quinta-feira, 6 de julho de 2017

Polônia: potência mundial em ascensão

A próxima potência econômica mundial?
A Polônia.
Esqueça China e Índia, Rússia e Brasil.
A Polônia, crescendo à moda antiga, através da manufatura, tem grandes chances de se tornar a próxima nação rica do mundo.


Se enriquecer é difícil em termos individuais, para os países é bem mais complicado. Dos mais de 190 monitorados pelo FMI, pouco mais de 40 têm economias complexas e sólidas; o resto é conhecido como "emergentes" e, desses, a maioria é classificada assim desde sempre. O último a entrar para essa elite mais avançada foi a Coreia do Sul, há vinte anos – e o próximo a ser admitido nesse clube tão seleto deve ser a Polônia, uma revelação econômica de que poucos têm conhecimento e que Trump está visitando esta semana, em sua segunda viagem internacional no cargo.

Ele se reunirá com os líderes do PiS Partido Direito e Justiça, que ficaram felicíssimos com o fato de o americano ter escolhido visitar Varsóvia antes de ir a Berlim, Paris ou Bruxelas, e participar de uma reunião para promover as relações econômicas regionais na Europa Oriental. Outros governantes europeus se mostram desencorajados pela forma como o populismo trumpiano se reflete no nacionalismo de direita de seus anfitriões polacos, já que ambos foram classificados como ameaças à ordem ocidental pós-guerra. Entretanto, dois anos da tal política não afetaram um quarto de século de progresso econômico sólido daquela nação.

Anti-Rússia, pró-EUA
O FMI tem uma definição complicada para o que é "complexo", mas basicamente ela se refere a todos os países cuja renda per capita é de, no mínimo, US$15 mil. Desde que a Polônia concluiu a transição do comunismo para a democracia, em 1991, sua economia vem se desenvolvendo a um nível anual médio de 4% (mais efetivamente desde 2008) e, surpreendentemente, desde então não teve nenhum período de crescimento negativo. Nesses 25 anos, a renda média polaca pulou de US$2.300 para quase US$13 mil e tem tudo para superar a marca dos US$15 mil na virada desta década.

Esse é o resultado da austeridade fiscal em longo prazo estipulada pelo seu governo e o rompimento drástico com o comunismo. Após o colapso do bloco soviético, a Polônia se distanciou o máximo que pôde da Rússia e adotou a disciplina financeira e as reformas institucionais exigidas para fazer parte da União Europeia.

Na última década, Varsóvia despontou como o oposto conservador da Moscou decadente; seus magnatas, sérios, são praticamente incapazes da autopromoção tão comum entre os oligarcas russos, e adotaram um empreendedorismo no estilo americano com um entusiasmo raramente visto em qualquer outro lugar no continente.

Esse traço pró-EUA e anti-Rússia vai muito além do que qualquer vertente populista atual, fazendo da Polônia um aliado americano natural e cada vez mais forte. Antigamente a relação se baseava nas questões militar e geopolítica, mas ela já é um dos poucos membros da OTAN a alcançar a meta de gasto de pelo menos dois por cento do PIB com a defesa – e esta reunião muda o foco para a economia regional em um momento de ascensão.

Milagre polaco
Desde a Segunda Guerra Mundial, as poucas nações pobres que conseguiram enriquecer o fizeram em núcleos regionais, começando com Itália, Espanha e outras no sul europeu, e também no leste da Ásia: Japão, Coreia do Sul e Taiwan passaram despercebidos vários anos antes de terem suas economias reconhecidas como "o milagre asiático".

Agora é o Leste Europeu que está em alta, também de forma discreta, com países pequenos como a República Tcheca abrindo caminho, e a Polônia logo atrás. Com uma população de quase 40 milhões e uma economia de meio trilhão de dólares que já é a 24ª do mundo, é grande o bastante para colocar toda a região no mapa econômico global.

A Polônia está progredindo da mesma forma que os milagres asiáticos, ou seja, como potência manufatureira, embora as dificuldades hoje sejam muito maiores. O setor está perdendo espaço na economia mundial e, com a China assumindo a maior parte de uma indústria cada vez menor, são poucas as nações que ainda conseguem expandir suas exportações. Esse grupo seleto, que não conta com mais de meia dúzia de integrantes, é composto pela Coreia do Sul, a República Tcheca e a Polônia.

Nenhum outro campo tem tanto impacto na geração de empregos e nos ganhos de produtividade e força para tornar um país rico. Com a moeda desvalorizada e salários relativamente baixos, ainda equivalentes a um terço dos alemães, ela tem cacife para competir com as potências asiáticas. Suas exportações manufatureiras correspondem a 33 por cento do PIB, muito acima da média dos emergentes, que é de 22.

Estabilidade
Além disso, o segredo para ficar rico tem menos a ver com rapidez e mais com estabilidade. Diversas economias emergentes conseguiram gerar períodos de crescimento rápido, geralmente bem acima dos quatro por cento polacos, mas acabaram perdendo o que ganharam com dívidas e crises, como Brasil e México no início dos anos 80 e Indonésia e Tailândia no final da década de 90.

Outras continuam instáveis em parte porque ainda dependem da exportação de matérias-primas como petróleo ou soja, atreladas assim à sorte e à volatilidade do mercado global de commodities. Entre os principais produtores de petróleo, por exemplo, 90% não são mais ricos que os EUA do que eram quando começaram a produzir; na verdade, a maioria está mais pobre.

Hoje, dos treze países de renda média entre US$10 mil e US$15 mil, nove continuam dependentes desse setor, incluindo Brasil, Rússia e Argentina; os outros quatro estão na Europa Oriental, liderados pela Polônia.

É pouco provável que uma dessas economias tenha um crescimento estável a ponto de se tornar um país rico, pelo menos não em longo prazo. Países como Argentina e Venezuela se tornaram, ao longo do último século, quase tão ricos quanto os EUA, mas tropeçaram em uma crise após a outra.

O sucesso na exportação da manufatura pode estabilizar uma economia em ascensão gerando uma fonte de renda externa confiável, permitindo que o país invista pesado sem se envolver em dívidas astronômicas. Foi isso que aconteceu com a Polônia. Uma exceção é a China, o gigante do setor: em uma iniciativa precipitada de estimular o crescimento, após a crise financeira de 2007, o governo chinês encorajou a grande expansão do financiamento interno, o que elevou as dívidas a quase 300 por cento do PIB, risco esse que reduz suas chances de se tornar o próximo país rico.

Esqueça o Brasil
Se há alguma ameaça ao sólido crescimento polaco, sem dúvida é a guinada autocrática recente. Seu governo gerou críticas dos líderes do bloco por interferir em questões jurídicas, reprimir a imprensa e os dissidentes e se recusar a aceitar refugiados muçulmanos.

Porém, quando o PiS - Direito e Justiça assumiu o poder, o temor era de que interromperia o crescimento por conta da ingerência no setor privado e a tentativa de cumprir promessas populistas impraticáveis. Embora tenha atingido as metas de redução da idade de aposentadoria e subsídio das famílias com dois ou mais filhos, até agora essas medidas não causaram muitos prejuízos.

O déficit e a dívida pública continuam sob controle; a moeda permanece estável, as exportações continuam a crescer e a balança comercial está positiva. Desde o início dessa fase promissora, em 1991, cerca de 80% do crescimento do país são gerados pelo setor privado, que mantém o ritmo forte.

Esqueça China e Índia, Rússia e Brasil. A Polônia, crescendo à moda antiga, através da manufatura, tem grandes chances de se tornar a próxima nação rica do mundo. E, como Trump vai comprovar, é uma aliada essencial não só na linha de frente da OTAN, mas como líder do bloco econômico mais vibrante do mundo atualmente.

Fonte: The New York Times
Texto: Ruchir Sharma, autor de "Os Rumos da Prosperidade", é estrategista global da Morgan Stanley Investment Management.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

O zoológico de Varsóvia vem ao Brasil


Os horrores da guerra e a coragem de alguns para esperança de outros. Dirigido pela cineasta neo Zelandesa Nick Caro (do excelente Encantadora de Baleias) e baseado em histórias do livro The Zookeeper’s Wife: A War Story, de Diane Ackerman, O Zoológico de Varsóvia é mais um recorte das histórias da maior das grandes guerras, onde milhares de lares foram extintos e onde poucos conseguiram ajudar quem mais precisava.

Explorando todo o contexto que cercava a Polônia em época de guerra, o filme conta com uma bela fotografia mesmo que em alguns momentos o roteiro seja um pouco arrastado. No papel principal, Jessica Chastain prova que uma boa atriz consegue fazer de um filme bom algo inesquecível.

Na trama, voltamos à Polônia, no final da década de 30, perto da invasão nazista, onde o casal Antonina (Jessica Chastain) e Jan (Johan Heldenbergh) vivem felizes administrando um zoológico bastante frequentado em Varsóvia.

Capa do livro à venda no Brasil

Quando a invasão nazista chega mais forte na Polônia, a rotina da família é modificada, resolvendo abrigar dezenas de judeus perseguidos pelos alemães por todos os lados na capital polonesa. Dedicando seus esforços nesse tempo de guerra e perseguição, o casal precisará com Lutz Heck (Daniel Brühl) que antes um amigo acaba se tornando um dos chefes da invasão nazista naquela parte da Polônia.

O filme é muito detalhista quanto ao contexto histórico que ocorre e explica um pouco sobre o maior gueto judaico estabelecido pela Alemanha Nazista na Polônia durante o Holocausto, o Gueto de Varsóvia. Exatamente por esse gueto e conseguindo entrar e sair, Jan, alegando buscar comida para os porcos que eram criados no zoológico para alimentar as tropas nazistas lá instauradas, consegue retirar dezenas de judeus e os colocar em seu caminhão a caminho a sua casa, onde, ajudam os judeus a fugir com documentação falsa.

A personagem principal, divinamente interpretada por Jessica Chastain, é a grande alma do filme. Sua delicadeza e coragem com que encara essa nova fase em sua vida é algo bem nítido nas emoções da personagens, principalmente nos diálogos com seu marido e o modo como tenta lidar com as ações e observações de Lutz Heck.

Antonina é uma guerreira da era moderna, sua luta é ajudar a quem precisa mesmo que isso coloque ela e sua família em constante perigo. Todo o carinho e dedicação com sua família refletem nos novos hóspedes que abriga, respeitando suas tradições e sendo uma referência para as crianças que ficaram longe de suas famílias.

A beleza de gesto positivos de generosidade e coragem dessa família vale todo o filme. O Zoológico de Varsóvia chega aos cinemas brasileiros em breve. Nick Caro consegue realizar mais um projeto com alma e muito delicado. Vale muito a pena conferir.

Fonte: CinePop
Texto: Raphael Camacho

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Palavras polacas - 19

Czapka - tchápca (touca)
Rękawiczki - rencávitchqui (luvas)
Szalik - chálik (cachecol)
Kalesony - caléne (ceroula)
Piersiówka - piérchiufca (frasco de quadril)
Skarpety - scárte (meias)

A maioria das palavras polacas são paroxítonas, portanto a sílaba tônica, ou forte é a penúltima. Estão sublinhadas e em negrito as sílabas fortes, tônicas. Uma consoante sozinha no final das palavras, não é uma sílaba, portanto, não é a última.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

1ª Festa da Polônia de Araucária


Nesta quinta-feira (15) começa em Araucária a 1ª edição da PolskaFest, no Parque Cachoeira (Rua Ceará, nº 65).

A festa que vai até domingo(18), tem como objetivo valorizar a rica cultura polaca. Além da extensa programação cultural, o público poderá apreciar pratos típicos da culinária polaca e de outras culturas.

Um dos destaques será o tradicional prato polaco pierogi, que será servido por Sonia Bacelar Gastronomia, com recheio de batata com requeijão, que acompanha o molho bolonhesa, béchamel ou funghi.



Pela Dona Deja Massas Caseiras, serão oferecidas várias massas.
Serão pierogi com recheios de ricota, ricota com batata, ricota com bacon e ricota com frango. O cardápio de massas ainda terá macarrão talharim caseiro, macarrão espaguete, nhoque, ravioli com batata salsa e carne seca, além do ravioli de espinafre com recheio de ricota e tomate seco. As massas serão servidas em porções, com as seguintes opções de molho: bolonhesa, branco ou bacon.

O Bar do Alemão, tradicional estabelecimento de gastronomia germânica em Curitiba, estará servindo os pratos: eisbein (joelho de porco defumado acompanhado de batatas cozidas e chucrute); spätzle com mignon de porco (massa tradicional alemã com redução de nata); sanduíche de bockwurst (pão com salsicha alemã) e apfelstrudel (folheado de maçã – assado na hora).

A L’équipe Crêpe terá no cardápio diversos sabores de crêpe francesa, com opção de consumo no prato com acompanhamentos ou no cone para comer na mão, com recheios de quatro queijos, napolitano, frango com catupiry, strogonoff, morango com chocolate, banana com açúcar e canela ou chocolate, doce de leite e dois amores.

A Leve A Vida Light estará servindo em formato de cone. O cardápio traz o cone de frango cremoso (cone crocante com parmesão assado, recheado com frango ao molho de queijos, cream cheese e batata palha; cone de kafta (cone crocante com parmesão assado, recheado de kafta bovino com temperos árabes, alface, tomate e molho de alho com iogurte; cone sorvete (cone confeitado com chocolate preto e cookies, com 2 bolas de sorvete diamante negro e o cone confeitado de chocolate branco com coco, com 2 bolas de sorvete de raffaello da ferreiro rocher).

O Rota Grill estará servindo opções de hambúrguer com linguiça Blumenau ou com Cracóvia homenageando a gastronomia anfitriã e ainda terá a opção do tradicional hambúrguer de costela, de nossa gastronomia brasileira.

O The Falks será o representante da gastronomia argentina. Seu sanduíche, conhecido como choripan é feito com linguiças artesanais recheadas de queijo provolone ou linguiça recheada de bacon em pão de baguete e clássico molho chimichurri. O acompanhamento será crisp de cebola ou então a farofinha de torresmo.

CERVEJA ARTESANAL
E VILA DA VODKA


As bebidas do evento estarão muito diversificadas. Haverá a Vila da Vodka com uma equipe fazendo desde a tradicional shot dose para o brinde polaco tão conhecido, em que se ergue o copo e se exclama “NA ZDROWIA”, até drinks mais leves que recebem sucos e pedaços de fruta.

No espaço da Jägermeister, e o tradicional Submarino (Chopp de 400 ml com uma canequinha personalizada do evento contendo Steinhaeger) do Bar do Alemão, também estarão neste ambiente.

Os chopes de 400 ml serão comercializados a partir de R$ 8,00 o pilsen e a partir de R$ 10,00 os sabores da cervejaria patrocinadora do evento Dalla Bier (chopp pilsen, Munick, Dunkel, Weiss, APA, Dry Stout e Chopp de Vinho), e R$ 10,00 o pilsen das artesanais e a partir de R$ 12,00 os sabores das choperias artesanais:

Wenski Bier que entrará com Red Weizen, Curupira (American Indian Pale Ale), Baltic Porter, Bitter Bock e Malina (framboesa em polaco, que é uma Witbier de framboesa); Ol Bier com os sabores APA, Bellgian IPA, Oatmeal Stalt); Ecobier com o chopp de vinho e o chopp escuro.

O evento terá uma programação diversificada, com atrações culturais voltadas para toda a família. Serão apresentações de danças típicas com grupos folclóricos polacos e de etnias convidadas, shows, gastronomia, bebidas e atrativos para as crianças.


Serviço:
1ª Edição do PolskaFest
Data do evento: Dias 15 (entrada franca), 16,17 e 18 de junho de 2017.
Local: Parque Cachoeira (Rua Ceará, nº 65) em Araucária.
Horário: Das 11h às 22h.
Classificação: Livre.
Realização: Alô Eventos, empresa que possui 20 anos de experiência neste segmento. Coprodução: Grupo Noah. Concepção: Agência Birds.
Apoios: Prefeitura do Município de Araucária, Convention & Visitors Bureau de Curitiba, Região e Litoral, Arca Aliança Criativa, Secretaria da Cultura do Paraná, Secretaria de Estado de Esporte e Turismo e Casa da Cultura Polônia Brasil.
Ingressos: Disk Ingressos: 41 3315-0808 – www.diskingressos.com.br
Valor: Meia-entrada R$ 12,00/ Inteira R$ 24,00.


PROGRAMAÇÃO DA 1ª POLSKAFEST

15/06 – QUINTA-FEIRA
11h – DJ Gipsy
14h45 – Grupo Folclórico Polaco Wiosna
15h – Banda Alemã Freunde Musikanten
17h45 – Grupo Folclórico Polaco Wisła
18h – Missa com Padre Lourenço Biernaski
19h – Cerimônia Oficinal da 1ª Polskafest
19h30 – Grupo Folclórico Polaco Wisła
20h Orquestra Continental

16/06 – SEXTA-FEIRA
11h – DJ Gipsy
16h – Orquestra Continental
17h45 – DJ Gipsy
18h – Leash
20h – Grupo Folclórico Polaco Wawel
20h30 – Confraria da Costa

17/06 – SÁBADO
11h – DJ Gipsy
13h30 – Banda Branca
15h15 – Grupo Árabe Cia Shara Kadosh
16h – Luck 7
17h45 – Grupo Árabe Cia Shara Kadosh
18h – Mandala Folk
20h – Grupo Folclórico Polaco Junak
20h30 – Coração Nativo

18/06 – DOMINGO
11h – DJ Gipsy
13h – Grupo Italiano Giardino D’amuri
13h30 – DJ Gipsy
14h30 – Grupo Folclórico Wesoły Dom
15h – Os Gaideski & Cia
16h45 – Grupo Germânico Original Einigkeit Tanzgruppe
17h30 – Grupo Tá na Moda
19h30 – DJ Gipsy
20h – Garotos Galponeiros

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Universidade Iaguielônica é considerada a melhor da Polônia

Collegium Novum da Uniwersytet Jagielloński, no Planty, em Cracóvia
A Universidade Iaguielônica - Uniwersytet Jagielloński - mais uma vez se consagra como a melhor escola de ensino superior da Polônia, segundo a Fundação Educacional "Perspektywy".

A primeira universidade polaca criada em 1364, pelo Rei Casimiro - o Grande e a segunda mais antiga da Europa Central, estabelecida em Cracóvia, é a escola superior que concedeu os títulos de doutores entre outras personalidades mundiais a Mikołaj Koperniko e Karol Wojtyła.

Este ano, a Universidade de Varsóvia dividiu a primeira colocação com a Iaguielônica de Cracóvia.

O ranking de 2017 atualizou o mapa da qualidade das universidades polacas e colocou no primeiro posto as duas principais universidades do país. O terceiro lugar ficou para a Universidade de Tecnologia de Varsóvia - todas elas universidades públicas.

Entre as universidades privadas a Akademia Leon Koźmiński foi considerada novamente a melhor do país.

O ranking da Fundação Perspektywy elegeu 68 instituições da Polônia pela qualidade de ensino. A Fundação leva em conta 29 indicadores agrupados em sete critérios: Prestígio, quantidade de formandos no mercado de trabalho, o potencial científico, eficácia científica, o potencial didático, inovação e internacionalização.

Isso torna o ranking da Perspektywy um dos mais conceituados em todo o mundo no que diz respeito a qualidade de ensino das universidades. Ele também é um dos quatro que possuem certificado de qualidade internacional. Sua metodologia é desenvolvida por um corpo de jurados presidido pelo prof. Michał Kleiber, presidente da Academia Polaca de Ciências.

"Nosso ranking, publicado pela 18ª vez, é necessário tanto para os candidatos a entrarem numa faculdade, buscando o melhor para si e as próprias universidades, como a comunidade acadêmica. É como uma espécie de espelho. Ele mostra sucessos, mas também deficiências que precisam ser melhoradas." Diz Waldemar Siwiński, presidente da Fundação para as Perspectivas da Educação, a entidade promotora do ranking.

O ranking das perspectivas do ensino superior para 2017 são, na verdade quatro listas diferentes que refletem as missões realizadas pelas universidades polacas. São eles:
- Ranking Acadêmico das Universidades, que abrange todas as instituições de ensino superior (com exceção das academias de arte) que conferem o grau de doutor;
- Ranking das Universidades Particulares, que inclui escolas privadas de ensino superior com o direito ao ensino pelo menos no grau de mestre;
- Avaliação Universidades Estatais Profissionais, que compreende instituições públicas autorizadas a um conceder o título de mestre ou licenciatura em engenharia.
- Avaliação de Cursos Superiores, que compreende 68 deles. Um número recorde de áreas de estudo (21 a mais do que no ano anterior).

A cerimônia de premiação ocorrerá no próximo dia 12 de Junho, na Biblioteca Agrícola Central em Varsóvia, ulica (rua) Krakowskie Przedmieście, 66.

A Fundação
A Fundação Educacional Perspectivas é uma organização independente, sem fins lucrativos, criada em 1º de junho de 1998 para promover e apoiar a educação na Polônia. O Conselho de Fundação é composto em sua maioria por reitores das universidades polacas. As atividades da Fundação "Perspektywy", concentram-se na promoção da educação superior polaca no exterior.

A Fundação colabora estreitamente com a Conferência dos Reitores das Escolas Acadêmicas da Polônia (CRASP).

Em 2005, ambos instituições iniciaram um programa plurianual de promoção das universidades polacas chamado "Study in Poland" (Estudo na Polônia) e, em junho de 2007, assinaram acordo formal, sublinhando a importância da internacionalização do ensino superior polaco.

A Fundação "Perspektywy" organiza debates públicos e seminários sobre educação e faz um ranking nacional anual de universidades e um ranking das melhores escolas secundárias do país. Ela publica e distribui eletronicamente todas as instituições de ensino superior na Polônia, em também um boletim informativo sobre o ensino superior em outros países e sobre o processo de internacionalização.

A Fundação "Perspektywy" é membro da Associação de Cooperação Acadêmica (ACA) e participa ativamente de seus projetos.

A primeira colocada
Quadro da fundação da Universidade  com Jadwiga e Jogaila- de Jan Matejko
A Universidade Iaguielônia (em polaco Uniwersytet Jagielloński, ou UJ; em latim Universitas Jagellonica Cracoviensis) é uma universidade na Polônia, sediada em Cracóvia, e que está em primeiro lugar no ranking mundial "Times Higher Education Supplement" (Ranking Britânico), como a melhor universidade da Polônia.

Foi fundada em 1364 por rei Casimiro III - o Grande com o nome de Academia de Cracóvia, um nome este que perdurou por séculos.

Quadro de Bacciarelli
Em 1817, ela foi renomeada para seu nome atual Jagielloński, em homenagem à dinastia de mesmo nome, cujo primeiro rei foi Jogaila, Grão-Duque da Lituânia, esposo consorte da Rei Jadwiga Andegaweńska (sobrinha herdeira de Casimiro III Piast e filha de Luiz Anjou da Hungria e Elżbieta Piast - irmã do rei da Polônia).

Em seu testamento, Jadwiga deixou todos os seus bens pessoais, como herança, para que fossem usados pela universidade (então Academia) no desenvolvimento e abertura de novos cursos. Entre eles, o de matemática e astronomia, considerados os primeiros cursos universitários em todo o mundo.

Jadwiga canonizada santa, em 2000 pelo Papa João Paulo II, também é conhecida como Santa Edwirges.

Sim, ela foi Rei. Embora mulher, seu título era de rei e não rainha, pois ela exerceu o cargo e o termo na Polônia, equivale ao sentido de embaixatriz e consulesa, que são apenas esposas do embaixador e do cônsul, e portanto não exercem os respectivos cargos.
Sarcófago da Santa Edwirges, na Catedral de Cracóvia
A rei Santa Edvirges é considerada a padroeira da União Europeia, da Polônia e apóstola da Lituânia.

Há uma outra Santa Edvirges, conhecida como Jadwiga Śląska, de origem bávara, mas também da Polônia, já que foi a esposa do príncipe Henryk - o Barbudo - da Silésia, na época em que a nação polaca estava dividida em principados.

Esta Santa Edvirges era Filha de Bertoldo IV, duque de Merânia (na Baviera) e de Inês de Rochlitz. Viúva, foi morar no Mosteiro de Trzebnica, na Polônia, onde faleceu. Ela é considerada a padroeira dos pobres e endividados e protetora das famílias. Foi canonizada no dia 26 de março de 1267, pelo Papa Clemente IV. A comemoração de Santa Edviges é dia 16 de Outubro.
É para ela que os brasileiros fazem oração: “Ó Santa Edwiges, Vós que na terra fostes o amparo dos pobres, A ajuda dos desvalidos e o socorro dos endividados, E no céu agora desfrutas do eterno prêmio da caridade que na terra praticaste Suplicando te peço que sejais a minha advogada, Para que eu obtenha de Deus O auxílio que urgentemente preciso (fazer o pedido) Alcançai-me também a suprema graça, da salvação eterna, Santa Edwiges, rogai por nós, Amém!"

P.S. Foi na Universidade Iaguielônica de Cracóvia, que passei 8 anos da minha vida estudando: 2 anos de curso superior de idioma e cultura polaca, mestrado em cultura internacional e doutorado em história.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Mapa da Polônia de 1570


Mapa polaco de 1570 mostrando as áreas de cidades no ano em que a Polônia já não era mais Reino, visto que, em 1530, pelo acordo de Lublin, tinha sido criada a República das Duas Nações Polônia Lituânia.
A Polônia naquele ano se transformou na primeira República do mundo pós-renascença.
No canto inferior esquerdo vemos os algarismos romanos que datam MDLXX, o que corresponde ao ano de 1570.

Clique neste link para ver este mapa em grande formato e com os nomes da cidades mais visíveis


A precisão é surpreendente. No canto inferior esquerdo, em latim está o nome do autor, o cartógrafo, "Authore Venceslao Grodecio Polono", ou seja, Wacław Grodecki Radwan (pronuncia-se Vatssúaf grotsqui dvan).


Grodecki Radwan nasceu por volta de 1535.
Como esta impressão é de 1570, o autor tinha na época 35 anos de idade, e segundo estudiosos, a impressão, na verdade, é uma cópia de um mapa que tinha sido publicado em 1558.

Em detalhes, veja abaixo, algumas regiões:

A foz do rio Vístula, Gdańsk e a península de Hel, ao Norte.



E assim se apresentava a Małopolska. Pode-se ver no centro, Cracóvia Tarnów mais à direita.



Na parte central do mapa da Mazóvia está Varsóvia, que se tornou capital da República, apenas em 1596.




E a Volínia, região que atualmente está no território da Ucrânia (república criada em 1922, por Lênin). No canto inferior esquerdo, está a cidade polaca de Lwów, que os ucranianos renominaram para Lviv.




A VERDADE
Ucranianos encontram este mapa, abaixo, datado de 1648, na Internet, e tentam justificar que a atual República da Ucrânia já existia há séculos.
Buscam esconder com isso que o país só foi criado em 1922, pelo russo Vladimir Lênin, como República Socialista Soviética da Ucrânia. E também esconder, que antes desta data, este valoroso povo, vivia em terras do Reino e depois República da Polônia (ocupada ou não) como rutenos que são. Sua nação está registrada em livros do Vaticano, na idade média e após, como Rutênia.
Também buscam ocultar que o famoso Principado Kievano (de Kiew) do século 10 foi criado não pelo povo ruteno, mas pelo guerreiro Oleg, um viking e suas hordas vindas das terras da Escandinávia.
E escondem, que parte dos rutenos, que se negaram, em 1922, a trocar o nome da nação e do gentílico - Rutênia e Ruteno - são tratados como um minoria étnica, no sudoeste do atual território da Ucrânia, e mais: como se fossem outro povo. 

MAPA DA POLÔNIA DE 1648
O mapa, abaixo, foi uma encomenda da República da Polônia ao militar francês Guilherme le Valseur de Beauplan.

Como aparece na legenda a palavra polaca Ukraina, os atuais ucranianos tentam justificar uma existência anterior do país a 1922.

Na verdade, no idioma polaco, a palavra Ukraina significa Campos Desertos, conforme atesta a legenda escrita em latim: "Projeto Geral dos Campos Desertos, vulgo Ucrânia, com províncias adjacentes. Bem público criado por Guillaume le Valseur de Beauplan. S.R.M. Arquiteto militar e capitão".



sexta-feira, 26 de maio de 2017

Melhor filme polaco 2017: Estados Unidos pelo Amor

Filme polaco participante do 66º Festival de Cinema de Berlim

Olhar sobre a miséria emocional (e sexual) de um grupo de personagens femininas, tendo como pano de fundo a Polônia recentemente “libertada” de 1990, United States of Love (no Brasil recebeu o título "Estados Unidos pelo Amor") é o primeiro filme de Tomasz Wasilewski, uma das coqueluches do novo cinema polaco.


Primeira crítica
É um filme lúgubre até dizer chega, mesmo em questões relacionadas com a superfície da imagem — por exemplo aquela fotografia desbotada, reminiscente da cores de uma VHS deteriorada, como se a reconstituição de uma memória da época também passasse por aí (e, na verdade, há mesmo uma cena em que é preponderante um cassete VHS).


United States of Love
Direção:
Tomasz Wasilewski
Atrizes:

Mas se o filme tem méritos, principalmente o trabalho sobre os planos longos (em especial um, quase no final, pontuado por um grande poster de Whitney Houston), a imbuírem o sexo e a nudez, ambos abundantes, de uma atmosfera desolada que homenageia o pornográfico para ser “anti-porno”, nunca encontra a forma de ultrapassar a ilustração de uma agenda temática binária e contrastante.

Que é isto: a Polônia livrou-se do comunismo, tem aberto o caminho para a democracia e para o “mundo livre”, e no entanto não há euforia nenhuma, o sexo é triste, as pessoas vivem num torpor que, simbolicamente, talvez comece a ser sacudido (ou “expelido”) no último plano, que mostra uma das personagens a vomitar.

Psicologicamente entranhado, desenhando cuidadosamente (para não dizer calculisticamente), através de detalhes, um mapa social da Polônia de 90 (do catolicismo, através da personagem do padre, à imigração, no marido ausente que podia ser uma das personagens do Moonlighting de Skolimowski), United States of Love é uma miniatura esquemática que se vê como uma espécie de adendo, ou de posfácio apócrifo, ao Decálogo de Kieślowski, que com maior complexidade e muito menos cinismo estabeleceu um retrato, “ao vivo”, da vida polaca nos últimos anos da década de 80 e da época do comunismo.

A relação é claramente permitida pelo filme, porventura até deliberadamente, mas onde Kieślowski ampliava, fazendo tudo vibrar num novelo de ressonâncias morais (ou mesmo moralistas), Wasilewski reduz, nada ressoando senão o eco de um niilismo que devota às suas personagens ao abandono — e a um certo desprezo por parte da câmara (consequência involuntária dos planos longos e fixos: o enquadramento, a composição, são valores absolutos, incapazes de se comoverem pelas personagens). Objeto interessante mas limitado, e resolutamente “pós”, mais no mau sentido da expressão do que no bom.
Crítica de: Luís Miguel Oliveira
Adpatação para o português do Brasil: Ulisses Iarochinski
Fonte: Jornal "Público", de Lisboa

Segunda Crítica
É difícil adentrar o universo deste drama polaco. Começamos sem uma apresentação propriamente dita: num jantar, as personagens principais conversam sobre fatos específicos, íntimos, sem que o espectador entenda quem é cada uma delas, ou em que contexto os diálogos se inserem. Elas falam depressa, atropelando as frases alheias.

A direção de fotografia é outro empecilho: as imagens estão estranhamente dessaturadas, com poucos objetos em cor viva, como em determinados filtros do Photoshop ou Instagram.

"Estados Unidos Pelo Amor" surpreende pela artificialidade. A cidade vazia, a simetria perfeita dos planos e os terraços de prédios filmados como se estivessem sobre um fundo verde indicam um universo fantástico, próximo do pesadelo. Os conflitos são múltiplos, mas desprovidos de contexto: as cenas de sexo se multiplicam sem causa nem consequência, os fatos são às vezes fortuitos, às vezes implausíveis (a mulher que vê o padre nu sem ser percebida, a personagem idosa que se infiltra na piscina para admirar uma vizinha).

Este é um filme essencialmente voyeurista, operando numa lógica além do real. Depois de algum tempo de projeção, talvez seja possível atravessar a espessa camada de estetismo para chegar ao cerne humano da história.

A narrativa acompanha a vida de quatro mulheres, descritas por problemas afetivos: Agata (Julia Kijowska) detesta o marido e tem desejos pelo padre; Iza (Magdalena Cielecka) é uma diretora de escola apaixonada pelo pai de um aluno, mas rejeitada; Renata (Dorota Kolak) acaba de se aposentar e desenvolve uma fascinação erótica pela vizinha modelo; e a própria vizinha, Marzena (Marta Nieradkiewicz), sofre com a falta de perspectivas profissionais.

Todas são vistas nuas, em cenas de sexo deprimentes no melhor dos casos, ou abusivas nos casos mais graves. As histórias se desenvolvem em segmentos separados, mas sem divisão formal em tela (nada de letreiros ou algo do tipo). Estados Unidos Pelo Amor mira num objetivo ousado: as ânsias amorosas e profissionais das mulheres num país em crise financeira e de valores.

Os homens da história são distantes ou dominadores, completando o cenário no qual nenhum personagem é realmente feliz. Talvez a maior deficiência do projeto seja o retrato invariavelmente patológico: as mulheres são obsessivas ou paranoicas, neuróticas ou histéricas. Nenhuma é definida pelos gostos, pelas posturas ideológicas ou pelos planos futuros.

O diretor Tomasz Wasilewski oferece uma galeria de sintomas ambulantes. Mesmo assim, as atrizes oferecem uma ótima construção de personagens difíceis, que poderiam se tornar caricaturas nas mãos de intérpretes menos qualificadas. Rumo ao final, conhecemos melhor estas mulheres tristes, mas a estranheza do projeto se mantém: este é um drama que fala sobre questões realistas com estética artificial, uma narrativa melodramática em condução fria, um retrato ora atento ao sofrimento feminino, ora condescendente com os abusos psicológicos que pretende denunciar.
Crítica: Bruno Carmelo
Site: Adoro Cinema

O filme realizado em 2016 e foi lançado no Brasil, em dezembro do ano passado, em algumas salas de cinema apenas.

Recebeu os prêmios:
- Prêmio do Cinema Europeu de Melhor Roteirista 2016: Tomasz Wasilewski,
- Prêmio da Academia Polaca de Melhor Edição 2017: Beata Liszewska
- Prêmio da Academia Polaca para melhor atriz 2017: Dorota Kolak
- Prêmio Passaporte Polityka para melhor Filme de 2017: Tomasz Wasilewski

Trailer exibido em Portugal:





Trailer exibido no Brasil

terça-feira, 16 de maio de 2017

Palavras polacas - 18



Pronúncia

Nożyczki - nójitchqui (tesoura)
Obcinarka do paznokci - óbtchinárca dó pasktchi (cortador de unha)
Pilnik - pilnik (lima para unhas)
Pęseta - penseta (pinça)
Cążki do skórek - tssonjiqui dó scurék (alicate de cutícula)
Dłutko do skórek - dúutco dó scurék (cinzel de cutícula

A maioria das palavras polacas são paroxítonas, portanto a sílaba tônica, ou forte é a penúltima.
Estão sublinhadas e em negrito as sílabas fortes, tônicas.
Uma consoante sozinha no final das palavras, não é uma sílaba, portanto, não é a última.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Fotógrafa brasileira expõe em Cracóvia

Uma brasileira, carioca, paulista de adoção, filha de polaca expulsa junto com seus avôs da Polônia, pelas atrocidades da Segunda Guerra Mundial, teve três de suas fotos, escolhidas para representar o Brasil, na exposição "Polish Paradise", que abre neste 19 de maio, na Galeria Lue Lue, na ulica (pronuncia-se ulitssa e traduzida para rua) Miodowa (pronuncia-se miódóva e traduzida para "do mel") nrº 22, no bairro judeu do Kazimierz (pronuncia-se cájimiéj e traduzida para Casimiro), em Cracóvia.

Seu nome: Ana Cristina Panek.

As fotos escolhidas:
"Não existe escuridão suficiente no mundo capaz de apagar a chama de uma pequena vela."
Gautama Buddha

"Ao longo de um inverno, eu aprendi, que existe dentro de mim, um indestrutível verão."
Albert Camus
"Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história."
Hannah Arendt

























As três fotos já fizeram parte da exposição "Minha Polônia", que Ana Cristina realizou, em São Paulo, no Espaço Oficina, ano passado, de 8 de março a 15 de maio.
Agora é a vez destas fotos transporem o Atlântico mais uma vez, agora não mais na memória da máquina fotográfica, mas em painéis e poderem ser vistas por milhares de pessoas em Cracóvia, na Polônia.

A exposição "Polish Paradise" (Paraíso Polaco) com fotos de nove fotógrafos  estrangeiros apresenta as perspectivas e impressões que fizeram da Polônia a casa de cada um deles. Através das lentes de suas câmeras, eles capturaram com nitidez incomum a beleza, simplicidade e nuances da realidade polaca.
Segundo os organizadores da mostra é extremamente importante enfatizar a presença destas pessoas na sociedade polaca, a contribuição delas no contexto da tradição, língua e história. E principalmente mostrar a forma como estes fotógrafos moldam sua compreensão da identidade polaca.
Ainda segundo os objetivos da exposição, este olhar estrangeiro, captura em um ambiente de diversidade étnica verdadeiramente multicultural, os valores e crenças que coexistem não só como um elemento bonito, mas também como impulsos no sentido de prosperar ainda mais o acolhimento tão necessário no processo de adaptação e assimilação.

Nos meios de divulgação da exposição é salientado que a questão do pluralismo cultural "nunca foi mais importante do que é hoje, mas que se a identidade foi igualmente crucial para as gerações anteriores, assim o é para as sociedades modernas".

No convite, a frase do mais importante jornalista polaco de todos os tempos Ryszard Kapuściński, "Inny (…) to zwierciadło, w którym się przeglądam, które uświadamia mi, kim jestem.” (Outros (...) são o espelho no qual eu olho para mim e que me diz quem eu sou.) soa como um epíteto, mas também traduz de forma clara qual é o objetivo da exposição cracoviana.

A representante brasileira Ana Cristina Panek se define como "uma brasileira totalmente polaca". Ela explica dizendo que, "parece fácil me definir com essa simples frase, mas ao refletir em sua essência, sinto uma súbita asfixia, um caso de melancolia Vistuliana."

Panek reconhece que precisou de muita coragem para se definir desta forma, "pois significa dizer que sou descendente de um país obsessivamente insano sobre sua própria história, mas que adora ostentar sua magnífica alma heróica."

Segundo ela, "ser polaco, é nunca ser neutro". Assim ao se assumir com este perfil, ela está aceitando seu envolvimento através de "emoções extremas de amor e ódio".
Talvez tenha sido isso que motivou essa cientista brasileira a buscar na fotografia um meio de "sublimar estes sentimentos, permitindo-me um distanciamento da realidade de forma a conhecer e muitas vezes entender".



Ana Cristina Panek começou a, de fato, conhecer a Polônia em 2008, quando pela primeira vez acompanhou a mãe Anita em seu retorno à sua terra natal, Cracóvia.
Junto com a mãe percorreu ruas, praças, lugares desconhecidos de seus olhos, mas vivos em sua memória, através das recordações maternas. Foram momentos de reconhecimento de sua própria identidade. Desde então procurou formas de registrar estas emoções através das lentes da máquina fotográfica.


Ao analisar o resultado de suas impressões nas centenas de fotos que foi clicando pelos caminhos da capital cultural e coração da Polônia, Ana Cristina afirma que, a "Minha Polônia é um estado de espírito: uma loucura coletiva dócil e uma beleza singela. Existe um profundo paradoxo: vejo a beleza e vejo o lado obscuro de quase tudo. Para mim, estas lições de impermanência são amaciadas pelos imutáveis escapes da minha vida. Preciso sempre de mais tempo. Sempre preciso, deixá-la de forma a poder voltar com uma nova perspectiva".

Ana Cristina Panek, nasceu no Rio de Janeiro, onde viveu até 1986, quando mudou-se para São Paulo. Filha da imigrante polaca Anita Dolly Panek. Casada com Pedro Soares de Araújo, tem um casal de filhos.

Formada em Biomedicina pela Universidade do Estado da Guanabara, especializou-se em Patologia. É mestre em biofísica e doutora em bioquímica.



A abertura da coletiva acontece no dia 20 de maio às 19 horas e permanece aberta até 30 de junho.

As fotos de Ana Cristina Panek, Behit Onat, Chris Wilson,  Cinar Timur, Lilit Muradian, Lylia Khudzik, Luca Mattia Vigilante, Nuno Vilela, Penny Turner poderão ser adquiridas na galeria cracoviana até o final de julho.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Hungria e Polônia cada vez mais autoritárias

Hungria e Polônia estão cada vez mais autoritárias e menos democráticas.


Estado da democracia na Europa Central e de Leste é cada vez mais preocupante, de acordo com o relatório Nations in Transit 2017.

Na Rússia, o nível de repressão e de violência contra a sociedade civil poderá aumentar este ano. O retrato para 2017 é tudo, menos animador: existem mais países em declínio democrático do que a melhorar, de acordo com o relatório da organização sem fins lucrativos Freedom House, apresentado este mês.

E quando concentramos a atenção na Europa Central e do Leste, o cenário chega a ser alarmante. E claro, existe ainda a Rússia, classificada como um regime autoritário consolidado. No que diz respeito ao país de Vladimir Putin, a Freedom House prevê que "com as autoridades a continuar evitando mudanças democráticas num ambiente turbulento, isso poderá significar um aumento do nível de repressão e mesmo violência contra a sociedade civil e atores políticos e de meios de comunicação independentes".

Mas enquanto o índice democrático tem piorado cada vez mais na Rússia nos últimos anos - numa escala de 1 a 7, sendo que o 7 é um regime pouco democrático, Moscou tem estado sempre acima dos 6,5 desde 2009 -, atualmente alarmante é a situação na Europa Central e de Leste.

Nesta região, 18 dos 27 países desceram o seu coeficiente democrático e, tendo em conta que dez deles pertencem à União Europeia, o cenário torna-se ainda mais preocupante. De acordo com o Nations in Transit 2017, são dois os que se destacam: Hungria e Polônia, países tidos como casos de sucesso na transição do comunismo para o capitalismo, mas que se estão se tornando regimes cada vez mais autoritários e menos democráticos.

"A grande diferença entre a Hungria de Orbán e a Polônia de Kaczyński, no entanto, é que o PiS está transformando o cenário polaco numa velocidade rápida e violando as próprias leis do país. Com uma supermaioria parlamentar, o Fidesz foi capaz de reescrever a Constituição e a estrutura legislativa de maneira formalmente legal, apesar de clara violação dos princípios da democracia liberal", explica num ensaio Nate Schenkkan, o diretor do Nations in Transit.

Outra das grandes diferenças entre os dois países é o fato de Viktor Orbán ser o primeiro-ministro eleito da Hungria e Jarosław Kaczyńsky ser apenas o líder do Partido Direito e Justiça (PiS) - uma condenação por fraude eleitoral impede-o de ocupar cargos públicos -, mas é ele quem controla governo e presidente. Classificada no relatório como uma democracia semiconsolidada, a Hungria tem visto o seu o índice democrático descer desde que Orbán chegou ao poder, em 2010, tendo este ano apresentado o maior declínio entre os países analisados.

"Na Hungria, o primeiro-ministro Viktor Orbán e o seu partido Fidesz têm-se consolidado no poder cada vez mais desde 2010, alimentando o fanatismo e o ódio através de uma campanha anti-imigração. Tendo passado os primeiros anos reescrevendo a Constituição, tomando conta dos tribunais e pervertendo o sistema eleitoral, o governo eliminou agora a maior parte dos jornalistas críticos e criou uma eficiente máquina de uso do Estado para fins privados e uma grande corrupção. Com as eleições de 2018 perto, o Fidesz está a virar as suas atenções para a sociedade civil, ameaçando varrer organizações suportadas por fundos estrangeiros", refere Schenkkan. O caso mais mediático tem que ver com a Universidade Centro-Europeia (CEU), localizada em Budapeste e fundada em 1991, pelo norte-americano de cidadania, mas húngaro de nascimento, George Soros.

A União Europeia abriu processo legal contra a Hungria por causa da ameaça de encerrar a CEU, afirmando que a nova lei de ensino superior húngara viola a liberdade acadêmica e os valores democráticos, dando um mês ao governo para responder. Horas antes, num debate no Parlamento Europeu, Orbán defendeu sua lei e disse que a Hungria continua comprometida com a UE, mas acusou Soros de "atacar" o seu país.

A UE pode impor sanções à Hungria se esta não responder de forma adequada, mas a margem para punir o país é limitada. A aplicação de sanções implicaria em unanimidade dos outros 27 Estados membros e Orbán conta com o apoio dos seus aliados da Polônia para impedir qualquer ação mais radical. Luta contra o Constitucional. A Polônia registou este ano a sua pior classificação no Nations in Transit desde a sua criação em 1995, o que se deve ao facto do PiS ter atuado de forma muito semelhante aos primeiros anos do Fidesz.

"Imediatamente depois de ganhar as eleições no final de 2015, o PiS montou um flagrante ataque ao Tribunal Constitucional e apressou uma ainda influente comunicação social pública ao mudar a lei de nomeação dos seus diretores de alto escalão e ao mudar a política editorial", escreveu o diretor da Freedom House. As mudanças no Constitucional - que Kaczyński já classificou como "o bastião de tudo o que é mau na Polônia" - levaram a Comissão Europeia a abrir uma investigação sobre o funcionamento do Estado de direito. Sem consequências até agora.

A situação no Parlamento também não é pacífica. Os deputados da oposição ocuparam a sala do plenário dias à fio por causa da decisão em limitar o acesso dos jornalistas aos trabalhos parlamentares, mas também porque pretendiam a repetição do debate e votação do Orçamento para 2017, que foi votado fora do plenário e só na presença de deputados aliados do governo.

Já este mês soube-se que Varsóvia está trabalhando num projeto de lei que permita deter candidatos a asilo em campos fronteiriços, defendendo que tal política teve bons resultados na Hungria.

Fonte: Diário de Notícias - Lisboa
Texto: Ana Meireles
Adaptação de texto para o português do Brasil: Ulisses Iarochinski