sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Turismo em Lublin

Monumento às vítimas de Majdanek, em Lublin.

A região Leste da Polônia tem sido ao longo do tempo relegada a uma posição inferior às demais do país, seja do ponto de vista político, econômico e turístico. Pelo lado político, a região fica próxima de antigos vizinhos como a Ucrânia e Bielorrússia (construídas depois de 1945 em parte das terras da Polônia). Os investimentos nesta arracanda polaca após a queda do sovietismo e principalmente da entrada na União Europeia tem comtemplado Varsóvia (centro), Cracóvia (Sul), Gdańsk (Norte), Poznań (Centro), Katowice (Sudoeste) e Wrocław (Oeste). Os pacotes turísticos internacionais selecionam basicamente Cracóvia e Varsóvia. A única exceção é o campo de exterminação e concentração alemão nazista de Majdanek, na cidade de Lublin. Mas quem vai a Auschwitz, nas proximidades de Cracóvia, já viu o suficiente sobre a bestialidade humana. Em Majdanek continuam a vir basicamente judeus.
Os "lubeslczyszny" contudo não estão dormindo de toca. O voivoda da região Lubelska pretende inscrever a região de Lublin na lista da UNESCO de patrimônio mundial. A prefeitura de Lublin elegeu dez lugares que merecem e devem ser visitados e começou a promovê-los.
A região Leste, e principalmente a atual Voivodia (Estado) Lubelska é terra de origem de muitos dos brasileiros descendentes do imigrantes polacos que chegaram no Brasil entre 1900 e 1914. A maior colônia polaca no Brasil, Cruz Machado, no Estado do Paraná é exemplo disto. Como também a região dos Campos Gerais do Paraná, com Ponta Grossa, Castro, Piraí do Sul, Reserva, Palmeira, Irati, São João do Triunfo e muito de São Mateus do Sul. Os gaúchos descendentes de gente de Lublin, Zamość, Chełm, Radzin Podlaska, Wojcieszków, Łuków, Biała Podlaska e Siedlce estão espalhados pela região das Missões no Rio Grande do Sul.
Com a atual crise econômica e pensando primeiramente no turismo interno, os "lubelscos" apontam estes lugares como os mais interessantes para se conhecer nos arredores da cidade:

1. Museu Camponês Lubelski
Composto por várias casas e instrumentos dos "caipiras" da Polônia, fazendo lembrar o Bosque do Papa de Curitiba (ou o contrário). O folclore aqui é a palavra de ordem. Aberto da primavera ao outono das 9 as 18 horas, é nas palavras do promotores de turismo, local para os românticos e sonhadores. A paisagem, as casas de madeira (origem das casas de tábua do Sul do Brasil) e as de troncos (tradição montanhesa do Sul da Polônia e antiga Galícia)compõem um panorama ideal para recordar com fotos e filmes um passado que ainda vive em alguns rincões polacos.


2. Lodowisko
Lodowisko ou área coberta de gelo é ideal para a patinação. O "lodowiski" está aberto no inverno na Aleja (aléia - avenida) Zygmuntowski e na ulica (ulitssa - rua) Kazimierz Wielki. Muitos vão ali também para pescar nas fendas que se abrem no piso congelado.

Fot. Jakub Orzechowski

3. Wieża Trynitarska
A wieża (viéja - torre) é um dos pontos turísticos mais visitados pelos moradores de Lublin. A Trynitarska está de pé desde o século 17. Em seu interior acontecem muitas exposições artísticas e históricas. Do alto, tem-se uma vista panorâmica de toda a cidade. Está aberta a visitação no horário das 10 às 17 horas entre a primavera e o outono. No inverno até às 15 horas.


4. Gokarty
O kartódromo da cidade reúne não só os fãs do automobilismo, mas uma juventude alegre na ulica Fabryczna em Lublin. Todos os dias da semana entre 14 e 22 horas, exceto segunda-feira.

5. Lubelskie Podziemia
Túneis subterrâneos por quase todo o centro histórico da cidade. O trajeto de mais de 200 metros foi construído entre os anos 1500 e 1600. Liga o Tribunal Koronnego sob o Rynek nas ruas Złotą e Archidiakońska até a praça depois da Farze. Está aberta a visitação entre maio e outubro, de terça a domingo.

6. Zalew ZemboNegritorzycki
O lago artificial (causado por inundação) Zemborzycki (zembojitsski) no bosque da cidade é local de passeios românticos e esportivos.

7. Galeria Handlowa
Um novo shopping center na cidade promete preços mais baixos que em qualquer outro do país.

8. Ogród Botaniczny
O jardim botânico de Lublin merece uma visita, principalmente nas primavera-verão. Com uma coleção da flora polaca e mundial como nenhum outro da Polônia. Os promotores de turismo da cidade o indicam principalmente para os amantes e românticos.

9. Ścieżka rowerowa
A ciclovia é também outra atração da cidade. Ligando pelas margens, o traçado começa no rio Bystrzyca e leva ao Zalew Zemborzycki. Vários pontos são merecedores de boas fotos.

10. Kręgle
A quadra de boliche é um dos locais mais concorridos da cidade. Adultos e principalmente a juventude. Lublin é por excelência uma cidade universitária com dois centros bastante procurados como a Universidade Católica e a Universidade Maria Skolodowska Curie. E esta é a principal atração dos universitários.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Polônia vence País de Gales


Foto: Bartosz Bobkowski / AG

A Polônia venceu o amistoso com o País de Gales, por 1X0, ontem, em Portugal. O gol foi marcado pelo "polaco de passaporte", o paulista Roger Guerreiro, aos 35 minutos do segundo tempo. Segundo o jornal Metro (distribuído gratuitamente nos pontos de ônibus) Roger salvou a seleção polaca lutando como nenhum outro jogador em campo.
O resultado, entretanto, ainda é pouco, pois nas duas vitórias nestes amistosos em Portugal, a Lituânia e País de Gales não apresentaram nada. E o pior é que a Polônia também não. O ultimato do presidente da Federação, o ex-jogador Lato, é de que se nos próximos dois jogos contra Irlanda do Norte e San Marino, válidos pelas eliminatórias da Copa do Mundo 2010, não vier os seis pontos, o treinador Leo Beenhakker pode se apresentar na equipe do Feyenoord da Holanda. Os jogadores já se manifestaram a favor da permanência do treinador holandês mesmo que não consigam os tais seis pontos exigidos por Lato. 

Rokita é retirado algemado de avião

Jan e Nelly Rokyta. Fot.Tomasz Wiech / AG

Após um confusão com a tripulação do avião da Lufthansa, o ex-deputado do PO, Jan Rokita foi retirado algemado do avião em Munique, na noite da última terça-feira.
"Apenas defendia minha esposa", disse Rokita ao chegar na manhã de ontem ao aeroporto de Cracóvia. Ele conta que só foi liberado no comissariado de polícia, às cinco da madrugada, após intervenção da cônsul da Polônia, em Munique, Elżbieta Sobótka e dos policiais acessarem o sítio da Vikipedia, na Internet, e constatarem tratar-se do político cracoviano de 49 anos e famoso por seus discursos incisivos e equilibrados e também pelo inseparável chapéu branco.
O incidente teria começado, logo depois do embarque no aeroporto de Munique, na Alemanha, enquanto os passageiros se acomodavam em seus assentos. O avião que deveria levantar voo às 21.25 com destino a Cracóvia estava atrasado. "Sentei três filas atrás dos Rokita. O senhor Jan queria voluntariamente colocar o sobretudo dele e da esposa no armário da bizness classe, e voar na classe econômica", escreveu outro passageiro não identificado no relatório de reclamações do aeroporto. Ainda segundo este relato, a aeromoça trouxe de volta os casacos para a classe econômica "e foi quando Rokita começou a se opor e argumentar. A comissária então foi até o comandante. Este mostrou a porta, mandando-o sair do avião. Tentaram convencer o senhor Jan a espontaneamente sair do avião. Infelizmente, o senhor Jan firmemente permaneceu sentado. Foi quando lá pelas 22:30 chegaram policiais uniformizados. Retiraram ele e sua esposa do avião na marra". 
O porta-voz da polícia de Munique, Peter Kammerer, afirmou que realmente às 22:15 o capitão de um avião da Lufthansa chamou os policiais para retirar um passageiro de 49 anos de idade. Kammerer não confirmou tratar-se de Rokita, porque não tinha em mãos o relatório do incidente.
Contudo, segundo a polícia, o piloto pediu a Rokita que de livre e espontânea vontade deixasse o avião, por ter discutido com a aeromoça. "Ele não queria colocar o cinto de segurança, discutiu e ao final repeliu a comissária", explicou Kammerer. 
Depois quando chegou a polícia, Rokita continuou teimando e foi retirado do assento algemado e levado para a delegacia. O porta-voz da polícia, disse que foi registrada acusações de inviolabilidade corporal, perturbação da paz e atrapalhar o plano de voo do avião. O ex-deputado polaco reagiu dizendo que: "Este caso teve um caráter surrealista". A polícia alemã, por sua vez, disse que o passageiro de 49 anos foi agressivo. Ao que Rokita contesta, "Não quero falar mais sobre isto, pois mesmo sendo uma prática universal, trataram-me como um cachorro. Os alemães têm ódio aos polacos". 
Ainda segundo Rokita, da delegacia, os policiais queriam que ele pagasse alguns milhares de euro como caução, mesmo ele dizendo ser um cidadão da União Europeia. Somente com a chegada da cônsul polaca os policiais desistiram do dinheiro. 
"Desagradável, bastante antipática, esta aeromoça alemã humilhou um paraplégico hindu, tirou o chapeu da cabeça da minha esposa. Depois retirou nossos casacos do armário onde eu tinha posto e os colocou no bagageiro, estes caíram e ela novamente, mudou-os de lugar. Então começou a gritar comigo e dizendo que eu teria que deixar o avião. Evidentemente que não concordei. Vinte minutos depois apareceu a polícia dizendo que o comandante havia ordenado me retirar do avião. Era quase meia noite, estávamos cansados, voltávamos da Itália em trânsito, em Munique não tínhamos hotel. Mandar retirar-nos do avião foi o máximo da grosseria. Os policiais assim mesmo, colocaram-me algemas, deitaram-me no chão. Numa situação parecida nos anos oitenta eu teria gritado: socorro! Depois os policiais disseram palavras das mais vulgares em idioma alemão. Intimidaram-me com a exigência de 8 mil euros e 40 dias de prisão. Isto, em meio a comentários antipolacos. Mas a situação mudou quando a cônsul geral da Polônia, em Munique, Elżbieta Sobótka chegou. Depois da conversa e de conferirem na Vikipedia de quem se tratava, mudaram de comportamento. Era cinco da manhã quando me retiraram as algemas. E só então, veio um oficial pedir desculpas."
Jan Rokita vai entrar com duas ações, uma contra um dos policiais e a outra contra a aeromoça. Segundo o político, trataram-no "como cachorro e com ódio alemão antipolaco".

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Um gênio do piano em Cracóvia

Foto: Krzysztof Karolczyk / AG

Para a imprensa polaca, ele é verdadeiramente um gênio, virtuoso e o mais importante pianista do mundo. Depois de 10 anos voltou a se apresentar em Cracóvia, o pianista Krystian Zimerman. Desde o momento em que foi anunciado a vinda do grande solista as entradas para o concerto esgotaram-se rapidamente. Não mais que algumas horas bastaram clamarem pór mais bilhetes. Quem comprou não vendeu por dinheiro nenhum e isto que concerto ocorreu no Auditorium Maximum da Uniwersytet Jagielloński, com capacidade quase 2000 mil pessoas.
Desta vez, entretanto, não foi solista, mas apenas um dos cinco categorizados músicos de um quinteto. No programa executaram composições de câmera de Grażyna Bacewicz, artista que estaria completando 100 anos de estivesse viva. A comemoração do centenário de nascimento da compositora polaca foi projeto do próprio Zimerman e se fez acompanhar dos músicos: Kaja Danczowska, Agata Szymczewska, Ryszard Groblewski e Rafał Kwiatkowski.
Para a comunidade cultural de Cracóvia, o concerto já está inscrito com um dos maiores eventos da década.
O polaco Zimerman (embora o sobrenome alemão) nasceu em 5 de dezemebro de 1956, Zabrze, na Silésia polaca. Estudou no Conservatório de Música de Katowice sob orientação de Andrzej Jasiński. Sua carreira deslanchou depois que venceu a Competição Internacional de Piano Frederick Chopin de Varsóvia, em 1975. Em seguida, debutou na Filarmônica de Berlim sob regência de Herbert von Karajan, em 1976 e algum tempo depois na Filarmônica de Nova Iorque em 1979. Desde 1996, ele é professor de piano na Acadêmia de Música da Basiléia, na Suíça.

Manchada a biała czerwona

Foto: Bartosz Bobkowski / AG

Instalada uma grande polêmica na Polônia, após o jogo da seleção polaca contra a Lituânia, no sábado, no Faro, em Portugal. Todos se perguntam mas que faixas escuras eram aquelas na gola e na manga das camisas. Eram pretas ou azuis. "Macularam nosso estandarte branco-vermelho", é a frase mais ouvida entre a grande torcida polaca.
As cores do uniforme da seleção polaca, seja ela de futebol, handebol, voleibol, basquete não pode ter outras cores senão a branca e a vermelha. Seja de quem tenha sido a idéia, do patrocinador, do fabricante do material esportivo, a verdade é que estão todos apreensivos quanto ao uniforme que a seleção vai usar no jogo de hoje contra o País de Gales. Ninguém quer ver de novo aquelas listas escuras.
Os jogadores, que não vieram a público reclamar da cor estranha na camisa, embora sejam listas escuras, contudo disseram que as camisas estão um pouco apertadas.
Na história dos jogos da seleção nacional em algumas oportunidades ela jogou com outras cores, como no dia 10 de outubro de 1998, nas eliminatórias da Euro2000, na vitória contra Luxemburgo por 3X0, quando pela primeira vez a "Narodowa" jogos com camisas pretas. Ninguém lamentou, passou desapercebido em função da vitória. Mais tarde em 20 de novembro de 2002, no jogo amistoso contra a Dinamarca a seleção que venceu o jogo por 2X0 jogou com camisas azuis-marinho e mais recentemente, no dia 3 de junho de 2006, na vitória contra a Croácia por 1X0, a Polônia novamente jogou sem a biała-czerwona, mas sim com camisas azuis.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Janda fala sobre "Tatarak"

A atriz Krystyna Janda - Foto: Maciej Zienkiewicz

Quem já assistiu os dois clássicos do cineasta Andrzej Wajda, "Homem de Mármore" e "Homem de Ferro" vai se lembrar da atriz Krystyna Janda.  Considerada um dos "monstros sagrados" da arte de interpretar na Polônia ela está ao nível das grandes atrizes internacionais como Fernanda Montenegro, Sofia Loren, ElizabethTaylor, Ava Gardner e Marlene Dietrych, entre outras.
Krystyna nasceu em 18 de dezembro de 1952, na cidade de Starachowice, Polônia. Formada pela Escola Superior de Teatro de Varsóvia, a atriz debutou no cinema com no filme "Homem de Mármore" em 1976. Sua carreira no cinema, teatro e televisão tem sido ao longos das últimas décadas de um reconhecimento impressionante por parte da crítica e do público. Foram 45 filmes para TV e outros 50 para o cinema. No teatro foram 60 as peças, em que invariavelmente foi a atriz principal, como em "Medeia". Os espetáculos "Shirley Valentine" e "Edukacja Rity" tiveram mais de 400 apresentações. Ganhou vários prêmios na Polônia, a Palma de Ouro de Melhor atriz em Cannes, no Festival de San Sebastian (Espanha), Festival de Montreal, entre outros. Tem seis discos lançados como cantora e cinco livros como escritora. Numa pesquisa realizada por um jornal polaco em 2000, foi eleita a maior atriz do século 20 da Polônia. Em maio de 2006 recebeu, talvez o maior de seus prêmios, a "Medaille Charlemagne pour des Medias Europeens". Em 5 de janeiro de 2008, ficou viúva de Edward Kłosiński, com quem havia se casado em 1981. Mãe de Maria Seweryn, Adam e Andrzej. Mora nas cercanias de Varsóvia, em Milanów. Tem uma coluna na revista "Pani". 
O filme tem duas partes, uma baseada na história de Jarosław Iwaszkiewicz e segunda num texto de Olga Tokarczuk.  Krystyna Janda faz o papel da personagem Marta. Paweł Edelman é o diretor de fotografia.


Krystyna foi entrevistada pelo jornalista do jornal Gazeta Wyborcza antes do Festival de Berlim, onde sob a direção de Andrzej WajdaJanda (pronuncia-se ianda) atua em "Tatarak", filme polaco concorrente ao "Urso de Ouro" de Berlim. Na entrevista, a atriz conta que o monólogo inicial do filme é, na verdade, texto de sua própria autoria com passagens de sua vida real.

Tadeusz Sobolewski: Primeira cena de "Tatarak” - Krystyna Janda, sozinha, e seu cigarro, num quarto de hotel fala sobre a doença e morte de seu marido, o câmera de cinema Edward Kłosiński. A senhora fala este texto como um monodrama com absoluto autocontrole.

Krystyna Janda: Escrevi este texto, estudei e decorei-o e disse diante da câmera. Só uma coisa vi: não terei nenhuma "crise de alma". Isto tem que ter uma forma. O quadro de Edward Hopper foi a chave desta cena: uma mulher sozinha num hotel. Andrzej Wajda, vidente, que nisto, o que disse, não é ficção, desde o início foi estabelecido o formato da expressão. Examinou se a cor da parede é precisamente aquela como em Hopper, se a janela está no mesmo lugar do quadro do pintor. Apenas em seu quadro mulher sozinha no quarto vazio de hotel ela esta nua. Somente nisto não tivemos a ousadia de repetir. E com razão. Não, de um modo geral não refleti como teria que fazer isto. Vi somente que devo.

Tadeusz Sobolewski:  Enfim tudo isto partiu da senhora?

Krystyna Janda - Desde o início Andrzej apostou, que "Tatarak" se sustentará em duas partes: a novela de Iwaszkiewicz e numa parte contemporânea, na qual teria que interpretar a mim mesma, a atriz Krystyna Janda, e Andrzej a si mesmo - o diretor Wajda. Surgiram várias versões desta parte contemporânea. Escreveu Olga Tokarczuk, escreveu Władysław Pasikowski e outrosi. Curioso foi ter pego tudo isto num único livro. A primeira versão fui eu que escrevi. Teve uma cena: vou a noite à farmácia para comprar remédio para o coração. Não tenho receita médica. A plantonista da fármacia diz: este remédio é para Andrzej Wajda. Fico com o remédio. Saindo, escuto desta senhora - minhas condolências, eu também sou viúva. Andrzej disse: Muito escrevi sobre esta frase, tiveste coragem, vamos em frente. Juntos vimos, que esta história é para nossa a mais importante. Sente-se e escreva. Em meia hora escrevi 19 páginas, as quais neste mesmo dia enviei a ele. Denominei "Diário para Andrzej".

Tadeusz Sobolewski: E apenas então vocês decidiram, que a senhora diria isto diante da câmera?

Krystyna Janda - Isto Andrzej decidiu. Perguntou se dava tal decisão. Imediatamente entendi e não podia acreditar, que consegui uma chance de fazer algo realmente importante para mim.Tudo então teria significado. Andrzej, com toda sua delicadeza, ordenou retirar-se a câmera. Aparentemente não houve qualquer direção. Preparou tudo.  Falou com o cinegrafista. Estudei exatamente o texto decorando. Sua vivência. E equipe silenciou. E assim sozinha aconteceu.Apenas no último segundo fiquei nervosa, não me parei, mas o cinegrafista Paweł Edelman imediatamente desligou a luz, não se gravou. Andrzej em algum momento tocou minha mão. E perguntou: Você tem certeza, que quer isto? Não queres retrocede? Não se preocupe - disse - não deixei entrar nenhum jornalista na locação de filmagem. E depois a si em algum lugar onde fores - explicou como criança. Bailou, que isto será difícil para mim. E eu disse: Sou adulta, sei, o que faço, conta esta história de Andrzej Wajda e até, se neste filme não saio, isto é como "chegar na história". Porque este é o filme dele. De resto travalho com um homem, o qual conheço há 30 anos, no qual confio e o qual é para mim muito próximo. Sou um elemento desta história - respondi a ele.

Tadeusz Sobolewski: Mas porque isto foi preciso para a senhora?

Krystyna Janda - Não foi necessário. Tornou-se preciso. Somos artístas. "Tatarak" teria que ser um filme entre nossa profissão. Andrzej dependia, que entrasse na tela, aparecesse, para gravar. Isto tinha que ser filme sobre fazer filme. Filme now filme. Clássico. Falei: Este é filme também sobre atores. Porque como senhora Marta de Iwaszkiewicz pintei os cabelos, mudei a cor dos olhos. Depois, quando preparávamos o filme chegou súbito esta história pessoal, entendi que extamente esta coisa é na verdade sobre esta profissão. "Tatarak" de Iwaszkiewicz e a nossa história se ligaram numa coisa só. Não sei falar sobre "Tatarak" como filme. Para mim isto não é filme. Importante que algo ficou gravado, ofertado. E antes disto ele tem uma forma. Ele é uma composição. Então isto é filme. Tive milhares de dúvidas, "como", ale "ou" - nenhum vacilo.Fiz isto não para mim própria.

Tadeusz Sobolewski: Então por que?

Krystyna Janda - Meu marido permitiu se fotografar doente. Tenho muitas fotos. Juntos compreedimos, como isto tem significado. Esquisito foi para mim, quando pela primeira vez peguei a câmera e parei diante dele, estava contente. Queria que isto ficasse registrado que não evitou, que ficasse. Esta é a nossa profissão! O que é o filme"Tatarak"? Sobre o que responde Iwaszkiewicz? Porque afinal não é um romance trivial da senhora médica com um jovem rapaz,o qual de súbito por obra do destino fatalmente morre, afogado. Isto é sobre algo muito mais importante. Sobre isto é difícil denominar. Precisamente então, vale a pena fazer este filme, quando não se pode escrever nem dizer qualquer palavra. A única coisa é olhar que isto pode ocorrer. Isto é algo dito difícil de nominar. Não é verdade?

Tadeusz Sobolewski: A senhora não irá a Berlim no festival, onde dentro de alguns dias acontece a avant-premiére de „Tatarak”. 

Krystyna Janda - Estou feliz, que esperam por mim em relação a isto, mas faz tempo assinei um contrato para um espetáculo na Polônia. Desde o princípio sabia que o mais difícil para mim virá neste filme quando seja apresentado. Mas estou curiosa como ficou a apresentação. Intriga-me, se isto em geral é um filme de festival? O que pode significar fora da Polônia? Tivemos faz pouco um curioso acontecimento: telefonou a distribuídora de "Tatarak" da França. Não conhecia minha história. Pensaca que tudo o que digo no filme é ficção. E isto me deu esperança, que o filme se defende fora deste contexto, não exige conhecimento,  assim como nós temos. Estou feliz que apareceu. Embora eu goste muito, como falante do monólogo, saindo do quadro. E abandono o fotograma sem mim.

Encontro de Polański e Wajda no festival de Berlim 2009 - Foto: AKPA

P.S. A palavra "Tatarak", título do filme de Wajda, é a denominação em idioma polaco da planta Cálamo aromático. Esta planta é chamada em em inglês de "Sweet Rush".  O filme de Wajda ganhou este título, porque o rio da pequena cidade onde a personagem Marta conhece o jovem Bogus exala o perfume do cálamo.
A agência Mañana de Varsóvia está promovendo uma mostra do cinema polaco em 12 cidades brasileiras. Infelizmente, apesar de constar o excelente "Terra Prometida",  na lista dos 14 filmes levados ao Brasil, os brasileiros ainda não viram o penúltimo filme de Wajda, "Katyń", que concorreu ao Oscar, o ano passado. Assim fica difícil esperar que "Tatarak" ou "Cálamo aromático", possa vir a ser distribuído na cadeia de cinemas do Brasil.

 
Ao encerrar as filmagens, o grande Wajda, agradece a equipe, o diretor de fotografia Paweł Edelman, entregue um buquê de rosas vermelhas para Krystyna e abraça todo mundo, dizendo: dziękuję (obrigado)

Brasileiro na Polônia - 5

Mais um brasileiro residente na Polônia presente no blog JAROSINSKI do Brasil. O quinto brasileiro no blog é o gaúcho Janderson Faganello, de 25 anos, originário da capital missioneira Santo Ângelo.  Ele chegou há mais de cinco anos para estudar, em Cracóvia, com bolsa do Ministério da Educação da Polônia. Depois de concluir a graduação começou o mestrado em "Gestão de Empresas", sempre na Universidade Iaguielônia. Nas festas realizadas pela pequena comunidade brasileira de Cracóvia, Janderson é o primeiro a se responsabilizar pela parte musical e sendo gaúcho sempre seleciona xotes, fandangos e rancheiras, obrigando paranaenses, paulistas, cariocas e pernambucanos a dançar a saudade do seu Estado.


JAROSINSKI do Brasil - O que mais gosta da Polônia?

Janderson - Pontualidade. 

JAROSINSKI do Brasil – O que não gosta da Polônia?

Janderson - Da falta de sol e da “frieza” do pessoal.

JAROSINSKI do Brasil – Quais as maiores dificuldades que encontrou na Polônia?

Janderson - No princípio a língua.

JAROSINSKI do Brasil - O idioma é assim tão difícil como se orgulham os polacos?

Janderson- É mesmo, a gramática e a pronúncia são mesmo difíceis.

JAROSINSKI do Brasil – É possível viver aqui sem aprender o idioma polaco?

Janderson - Não me imagino morar em um país sem aprender a língua, não poder ler jornais locais, assistir programas locais, sinto-me bem melhor agora que já domino o idioma e converso com o pessoal sem problemas, isso me ajudou muito na aproximação com a cultura, costumes e sem dúvida, na integração com o pessoal.

JAROSINSKI do Brasil – A Polônia que você encontrou é diferente daquela cultuada pelos descendentes de imigrantes no Brasil?

Janderson - Com a relação a cultura não mudou.

JAROSINSKI do Brasil – Você acredita que a Polônia já se libertou de seu passado comunista?

Janderson - Ainda não. E isso vai desde esses prédios comunistas até a mentalidade do povo. Ainda levará algumas gerações para se mudar isso.

JAROSINSKI do Brasil – Como você define a juventude polaca?

Janderson - Com bom grau de educação, disposta a mudar o passado comunista.

JAROSINSKI do Brasil – Qual sua opinião sobre os idosos polacos?

Janderson - Pelo fato de eu estar estudando aqui, tenho contato só com a juventude.

JAROSINSKI do Brasil – Que nomes famosos polacos você cita sem muito esforço?

Janderson - Koperniko, Karol Wojtyła, Wałęsa. 

JAROSINSKI do Brasil – Qual o prato da cozinha polaca que você mais gosta?

Janderson - Pierogi.

JAROSINSKI do Brasil – Qual prato da cozinha polaca você sabe preparar?

Janderson - Humm...sopa?

JAROSINSKI do Brasil – Beber aqui é um prazer, ou uma imposição ditada pela tradição?

Janderson - No Brasil estava mais acostumado a tomar cerveja. Aqui o pessoal consome coisas mais fortes, muitas vezes somos obrigados a beber porque não cai bem recusar.

JAROSINSKI do Brasil – Com que frase você define a Polônia?

Janderson - Frio.

JAROSINSKI do Brasil – Qual teu conselho para quem vem visitar a Polônia?

Janderson - Ser for gaúcho que traga erva e cuia pra espantar o frio, Tchê!

JAROSINSKI do Brasil – Volta para o Brasil com saudades do que viveu na Polônia?

Janderson- Mas claro Tchê, sempre levarei comigo lembranças daqui, das noites mal dormidas na “sesja”, das noitadas no Rynek de Kraków, das amizades, dessa “escola” que foi e está sendo ainda a Polônia pra mim.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Talibãs mataram um Cracoviano


A principal manchete do jornal Gazeta Wyborcza desta segunda-feira, dia 09 de fevereiro de 2009 é: "Assassinado! Talibãs mataram polaco."

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Mais de 60 milhões de polacos no mundo

Quantos são os polacos no mundo?

O sítio do provedor WirtualnaPolska apresenta uma estimativa de polacos residentes em outros países. O wp.pl alertando, que de acordo com a constituíção da República da Polônia,  nacionais polacos são todos os cidadãos da República.
O portal wp se pergunta: como contabilizar os polacos no mundo?
Para o dr Paweł Hut do centro de pesquisas da emigração da Uniwersytet Warszawska, "quando tratamos deste assunto, nossa visão, contraria os dados sobre polacos somados nos dados do GUS, pois a estes é preciso acrescentar mais ou menos 10 milhões de pessoas".
Outros institutos de pesquisas dão também outros números. Estes institutos se baseiam em geral nas informações dos consulados, os quais por sua vez, trocam informações à respeito, com as autoridades de cada país. "De acordo com isto vivem no exterior entre 15 a 17 milhões de pessoas da etnia polaca", afirma Tomasz Szeretics do MSZ.
Segundo dados do GUS, em 31 de dezembro de 2005, o número de pessoas que possuíam o PESEL (número de identificação pessoal) ultrapassava os 38 milhões. Além destes, segundo o portal wp.pl, cerca de um milhão que vivem, por exemplo, nas ilhas britânicas não possuem o PESEL
Em números aproximados é esta a população polaca (nascidos e com cidadania da Polônia) nos seguintes países:

Estados Unidos = 10,6 milhões
Alemanha = 3 milhões
França = 1,05 milhão
Canadá = 800 mil
Grã-Bretanha = 800 mil
Bielorrússia = 400 mil
Rússia = 300 mil
Lituânia = 300 mil
Irlanda = 250 mil
Ucrânia = 144 mil
Noruega = 120 mil
Itália = 100 mil
Suécia = 100 mil
Bélgica = 70 mil
Holanda = 60 mil
Áustria = 55 mil
Espanha = 45 mil
Grécia = 30 mil
Islândia = 7 mil

Atualmente existem muitos polacos também em Portugal, Eslováquia, Croácia e República Tcheca. Para o senador da República Bogdan Borusewicz, a Polônia de 39 milhões de habitantes, tem mais de 20 milhões de descendentes de polacos espalhados pelo mundo, principalmente nos Estados Unidos, Brasil, Canadá, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Lituânia, Bielorrúsia, Cazaquistão, Ucrânia e Austrália.
O Brasil, segundo dados oficiais teria uma população de 1,5 milhão de descendentes. Contudo, minhas pesquisas junto aos estudos de mais de 50 anos do padre Jan Pitoń para meu doutorado, em Cracóvia, ultrapassa os 3,5 milhões. Minhas pesquisas são baseiam no confronto de dados do Consulado de Curitiba de 1937, do cônsul Głochowski de 1927, do prof. Ruy Wachjowicz e de Michał Sekuła, entre outros.
Pelos meus cálculos, os polacos seriam o quarto maior grupo imigratório do Brasil sósendo ultrapassados por italianos (maior grupo étnico a emigrar para o Vrasil), portugueses e espanhóis. Os polacos suplantando alemães e japoneses festejados com grandes grupos de imigrantes.
Em minha disseração de mestrado defendida em Cultura Internacional, com o título de  "Identidade Cultural do brasileiro descendente de polaco", sob orientação do Prof. dr hab. Tadeusz Paleczny, pela Universidade Jaguielônia de Cracóvia, apresentei algumas tabelas sobre número de imigrantes polacos chegados ao Brasil. Uma delas foi organizada por Jan Pitoń. A outra foi resultado de minhas pesquisas sobre tabela organizada primeiramente pelo prof. Ruy C. Wachowicz.

Emigracja polska w okresie Republiki 1890-1914-1970[1]

Stan

Głuchowski

Konsulat

Sekuła

Pitoń

1927

1937

1970

1970

Paraná

38.223

88.605

307.360

264.815

S. Catarina

10.573

23.372

89.000

70.100

Rio G. Sul

32.300

80.000

256.200

240.000

RJ SP etc.

21.500

07.100

190.360

18.000

W sumie

102.596

199.077

842.920

592.915

Źródło: manuskrypty Jana Piwonia.

[1] Pitoń, Ks. Jan CM. Manuskrypt. “Chłop Polski w Brazylii oraz Liczebność Polonii”. Kraków, 1985.

Największe grupy imigrantów w Brazylii

Maiores grupos de imigrantes no Brasil

Narodowość 

(nacionalidades)

Liczba imigrantów

(número de imigrantes)

Procent

Percentual

Włosi (italianos)

1.513.000

30,28%

Portugalczycy (portugueses)

1.462.000

29,26%

Hiszpanie (espanhóis)

598.000

11,97%

Polacy (polacos)

592.915

11,86%

Niemcy (alemães)

253.000

5,06%

Japończycy (japoneses)

188.00

3,76%

Inne (outros)

784.000

15,69%

W sumie (total)

4.995.328

100%

Źródło: Iarochinski, Ulisses. [1]

[1] Tabela opracowana na podstawie danych zebranych przez Ruia C. Wachowicza i jego artykułów o imigracji polskiej.


O número de um milhão e meio, que geralmente cônsules, embaixadores e a imprensa brasileira e polaca divulga é baseado nestes 102 mil contabilizados pelo cônsul Kazimierz Głochowski em seu livro "Materiały do Problemu Osadnictwa Polskiego w Brazyli"  e publicado em 1927, o qual por sua vez, baseou-se em apontamentos do agrimensor Sebatian Woś Saporski, divulgados em jornais de Curitiba, em 1916.
Portanto, ao se considerar o número de Jan Pitoń de 592.515 imigrantes polacos desembarcados no Brasil entre 1822 e 1971, a estimativa atual sobre a etnia polaca no Brasil (incluídos nascidos na Polônia e descendentes nascidos no Brasil) ultrapassaria as três milhões e 500 mil pessoas (considerando que cada matrinônio de imigrantes polacos gerou em média 4 filhos no Brasil).  No último censo do IBGE do ano de 2000, viviam no Brasil 7.449 cidadãos polacos.