próximo mês de setembro é a pergunta que o periódico se faz: Quem substituirá o argentino?
As especulações recaem em três terinadores, também estrangeiros. Em primeiro lugar está o brasileiro Bernardinho.
Ao relacionar Bernardo Rezende, Przegląd Sportowy o chama de treinador dos sonhos. "Se depois das Olimpiadas de Pequin ele deixa a representação do Brasil, é preciso fazer de tudo para que venha a trabalhar na Polônia. A decisão ainda não está tomada, mas isto é um sonho de muitas federações nacionais. Mas poucas podem oferecer a ele condições e dinheiro como a nossa federação", argumenta a reportagem.
Os outros dois "candidatos" seriam, o provavelmente Daniel Castellani, argentino que é mais popular e muito mais conceituado que Lozano em seu próprio país. Segundo o jornal, Castellani já estaria aprendendo o idioma polaco. A equipe do Skra Bełchatów tem ele nas mãos e não colocaria nenhum impecílho para sua tranferência. E  Marco Bonitta, o italiano, tido como uma abstração, pois se ele consegue alguma medalha olímpica com a seleção feminina polaca na China, dificilmente haveria chance. Mas o próprio Bonitta já manifestou interesse em treinar equipes masculinas.

Tradicional moradia polaca

Os usos e costumes de um povo são facilmente identificáveis pela tradição com que se repetem, nem sempre são muito claros, em função de que outros povos possuem modos semelhantes de realizar as mesmas coisas. No caso polaco algumas destas são tão propriamente polacas que não há como confundir, como por exemplo:
MORADIA
O modo de ser, os costumes, o idioma são traduzidos no viver, na música, na comida, na cultura enfim. O povo polaco denomina sua residência com diversos nomes: Dom, Chalupa, Chycza, Strzecha, Buda e Budynek. O mais comum é chamar a residência de Dom e o antigo destes, de acordo com suas divisões e subdivisões são agrupados em dois tipos: 
a) o mais freqüente, de duas izba (quarto), dispostas simetricamente, separadas pelo sien (vestíbulo).

b) o menos freqüente, de uma só izba. No primeiro, a izba do lado direito é também denominada izba biala (quarto branco) e a do lado esquerdo, izba czarna (quarto negro). Posteriormente, o sien separando as duas izbas persistiria.


Variações da amarração do madeirame de uma habitação do meio rural polaco.



CRENDICES
A crendice popular rezava que uma nova residência devia ter sua construção iniciada num sábado, nunca na segunda-feira. Deveriam também derramar um pouco de água e centeio sob os alicerces. Se ao passar dos dias o cereal se mantivesse inalterado, o local era bom para a construção. Para durabilidade da casa costumava-se enterrar um velho evangelho e plantas bentas no local da edificação. Para confundir os maus espíritos devia-se deixar pelo menos uma parede sem pintar, para dar a impressão de que a casa não estava pronta para ser habitada.
Uma vez concluída a construção, a ocupação deveria se dar num dia de lua cheia, ou dia feliz e seguir as recomendações de: antes que qualquer humano entrasse, devia-se deixar um animal de estimação entrar primeiro, depois deveriam se introduzidos a broa, o sal, a vassoura, o livro de cânticos e um crucifixo e finalmente derramar sobre o assoalho diversas variedades de cereais. Só depois disto, a casa estava pronta para receber o mobiliário e seus moradores. Muito freqüente era o costume de colocar a inscrição de das letras K,M e B, abreviaturas dos nomes dos reis magos (em idioma polaco), na porta principal.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Olímpiadas muito caras

Manchete principal do jornal Rzeczpospolita, desta segunda-feira, 28 de julho de 2008: "Medalhas cada vez mais caras".  A reportagem fala que nunca a Polônia gastou tanto com o envio de uma delegação as Olímpiadas como agora. São mais de 72 milhões de złotych.

Tormenta foi trágica na Ucrânia

O Presidente da Ucrânia veio até a região inundada. Foto AFP

As fortes chuvas que atingiram as regiões Sul e Sudeste da Polônia no fim de semana, foi muito mais trágica além fronteira, na vizinha Ucrânia. Pelo menos 22 pessoas morreram e tentando salvar-se da tempestade que atingiu o Sudoestes da Ucrânia. O próprio presidente Viktor Juszczenko arregaçou as barras da calça para prestar solidariedade e ajuda governamental. A borrasca inundou 41 mil casas e 680 km de estradas, tendo caido centenas de pontes. "A Ucrânia não via algo acontecer nada parecido há pelo menos 100 anos", disse o primeiro-ministro ucraniano Ołeksandr Turczynow. Já o presidente Juszczenko procurou ser mais prático, quando de sua visita a região de Iwano-Frankowski, dizendo que estava liberando 1,6 milhões de hrywien (aproximadamente 706 milhões de złotych, ou 494,2 milhões de reais).
P.S. O Turczynow exagerou um pouco nos anos, afinal a Ucrânia só tem 18 anos de existência, ou quando muito 88 anos se for considerada a fundação da república socialista soviética da Ucrânia em 1922. Nesta época, a região inundada ainda era Polônia.

Paraná: Nova Polônia


Mapa da Província do Paraná em 1886. Note-se que a fronteira Sul era o Rio Grande do Sul.
Em nosso planalto frio, de pinheiro, campo e erva-mate, está integrada, como uma realidade iniciada em 1871, a colonização polonesa. A colônia polonesa faz parte da paisagem com sua apresentação típica. Com a igreja, o cemitério ao lado e casa do vigário. O colono polonês adaptou-se. Teve problemas como sempre existem e seria impossível que não existissem na migração de um meio muito diferente do de origem. Por ser o Paraná, dos três Estados do Sul do Brasil, a região que atraiu, em maior número, o imigrante polonês, quando este Estado amanhecia e se expandia, esboçando e fazendo adivinhar a realidade futura, ainda longínqua, a colônia polonesa plantou um marco na evolução desta terra. Não se pode pensar o Paraná sem a figura do imigrante polonês e as contribuições que ele trouxe. Houve, assim, uma identificação do polonês com o Paraná. Este Estado pensou ter o monopólio dessa imigração. De fato, o Paraná ficou dono do polaco. Podemos dizer aqui: o polaco é nosso. Confirmando a tese de Gilberto Freyre, da assimilação regional, como caminho para a assimilação nacional, criou o tipo específico do polono-paranaense, como integrante do continente cultural brasileiro. Ao contrário do resto do país, aqui o sobrenome polonês não soa estrangeiro. Apesar de sua freqüente dificuldade de grafia, o sobrenome de origem polonesa é uma versão que se compreende e da qual os paranaenses luso-brasileiros se habituaram e avaliam como sendo coisa genuinamente paranaense. (Bento Munhoz da Rocha Netto - ex-governador do Paraná).

As Colônias

Os governos de São Paulo e da nova Província do Paraná tiveram no século passado algumas experiências mal sucedidas na colonização do Paraná com algumas levas de imigrantes.

Estas foram as primeiras colônias implantadas na área do Paraná:
1847 - Colônia Teresa Cristina, no vale do Rio Ivaí (atual município de Cândido de Abreu) com imigrantes franceses
1852 - Colônia Superagui ( hoje Guaraqueçaba)
1860 - Colônia Assunguy (hoje Cerro Azul)
1869 - Colônia Argelina (hoje bairro do Portão, em Curitiba)
1874 - arredores de Paranaguá.

Para estas colônias foram trazidos imigrantes argelinos, franceses, suíços, alemães, ingleses e irlandeses. Os atraídos imigrantes logo se dispersavam e muitos voltavam para suas nações de origem. Somente a partir de 1871, com a chegada dos polacos a Curitiba, o processo de colonização com imigrantes começou a dar resultado.

O primeiro, a conscientemente apostar nos polacos foi o presidente de Província, Adolfo Lamenha Lins (1875-1877) que oferecia as seguintes condições aos imigrantes:
O governo fazia-os vir por sua conta, custeando a viagem da Europa ao Brasil e sustentava-os até que pudessem manter-se com os frutos da terra.
Medidos e demarcados os lotes de terras de cultura nos arredores da cidade, traçadas as estradas, entrega-se um lote a cada família, com uma casa provisória, regularmente construída.
Ao colono maior de dez anos, dá-se como auxílio de estabelecimento vinte mil réis. Cada família recebe mais 20 mil réis para a compra de utensílios e sementes.
Logo que o colono se estabelece é empregado na construção de estradas do núcleo, recebendo ferramenta necessária e cessa então a alimentação por conta do governo.
Em cada núcleo, funda-se uma escola e edifica-se uma capela, com exceção daqueles que por muito próximo da cidade dispensam esta construção. Além do trabalho nas estradas do núcleo, encontra o colono, serviço nas obras públicas gerais.
Estabelecidos por esta forma, ficam os colonos entregues à sua própria iniciativa e somente obrigados a pagar do regulamento de 1867, a sua dívida ao governo.
Esta dívida, pelo que respeita aos gastos feitos desde a chegada do colono a esta província, ainda não excedeu a 500 mil réis para cada família de 5 pessoas, termo médio, incluído o preço das terras.

Porém, esta dívida nunca foi cobrada aos imigrantes.

domingo, 27 de julho de 2008

Sobieski faz sucesso nos "States"

Foto: Kamil Porembiński

A "Wódka Sobieski" (vúdca) chegou apenas um ano atrás ao mercado Norte-americano. Os amantes da vódca polaca durante anos se concentraram apenas na marca "Belvedere".  Mas segundo a empresa Imperial Brands, a venda casada com a Belvedere, permitiu vender nos Estados Unidos a 200 mil caixas da Sobieski. Chester Brandes, presidente da distribuidora de wódka polaca nos Estados Unidos afirmou que: "Não  há dúvida, que estamos no rumo de certo para alcançar mais de um milhão de caixas nos próximos cinco anos."  A "Wódka Sobieski" é  vendida nos Estados Unidos por 10,99 dólares a garrafa de 0,75 litro e 19,99 dólares a garrafa de 1,75 litro. A Imperial Brand lançou uma campanha com o anúncio "Prawda w wódce" (a verdade em vódca). Enquanto isso a especial "Belvedere", uma das mais caras vódcas polacas continua fazendo sucesso em todo o mundo e não só a Wyborowa.  Krzysztof Tryliński, diretor da "Belvedere", lançou ações de seu grupo no valor total de 1 milhão de euros (1350 zł cada ação). No final de junho cada uma valia apenas 200 złoty. 

P.S. Enquanto isso no Brasil, muitos importadores e consumidores continuam achando que a Wyborowa é russa, desconhecendo que a verdadeira pátria da wódka (vudca - aguardente) é a Polônia. Além da Wyborowa, Sobieski e Belwedere, a Polônia possui centenas de marcas, como a Chopin, Krakowska, Dębowa, Krolewska e etc.

Causas das emigrações polacas

Imigrantes desembarcam no Porto do Rio de Janeiro - Arquivo: Ulisses Iarochinski

Quando a imigração polaca começou no Brasil, não existia o "Estado" Polaco, mas somente a nação. A Polônia, após ter sido um dos maiores países europeus nos séculos dezesseis e dezessete, foi invadido no século dezoito pelos seus três poderosos vizinhos, Rússia, Áustria e Prússia (Estado inventado por invasores alemães das terras Ocidentais da milenar Polônia). A parte ocupada pelos prussianos compreendeu a Pomerânia (ao Norte) e a Silésia. (a Sudoeste, Oeste). Foram destas duas regiões que partiram os primeiros contingentes emigratórios. para o Brasil. Entre as causas principais estavam as duras perseguições impostas aos polacos pelos invasores germânicos, como:
* Proibição da língua polaca nas escolas primárias, normais e secundárias. (Repetindo o que tinham feito no passado, ao tempo da invasão teutônica)
* Campanha sistemática para a "despolonização" dos nomes de acidentes geográficos, ruas, praças e até nomes e sobrenomes de pessoas. (Gdańsk virou Dantzig)
* Proibição para os padres católicos proferirem sermões em língua polaca.
* Forte censura da imprensa polaca
* Venda obrigatória das terras agrícolas dos polaca.
Essa campanha pela despolonização da população foi denominada de Kulturkampf.
Os russos, por sua vez, ocuparam a maior parte central e Leste das terras polacas e da mesma forma impuseram drásticas medidas para apagar qualquer traço polaco da face da terra. As medidas draconianas previam:
* Proibição do idioma polaco nos atos oficiais
* Perseguição da igreja católica e imposição da igreja ortodoxa
* Proibição do idioma polaco nas escolas
* Proibição aos polacos de ocuparem cargos na administração
Finalmente, os austríacos foram um pouco menos duros. O Império Austro-Húngaro foi obrigado a fazer concessões para as nacionalidades que viviam em terras polacas. Viena renominou a região para o nome de Galícia e a transformou numas das regiões mais pobres e de maior atraso e estagnação do Império.
Essa política de repressão comandada em conjunto pelos invasores causou enorme sentimento de revolta. Nos anos de 1830, 1863 e 1905 ocorreram violentas revoluções em solo polaco contra o domínio invasor.
Portanto, é compreensível que muitos polacos, vivendo nestas circunstâncias pensassem em emigrar. Os primeiros grupos de emigrantes partiram justamente das terras ocupadas pelos germânicos e em alguns momentos foram confundidos como sendo alemães, em razão dos nomes que portavam nos documentos ( uma das imposições dos invasores: a troca de nomes polacos por germânicos).
Por isso mesmo, tem muito descendente polaco no Brasil pensando que sua origem é alemã , ou austríaca porque o ancestral chegou com um passaporte alemão, ou austríaco, embora tenha sobrenome polaco.

P.S. Mais sobre o assunto no livro SAGA DOS POLACOS de minha autoria. Compre através do telefone (+55) 41 3336 4275.

sábado, 26 de julho de 2008

Tormentas causam prejuízos na Polônia

Foto: Michał Walczak

Depois da tormenta que atingiu a região Podkarpacie, no Sudeste da Polônia, a situação climática se estabilizou neste sábado. As fortes chuvas foram tantas que chegou a ser acionado o estado de alarme naquela voivoda. As localidades mais atingidas foram Łańców, Leżajsk, Jarosław, Przeworsk, Nisko, Stalowa Wola, Biecz, Lesko, Jasło, Sanok, Brzozów, Strzyżow, Rzeszów, Krosno e Przemyśl.

Os ventos fortes aliados a intermitente chuva causaram imensos prejuízos e o Corpo de Bombeiros dos vários municípios não tiveram um minuto de trégua.  Já foram contabilizadas perdas em mais de 400 hectares de plantações, 7 pontes caíram,  80  casas ficaram praticamente destruídas e 3 escolas completamente inundadas. 

As regiões da Silésia (Katowice) e da Małopolska (Cracóvia) também foram atingidas pela forte tormenta desta sexta-feira, mas os prejuízos foram menores, mas não menos importantes. Nos arredores de Cracóvia o vento chegou aos 80 km horários.

A Polônia milenar

Fronteiras da Polônia através dos últimos séculos desde o século 10
               Anos 1370
 -----     Antes 1772
 -----   1920 a 1939
 -----            Atual

Os vestígios mais antigos do homem em terras polacas foram encontrados ao Sul do país, proximidades de Cracóvia. Em Piekary (leia-se piécari), Ojców (leia-se óitssúf), Ciema (leia-se tchêma) e Pogórze Kaczawskie (leia-se poguje catchavisquie) existem rastros da presença do pitecantropo, que data do grande período interglacial da era quaternária. O homem de então, vivia da caça de animais herbívoros, sendo a Rena, um dos mais abundantes. O clima era frio e úmido, a vegetação era similar a que vemos, hoje, na faixa setentrional do país. Ao desaparecer a era glacial da Polônia Central, há aproximadamente 50 mil anos, surgiu o homem de Neanderthal. 
Com o decorrer dos milênios, o clima tornou-se mais quente, diminuiu a umidade e a vegetação ficou mais variada. As condições propícias para o desenvolvimento de uma agricultura rudimentar surgiram a partir de 4.200 antes de Cristo. Os habitantes daquela época encontravam-se já no período neolítico e fabricavam ferramentas. A população foi se estendendo até as terras mais férteis do Norte da Polônia (Kujavia e Pomerânia Ocidental). Os homens viviam em aldeias separadas por florestas virgens. Nas imediações de Sandomierz e na Baixa Silésia foram descobertas, em antigas minas de silício, oficinas, onde se fabricavam ferramentas deste mineral. Diversas teses procuraram explicar a presença do homem eslavo nas terras polacas. Segundo Surowiecki (1824) o continente europeu foi sucessivamente habitado pelos lapões, iberos, eslavos procedentes da Armênia, os celtas e finalmente os teutões.
No mapa antropológico elaborado em 1953 pela Universidade de Lwów, a Polônia teria sido ocupada pelos povos lapões, balto-eslavos, luzácios e germânicos. Desde o século XV, antes de Cristo, começaram a aparecer as primeiras manifestações da idade do Bronze. Ao redor do século XIII, antes de Cristo, começa a acontecer uma grande transformação nas terras polacas, devido a influência da cultura luzaciana, que compreendia as povoações da Saxônia, Luzácia e Polônia Maior (Wielkopolska). Entre 1400 e 1200 antes de Cristo, em quase todas as regiões polonesas predominaram os elementos da cultura luzaciana, tal como se aí houvesse se processado uma estandardização dos gostos, das tendências e das necessidades ambientais. Apenas nas regiões centrais continuaram atuantes os representantes de uma das culturas anteriores pré-eslavas. No Sudeste, podiam ainda se ver discretas evidências dos povos Kimeros. Somente no início da era do ferro, no ocidente polaco, a cultura luzaciana começou a ceder espaço para a expansão germânica e no Sudeste para a cultura iliriana. No período latense, entre 500 e 350 antes de Cristo, ainda persistiam algumas ilhas luzacianas em meio a territórios ocupados pela expansão saxônica (alemã), enquanto no Sudeste, iniciava-se a expansão Cita.
Entre os anos 350 e 150 A.C. processou-se a expansão Celta em toda a faixa meridional polaca. Entre os anos 150 a 1 depois de Cristo, em todas as áreas eslavo-polonesas foram assinaladas esporádicas manifestações da cultura dos Burgúndios e dos Vândalos. Entre os anos 150 e 250 D.C. os Gôdos percorreram as áreas setentrionais dos territórios polacos em direção ao Leste, enquanto os burgúndios e vândalos persistiam nas demais regiões.
Para Jan Kostrzewski, da Academia de Ciência da Polônia, antes da criação da nação polaca, há mais de 1000 anos, quando os povos germânicos ainda não havia nem se espalhado sobre as regiões do médio Rio Elba (quanto mais ao seu curso superior), as terras eslavas já eram habitadas por inúmeras tribos eslavo-polacas. Há mais ou menos 3 mil anos os pré-eslavos deixaram inúmeros cemitérios do tipo luzaciano nas diversas regiões polacas. Portanto, as terras polacas SEMPRE FORAM DOS POLACOS e não como alguns querem fazer crer que aquelas terras teriam sido alemãs.
P.S. Mais sobre o assunto no livro SAGA DOS POLACOS de minha autoria. Compre através do telefone (+55) 41 3336 4275.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Blog completa um ano de existência

Tendo como fundo a Igreja de Santa Maria - a Mariacka do Rynek de Cracóvia, aponto para você leitor amigo com as últimas da Polônia.

O blog JAROSIŃSKI do Brasil está completando hoje, um ano de existência, neste 25 de julho... Dia de São Cristóvão e Dia dos Motoristas do Brasil.

Diariamente, desde Cracóvia, na Polônia, onde faço estudos de história e cultura internacional, tenho escrito em média dois textos por dia. São notícias factuais, curiosidades, notas históricas, receitas da culinária polaca, músicas e vídeos de cantores e artistas da atualidade polaca. Foram exatamente publicados 825 textos (somando este).

A idéia básica desde o início foi suprir de alguma forma, em língua portuguesa, um pouco da realidade deste país da Europa Central, tão pouco divulgado pela imprensa brasileira e portuguesa. No caso brasileiro, em função dos grandes veículos de comunicação estarem concentrados no eixo Rio-São Paulo, desconhece-se que Curitiba, o Paraná, Porto Alegre e o Rio Grande do Sul concentram um dos maiores grupos da etnia polaca em todo o mundo.

Curitiba, a capital dos paranaenses, até 1947, tinha metade de seu munícipio denominado como Distrito de Nova Polônia, e portanto, é, de modo geral e não oficial, a terceira maior cidade polaca em todo o mundo, ficando atrás apenas de Varsóvia e Chicago. Assim, a carência dos brasileiros descendentes de polacos por informações da Polônia foi uma das maiores causas da criação deste blog.

No caso, português, a cada dia Portugal se dá conta da importância da nação do Leste. A cada dia que passa aumentam os investimentos de empresas portuguesas na Polônia. A dificuldade do idioma polaco tem atrapalhado um pouco as relações entre os dois países.

Digo isto, porque, os maiores acessos ao blog são justamente de Curitiba, Cracóvia, Varsóvia, Lisboa, Porto, Porto Alegre, São Paulo, Osaka e cidades dos Estados Unidos.

Enquanto estiver estudando e morando na Polônia, este blog permanecerá no espaço cibernético da Internet. Pode virar livro e pode tomar outros rumos no futuro... Enquanto nada disso acontece, continuarei publicando minhas impressões e informações deste mundo maravilhoso que é a Polônia e sua história como Nação e Cultura.  

A mazurca de Dąbrowski


O mais antigo Hino polaco era a canção que começava com o verso, “Mãe de Deus, Virgem Maria”. Ela foi cantada nos campos de batalha de Grunwald e Warna.
O Hino Nacional da Polônia foi mudado várias vezes no decorrer dos séculos até que surgiu a música dos batalhões polacos em 1797. O general Jan Henryk Dąbrowski quando formou a Legião Polaca em terras da Itália para lutar junto aos exércitos de Napoleão Bonaparte.
Józef Wybicki escreveu a letra para a melodia de uma mazurca, que seria cantada pelos soldados, pela primeira vez, em julho de 1797, nos campos de batalhão da região italiana da Reggio Emilia.
A “canção das legiões” como foi conhecida passou a ser cantada pelo povo polaco sempre nos momentos solenes e festas patrióticas e históricas. Os ocupantes das terras polacas, quando da revolução de 1863 a proibiram, pois o povo polaco saiu às ruas em grande número cantando a mazurca de Dąbrowski. Mas ela voltaria com toda a força dos pulmões e corações patrióticos durante a Primeira Guerra Mundial quando eslavos de todas as nações subjugados a entoaram durante os embates. Unidos numa só voz, polacos, tchecos, eslovacos, croatas, macedônios, búlgaros, eslovenos, bósnios, sérvios e iugoslavos fizeram dela seu canto de guerra e libertação.
A mazurca de Dąbrowski foi reconhecida oficialmente como Hino Nacional da Polônia em 1926. E em 11 de março de 1980, um decreto do governo comunista a instituiu finalmente como símbolo da Pátria Polaca.


Polski Hymn Narodowy
Mazurek Dąbrowskiego
Słowa: Józef Wybicki

Jeszcze Polska nie zginęła,
Kiedy my żyjemy.
Co nam obca przemoc wzięła,
Szablą odbierzemy.
Marsz, marsz Dąbrowski,
Z ziemi włoskiej do Polski!
Za twoim przewodem
Złączym się narodem (bis)
Przejdziem Wisłę, przejdziem Wartę,
Będziem Polakami.
Dał nam przykład Bonaparte
Jak zwyciężać mamy.
 Marsz, marsz Dąbrowski…
Jak Czarniecki do Poznania,
Po szwedzkim zaborze,
Dla Ojczyzny ratowania
Wrócim się przez morze,
 Marsz, marsz Dąbrowski…
Już tam ojciec do swej Basi
Mówi zapłakany:
„Słuchaj jeno, pono nasi
Biją w tarabany.”
 Marsz, marsz Dąbrowski…



Hino Nacional Polaco
A Polônia não desaparecerá
Enquanto nós estivermos vivos.
O que os estrangeiros nos tiraram
Com sabre reaveremos.
Marche, marche Dombrovski
Das terras italianas para a Polônia
Sob teu comando
Nós nos uniremos com a Nação.
Atravessaremos o Vístula,
Atravessaremos o Varta
E seremos polacos.
Deu-nos o exemplo Bonaparte
De como devemos vencer.
Marche, marche Dombrovski...
Como Czarniecki para Poznan
Após a invasão sueca
E para salvação da Pátria
Voltaremos pelo mar.
Marche, marche Dombrovski...
Lá o pai para sua Barbarazinha
Disse todo choroso:
“Ouça, são os nossos
Eles estão batendo tambores.
Marche, marche Dombrovski...

Viver na Polônia - terra de origens

Foto: Ulisses Iarochinski

Do alto do Przegorzały, em Cracóvia, vivo meus dias na Polônia, tendo como cenário, quase que permanente, este panorama do rio Vístula e ao fundo, bem ao fundo, as montanhas Tatras. Tem sido um período de aprendizado importante. Conhecer a Polônia, terra dos meus avôs, tem sido mais que um período de estudo, tem sido a realização de sonhos acalentados desde a infância, de buscas de respostas do porquê tenho este sobrenome, porque tenho esta origem. Tem sido gratificante, recompensador e muito bonito.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Ave Maria

Logo após ter postado aqui o Pai Nosso, muitos leitores solicitaram que também reproduzisse neste espaço a oração da Ave Maria, assim pois, aí está ela em idioma polaco:

Pozdrowienie Anielskie

Zdrowaś Maryjo łaskiś pełna,
Pan y Tobą,
Błogosławiona Ty między niewiastami
I błogosławiony owoc żywota
Twojego Jezus,
Święta Maryjo, Matko Boża,
Módl się za nami grzesznymi teraz
I w godzinę śmierci naszej.
Amen!

pronúncia: sdrovach mario uaskich peuna, pan i tobon, buogossúaviona ti miendzi nievistami i buogossúavioni ovotz jivóta tvoiego iésus, chwienta mario matco boja, múdl chien za nami gjechnimi téras i v godjinen chmiertchi nachei. Amen.


quarta-feira, 23 de julho de 2008

O dragão de Wawel cospe fogo


Foto: Ulisses Iarochinski
Nas margens do rio Vístula, sob a colina de Wawel, em Cracóvia, uma caverna lembra a lenda do Dragão de Wawel. Em frente à escultura, os turistas se posicionam a cada 15 minutos na tentativa de conseguirem clicar o exato momento em que o dragão solta fogo pelas ventas.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Origens polacas: dificuldade de buscas


Todos os polacos que estavam nas áreas em vermelha do mapa da Polônia de 1938 foram recolocados para as áreas em azul, que com alguma diferença de demarcação em relação a este mapa ficou sendo o atual território da Polônia.

Alguns leitores do blog e do meu site Saga dos Polacos frequentemente perguntam como localizar suas famílias na Polônia. Costumo responder a todos, mas para facilitar a novos leitores e interessados aproveito o espaço para dizer que é, em parte, bastante difícil fazer esta procura. Isto porque as migrações internas da Polônia, causadas principalmente pela Segunda Guerra Mundial, quando milhares de pessoas foram relocadas do Leste, para o Centro, ou Oeste do novo território pós-guerra, e pelo período comunista, deslocou as famílias de suas regiões de origem. Todos aqueles que estavam no Leste e não eram rutenos, cossacos foram retirados para que ali naquelas terras ficasse tudo para os ucranianos (nova denominação dos rutenos a partir de 1922).

Assim é possível encontrar sobrenomes de brasileiros descendentes de polacos por várias cidades da Polônia, e não apenas na localidade de onde saiu o ancestral imigrante do brasileiro. Na maioria das vezes no local de origem não restou ninguém. Mas a dificuldade maior não é nem esta. Os polacos atualmente têm poucas referencias de seus ancestrais, como tios-avôs, primos...o que é comprensível pelas guerras e períodos de opressão, assim têm dificuldade em saber se são seus parentes diretos, ou se apenas têm seus sobrenomes.

Infelizmente não existe um serviço de busca de parentes nos órgãos do governo, ou arquivos.
A forma de encontrar rastros de famílias do ancestral imigrante é saber de onde ele partiu. E sobre isto não existe registro na Polônia. Deve-se procurar esta informação a partir de registros  no Brasil, como cartórios e arquivos públicos, mas principalmente no Arquivo Nacional Brasileiro, sediado no Rio de Janeiro. Lá é possível localizar a lista de navios, a lista de passageiros destes navios, a lista de hóspedes da Ilha das Flores (local onde os imigrantes ficavam em quarentena antes de serem destinados às colônias) e também um arquivo da Polícia Federal, nos Estados do Paraná e Rio Grande do Sul, do período logo após a implantação da Lei de Nacionalização do Presidente Getúlio Vargas. Neste arquivo é possível saber a localidade de onde partiu o imigrante na Polônia. A partir do nome e sobrenome da pessoa, de seus pais, ano e local de nascimento é possível fazer as buscas na Polônia, seja do local de origem, de certidões de nascimento, casamento e óbito dos ancestrais e a partir daí tentar encontrar os atuais familiares, ajudando inclusive a estes polacos a se reencontrarem com suas origens. Sem estes dados é praticamente impossível fazer qualquer busca.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Governo preocupado com construção do estádio

Manchete principal do jornal Rzeczpospolita desta segunda-feira, 21 de julho de 2008 fala

"como Borowski constrói o estádio nacional".

domingo, 20 de julho de 2008

Tarpan é melhor que mustangue


Na região dos lagos polacos, entre quatro deles, Bełdany, Mikołajewskie, Śniardwy e Wartoły, existe uma reserva florestal, onde se pode admirar ainda hoje uma das mais antigas raças de cavalo da Europa, o cavalo polaco Tarpan. Este antigo cavalo segundo especialistas é uma das duas mais antigas raças pré-guerras, que ao contrário do americano mustangue sempre viveu livre.
Na reserva "Ostoja Konika Polskiego” é possível conhecer de perto esta raça pós era do gelo e que sobreviveu a todas as mudanças climáticas do planeta e chegou aos nossos dias. Não só a Polônia tem este privilégio, também no território lituano eles existem ainda. Em latim, n o século 18, ele foi chamado de "Equus silvestris", cavalo silvestre. Em dos primeiros estudos sérios sobre esta raça foi apresentado em 1914 por Jan Grabowski e Stanisław Schuch. Segundo, estes dois, nos arredores de Biłgoraj no Sudeste do atual território da Polônia, foram encontrados vivendo livremente estes cavalos primitivos.
Em meados dos anos vinte, Tadeusz Vetulani, professor da Uniwersytet Poznański, escreveu uma interessante hipótese sobre a sobrevivência desta raça nas estepes da Europa do Leste, que vivendo livre se tranbsformou no cavalo silvestre - Tarpan. Em 1923, foi organizado o primeiro haras, em território polaco, com o objetivo de preservar este "cavalo polaco". Com apoio governamental ele foi criado, em Janów Podlaska, como "Państwowej Stadninie Koni". Em 1936, com a iniciativa do Professor Tadeusz Vetulani, foi criada a reserva de cavalos em Białowieży, onde pela primeira vez se fez uma seleção para regenerar a raça Tarpan, ou cavalo silvestre polaco. Depois da morte de Vetulani em 1952, os cavalos de Białowieży foram transferidos para Popielna, onde por algum tempo se encontrou o principal haras de cavalos genuinamente polacos.