sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Rituais e costumes eslavos presentes até hoje na Polônia

Zofia Stryjeńska, Bożki słowiańskie (Deus eslavos)
Foto: Andrzej Chęć / cortesia do Museu Nacional em Cracóvia
Para celebrar a colheita, o fogo, a água, nascimento, cerimônia de casamento ou morte, os eslavos sabiam como marcar cada dia e noite.
Muito da alma eslava ainda permanece intacta entre os polacos.
Há muito, muito tempo atrás, existia um povo que vivia de acordo com a natureza e seus ritmos. Era um povo justo, que compartilhavam com estranhos, e que amava a liberdade, a quem a ideia de poder era completamente estranha...

Este trecho não é de um conto de fadas, mas uma breve descrição dos antigos eslavos, segundo Leszek Matela, em seu livro "Tajemnice Słowian" (Os Segredos dos eslavos).
No auge de sua expansão em torno do séculos 6º e 7 º d.C., eles habitavam uma área entre os rios Odra, Elba e Saale, um caminho desde a península da Jutlândia, no Oeste, que se estendia até aos Balcãs, bem como os territórios atuais da República Tcheca, da Morávia, da Hungria, da bacia do rio Dnipro e do Volga no Sul. Apesar de suas diversas línguas e diferenças regionais, todos eles compartilhavam costumes semelhantes, ritos e crenças.

Um começo digno para o ano

Cantorias natalinas na região de Podhale, Bucovina, Tatras, Foto: Adrian Gładecki / East News
O calendário de férias eslavos começa no dia 21 de dezembro, com uma vitória simbólica da luz sobre as trevas (o Solstício de Inverno). O "Święto Godowe" (festas nupciais), também conhecido como "Zimowy Staniasłońc" (estação invernal) e termina em 06 de janeiro, e que deve ser preenchido com música.
A alegria por dias cada vez mais longos e quentes era celebrada com cânticos chamados de "kolędy" (o equivalente polaco para canções). Boa sorte devia ser assegurada com visitas a amigos em uma forma de procissão ritual.
A árvore da vida era colocado dentro das casas, e este consistia de um maço ou visco - as árvores de Natal de pinheiros só apareceram muito mais tarde. No primeiro dia de inverno, as almas dos mortos também eram lembradas - fogos eram acesos em cemitérios, a fim de aquecê-los (mas também com o intuito de auxiliar o sol na sua luta contra a escuridão), e festas especiais chamadas de "tryzny" eram realizadas.
Naquele dia, o tempo para do próximo ano tinha sido previsto, assim como o do futuro. Com o passar dos tempos, estas núpcias foram absorvidas sob interpretação cristã. Por que então, os católicos celebram o Natal no dia 25 e não em 21 de dezembro? Bem, na Roma antiga, esta data era consagrada ao deus sol (Sol Invictus), dos quais Constantino - o Grande era um seguidor.
Diz-se que depois de se converter ao cristianismo, o imperador "batizado" fez desta festa pagã uma só, reunindo assim as duas religiões.

A promessa da primavera

O afogamento de uma boneca Marzanna de 10 metros em Jeziorzany, Polônia 2014,
Foto: Jacek Świerczyński / Forum
Outros costumes com raízes pagãs inclui o afogamento da boneca Marzanna, os ovos decorados, o "śmigus dyngus" e até mesmo a limpeza da primavera. O renascimento das forças da natureza tinha que ser comemorado com um estrondo e então "Jare Święto" foi criada em 21 de março.
Houve numerosas formas de celebrar este dia. Alguns vestiam uma boneca de palha com roupas brancas, e adornavam sua cabeça com uma coroa feita com galhos de espinheiro-alvar. A boneca Marzanna desfilava ao redor da aldeia acompanhada pelo som de chocalhos, para ser finalmente queimada ou afogada, significando assim o adeus à morte e à doença.
Outros decoravam ovos como um símbolo do renascimento da vida. Desenhos eram feitos na casca com cera derretida, colorindo com marrom ou vermelho obtido por meio da imersão dos ovos em um prato com casca de cebola ou ocre. Este costume tem suas raízes na Pérsia (o que confirmaria uma das teorias sobre a descendência de eslavos), onde as pessoas eram curadas com ovos e magias e assim exorcizados, movendo os ovos sobre todo o corpo.

Durante o "śmigus-dyngus" as moças são molhadas com água
Foto: Marian Zubrzycki / Forum
Todos os membros da família tomavam parte nos preparativos para a chegada da primavera. Os quartos foram limpos e ventilados, mulheres assavam bolos, os homens acendiam fogueiras no alto dos morros, os meninos e meninas traziam ramos de candelila (arbusto) que eram reunidos em grupos especiais iluminados - o equivalente das posteriores Palmas de Páscoa. Estes eram uma parte indispensável do ritual para limpar o mal das pessoas. A família e amigos atacavam uns aos outros com estes ramos.
A água também tinha qualidades de purificação, por isso as pessoas também derramavam-na em abundância sobre os outros. Os dois costumes que estavam inicialmente separados gradualmente se uniram e é assim surgiu o "śmigus dyngus", tradição conhecida e celebrada até hoje.

Kupalnocka - Dia dos Namorados

Noc Kupały (Noite Kupała - Festa de São João), Przemyśl Foto: Waldek Sosnowski / Forum
"O eslavo Dia de Kupala era o mais longo do ano, Kupala tinha a noite mais curta e era uma passagem incessante de alegria, música e gente pulando", escreveu Józef Ignacy Kraszewski em sua "Stara baśń" (Contos antigos).
Mas, para os eslavos, apenas uma noite de festa, definitivamente não era suficiente. As celebrações começavam no dia anterior ao Solstício de Verão (20 de Junho) e durava quatro dias.
Era antes e acima de tudo uma celebração de fogo e água. Enormes fogueiras eram acesas no alto dos morros usando para isso, apenas dois pedaços de madeira - que eram pensados para fortalecer os participantes do ritual e garantir a fertilidade dos campos, bem como dos animais.
Ficavam dançando e cantando ao redor das fogueiras, ou saltavam sobre a fogueira para garantir a purificação e proteger contra as más energias. Acreditavam que o segundo destes elementos também possuía poderes curativos.
O período de três meses de abster-se de tomar banho (era proibida a imersão do corpo em rios, lagos e córregos durante o dia) oficialmente terminou e a lavagem ritual durante a Noite Kupala era feita para afastar doenças e malefícios. As meninas usavam grinaldas de flores e ervas, que depois eram lançadas ao rio. Se algum dos meninos pescava uma grinalda e depois encontrava a dona original dela, os dois se tornavam um casal. Habitualmente era permitido nesta noite, que eles tivessem sua iniciação sexual - e, portanto, diziam que este era o "Dia dos Namorados dos eslavos".

A internacional Noite de São João em Piła, Foto:Sławomir Olzacki / Forum
Segundo a lenda, samambaias floresciam na Noite "Kupala". Se alguém tivesse a sorte de encontrar uma destas samambaias ficaria rico, e também diziam que era capaz de se tornar invisível em caso de perigo.
Flores de camomila também foram usadas para atrair fortuna, e até mesmo os talos de endro (donzelas marcavam-nos com fios coloridos com os nomes de seus meninos favoritos - o talo que crescesse durante a noite era uma prova do mais apaixonado).
Esta festa era tão fortemente enraizada na tradição eslava que as autoridades da Igreja decidiram transformar o ritual pagão numa parte do calendário cristão - a Noite Kupala agora é conhecida como a Noite de São João e ocorre no dia 24 de junho.

Os históricos festivais da colheita "dożynki"

O Dożynki. Moças : mulheres carregam coroas feitas unicamente de plantas cultivadas - Spała, Foto: Adam Chełstowski / Forum
No primeiro dia de outono é comemorada a festa da colheita "Święto Plonów", em que os preparativos já começavam em agosto. Após o término da colheita, um par de hastes sem cortes eram deixadas no campo. Elas eram conhecidas como barba (broda) e eram deixadas para que o solo não fosse inteiramente privado dos grãos.
Uma parte da colheita também era armazenada em um Santuário. Poucos dias antes das principais celebrações um copo de licor de mel - uma bebida sagrada eslava, que tinha passado por uma fermentação muito parecida com a do vinho - era colocado na frente de uma estátua de Świętowit, o deus da guerra e da fertilidade.
Se em alguns dos copos, a bebida desaparecia, eles sabiam que tinha sido tomado por um mau oráculo, assim um copo era colocado à esquerda bem cheio até a borda para prever uma colheita abundante.
Agradeciam os deuses pela colheita durante estas festividades, com orações para que ainda melhores festas se realizassem no ano seguinte. Grinaldas enormes eram feitas e bolos especiais chamados "Kołacz" (pronuncia-se couatch) eram assados ​​especialmente para a ocasião. Tradicionalmente, um padre colocava o magnífico "Kołacz" entre ele e as pessoas, e perguntava se ele podia ser visto atrás dele. Se ele tinha sido capaz de se esconder, era sinal de prosperidade. A  tradição popular da festa da colheita resistiu ao tempo sob a forma de "Dożynki", que ainda é comemorado até os dias de hoje, geralmente em um dos domingos de setembro, depois que todas as culturas foram colhidas.

Para as almas dos velhos

Dois coveiros que tem seu almoço no cemitério.
Esta é uma cena do filme "Fucha" de Michał Dudziewicz
Foto: Estúdio Filmowe "Kadr" / Filmoteka Narodowa, www.fototeka.fn.org.pl
Após a morte, pensava-se que as almas viajavam para a terra da felicidade eterna - Nawia. Elas gostariam de voltar para o mundo dos vivos algumas vezes durante o ano, assim elas deveriam ser devidamente recebidas.
Rituais ligados aos antepassados ​​- ao "Dziady" - tinha lugar em conformidade ao princípio de que os espíritos poderiam fazer favores para os vivos - como ensinar-lhes lições de moral - e os vivos poderiam pedir favores aos mortos - assim surgiu o costume de oferecer alimentos e bebidas nos cemitérios. Fogos eram acesas em cemitérios e "grumadki" especiais (pedaços de madeira) eram colocados em encruzilhadas, a fim de apontar o caminho de volta para o céu. O tributo era pago através de torneios, música e dança.
Em algumas regiões da Polônia, o costume de alimentar as almas ancestrais era praticado até o início do século 20. A cristianisação resultou na limitação das festas dos mortos e, finalmente, são realizadas apenas uma vez por ano - no dia primeiro de novembro (no Brasil é dia de Todos os Santos) para que no 02 de novembro (dia de finados no Brasil) os polacos possam comemorar o "Zaduszki". Esta é uma relíquia da cerimônia pagã "Dziady" que é a festa "Rękawka", que deriva seu nome de um montículo feito pelo homem em que os ovos ficam enrolados, como um símbolo da ressurreição. Esta festa ainda é comemorado hoje em dia Cracóvia.

Nova vida

Uma criança em um berço, 1960,
Foto: Chris Niedenthal / Forum
A maior festa na vida de uma família era o nascimento de um bebê. Mas uma nova alma eslava também era ansiosamente aguardada por demônios. Por esta razão, fitas vermelhas eram amarradas no berço a fim de amarrar feitiços ruins e ferramentas afiadas eram colocados sob a cama ou no limiar. Espinhos ou plantas espinhosas eram colocadas em torno dos vidros da janela junto com o sal e alho e e algo aceso era deixado queimando no quarto durante todo o dia.
E a fim de enganar os espíritos maus, às vezes, fingia-se que o bebê tinha morrido. Logo, antes do parto, as mulheres eram conhecidas recorriam ao deus "Rod" e suas ajudantes "Rodzanice", pedindo-lhes saúde para a criança.
Os eslavos acreditavam que na noite após o nascimento, três divindades apareciam para decidir sobre a fé do bebê, fazendo sinais na testa, invisíveis ao olho humano.
A fim de pleitear com as "Rodzanice", porções especiais de pão, queijo e mel eram deixados para eles. Outras mulheres da família também eram convidados para servirem cereais.

A idade dos homens

"Postrzyżyny ziemowita" (Mieszko I),
Reprodução: Piotr Mecik / Forum
Enquanto o peso de organizar a maioria das celebrações de festas e ritos era democraticamente compartilhado por todos, independentemente do sexo, o "postrzyżyny" era um rito apenas para os meninos.
Quando um rapaz encerraca seu 12º ano (algumas fontes indicam a 7 ou 10 anos), seu cabelo era cortado pela primeira vez. Esta passagem simbólica da criança para a idade adulta era feita pelo pai, que a partir daquele momento assumia a responsabilidade de criar seu filho (ele teria sido previamente cuidado unicamente pela mãe, enquanto a filha permanecia com a mãe até o casamento). Era durante este ritual que o menino recebia seu nome próprio como o atribuído em seu nascimento com a função de protegê-lo contra os maus espíritos - o "strzyi" - e fantasmas.
A partir do "postrzyżyny" e dali por diante, o pai considerava oficialmente um menino como seu filho. A cerimônia era acompanhada por música e festa para toda a família.
O mais provável é que tão tarde quanto o século 18, esse rito ainda simbolizava o momento em que submetendo-se à vontade e autoridade de uma pessoa que lhe cortava o cabelo o filho reconhecia o pai.

E que não vou deixar você...

Uma cena do filme de Waldemar Podgórski,
"Pójdziesz ponad SADEM" (Você passará a Orchard) de 1974,
Foto: east News
Nos velhos tempos, o casamento constituía um contrato amigável, livremente pactuado entre as famílias, e o rapto de uma donzela era apenas um jogo encenado.
As meninas iriam se casar tão cedo quanto os 14 anos de idade, e a despedida simbólica de sua virgindade ocorria como parte do "rozpleciny", literalmente destrançar.
As meninas trançavam o cabelo da noiva em uma trança decorada com ramos, flores e fitas, enquanto cantavma canções de luto. A procissão do casamento chegava à casa e o capataz, o primeiro homem, ou o irmão da moça tinha que desfazer a trança. O noivo também tinha sua despedida de solteiro, mas os detalhes não são conhecidos.
O casamento - swaćba - tinha lugar no dia seguinte. Má energia deveria para ser expulsa, caminhando-se através de um portão, em que era colocado em seu limiar um machado apontando para o pátio. Os votos matrimoniais era trocados na presença de um "Żerca" (casamenteiro).
O jovem casal era recebido com sal e pão. Compartilhando o bolo "Kołacz", dançavam, bebendo licor de mel e continuavam assim até o fim...

Uma cena do filme de Zbigniew Kuzminski "Nad Niemen" (Sobre o rio Neman), 1986
Foto: Filme Nacional / www.fototeka.fn.org.pl
O casal era abençoado para ser especialmente protegido na noite de núpcias, e por isso era colocado um machado sob a cama dos recém-casados.
Isso também se destinava a garantir que um menino seria concebido, porque só um progenitor masculino era sinal de aceitação da esposa pelos espíritos da casa, e, portanto, também pela família do marido. Mas havia também o outro lado da moeda, descrito por Ibrahim ibn Jakub: "Se alguém tem duas ou três filhas, elas se tornam a base da sua riqueza, e se eles são filhos, então ele cresce pobre". Tudo isto devido ao dote que os pais do noivo pagaram aos pais da noiva.
Ao contrário de semelhanças, a virgindade não era muito valorizada na época, pois significava que a menina não tinha sido apreciada pelos rapazes. Uma donzela com uma criança era muito desejada, era como um sinal de fertilidade. Se um homem queria divorciar-se de sua escolhida, ele poderia fazê-lo, mas, em seguida, ele também perdia seu dote.
Esposas eslavas eram muito apegadas a seus maridos, e testemunhos escritos de escarificações (série de arranhões ou pequenas incisões praticadas sobre a pele) eram infligidas a si mesmas depois de testemunhar a morte de um marido.

… até que a morte nos separe

Berenice Kowalska,
"Dzwoneczek loretański i przewrócone stołki"(Sininho Loreto e mesas viradas)
em cartão de 34x46 cm, a lápis, 2012,
Foto: Cortesia do artista
Os falecidos eram homenageados e suas almas eram ajudadas em seu caminho para o Nawia, que era governado por Weles. Os corpos dos eslavos eram normalmente levados através das janelas, e um machado afiado era colocado no limiar para que a alma morta para não voltasse para casa.
Faziam seus cemitérios à beira de rio ou lago pois acreditavam que assim era fornecida uma proteção extra - a água constituía uma barreira natural para as almas que poderiam perturbar a vida.
Os mortos eram vestidos com roupas de festa, com jóias e às vezes até mesmo armas, e então eles eram envoltos em lona branca. Depois das orações, o corpo era colocado em uma estaca ardente, porque só o poder purificador do fogo permitiria uma passagem para a terra de Nawia.
As cinzas eram fechadas em vasos de barro chamados "popielnice" e em tempos mais antigos eram enterrados sob a porta de entrada da casa. Acreditava-se que a alma defenderia os moradores e purificaria os convidados - é por isso que os polacos ainda não cumprimentam uns aos outros sobre o limiar da porta de entrada.
Uma parte importante da cerimônia do funeral eram as festas, chamadas "strawa", na tradição polaca e a partir do século 16 em diante, o "Stypa Latina". Elas tinham lugar várias vezes, quer nos 40 dias ou um ano após a morte.
Esta forma de homenagear os mortos foi continuada no ritual "Dziady". Na Rutênia (Nação da atual Ucrânia), aconteciam corridas especiais, lutas-livres e danças também eram organizadas para a ocasião.
Os eslavos acreditavam em um certo tipo de reencarnação. Eles imaginavam o mundo como uma árvore cósmica, no coração estava uma terra mágica, onde as aves encontravam refúgio no inverno.
"Wyraj" - um pássaro celestial de um metro ou uma cobra - era localizado logo acima de Nawia. Havia contos de um jardim além de um portão de ferro guardado pelo Galo de Ouro ou "Rarog", o pássaro de fogo.
Almas que tinham ido para o paraíso iriam voltar para a terra e nos ventres das mulheres - com a ajuda de cegonhas e frascos noturnos na primavera, e corvos no inverno. Assim, a teoria de que as crianças são trazidos pela cegonha não é sem razão!

Texto: Agnieszka Warnke
Traduzido por Ulisses Iarochinski

Fontes:
Leszek Matela "Tajemnice Słowian" ("The Secrets of eslavos"), Białystok 2005;
"Mały słownik kultury dawnych Słowian" ("Um Pequeno Dicionário da antiga Cultura eslava"), editado por Lech Leciejewicz, Varsóvia, 1972;
Aleksander Gieysztor "Mitologia Słowian" ("A Mitologia dos eslavos"), Varsóvia 2006;

slowianie.republika.pl;
religiaslowian.wikidot.com;
slowianowierstwo.wordpress.com.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Também tu, Polônia? — ou os riscos dos radicais à deriva

Edifício da Câmara dos Deputados - SEJM - em Varsóvia
O fato político mais relevante dos últimos tempos é obviamente a situação política saída das eleições polacas. E que só será ultrapassado pelo resultado das eleições espanholas do Natal que, a julgar pelas sondagens mais recentes, se traduz num empate entre o PP, o PSOE e o Ciudadanos.
As eleições na Polônia trazem duas grandes novidades: pela primeira vez, um só partido foi capaz de obter uma maioria absoluta de lugares nas duas câmaras do parlamento e, pela primeira vez, não há qualquer força de esquerda no Sejm. A primeira novidade interessa mais à política interna, a segunda interessa, e de sobremaneira, à política europeia e à política comparada.
A vitória com maioria absoluta dos conservadores, de pendor eurocéptico e nacionalista, do partido Direito e Justiça (PiS) é causa de desconfiança nos foruns europeus. Na sua experiência anterior de governo (2005-2007), liderada pelos gêmeos Kaczyński, a tensão com a União Europeia e com a Federação Russa foi especialmente visível.
A linha política dominante foi então de conservadorismo popular ou populista, profundamente antiliberal, muito nacionalista e com laivos de fundamentalismo católico e moralista, cujo “braço armado” era (e continua a ser…) a omnipresente Radio Maryja.
A verdade é que, no novo contexto político-eleitoral, o PiS, sem mudar de liderança – que continua nas mãos do gémeo sobrevivente, Jarosław Kaczyński –, levou a cabo uma profunda renovação dos protagonistas políticos. E assim fez eleger nas presidenciais o seu candidato, claramente mais moderado e menos radical, Andrzej Duda. E apresentou como candidata ao lugar de Primeira-Ministra, a chefe de campanha deste último, Beata Szydło, com um perfil mais temperado e menos histriônico.
Não falta quem diga que Kaczyński acabará por tirar o tapete à sua herdeira e por vir, mais tarde ou mais cedo, a ser de novo entronizado como Primeiro-Ministro. Para já, um tal temor não passa de simples especulação.
A grande dúvida é, por conseguinte, a de saber se o caminho que o PiS vai querer trilhar é a via húngara da “orbanização” do regime – sugerida pela linha dura dos anos 2005-2007 – ou a via conservadora “à inglesa”, já que o Partido Conservador é o seu mais importante parceiro europeu – via esta indiciada pela escolha de novos rostos moderados.
O caminho da “orbanização” – sustentado pela admiração nutrida pelo carisma de Viktor Orban e pela aproximação nacionalista dos restantes países do grupo de Visegrado (Polônia, Hungria, Eslováquia e República Tcheca) – consubstanciar-se-ia na tentativa de domesticação do sistema judicial e do mundo mediático, numa maior estatização da economia, num reforço das políticas sociais de distribuição, num dogmatismo moral de cariz religioso e num nacionalismo exacerbado de matiz xenófoba.
Só se distinguiria do trilho húngaro na relação com a Rússia de Putin, que, ao invés do caso magiar, seria e será decerto muito tensa e hostil. A via conservadora britânica, que tenho como mais provável, virar-se-ia essencialmente para um distanciamento da Europa, apoiando a reivindicação de uma alteração dos tratados e de uma renacionalização das políticas comuns e execrando qualquer política de acolhimento de refugiados ou migrantes de fora da Europa.
A divergência com a linha britânica surgirá decerto na questão maior da liberdade de circulação dos cidadãos da União, por causa da enorme quantidade de trabalhadores polacos emigrados no Reino Unido.
Esta linha democrática conservadora, apesar das promessas eleitorais de sinal estatizante e social, acabaria por dar sequência à política econômica de sucesso dos governos da Plataforma Cívica, agora derrotada, para poder tirar proveito do mercado interno europeu e do forte investimento estrangeiro presente em território polaco.
Estas promessas de reforço das políticas sociais (mais abono de família, diminuição da idade de aposentadoria, etc.) tiraram espaço à Esquerda, que foi varrida do mapa político.
O espectro parlamentar fica pois dividido entre o centro-direita e a direita “pura”, quando não radical. E tal como no caso húngaro, sobeja o risco de o centro e a direita moderada se radicalizarem por terem de competir, apenas e só, com forças populistas e extremistas de direita.
O apagamento dos partidos de esquerda e de centro-esquerda é, por isso, motivo de séria e profunda preocupação. É, por isso, que, também por cá, estranho que tantos estranhem a genuína inquietação que tenho revelado com a deriva radical do PS. Estou seriamente preocupado com a apropriação do PS (Partido Socialista) pela extrema-esquerda. Não augura nada de bom. Nem para o país, nem para o sistema político. Todos vamos pagar, nos sentidos literal e metafórico de “pagar”, essa deriva. E ela pode acabar num varrimento do PS. É aí, e não no lado direito e central do espectro político, que mora o risco de “pasokização”.

Fonte: jornal "Público"
Texto: Paulo Rangel

sábado, 24 de outubro de 2015

Gêmeo Kaczyński de volta ao poder

Nos últimos meses, o partido populista de direita PiS (Direito e Justiça) suavizou o discurso, mas a sua linha programática permanece igual: é antiEuropa, xenófobo e pelos valores católicos.
Jarosław Kaczyński
As eleições legislativas de domingo, na Polônia devem acrescentar mais um país à mancha nacionalista que se alastra no centro e Norte da Europa, com o regresso ao poder do partido populista de direita "Direito e Justiça" (PiS) e, com ele, de Jarosław Kaczyński, um dos mais controversos políticos polacos.
Kaczyński, que já foi primeiro-ministro (2006/07), não é desta vez o candidato a chefiar o governo. Esse papel caberá à líder do partido, Beata Szydło, escolhida porque o “líder” sabe que é uma figura controversa que pode alienar eleitorado, explica o jornal Financial Times.
Mas os analistas dizem que será ele o grande vencedor — e o detentor do poder real —, uma vez que regressará depois de duas grandes derrotas e quando muitos consideravam que a era da dupla Kaczyński chegara ao fim, após a morte de um dos gêmeos, Lech, quando era Presidente a República, num acidente de avião na Rússia, e das duas derrotas eleitorais de Jarosław em dez anos. Perdeu umas legislativas para Donald Tusk, e umas presidenciais, se bem que em maio um dos seus, Andrzej Duda, chegou à chefia do Estado.
O Direito e Justiça, dizem as sondagens, está dez pontos à frente da Plataforma Cívica da atual primeira-ministra, Ewa Kopacz — de centro-direita —, e fragilizado por vários escândalos de corrupção e pela estagnação do nível de vida. E se nos últimos meses Kaczyński baixou o tom da retórica nacionalista, não se esperam mudanças radicais na sua linha programática: é um partido antiEuropa e xenófobo, que quando esteve no poder abriu conflitos com Bruxelas, com a Alemanha, com a Rússia.
As sondagens também dizem que o Direito e Justiça não conseguirá a maioria necessária para governar sozinho. Deve ser obrigado a fazer uma aliança ou coligação com um pequeno partido. Mas Kaczyński, de 66 anos, tentou até ao último momento mobilizar o seu eleitorado de base — a direita tradicional e a população católica — para tentar chegar aos 230 deputados de que necessita (o Parlamento tem 460 lugares), suplantando em votos o eleitorado moderado e progressista que considera o PiS uma força de bloqueio às reforças sociais e à aproximação do país ao Ocidente.
Kaczyński e Beata Szydło fizeram muitas promessas populistas nas últimas semanas: baixar os impostos, descer a idade da reforma, aumentar os subsídios às famílias e impedir a entrada em massa de imigrantes e refugiados. Durante as semanas de campanha, Kaczyński defendeu que os refugiados deveriam ser submetidos a inspecções, pois podem transportar “doenças e parasitas” perigosos para a Europa.
A AFP diz que, nos últimos comícios, o ambiente de euforia à volta do PiS cresceu, com os apoiantes a gritarem “damy rade” (nós podemos fazer) à proposta do partido de pedir votos pela “mudança boa” e pela rejeição do “caos”. A candidata a primeira-ministra, diz a agência francesa, mostrava aos apoiantes um dossier azul com um programa de governo para os primeiros cem dias, os necessários para fazer a tal “mudança boa”.
Os opositores optaram por sublinhar os perigos de um regresso de Kaczyński ao poder: uma nova ruptura com a União Europeia, a influência da Igreja Católica Conservadora e o risco das restrições ao aborto serem ainda maiores, a possibilidade de ser proibida a reprodução artificial, o reforço do catolicismo na Educação. Ewa Kopacz disse, num comício, que a Polônia corre o risco de se tornar uma “república confessional”.
Segundo as sondagens, foi a chegada de novos partidos à cena política que retirou votos (ou intenções de voto) dos dois grandes partidos. A coligação Esquerda Unificada, o partido antissistema do músico de rock Paweł Kukiz que “apareceu do nada” nas presidenciais de maio, o partido neoliberal Nowoczesna (Moderno) do eurodeputado Janusz Korwin-Mikke e o Partido Camponês estão todos na marca dos 5% que asseguram a eleição de um deputado. Os aliados naturais do PiS são o movimento Kukiz’15 e o Partido Camponês.

Fonte: Jornal "Público" - Lisboa
autor: ANA GOMES FERREIRA

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Nove ícones arquitetônicos da Polônia comunista

As realizações arquitetônicas do temido regime comunista, que já foram símbolos de injustiça para muitos, feitos de de tijolo e argamassa, agora tendem cada vez mais a serem encarados como clássicos da modernidade.

O antigo Palácio Joseph Stalin ou o edifício do Conselho Distrital Sindicatos do Trabalho estão entre aqueles prédios exoticamente nomeados que hoje podem ser considerados ícones, apesar de originários dos tempos sombrios do comunismo.

Cinema Kosmos
Foto: Dariusz Gorajski / AG
O nome deste antigo cinema construído em 1959, em Szczecin, é Cosmos. E isso provavelmente significava o quão longe as pessoas da Polônia comunista estavam assistindo filmes, na esperança de para serem transferidas para a tela.
O prédio foi desenhado por Andrzej Korzeniowski, que lhe deu um olhar simplista e aparência de monumento. A forma minimalista contrasta bem com o maravilhoso mosaico colorido feito pelo artista plástico Emanuel Messner que adorna a fachada.
A estrutura está atualmente em reforma, mas, como é edifício protegido pelo patrimônio, vai manter sua aparência original. Quando as obras estiverem concluídas, o edifício de Korzeniowski abrigará um moderno cinema moderno e sala de teatro, bem como espaços para conferências e de exposições.

Okrąglak
Foto: Łukasz Cynalewski / AG
Rotunda, rotatório ou ainda "redondo" é o edifício projetado por Marek Leykam concluído, em 1955, e é amplamente reconhecida como um exemplo do modernismo na cidade de Poznań.
No momento da sua inauguração foi considerada uma construção de vanguarda, a primeira em Poznań a ter um sistema de aquecimento no teto. Seu formato cilíndrico tem como referência o edifício arredondado Sugar Industry Bank que estava em seu lugar antes da Segunda Guerra Mundial.
O banco foi destruído durante a guerra e nunca reconstruído. Nos tempos comunistas, quando a escassez de todos os tipos de mercadorias eram uma norma, o Okrąglak serviu como uma loja de departamentos e, como tal, tinha uma reputação de ser um particularmente bem abastecido. O edifício, classificado como monumento, foi renovado com bom gosto na década de 2010 e atualmente abriga escritórios.

Edifício do Conselho Distrital do Sindicato do Trabalho
Foto: Marek Maruszak / Forum
Este edifício foi projetado por Henryk Buszko, Aleksander Franta e Jerzy Gottfried de acordo com o realismo socialista, a doutrina estética oficial dos comunistas.
Ele foi construído na primeira metade da década de 1950, em Katowice, e é um pouco semelhante a um outro edifício ícone do realismo socialista daquele período, a sede do Partido Comunista em Varsóvia.
Na Polônia comunista, o edifício de Katowice serviu como sede de várias organizações sindicais, como o Conselho de Mineiros do Sindicato dos Trabalhadores.
Hoje, é a Sede da Voivodia (Estado) da Silésia e é o local de trabalho dos funcionários administrativos do governo da Silésia.
O falecido Henryk Buszko, considerado um grande arquiteto, disse uma vez sobre a sua estrutura em Katowice: "Foi um dos poucos edifícios do realismo socialista na Polônia que não era uma caricatura."

Dworzec Centralny
Foto: Jan Bielecki / East News
Levou 1.100 dias para se construir esta estrutura. O nome se traduz simplesmente como Estação Ferroviária Central.
A construção foi inicialmente prevista para levar muito mais tempo para ser concluída, mas foi acelerada drasticamente para que ficasse pronta antes da visita a Varsóvia do líder da União Soviética Leonid Brezhnev, prevista para o final de 1975.
A estação tinha tido sempre a intenção de ser ultra-moderna e mostrar as capacidades da Polônia comunista. Não mostrá-lo para um convidado tão importante teria sido uma oportunidade perdida de se dar uma grande impressão. A missão foi de fato cumprida: Brezhnev, juntamente com o líder norte-coreano Kim Ir Sen e líder polaco Edward Gierek, puderam ver a estação dois dias depois que fora inaugurada em 5 de dezembro de 1975.
Não demorou muito para que os defeitos decorrentes da pressa dos construtores aparecessem e tivessem que ser corrigidos. Hoje, muitos consideram a modernista estação projetada por Arseniusz Romanowicz e Piotr Szymaniak um edifício clássico de Varsóvia.

Hotel Forum
Foto: Beata Zawrzeł / East News
Ao contrário da Dworzec Centralny, este edifício em Cracóvia levou um tempo excepcionalmente longo para ser construído.
A construção no Hotel Forum começou em 1975 e terminou treze anos depois, em 1988.
Uma das razões para ter tomando tanto tempo foi a crise econômica que atingiu Polônia após 1976. O edifício serviu como hotel de 1989 até 2002, quando foi esvaziado quase que completamente.
Atualmente, apenas funciona um café no piso térreo. O resto do interior do hotel está totalmente desocupado.
O edifício do final do modernismo foi desenhado por um grupo de arquitetos liderados por Janusz Ingarden e foi chamado por alguns de "um lugar lendário".
As pessoas elogiam a estrutura que se harmoniza com a linha da margem do rio onde ele está localizado, e também por sua aparência dinâmica. Isso tem se confirmado por ser um dos locais regulares do aclamado Unsound Festival.

Spodek
Foto: Michał Łuczak / Forum
Traduzido como "O Disco Voador", o Spodek é uma arena multiuso em Katowice.
Foi inaugurado, em 1971, com um grande concerto para 12.000 pessoas que caiu no gosto da cantora Anna German.
O nome não é incidental, pois a forma realmente traz à mente um disco voador. Este projeto intrigante é trabalho dos arquitetos Maciej Gintowt e Maciej Krasiński.
A montagem do Spodek necessitou de cerca de 30 mil toneladas de terra que teve de ser substituída, a fim de estabilizar e preparar adequadamente o local escolhido para a construção.
Desde a sua conclusão, o Spodek tem sido um símbolo bastante reconhecido de Katowice. É usado regularmente para grandes eventos, tais como as finais dos campeonatos mundiais de vôlei.

O Palácio da Cultura e Ciência

Sem dúvida, um dos edifícios mais controversos na Polônia, - o Palácio da Cultura e Ciência - foi um "presente da nação soviética para a nação polaca" que os polacos não puderam recusar.
Não era de admirar que muitas pessoas tenham problemas com ele - já que já foi chamado de Palácio Joseph Stalin. Felizmente este nome deixou de ser utilizado em 1956, um ano depois que foi construído no coração de Varsóvia.
O local escolhido para o arranha-céu monumental, como sugerido pelos soviéticos, foi verdadeiramente diabólico - parece que não se pode virar a cabeça para qualquer lado de Varsóvia sem que não se veja a "coisa".
É considerado frequentemente um símbolo desprezível da opressão comunista, mas não há dúvida de que é um marco da capital. Seus admiradores salientam que o arranha-céu do realismo socialista projetado pelo arquiteto soviético Lev Rudnev é uma visão mais-que-interessante e que, ironicamente, é bastante semelhante ao icônico Empire State Building.
De qualquer maneira, a 237 metros de altura, o palácio ainda é o ponto mais alto da Polônia e abriga toda uma gama de coisas, incluindo piscina, cinema, quatro teatros, dois museus e muitos espaços para escritórios.

Smolna 8
Foto: Franciszek Mazur / AG

O Smolna 8 foi o primeiro arranha-céu construído na Polônia na década de 1960. Projetado por Jan Bogusławski e Bohdan Gniewiewski, foi construído em Varsóvia no local de um antigo hospital oftalmológico destruído durante a Segunda Guerra Mundial.
Apesar dos planos iniciais de servir como um hotel para os polacos que viviam no exterior ao visitarem Varsóvia, tornou-se um edifício residencial de alto padrão com um bar café de dois andares no terraço chamado Akropol (infelizmente extinto).
Apesar do incomum formato de "mandíbula", a construção no topo, e uma das coisas interessantes do edifício, é também um dos lugares mais macabros da cidade, por já ter sido um local popular para suicídios.
Ah! sim...chama-se Smona 8, por estar situado no nrº 8 da ulica (rua) Smolna.

Nowa Huta

Localizado no ponto mais oriental da cidade, Nowa Huta é o bairro de Cracóvia que não tem nada a ver como o resto da cidade. Construído na década de 1950, tornou-se uma espécie de cidade dentro da cidade, e nunca foi realmente concluída, embora seja agora considerado uma obra-prima do realismo socialista polaco - o próprio nome lembra o período, Nowa Huta se traduz como "Nova Siderúrgica".
O arquiteto Tadeusz Ptaszycki e sua equipe projetaram absolutamente tudo, desde os edifícios e às próprias ruas, escadas, pisos, calçadas em uma tentativa de criar espaços que incentivassem as relações amistosas da vizinhança.
Claro, na forma típica comunista, muitos blocos de apartamentos foram construídos rapidamente para fornecer aos metalúrgicos um lugar para se viver, mas as visões utópicas dos arquitetos nunca se materializaram.
No entanto, a área tornou-se lendária e há provavelmente mais histórias sobre Nowa Huta que a maioria dos castelos medievais.
Notável, ele foi o local do premiadíssimo filme de Andrzej Wajda, "O Homem de Mármore".

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Temer: Cerca de 4 milhões de pessoas da etnia polaca vivem no Brasil

"No Brasil vivem muitos polacos e pessoas de ascendência polaca. Cerca de 4 milhões. Os Polacos contribuíram significativamente para o desenvolvimento do nosso país. Portanto, temos certas obrigações para com a Polônia.", declarou o vice-presidente do Brasil, Michel Temer, nesta quinta-feira no Fórum Polônia-Brasil.
Temer e a primeira-ministra Ewa Kopacz
Temer está em visita a Polônia. As negociações são de cunho econômico. Ele é acompanhado pelos ministros de Minas e Energia, da Aviação Civil, Portos, Pesca, Turismo,  Ciência e Tecnologia e o vice-ministro das Relações Exteriores. Na delegação também está um grupo de empresários, incluindo representantes de empresas de diversos setores, incluindo aviação, tecnologias inovadoras, indústria de defesa, telecomunicações, produtos químicos, marketing e publicidade, transportes e bancário.
Temer enfatizou no fórum que o Brasil está muito interessado na cooperação com a Polônia. "Veio junto comigo vários ministros que representam setores importantes da nossa economia. Esta delegação mostra o quão importante para nós é a relação com a Polônia. Vieram também empresários brasileiros. Atualmente, no Brasil temos investido fortemente em programas de desenvolvimento. Estes são os programas através dos quais nós procuramos para atrair investidores estrangeiros e empresários O governo brasileiro quer que os polacos venham ao nosso país e para investir em portos, ferrovias, aeroportos", disse ele.
O Vice-Primeiro Ministro Janusz Piechociński, que também participou do fórum, estima que o Brasil seja um país de grandes oportunidades. "Então, há dois anos, quando estávamos à procura de novos mercados fora da UE, entre os sete mais importantes, maioria dos mercados estratégicos, encontramos o Brasil. Nós não ficamos desapontados. Em cinco anos, temos aumentado o nosso comércio em 45 por cento. Isso é de 1 bilhões 700 milhões de dólares. O potencial é muito maior, portanto, hoje, advirto sobre o programa Go Brasil", disse Piechociński.
Ele acrescentou que no dia 22 de setembro, Polônia e Brasil vão comemorar o 95º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. "As áreas em que vemos potencial de cooperação são a construção naval, ferroviário, infra-estrutura de transporte, aço, (...) química, cosmética, farmacêutica, automotivo, (...), máquinas elétricas, máquinas de mineração",  disse o vice-primeiro-ministro.
Além disso, o vice-presidente da KIG, Marek Kłoczko disse durante o fórum que o Brasil é um país com grande potencial, e que tem laços históricos de amizade com a Polônia. "Planejamos uma grande missão comercial ao Brasil na segunda metade de outubro, e inúmeros outros eventos. Espero que isso contribuirá para o fato de que empresários polacos podem colaborar com sucesso em parceirias com os brasileiros." Disse ele.
De acordo com o Ministério da Economia, em termos de volume de negócios, o Brasil é o primeiro parceiro comercial polaco na América Latina, mas em todo o mundo ocupa apenas 31º lugar (dados de 2014).
É também o primeiro destinatário das exportações polacas na região. A participação do Brasil no comércio polaco com a América Latina é de 24 por cento.
Em 2014, houve um aumento do volume de negócios entre os dois países em relação ao mesmo período de 2013. Houve ligeiro decréscimo foi nas exportações polacas com destino ao Brasil, aumentando o volume das importações.
O comércio bilateral em 2014 atingiu o nível mais alto na história das relações comerciais com o Brasil, alcançando um valor de 1 bilhão e 689 milhões de dólares (um aumento de quase 13 por cento, em comparação com 2013). Exportações polacas em 2014, ascendera, a 531,4 milhões de dólares (queda de 8,2 por cento em relação ao mesmo período de 2013).
As empresas polacas compraram no Brasil, em 2014, uma grande quantidade de matérias-primas necessárias para a economia polaca (minério de cobre, laminados de aço) e produtos agro-alimentares destinados ao consumo humano (soja, café, frutas tropicais, sucos, frutas e extratos). A diminuição das exportações polacas para o Brasil foram, em grande parte devido ao agravamento da crise econômica do país sulamericano, cujas causas têm suas origens na situação política e econômica mundial.
A participação polaca no comércio total do Brasil permanece pequena e um pouco mais de 0,25 por cento. (0,29 por cento em importação e 0,21 por cento nas exportações). Da mesma forma, a participação do Brasil no volume de negócios de comércio exterior polaco é pequeno, em 2014 foi de apenas 0,38 por cento. (na exportação de 0,24 por cento e nas importações de 0,52 por cento.).
Em 2014, a LOT - Linhas Aéreas Polacas comprou mais comprar aviões EMBRAER (203,3 milhões de dólares americanos em 2014) do que em 2013 ( 216,9 milhões).
O Brasil continua a ser o parceiro polaco mais importante da América do Sul, não só por causa dos ricos recursos naturais (incluindo minério de cobre, bauxita, minério de ferro, ouro, manganês, níquel, fosfato, platina, estanho, urânio, petróleo, madeira) e comida, mas principalmente como uma saída para a produção polaca, especialmente produtos altamente processados, que durante muitos anos o Brasil é um importador (incluindo autopeças e acessórios, equipamentos eletromecânicos, produtos farmacêuticos, eletrônicos, fertilizantes e químicos).

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Sete heróis polacos que o mundo deve conhecer

Sete heróis polacos que o mundo deveria conhecer neste 76º aniversário do início da Segunda Guerra Mundial.
Em 1º de setembro, Adolf Hitler ordenou a invasão da Polônia, eclodindo assim a Segunda Guerra Mundial.
Naqueles duros anos, sete polacos trabalharam sem medir consequências, com trabalho dureza, abnegação e compaixão pelo próximo.

Herói da humanidade
Jan Karski era um diplomata polaco e um jovem oficial da reserva quando a guerra eclodiu em setembro de 1939.
Depois de lutar na defesa da Polônia e ser levado prisioneiro, Karski escapou e se juntou ao movimento de resistência polaca. Assim começou o seu envolvimento na Armia Krajowa (exército nacional polaco clandestino), onde ele serviu como mensageiro entre a Polônia e o Governo polaco no exílio. Karski é mais conhecido hoje por sua ousada missão de tentar parar o Holocausto.
Ele contrabandeou para dentro do Gueto de Varsóvia, bem como para o campo de trânsito de Izbica para recolher relatos em primeira mão sobre a situação dos judeus europeus sob o regime nazista. Ele então viajou para o Ocidente, onde se reuniu com o secretário de Relações Exteriores britânico Anthony Eden e presidente Franklin D. Roosevelt, entre outros, para apresentar seu relatório sobre o extermínio dos judeus europeus e implorou por ação Aliada que parasse o Holocausto. 2014 foi declarado o Ano de Jan Karski pelo Sejm (Câmara dos Deputados) polaco no ano do centenário de seu nascimento.

Voluntário em Auschwitz
Quando irrompeu a guerra, Witold Pilecki lutou na defesa da Polônia e, posteriormente, tornou-se ativo no subterrâneos do conflito.
Pilecki apareceu com um plano ousado e potencialmente suicida: o de ser voluntariamente capturado pelos nazistas e enviado para o campo de concentração e extermínio alemão nazista de Auschwitz. 
O objetivo de sua missão era organizar um movimento de resistência dentro do Campo e reunir informações para potências aliadas.
De setembro de 1940 a abril 1943, Pilecki fez exatamente isso. Como prisioneiro número 4859 em Auschwitz, ele formou uma rede de resistência clandestina dentro do campo e enviava mensagens sobre o acampamento ainda relativamente desconhecidas para os líderes externos.
O Relatório Pilecki, como seus documentos são agora conhecidos, seriam alguns dos primeiros registros detalhados do mundo sobre o Holocausto.

Os quebradores da Enigma

Os cryptologistas polacos Marian RejewskiJerzy Rozycki e Henryk Zygalski foram preponderantes em quebrar o Enigma.
A Enigma era uma máquina de código utilizada pela Alemanha nazista para enviar mensagens criptografadas.
A Agência Polaca de Criptografia conseguiu quebrar o código alemão tão cedo quanto em 1932.
Como as nuvens da guerra pairava sobre a Europa, a Polônia decidiu compartilhar sua inteligência com os Aliados, especialmente com o Governo da Grã-Bretanha e com a Escola de Criptologia de Bletchley Park, assim, ajudaram os Aliados a obter informações sobre os planos de guerra alemães.

O herói de três nações

Henryk Slawik salvou milhares de refugiados polacos, judeus e gentios, da opressão nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
Depois de participar na defesa da Polônia em 1939, Slawik escapou de um campo de prisioneiros na Hungria e passou os anos da guerra em Budapeste, onde levou o Comitê do Cidadão a ajudar os refugiados da Polônia. 
Neste trabalho, Slawik forneceu aos polacos-judeus residentes na Hungria documentação falsa Ariana. Também ajudou a estabelecer um orfanato para crianças que as autoridades desconheciam se eram realmente órfãos judaicos. Quando os alemães ocuparam a Hungria, em 1944, Slawik foi preso, torturado e, ao que tudo indica, morreu em Mauthausen.
Suas ações são creditados como tendo auxiliando 30.000 polacos na Hungria durante a guerra, incluindo 5.000 polacos-judeus.
Hoje, Henryk Slawik é frequentemente descrito como o "Wallenberg polaco".

"O que eu fiz não foi uma coisa extraordinária. Era algo normal."

Irena Sendlerowa (chamada Sendler pela mídia mundial) era enfermeira e auxiliou no trabalho na resistência polaca. Conhecida como "O Anjo do Gueto de Varsóvia", foi uma ativista católica dos direitos humanos durante a Segunda Guerra Mundial.
Ela era uma organizadora ativa na Zegota, o Conselho de Ajuda Aos Judeus estabelecido pelo governo polaco.
Após os nazistas criarem o gueto de Varsóvia, Sendlerowa liderou um movimento para contrabandear crianças judias para fora do gueto.
Seus esforços ajudaram a mais de 2500 crianças judias a escapar do gueto e serem colocadas na clandestinidade.
Embora presa e interrogada pelos nazistas, Sendlerowa nunca revelou os locais onde crianças judias foram escondidas.
Em 1965, a organização Yad Vashem de Jerusalém, outorgou-lhe o título de Justa entre as Nações e nomeou-a cidadã honorária de Israel.
Em Novembro de 2003, o presidente da República da Polônia, Aleksander Kwaśniewski, concedeu-lhe a mais alta distinção civil da Polônia: a Ordem da Águia Branca.
Em 2007, Irena Sendlerowa foi oficialmente nomeada candidata para o Prêmio Nobel da Paz. O prêmio, infelizmente, foi dado ao vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore pela sua defesa do meio-ambiente.

sábado, 5 de setembro de 2015

Nomes polacos tradicionais - grafia e significado


Mieszko I
Assim como as fronteiras do território, também os nomes, na Polônia, foram mudando ao longo do curso da história.
Os polacos são os descendentes modernos de tribos eslavas ocidentais. Assim seus nomes originais também eram nomes eslavos.
Parte destes antigos nomes eram ditemáticos, ou seja, eram nomes compostos de dois lexemas como, por exemplo: -sław, ou -mir, de Sławomir. Diz a lenda que seu portador cumpria a profecia de seu significado ...
Bolesław I Chrobry - Boleslau I o Bravo (primeiro rei coroado da Polônia)
No entanto, após o Concílio de Trento da Igreja Católica Apostólica Romana entre 1545-1563, foi imposta a proibição de se continuar a dar nomes dos pagãos para os recém-nascidos. No caso da Polônia, a maioria de seus nomes eram originalmente de tribos eslavas e, portanto, tornaram-se extremamente raros ou foram extintos pela proibição católica.

Apenas alguns nomes eslavos originais permaneceram em uso, destacadamente Kazimierz, Stanisław e Wojciech (pronuncia-se cajimiéj, stanissúaf e voitchiérrrhhh ) e isto por terem se tornado nomes de santos, consagrados pela própria igreja católica.
Alguns daqueles nomes polacos eslavos proibidos na idade média foram ressuscitados mais tarde, já no século 19, quando a Polônia foi varrida do mapa e redistribuída entre poderosos vizinhos invasores e ocupantes. Como uma manifestação do espírito patriótico, os polacos decidiram reavivar os antigos nomes polacos eslavos.

Neste texto, far-se-á a descrição desses nomes polacos eslavos, seguido de uma visão geral de nomes próprios de origem estrangeira que foram introduzidos na cultura polaca e que foram, com o passar do tempo, polonizados, bem como um levantamento de como tendências atuais estão se desenvolvendo.

Nomes de origem eslava


Kazimierz III Wielki - Casimiro III o Grande

Alguns nomes eslavos ainda em uso nos dias de hoje, como Sławomir, Mirosław, Bronisław ou Kazimierz (pronunciam-se suavomir, mirossuaf, bronissuaf ou cajimiéj) possuem significados heróicos.
Eles combinam lexemas como sław (glória, fama), mir (respeito, paz), broń- (defesa), e kazi- (destruir).
Outros nomes eslavos populares, como Bogumił ou Bogdan (pronuncia-se bógumiu ou bógdan), contem a raiz "Bóg / bog" (Deus) e são considerados nomes teofóricos - práticas de nomenclatura semelhantes são encontrados em praticamente todas as línguas - ainda assim, um grande número de nomes eslavos desapareceram para o "bem" da cristianização.
Nomes como Mściwoj, Świętobor, Racimir, Chwalimir, Trzebiesław (pronuncia-se mchitchivoi, chivientobor, ratchimir, rrhhvalimir, tjebiessuaf) são bem mais prováveis ​​de serem encontrados em livros de literatura, história e didáticos do que nas ruas das cidades polacas hoje em dia.

Definições

A seguir um apanhado de nomes polacos eslavos, ainda em uso atualmente, com seus respectivos significados. Os nomes masculinos polacos geralmente terminam com uma consoante e os nomes femininos terminam com a letra "A".

Bogdan (pronuncia-se bógdan) - "dado por Deus" é um nome popular na Polônia, mas também na Ucrânia (Bohdan), este é o único nome de pessoa, polaco, com o sufixo "dan", o que leva linguistas a suspeitar de um empréstimo a partir dos Citas (povos turcomanos), que usaram o nome Bagadata (nome persa antigo derivado de Baga "Deus" e data "dado".  Este era um nome do século 3 a.C. dos persas sob o Império Selêucida com o mesmo significado de "dado por Deus".

Bożydar (pronuncia-se bójidar)- "presente de Deus", bastante raro, mas ainda utilizado. É uma tradução de seus equivalentes gregos e latinos Theodor e Theodatus, ou Teodoro (significado adorado por Deus).

Bożena (pronuncia-se bójena)- outro nome composto com a raiz eslava que significa Deus. Este antigo nome eslavo era conhecido no Reino Tcheco desde o século 12, mas tornou-se popular na Polônia durante o século 19.

Bogumił (pronuncia-se bógumiu) - "alguém que é querido a Deus".  Às vezes é considerado uma cópia do Theophilos grego.

Bogusław (pronuncia-se bógussuaf) - nome teofórico significando "para louvar a Deus". Conhecido em todas as línguas eslavas e popular desde a Idade Média. Na Polônia, o nome explodiu em popularidade durante os anos 1950 e 1960.

Bolesław (pronuncia-se bólessuaf) - a raiz bole vem de bolye e significa muito, ou mais. Assim, o nome pode ser traduzido como "aquele que vai ter um monte de glória (fama). Foi inicialmente utilizado pelos duques da dinastia Piast.  Mas sua popularidade foi diminuindo a partir de 1920.

Bronisław (pronuncia-se brónissuaf) - outro nome com a raiz "sław" bronić que significa defender - o que pode ser traduzido como "aquele que vai defender a sua glória".

Czesław (pronuncia-se Tchessuaf) - o cze- em Czesław vem do verbo czcić - ou seja adorar. A composição pode ser traduzida como aquele que "vai adorar ou respeitar o bom nome [glória - fama] (da casa)". O nome era popular até 1950 - mas já não o é tanto nos dias de hoje.

Jarosław (pronuncia-se iárossuaf) - jary - como adjetivo significa vigoroso e poderoso; o nome, portanto, pode ser composto para significar "aquele que tem forte glória ou fama". O nome tem sido popular na Polônia desde o renascimento dos nomes eslavos no século 19. Foi muito popular na década de 1960 e 1970.

Outros nomes eslavos, mas não polacos possuem variantes com o lexema JAR- que incluem Jaromir.

Kazimierz (pronuncia-se cajimiéj)- combina a raiz mir (respeito), e kazić (destruir), ou seja, "comandar, dominar bravamente e com calma, comandar de tal forma que não dê paz aos seus inimigos''. O nome de muitos reis e duques dos Piast e das dinastias Iaguielônica, como Casimiro I - o Restaurador, ou Casimiro III - o Grande. São Casimiro (1458 -1484), príncipe herdeiro da dinastia Iaguielônica, tornou-se o patrono da Lituânia e da Polônia.
Casimiro é um dos únicos nomes polacos que se tornaram bastante populares fora da Polônia. No final do século 18, o nome foi levado para a América por Kazimierz (Casimiro) Pułaski.

Lech Wałęsa - Prêmio Nobel da Paz (pôs fim a União Soviética)
Lech (pronuncia-se lérrhh) - é um dos raros nomes eslavos com lexema simples em polaco. Segundo a lenda, os irmãos Lech, Czech e Rus são os pais fundadores dos povos polaco, tcheco e russo (e ucraniano e bielorrusso), respectivamente. Lech é um nome tipicamente polaco que continua muito popular. Sua etimologia é incerta - a maioria das hipóteses leva ao verbo Lścić - (para agir dolosamente); Lech poderia ser um diminutivo de Lścisław.

Lesław (pronuncia-se léssuaf) - este nome foi muito provavelmente introduzido pelo poeta romântico tardio Roman Zmorski (1824-1867). Foi especialmente popular na década de 1950.

Leszek (pronuncia-se léchék) - provavelmente uma versão hipocorístico (diz-se de ou qualquer palavra criada ou prenome modificado, ou qualquer vocábulo usado antroponimicamente com intenção de carinho, para uso no trato familiar ou amoroso, sempre no diminutivo) derivado de Lestek, que por sua vez já é diminutivo de Lech.

Ludomir - "aquele que garante a paz - o respeito - para as pessoas", a partir de lud- raiz que significa povo.

Marzanna (pronuncia-se májana) - emobra o nome não seja popular no momento, ele remonta à antiguidade eslava. Marzanna era uma divindade eslava, e ela ainda está presente no folclore polaco. Uma efígie da deusa é queimada no primeiro dia de Primavera.

Mieczysław (pronuncia-se miétchssuaf)- a forma mais antiga era provavelmente Miecisław (pronuncia-se miétchissuaf), que vem do verbo mietać - "para jogar". e sław- glória.

Mieszko (pronuncia-se miéchko) - é o nome do primeiro governante histórico da Polônia; definitivamente é raro, mas ainda assim é um nome dado ainda para muitos meninos polacos. É provável que foi originalmente derivado de um diminutivo de Miecisław (pronuncia-se miétchissuaf).

Mirosław (pronuncia-se miróssuaf) - assim como Sławomir (pronuncia-se suavomir) combina (em sequência invertida) com os dois lexemas mais empregados em nomes eslavos polacos. Ele pode ser composto no sentido de "aquele que elogia a glória" ou "aquele que ganha fama por ordem ou paz que estabelece". É considerado um dos mais antigos nomes polacos.

Przemysław (pronuncia-se pjemissuaf) - A partir da palavra Przemysł (pronuncia-se pjemissu) que significa consideração, cautela, brincadeira. Assim pode-se dizer que é inteligente, engraçado, Apareceu pela primeira vez em documentos de 1243 como nome de alguém.

Radosław (pronuncia-se radóssuaf) - combina a raiz Rado que significa contente feliz, satisfeito, e sław (glória, fama), ou seja, "a glória de ser feliz, ou a fama de feliz.

Radzimir (pronuncia-se radjimir) - a raiz radzi- remonta a raci- que significa lutar; alguém ansioso para lutar. Não é um nome popular.

Sławomir - uma variante do Mirosław; o nome desapareceu no século 16 para reaparecer no século 19.

Santo Estanislau
Stanisław (pronuncia-se stanissuaf) - raiz de "stand" ou "tornar-se", pode expressar um desejo para a glória ou fama; um dos nomes mais populares polacos. Está registrado, no início do século 13, como Stanislaus - uma forma que ganhou a Europa Ocidental, onde obteve popularidade.
Ele tem sido usado, na França, como Stanislas, que provavelmente está ligado ao fato do rei polaco Stanisław Leszczyński ter residido em Nancy.
Stanisław também é o nome do santo polaco (sepultado em caixão de prata e colocado no meio do corredor da catedral de Wawel, em Cracóvia), e conhecido nos países católicos como um líder da tribo americana Yokut, tribo nativa do Norte da Califórnia, do século 19, que foi chamado de Estanislao.
Stanislaus, juntamente com outros nomes polacos, ganhou popularidade no também no século 19, na Irlanda. Foi uma época em que ambos os países católicos enfrentaram uma situação política desoladora. Dar um nome polaco, na Irlanda, naquela época, foi visto como um sinal de simpatia para com a nação polaca que estava sofrendo com as ocupações russas, austríacas e prussas (alemãs).
Outro fator pode ter influenciado foi uma tradição jesuíta forte em algumas famílias católicas irlandesas - o nome do irmão de James Joyce era Stanislaus.

Tomisław (pronuncia-se tomissuaf)- Nome eslavo mais popular nos Balcãs (Tomislav) do que na Polônia. A etimologia liga o tomi de Tomisław com o antigo verbo eslavo tomiti - de tormento, assediar.
Este nome pode ser traduzido como "aquele que é atormentado pela necessidade de ser famoso".

Wanda (pronuncia-se vanda e não uanda, pois não é nome inglês, W em idioma polaco e português tem som de V e não de U) - É um nome genuinamente polaco, lendário e muito provavelmente foi cunhado pelo historiador medieval polaco Wincenty Kadlubek. 
Wanda é um dos nomes polacos mais usados fora da Polônia. E a maioria das pessoas desses outros países acredita ser um nome bíblico, ou alemão. O que é um erro grosseiro e demonstrativo de toda a ignorância a respeito da história da Polônia e dos polacos.

Wacław (pronuncia-se vatssuaf) - Segundo linguistas, Wacław remonta a Więcław (pronuncia-se vientssuaf) que é um diminutivo de Więcesław (pronuncia-se vietssessuaf) que tem seu equivalente russo como sendo Vyacheslav.
Com więce- que significa "mais" - semanticamente este é basicamente uma outra variante de Bolesław (veja acima a definição). Na primeira metade do século 20 foi muito popular - mas sua popularidade foi diminuindo desde então.

Wieńczysław (pronuncia-se vientchssuaf) - pode até ser parecido com outro nome antigo, mas na verdade Wieńczysław apareceu pela primeira vez, no início do século 18; wieńczyć- significa "coroar", assim fica sendo "aquele que deve ser coroado com a glória e/ou fama."

Wiesław (pronuncia-se viéssuaf) - É conhecido desde o século 14 e que poderia ser uma forma abreviada de Wielisław  de wieli- "muito". É outro nome que significa "alguém que deve ser mais famoso" ... (comparável a Bolesław e Wacław.)

Wisława (pronuncia-se vissuava) - É provavelmente derivado de Witosława, um nome bastante popular do século 12. Ele não é muito popular hoje, mas Wisława Szymborska definitivamente imortalizou o nome.

Władysław (pronuncia-se vuadissuaf) - Muito provavelmente veio para o idioma polaco através dos Tchecos. O equivalente polaco deveria ser Włodzisław (pronuncia-se vuódissuaf). A raiz "wład-" ou "władz-" significa exercer o poder, governar. Em latim foi grafado Ladislao.
Apropriadamente, ele tem sido o nome de muitos reis da Europa Central a começar por Ladislau I da Hungria (São Ladislaus), Władysław Jagiello, (pronuncia-se vuádissuaf iaguiélo), Władysław IV Waza.
Foi extremamente popular no início do século 19.

Włodzimierz (pronuncia-se vuódjimiéj)- Anteriormente era usado como uma versão polonisada do nome russo Vladimir. Lenin, por exemplo é conhecido como Włodzimierz em polaco, enquanto que Putin como Wladimir. Foi bastante popular no Leste da Polônia durante o século 19 e gradualmente chegou a todo o país durante o século 20.

Wojciech (pronuncia-se vóitchiérrhh) - Este antigo nome combina "woj -", guerreiro, e "ciech-" de cieszyć się - significado para ser feliz, alegrar-se, ou seja, "aquele que se alegra em batalha".
O nome de um mártir e primeiro santo e patrono da Igreja Católica polaca é conhecido, em português, como Santo Adalberto de Praga. Embora o nome Adalbert não tem nenhuma ligação etimológica. É um dos nomes polacos mais antigos e mais populares de todos os tempos.

Zbigniew Ziembiński - pai do moderno teatro brasileiro
Zbigniew (pronuncia-se sbigniéf) - Nome derivado da raiz "zby-" (para livrar, livrar-se) e "-gniew" (raiva) poderia ser interpretado como "alguém que está livre da raiva", que neste entendimento tem mais de budista do que do jeito eslavo de ser. Encontrado em fontes escritas, já no século 11 como Zbygniew.
Há outros nomes com o mesmo sufixo, como Zbysław, Zbylut, Zbywoj (pronuncia-se sbssuaf, sblut sbvói), mas eles definitivamente não são populares hoje em dia.

Zdzisław (pronuncia-se sdjissuaf) - "zdzie-" é supostamente derivado de "działać "(agir). O nome era conhecido já no século 12, mas foi esquecido no século seguinte. Ele retornou com popularidade no século 19.

Ziemowit (pronuncia-se jiémóvit) - Seria uma versão distorcida da Siemowit ( pronuncia-se chiémóvit) - Composto de "Siemo"- (do pré-eslavo * sěmьja) que poderia significar "a família ou casa" e "-wit" (senhor, senhor). O significado pode ser considerado como "senhor da casa '. Siemowit era um nome comum dos governantes da dinastia Piast.

Nomes estrangeiros disfarçados de polaco

A versão polonisada dos nomes cristãos mais comuns, como Piotr, Łukasz, Andrzej, Grzegorz, Agnieszka, Małgorzata ou Katarzyna (pronuncia-se piótr, uúcach, andjiei, gjegój, agniechca, maugójata e catajina) respectivamente Pedro, Lucas, André, Gregório, Inês, Margarete e Catarina são bastante reconhecíveis. Alguns deles, no entanto, têm uma história própria, e portanto, enganosa.

Jacek (pronuncia-se iatssék)- este nome polaco popular não é de maneira alguma o correspondente de Jack, Jake ou Jacob, pois Jacob é Jakub em polaco). Na verdade é uma forma de Jacinto.

Jerzy (pronuncia-se iéj) - É o equivalente polaco de Jorge.

Maciej (pronuncia-se mátchiei) - alguns nomes cristãos têm duas variantes em polaco, sendo usados como Mateusz (pronuncia-se mateuch) e Maciej. Ambos são derivados de Mathaeus (Mateus). O mesmo vale para Bartłomiej (pronuncia-se bartuómiei) e Bartosz (pronuncia-se bartóch) que tanto pode ser Bartholomaeus (Bartholemew), com o último nome em ambos os pares são considerados uma forma mais plebeia.

Mikołaj (pronuncia-se micóuai) - o equivalente polaco de Nicolas é perceptível através do uso do M em seu início, um recurso usado pelos polacos do nome tcheco (Mikoláš), do eslovaco (Mikuláš), do Bielorrusso (Mikalai), do ucraniano (Микола - Mykola) -, mas também do húngaro (Miklós). O eslavo russo e outros mantiveram o N inicial (Nikolay), como no original grego Nikolaos.

Tadeusz Kościuszko - herói de 2 mundos
Tadeusz (pronuncia-se tádeuch) - Um dos nomes mais comuns (ou mesmo arquetípicos) polaco não tem quaisquer raízes eslavas. Tadeusz chegou ao polaco diretamente do latim (Thadaeus), mas suas origens se encontram no aramaico (תדי, Taddai / Aday pode ser traduzido como "coração valente") e grego (Θαδδαῖος).
Até o século 19, ele não era um nome muito popular na Polônia, com exceção das áreas do norte-oriental da República das Duas Nações Polônia-Lituânia, onde tinham sido estabelecido o culto religioso de Judas Tadeu algum tempo antes.
O nome ganhou importância com o surgimento de figuras históricas, como Tadeusz Kościuszko (pronuncia-se tádeuch cóchiuchco) e Tadeusz Rejtan (pronuncia-se reitan). Ambos nasceram no Leste da República das Duas Nações (atualmente território da Bielorrússia) e se tornaram exemplares do espírito patriótico polaco no momento da partições da Polônia.
O nome foi dado então (em memória de Kościuszko) por Adam Mickiewicz para o principal herói do seu poema épico Pan Tadeusz - o que definitivamente contribuiu para a popularidade do nome na Polônia.
Até o final do século 18, o nome também tinha sido popularizado na América. Thaddeus Stevens, político chave da Guerra Civil e Reconstrução da Nova Era, e conhecido por sua oposição implacável ao sistema escravista nos Estados Unidos da América ganhou seu nome como homenagem a Kościuszko (herói de dois mundos).
O general polaco junto com seu compatriota Puławski foram determinantes na Guerra pela Independência das 13 colônias inglesas. Tanto é verdade que tanto Kościuszko como Puławski são denominações de ruas, avenidas, praças, monumentos e pontes por todo os Estados Unidos. As principais pontes de Nova Iorque levam os nomes dos dois polacos.
Tadzio (pronuncia-se tádjio) é um diminutivo de Tadeusz.

Nomes germânicos (alemães)

Nomes alemães disfarçados de polaco incluem:

Jadwiga (pronuncia-se iádviga) - É uma versão polonizada do nome alemão Hedwig. Em português é Edvirges. As duas Santas Edvirges são polacas. Uma delas é a Rainha Jadwiga Piast, fundadora da Universidade Iaguielônica e padroeira da Polônia e da União Europeia.

Santa Kinga (Conegunda) - rainha da Polônia
Kinga (pronuncia-se quinga) - uma forma abreviada do nome antigo alemão Kunegunda. Em português Conegunda e em momento algum derivação do inglês King (rei). Kinga é atualmente um dos nomes de mulher mais populares da Polônia, muito em função da Rainha Kinga (húngara de nascimento e esposa do rei da Polônia, Bolesław V - Wstydliwego e consagrada como Santa Kinga (ou Conegunda).

Olga - Este é um um empréstimo precoce do nome saxônico (alemão)  originais Helga

Waldemar - enquanto este é obviamente um nome saxônico (waltan - exercer o poder, regra, mar - grande, famoso), Waldemar tem em alguma ligação com nome eslavo Vladimir (em polaco: Włodzimierz).
Ambos os nomes têm o mesmo significado e são compostos de raizes que são cognatas. O nome de Waldemar apareceu na Polônia apenas no século 19.

Zygmunt (pronuncia-se zegmunt) - originalmente um nome alemão. Sigmund ou Sigismund é derivado das palavras SIGU - "vitória". "mão, proteção" mãos "munt" - e pode ser traduzido como "aquele cuja proteção subvenciona a vitória". A versão em polaco Zygmunt ganhou muita popularidade na Polônia, após os nome de diversos reis como Sigismund I - o velho, Sigismund II Augusto e Sigismund III Vasa, e continua a ser popular (consideravelmente mais do que os seus equivalentes alemães). O nome próprio do famoso psiquiatra Sigmund Freud foi escolhido pelo pai de Freud, o Sr. Jacob, que era conhecido por suas simpatias para com polacos, muito em função de seus ancestrais terem vivido durante séculos na República Polaca, antes da família se mudar para a Galicia (província austríaca nos territórios polacos ocupados pelo Império Habsburgo). Jacob Freud deu este nome para seu filho, como homenagem aos reis polacos, conhecidos por sua tolerância e proteção para com os judeus.

Nomes Lituanos

Vários nomes populares poloneses tem origem na Lituânia. Isso remonta a séculos de intercâmbio cultural no seio da Comunidade Polaco-Lituana. Embora seja incerto, Olgierd (Algierdas) e Danuta podem ter vindo também do Lituano.

Danuta - é um nome de origem lituana que provém da palavra "danutie", ou seja, é uma combinação de significados referentes a "céu e filha". Alguns o classificam também como sendo de origem latina, da palavra "donata" (agraciada por Deus). Também é possível que deriva de uma nomes pré-eslavos do Sul a partir dos nome Dana, Danka, Danica (pronuncia-se dánitssa), que significa o “bebê doado por Deus”.

Grażyna - (pronuncia-se grajina) - Este nome, ainda relativamente popular na Polônia, foi inventado por Adam Mickiewicz, em um poema de 1823, a partir do gražus, um adjetivo lituano, que significa bela.

Witold (pronuncia-se vitold) Vem do lituano Vytautas - E pode ser traduzido como "aquele que leva as pessoas".

Por que os polacos nomeiam coisas e nomes com uma abundância de diminutivos em polaco?
Os polacos tendem a usar diminutivos em tudo a todo tempo.

Katarzyna é chamada de Kasia (pronuncia-se cáchia), Kaśka (pronuncia-se cachisca).
Com sufixos como -ek, -US, um nome pode ter toda uma gama de versões informais.
Stanisław é chamado de Stach, Staś, Stasiek, ou Staszek ou mesmo Stachu.

Isso vale para a maioria dos nomes polacos.

- Bolesław é Bolek (pronuncia-se bolessuaf, bólék)
- Eugeniusz, Eugenia é Gieniek, Gienia (pronuncia-se eugueniuch, guiéniék, guienha)
- Grzegorz é Grzesiek, Grześ (pronuncia-se gjegój, gjechiék, gjech)
- Jakub é Kuba, Kubuś (pronuncia-se iacub, cuba, cubuch)
- Karol é Lolek (pronuncia-se caróu, lólék)
- Jan é Janek, Jasiek, Jaś, Jasiu (pronuncia-se ian, ianék, iachiék, iach, iachiu)
- Jarosław é Jarek (pronuncia-se iarossuaf, iarék)
- Jerzy é Jurek, Jurko, Jurk (pronuncia-se iéj, iúrék, iurco, iurk)
- Józef é Józek, Józio, ou Ziutek (pronuncia-se iusef, iusek, iujio, jiutek)
- Kazimierz é Kazik, kazio (pronuncia-se cajimiéj, kajik, cajo)
- Krzysztof é Krzysiek, Krzyś (pronuncia-se kjichtóf, kjichiék, kjich)
Maciej é Maciék - (pronuncia-se matchiei, matchiék)
- Mirosław é Mirek (pronuncia-se mirossuaf, mikék)
- Paweł é Pawelku (pronuncia-se pávéu, paveucu)
- Radosław é Radek (pronuncia-se radossuaf, radék)
- Szymon é Szymonku
- Wojciech é Wojtek (pronuncia-se vóitchiérrhh, vóiték)

O mesmo vale para nomes das meninas:

- Antonina é  Tonka, Tonia, Tońcia e Nina (pronuncia-se antonína, tonca, tónha, tónhtchia, nína)
- Aleksandra é Ola (pronuncia-se alékssandra, ola)
- Agnieszka e Agata é Aga (pronuncia-se agnhiéchca, agáta, ága)
- Alicja é Ala (pronuncia-se alicia, ála)
- Barbara é Basia, Baśka (pronuncia-se barbára, báchia, bachka)
- Ełżbieta é Ela, Elka (pronuncia-se éujbiéta, éla, élca)
- Jadwiga é Iga, Inina, Jadzia (pronuncia-se iádviga, íga, ínina, iádjia)
- Katarzyna é Kasia, Kaśka (pronuncia-se catajina, cáchia, cáchca)
- Joanna é Aśka ou Ásia, Joaśka (pronuncia-se ionna, áchca, áchia, ioachca)
- Julianna é Julcia, Julka (pronuncia-se iultssia, iulca)
- Małgorzata é Małgośka, Gośka, Gosia, Małgosia (pronuncia-se maugójata, maugóchca, góchia, maugóchia)
- Urszula é Ula, Ulka (pronuncia-se urchula, úla, úlca)

Lista dos 10 nomes mais registrados nos cartórios da Polônia em 2014

Meninas:
1. Lena - 9642
2. Zuzanna - 8856
3. Julia - 8572
4. Maja - 8055
5. Zofia - 6733
6. Hanna - 6407
7. Aleksandra - 5935
8. Amelia - 5586
9. Natalia - 5,205
10. Wiktoria - 5,149

Meninos:
1. Jakub - 9382
2. Kacper - 7232
3. Antoni - 7143
4. Filip - 6903
5. Jan - 6817
6. Szymon - 6112
7. Franciszek - 5139
8. Michał - 5004
9. Wojciech - 4,959
10. Aleksander - 4,896

A lista demonstra claramente que os nomes típicos eslavos estão longe de ser popular, atualmente. Apenas Wojciech aparece em os 10 mais. A lista é cheia de nomes de origem cristã (derivados do latim, grego, hebraico ou aramaico).
Na lista das meninas lista, o primeiro nome eslavo só  é encontrado no 31º posto da classificaçao, o Jagoda), Kinga, que não é originalmente eslavo mas pode ser considerado um nome tipicamente polaco está em 35º, Olga está em 56º e Kalina em 57º.
Na Lista dos meninos, além de Wojciech estar em nono lugar, apresenta Stanisław em 20º, Miłosz em 21º, Przemysław em 62º e Radosław em 64º. 

Texto baseado em reportagem de Mikołaj Glinski


segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Polônia quer repatriar polacos e seus descendentes

O governo da Polônia quer lançar um projeto para tentar trazer para casa as centenas de milhares de polacos que moram em outros países, plano que contrasta com a rejeição em receber refugiados, conforme o sistema de cotas proposto pela Comissão Europeia (CE, órgão executivo da União Europeia).

Cerca de 20 milhões de pessoas formam a diáspora polaca, apesar de apenas um terço ter nascido na Polônia. A maior parte é descendente de polacos que deixaram o país nos últimos 150 anos por causa de guerras e outros problemas similares, mas também por questões econômicas.
Exemplo recente é emigração de perto de 1 milhão de cidadãos polacos para Reino Unido e República da Irlanda. Os imigrantes polacos representam 3% da população na Irlanda. Já no Reino Unido, o polaco é a segunda língua mais falada depois do inglês, como consequência da avalanche de trabalhadores da Polônia que chegaram ao país depois do ex-primeiro-ministro Tony Blair (1997-2007) ter aberto o mercado de trabalho para os cidadãos do leste da União Europeia.


O novo presidente polaco, o nacionalista-ultraconservador Andrzej Duda, insiste que é preciso fazer com que esses emigrantes retornem. Ele afirma que eles trarão experiência, novos conhecimentos e novas famílias, algo necessário em um país que enfrenta baixos índices de natalidade e um envelhecimento progressivo da população.
Andrzej Duda
Mas o plano de Duda vai mais longe e busca melhorar a imagem da Polônia no exterior, devolver às raízes do país os que o deixaram, através do reforço do ensino do polaco, além de fornecer incentivos para aqueles que quiserem voltar para casa. "Temos consciência de que muitos de nossos compatriotas em outros países já perderam a nossa nacionalidade, falam outra língua e não conhecem nosso idioma", disse recentemente o ministro das Relações Exteriores da Polônia, Grzegorz Schetyna.
O ministro, que anunciou programas para colaborar com os países onde vive a maior parte dos polacos no exterior, reconheceu também que inicialmente a aproximação deverá ser "na língua do local no qual eles residem".
Grzegorz Schetyna
Trata-se de um ambicioso plano para "reeducar" esses milhões de polacos ou descendentes distribuídos por países como Brasil, Argentina, Alemanha, Ucrânia, Reino Unido e Estados Unidos, onde cerca de dez milhões de pessoas declararam ter origem polaca.
"Não me parece algo fácil, já que na Polônia os salários são muito baixos e quase não dispomos de auxílios sociais. Existem mais oportunidades fora", Anna Przewoska, polaca que mora há seis meses em Londres.
A fuga de profissionais que afeta o país nos últimos anos se soma aos baixíssimos índices de natalidade, o que projeta um panorama desolador para o ano de 2060, no qual, segundo o Eurostat, a Polônia poderia perder 18,3% de seus habitantes, com mais de um terço de toda população acima dos 65 anos.
O número de polacos com menos de 15 anos caiu 40% durante os últimos 23 anos, enquanto a população com mais de 65 anos cresceu cerca de 50%. "Sobretudo desde que entramos na União Europeia (2004) é notável a mudança de tendência na Polônia, especialmente nas regiões urbanas, onde os casais cada vez se casam mais tarde e, em muitos casos, têm apenas um filho ou nenhum, algo impensável há 20 anos", disse a socióloga Małgosia Woś.

Estátua do Santo João Paulo II na cidade de Częstochowa 
Uma das razões pelas quais muitos polacos migraram para o Reino Unido são as ajudas por filho, o que faz com que a taxa de natalidade entre as mulheres polacas seja maior no território britânico do que no país de origem.
No início desse ano, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, anunciou que irá propor novas normas à UE com o objetivo de limitar o acesso dos imigrantes aos benefícios sociais oferecidos pelo governo britânico.
Ele citou os polacos como exemplo de abuso de generosidade do sistema. O plano do governo polaco para trazer de volta os emigrantes contrasta com a rejeição à proposta da CE de estabelecer cotas para dividir os refugiados nos países do bloco.
Segundo o projeto, a Polônia deveria aceitar os pedidos de asilo de 2.659 eritreus e 40.000 sírios que chegaram à Itália e à Grécia, além de outros 962 refugiados procedentes de acampamentos de fora da União Europeia.
O número de imigrantes ilegais que ingressou em território polaco chegou na primeira metade do ano a 2.900, quase o dobro que no mesmo período de 2014, mas muito abaixo do registrado em Itália, Grécia e Hungria.
A maior parte deles não tem intenção de permanecer na Polônia, mas fixar residência em países da Europa Ocidental.

Fonte: Agência de notícias EFE

Ana Cristina Panek expõe na Polônia: “UM OLHAR”

O Centro de Cultura Judaica - CCJ - em Cracóvia, na Polônia, receberá a exposição fotográfica a partir do dia 17 de setembro.


Filha de polacos - o pai foi herói do Levante de Varsóvia e a mãe fez uma carreira científica internacional - que vieram para o Brasil para fugir dos horrores da Guerra, Ana Cristina Panek, ou “Ania”, como assina em suas fotos, nasceu com um instinto de observação cheio de peculiaridades.


“A formação de Ania como cientista fez dela um observador arguto, capaz de encontrar nos objetos e nas formas mais simples da vida cotidiana, imagens que prendem a atenção”, conta o curador da exposição Pedro Soares de Araújo.
O enfoque no rosto e no torso de pessoas passou a refletir o interesse da artista naqueles que trazem marcas evidentes da vida. “A fotografia é um paradoxo, um conflito. Vejo a beleza e também o lado obscuro das coisas. Quando fotografo surge uma relação íntima com aquilo que amo e que o tempo irá levar embora. É a beleza colorida da tristeza”, explica.
A exposição é composta por 25 quadros que revelam ao público o seu modo de ver e a emoção a isto associada. “Verifiquei que nos anos de 2009 a 2011, Ania fotografou a família de todas as formas e ângulos possíveis. Já em 2013 passou a concentrar a sua atenção em detalhes ou pedaços peculiares das coisas a sua volta”, completa seu curador.


Exposição “Um Olhar” – Ana Cristina Panek
Quando: 17/09 até 27/10, às 19h.
Onde: CCJ – Centro de Cultura Judaica de Cracóvia – Polônia.