terça-feira, 31 de agosto de 2010

Empresários de Poznan visitam Curitiba

O ex-presidente da ACP - Associação Comercial do Paraná e atualmente diretor da Câmara de Comércio Brasil- Polônia no Paraná, Marcos Domakoski, está organizando mais uma vez, neste ano de 2010, a vinda de outra comitiva de empresários polacos da Voivodia de Poznan a Curitiba.
Além desta recepção na ACP, nesta quinta-feira, a programação dos polacos, incluiu visitas orientadas a empresas e universidades paranaenses. No roteiro comercial consta também visitas turísticas a diversos pontos da capital e algumas localidades do Paraná.

As empresas

Rafał Dąbrowski - Trade Company Sp. z.o.o. / Comércio de peças fundidas em ferro (acessórios de tratores) Produtos de fundição de ferro cinta, os quais têm uma linha de produção de componentes pesando 40-60 kg e a possibilidade de uma outra unidade de produção (manual) de 600-2500 kg. Importante é a habilidade de pintar as carcaças. Estão à procura de uma planta de capacidade de produção 5.000-10.000 toneladas por ano.

Ritex Gourmet - Alfred Molski / www.ritex.pl / A venda de produtos alimentares, bebidas, inclui chá, café, doces, doces de frutas, açúcares, vinagres, balsâmico, azeite e óleo. Produtores de café embalado e café solúvel.

Interplastik Sp. z.o.o. / www.interplastik.pl / Produção de embalagens plásticas para indústria química e alimentação, produção de plásticos em formas primárias, produtos de construção e os outros plásticos. Os parceiros da indústria de plásticos ( os produtores de intermediários, as empresas que produzem máquinas etc.) e as companhias envolvidas em design e nanotecnologia (fabricante nanotubos).

Gembiak - Mikstacki Sp.J. / Execução de obras associadas à construção e modernização de estradas, restauração de pavimentos, construção de parques, praças, calçadas. Empresas de construção de estradas, agregados, fabricantes de implementos rodoviários.

Eureka Technology Park Spółka Z Ograniczoną Odpowiedzialnością / www.eureka-tp.pl / O objetivo de atividade do parque é de apoiar o desenvolvimento das indústrias de tecnologia avançada e a criação de novos postos de trabalho como resultado de novos investimentos diretos e a cooperação entre empresas, governos locais, universidades e instituições de ambiente de negócios. Plásticos, de biotecnologia, instituições científicas e financeiras (procura de investidores para uma rede de business angels).

BMC Hotels Sp. z.o.o. / www.sulkowski.net.pl / BMC Hotels é o proprietário do Centro de Conferências e de Recreação de "Sułkowski", que está situado no Parque Przemęcki. O hotel está aberto todo o ano e é o maior na região em número das salas de treinamento, com capacidade para 150 pessoas. Possui também uma extensa área de com bares, restaurantes. Oferece uma gama completa de serviços relacionados com a organização de recreação, conferências, eventos de treinamento e integração. Envolvimento turístico. Estão interessados em estabelecer contatos com uma indústria turística - agências de turismo, hotelaria, indústria de catering, spa, etc. E com indústrias de entretenimento, eventos e conferências.

Grupo Nickel / www.ntpp.pl / PTB Nickel Sp. z o.o. / A empresa de construção envolvida na realização integral dos processos de investimento na área de construção em geral, industrial, especiais, habitação, infra-estrutura e ambiental. Nickel Development Sp. z o.o. outra das empresas está envolvida em atividades no mercado de investimentos residenciais.
Nickel Technology Park Poznań Sp. z o.o. / O primeiro parque não público na Polônia e que desde seu início orientou sua atividade ao desenvolvimento das tecnologias modernas. A sua atividade no terreno de NTPP conduz empresas de serviços, especialmente na área de implementação do sistema SAP, de outsourcing, os serviços na área de TI, arquivamento dos documentos e logística. As atividades de desenvolvimento realizadas pelo Parque também tendem a impulsionar a indústria da biotecnologia na Região de Wielkopolska. No Parque será criado o Centro de Biotecnologia que oferecerá uma moderna infraestrutura necessária à realização de estudos especializados e com objetivo de reunir empresas da biotecnologia. O grupo Nickel está interessado em estabelecer contatos comerciais com os parceiros que representam pequenas e médias empresas inovadoras e também com empresas que dominem novas/inovadores tecnologias de produção/implementação.

Biocontract Sp. z o.o. / Atua no mercado de exportação de produtos médicos para testes clínicos. Quer estabelecer contatos com parceiros da área da biotecnologia médica.

Universidade de Tecnologia de Poznan / www.put.poznan.pl / Realiza estudos e pesquisas nas seguintes áreas: arquitetura, construção, proteção ambiental, eletrônica, energia, mecânica, gestão, informática, automação e robótica, física, telecomunicações, tecnologia química e outros. Uma das equipes de investigação do Instituto da Tecnologia da Informação está às vésperas de assinar acordo de cooperação com duas empresas brasileiras e um Instituto de Investigação. Universidades com o perfil semelhante à Universidade de Tecnologia de Poznan podem estabelecer as bases de uma cooperação recíproca, na promoção e realização de atividades tais como Intercâmbio, no âmbito acadêmico e estudantil, projetos de investigação e intercâmbio de informação.

Universidade de Ciências da Vida / www.puls.edu.pl / A Universidade de Ciências da Vida ainda não realizou nenhuma cooperação mais estreita com Universidades Brasileiras, a não ser participação em conferências e congressos que foram organizados no Brasil. No ano de 2009, o Embaixador Polaco, Jacek Junosza Kisielewski, tomou a iniciativa de estabelecer a cooperação na investigação e na ciência entre a Universidade de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande e as Universidades de Poznan. As autoridades de Universidade de Ciências da Vida estão interessadas nesta possibilidade, ou seja, cooperação na investigação da ciência com as Universidades do Brasil no campo da ciência da vida e dos cursos que se realiza na Universidade (ex: biologia, biotecnologia, ambiente, agricultura, ciência dos alimentos e nutrição, horticultura, silvicultura, tecnologia da madeira, engenharia ambiental, zootecnia). A Universidade de Ciências da Vida está interessada nos programas de intercâmbios no âmbito acadêmico e estudantil. Além disso, gostariam de apresentar a oferta do ensino secundário em inglês para estudantes das universidades brasileiras, cursos no campo da horticultura e paisagismo, silvicultura, tecnologia alimentar e nutrição.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Trens polacos ainda um problema

A manchete principal do jornal Gazeta Wyborcza, desta segunda-feira, 30 de agosto de 2010 diz que:
Os trens polacos não
contabilizam o tempo de atraso

A reportagem informa que depois de cinco anos e um mês é o atraso no tempo da Empresa Polaca de Ferrovias - PKP consegue um orçamento do Estado 47 milhões de złotych, ou seja, 1/6 do orçamento do governo. Embora isto seja apenas 1/4 do que a empresa precisa.
Mas o grande problema dos trens polacos ainda é o atraso nas linhas. Neste primeiro semestre de 2010, o trajeto de Cracóvia a Varsóvia registrou inúmeros atrasos para os mais de 750 mil passageiros desta viagem que possui vários tipos de linhas, como Ekspress, InterCity, ou EuroCity, todas teoricamente rápidas e por isso mesmo, bem mais caras que a normal e a "pinga pinga".


Foto: Cezary Aszkielowicz / AG
Passageiros esperam trens atrasados na Estação de Szczecin Główny

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Grafite varsoviano

Foto: Piotr Vassal

Tendências alcóolicas: crianças bêbadas, meninas bêbadas. Campanha de visual agradável, mas sem provas. Inscrição e grafite num dos muros da ulica (rua) Głowackiego, em Varsóvia.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Polacas fazem turismo do aborto

Manifestação contra o aborto nas ruas de Varsóvia
Foto: Kuba Atys

Entre 30 mil a 40 mil mulheres polacas viajam ao exterior para abortar. Os números foram informados, pelo ex-ministro da Saúde, Marek Balicki, em entrevista a rádio TOK FM, nesta terça-feira. "Além do aborto ser realizado clandestinamente, ele é cada vez mais crescente, pois há uma permissividade relativamente grande de abortos nos países vizinhos, como Alemanha, República Tcheca, Eslováquia, Reino Unido e Holanda.", afirmou Balicki.
Como se sabe, o aborto é proíbido na Polônia, mas não é só isso. O catolicismo fervoroso e conservador do povo polaco, alicerçados na figura moral do Papa João Paulo II, intransigente defensor da vida e totalmente contrário à prática da interrupção da gestação, tem milhares de defensores da criminalização do aborto.
Na quinta-feira, amanhã, Balicki e a Federação da Mulher e Planejamento Familiar, a organização social organizam no Sejm (Câmara dos Deputados) audiência sobre o turismo do aborto. "Vamos falar sobre o que são os efeitos de uma lei muito restritiva em vigor sobre planejamento familiar, a proteção do feto humano e as condições de admissibilidade do aborto", completou Balicki a TOK FM.
Balicki citou números, que sugerem que as mulheres polacas vão ao estrangeiro para abortar. "É difícil contar com precisão, porque, felizmente, nestas clínicas, ninguém pergunta sobre a nacionalidade. A única coisa que é importante para as mulheres polacas, é que ao contrário dos cidadãos desses países, elas devem pagar pelo procedimento", explicou o ex-ministro.

Leia mais ... http://wyborcza.pl/

Missa em União da Vitória

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O que Doda tem na cabeça?

Foto: Marcin Stępień

Apesar de tudo: processo. O Tribunal de Varsóvia terá que responder à questão para saber se a cantora Dorota Rabczewska ofendeu sentimentos religiosos. E onde estão os limites da liberdade de expressão e criação.
O processo que responde a esfusiante Doda foi movido contra ela, após uma entrevista da cantora para o portal do jornal Dziennik.pl. Rabczewska respondeu sobre sua relação com a fé e a religião, mas também sobre a Bíblia e seus autores. Ela disse na oportunidade que: "É difícil acreditar em algo que se escreveu com um vinho azedo e fumando alguma erva." Sentiu-se ofendido por esta declaração, entre outros, Ryszard Nowak, chefe da Comissão Nacional de Defesa contra as seitas, e comunicou isto ao Ministério Público. Comunicação similar foi enviada pelo senador Stanislaw Kogut do PiS.
Procuradoria inicialmente recusou-se a investigar, mas Nowak recorreu da decisão do tribunal e o promotor reconheceu que a decisão era prematura. Ele então ordenou a nomeação de peritos - dois estudios da biblia e um linguista. Este último teve de olhar para a linguagem que Doda fez uso na entrevista. Efeito? Os investigadores concluíram que Rabczewska ofendeu sentimentos religiosos e insultou publicamente um objeto de culto religioso, e o caso foi enviado para uma acusação judicial.
Ontem, o tribunal conheceu o caso. A cantora não esteve presente, pois não tinha porque. Sua advogada estava presente e quis encerrar o caso por "falta de ofensa."
Segundo a advogada Anna Lesiak, sua cliente a Sra. Dorota Rabczewska certamente não queria que esta declaração ofendesse alguém. Ela enfatizou que, para falar sobre a responsabilidade criminal, deve-se demonstrar que o autor teve a intenção de ofender alguém. "Neste caso, deve-se levar em conta o contexto e a forma de expressão. Estamos lidando aqui, com a linguagem dos jovens, todos os dias, fazem uma piada, com a criação", tentou exemplificar.
A promotora Agata Kucharska discordou do pedido de remissão do caso. "Não há dúvida de que estamos lidando com uma declaração pública sobre o tema da Adoração", observou, acrecentando que "De acordo com um linguista especialista a acusada tinha conhecimento do contexto em que se usou estas palavras e como elas poderiam ser entendidas."
O tribunal ouviu, ontem, Nowak, que deseja auxiliar a promotoria. "Esta declaração causou um terremoto", disse um dos irmãos Golec. "Deus tirou a razão de Doda". O processo está pendente há mais de um ano. "A Sra. Dorota tinha tempo de sobra para se desculpar. Não fez isso, continuou zombando. Ela disse que era um vinho sem álcool e com ervas medicinais. É uma questão de importância histórica este processo. Porque se for cancelado, será sinal de que para os artistas que não há limites", argumentou Nowak.
O tribunal decidiu, após uma pequena pausa, que neste caso, deve ser realizado como num processo normal de interrogatório do acusado, com testemunhas e peritos. A chave para avaliar se o crime foi cometido, ele irá analisar o que foi sustentado pela cantora. E isso não pode ser provado apenas a partir do ato.
"Aceitação acrítica das explicações complexas no inquérito sobre o acusado não é suficiente para demonstrar que estava infringindo a lei", disse a juiza Agnieszka Jarosz, justificando sua decisão.
Após o anúncio da decisão da juiza Ryszard Nowak, o acusador, não fez segredo da sua alegria. "Estou muito positivamente surpreso, porque eu estava convencido antes da reunião que a questão da remissão seria imposta".
A juiza enfatizou na justificativa que quer examinar o conflito pessoal "entre Nowak e Doda". De acordo com a advogada de defesa, Doda espera o resultado do julgamento para entrar com uma ação contra Ryszard Nowak por difamação.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Casa Amon Goeth colocada à venda

Foto: Jakub Ociepa

O proprietário da mansão que serviu de moradia do comandante do campo de concentração em Płaszów, em Cracóvia, Amon Goth, colocou à venda. A prefeitura de Cracóvia não tem intenção de comprar a casa, para não expor uma pessoa a guerra criminosa.
Jan Grabiec, proprietário da Sociedade Czerwonego Domu colocou o imóvel à venda. O anúncio está disponível na internet e em jornais. "Quase todo dia vem uma excursão visitar este lugar. Turistas perguntam se a casa vai ser reformada e se terá uma parte para exposição do museu, ou sucursal do mudeu da fábrica de Schindler, em Zabłoce. Guias de forma gratuita e sem fazer propaganda de seu negócio, porque eu os trato como educação relacionada à missão social com o público. Por quase 10 anos, mantenho a Fundação Instituto Schindler e minha casa com recursos próprios", diz Grabiec. Ele acrescenta, que a venda da casa significa o fim do atual conselho e da diretoria do Instituto Schindler.
Grabiec, empresário de Maków Podhalanskie, em 1992, encontrou um anúncio no jornal de venda da casa e acabou comprando-a como um investimento. Os militares interditaram o destino do edifício, quando a casa começou a ser preparada para ser cenário do filme "A Lista de Schindler". No filme de Spilberg, o sádico comandante Amon Goeth dava tiros da varanda da casa nos prisioneiros que faziam trabalhos forçados no campo de concentracão de Płaszów.
"Em 2003, decidi fazer um trabalho social e educacional relacionada com o campo e criei o Instituto Schindler. Queria transformar a velha Vila Amon Goth na sede da organização. Como não podia levantar fundos para a restauração coloquei-a sob a proteção do Instituto. Tentei então conseguir um plano de paisagismo, que começaria no antigo campo, mas obtive uma resposta negativa, ", afirma Grabiec.
O proprietário está confiante que a cidade compre o prédio e usá-lo para fins educacionais, e que está disposto a vender o imóvel, pois ele é muito atraente para a cidade. Quanto ao preço, ele não quis revelar por quanto.

domingo, 22 de agosto de 2010

Piano à beira do lago Kalinka



O flautista e regente curitibano Norton Morozowicz enviou sugestão deste vídeo com os pianistas Waldemar Malicki e Tamara Granat.
Malicki nasceu em 1958 e se formou com distinção da Academia de Música de Gdańsk, em 1981, onde estudou com o lendário Jerzy Sulikowski. Malicki é ganhador de concursos nacionais de piano polaco em 1980 e 1982, em Varsóvia e Slupsk, e foi premiado com o Primeiro Prêmio, no The Musikseminar Viena, em 1982.
Malicki gravou 35 CD`s solo e de câmara para a Polskie Nagrania, Polton e Dux (Polônia), Pavane (Bélgica), Adda e Accord (França), Koch Records, Schwann e Wergo (Alemanha), bem como Pony Canyon (Japão). Gravou inúmeros concertos de piano com a Rádio Televisão polaca e Orquestras de Cracóvia e Katowice, além de turnê como solista com várias orquestras da Polônia. Malicki foi três vezes premiado com um "Fryderyk" - a versão polaca do Grammy Norteamericano.
Malicki também realiza recitais de piano improvisação no estilo virtuoso do século XIX. Primeiro Presidente da Sociedade Paderewski, Malicki é atualmente o Director Artístico do Festival de Humor Musical do Sul da Polônia.
Granat ganhou vários concursos de piano e já fez turnês pela maioria dos países europeus, além dos Estados Unidos e Ásia. Muitas destas vezes foi realizando "master classes". Tamara estudou com Sulikowski (piano) e R. Suchecki (música de câmara) na Academia de Música de Gdańsk (1982-1987). Ganhou o Concurso Internacional IJ Paderewski em Bydgoszcz (1986). Desde 1987, ela já se apresentou em duo com Malicki (Duo Granat). O seu repertório inclui composições tanto para quatro mãos e dois pianos (de Bach para os dias atuais). Eles gravaram obras de Bach, Chopin, Saint-Saëns e IJ Paderewski.

Neste vídeo, gravado no lago Kalinka e interpreta junto com a também polaca a pianista Tamara Granat, Tchaikovsky, Franz Liszt (Hungarian Rapsody 2) e Wolfgang A. Mozart (Rondo alla turca) .



Norton Morozowicz já esteve algumas vezes na terra de seu pai Tadeusz Morozowicz, o patrono da dança clássica de Curitiba. Aqui neste vìdeo, Norton deu entrevista à Telewizja Polska, quando esteve, em 2000, durante os ensaios da obra de Villa Lobos na Philharmonia Lubelska, de Lublin, Polônia.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Jarosław Kaczyński deve ir embora

Foto: Robert Kowalewski
Jarosław Kaczyński , durante uma conferência de imprensa após uma reunião do conselho político do PiS, em Varsóvia, dia 24 de julho de 2010. Foi quando ele disse aos repórteres que o PiS continuará se ocupando do desastre de Smolenski.

- Porque Jarosław Kaczyński deveria se afastar da vida política polaca?
O perdedor das últimas eleições presidenciais, consigo mesmo, emitiu tal pergunta à seus opositores políticos e ao público. Essa perspectiva deveria ser considerada. Depois de cruzar a fronteira da decência, as políticas não podem esperar um tratamento diferente do que ele próprio cobra de seus rivais. Esta é a razão primeira e imediata para a abertura, hoje, da necessidade de colocar o pedido, pelo menos de forma discriminada em suas demandas: Jarosław Kaczyński deve desaparecer da vida política polaca.
Não se trata de exclusão e inaceitável ataque à sua pessoa, como é de bom grado Kaczyński aceitar. É justamente sobre a igualdade de tratamento a "tal cavalheiro" (citação de seu arsenal de meios de expressão) e rejeitar permanentemente, a chantagem dos membros do PiS, e de Jarosław, em particular. Ele nunca mais.
Uma avaliação das conquistas políticas de Jarosław Kaczyński, aponta que ninguém na Polônia tem trazido tanta maldade e perversidade para a coisa política. Os piores acontecimentos que ocorreram nos últimos vinte anos na cena política do país, está geralmente associada ao seu nome, isto porque, Jarosław sempre foi o espírito ruim dos dois gêmeos.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Ônibus cracoviano queima na Croácia


O ônibus da empresa cracoviana Skarpa Travel com 52 pessoas a bordo queimou depois de cruzar a fronteira da Eslovênia com a Croácia. Nenhum dos passageiros ficou ferido, mas muitos perderam suas bagagens e inclusive pertences de mão, incluindo documentos.
Depois de passar por dois tuneis, o motorista parou o veículo. Quando os passageiros saíram, ocorreu uma explosão e o ônibus inteiro pegou fogo. Os bilhetes de passagens, identidades e passaportes serão reimitidos pela embaixada polaca em Zagreb, depois que um segundo ônibus da empresa chegou para continuar a viagem até a capital da Croácia. Segundo a polícia croata, a causa do incêndio foi uma faísca na bateria.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Polônia constrói estádios por todo canto

Como vai ficar o Estádio Nacional em Varsóvia depois de pronto

Não houve até agora qualquer tipo de investimento esportivo na Polônia. Na sombra da construção de grandes instalações para a Euro2012 em Poznań, Varsóvia, Gdańsk e Wrocław, além de Cracóvia e Chorzów, todos seguem aumentando os estádios em cidades menores do país.
Os preparativos para a construção estão em andamento em Rzeszów e Białymstok. Na capital da voivodia Podkarpacy o estádio de 17 mil está sendo modernizado para ser o primeiro totalmente coberto da Polônia. O velho estádio foi construído em 1956. Dinheiro existe para investir, pois é da União Europeia, mas a prefeitura está retendo o investimento para analisar se este será de interesse da comunidade, ou somente do clube esportivo. Já em Białymstok está sendo contratada a construção de um modero estádio moderno coberto para 22.000. espectadores. Sua arquitetura foi projetada pelo estúdio Kurylowicz & Associates.
Também a população de Lublin pode esperar por um novo estádio. Até o final do ano será contratada empresa para modernizar o acanhado estádio da cidade. Pelo menos é o que declara Grzegorz Wójcikowski, assessor do prefeito de Lublin.
Outras cidades que estão planejando, ou com construções em andamento são: Gdynia, Cracóvia, Łódz, Puławy, Łomża, Kołobrzeg, Ostróda, Stalowa Wola, Torun e Bydgoszcz.
"Do que precisamos, no entanto, para ter um monte de estádios, em especial, de futebol. Será que vamos poder mantê-los depois? A construção de novos estádios é um direito normal de cada cidade, assim como bibliotecas ou piscinas. É um sinal do nível de civilização e desenvolvimento cultural. Porque espaços são lugares onde podem encontrar ainda as dezenas de milhares de residentes. Não só os jogos, mas também em concertos e eventos locais, tais como festivais regionais", afirma o coordenador nacional des estádios, Wojciech Rokicki, da empresa PL.2012, que venceu a concorrência pública para coordenar a preparação da Euro 2012.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Festival de Cinema de Koszalin


O 29. Koszaliński Festiwal Debiutów Filmowych "Młodzi i Film" (Festival dos Debutantes de Cinema "Jovens e Filme") acontece, naquela cidade, da Polônia de 14 a 18 de setembro próximo.
O magnífico cartaz é de ninguém menos do que o mago dos posters Rafał Olbiński.

A prima artista: Monika


Meu sobrenome, apesar de pouco conhecido na Polônia, possui cerca de 5 mil pessoas em todo país. Grafado, no cartório de Castro-PR, como Iarochinski, para registro de meu pai. Mas escrito originalmente como Jarosińki, na certidão de nascimento de meu avô em Wojcieszków, Leste da Polônia, meus parentes distantes se concentram em Varsóvia, Cracóvia, Radom, Kielse, Lublin e Bielsko Biała.
Nesta cidade, ao Sul do país, vive meu primo Jerzy, com sua família, irmãos e outras 60 pessoas com meu sobrenome. Fiz contatos com outros primos, tios-bisavós em outras cidades. Mas nada como o relacionamento estreito com Jerzy, de Bielsko. Já passei muitos fins de semana em sua casa, além de Páscoa e Natal. Infelizmente perdi o casamento de Ania que já deu um neto aos Jerzy e a Bogumiła.
Mas não tive a oportunidade de conhecer a bela prima, a atriz e cantora Monika Sylwia Jarosińska, nascida em 28 de maio em 1974, em Będzin.
Monika, em 1995, terminou o Studium Aktorskie "Lart-Studio", em Cracóvia. Em seguida, concluiu a Faculdade de Atores da PWSFTviT (Escola Superior de Cinema de Łódź em 1999. Gravou a música "First Kiss", no CD de Zenon Boczara, época em que, durante a eliminatória polaca do Concurso Eurovisão 2005, conquistou o segundo lugar. Colabora com o grupo "Why not". Em apresentação solo se apresentou no Teatr Ochota. Na TV, destaca-se suas participações nas telenovelas, "Samo Życie" e "M jak miłość "



Filmografia
2010: Pierwsza miłość - como Andrea Otręba-Sawicka
2007: Dwie strony medalu, como Asia Zalewska, esposa de Adam
2005: Pitbull
2004: Tajemnica kwiatu paproci
2004: Park tysiąca westchnień, como a Nimfomaniaca
2003: Show, como a garota Romana
2003: Siedem przystanków na drodze do raju, como Monika
2003: Tak czy nie?, como Izabela Laskoska
2003: Zaginiona, como a Prostituta na rua
2002: To nie ja (Non sono io), como garçonete
2002-2009: Samo Życie, como Jolanta Pastusiak
2002: Dzień świra, como a garota da propaganda
2001: Quo vadis, como a escrava de Vinicius
2000: M jak miłość como Jagoda
2000: Sukces, como Pani Basia
2000-2001: Miasteczko, como a funcionária bancária
2000-2006: Plebania, como vendedora na Boutique Gracja

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Alemães atravessam Odra para trabalhar

Porto fluvial, no rio Odra, em Szczecin

Notícia publicada, em Lisboa, pelo jornal Expresso aponta que o crescimento econômico polaco em 2009 foi de 1,7%. Com isso, a Polônia continua a ser o país menos afetado pelos reflexos da crise mundial na Europa. Nem o desaparecimento da maior parte das elites responsáveis por este sucesso desviou a ascendente trajetória polaca. Por isso, hoje, milhares de alemães do leste atravessam o rio Odra, no sentido inverso dos polacos de anos atrás, à procura de um emprego.
Oficialmente, há mais de dois mil e quinhentos alemães trabalhando em "call centers", na construção civil e em outros setores nos arredores da cidade de Szczecin. Mas os números não oficiais que circulam são muito mais altos. Um trabalhador alemão qualificado pode ganhar cerca de mil euros por mês na Polônia - não é muito, mas é melhor do que nada. Ali mesmo na região, só que do lado da fronteira alemã, na localidade de Uecker Randow, a taxa de desemprego chega aos 20%.
Este novo fenômeno constitui mais uma prova de um movimento inverso de transumância. Se, nos anos de 1950-1960, os turcos e os gregos emigravam para a Alemanha, a crise econômica incita, agora, os alemães a emigrarem para a Polônia ou... para a Turquia.

P.S. Mas não é uma nova Meca do trabalho, não! Os salários são muito baixos e os preços das coisas estão cada vez mais altos. Ir para a Polônia pensando que se está indo para o Japão, Inglaterra, Irlanda, Holanda, ou Estados Unidos, pode fazer muito brasileiro despreparado quebrar a cara. É imperioso saber o idioma polaco (o segundo mais dificil do mundo), ter qualificação e como a comunidade que fala português é inexistente, não tem ninguém para auxiliar os recém-chegados.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Varsóvia se bronzeia


Parques e praças na falta de praia é o destino dos varsovianos este verão, que já teve de tudo, tempestades, enchentes, frios e muito sol, mas muuitooo sol. E a peles alvas das polaquinhas amorenando-se.

Varsóvia, um dia em 1935




"Cidade Ruínas" apertada pela garganta, em "Varsóvia 1935" tem uma paisagem admirável. Na privacidade de um estúdio de animação no bairro de Praga, na capital polaca, a criação de um vídeo tridimensional reproduz Varsóvia de antes da guerra. Depois de 75 anos, pode-se voltar às ruas da Paris do Norte (como era chamada a capital da Polônia).
A produção do filme já tem dois anos de duração, mas estava sendo mantida em sigilo. "Começado os trabalhos do filme, não imaginava comigo mesmo, que a cidade pudesse ter mudado tanto", confessa Tomasz Gomoła, idealizador do projeto do Studio Newborn, que reconstrói a capital polaca de antes da segunda guerra mundial, na tela do computador. Tomasz não informou quando o filme estará pronto para exibição. Mas muito provavelmente ainda neste outono seja apresentada parte do filme. A Studio ainda negocia patrocinadores para poder concluir o filme e apresentá-lo oficialmente ano que vem.

Abaixo um fragmento de filme do Museu do Levante de Varsóvia com a cidade em ruinas após os bombardeios alemães-nazistas.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Hondurenho no Wisła Kraków

Osman Chaves (à direita) - Foto: Michał Łepecki

A participação de Honduras, na Copa da África do Sul rendeu frutos. Pelo menos para seus jogadores. O vice-campeão polaco Wisła Kraków (pronuncia-se víssua cracuf) contratou o atacante Osman Chavez.
"Viajar a Europa é concretizar um sonho", afirmou o jogador de 26 anos ao ser apresentado aos novos companheiros e a imprensa local.
Infelizmente, Osman ainda não poderá jogar na próxima partida. Resta a liberação oficial junto à Federação Polaca de Futebol. Além disso, ele vai necessitar de visto de trabalho. Tudo isso pode demorar ainda uns 10 dias.
Na coletiva de imprensa, ontem à tarde, quando perguntado do porque se decidiu a jogar na Polônia, Chaves respondeu que: "Na minha vida eu tinha três sonhos: tornar-se jogador profissional de futebol, defender a seleção de Honduras, e tentar jogar na Europa. Agora o meu último sonho está se tornado realidade. Aqui o futebol é algo completamente diferente. A organização dos clubes é muito melhor, assim como os estádios que são modernos e os torcedores são mais exigentes. Eu amo Honduras, mas para o jogador de futebol jogar na Europa permite se desenvolver muito mais rápido. Jogando em casa, eu não teria essas oportunidades de enfrentar a equipe do Barcelona."
Osman vai ser companheiro do brasileiro Cleber, que voltou de uma temporada no Terek Grozni da Chechênia, do costariquenho Junior Dias e do argentino Andrés Rios.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Novo dilúvio na Polônia



Foto: Michal Cizek

Três pessoas morreram e milhares foram evacuadas neste fim de semana na Polônia, a razão das fortes chuvas que inundaram o país novamente.
Duas das pessoas mortas sumiram nas águas em Bogatynia, onde outras 600 pessoas foram evacuadas pelos bombeiros. Segundo, o último censo a cidade possui 18.688 habitantes.
A 30 km dali, em Zgorzelec, fronteira com a Alemanha, as águas sumergiram 35 casas e mais de 200 ficaram ser energia elétrica. 1500 pessoas foram evacuadas.
Na região Noroeste do país, também fronteira com a Alemanha, em Szczecinek, a água do lago Trzesiecko, subiu 60 centimetros em menos de uma hora, inundando um parque de estacionamento e cobrindo todos os automóveis que ali estavam.
Em Varsóvia, a tempestade paralisou a cidade. A linha do metrô Toruńskiej foi atingida pelas águas e o sistema teve que ser desligado.

Bogatynia é uma cidade que vive em função da mina de carvão e da Termoelétrica de Turów. Fotos da extração do carvão e da usina:

A kremówka é típica de Wadowice?

Foto: Krzysztof Karolczyk

A kremówka (pronuncia-se cremufca) é o doce regional típico de Wadowice? Aparentemente sim, porque na cidade papal o bolo folheado com bastante creme é produzido há muito tempo.
Desde que o Papa João Paulo II retornou a sua cidade natal, em 1999, e disse que uma das coisas que mais tinha saudade era a Kremówka, o doce se tornou mais do que famoso, passou a ser produzido em cada esquina. A concorrência logo tratou de denominar o doce de várias formas, como Kremówki Papieski (cremosa do papa) Kremówki Królowa (cremosa da rainha) e etc.
Para descobrir o segredo da kremówka de Wadowice é preciso voltar a 1936, quando chegou a cidade um confeiteiro judeu vindo de Viena. Karl Hagenhuber arrenda as instalações da família Lisków e abre a confeitaria da moda, que prontamente é adotada pela elite wadowicka. A confeitaria estava localizada na esquina do Rynek com a ulica Mickiewicza (atualmente no local existe um banco).

Quando o Papa, em 1999, fez o bolo cremoso ficar famoso, começou-se a investigar, o que significava aquele sorriso no rosto de Wojtyla. Inicialmente suspeitou-se que os bolos continham certa dose de bebida alcóolica. Assim as confeitarias, não só de Wadowice, mas também da vizinhança correram para produzir kremówki alcoólicas - a ponto de certa vez um casal ter problemas na estrada para Kalwaria Zebrzydowska. O esposo, recusou-se a conduzir o carro, pois temia ser autuado pela polícia por embriaguês.
Com o aumento das peregrinações à cidade, após a morte do Papa, e consequente aumento de casas vendendo kremówka, a ponto de em cada esquina, ter uma casa de chá, bar, café, pequenos restaurantes anunciarem a melhor e mais provada kremówka do papa, o filho de Hagenhuber visitar Wadowice e admitir que, embora não soubesse a receita, disse que seu pai não usava álcool na kremówka. Segundo ele, todo o segredo do sabor estava escondido num produto de excelente qualidade - a gordura utilizada para a fabricação do creme de confeiteiro, era apenas manteiga natural fresca.
Assim, não era a adição de álcool na receita a causa do sorriso papal. E se não era, então porque ele sorriu, quando lhe ofereceram a Kremówka e ele comeu até se lambuzar? Histórias e mais histórias passaram a ser contadas na cidade para explicar o sorriso, algumas já viraram lenda. Seja como for João Paulo II tornou a kremówka o doce típico de Wadowice.

Já escrevi a respeito da Kremówka em há um ano atrás. Confira a receita no meu arquivo de Textos em http://iarochinski.blogspot.com/2009/06/kremowka-de-wadowice.html

domingo, 8 de agosto de 2010

Representações na Música de Chopin

Conheci Fabrício em Cracóvia. Era 2002. Ele estava já há um ano na Polônia. Tinha feito o curso de idioma e cultura polaca, na Universidade de Wrocław. Curso este que todos os estudantes brasileiros ganhadores de bolsa de estudos do Ministério de Educação da Polônia fazem obrigatoriamente antes de iniciar os estudos de graduação, mestrado ou doutorado.
Fabrício estava morando no Akademiko Dom Piast (Casa de estudantes) em Cracóvia, para começar o curso de graduação em Arqueologia, na Faculdade de História da Universidade Iaguielônica. Infelizmente para a Academia Polaca, Fabrício escutou o coração e voltou para Erechim, onde finalmente se casou com a bela Christine. Ela, como ele, descendente de polacos, tinha conhecido Fabrício, no curso de idoma, em Wrocław (pronuncia-se Vrótssuaf).
Mas apesar da volta ao Brasil, do casamento, Fabrício, não desistiu da história, nem da Arqueologia. Formou-se na URI, campus universitário de Erechim. E dele é o artigo abaixo. Interessante sob todos os aspectos. Vale a pena conferir:



ARTE, SENTIDO E HISTÓRIA
Suas Representações na Música de Chopin

Fabricio J. Nazzari Vicroski*



Resumo: O presente artigo tem por objetivo adentrar de forma concisa no mundo da linguagem musical, com o intuito de evidenciar o potencial cognitivo da obra do compositor e pianista polaco Fryderyk Chopin, vislumbrando suas possibilidades interpretativas como forma de expressão que apresenta sentimentos individuais convertidos em expressão coletiva. Para tanto destaca o potencial da arte como linguagem, com ênfase para a música. A análise é articulada a partir de três dimensões: arte, sentido e história, ressaltando a música de Chopin não exclusivamente como expressão artística, mas também como uma forma de linguagem/comunicação, através da qual o compositor manifestou seus sentimentos em relação aos acontecimentos que o cercavam, denotando assim a relação existente entre o desenvolvimento do pensamento humano, da arte (neste caso a música) e os eventos históricos.
Palavras-chave: Chopin. Música. linguagem.

Introdução

Ao acompanharmos o desenvolvimento das sociedades humanas ao longo da história, logo percebemos a importância das manifestações artísticas no processo de compreensão do contexto social a que correspondem, contemplando suas dimensões cultural, política e econômica.
Se considerarmos o fato de que as manifestações artísticas são inerentes a existência humana, a aplicabilidade desta análise é valida para toda e qualquer sociedade, não apenas as contemporâneas, mas também aquelas situadas em tempos remotos ainda na pré-história, com a condição de que existam vestígios (materiais ou imateriais) que remetam à sua artisticidade. Neste sentido, a arqueologia e a semiótica tem contribuído de forma considerável para o estudo do homem arcaico , através da análise das pinturas e grafismos rupestres.
Todavia, o período de estudo aqui enfocado situa-se na primeira metade do século XIX, tendo a música como matriz de análise, inserida, portanto, no período romântico, que corresponde a um contexto histórico de valorização, fortalecimento e até mesmo criação de anseios nacionalistas, sobretudo, na Europa, onde diversos povos buscavam sua consolidação como nação. Tal aspiração é propagada através das artes, como na pintura, arquitetura, escultura e literatura, naturalmente, no campo musical não poderia ser diferente, compositores da época expressaram sentimentos políticos e patrióticos através de suas obras, fornecendo, portanto, inexaurível material de pesquisas.”Uma das características que tornam a música um fecundo objeto de investigação é seu caráter universal e sua presença em todas as sociedades” (TROMBETTA, 2007, p. 215-216)
O objetivo deste artigo é vislumbrar as possibilidades interpretativas das composições de Fryderyk Franciszek Chopin, articulando a análise a partir de três dimensões: arte, sentido e história, com o intuito de evidenciar a potencialidade da música de Chopin não exclusivamente como expressão artística, mas também como uma forma de linguagem/comunicação, através da qual o compositor manifestou seus sentimentos em relação aos acontecimentos que o cercavam, compondo assim um “documento” que apresenta uma visão particular do contexto histórico no qual estava inserido, permitindo uma peculiar leitura do passado, e até mesmo a confrontação desta versão com as demais fontes documentais, denotando assim a relação existente entre o desenvolvimento do pensamento humano, da arte (neste caso a música) e os eventos históricos.

1 Fryderyk Franciszek Chopin, o poeta do piano

O ano de 2010 constitui-se numa data comemorativa para a música erudita, uma série de eventos culturais está programada para homenagear o bicentenário do nascimento do compositor e pianista polaco Fryderyk Franciszek Chopin, (ou Szopen em polaco). A Organização das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura (UNESCO), decretou o Ano de Chopin, as celebrações (recitais, concertos, filmes, exposições) ocorrerão em países como Polônia, França, Suíça, Áustria, Taiwan, Israel, Finlândia, EUA, Argentina, Brasil, entre outros, totalizando nada menos do que dois mil eventos comemorativos em todo o mundo. A fim de contextualizar adequadamente a presente pesquisa, será apresentado brevemente seus principais dados biográficos.
Além de um notável compositor, Chopin também foi um admirável pianista, não apenas um expoente do período romântico, mas sem dúvida um gênio da música clássica, também conhecido com o poeta do piano, pois muitas de suas composições são consideradas verdadeiras poesias de tonalidades sonoras. Nascido na Polônia em 1º de março de 1810, na pequena cidade de Żelazowa Wola, nos arredores da capital Varsóvia (Warszawa), teve relativamente pouco tempo para expressar sua musicalidade, vindo a falecer, com apenas 39 anos de idade, em 17 de outubro 1849.
Seu pai, Nicolau Chopin, emigrou para a Polônia em 1787, com apenas dezesseis anos de idade, trabalhou como professor para a aristocracia polaca, entre os quais a família Skarbek, onde conheceu Justyna Krzyżanowska, sua futura esposa, responsável pela administração da residência. Casaram-se após quatro anos de convívio, Fryderyk era o segundo dos quatro filhos, dos quais três eram mulheres.
Teve contato com a música desde cedo, no próprio convívio familiar, sua mãe dava aulas de piano e seu pai tocava flauta e violino, aos seis anos de idade recebeu as primeiras aulas de piano de sua irmã mais velha, aos sete anos já compunha suas primeiras obras, e aos oito anos os familiares e amigos contemplaram com admiração seu primeiro concerto.
O músico de origem tcheca Wojciech Adalbert Żywny encarregou-se de sua educação musical durante a infância, com quem aprendeu a música de Bach e Mozart, seus compositores preferidos (RINCÓN, 2006). Já na adolescência, seus estudos foram desenvolvidos na Universidade de Varsóvia (Uniwersytet Warszawski) onde teve como mestre o compositor polaco Józef Elsner, iniciando seus estudos em teoria musical, contraponto, composição e harmonia.
Seu fascínio pela música popular tornou-se muito mais latente neste período, cabe lembrar que Chopin nasceu no meio rural, tocava com músicos camponeses e aprendia as particularidades musicais de cada região, compondo variações e recriando-as em suas obras, possuía assim uma estreita ligação com o folclore polaco, uma fonte de inspiração muito presente em suas composições.
Apenas três semanas após concluir seus estudos no conservatório, aos dezenove anos de idade, seu pai lhe concedeu dinheiro para realizar uma viagem à Viena, onde foi aclamado pelo público local em dois concertos. Em seguida retornou à Polônia, mas não permaneceu ali por muito tempo, pois seus pais achavam necessário que Chopin viajasse para uma grande metrópole européia afim de desenvolver seu gênio musical (EKIERT, 2005). Assim, partiu mais uma vez para Viena, onde permaneceu por cerca de seis meses. Apenas seis dias após sua chegada eclodiu uma grande revolta na Polônia (Insurreição de 1830), então subjugada pela Rússia, Prússia e Áustria, a revolta logo foi sufocada pelos exércitos do czar da Rússia. Chopin viu-se impedido de retornar à sua pátria, partiu então para a França, sempre nutrindo o desejo de ver seu país livre novamente, sem, contudo, imaginar que jamais pisaria em solo polaco outra vez.
Ao partir, Chopin também deixou para trás seu primeiro amor, Constância Gładkowska, uma talentosa cantora por quem nutria silenciosa adoração, o sentimento era recíproco, porém, com poucas chances de tornar-se um relacionamento amoroso efetivo, tendo em vista os planos da família de Constância com relação aos seus pretendentes.
Sua chegada a Paris representa um marco divisor em sua vida, pois percebendo o potencial artístico da capital francesa, estabeleceu-se ali e logo foi aclamado nos salões parisienses, viveu em meio a aristocracia, tornau-se amigo de Liszt, Mendelssohn, Kalkbrenner, Berlioz, Pierre Leroux, Bellini, Delacroix, entre outros, amigos estes que muitas vezes o estimularam e até mesmo tentaram organizar recitais e concertos, ante sua resistência ao contato com as multidões, considerava o público das salas de concertos muito diversificado, sentia-se a vontade apenas numa sala ou apartamento rodeado de pessoas conhecidas, onde deliciava-se em improvisos (ANDRADRE, apud SIEWIERSKI, 1999).
Apaixonou-se pela conterrânea Maria Wodzinska, com quem tinha planos de casar, após um sopro de bons momentos tem início um período conturbado de sua vida, mais uma vez o relacionamento não conta com a aprovação da família da moça. Minha desgraça (Moja bieda) é o que Chopin escreve sob o maço de cartas enviadas por Maria, enquanto a tuberculose vem para torna-se sua companheira inseparável.
Naturalmente a vida de um típico romântico não poderia ser permeada unicamente de bons momentos, nem tampouco extinguir-se após um único suspiro, e é assim, num período de debilidade física e emocional que surge em sua vida a escritora francesa George Sand , sua terceira e última paixão.
Permaneceram juntos por praticamente dez anos, neste período compôs e poliu grande parte de suas obras na casa de campo de George. Em 1838 decidem passar um tempo em Maiorca, em busca de condições compatíveis com a doença do compositor, contudo, lá encontraram um clima chuvoso, debilitando ainda mais sua saúde, além do mais a Espanha se encontrava em guerra. O rompimento ocorreu em 1847, com a saúde extremamente debilitada e sem dinheiro, passou algum tempo na Inglaterra e Escócia, enquanto estourava a Revolução de 1848 na França. Após seu retorno a Paris, encontrou-se com George Sand, mas seu orgulho impediu que reatassem.
Por fim, em 1849, com apenas 39 anos de idade, sua saúde já havia se esvaído, não compunha mais, o saudade da Polônia o consumia, rodeado em seu leito pela irmã mais velha, amigos e alunos que o acompanharam em sua vida em Paris, abandona em definitivo o sofrimento, vindo a falecer em dezessete de outubro.
Seu corpo foi enterrado no cemitério Père Lachaise, seu coração, no entanto, atravessou fronteiras sob o vestido da irmã num recipiente com álcool, chegando até Varsóvia, onde foi amuralhado na parede da nave da igreja da Santa Cruz (EKIERT, 2005). Teve uma vida curta, no entanto, intensa, pois sofreu, amou, sorriu, chorou, fez grandes amizades, e ao fim de seus 39 anos de vida intensa legou ao mundo obras musicais de inestimável valor artístico.

2 A potencialidade da música como linguagem

A fala constitui hoje a principal forma de comunicação entre os indivíduos, ao menos se analisarmos pelo ponto de vista da praticidade, contudo, cabe lembrar que ela não é única, e apesar de, juntamente com a escrita, constituírem as formas mais usuais de linguagem, nem sempre são as mais eficientes.
É possível que antes mesmo do desenvolvimento da fala e da escrita as pinturas e grafismos rupestres exercessem funções de linguagem, uma forma de expressão e comunicação utilizada não apenas entre seus semelhantes, mas também como uma forma de acesso ao incompreensível, ao mundo sagrado. O potencial da arte como linguagem é explorado, portanto, desde a pré-história.
Segundo a visão construtivista de Nelson Goodman (apud TROMBETTA, 2007), não temos acesso ao mundo como ele é, o que temos são apenas visões de mundo por nós construídas para descrevê-lo, e o homem é o ser mais simbólico dentre todos os animais, constantemente ele constrói sistemas simbólicos, podemos, assim, nos referir a determinados elementos utilizando apenas uma simbologia.
A arte e, neste caso em específico a música, através de um sistema simbólico próprio, pode servir para explicar as coisas do mundo. Para Hegel a arte é uma estratégia para a autocompreensão, e através da fenomenologia, ou seja, o estudo da aparência das coisas, poderíamos ter acesso ao seu real significado.
Os eventos históricos, o desenvolvimento da arte e do pensamento humano estão, portanto, diretamente relacionados. Temos assim a ciência e a arte com seus sistemas simbólicos particulares em constante mutação contribuindo para a elaboração de nossas versões de mundo. Para G. Rochberg:
A música é um fenômeno fisicamente mensurável, que se move no tempo. É universal na humanidade: a tendência para criar música está presente em nosso sistema nervoso, juntamente com nossa propensão à fala, de modo que ela constitui um material adequado para a avaliação de todas as sociedades e eras (apud CROSBY, 1999, p. 137-138).

O sistema simbólico da arte é baseado na exemplificação, diferentemente da ciência que trabalha com um sistema de denotação. “A exemplificação é um tipo de relação simbólica em que o objeto refere algumas das propriedades que possui e permite compreender [...] a função referencial presente em todas as obras de arte” (GOODMAN, apud TROMBETTA, 2007).
Seguindo esta linha de raciocínio podemos afirmar que toda a arte possui uma função simbólica, um valor cognitivo, contudo, não há métodos seguros para determinar o que uma obra de arte realmente representa (TROMBETTA, 2007).
Para Goodman as obras de arte desempenham um ou mais papéis dentre um esquema de funções referenciais: representação, descrição, exemplificação, expressão (apud TROMBETTA, 2007). Ao que tudo indica, a expressão parece ser a função recorrente nas composições de Chopin, que muitas vezes compôs com a ânsia de exteriorizar seus sentimentos com relação aos acontecimentos que o cercavam, tanto com relação a sua pátria, quanto a sua vida pessoal.
Ernst F. Schurmann (1988) classifica a linguagem em duas categorias, as sonoras e as não sonoras, desta forma as linguagens verbal e musical estariam inseridas na mesma ramificação. Trata-se, naturalmente, de uma classificação controversa, já que muitos consideram a propriedade discursiva um requisito essencial à linguagem, atribuindo tal qualidade apenas à linguagem verbal, enquanto outros defendem a ampliação deste conceito a tudo o que possa servir como forma de expressão de idéias e sentimentos, neste caso a música seria uma das formas mais eficientes de linguagens. Para Maria de Lourdes Sekeff a linguagem musical “é também um recurso de expressão (de sentimentos, idéias, valores, cultura, ideologia), de comunicação (do indivíduo com ele mesmo e com o meio que o circunda), de gratificação [...], de mobilização [...], e de auto-realização“ (2002, p. 14).
Ainda não dispomos de um aporte conceitual teórico que permita o estabelecimento objetivo dos critérios envolvidos ao considerar-se determinadas manifestações musicais comparáveis à comunicação lingüística (SCHUMARNN, 1988), nem por isso devemos desconsiderar seu potencial simbólico, pois seu valor cognitivo é incontestável.

3 Arte, Sentido e Histórica na música de Chopin

Tendo em vista o exposto e, com o intuito de extrair ou pelo menos demonstrar o potencial simbólico da música como linguagem, a pesquisa que aqui se desenvolve pretende articular uma breve análise da música de Chopin a partir de três dimensões: Arte, Sentido e História, exemplificando assim a relação existente entre o desenvolvimento da arte, do pensamento humano e os eventos históricos.
Do ponto de vista artístico, Chopin nos oferece duas possibilidades de análise, pois além de sua genialidade como compositor era também um virtuoso pianista, segundo Rincón (2006) ele pertence a uma espécie em extinção, quando não já extinta, a dos intérpretes-compositores. Ao final do século XIX os compositores foram abandonando gradativamente a interpretação, chegando ao ponto de dedicarem-se exclusivamente a composição, antes disto, era preciso que os próprios compositores executassem suas obras caso desejassem divulgar suas composições.
Como artista, segundo o escritor e poeta Mário de Andrade, Chopin realizou a linguagem do inexprimível, e sendo a virtuosidade e a improvisação duas das maiores manifestações da música romântica, também são elementos característicos da obra de Chopin. (SIEWIERSKI, 1999).
Amigo íntimo do compositor, o pintor francês Delacroix passou uma longa temporada em sua companhia na casa de campo de George Sand, pintou inclusive seu retrato (Ver figura 1). Referindo-se a Chopin disse: “é o artista mais verdadeiro que conheci” (RINCÓN, 2006, p. 19).

Chopin foi sem dúvida um grande artista, suas composições constituem hoje o testemunho de seu talento. Foi também um músico precoce, iniciando seus estudos aos seis anos, com sete já compunha e aos oito anos fez sua primeira apresentação ao público em Varsóvia. “Toda a sua biografia artística é o melhor padrão do artista íntegro [...] talvez Chopin seja o maior, o mais exatamente artista de quantos gênios nos propõe a arte da música” (ANDRADE, apud SIEWIERSKI, 1999, p. 15). Tais características certamente o colocam num patamar artístico senão louvável ao menos admirável.
Suas composições não eram desprovidas de sentido, não surgiam naturalmente, frutos do mero acaso, eram sim o reflexo do pensamento humano, a expressão do que via e, principalmente do que sentia. “Só não gostava quando tentavam encontrar em suas obras-primas reflexo de uma concreta realidade ou conteúdo literário” (EKIERT, 2005), pois diferentemente de Schumann ou Liszt, que imitavam os fenômenos da natureza em suas músicas, ou realizavam uma versão musical de determinados escritos literários ou flisóficos, Chopin se entregava à atmosfera de sua época, aos acontecimentos históricos e do cotidiano, aos fenômenos que o cercavam como recordações e sentimentos até mesmo banais.
Assim, nos ofereceu, por exemplo, uma imagem da alta sociedade parisiense e polaca em suas obras de salão, exteriorizou lembranças e sentimentos como a paixão por Constância Gładkowska no “Larghetto” do Concerto para piano nº. 2 em fá menor, op. 21 (RINCÓN, 2006), nos legou mazurcas e polonaises carregadas de anseios nacionalistas, mescladas com elementos da música popular polaca, resultado da saudade de sua pátria deixada para trás. O próprio compositor chegou a afirmar “que a arte é uma conversão do sentimento individual à sua expressão coletiva” (ANDRADE, apud SIEWIERSKI, 1999, p. 27).
Na primeira metade do século XIX o papel da tonalidade era um tema recorrente nas artes, tanto na pintura como na música.

Berlioz estava já trabalhando sobre o "Traité d'instrumentation", que mais tarde foi publicado em 1844 e passou a ser o evangelho dos compositores. Nos Prelúdios, Estudos e Noturnos, Chopin transformou a escritura (écriture) para piano, esse sistema e concentração de substância tonal. Criou as bases da moderna tonalidade pianística. Descobriu a tonalidade do piano nas formas originais de acompanhamento, nas rápidas passagens do pianíssimo, que em Chopin sempre permaneceram melodia, mas já anunciavam rastos de tonalidades sonoras. A constante instabilidade e variabilidade da tonalidade nas sonatas já constituíam novas relações entre melodia, harmonia e estrutura. A instabilidade da tonalidade e as eternas modulações eram sua originalidade e, dentro de algumas dezenas de anos, em Wagner se tornariam uma regra. Chopin foi uma das mais fortes individualidades artísticas na história da cultura mundial, não só na música. Fechou-se na música para piano, não escreveu óperas, não escreveu sinfonias. Fez da música para piano, pela primeira vez, uma potência artística independente (EKIERT, 2005).

Esta originalidade artística não era apenas um devaneio de um jovem compositor, mas algo que possuía um “sentido”, resultado de sua observação dos fenômenos que o cercavam, as novas construções tonais de Chopin talvez possam servir de exemplo para o processo de “morte da música” anunciada por Hegel, assim como o final da sua Sonata bemol, que tão “estranhamente” se desenrolava em menos de dois minutos, de forma quase lacônica, onde mal podia-se distinguir os elementos da composição. “Passaram-se quase cem anos para se conscientizar que se trata de um rasto tonal do som, projeção de tonalidade isolada e pura do som, que esse final anuncia uma época em que a tonalidade do som configurará a forma” (EKIERT, 2005).
O elemento importante a ser destacado é que Chopin, em suas composições, nos apresentou versões de mundo de certa forma alinhadas com o desenvolvimento do pensamento humano, ao compor introjetava um alto teor cognitivo em suas obras, seu notável talento para o improviso representa também uma elevada capacidade de adaptação e resposta imediata aos fenômenos que o circundavam.
Por serem resultado de determinadas experiências, suas composições são representações particulares de acontecimentos e sentimentos, elaboradas a partir da linguagem musical. No entanto, possuem uma vinculação histórica e, assim como um documento nos proporciona através de sua leitura, um relato sobre um fato histórico e, consequentemente uma sensação que remete ao evento descrito, na música de Chopin podemos ter acesso direto à sensação que o próprio compositor teve ao vivenciar determinado acontecimento, ou, na pior das hipóteses, contamos com o registro do sentimento do compositor expressado através da música.
Assim como Richard Wagner optou por saudar sua mulher através de uma composição em virtude do nascimento de seu filho, um sentimento que talvez não pudesse ser expressado através de palavras, também Chopin proclama sua visão dos acontecimentos que o cercam através da música, e muitos são os eventos históricos representados em suas obras.
A Europa do século XIX foi permeada por momentos de definição e transição, seja na política, nas artes, nas unificações e divisões territoriais, e a Polônia por sua localização geográfica estratégica muitas vezes esteve no centro de importantes disputas. No século XVIII teve seu território partilhado três vezes (1772, 1793 e 1795) entre a Prússia, Rússia e Áustria, recuperando sua independência somente após a 1ª Guerra Mundial.
Chopin nasceu no Ducado de Varsóvia, um Estado constituído por Napoleão I em 1807 sob a proteção da França. Teve curta duração, em 1813 caiu novamente na mão dos invasores. Do nascimento até o ano do falecimento do compositor houve oito insurreições (1819, 1830, 1831, 1832, 1839, 1846, 1848 e 1849), sendo a de 1830 a mais significativa (IAROCHINSKI, 2000).
Naturalmente, tais acontecimentos não passaram despercebidos, Chopin compõe o Estudo Revolucionário dó menor nº. 12 do opus 10 expressando ao mundo seu desespero e revolta por ver seu povo e sua pátria tendo sua liberdade tão escancaradamente suprimida, realizou até mesmo um concerto em benefício aos compatriotas emigrados após a revolta de 1830. Suas composições deste período são repletas de dramatismo e lirismo, e ainda hoje são consideradas pelo povo polaco um forte e intenso elemento nacionalista, sendo reconhecido como um símbolo de resistência até mesmo pelos invasores que tantas vezes ocuparam a Polônia, que em duas oportunidades destruíram sua estátua de bronze em Varsóvia e jogaram seu piano através de uma janela. Seu senso de nacionalismo Influenciou inclusive outros compositores.

As lições de história deixaram em Chopin visões da antiga potência da Polônia quando era no leste o "antemuro do cristianismo", quando então os poloneses derrotavam turcos e tártaros, exércitos russos, suecos, a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos. Quando o rei Jan III Sobieski salvou Viena ante a invasão turca e a carga dos hussardos decidiu a sorte do cristianismo. Lembrança fresca era a morte do príncipe Josef Poniatowski na Batalha das Nações nos arredores de Lipsk, quando os poloneses cobriam a retirada de Napoleão. Reflexão sobre a sorte da Polônia e patriotismo soam mais tarde nas Polonaises heróicas de Chopin, assim como se faz sentir em alguns Estudos, como a saudade da Polônia volta em algumas Mazurcas, escritas na Maiorca e em Nohant (EKIERT, 2005).

Chopin nos oferece a sua versão de acontecimentos históricos e pessoais, “sabe brincar, sabe caricaturar os prepotentes, sabe exprimir a saudade, o żal , o instinto de apego ao lugar em que nasce” (ANDRADE, apud SIEWIERSKI, 1999, p. 11). “Todos os anos, durante as férias de verão no campo absorvia a singularidade do folclore musical polonês, seus arcaísmos severos e ásperos, sinos, antigas escalas de igreja, vazios quintos, característica quarta lídica, originalidade do metrum e ritmo” (EKIERT, 2005).

O som lá bemol no Prelúdio lá bemol maior, repetido onze vezes, soa como eco de onze batidas do relógio da torre, lembrando momento de separação; o Trio da Polonaise lá bemol maior - como tropel dos hussardos poloneses; no Estudo fá menor do opus 25 criou, dizem, um retrato de Maria Wodzinska (EKIERT, 2005).

Alguém poderá indagar: mas não seriam as composições de Chopin apenas versões particulares e subjetivas de fatos históricos e acontecimentos pessoais? Tudo leva a crer que sim, assim como também o são qualquer livro ou documento histórico, por mais imparciais que sejam as intenções de seus autores.
O fato é que este artista se expressa através da linguagem musical, reconhecida por seu valor cognitivo, e as sensações dos fenômenos que o cercam não apenas são registradas, como também constituem seu estímulo criador, sua fonte inspiradora, valorizando ainda mais suas composições, permeadas de arte, sentido e história.

Considerações finais

O próprio Chopin ao afirmar que percebia a arte como sendo a expressão coletiva de um sentimento individual, já nos anunciava a potencialidade simbólica presente em suas obras. Creio que ninguém duvide de sua competência artística, porém, suas composições servem também a outros níveis de interpretação, pois além do elemento artístico congregam aspectos do pensamento humano e determinados eventos históricos de sua época, retratando sentimentos e sociedades.
O compositor expressa não apenas uma cena ou uma fábula, mas seu estado de espírito, espontaneamente perspicaz, em sintonia com o mundo ao seu redor. “A verdadeira biografia de Chopin não está na sua vida, está na sua arte” (ANDRADE, apud SIEWIERSKI, 1999, p. 32).
O piano lhe serviu tão bem quanto o papel e a caneta para Henryk Sienkiewicz , a linguagem musical foi a forma de expressão através da qual chorou, denunciou, reclamou, divertiu e divertiu-se, festejou e despediu-se.
Mário de Andrade chamou a atenção para a atualidade simbólica de Chopin, na medida em que suas obras constituem uma manifestação de revolta perante as desventuras humanas que causam a opressão e a tirania, e continuará sendo atual “pelo menos enquanto estalarem, na torturada sociedade humana, os gritos dos escravizados e o chicote do opressor” (apud SIEWIERSKI, 1999, p. 35).
Servindo-se do potencial cognitivo da obra de Chopin, a pesquisa ora apresentada tentou depurá-la com a intenção de evidenciar seus elementos intrínsecos para além da artisticidade, buscando também seu sentido e historicidade. Naturalmente trata-se de um estudo conciso, mas que espera-se, coloque em evidência a potencialidade da obra de Chopin e também da música como linguagem.


ART, SENSE AND HISTORY
Your representations in music of Chopin
Abstract: This article aims to enter the world of musical language in order to highlight the cognitive potential of the work of Polish composer and pianist Fryderyk Chopin, demonstrating their interpretive possibilities as a means of expression of individual feelings converted to the collective expression. For this highlights the potential of art as language, with emphasis on music. The analysis is articulated through three dimensions: art, sense and history, highlighting the music of Chopin not only as artistic expression but also as a form of language / communication, through which the composer expressed his feelings about the events that around him, thereby emphasizing the relationship between the development of human thought, art (the music) and historical events.
Key words: Chopin; music; language.

Notas

Como homem arcaico, entende-se: aquele em que o sagrado e o mito possuem papel central na cultura. Também chamado de homem “pré-moderno” ou “tradicional”, compõe “tanto o mundo a que geralmente chamamos ‘primitivo’ como as antigas culturas da Ásia, da Europa e da América (ELIADE apud OLIVEIRA, 2009, p. 11).
Pronuncia-se Chôpen, com vogais abertas, sílaba tônica na paroxítona, e a letra “n” pronunciada.
George Sand é o pseudônimo adotado por Amandine Aurore Lucille Dupin, a baronesa Dudevant, escritora e precursora dos movimentos feministas, participou da Revolução de 1848.
Significado em língua polaca: pesar, dó, pena.
Escritor e jornalista polaco, autor de clássicos literários como a trilogia Com fogo e ferro (1884) e Quo Vadis (1896). Foi agraciado com o prêmio Nobel em 1905.

Referências

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EKIERT, Janusz. Coração de Gênio. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2010.
Frédéric Chopin. Disponível em: . Acesso em: 11 jan. 2010.

Grande Enciclopédia Larousse Cultural. Nova Cultural, 1999.
Kto to jest Fryderyk Szopen. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2010.

WROBLEWSKA-STRAUS, Hanna. Śladami Fryderyka Chopina w Polsce. Warszawa: Warszawskie Centrum Informacji Turystycznej, 1998.
IAROHINSKI, Ulisses. Saga dos Polacos. Curitiba: U. Iarochinski, 2000.
LOPEZ, Luiz Roberto. Sinfonias e catedrais: representação da história da arte. Porto Alegre: Universidade UFRGS, 1995.
OLIVEIRA, Tiago Fernando Soares de. O Mito do Eterno Retorno e a Angústia do Tempo Histórico na Perspectiva de Mircea Eliade. Monografia de conclusão de curso de graduação em História. Erechim: URI, 2009.
RINCÓN, Eduardo. Frédéric Chopin: Royal Philharmonic Orchestra. Texto e documentação musical. Coleção Momento Clássico, v. 2. Porto Alegre: RBS Publicações, 2006.
SCHURMANN, Ernst F. A Música como Linguagem: Uma Abordagem Histórica. São Paulo: Brasiliense, 1988.
SEKEFF, Maria de Lourdes. Da música: seus usos e recursos. São Paulo: UNSESP, 2002.
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