quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Sorriso amarelo de Kaczyński

Ilustração:  J. Gawlowski

O Presidente Lech Kaczyński, após o incidente do último domingo na Geórgia, tem tido que responder a perguntas do tipo: "Não foi uma irresponsabilidade ir até a fronteira da Ossétia do Sul de improviso?
A imprensa polaca não para de questionar o Presidente da República. Críticas surgem de todos os lados, quando - talvez - o normal seria colher elogios por sua ação de solidadariedade aos georgianos. No seu intuito de demonstrar seu apoio ao presidente Micheil Saakaszwili e sua "missão anti-russa", na presidência do país, ele parece não ter previsto as conseqüências do passeio. Não só pela sua condição de autoridade máxima da Polônia, mas também como representante da União Européia e a OTAN.
Por isso seu sorriso tem sido amarelo nos últimos dois dias, apesar de todas as suas boas intenções.
Paweł Zalewski, ex-ministro das relações exteriores, é uma das poucas vozes que alertam sobre o fato de que o incidente de domingo não foi suficiente para o mundo, os Estados Unidos e a União Européia se darem conta da grave situação em que se encontra a Geórgia em sua luta do minúsculo David contra o gigante russo Golias. "O Presidente teve o direito, e pode até obrigação, de alertar o mundo sobre a situação na Geórgia. Mas desta vez ultrapassou a verdadeira fronteira, a qual é arriscar a segurança nacional". 

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Miedviedev chega ao Rio de Janeiro

Enfim... está explicada a mudez do jornal o Estado de SPaulo sobre os disparos efetuados por soldados russos no território da Geórgia há dois dias atrás. Sim, porque a Ossetia do Sul, ainda faz parte do território georgiano. Ou não? Até agora, passados mais de 15 anos, que "ossetianos" se declaram independentes, apenas a Rússia e a Nicarágua reconheceram a região como um "Estado". Mas que "estado" é este, se quem controla "a fronteira" é o exército de Miedwiedew?


Ah! sim... a notícia esclarecedora do mutismo ao ataque contra os presidentes da Polônia e da Geórgia, no último domingo é esta:


Medvedev chega ao Rio para estreitar relações com Brasil
RIO - O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, inicia nesta terça-feira, 25, uma visita oficial ao Brasil com o objetivo de estreitar a cooperação em matéria de defesa e impulsionar o comércio bilateral. Esta é a primeira vez que Medvedev vem ao País, mas a agenda entre os dois países é antiga, com demandas travadas de ambos os lados. A visita do presidente da Rússia, Dmitri Medvedev ao Brasil faz parte de uma viagem à América Latina que inclui também Venezuela e Cuba.

O Estadão reproduz material da BBC neste "lead" de notícia. Será que não quiseram atrapalhar as negociações de carne e tecnologia militar entre o russo e o governo e os empresários brasileiros?

Icone polaco em terras alagadas de Santa Catarina

Lindas e perfeitas bailarinas polacas do Cia. de Danças Mazowsze de Varsóvia

Dias atrás, o consulado brasileiro em Varsóvia teve que trabalhar muito e rápido. Em dois dias, Paulo ajudado por Almir e colegas da Embaixada do Brasil liberaram visto de trabalhado para 96 artistas e uma dezena de acompanhantes vips da Cia. de Dança e Canto Mazowsze da Polônia.
Ícone do folclore da Polônia, o grupo com 4,5 toneladas de bagagem e 96 componentes, entre corpo de baile, coro e orquestra, faz uma turnê por seis cidades catarinenses.
Lourival Araújo Filho, diretor artístico do Wisla - Grupo Folclórico Polaco do Paraná, de Curitiba, assistiu o espetáculo de estréia no Festival de Danças de Joinville, no último dia 23 de novembro, e resume sua emoção assim: "mesmo com a chuva que fazia zunir o telhado de zinco do Centreventos Cau Hansen em Joinville-SC, o maior ícone do folclore polonês, a Cia de Danças Mazowsze, fez o povo catarinense esquecer das calamidades provocadas pelo mal tempo que assombram o lado de fora daquela belíssima instalação. .../ aqueles que enfrentaram a chuva e a estrada (nosso caso) saíram com sorriso aberto, olhos reluzentes e certos de que a cultura polonesa é composta de maravilhas marcadas pelo colorido dos trajes, pela alegria das coreografias e pela harmonia de suas músicas . Não tenho dúvidas de que o público presente há muito não via um espetáculo tão emocionante. Mesmo tendo assistido o Mazowsze no Brasil e na Polônia, confesso que tamanha emoção jamais havia sentido..../".



Lourival, que já dançou no grupo Sowianki da Universidade Iaguielônia de Cracóvia e até recebeu convite para dançar no Mazowsze, relembra que, "A presença do Mazowsze no Brasil é, sem dúvida, fruto do compromisso cultural do Governador do Estado, o Dr Luiz Henrique e também de pessoas como o Sr Ely Diniz da Silva Filho, Diretor do Festival de Danças de Joinville, gente que pessoalmente esteve na Polônia pra conhecer e procurar uma Cia de Danças que pudesse encantar o público do Sul do país..../ Conversando depois com o Sr Ely Diniz, lembrávamos que nos conhecemos em Cracóvia na Polônia e que na ocasião ele, juntamente com o Governador de Santa Catarina procuravam um grupo eslavo de alto nível pra trazer para o Estado. Eu em companhia do jornalista Ulisses Iarochinski, disse que o Mazowsze seria exatamente o que eles procuravam. Fico feliz em poder com tanta emoção ver o Mazowsze no Brasil, mais feliz ainda fico por ver o brilho nos olhos de meus amigos amantes da cultura polaca, fãs do Mazowsze, que tiveram a oportunidade de assistí-lo no Brasil, de pertinho. Enfim, parabéns aos envolvidos na organização da Turnê Mazowsze pelo Estado de Santa Catarina. Parabéns ao Mazowsze e parabéns a todos aqueles que estiveram presentes num espetáculo folclórico polaco maioral."
O Mazowsze iniciou a temporada brasileira, em Florianópolis  no dia 22 último, na inauguração do o Teatro Governador Pedro Ivo Campos, anexo ao Centro Administrativo de Governo (Rodovia SC-401, km 5, nº 4.600). O novo espaço cultural de Florianópolis tem 750 lugares.
A apresentação do Grupo Nacional de Canto e Baile Popular da Polônia na turnê em Santa Catarina custa R$ 20,00 (inteira), R$ 15,00 (sócios) e R$ 10,00 (meia-entrada). E Poderá ser visto ainda: em Criciúma: 26/11,  Jaraguá do Sul: 29/11, Blumenau: 30/11.
Em agosto último, o Governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silvera assinou acordo entre a compania e escola de danças polaca e a Fundação de Promoção e Culture da cidade Criciuma. O acordo foi então assinado, em Varsóvia, no dia 29 de agosto passado e referendado pelo presidente da voivodia da Mazóvia, Adam Struzik e o embaixador Brasileiro, Carlos Alberto Simas Magalhães. E no dia 3 de novembro, o governador Luiz Henrique da Silveira, entregou para a presidente da Fundação Cultural de Criciúma (FCC), Iara Gaidzinski, a chave e a escritura do prédio onde funcionará, a partir de agosto de 2009, o Instituto de Canto e Danças Folclóricas Mazowsze no Brasil, em Criciúma. Também participou do evento o prefeito Antonelli, um dos incentivadores e mediador do projeto. A edificação - localizada na Rua Marcelino Chanpagnat, esquina com a Presidente Kennedy, no bairro Pio Corrêa – pertencia à empresa Fontana e foi desapropriada pelo Governo do Estado e repassada ao Instituto que presidente a sra. Iara, que adiantou que o prédio deve ser reestruturado em nove meses. "Dentro de alguns dias estaremos recebendo representantes da escola na Polônia para conhecer e avaliar a estrutura. Eles nos darão as coordenadas sobre a arquitetura e os equipamentos que precisam ser adquiridos para adotar o modelo do instituto polaco".
A cidade de Crisciuma é conhecida por abrigar o maior número de habitantes de origem polaca no Estado de Santa Catarina. Empresas do porte de Azulejos Eliane é propriedade de um descendente de polacos. E o Estado ainda abriga um contingente bastante grande da população que descende de imigrantes polacos. Estes chegaram pela primeira vez em 1869, em Brusque, no Vale do Itajaí. Eram 32 famílias originárias da Silésia polaca. 20 anos depois, aqueles imigrantes que trouxeram na bagagem artefatos e experiência introduziram pólo têxtil mais importante do país. Foram os polacos e não os vizinhos alemães de Blumenau que começaram a confeccionar tecidos em Santa Catarina. Depois disso continuaram a chegar imirantes polacas que se fixaram nas regiões Norte e Nordeste. Um dos maiores grupo chegou a São Bento do Sul em 1973. Outro na colônia Lucena, hoje munícpio de Itaiópolis. Foram ainda para Porto União e Canoinhas. Em 1926, os polacos seguiram para o Meio-oeste, atingindo Caçador e Rio das Antas, constituindo outras comunidades no Oeste e Extremo-oeste até a década de 1940. Eles também ajudaram a colonizar o Sul do Estado e são o maior grupo étnico no Paraná e Rio Grande do Sul.
Esta é a quarta-vez que o Mazowsze vem ao Brasil. A mais recente foi em julho de 2005 onde abriu a 23ª edição do Festival de Dança de Joinville. 
Embora tenha sido criado oficialmente por um decreto do Ministro de Arte e Cutura em 8 de novembro de 1948, a idéia de formar um grupo folclórico que pudesse preservar certos aspectos da tradicional cultura polaca, como músicas e canções sertanejas da região da Mazóvia (onde está localizada a capital Varsóvia) já vinha de muito tempo atrás. A primeira seleção para o Mazowsze ocorreu há 60 anos e contou com 5 mil participantes de toda a Polônia. De acordo com os registros, destes, apenas 180 foram selecionados - tinham boa voz, conhecimentos musicais e talento extraordinário para o bailado. 

Na foto acima, está o grupo, que depois de dois anos de estudos e ensaios, estreou no Teatro Polaco de Varsóvia em 1950. O professor Tadeusz Sygietynski, compositor e amante do folclore, junto com sua esposa Mira Zimińska-Sygietynska, atriz que havia iniciado sua carreira no período pré-guerra haviam prometido que se sobrevivessem aos horrores cometidos por nazistas e soviéticos criaram um grupo folclórico.  Foi assim que a senhora Ziemińska encerrou sua carreira de atriz e começou a organizar o projeto do grupo. Sygietyński, o compositor, com base em sua experiência em rádio e teatro foram para o campo pesquisar o que o povo cantava e dançava. Não demorou muito para encontraem jovens talentos e depois de vários acordos, o grupo-escola estabeleceu-se em Karolin, localidade nos arredores de Varsóvia, onde existia uma grande propriedade desde o século 19. Desde então, o Mazowsze vive e cria em Karolin, onde 70% da companhia tem menos de 30 anos. 
No jornal Diário Catarinense, Edson Bush Machado escreveu que, "Do sonho em buscar a inclusão social de jovens e adultos e promover seu crescimento pessoal e desenvolvimento profissional - por meio da cultura - a realidade, ao implantar no Brasil uma escola de canto e de dança de excelência utilizando programas e metodologias de ensino da Companhia Nacional de Folclore "Mazowsze" Tadeuz Sygietynskiego: assim se inicia nova página da história recente do Estado de Santa Catarina, (...) A exemplo do êxito na iniciativa da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, a Escola de Folclore Mazowsze no Brasil haverá de concretizar o sonho de muitos catarinenses ao disseminar conteúdos culturais e encantar platéias pela beleza, alegria e qualidade artística."  A escola russa do Bolshoi funciona com êxito na cidade de Joinville já há alguns anos. 
P.S. Quem sabe não está na hora da cidade de Blumenau abrir a uma escola nos mesmos moldes, só que alemã. Minha modesta sugestão ao governador Luis Henrique da Silveira é: Pina Bausch. A coreógrafa e dançarina alemã é o que existe de mais representativo na dança contemporânea mundial. Sua escola Tanztheater Wuppertal Pina Bausch em Wuppertal é uma das mais concorridas da Alemanha e do mundo. Recentemente Pina ganhou o Prêmio Kyoto 2007 e o Prêmio Goethe neste ano. Segundo a Deutsche Welle, Pina revolucionou o mundo da dança. O “principal produto alemão de exportação“ dança e coreografa em todos os continentes. Mesmo assim, Pina Bausch – altamente talentosa e premiada – se mantém fiel à cidade de Wuppertal.

Sikorski: herói exumado


Hoje, no Panteão Nacional, na Catedral do Castelo de Wawel, em Cracóvia, especialistas e peritos começam trabalho de exumação de um dos heróis contemporâneos da Polônia. A tumba do general polaco Władysław Sikorski (vuadissuaf sicorsqui - em português Ladislau) será aberta ainda pela manhã.
A exumação vai tentar responder qual foi realmente a casa de morte do comandante das forças armadas polacas durante a Segunda Guerra Mundial. O General Sikorski foi morreu, segundo as versões conhecidas até hoje, poucos minutos depois de seu avião explodir no Estreito de Gibraltar.
O sarcófago se encontra na cripta Leonardo desde 15 anos atrás, quando os britãnicos devolveram o corpo do general a Polônia. O resultado das análises ainda vai demorar algumas semanas para ser divulgado. Até lá, o que todos sabem é que Sikorski morreu, no dia 4 de julho de 1943, na possessão britânica às margens do Mar Mediterrâneo num acidente aéreo.
Os especialistas irão analisar o código genético DNA para saber se realmente o corpo que voltou a Polõnia em 1943 é realmente do general polaco.



Foto no jardim interno do famoso endereço da Downing Street nr 10 em Londres: ministro britânico das relações extreiores lord Edward Halifax, o primeiro-ministro e marechal polaco Władysław Sikorski, o primeiro-miistro da Grã-Bretanha Winston Churchill e o chefe da dimplomacia polaca August Zaleski.

Władysław Sikorski, que nasceu Tuszów Narodowy, em 1881,  foi militar e político dos mais importantes das história da Polônia. Ainda como oficial do exército invasor austríaco trabalhou junto com Józef Piłsudski. Em 1917 ao fim da primeira guerra mundial acabou em crise com Piłsudski, pois este não queria que a legião polaca ficasse sob as ordens do rei Wilhelm II. Em 1920,  Sikorski surpreendeu as forças bolcheviques russas, que esperavam um vitória fácil contra a Polônia. Na Batalha de Varsóvia, Sikorski derrotou os russos.
Com o retorno da Polônia no mapa da Europa, Sikorski ocupou vários postos de governo, inclusive o de primeiro-ministro entre de 1922 a 1923 e ministro da defesa de 1923 a 1924. Com o golpe de estado de Piłsudski em 1926, o general perdeu a confiança dos pares de governo. Antes de explodir a segunda guerra mundial em 1939 estava na oposição do regime. Mas acabou por se tornar novamente o primeiro-ministro do Governo da Polônia no exílio e comandante em chefe das Forças Armadas polacas.
Em abril de 1943, o ditador soviético Iósif Stalin rompeu as relações soviético-polacas depois de uma petição de Sikorski de que la Cruz Vermelha Internacional investigasse o masacre de Katyn. Meses depois, em julho de 1943, Sikorski morreu num acidente aéreo logo depois de levantar vôo do aeroporto militar de Gibraltar. Às 22 horas daquela noite, o avião percorreu os 1650 metros da pista com 17 ocupantes a bordo e se elevou a 690 metros de altura. Tudo parecia ir bem, súbito o avião perdeu altitude de forma brusca e o piloto apenas teve tempo de desligar os os motores antes do avião bater nas águas do mar. Lanchas de salvamento conseguiram resgatar três corpos; dois deles eram o cadáver do general Sikorski e o chefe do Estado Maior, Klimecki. O terceiro era o piloto Prchal, ainda vivo.  Nos dias seguintes foram encontrados os demais corpos, menos o de Sofia Sikorski,  o do segundo piloto e do "senhor Pinder". Apenas o piloto que sobreviveu usava colete salva-vidas.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Atentado contra presidentes na Geórgia

Mikheil Saakashvili e Lech Kaczyński entre seguranças. Foto: AFP

O comboio de limusines dos Presidentes Lech Kaczyński e Mikheil Saakashvili foram alvejadas por disparos próximo a fronteira com a Osetia do Sul, no território da Geórgia. As três sérire de disparos partiram de carabinas de grosso calibre do controle russo. Ninguém ficou ferido ou morto.
O chefe de gabiente da presidência, ministro Michał Kamiński, disse foram ouvidas três séries de disparos contra o comboio. Por sua vez, o presidente georgiano Saakashvili, em coletiva de imprensa afirmou que "Certamente foi uma provocação" e definitivamente os disparos partiram do lado onde estão estacionadas as forças armadas russas.
Lech Kaczyński foi a Geórgia para celebrar o quinto aniversário da Revolução Rosa. Os dois presidentes se deslocaram de improviso ao local onde estão os refugiados do conflito Geórgia-Rússia.
Por sua vez, fontes dos veículos de comunicação da Rússia disseram que realmente foram feitos disparos de alerta, precisamente a 30 metros da fronteira entre Geórgia e Osetia do Sul. Moscou entretanto, negou que tenham sido russos, ou osetianos, os autores dos disparos.
O presidente polaco negou também que seu avião tenha sobrevoado o espaço aéreo russo quando ele viajou para a capital da Geórgia, Tbilisi. Quando eram 23:00 do domingo, o avião presidencial polaco pousava de retorno no aeroporto de Varsóvia, encerrando a curta e acidentada viagem ao vizinho georgiano.
A imprensa, televisão e rádio polacos parmaneceram todo o tempo no acompanhamento do incidente e seus desdobramentos. Na manhã, desta segunda-feira, os principais jornais do país chegaram às bancas com as seguintes manchetes:

Rzeczpospolita: Série de disparos próximos as cabeças presidenciais.
Dziennik: Na fronteira com russos, gritaram georgianos?
Gazeta Wyborcza: Presidente Kaczyński testa russos na Geórgia




Enquanto a imprensa alarmava a população da Europa Central, o incidente só teve repercussão da imprensa da Europa Ocidental, no jornal britânico "The Herald" publicou em notícia interna a seguinte manchete: "Tropas russas dispararam contra dois líderes".
No Brasil, não houve uma linha sequer sobre o atentado no jornal "O Estado de SPaulo", que preferiu noticiar mortos em Bagdad, mortos na China, Mugabe rejeita visita de Carter, eleições no partido socialista francês, tibetanos, eleições na Venezuela, Coreano visiat Bush, Israel e crianças palestinas... Mas nada do conflito Rússia-Geórgia, nada das comemorações da revolução rosa na Geórgia, nada das comemorações ucranianas lembrando os assassinados pelo comunismo soviético em 1932....Nada!
O Globo deu esta notícia com a manchete:
"Ataque contra presidentes da Geórgia e Polônia." seguida da notícia:
"TBLISI - A caravana de veículos onde estavam os presidentes da Geórgia, Mikhail Saakashvili, e da Polônia, Lech Kaczynski, foi atacada no domingo a tiros em uma zona adjacente à separatista Ossétia do Sul, na faixa controlada por tropas russas, mas os dois chefes de Estado saíram ilesos.
- Foram disparados vários tiros contra a caravana - disseram fontes do departamento de informação do Ministério do Interior da Geórgia. O oficial de guarda disse que os presidentes se dirigiam a um campo de refugiados para presenciar a entrega de ajuda humanitária e pelo caminho, a pedido de Kaczynski, pararam junto ao distrito de Akhalgori, zona controlada pelas tropas russas. Naquele momento, segundo relatou a um dos guarda-costas do presidente georgiano, soaram três séries de disparos, aparentemente de fuzil, embora nenhuma bala passou perto dos presidentes e sua comitiva. - Os tiros foram feitos a uma distância de cerca des 50 metros, do lado russo, e o mais provável é que fossem tiros para o alto - disse. Imediatamente, os dois presidentes trocaram de automóveis e foram para Tbilisi. As autoridades da Ossétia do Sul negaram qualquer envolvimento."
Já a Folha de São Paulo preferiu publicar um informe da FrancePress, a agência de notícias francesa orientou a informação apenas no desmentido de Moscou e declarações de assessores do presidente da Geórgia. Ignorou por completo fontes polacas. Em momento algum disse que uma equipe da televisão polaca TVP estava no local e filmou o ocorrido. O repórter polaco ouviu  que os disparos partiram das tropas russas e toda a imprensa polaca publicou. Estaria mentindo o jornalista polaco, estaria fantasiando a realidade? Não foi o que pareceu a quem pode acompanhar as transmissões ao vivo das televisões polacas no domingo e hoje pela manhã.
A Folha publicou a versão russa escrevendo que: "De nosso lado, não houve disparos", disse à agência russa "Interfax" a porta-voz da Ossétia do Sul Irina Gagloyeva. O incidente foi gravado pelas equipes de televisão que acompanhavam os presidentes, que convocaram a imprensa para relatar o ocorrido." 
Seguindo links oferecidos na página da Folha, encontra-se uma matéria sobre uma manisfestação de oposicionistas do atual presidente georgiano na capital Tbilisi. A matéria da redação foi inscrita com base em informes das agências Reuters, Efe e Associated Press.
Escreveu assim a Folha: "O protesto marcou um ano de um confronto entre policiais e manifestantes diante do Parlamento que levou Saakashvili a decretar estado de exceção no país. /... Saakashvili só revogou o estado de exceção em janeiro passado, quando convocou eleições gerais antecipadas. No pleito, ele foi reeleito, mas a oposição aponta que houve fraude./.... Os opositores querem que seja realizada uma eleição presidencial ainda no começo de 2009. ". Mas curiosamente não publica que na tarde de ontem milhares de pessoas foram a praça central de Tbilisi para comemorar a revolução das rosas e prestar solidariedade a  Saakashvili, além de ouvir os presidentes da Ucrânia, Viktor Januszczeko e o da Polônia, Lech Kaczyński.  O polaco disse que o "império russo pensa" exatamente como há 210 anos que todas "as terras da Europa Central lhe pertecem". Mas que o mundo vive uma nova realidade, "a Polônia é um dos 27 países-membros da União Européia" e o gigante russo não irá reaver o que nunca foi seu.
P.S. Será que a editoria mundo da Folha é relapsa e só publica o que enviam as agências noticiosas, ou é realmente pró-russa... mesmo? 

domingo, 23 de novembro de 2008

Comitiva Kaczyński bombardeada na Geórgia


Foto: PAP
O comitiva do Presidente da Polônia, Lech Kaczyński, foi bombardeada neste domingo, quando se aproximava do campo de refugiados georgianos, na Osetia do Sul. Kaczyński, que no dia anterior, tinha se manifestado nas comemorações "Aos mortos na Ucrânia em 1932 pelos soviéticos", de maneira contudente contra as mortes promovidas pelo comunismo russo na Europa Central, não foi ferido e conseguiu chegar a capital Tbilisi, onde uma grande manifestação popular ouviu o presidente polaco e outros dos países vizinhos dizer que estão ao lado da Geórgia, de seu povo e de seu presidente contra a invação russa na Osetia e Abchazja.
O comboio de automóveis do presidente da Polônia, que havia deixado o aeroporto da região, foi detido na estrada. Logo em seguida foram disparadas três séries de tiros de carabina. Os tiros não atingiram qualquer um dos automóveis, mas o comboio foi desviado, sem poder chegar aos refugiados, e teve que seguir por outra estrada no sentido da capital.
O chefe de gabinete da presidência, ministro Michał Kamiński, afirmou a TVP-Telewizja Polska, que os tiros partiram do lado russo e "não da parte georgiana, com certeza". E acrescentou que não tem certeza que o alvo seria o comboio de automóveis polacos, "mas os carros foram atingidos. Felizmente ninguém saiu ferido." Numa das limusines do comboio estava além do presidente polaco, o presidente da Geórgia, Micheil Saakaszwili.

Não haverá mais polacos?


Paul Garfunkel: festa de polacos, 1979

Tenho para mim, que é sempre tempo de homenagear os polacos, esta gente que conosco construiu boa parte da mais recente história paranaense. Amo os polacos e tenho por eles uma empatia que, como dizia minha saudosa Helena Kolody (uma “quase-polaca”...), se perde “na trevosa noite dos tempos”.
Foi com eles, os polacos, que a família, recém-chegada do Norte pioneiro, migrantes de cara encardida e modos bugres, aprendemos a fazer as compotas de pepino, além do chucrute em folhas de parreira que embora não seja uma iguaria tipicamente polaca, eles dominavam à perfeição.
Nas discórdias, comuns nas vilas proletárias de então, nos xingavam --- “negrada!”; nós, de nosso lado, cuspíamos o insulto escabroso --- “polacada azeda!”... No fundo, e na superfície, em tudo éramos iguais. E a nostalgia bate espessa a cada vez que, por um motivo ou outro --- agora, foi uma comovente exposição no Museu Paranaense, chamada Raízes do Paraná ---, me vejo às voltas com eles, os polacos. Misturou-se nossa vida de tal modo à deles que, por vezes, me sinto um polaco inteiro...
Por certo não é índio, nem bugre, o sentimento em que me flagro, com freqüência, a chorar pitangas e amoras. Também me vem deles, dos polacos, e sinto isso quase como uma matéria táctil, o incurável lirismo que já me integrou o perfil e o jeito --- irreversivelmente.
Não para menos, leitor: ao tempo em que, crianças, ainda existiam os filhos de legítimos polacos vindos da velha Polska, me criei com eles, rolando nas brigas infames no chão de terra da Visconde de Nácar; ao lado deles estudei nas escolas públicas; com eles, o jogo do bafo das balas Zéquinha.
Além, claro, do privilégio de conviver, da adolescência até o último dia de sua breve vida, com, dos polacos, o mais insigne --- o poeta Paulo Leminski. A quem eu chamava de “Pablo”, como a seu irmão, outro polaco inolvidável, que, sendo Pedro, passou a se chamar “Piotr”, entre os íntimos.
Com ambos revirei as noites cachorras da Curitiba daquele tempo e pusemos, mais de uma vez, nossa vida ao avesso, não é mesmo Jaime Lechinski? Ou me desminta aí poeta Thadeu Wojciechowski! E juntos compusemos sonetos, canções, haicais. E nos passeios e escaladas ao Marumbi, melhor do que nós ou a memória de nós, que o digam mochilas, violões, estrelas...
Olho lá longe, e em meio à lembrança de meus mortos queridos, o que vejo lá é mais que um quadro de Andersen invadido pelo entardecer de Curitiba. Na memória antiga, vislumbro, como a uma fotografia, a velha “ômama”, lenço na cabeça, sentadinha numa solitária cadeira posta no quintal, o avental sobreposto ao comprido vestido até os pés - estes, por sua vez, enfiados nas meias e nos chinelos. À volta dela, muito eretos, rindo, sujinhos, as franjas cor de milho, quatro ou cinco polaquinhos --- endiabrados. Olhar lá atrás, assim, é quase uma lágrima.

Wilson Bueno, escritor.
(Ao Thadeu Wojciechowski)
Texto publicado como posfácio do livro "A Banda Polaca", de Dante Mendonça

P.S. Copiado do blog do autor, sem autorização do autor.

O rei das cartas: Tusk


Ilustração: Artur Krynicki

O primeiro-ministro Donald Tusk, apesar de seu governo não ter muito a simpatia da população, ele pessoalmente tem agradado como primeiro-ministro os polacos. E tem sido, por isto mesmo, motivo de muitas charges e cartuns, na imprensa polaca.

A neve não para de cair


Foto: Ulisses Iarochinski

Todo ano deveria ser a mesma coisa. Afinal a milhares de ano neva na Polônia. Mas a primeira nevada do inverno pega alguns desatentos. Não estradas vários acidentes. Mas também todo ano, no intervalo do verão, as ruas ganham novos motoristas. Em pelo menos 14 acidentes, morreram 8 pessoas e 3 ficaram feridas. Mas a neve causa outros problemas. Na voivodia (Estado) Zachodpormorskie (Pomerânia Ocidental) mais de 15 mil casas ficaram sem energia elétrica. Na manhã de domingo apenas 7 funcionários travalhavam para colocar a rede elétrica na normalidade. Não há, contudo, previsão de quando a "luz" volta. Casas com aquecimento elétrico terão problemas.
Na montanha cracoviana do Przegorzały cai neve há mais de 40 horas sem parar. Na sacada, do meu quarto (foto acima) o acúmulo de neve já alcança 25cm. Mas em Cracóvia já caiu quase 50 cm de neve. Os barôemtro nesta manhã marcavam 969 hPA. A temperatura se mantém entre 0 e 5 negativos. A neve cai intermitentemente no Sul do País, enquanto no Norte é acompanhada de chuva.
P.S. Ontem, finalmente, foi ao ar no Telejornal SBT Brasil, apresentado pelo Carlos Nascimento, uma reportagem produzida por mim aqui na Polônia. Justamente sobre a primeira nevada do inverno 2008-09 na Polônia.

sábado, 22 de novembro de 2008

Amanheceu branco em Cracóvia

Foto: Ulisses Iarochinski

Nesta madrugada, em Cracóvia, a neve caiu pela primeira vez no inverno de 2008/2009 . Andou fazendo 4 graus negativos e esta era a visão da janela do meu quarto na Casa de Estudante da Universidade na montanha do Przegorzały.
A previsão do tempo é que continuará nevando nos próximos dias, com uma pequena paradinha na terça-feira, para que a temperatura caia aos 8 graus negativos. Se acompanhar a tradição, o período de neve deve se prolongar até março. Embora esteja no Sul do país, em Cracóvia neva mais e é mais frio que Varsóvia, que está no centro e Gdańsk, que está no Norte da Polônia. O motivo é que as altitudes são maiores e Cracóvia está muito próxima dos Tatras, montanhas da cadeia Cárpartos que faz fronteira com a Eslováquia. Nesta manhã de sábado, a temperatura chegou a 12 negativos no ponto culminante do país, justo na linha de fronteira com a Eslováquia. Muito perto dali está a capital de inverno polaco: a bela Zakopane, onde está fazendo menos 5 graus. Às 9:00 horas da manhã, era este o mapa do tempo na Polônia... as estrelinhas, na ilustração, significam que está caindo neve nestas regiões.

Fonte: wp

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Avaliação de Kaczyński cada vez pior

De costas, Donald Tusk e Lech Kaczyński
Foto: Wojciech Olkuśnik / AG

O presidente Lech Kaczyński é criticado por 67% dos polacos. Este é o pior desempenho do presidente durante todo seu mandato. A opinião de seus concidadãos foi aferida pela CBOS para o jornal Gazeta Wyborcza. Do universo pesquisado 24% avaliaram como bom o governo do representante do Partido PiS - Direito e Justiça.
Com a publicação do resultado, os polacos se perguntam por que o Presidente da Polônia é cada vez pior avaliado. Parece que o presidente não tem sabido capitalizar suas ações, por exemplo, organizou muito bem a festa em comemoração aos 90 anos da volta da Polônia como um estado independente ao mapa da Europa, agora em 11 de novembro, mas "não convidou Lech Wałęsa para a Noite de Gala e boicotou ao primeir0-ministro Donald Tusk." , segundo a redação do Wyborcza.
No gráfico, Como avalia o Presidente?, as linhas vermelha e verde acompanham o desempenho de Lech Kaczyński, na Presidência de 20 de novembro de 2007 a 20 de novembro de 2008. A linha vermelha é a da avaliação péssima, que sob de 47% para 67% nos últimos doze meses, enquanto a verde é de avaliação boa, que desce dos 42% para 24% no mesmo período.
Nesta mesma sondagem o CBOS quis saber qual a avaliação que os polacos fazem do governo de Tusk, 42% estão a favor e 23% contra.

P.S. Será que aquele comentarista anônimo vai dizer agora que eu publico informações enganosas?

Concerto em São Paulo pela Independência

Neste sábado, às 11:30 horas no Centro Cultural de São Paulo, sala Jardel Filho, acontece o Concerto em Comemoração aos 90 anos de Independência da Polônia, promovido pela comunidade de descdenetes de polaco de São Paulo com o Duo "Polonês" de violoncelo e piano.
Com a violoncelista polaca Ewa Mizerska e a pianista Magdalena Cionek serão apresentadas obras de Chopin, Karlowicz e Wieniawsk. O Centro Cultural fica na Av. Vergueiro, nr 1000, na capital paulista. A entrada é franca, mas é necessário retirar ingressos com uma hora de antecedência.

Magdalena no Bosque Alemão, em Curitiba.

Cionek estudou na Akademia Muzyczna im. Fryderyka Chopina em Varsóvia e na Western Michigan University em Kalamazoo, Michigan, nos Estados Unidos, onde fez mestrado em Música. Mora e trabalha no Consulado da Polônia em Curitiba.

Foto: site da artista

Mizerska se graduou na Akademia Muzyczna im. Fryderyka Chopina de Varsóvia e estudou com Richard Markson no Trinity College of Music de Londres ,onde completou seus estudos. Em 2000, recebeu o primeiro prêmio do 7º Competição Internacional Janácek, em Brno, na República Tcheca. Tem várias audições gravadas.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Sikroski: Doutrina russa deve ser derretida

Foto: Atlantic Council

O ministro das relações exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, deu uma palestra e respondeu a diversas perguntas, ontem, no Conselho Atlântico, em Washington.
Sikorski, entre outras coisas, declarou que a justificação da Rússia para invadir a Georgia, dizendo estar defendendo seus amigos no exterior, é uma das doutrinas usada pela aristocracia russa por séculos, justificando sua doutrina de imperialismo. O chanceler polaco disse que "precisamos da doutrina para uma doutrina".
Sikorski declarou também que, "qualquer tentativa adicional para se fazer um novo desenho de fronteiras na Europa através da força ou da subversão será considerado pela Polônia como uma ameaça existencial para nossa segurança e deveria requerer uma resposta proporcional da comunidade Atlântica inteira. Além disso, precisamos fazer com que a tradicional segurança da OTAN seja credível novamente".
Questionado por Martin Walker, da agência UPI, como ele definiria subversão "tendo em conta que a Rússia procura influenciar, por trás do pano, as eleições na Ucrânia", Sikorski disse que o jornalista já havia respondido a questão.
Foi a vez então da jornalista da agência Reuters, Susan Cornell, pressioná-lo com a pergunta se a Polônia apoiou a mudança no artigo 5 da OTAN para extender as garantias para países não membros como Ucrânia e Geórgia, o ministro a interrompeu antes de concluir a pergunta para observar que tinha declarado em Bucareste que "eles um dia ainda vão ser membros da organização", e Cornell completou querendo saber se isto significava força militar, foi a vez de Sikorski, dizer que "eu tenho que ser diplomático".
O ministro polaco então afirmou que as ambições territoriais russas, durante os últimos séculos, se parecem a uma geleira, que às vezes se expande, outras vezes retrocede, mas que a geleira continua lá sempre, existindo. "Agora, que vivemos a era de efeito estufa, está mais do que na hora da geleira derreter. A Rússia, no lugar de ser temida pelos seus tanques de guerra, deveria ser admirada pela sua grande cultura e coragem científica".
Em seguida, o ministro polaco disse que a União Européia possui 400 milhões de consumidores, considerando a zona euro é a maior potência econômica do mundo. "Seria uma questão relativamente simples para a União Européia exigir que a Rússia obedeça as normas internacionais para que, ela possa ter acesso a este grande mercado" e concluiu dizendo que "a União é mestra em regulamentos. Se pode regular a gigante Microsoft, porque não a Gazprom".
No encontro que durou mais de uma hora, Sikorski teve tempo ainda para dizer que "a doutrina Miedwiediew é antiga e implica em conseqüências para a maioria das ex-repúblicas soviéticas. Em abril passado, Władimir Putin sublinhou que a Ucrânia é como uma - obra falsa -" pois não passa de uma minoria étnica no mundo do idioma russo". O posicionamento do ministro polaco é de que o ocorrido na Geórgia pode se repetir na Ucrânia em escala muito maior e colocar em perigo a segurança da Europa. A Polônia não poderia desistir desta posição, pois segundo esta doutrina russa, a qualquer momento os russos tentarão mudar as fronteiras atuais da Europa.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Conquista em terras polacas

Foto: uma colega de mestrado

Prof. dr Hab. Jerzy Brzozowski (lingüísta, diretor da cátedra de tradutologia no Instituto de Filologia Românica), Ulisses Iarochinski, Prof. dr Hab. Andrzej Pankowicz (historiador, diretor da cátedra de Ciências da História, no Instituto de Estudos Regionais) e meu orientador Prof. dr Hab. Tadeusz Paleczny (sociólogo, diretor do Instituto de Estudos Regionais e do Curso de graduação e mestrado em Cultura Internacional). Foto importante ,num dia importante em minha vida. Os três professores do mais alto nível das universidades da Polônia formaram parte na banca de examinadores, na defesa de minha monografia em mestrado de cultura internacional na Universidade Iaguielônia de Cracóvia, realizada ontem, terça-feira, 18 de novembro de 2008.
Com o título de "Tożsamość kulturowa Brazylijczyków Polskiego Pochodzenia. Polaco czy Polonês", ou traduzindo "A Identidade Cultural do Brasileiro Descendente de Polacos. Polaco ou Polonês", recebi da banca um resultado de nota alta. A monografia é uma ampliação de meu artigo Porque Polaco, (que pode ser encontrado nos arquivos deste blog) escrito originalmente no doutorado de história que faço na mesma universidade de Cracóvia, desde 2002. O mestrado que encerro agora foi realizado nos últimos dois anos, simultaneamente ao doutorado. O que significa que dentro dos próximos meses estarei enfrentando uma segunda banca de notáveis para defender minha tese na Faculdade de História com o título de "O início da colônia Cruz Machado no limiar do século 20".
A tradução para português da monografia já está pronta em formato livro e com a capa abaixo. Basta apenas o interesse de alguma editora brasileira pelas coisas polacas e o leitor do blog o terá nas mãos.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Festival para Penderecki


Foto: Paweł Małecki / AG

O maestro e compositor Krzysztof Penderecki está completando 75 anos de idade. As comemorações já começaram. Ontem á noite a TVP2 transmitiu ao vivo um concerto dirigido por ele. Na próxima quarta-feira começa em Varsóvia, o festival com seu nome. Durante três dias Chopin, Mozart, Beethoven e outros são executados com a maestria de um dos mais importantes músicos do século 20. Entre outras obras serão ouvidas, "Tren - as vítimas de Hiroshima", "Paixão segundo São Lucas", "Jutrznia", Concerto para Violino, "Te Deum", "Requiem Polaco", "Sete portas de Jerusalém" e "Credo" no Teatro da Filarmônica Nacional, Grande Teatro - Opera Nacional.
Haverá apresentações de pelo menos 7 orquestras sinfônicas e a presença de maestros do porte de Kazimierz Kord, Chee-Yun, Michel Lethiec, Ivan Monighetti, Barry Douglas, Arto Noras, Grigorij Żyslin, Danjulo Ishizaka, Julian Rachlin, Maximiliano Valdés, Radowan Vlatković. Além da Sinfonia Varsovia, Sinfonietta Cracovia, Orquestra Sinfônica Nacional da Radio Polska, Coro da Filarmônica Nacional, Coro da Rádio Polska e coro "Dumka" de Kiev.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Jacek Gawłowski no Wyborcza


Jacek Gawłowski. Ilustração para o jornal Gazeta Wyborcza

Polacos: são mais saudáveis

A principal manchete do jornal Rzeczpospolita, desta segunda-feira, 17 de novembro é: "Polacos têm a saúde mais longa da Europa Central".

No subtítulo informa-se que, "habitates polacos de 50 verões tiveram 29 anos de saúde, dos quais 18, 5 nas melhores condições. Este é o resultado de uma pesquisa dirigida por Carol Jagger da Universidade de Leicester na Grã-Bretanha. O estudo é financiado pela Comissão Européia e publicada no mais novo semanário Lancet, a mais prestigiada publicação médica no mundo."

domingo, 16 de novembro de 2008

Rússia muda sua palavra

Foto: Dmitry Astakhov/PAP/EPA/ POOL

A Rússia surpreendentemente muda de "front" no tema Norte-americano das bases antimísseis na Europa Central. O Presiydente Dmitry Miedwiediew afirmou, em Washington, que Moscou quer conversar com os Estados Unidos sobre o sistema de defesa antimísseis.
No dia anterior, contudo, em Nice, na França, junto a Nicolas Sarkozy havia dito que se os planos para as bases na Polônia e Tcheca prosseguissem, ele instalaria sua base em Kaliningrado. Sarkozy em coro, afirmou que as bases Norte-americanas nos dois países membros da União Européia era uma idéia péssima. O único a chamar a atenção do presidente de turno europeu, de que ele primeiro teria que ouvir os países membros sobre o assunto, foi Lech Wałęsa.
A declaração de Miedwiediew é um gesto com endereço certo: o presidente eleito Barack Obama. O presidente russo, durante a reunião do G20, na Casa Branca, assinalou que a Rússia tem esperança que as boas relações de governo com a administração de Obama conduzam a uma melhoria nos entendimentos russos-americanos.
"Não faremos nada antes da América dar o primeiro passo" - disse Miedwiediew, expondo seu pensamento de que "temos chance de resolver este problema, ou chegar a um entendimento global sobre os sistemas antimísseis, ou então - no mínimo - encontrar a solução que dê uma resposta a Federação Russa". Miedwiediew declarou ainda que "ao primeiro sinal dado pela próxima administração Norte-americana de Barack Obama, estaremos pronto a resolver este problema e assinar um acordo conjunto". O presidente russo se disse pronto para um encontro com Obama sem pauta e qualquer pré-condição. "E conto com o retorno da confiança mútua entre a Rússia e os Estado Unidos", acrescentou.
Antes de encerrar seu pronunciamento comentou sobre a situação no Cáucaso e assinalou que a Rússia não pretende voltar atrás em sua decisão de reconhecer a independência da Osetia do Sul e a Abchazia. Disse que a Rússia está pronta para normalizar as relações com a Geórgia, mas "não com o atual regime, pois este cometeu crimes."

Foto: AP

Barack Obama tem uma dura etapa pela frente. Nos Estados Unidos começa a se ouvir que o país deveria desistir da instalação das bases antimísseis na Polônia e República Tcheca e buscar melhores relações com a Rússia."Quando já esteja governando, Obama terá que reconstruir as relações americano-russas. Deveria estar pronto para rever os planos do sistema de defesa antimísseis na Europa Central", publicou num artigo de sua redação o jornal "Boston Globe". Por sua vez, O "The New York Times" publicou que "Obama pode tentar um novo entendimento para acalmar as relações com a Rússia, começando pela entrada dos russos na Organização Mundial do Comércio e de comum acordo resolver a questão das bases antimísseis. Precisa detalhar, por exemplo, que a base antimísseis na Polônia, nada mais é do que defesa da Europa ante um ataque nuclear do Irã."

sábado, 15 de novembro de 2008

Wałęsa critica Sarkozy

Nicolas Sarkozy e Dimitry Miedviedev. Photo: AFP/GETTY

Lech Wałęsa está novamente nos noticiários. Neste sábado, criticou o presidente rotativo da União Européia, o francês Nicolas Sarkozy. "Acredito que Sarkozy incorreu num erro técnico, porque este tipo de declaração deveria ser primeiramente discutida e acordada pelo presidente da União com os todos os países membros, em nenhuma excepcionalidade".
O comentário de Wałęsa foi a propósito das declarações de Sarkozy, publicadas no jornal italiano "Corriere della Sera", deste sábado, de que os Estados Unidos deveriam repensar sobre a instalação de suas bases antimísseis na Europa.
Sarkozy manifestou esta opinião durante o encontro União Européia / Rússia que se realiza em Nice, na Costa Azul francesa. Sarkozy disse que os mísseis não trazem segurança. Concordando de certa forma com a posição de Putin e Miedviedev sobre as bases que serão instaladas na Polônia e República Tcheca. Sobre o comentário de Sarkozy de que os planos russos de instalar uma outra base em Kaliningrado se os Estados Unidos continuarem em seu propósito é preocupante para a paz, Wałęsa disse: "A Diplomacia precisa ter em consideração os resultados. Contudo isto tudo parece ser mais uma vitória russa".

Crítica ou piada?

Legenda: "Que nada não fazemos? Partimos da presunção, que é melhor não fazer nada, do que fazer mal".
Publicado no jornal Rzeczpospolita.


Alguns críticos dos acontecimentos na Polônia, trataram ironicamente o pecado presidencial de não ter convidado Lech Wałęsą para a gala da independência.

No jornal Rzeczpospolita, o colunista Paweł Lisicki se perguntou se Wałęsa não seria um segundo Piłdusdki. Ele começa seu comentário dizendo que "Não havia dúvida que Lech Kaczyński deveria ter convidado Lech Wałęsa para a gala da Independência. Ele só ganharia com isto. Demonstraria, que não guarda rancor. Mesmo que o primeiro líder do “Solidarność” fosse sublimado na cerimônia, ele poderia tirar proveito de tudo isto."

Em seguida, diz que o presidente indignado com os que o criticaram preferiu atirar no próprio pé censurando os meios de comunicação. Voltou a carga contra Wałęsa pedindo misericórda ao ex-presidente. Ironicamente diz que "Wałęsa já é um segundo Piłsudski (coragem, por que não se pode dizer, que Piłsudski é um segundo Wałęsa?), único criador do “Solidarności”, audacioso trabalhador, que sozinho aboliu o comunismo, herói solitário, ao qual a Polônia deve a liberdade e a independência. Wałęsa sim, um polaco que evidententemente deixou a Polônia em débito de gratidão para com ele. Mas ninguém se incomoda nada com isto."

Lisicki diz que o ganhador do prêmio nobel "é um agradável Deus pagão". E se pergunta se ele não seria "um tanto falso?" Pois "isto visivilmente não tem significado."

A intenção do colunista não é outra senão colocar mais lenha na fogueira, criticando um Lech e desqualificando outro Lech. Não se percebe claramente se tem medo de elogiar e de criticar. Ou se está fazendo as duas coisas. A Polônia dos últimos dias é um prato cheio para os cartunistas e comediantes. Numa data tão importante para a nação, a notícia mais importante da semana ficou sendo a falta de um convite e a ausência de Wałęsa na festa de gala organizada pelo Presidente da República. E não é demais dizer que o jornal Rzeczpospolita, bem como grande parte dos veículos de comunicação do país estão situados no espectro de centro-direita para direita e que uma das únicas publicações que ousa ser de esquerda é a revista "Polityka".

E a população? Respeita Wałęsą e critica Kaczyński.