quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Estado e Igreja juntos na Polônia ou a ascensão e queda do arcebispo de Cracóvia?

Polacos comemoram a entrada na União Europeia nas ruas de Varsóvia agitando as bandeiras da União e da Polônia

Não é segredo para ninguém o estarrecimento do Papa João Paulo II com o baixo comparecimento dos polacos às urnas na votação do plebiscito de 2003 para a entrada da Polônia na União Europeia, que se realizou no fim de semana.

Preocupado, o Papa, na noite do sábado, já com a votação em andamento, telefonou para três personagens da Polônia, o Cardeal Primaz Józef Glemp, o padre Tadeusz Rydzyk e o editor do jornal Gazeta Wyborcza, Adam Michnik. Pediu que os três conclamassem os polacos a comparecerem às urnas no domingo e dissessem SIM para a entrada na União Europeia.

Rydzyk usou os microfones da sua Rádio Maria para solicitar aos fiéis que atendessem ao pedido do pontífice. Glemp determinou a todas as dioceses, paróquias e igrejas do país, que na homilia das missas daquele domingo de manhã, fosse divulgada a ordem de João Paulo II. Michnik imprimiu uma edição especial do jornal e passou a noite, distribuindo-o por todo o país.

A ordem do Papa era para comparecimento aos postos de votação do plebiscito, para votar Sim pela entrada na União Europeia. O pedido foi atendido e desta forma foi possível recuperar o comparecimento ínfimo, do sábado, e atingir 58,5 % dos eleitores, no domingo. O mínimo aceitável era 51%. O SIM venceu com 77% dos votos, ratificando assim a entrada da Polônia na União Europeia. Apenas 23% disseram Não.

Oficialmente a Polônia passou a fazer parte da União Europeia,  em 1º de maio de 2004. O sonho de integração do Papa João Paulo II finalmente se realizou.

Em 1999, o Papa em visita a Polônia, comparece ao Sejm - Congresso e fala na importância do país fazer parte da UE

O Santo João Paulo II foi um defensor ferrenho da entrada da Polônia da União Europeia. Em 18 de maio de 2003, ele fez um pronunciamento onde dizia:

"Não haverá unidade na Europa até que se torne uma comunidade de espírito. Este fundamento mais profundo de unidade foi trazido à Europa e fortalecido ao longo dos séculos pelo Cristianismo com o seu Evangelho, com a sua compreensão do homem e com a sua contribuição para o desenvolvimento da história dos povos e nações. Esta não é uma apropriação da história. Pois a história da Europa é como um grande rio no qual fluem numerosos afluentes e riachos, e a diversidade de tradições e culturas que a constituem é a sua grande riqueza. O núcleo da identidade europeia é construído no Cristianismo". 

E acrescentou o slogan que ficaria marcado para sempre:
"Da União de Lublin à União Europeia! Este é um ótimo acrônimo, mas contém uma grande quantidade de conteúdo. A Polônia precisa da Europa."

Como se sabe, historicamente, a mais antiga república do mundo pós-renascimento, surgiu na cidade polaca de Lublin, em 1569, pela União do Reino da Polônia com o Grão-Ducado da Lituânia, e durou nesta forma até a adoção da Constituição de 3 de maio de 1791.

Nestes últimos 16 anos, a Polônia viu os laços da Igreja de Karol Wojtyła se aproximarem cada vez mais de um partido político, o PiS – Partido do Direito e Justiça, comandado pelos gêmeos Kaczyński. Também não é segredo para ninguém, a participação decisiva do padre Tadeusz Rydzyk, por meio de sua Rádio Maria, suas duas TV’s a cabo e faculdade de jornalismo, para a eleição de Lech Kaczyński em 2005.

Jarosław e Lech Kaczyński

Lech acabou morrendo na queda do avião presidencial junto com 96 pessoas que estavam à bordo, na viagem à emblemática cidade de Katyń, na Rússia. Foi em Katyń que o Exército Vermelho assassinou 22 mil oficiais polacos durante a Segunda Guerra Mundial. O presidente morreu, mas o irmão Jarosław permaneceu vivo para fazer vitorioso o partido de extrema-direita nas duas recentes eleições.

O que parece ser segredo, é a interferência da Igreja Católica no partido extremista, xenófobo, antissemita, misógino e fascista de Jarosław Kaczyński. Partido este que reelegeu Andrzej Duda para a presidência da República, meses atrás.

 
Andrzej Duda, o presidente reeleito de extrema-direita

Mas não se enganem, o segredo está caindo por terra. Os próprios representantes da igreja, que detém 97% da população do país sob sua doutrina, estão se derretendo e enfrentando a fúria salutar das mulheres polacas. O protesto que se estende por mais de duas semanas nas ruas do país, diante dos palácios do Congresso, da Presidência da República, do Tribunal Constitucional é uma resposta inflamada da polacas contra a decisão do judiciário que proibiu o aborto por má-formação do feto. Esta decisão, polêmica, foi acertada entre o PiS – Partido do Direito e Justiça e a Igreja Católica Apostólica Romana da Polônia.


Polacas em greve bloqueiam ruas de Cracóvia

O furor das mulheres se voltou contra as cúrias e igrejas, quando o arcebispo metropolitano de Cracóvia, Marek Jędraszewski começou a criticar os protestos femininos. Ele também parabenizou os juízes pela coragem e integridade após o julgamento do Tribunal Constitucional sobre o aborto. Marek fez pronunciamento durante a missa de indulgência celebrada no santuário papal “Białych Morzach” (Mares Brancos), em Cracóvia. Na oportunidade, ele citou textualmente a frase decisiva da presidente do Tribunal, Julia Przyłębska: "o aborto em caso de deficiência fetal grave e irreversível ou doença incurável é inconsistente com a Constituição”.

Jędraszewski é o mesmo arcebispo que na última Semana da Páscoa quando já vigoravam os protocolos da OMS - Organização Mundial de Saúde, de distanciamento social, uso do álcool gel e outros, conclamou os padres da sua diocese a exortarem nas missas, o compromisso dos fiéis de comparecerem às tradicionais procissões da semana. Não satisfeito, ele mesmo saiu às ruas de Cracóvia em procissão. Foi um ato religioso do qual participaram centenas de católicos, sem máscara, aglomerados e sem observar a distância segura.

Jędraszewski não tem fechado a boca desde então. “Há ataques a igrejas e santos nacionais, quando a liberdade é absolutizada até a anarquia. Na verdade, dar a outra pessoa o poder sobre a Polônia, é desistir da independência levianamente e sem reflexão”, argumentou o arcebispo na Catedral do Castelo de Wawel. Em sua exortação, Marek criticou as mulheres.

Indignadas, elas portaram letras garrafais diante de seus corpos contra a decisão do judiciário polaco, em frente à janela da Cúria de Cracóvia, denominando-a de "Casa de Satanás". Na janela, sobre a porta principal, há uma grande foto do Papa colocada ali desde a sua morte.

"Dom Szatana" (Casa de Satanás) - Foto: Beata Zawrzel

Na quarta-feira, dia 11 de novembro, data em que se comemora a recuperação da independência da mais antiga república do mundo, a da Polônia, Jędraszewski voltou a criticar as mulheres.
Na Catedral de Wawel, ele disse: “Temos uma experiência tão doída e uma consciência dolorosa das dificuldades em que nos encontramos. Há uma pandemia, bem como tentativas de introduzir na Polônia uma cultura anticristã e neomarxista, que proclama em seus slogans, um desprezo pela santidade de cada vida concebida. Onde a dignidade de uma mãe que deseja dar à luz uma criança carregada sob seu coração, é degradada.”

Misogenia não é apenas a aversão a “gays” e mulheres, mas também é uma atitude alimentada pelos homens que se dizem machos. Além disso, é premissa dos homens do alto clero católico, como o arcebispo Marek que não chegou a cardeal. Dias atrás, ele chegou a dizer mais este absurdo: “o raio característico com o logotipo da Greve das Mulheres era um sinal usado pelos homens da SS”.

No início do mês, Jędraszewski  escreveu sua "Carta aos Padres da Arquidiocese de Cracóvia", pouco antes do Dia de Todos os Santos. Tendo em mente, os protestos que acontecem em toda a Polônia, como parte da Greve das Mulheres, declarou: “Nos dias de hoje estamos passando por um momento difícil relacionado a agressões inimagináveis. Não apenas verbais! Quando nossos templos são devastados somos acusados de defender a verdade sobre a dignidade e a santidade de toda vida humana contida no Evangelho de Cristo". Foi uma resposta a invasão das mulheres às igrejas católicas polacas.

Arcebispo metropolitano de Cracóvia, Marek Jędraszewski

Em março ainda, no início da pandemia, Jędraszewski celebrou missa em memória do Dia Nacional da Memória dos Soldados Amaldiçoados. Na ocasião, ele foi recebido por manifestantes LGBT’s portando o slogan: “A praga do arco-íris e a civilização da morte dão as boas vindas ao Arcebispo Jędraszewski.” Enquanto o arcebispo falava sua homília dentro da igreja atacando o movimento LGBT, do lado de fora se ouvia a canção antifascista italiana “Bella Ciao”.

Cinco meses depois, em agosto, o ultraconservador Jędraszewski voltou a atacar o movimento das cores do arco-íris, contrariando, inclusive o Papa Francisco. Disse ele: “Não pise o passado de nossos altares”.

Ainda em agosto, ele se tornou co-presidente da Comissão Conjunta do Governo e do Episcopado polaco.

Se aparentemente, Marek conta com a aprovação dos fiéis mais fervorosos em sua pregação contra o movimento “Greve das Mulheres”, há parlamentar na oposição ao governo de extrema-direita que ironiza o arcebispo de Cracóvia.

O deputado Krzysztof Śmiszek disse ao portal Onet, que "as palavras do Arcebispo Jędraszewski são muito engraçadas, porque são ditas por um homem que representa uma instituição que consiste apenas em solteiros. Acho que ele dirigiu esta declaração a si mesmo e ao seu meio"


Śmiszek disse que Marek Jędraszewski ao se dirigir aos peregrinos, reunidos no santuário da cidade de Kalwaria Zebrzydowska, "ao criticar a ‘ideologia dos solteiros’, faz com que mais e mais polacos deixem a Igreja”.

O deputado foi ainda mais incisivo, “muitas pessoas estão se afastando do catolicismo, não porque não sejam caras a certos valores universais que a Igreja Católica proclama. Os polacos estão deixando a Igreja por estarem revoltados e indignados. Eles não concordam com a aliança entre o trono e o altar, e que bilhões de złotys (moeda polaca) sejam bombeados do Estado para a Igreja.”

Claro está, pela análise do comportamento de Jędraszewski e da igreja católica da Polônia que o deputado Krzysztof Śmiszek é de esquerda. E mais ainda, quando o parlamentar se refere à situação da comunidade LGBT polaca atacada pela igreja do arcebispo: “Tenho vergonha do debate que aconteceu no Parlamento Europeu sobre a Polônia. Mais uma vez, tornamo-nos o arquétipo de uma criança malvada e rebelde em uma família europeia. Isso deveria fazer os governantes da Polônia, pensarem que nosso país e a Hungria ainda estão sob censura não sem razão.”

Krzysztof Jan Śmiszek nasceu em 25 de Agosto de 1979 em Stalowa Wola. Ele é advogado, ativista de direitos humanos e das minorias, tem doutorado em Direito e professor universitário. É criador e co-fundador da Sociedade Polaca de Lei Antidiscriminação, uma associação nacional de advogados e advogadas que trabalham pela igualdade e não discriminação. Também é presidente honorário desta organização. Membro do Partido SLD - Sojusz Lewicy Demokratycznej (União Democrática de Esquerda), que desde janeiro de 2020 passou a se chamar NL - Nowa Lewica (união entre o SLD e Wiosna). Śmiszek foi eleito deputado nacional para o Sejm (Câmara dos Deputados) ano passado.

A vice-chefe da Comissão Europeia, a tcheca Věra Jourová, anunciou que irá decidir sobre os próximos passos no processo de sanções a serem adotadas contra a Polônia em relação às polêmicas leis judiciárias muito em breve. “Devemos deixar claro, que os fundos da UE não irão para a Polônia se os direitos fundamentais dos grupos LGBT forem violados”, afirmou Jourová.

A eurodeputada tcheca Věra Jourová

A Polônia registra oficialmente menos de 2.000 abortos legais por ano. As organizações feministas calculam que quase 200.000 acontecem de forma ilegal, ou no exterior, a cada 12 meses. Sim, no Exterior.

Desde que o partido no poder e a igreja católica começaram a endurecer o discurso sobre o aborto no país que as mulheres polacas são tratadas como criminosas. O gran-finale desta cruzada culminou com o anúncio do Tribunal Constitucional proibindo o aborto de fetos com má-formacão e doentes.

ONG's europeias desde a decisão têm recebido um aumento de solicitações considerável de polacas que desejam realizar abortos. De acordo com a Ciocia Basia (Tia Barbarazinha),  ONG com sede em Berlim, que apoia as polacas que decidem abortar na Alemanha  a situação que já era complicada pela pandemia só piorou  depois da decisão do Tribunal. "Recebemos três vezes mais ligações que antes", declarou Ula Bertin, voluntária da Ciocia Basia.

A Aborto Sem Fronteiras (AWB), uma coalizão multinacional de Organizações Não Governamentais, declara que, desde o veredicto, já ajudou 40 polacas a viajarem ao exterior para abortar, ou a preparar as viagens. O número representa o dobro da média mensal.

O grupo holandês Abortion Network Amsterdam, informou que recebeu ligações de mulheres que estavam à espera de abortos legais em hospitais polacos e que foram "de algum modo abandonadas"


Esta união entre o partido no poder, o judiciário e a igreja do arcebispo de Cracóvia, que se posiciona contra as mulheres polacas está cavando um abismo, não só no próprio país, mas entre este e a União Europeia. Dar as mãos aos fascistas da Hungria não vai levar a Polônia aos céus, mas com certeza, o purgatório está muito próximo para os ultraconservadores católicos polacos.

Texto: Ulisses Iarochinski


sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Polônia proíbe totalmente o aborto

Polacas se manifestam diante da casa de Jarosław Kaczyński, líder do partido que aprovou o aborto total

O Tribunal Constitucional da Polônia, de maioria fascistas, proibiu nesta quinta-feira, 22, o aborto em casos de má-formação grave do feto, uma das poucas formas que ainda eram previstas em uma restritiva legislação sobre o tema no país.

A presidente do tribunal, Julia Przylebska, disse que a lei que estava em vigor era "incompatível" com a Constituição do país. Ela argumentou ainda que interromper a gravidez por causa de defeitos do feto equivale à eugenia - uma noção do século 19 de seleção genética que mais tarde foi aplicada pelos nazistas.

A decisão foi criticada pela comissária do Conselho da Europa para os Direitos Humanos, Dunja Mijatovic. "Eliminar os motivos por trás de quase todos os abortos legais na Polônia é praticamente equivalente a bani-los e violar os direitos humanos", disse ela, em um comunicado.

Polacas se manifestam nas ruas da cidade de Wrocław

A supressão do direito era defendido por deputados do partido nacionalista de extrema-direita e  ultracatólico Direito e Justiça (PiS), que está no poder. Após a decisão, mulheres marcharam para frente da sede do partido e foram cercadas pela polícia. Não houve confrontos nem prisões. O partido prometeu uma nova lei "que ampare as mulheres".

Segundo dados oficiais, a Polônia registrou 1100 mil casos de interrupção voluntária da gravidez no ano passado por causa de má-formação grave do feto.

De acordo com ONGs, o número de abortos clandestinos de mulheres polonesas no país ou em clínicas estrangeiras pode chegar a 200 mil por ano.

Donald Tusk, chefe do Partido Popular Europeu (PPL), ex-primeiro-ministro polaco e ex-presidente do Conselho Europeu, também atacou a decisão do tribunal, que foi quase todo nomeado pelo PiS e tem forte influência do governo. "O fato de se discutir essa questão e essas decisão desse pseudotribunal em meio à pandemia do novo coronavírus é algo mais do que cinismo, é malandragem política", tuitou.

A nomeação da presidente do tribunal, que tem 13 membros, em 2015 foi um dos primeiros passos do governo para assumir o controle do Judiciário - a ingerência do Executivo já foi condenada pela União Europeia.

Protesto feminino nas redes sociais

Para Borys Budka, líder da Coalizão Cívica, de oposição, o governo usou um tribunal "falso" com seus próprios nomeados para fazer algo "simplesmente desumano".

O arcebispo Marek Jędraszewski, conhecido por opiniões conservadoras, saudou o veredicto dizendo que os juízes mostraram "grande apreço pela vida humana".

Jędraszewski sucessor de Karol Wojtyła na Cúria Metropolitana de Cracóvia, durante a última Páscoa incentivou e comandou procissões em meio a pandemia do novo corona-vírus. Sua cidade agora está em zona vermelha de controle da pandemia. Tradicionalmente, o cargo na Cúria de Cracóvia é exercido por cardeais, mas o Papa Francisco não quis nomear Jędraszewski cardeal e ele permanece somente como arcebispo.

O Arcebispo Jędraszewski ao saber da proibição do aborto disse: "Deus abençoe a todos por essas nobres ações." E continuou em sua homília, durante a missa, na manhã desta sexta-feira: "Expressamos grande apreço pela coragem e integridade dos juízes do Tribunal Constitucional e grande gratidão aos iniciadores e participantes do grande movimento social que se levantou pela santidade de cada vida humana." As palavras do clérigo foram aplaudidas pelos fiéis presentes.

Fontes: Agências internacionais de notícias e jornais polacos
Tradução para o português: Ulisses Iarochinski

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

POLÔNIA CELEBRA O DIA DO PAPA

Em sua primeira visita como Papa - cardeal Karol Wojtyła - a Polônia no dia 8 de junho de 1979, ele foi até o Campo de Concentração e Extermínio Alemão de Auschwitz. Foi então até o Muro da Morte, ao lado do bloco 11. Muro onde os prisioneiros eram mortos com tiros na nuca. O Papa se aproximou sozinho. Levava nas mãos um ramo de crisântemos, ofertado por um menino. Ficou de pé, com a cabeça inclinada e os olhos fechados durante cinco minutos. Depois caiu de joelhos.


Neste domingo, 11 de outubro, a Igreja na Polônia celebra a edição de número 20 do “Dia do Papa” e  este será especialmente dedicado a Karol Wojtyła, com o título: "Totus tuus", em referência ao lema do pontificado de João Paulo II e à sua consagração a Maria.

A jornada é organizada pela Fundação da Conferência Episcopal "Dzielo Nowego Tysiaclecia" (A Obra do Novo Milênio), que financia os estudos de jovens polacos de talento que vivem em áreas desfavorecidas.

A Conferência Episcopal Polaca, em preparação ao Dia do Papa, divulgou uma mensagem que foi lida em todas as igrejas do país no último domingo, 4 de outubro. No documento, os bispos destacaram como "a intercessão e a proteção de Maria foram particularmente evidentes na vida e no ministério do Papa Wojtyła".

Basta pensar no atentado na Praça de São Pedro – do qual ele sobreviveu – em 13 de maio de 1981, também festa de Nossa Senhora de Fátima.

Mas toda a história da própria Polônia, escrevem os bispos, testemunha "a grande confiança dos poloneses na intercessão da Mãe de Deus". Daí o convite dos prelados a todos os fiéis para seguir "a escola de Maria", ela que "ensina a confiança total na Palavra de Deus e no amor pelos outros".


Rezar o terço diariamente
Na mensagem, e em pleno mês de Nossa Senhora do Rosário, os bispos também incentivam a oração diária do terço: "seja uma oração comum dos casais e famílias inteiras, assim como das pessoas sozinhas, doentes e sofredoras, que estão em quarentena ou em isolamento" por causa do coronavírus. A oração a caminho do trabalho, da escola, da universidade ou do mercado, de fato, "nos ensina a ouvir as inspirações do Espírito Santo, a amar Jesus, a servir a Igreja, a viver a fé, a ser humilde, obediente e altruísta".

Finalmente, a mensagem episcopal lembra que, no Dia do Papa, durante a coleta na igreja, será possível oferecer um apoio material para as bolsas de estudo da Fundação "A Obra do Novo Milênio", definida como um "monumento vivo" de gratidão a São João Paulo II. O apoio assim prestado, concluem os bispos na mensagem, feito mesmo diante de dificuldades pessoais representa a “expressão da nossa solidariedade e misericórdia".

Fonte: Vatican News Service - IP

sábado, 26 de setembro de 2020

Escultura de João Paulo II causa polêmica na Polônia

Foto: JANEK SKARZYNSKI / AFP

Uma escultura representando o Santo Papa João Paulo II levantando um grande meteorito foi apresentada, nesta quinta-feira (24) em Varsóvia, na Polônia.

A obra é uma resposta artística à criação do italiano Maurizio Cattelan, que mostrava o antigo papa sucumbindo sob um bloco de rocha.

A escultura de Jerzy Kalina, colocada na entrada do Museu Nacional, é intitulada Fonte Envenenada e mostra o papa polaco em meio a uma fonte de água manchada de vermelho, como o sangue, carregando uma rocha sobre a cabeça. 

"Para Kalina, João Paulo II não é um velho indefeso esmagado por um meteorito, mas um titã dotado de uma força sobre-humana", indicou o museu em seu site. 

A escultura imediatamente provocou piadas e inúmeros comentários online que a veem principalmente como um reflexo da posição ultracatólica assumida pelo governo polaco de extrema-direita.

Uma imagem compartilhada nas redes sociais transforma a estátua na representação de um passageiro de avião tentando colocar uma mala em um compartimento superior, enquanto outra imagem mostra pessoas fugindo do avanço de uma versão gigante da estátua.

O artista italiano Maurizio Cattelan gerou polêmica na Polônia por sua estátua de cera exibida na Bienal de Veneza de 1999, retratando o Papa João Paulo II - então vivo - sendo esmagado por um meteoro.

Foto: Alain Jocard / AFP

Quando a escultura, intitulada La Nona Ora, foi exibida na Galeria Nacional de Arte Zacheta em Varsóvia, em 2000, dois legisladores tentaram remover a pedra e colocar a estátua em pé, de acordo com relatos da mídia. O chefe do museu foi forçado a renunciar.

A estátua de Kalina deve marcar o 100º aniversário do nascimento de João Paulo II. Um representante do museu disse: “O próprio artista percebe o papa como um homem que desempenhou um papel decisivo na história recente da Polônia e da Europa e deu início a um processo de transformação histórica, social e espiritual”.

Embora ele também ainda seja amplamente reverenciado na Polônia por seu papel em ajudar a inspirar o movimento anticomunista, a forma como o papa lida com os escândalos de abuso sexual na Igreja Católica está cada vez mais sob escrutínio.

Fontes: AFP/ The Gardian

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

CAPELA DOS TEMPLÁRIOS NA POLÔNIA



Escavações no chão da capela

Na Polônia, pesquisadores estão realizando uma intensa investigação para desvendar os mistérios da poderosa ordem Cristã filosófica militar.

Os Cavaleiros Templários exerceram grande influência durante a Idade Média. Até hoje relíquias e detalhes sobre a intensa saga dos combatentes são alvos de estudo e curiosidade.


Lateral da Capela

Menos conhecidas do grande público, capelas e fortes construídos no Oeste da Polônia estão sendo pesquisados por arqueólogos, que buscam encontrar segredos da ordem.

Com início em 2019, uma série de escavações está em andamento em um dos mais enigmáticos lugares dos Templários. No local, existem rumores de que o Santo Graal estaria escondido ali há séculos.

Os arqueólogos estão trabalhando ali há mais de um ano

De acordo com Przemysław Kołosowski, arqueólogo que tenta preservar a herança medieval da aldeia de Chwarszczany, existem sete criptas, fortificações e um possível túnel secreto localizados pelos pesquisadores.

Utilizando um radar de penetração no solo descobriu-se que, sob a capela de Santo Stanisław, estão enterrados corpos de alguns dos lendários cavaleiros. “Segundo lendas e documentos medievais, existia um poço nas proximidades da capela. Diz-se que o poço servia de entrada para um túnel secreto”, afirmou Kołosowski.

As investigações continuam para que, com sorte, o túnel e mais vestígios da Ordem medieval sejam encontrados.

Porta principal na frente da Capela

As criptas escondidas sob o chão foram descobertas por pesquisadores durante as obras na capela dos Templários em Chwarszczany (pronuncia-se rrhvárchtcánê). Os relatos de testemunhas também foram verificados sobre um túnel misterioso sob o templo.

UM GRANDE MONUMENTO
A capela templária em Chwarszczany foi consagrada, em 1280. Os monges a erigiram no local onde antes existia um templo românico menor. No final do século XIII, era aLi que se situava a capital da província da Ordem na Europa de Leste. A capela dos Templários de 740 anos atrás esconde muitos segredos. Criptas foram descobertas sob o chão.

Lateral de parte traseira da Capela

Ali também ficava a principal chancelaria dos Templários, onde os arquivos eram mantidos. Também existia uma tesouraria e, uma vez por ano, realizava-se um conselho formado pelos superiores de todas as casas religiosas da província.

A capela sobrevive até os dias de hoje. Ela está incluído na lista dos monumentos arquitetônicos mais importantes da Polônia. Na parte Oeste, possui duas torres que lhe conferem um caráter defensivo. No entanto, é apenas um procedimento simbólico, que deveria causar impressão, entre outros, em todos aqueles que seguiram a trilha, que já foi a estrada principal que vai de Kostrzyń ao Norte.

Os Templários não construíram apenas um templo ali. O Comando também incluiu, entre outros numerosos edifícios agrícolas e uma casa religiosa. Mais ou menos na parte central da vila existia um poço ao qual ainda se associam lendas e segredos.

PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS
Apenas a capela sobreviveu daquela época, e ela recuperou seu antigo esplendor nos últimos anos. Embora seja relativamente pequena (mede 25 por 10 metros e mede 35 metros de altura), ele esconde muitos quebra-cabeças. Há vários anos, historiadores de arte, arqueólogos e amantes da história trabalham ali.

As pinturas estão sendo reconstituídas (elas foram criadas já na época dos Cavaleiros Templários que foram extintos por ordem Papal e a capela foi assumida pelos Cavaleiros Hospitalários).

Na parede do lado direito, pode-se ver as pinturas

As paredes externas do templo foram limpas e o telhado renovado. Em 2004, foi então resgatado, entre outros, as paredes do templo, que a umidade começava a destruir. Na época, a área ao redor da capela foi rebaixada, revelando o nível em que foi construída pelos Cavaleiros Templários no século XIII.

Tradução:Uma tentativa de reconstruir a segunda fase da construção do Comando Templário (tribunal monástico) em Chwrszczany após 1280.
Concepção de Przemysław Kołosowski, desenho de M. Szałański.

Fragmentos das antigas construções deixadas no chão, os restos da cerca da parte religiosa do Comando (incluía a capela e o cemitério adjacente) também foram examinados, e os restos das paredes da antiga casa monástica foram descobertos. Também foram encontrados os restos de um muro de contenção, que impedia o solo de escorregar em direção ao riacho que ali flui. Os trabalhos arqueológicos foram transmitidos pela Internet pela primeira vez na Polônia.

A VILA
Chwarszczany é uma vila no distrito administrativo da Gmina de Boleszkowice, na região de Myślibórz, voivodia da Pomerânia Ocidental, no Noroeste da Polônia, perto da fronteira com a Alemanha.

Encontra-se às margens do rio Myśla, aproximadamente 6 quilômetros a Sudeste de Boleszkowice, 32 km a Sudoeste de Myślibórz e 82 km ao Sul de Szczecin.
Está localizado no cruzamento da estrada da voivodia 127 e da estrada nacional 31. A vila tem uma população de 222 habitantes.


As origens desta capela estão na doação feita aos Cavaleiros Templários de um punhado de terra de 1.000 peles (1 pele tem aproximadamente 17 hectares) por Władysław Odonic, duque da Região da Wielkopolska (Grande Polônia), em 1232.

Esta terra ficava em Kostrzyń. Esta doação cumpriu mais do que motivos meramente religiosos, pois proporcionou uma salvaguarda numa zona de fronteira e permitiu o povoamento da área. Os duques da Pomerânia, no entanto, consideravam todo esse distrito como pertencente ao castelo de Kinice, e não a Kostrzyń e Santok.

Para não serem expulsos da área, eles se apressaram em fazer sua própria doação. Assim, em 1234, Barnim I, o duque da Pomerânia, deu aos Templários mais 200 peles em Dargomyśl indicando que essa terra estava localizada em seu próprio território.

Não se sabe de onde vieram os Templários de Chwarszczany, mas pode ter sido o Comando de Oleśnica Mała na Silésia.

Em 1241, as propriedades dos Templários foram ampliadas com a adição de Lubno e Oborzany, doados por Włast, um magnata polaco.

Em meados do século 13, os margraves de Brandenburgo da dinastia Ascaniana tomaram o controle da propriedade.

Após a disputa, em 1261 um acordo foi alcançado entre os Templários e os margraves: os Templários cederam os direitos a um Comando em Myślibórz e entregaram as terras situadas na estrada de Kostrzyń a Gorzów. Em troca, eles receberam a confirmação da posse de Chwarszczany com dez aldeias com a adição da aldeia de Kaleńsko.

Em 1286, Otto VI, Margrave de Brandenburg-Salzwedel, entrou no mosteiro da cidade, dando ao comandante um significado maior.

Na década de 1290, Bernhard von Eberstein tornou-se o preceptor templário da Polônia, Neumark, Boêmia e Morávia.

Em 1308, o membro da ordem Günther von Köthen vendeu a vila de Cychry pertencente ao Comando a dois irmãos da rica família Hokemann de Frankfurt upon Oder. Esta é a última menção dos Templários na área, com a capela sendo assumida pelos Hospitalários após a supressão dos Templários. 

Espaço de uma urna funerária


Fontes: Aventuras da História, Gazeta Lubuska e CNN
Tradução e adaptação para o português: Ulisses Iarochinski

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Wałęsa: "Derrubei o sistema, agora é com vocês"

Há 40 anos, surgia na Polônia, o Solidariedade, movimento de trabalhadores que contribuiria decisivamente para a derrocada do comunismo e do Muro de Berlim. Em entrevista, o lendário líder sindical afirma que entregou sua vida à causa.

ENTREVISTA
Wałęsa discursa em Gdańsk em 1980

O Solidariedade (Solidarność) representava quase 10 milhões de trabalhadores e tinha como líder Lech Wałęsa. O então eletricista receberia, em 1983, o Prêmio Nobel da Paz e, em 1990, se tornaria o primeiro presidente eleito livremente na Polônia do pós-Segunda Guerra, posição da qual ele negociaria a retirada do Exército Vermelho do país.

Em entrevista ao portal da Rádio Estatal Alemã DW-Deutsche Welle, Wałęsa, hoje com 76 anos, relembra o surgimento do movimento, em 1980, como foi aos poucos atraindo a atenção internacional e diz que a luta sempre foi contra o comunismo: "Eu me propus a fazer o sistema colapsar, e o fiz. Fiz do meu jeito. Eu entreguei. Agora é com vocês."

DW: Quando foi que você percebeu as consequências que a greve de agosto de 1980 teria para a Polônia, a Europa e o resto do mundo?

Lech Wałęsa: Para ser honesto, dez anos antes. Também naquela época, em dezembro de 1970, estávamos em greve. Perdemos, mas eu disse para mim: "Deus, me dê outra chance de voltar e terminar o trabalho". Agosto de 1980 foi para mim a continuação da luta.

DW: Quem o inspirou a fazer isso?

Lech Wałęsa: A geração anterior à minha. Que sempre sonhou com uma Polônia livre, que sempre contou sobre a traição sofrida pela Polônia em 1939 e 1945. Que estava esperando por uma chance. Foi assim que eu cresci, e eu também estava esperando por uma chance. No início era uma luta individual, porque eu não tinha nenhum camarada de luta. Depois de 1980 foi mais fácil, porque eu me tornei famoso.

DW: Você se tornou conhecido graças à mídia ocidental.Você consegue se lembrar como os jornalistas ocidentais acompanharam a greve?

Lech Wałęsa: Eu sempre fui uma pessoa que tentou aproveitar as chances. No verão de 1980, um festival internacional de música foi realizado em Sopot, perto de Gdańsk. Enviamos gente do estaleiro para lá para trazer jornalistas. Um deles veio, depois contou a outros, e mais tarde fomos procurados incessantemente por jornalistas. Lembro-me que um deles me perguntou: "O que você quer com essas greves? Não há pão sem trabalho". Respondi que existem duas maneiras: você pode trabalhar para ter uma vida melhor, mas também pode lutar por uma liberdade que lhe dê mais pão.

Wałęsa em 1980 durante greve 
"Aprendi que quando se decide por algo, é preciso entregar o melhor que se pode"

DW: A revista alemã Der Spiegel daquela época cita você dizendo a um jornalista americano: "Eu não temia a derrota, temia a vitória". O que você quis dizer com isso?

Lech Wałęsa: Eu quis dizer que era muito cedo. Nós sabíamos como lutar, mas não sabíamos o que fazer com isso. A luta é mais fácil. Eu pensava que nossas elites e o Ocidente tinham um programa. E que assim que mudássemos alguma coisa, este programa seria implementado. Mas não havia nada parecido com isso.

DW: Qual foi o papel da Igreja Católica nas greves de agosto de 1980? Seria a "Wende", como os alemães chamam as mudanças ocorridas entre 1989 e 1990 na Europa, concebível sem o papa polaco?

Lech Wałęsa: Não vamos exagerar: não foi o papa que fez a revolução. Mas foi o papa que nos mobilizou. Um ano após sua eleição, ele veio à Polônia, e quase todo o povo veio a seu encontro. Os comunistas já haviam repetido antes: que oposição é essa? Quantos vocês são? De repente todos perceberam que não éramos nós, mas eles que estavam em desvantagem numérica. E deixamos de ter medo. Ao mesmo tempo, o papa disse: "Renove a face da terra". Isso nos encorajou e, um ano depois, o Solidariedade tinha 10 milhões de membros.

DW: E quando enfrentou a superioridade do regime, você realmente não teve medo?

Lech Wałęsa: Eu sabia que poderia ser liquidado a qualquer momento. É por isso que eu estava 100% comprometido. Eles poderiam ter me matado, mas não teriam me derrotado.

 Wałęsa com João Paulo II, em 1991: aliados 

DW: Você fez uma exigência audaciosa ao regime: a autorização de um grande sindicato independente. Foi a demanda mais importante politicamente de um total de 21 feitas pelos trabalhadores grevistas sob sua liderança. Dez anos antes, os comunistas haviam reprimido as greves de forma sangrenta. O que os fez agir de maneira diferente daquela vez?

Lech Wałęsa: Eles sempre quiseram nos trair. Mas daquela vez eles foram tão arrogantes que pensaram que poderiam contornar isso. Na negociação de 1989, eles também queriam nos enganar e pensavam que seriam bem sucedidos. Pensei novamente: se abrir uma brecha, colocarei a minha bota de operário na porta – e eles não poderão fechá-la. Se nos derem os sindicatos, o resto será feito. Eu não sabia na época se isso iria funcionar imediatamente, mas eu sabia que estávamos um pouco mais perto do objetivo.

DW: Apenas uma semana após o início da greve, você já era destaque nas capas das revistas mais importantes do mundo. Você percebeu que estava prestes a se tornar uma das pessoas mais famosas do planeta?

Lech Wałęsa: Eu realmente não me importava e até hoje penso assim. Eu tenho uma personalidade diferente, atípica. Fui educado no país em circunstâncias simples. Aprendi que quando se decide por algo é preciso entregar o melhor que se pode. É por isso que não pensava na minha carreira e ainda hoje é assim. Só estou fazendo o que decidi fazer.

DW: Mas você percebeu que estava criando um grande movimento, que o mundo inteiro estava falando sobre isso e que um grande jogo internacional estava começando?

Lech Wałęsa: Não. Eu estava pensando sobre o que fazer para derrotar o comunismo.

DW: Mas você já naquela época recebia a visita de líderes ocidentais. Você consegue se lembrar de seus primeiros contatos com políticos da Alemanha Ocidental?

Lech Wałęsa: Os alemães estavam curiosos sobre o que estávamos fazendo ou o que estávamos planejando. Lembro-me de uma reunião com Hans Dietrich Genscher, então ministro do Exterior. Isso foi provavelmente em Paris, em 1981. Ele veio ao meu hotel incógnito. Ele perguntou: "O que você vai fazer?" E eu lhe disse pela primeira vez: "Vamos derrubar o Muro de Berlim, vamos destruir o comunismo". Ele ficou surpreso e se recusou a acreditar nisso. Mais tarde, quando tudo isso se tornou realidade, ele me disse, em nosso último encontro: "Tenho medo de falar com você porque tudo o que você diz antes vira realidade".

Wałęsa durante entrevista à DW

DW: Mas a política oficial da Alemanha Ocidental naquela época era de fato muito restrita. Você não se ressente de que, especialmente o então governo social-democrata alemão, não tenha apoiado abertamente o Solidariedade?

Lech Wałęsa: A metade dos alemães sempre nos ajudou, a outra foi contra, porque temia os soviéticos. Mas isso foi muito bom, porque se os alemães nos tivessem ajudado demais, teriam dado um pretexto à Rússia. E assim tudo foi equilibrado.

DW: Você recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1983 e hoje é provavelmente o polaco vivo mais famoso do mundo. Mas na Polônia você tem não só amigos, tem também inimigos, que vieram do seu círculo mais próximo. Você foi acusado até de ter sido agente dos serviços secretos. Como você explica isso?

Lech Wałęsa: Ninguém pode entender o que eu passei. Portanto, cada um me julga à sua maneira. E muitos pensam que um eletricista sozinho nunca poderia ter feito isso. É impossível. Alguém deve ter o ajudado. Se não foram seus conselheiros, então deve ter sido a segurança do Estado. Isso é compreensível. Fiz tudo com total compromisso e honestidade, o melhor que pude. E se alguém pensa que eu era um agente, poderia ter feito um trabalho melhor que eu. E se alguém poderia ter feito, mas não o fez, é um agente e um porco.

DW: Como você vê seu lugar na história?

Lech Wałęsa: Estou no fim do meu caminho, estou muito velho. Eu me propus a fazer o sistema colapsar, e o fiz. Fiz do meu jeito. E entreguei. Agora é com vocês.

...
Wałęsa nega que foi informante de serviço secreto Instituto histórico afirma que ex-presidente e antigo líder do sindicato Solidariedade era informante do regime comunista em troca de dinheiro.

Em 2000, ele foi inocentado de acusação semelhante pela Justiça.

1982: Proibição do sindicato Solidariedade.

No dia 8 de outubro de 1982, o sindicato independente Solidarność foi oficialmente proibido na Polônia. Atrás desta atitude, escondia-se o desespero de um sistema político à beira do naufrágio.

Fonte: Deustch Welle
Texto: Bartosz Dudek

sábado, 29 de agosto de 2020

Guerra 1920 - quem foi o autor do plano de defesa de Varsóvia?

Piłsudski ou Rozwadowski?


A disputa sobre a autoria do plano da Batalha de Varsóvia ainda desperta emoções extremas. As estratégias nasceram quase simultaneamente com a vitória e sua temperatura foi alimentada por rixas políticas durante décadas. Cem anos depois, no entanto, não se deve ver a questão apenas pelo prisma dos mitos, mas ater-se aos fatos. E isso está claro, agora!

O próprio termo "Milagre no Vístula" e a data do Dia do Exército Polaco (de 1923 a 1939, Dia do Soldado), caindo em 15 de agosto, ou seja, no dia da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria, carregam uma grande carga emocional. Como Norman Davies observou anos atrás:

"Em um país católico, o encanto desse dístico sempre foi irresistível. Ele verbalizou o clima que ecoou em todos os púlpitos: expressou a fé de todo católico devoto de que a terra escolhida havia sido salva pelo poder divino. Esta fé deu origem a uma série de aparições durante as quais a Madona Negra de Częstochowa, a Santa Padroeira da Pátria, desceu de uma nuvem de fogo sobre as trincheiras de Radzymin para atacar as hordas bolcheviques."


Tal interpretação foi favorecida pelo clima nas cidades, especialmente em Varsóvia, que se manifestou em numerosas procissões e missas sagradas destinadas a ajudar a derrotar o inimigo. Comandantes e políticos associados à democracia nacional, como o general Józef Haller, apoiaram essa interpretação. Foi promovido, compreensivelmente, por hierarcas da igreja.

Cruz erigida no local da morte do Padre Ignacy Skorupka em Ossów, 1933
Foto: Arquivos Digitais Nacionais, referência número 3/1/0/9/4567/2 )

O primaz Aleksander Kakowski associou o avanço da batalha, que ele acreditava ter ocorrido em 15 de agosto, com a morte de pe. Ignacy Skorupka, porque ele morreu perto de Ossów, orando por um soldado moribundo. Na verdade, o heróico sacerdote havia morrido na véspera, ou seja, em 14 de agosto, e o avanço da batalha em si ocorreu em 16 de agosto, porque a contra-ofensiva começou depois da meia-noite de 15 para 16 de agosto.

No entanto, não faz sentido minar a data de 15 de agosto pelos motivos acima mencionados, embora tais vozes também apareçam na historiografia. É um símbolo que encontra confirmação nos sucessos operacionais alcançados naquele dia em 1920. Embora não tenham sido um ponto de inflexão em termos estratégicos, sem dúvida anunciaram um avanço em favor do Exército polaco.

O 5º Exército do General Władysław Sikorski deslocou as tropas soviéticas para trás de Wkra, entrando na ferrovia Varsóvia-Działdowo e ameaçando assim a ala direita do 15º Exército inimigo, e o 1º Exército do General Franciszek Latinik recapturou Ossów e Radzymin. Isso, por sua vez, deu o tempo necessário para direcionar um ataque da linha do rio Wieprz ao grupo inimigo. 

Esta vitória é uma vitória polaca "Milagre no Vístula" também tem o outro lado da moeda. Este termo, modelado no francês "Milagre no Marne", não apenas atribuiu a vitória sobre os soviéticos a forças sobrenaturais, mas pretendia diminuir o papel do Comandante-em-Chefe, Józef Piłsudski. Isso se refletiu nas ações do conde Maurycy Zamoyski, que, por ser membro do Comitê Nacional, agradeceu oficialmente a batalha ao governo francês, vendo o principal triunfante do general Maxim Weygand.

General Maxim Weygand

Hoje sabemos que os franceses desempenharam um papel importante do ponto de vista do trabalho da equipe, mas não contribuíram em nada para a decisão de manobrar do rio Wieprz, já que empurrava o contra-ataque do norte, seguindo o padrão de Marne. O próprio interessado não escondeu, mas foi utilizado para manobras internas pelo presidente da França, Alexandre Millerand, que não podia simplesmente perder a oportunidade de multiplicar o capital político. Essas ações também foram acompanhadas pelo extremamente cínico primeiro-ministro britânico David Lloyd George. Enquanto isso, Weygand concluia:

"Esta vitória, que é a razão do grande feriado de Varsóvia, é uma vitória polaca. As operações militares antecipatórias foram realizadas por generais polacos com base no plano operacional polaco. Meu papel, assim como o dos oficiais da missão francesa, se limitava a preencher algumas lacunas nos detalhes da execução. Colaboramos com a melhor boa vontade nesta tarefa. Nada mais. Foi a heróica nação polaca que se salvou. A França tem o suficiente de sua própria glória militar e não tem direito à glória da amistosa Polônia."

Apesar disso, por muitos anos no Ocidente, a França foi vista como o principal autor da vitória em Varsóvia. Atualmente, ninguém está promovendo esta tese, já que o conflito existente nos últimos debates está centrado no tema Piłsudski-Rozwadowski.

De onde vieram as dúvidas?
Após o fim da guerra, os documentos militares foram armazenados nos Arquivos Militares, mas muitos deles permaneceram ultrassecretos, mesmo para oficiais superiores. Eles incluíam os arquivos produzidos nas proximidades do Comandante-em-Chefe e do Escritório de decifrar códigos, que operava no ramo do Segundo Estado-Maior. Isso se deve ao fato de que os soviéticos não perceberam que os polacos haviam quebrado seus códigos e conheciam o comando do Exército Vermelho. E estes não são apenas relatórios sobre a situação na frente, mas também decisões importantes sobre os planos operacionais, incluindo a Ordem de Bataille. Como resultado, relatórios diários foram preparados sobre as forças soviéticas: seus números, equipamentos e deslocamentos. Em segundo lugar, o monitoramento continuou e não foi abandonado nem mesmo durante a Segunda Guerra Mundial. 

Gen. Marian Kukiel, chefe do Escritório Histórico do Estado-Maior, acima do mapa, 1925-1926
Foto: Arquivos Digitais Nacionais, referência número 3/1/0/7/255/1 )

Enquanto preparava seu trabalho na Batalha de Varsóvia, o general Marian Kukiel, especialista em história militar, chefe do Escritório Histórico do Estado-Maior, não teve acesso a esses materiais. Ele em 1925, publicou uma obra na qual formulou uma ousada tese de que o autor do plano de Batalha de Varsóvia, e mais especificamente o pensamento estratégico da ordem de reagrupamento nº 8358, emitida em 6 de agosto de 1920 pela Divisão do 3º Alto Comando do Exército Polaco para os 4º e 3º Exércitos, não era o Marechal Józef Piłsudski, mas sim o General Tadeusz Rozwadowski.

Isso foi recebido com uma reação dura do Comandante, que havia alertado os pesquisadores da imprensa de que a documentação era enganosa, especialmente porque parte dela havia sido arquivada de forma inadequada. Após o golpe de maio, Kukiel foi afastado do trabalho no escritório histórico e se aposentou, embora uma comissão histórica especial nomeada para investigar as alegações do marechal determinou que o estudioso agiu honestamente, embora seus membros também não tivessem acesso aos documentos restritos.

Em 1927, foi criado o Instituto Histórico Militar, chefiado pelo General Julian Stachiewicz. Um ano depois, ele escreveu uma carta ao presidente do Comitê Histórico da Academia Polaca de Artes e Ciências de Cracóvia, padre Jan Fijałek (Kukiel colaborou com a PAU), no qual apontou duas questões: manuseio impróprio da documentação militar imediatamente após a guerra, colocando descrições ex-post e datas nela, e tirando conclusões erradas de Kukiel. 

O historiador-geral acrescentou à sua obra "Esboço da concentração do 1.º Exército no subúrbio de Varsóvia, desenhado pela mão do Comandante-em-Chefe, provavelmente a 5 ou 6 de agosto", acrescentando que o plano foi elaborado no Estado-Maior. Enquanto isso, Stachiewicz afirmou que o esboço foi feito pelo general Kazimierz Sosnkowski, vice-chefe do Ministério de Assuntos Militares durante a guerra, e o marechal não estava no QG no dia 5 de agosto ou na manhã do dia seguinte. Sosnkowski confirmou esta versão, e deve-se acrescentar que depois do Golpe de Maio, ele não estava nas melhores relações com Piłsudski.

Pensamento estratégico do Comandante em Chefe
Em apoio à tese de que Rozwadowski foi o autor do plano da batalha de Varsóvia, o próprio general costumava ser citado:

"Eu tinha um plano preparado para o Comandante em Chefe, que apresentei em termos gerais na reunião do Conselho de Defesa do Estado em 5 de agosto. Na noite de 5 a 6 de agosto, o comandante-em-chefe, após uma longa e animada discussão comigo, concordou em ordenar uma retirada em direção ao Vístula, com a formação de reservas em direção a Dęblin e o baixo rio Wieprz."

A linha de frente na guerra polaca-bolchevique na véspera da Batalha de Varsóvia
(fig. Halibutt , CC BY-SA 3.0)

Rozwadowski não escreveu diretamente que foi ele quem teve a ideia de uma contra-ofensiva do rio Wieprz, mas lendo sua declaração, pode-se ter essa impressão. Deve-se enfatizar que antes de escrever o artigo, Kukiel fez uma entrevista por carta com o general Rozwadowski, mas o general não se lembrou dos detalhes. Ele deu essa resposta à pergunta fundamental:

" - O conceito de despacho nº 8358 / III foi desenvolvido pelo Sr. General, foi ditado ou a redação foi atribuída a alguém?
- O primeiro conselho editorial foi então apresentado ao Marechal? 

- Resposta: o conceito desta ordem foi apresentado a mim antes do meio-dia em 6 de agosto, e as mudanças nele anotadas pelo coronel [Tadeusz] Piskor foram ordenadas por mim enquanto discutia as ordenanças aparentemente planejadas. " 

Józef Piłsudski, por sua vez, escreveu no ano de 1920, que desenvolveu ele mesmo o conceito da manobra, que pagou com grande esforço:

"Tive de lidar mais com esse fardo quando estava trabalhando por mim mesmo para extrair minhas decisões, não em algum conselho, mas em uma sala solitária no Palácio de Belvedere, na noite de 5 de agosto e à noite de 6. Existe um termo maravilhoso para o maior especialista em alma humana na guerra, Napoleão, que diz que quando começa a tomar uma decisão importante na guerra, ele é como uma menina dando à luz. […]

neste tormento terrível, não consegui suportar mais o absurdo da suposição para a batalha, o absurdo da passividade para a maioria das minhas forças reunidas em Varsóvia. O contra-ataque, em minha opinião, não poderia ser executado a partir de Varsóvia e Modlin. Em todo lugar atinge o inimigo frontalmente, contra suas forças principais, por completo [...] Tendo compilado todos os cálculos várias vezes, decidi duas coisas: retirar para o sul a maior parte de nosso 4º exército e arriscar a cobertura sul, eliminando duas divisões." 



O início da Batalha de Varsóvia (fig. Halibutt , CC BY-SA 3.0)

Além disso, o marechal lembrou o momento da chegada de Rozwadowski:
 
"Quando, na 6ª manhã, o General Rozwadowski me apresentou as ordens, ele entrou em meu escritório com um esboço como outra proposta ou combinação [o primeiro dizia respeito ao ataque de Modlin]. O esboço, na verdade, apresentava uma tentativa de decidir o que fazer com o 4º exército, quando ele teve que recuar para a seção do Vístula sem pontes e sem a possibilidade de cruzar rapidamente esta ampla partição. Neste esboço, o General Rozwadowski tentou usar o movimento retrógrado do 4º exército para concentrá-lo, pelo que me lembro, nas proximidades de Garwolin, no número de várias divisões, e assumindo que o inimigo estava claramente reunindo suas forças, em Varsóvia, atingiu este grupo concentrado ao norte, ou seja, em direção a Varsóvia. 
Rejeitei esse projeto e esse pensamento imediatamente, dizendo que duvido que mesmo a concentração fosse bem-sucedida nessas condições. O inimigo, que tem a vantagem até agora, impedirá facilmente uma mudança de frente e então o grupo concentrador deve fugir para Varsóvia ou - pior ainda - ser lançado em direção ao Vístula, o que pode terminar em um desastre para ele. Também indiquei a ele imediatamente que a maioria do 4º Exército precisava ir mais para o sul para se concentrar ali e contra-atacar."


Batalha de Varsóvia - fase II (desenho Halibutt , CC BY-SA 3.0)

Uma ótima combinação do marechal
A citação acima mostra que foi Piłsudski quem apresentou sua ideia estratégica a Rozwadowski e, em seguida, o instruiu a preparar ordens executivas. A ideia do marechal, que percebeu o vazio operacional do Exército Vermelho, decorrente da divisão de suas frentes pela Polícia, foi totalmente correta. Cortar as bases operacionais da Frente Tukhachev foi a principal pedra angular deste plano. 

Já em julho, o marechal tentou atacar o flanco esquerdo da Frente Ocidental com base na fortaleza de Brest:

O exército de cavalaria de Budyonny foi barrado na Batalha de Brody (29 de julho a 3 de agosto) com a intenção de neutralizá-la, para não ameaçar a retaguarda das divisões polacas [despacho nº 7433 / III de 9 de julho "Diretrizes operacionais para a contraofensiva"]. Esta ação terminou em fracasso devido à impossibilidade de manutenção da linha do rio Bug. Vale a pena acrescentar que o então chefe de gabinete era o General Stanisław Haller (Rozwadowski assumiu esta função apenas em 22-26 de julho). A manobra do rio Wieprz foi uma continuação dessa ideia.

Józef Piłsudski em agosto de 1920
Foto: Arquivos Militares Centrais)

Piłsudski, no entanto, tinha um dilema fundamental que precisava resolver:

"Eu condenei Varsóvia antecipadamente a um papel passivo, para resistir à pressão que foi feita sobre ela. Mas eu não queria associar a grande maioria de minha força ao papel passivo. Quando estava pensando em reduzir o elenco passivo novamente, fiquei preocupado se Varsóvia resistiria".

Nas atas das reuniões do Conselho de Defesa do Estado da tarde do dia 6 de agosto, ficava registrada a afirmação do marechal: “hoje tomei uma decisão muito séria”.

Por sua vez, após a Batalha de Varsóvia, também na reunião do ROP - Movimento de Reconstrução da Polônia, em 27 de agosto, na presença do comando, governo e oficiais franceses, Piłsudski disse:

"O Plano de Rozwadowski foi fundamentalmente alterado por mim."

No apêndice do protocolo ROP intitulado "Relato comum do General Rozwadowski e do Gen. Sosnkowski sobre a gênese da operação Varsóvia 1920 / agosto / ", foi afirmado:

"O comandante em chefe planejou um contrato maior durante as batalhas no rio Bug, mas quando se descobriu que o exército teria que se retirar até o Vístula, ele iniciou o reagrupamento relevante durante essas marchas."

Finalmente, em 15 de agosto, Rozwadowski escreveu a Piłsudski em Dęblin:

"Tenho a impressão geral de que toda a ação está se desenvolvendo muito favoravelmente e que temos condições favoráveis ​​na hora certa, como o Comandante as previu. Até agora, temia que os bolcheviques não nos atacassem com seriedade suficiente para podermos contar com um forte golpe de flanco. Enquanto isso, os eventos perto de Radzymin claramente os encorajaram, e a relutância deliberada de Sikorski também os fez ousar."

"O ataque principal das forças do Sr. Comandante acertará perfeitamente bem, e é melhor que este ataque comece amanhã de manhã, desde que haja um grupo com forças fortemente descansadas. [...] Então aqui também, de acordo com a ordem do Comandante, a implantação já está em andamento. Considero muito afortunada a coordenação das ações do 4º e do 3º Exército [...] O Sr. Comandante preparou perfeitamente o arranjo das ações do 4º Exército com o 1º." 

General Władysław Sikorski com a equipe do 5º Exército durante a Batalha de Varsóvia
Foto: Arquivo Militar Central)

Uma disputa estéril
o Despacho nº 8358 / III, que continha o plano da Batalha de Varsóvia, foi elaborado tecnicamente pelo Estado-Maior, porque essa era a sua função. A tarefa do comandante-chefe não era dar ordens operacionais aos agrupamentos táticos. No exército, o princípio do comando de um homem está em vigor, e cada comandante é responsável por sua unidade subordinada em seu próprio nível. O comandante em chefe, portanto, assumiu a responsabilidade por todo o exército, incluindo a adoção e implementação do plano de contra-ofensiva. Não foi por acaso que Piłsudski nomeou Rozwadowski chefe do Estado-Maior Geral. Em 1922, o marechal preparou um conjunto de opiniões sobre os generais polacos, onde indicou: 

"Cabeça muito capaz e orientada rapidamente. Um homem de grande experiência e inteligência viva. Sem capacidade organizacional ou administrativa. Ele se pareceria com a conhecida figura histórica de Prądzyński, fazendo vários planos um após o outro no local, sem ter personagem para realizar nenhum deles de forma consistente. Ele se ilumina facilmente com qualquer coisa, com cada pensamento, para instantaneamente mudar para outro."

Esta opinião foi confirmada nos relatórios de outros comandantes, incluindo o estado-maior húngaro do coronel Géza Dormándi. Apesar disso, Piłsudski apreciava Rozwadowski porque: 

"foi neste momento difícil para nós que ele fez muito. Escolhi-o como chefe de gabinete, não porque fosse o melhor para o cargo, mas porque era uma exceção feliz e honrada entre a maioria dos generais da época. Ele nunca perdeu sua resiliência, energia e força moral; ele queria acreditar em nossa vitória."

Gen. Tadeusz Rozwadowski 
Foto: Arquivos Digitais Nacionais, número de referência 3/1/0/7/451/1

Por fim, deve-se ressaltar que se menciona com frequência que o General Tadeusz Rozwadowski foi o autor de várias ordens que serviram de base operacional para a manobra sobre o rio Wieprz. É sobre o assim chamado "Instrução Geral de Defesa" de 4 de agosto e "Ordem" com o número fictício 10.000 / III de 8 de agosto.

Na verdade, o primeiro deles era apenas um rascunho do relatório da 3ª Divisão do Alto Comando do Exército Polaco (provavelmente pelo Coronel Tadeusz Piskor), que nem mesmo se referia à contra-ofensiva, e o segundo nunca foi incluído nas comunicações operacionais do NDWP, porque era um manuscrito de Rozwadowski contendo uma variante da ordem no. 8358 / III, e sua implementação dependia das ações do inimigo. 

O marechal assinou e autorizou o general a emitir ordens por conta própria durante a ausência do comandante-em-chefe em Varsóvia, mas ao mesmo tempo "ordenou o general Sosnkowski e o coronel  Piskor a vigiar com muito cuidado o General Rozwadowski para que [ele] não dê nenhum passo nesta área que seja incalculável e tenha consequências”. Ou seja, que o general não deveria mudar as diretrizes do despacho nº 8358 / III, que foi modificado antes, de 10 de agosto, por influência dos integrantes da Missão Militar da França e do General Józef Haller, que insistia no fortalecimento da ala Norte do exército polaco, conforme previsto no despacho 10 000 / III. Portanto, não foi o resultado da iniciativa de Rozwadowski. 

A mudança (em parte politicamente) forçada encontrou a desaprovação do marechal, pois este acreditava na altura que ela "contradizia a lógica e todas as boas leis da guerra", enfraquecendo a Frente Central, preparada para uma contra-ofensiva.

Essa crítica, no fim das contas, foi exagerada, à medida que o fortalecido 5º Exército cumpria sua tarefa, empurrando os soviéticos para trás do rio Wkra. Piłsudski, indo a cidade de Puławy para assumir o comando do grupo de manobra, entregou ao Primeiro Ministro Witos sua renúncia, prevendo em caso de derrota que a Entente exigiria sua renúncia. Witos escondeu o documento em um cofre. 

Bibliografia
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- idem, The Warsaw Operation August 1920 , Bellona, ​​Warsaw 2005. 

Texto: Maciej A. Pieńkowski
Tradução e adaptação para o português: Ulisses Iarochinski

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

A Polônia dos pintores polacos de origem judaica

Os judeus viveram na Polônia por mil anos. Criaram uma comunidade e uma cultura vibrantes que foram tragicamente interrompidas pela Segunda Guerra Mundial.
  
Judeus Orando na Sinagoga no Dia da Expiação' por Maurycy Gottlieb, 1878,
foto: Wikimedia Commons

O artista por trás dessa pintura, Maurycy Gottlieb, é descrito como "o representante mais proeminente da cultura judaica", na Polônia, na segunda metade do século XIX. O imensamente talentoso Gottlieb nasceu em 1856, na cidade de Drohobycz, (hoje na Ucrânia) e estudou com o célebre pintor histórico Jan Matejko. Apesar de ter morrido com apenas 23 anos - devido a complicações após uma cirurgia na garganta - Gottlieb tornou-se um dos pintores mais importantes da Polônia, conhecido por suas referências estilísticas a Rembrandt e profundo interesse pela história e cultura judaica.

A pintura de 1878 Żydzi w Bożnicy (Judeus orando na sinagoga no Dia da Expiação) está entre as obras mais conhecidas de Gottlieb. Mostra um grupo de fiéis em uma sinagoga durante o feriado de Yom Kippur, que é "o dia da expiação e jejum, considerado o mais sagrado e o mais solene dia do ano no calendário judaico", de acordo com o Instituto Histórico Judaico.

Diz-se que a obra impressionante de Gottlieb mostra o interior da sinagoga, não mais lá, em sua cidade natal. Muitas das figuras masculinas na pintura usam talit ou xales de oração tradicionais. Curiosamente, o artista se retratou entre os personagens aqui, e mais de uma vez: 
  
" O próprio Maurycy está de pé, em um talit colorido de aparência exótica, com a cabeça na mão. À esquerda, temos o artista ainda menino, usando um medalhão com suas iniciais escritas em hebraico. Na extrema direita está uma jovem figura masculina, talvez novamente Maurycy, lendo o livro de orações ao lado de um homem que bem poderia ser seu pai." 
"Do livro de 2002 'Pintando um Povo: Maurycy Gottlieb e a Arte Judaica' de Ezra Mendelsohn, publicado pela UPNE."

'Sucot' por Leopold Pilichowski

'Sukkot' por Leopold Pilichowski, 1894-1895, foto: Wikimedia Commons

Pouco depois do Yom Kippur, que ocorre no outono, os judeus religiosos celebram o feriado de uma semana de Sucot. Eles comemoram a jornada de 40 anos dos israelitas pelo deserto, que os trouxe do Egito para a Terra Prometida.

O feriado tem como tema Sukkot, uma pintura criada por Leopold Pilichowski entre os anos de 1894 e 1895. Pilichowski, um importante artista polaco de origem judaica, nasceu em 1869 na vila de Rzeczyca, perto da cidade de Sieradz, e estudou pintura com o aclamado pintor realista Wojciech Gerson. Pilichowski se tornou também um pintor realista, que frequentemente empregava temas judaicos em sua arte.

Na época da criação de Sucot, Pilichowski morava em Łódź , então é muito provável que esta esplêndida pintura mostre uma cena daquela cidade. Na obra, pode-se ver um grupo de homens em uma sinagoga. O da esquerda está examinando um lulav ou um buquê festivo tradicional composto por folhas de palmeira, brotos de salgueiro e murta, que é agitado durante certas orações de Sucot. No centro da pintura, pode-e contemplar um adorador segurando um etrog ou uma fruta semelhante a um limão, que também é agitado (ou segurado) durante as cerimônias de Sucot. 


'Bênção da Lua Nova' por Artur Markowicz

'Bênção da Lua Nova' por Artur Markowicz, 1933, foto: Wikimedia Commons

Esta bela peça mostra outra cerimônia judaica:
"Uma bênção de agradecimento (oração) pelo reaparecimento da lua no céu. Pode-se dizer, a partir da terceira noite após o aparecimento da lua [...] até ficar cheia. [...] A bênção é geralmente dita no final do Shabat, após as orações da noite (maariv), ao ar livre, por exemplo em frente à sinagoga, quando a lua está claramente visível."  (Citado do site do Instituto Histórico Judaico, trad. MK) 

Poświęcenie Nowiu Księżyca (Bênção da Lua Nova) foi criada pelo famoso pintor Artur Markowicz em 1933. O artista nasceu, em 1872, na cidade de Podgórze (que se tornou parte de Cracóvia em 1915) e estudou com Jan Matejko. Markowicz viveu em Cracóvia por muitos anos, muitas vezes retratando seus habitantes polacos de origem judaica. A obra de arte em questão pode muito bem mostrar uma cena da cidade ou de sua área.

Markowicz é especialmente valorizado por seu uso habilidoso de cores. Em Blessing of the New Moon, ele contrastou de forma fabulosa o preto das vestes das figuras retratadas com o azul da noite envolvendo toda a cena.

'The Final Hour of Rabbi Eleazar' por Jankiel Adler

'The Final Hour of Rabbi Eleazar' por Jankiel Adler, 1918-1920,
foto: cortesia de Muzeum Sztuki em Łódź

Esta obra de arte intrigante foi criada pelo excepcional pintor Jankiel Adler, que nasceu em 1895 na cidade de Tuszyn. Ao longo dos anos, o estilo de pintura de Adler evoluiu, mudando do expressionismo para o cubismo e, mais tarde, para o abstracionismo. A pintura aqui, criada entre os anos 1918 e 1920, numa época em que o artista fazia uso do expressionismo e era fascinado pelo misticismo hassídico e pelo folclore judaico.

Ostatnia Godzina Rabiego Eleazara (A hora final do rabino Eleazar) mostra o momento da morte de um rabino cercado por sua família. Suas figuras alongadas e efêmeras parecem fazer referência às obras de El Greco.

"O caráter espiritual da cena é transmitido pelos olhos semicerrados dos personagens. As faces são mostradas esquematicamente. Atrás do rabino um anjo da morte aguarda o momento certo para levá-lo para o outro lado; podemos ver o anjo dando o beijo final no rabino, antes de levá-lo ao trono do Criador. Na tradição judaica, os anjos acompanham cada pessoa durante toda a sua jornada terrena. Eles são um sinal da presença diária de Deus perto do homem. [...] O chamado deles é cumprir os mandamentos de Deus." Da descrição polaca de 'The Final Hour of Rabbi Eleazar', trad. MK

A pintura fazia parte da coleção de Muzeum Sztuki em Łódź, mas foi roubada de lá em 1981 e está desaparecida desde então.

'Família Judaica Fazendo Brinquedos' por Mojżesz Rynecki

'Jewish Family Making Toys' por Mojżesz Rynecki, sem data,
foto: Wikimedia Commons

Religião e espiritualidade eram tópicos importantes para os pintores polacos de origem judaica, mas também o era a vida secular. Esta encantadora pintura, cuja data exata de criação é desconhecida (acredita-se que seja antes de 1939), mostra uma família fazendo brinquedos juntos no que parece ser sua casa. Os brinquedos fabricados muito provavelmente serão colocados à venda na loja da família ou na barraca do mercado.

Rodzina Żydowska Robiąca Zabawki (brinquedos para a família judaica) foi feito por Mojżesz Rynecki, um pintor reconhecido nascido em 1881 na cidade de Międzyrzec Podlaski. Rynecki estudou na Academia de Belas Artes de Varsóvia e muitas vezes pintou cenas de gênero mostrando a vida cotidiana das comunidades judaicas polacas. Freqüentemente, ele retratava pessoas no trabalho, em paisagens urbanas ou em casa (embora se deva acrescentar que também empregou temas religiosos).

"Suas obras são caracterizadas por esquemas de cores vivas e vivas, contornos lineares fortes, deformações e expressões das figuras muitas vezes retratadas de forma quase caricatural." Do site do Instituto Histórico Judaico, trad. MK


Infelizmente, Rynecki foi assassinado, em 1943, no campo de extermínio nazista alemão de Majdanek

'Rua Fiddler' por Herszel Danielewicz

'Street Fiddler' por Herszel Danielewicz (Harry Daniels), sem data, 
foto: Instituto Histórico Judaico

A vida cotidiana também é mostrada nesta obra pelo valorizado ilustrador e pintor Herszel Danielewicz. Parte de uma série de litografias sem data intitulada Z Dawnego Życia Żydów (Da Vida Passada dos Judeus), retrata maravilhosamente uma performance de rua dada por um músico folclórico itinerante. Os curiosos aldeões se reúnem ao seu redor para testemunhar sua atuação.

Danielewicz nasceu na aldeia de Koło perto de Łódź em 1882 e cresceu lá. Sua arte, que foi descrita como realista e social, muitas vezes retratou a vida da comunidade judaica polaca em sua aldeia natal . É bem provável que a cena mostrada em Uliczny Skrzypek (rua Fiddler) se passe em Koło. Em 1939, Danielewicz mudou-se para a América, onde se tornou conhecido pelo nome inglês Harry Daniels.

'Dybbuk' por Henryk Berlewi


'Dybbuk (Chonon & Lea)' por Henryk Berlewi, 1920,foto: polswissart.Aqui está uma obra de arte que aponta para uma parte importante da vida artística judaica polaca antes da guerra. Em 1920, o Elizeum Theatre, em Varsóvia, sediou a estreia mundial da peça The Dybbuk, ou Between Two Worlds, escrita pelo dramaturgo polaco de origem judaica Szymon Anski. Encenada em iídiche, a peça se tornou extremamente popular entre o público de origem judaica e foi traduzida para outras línguas e apresentada no exterior. 

Depois de saber que sua amada foi prometida a outro homem, Chonon morre atingido por uma força sobrenatural. Acontece, porém, que ele aparece no casamento de Lea e entra em seu corpo como um dybbuk - um demônio do folclore.

" O amante indignado assume o controle do corpo da garota; um tsaddik de Miropol tenta expulsá-lo. Ele consegue, mas acontece que o destino de Lea e Chonon já havia sido selado antes de seu nascimento por um acordo entre seus pais. Os homens decidiram que, se algum dia gerassem um menino e uma menina, os filhos se casariam. Eventualmente, o dybbuk de Chonon assume o corpo de Lea novamente. Ela morre e se junta ao seu ente querido na vida após a morte."  (Citado em 'Dybuk - Metafora Polsko-Żydowskiej Pamięci' em histmag.org, trad. MK)

A litografia Dybuk (Chonon i Lea), cujo título simplesmente significa 'Dybbuk (Chonon & Lea)', foi criada, em 1920, pelo renomado pintor e crítico de arte Henryk Berlewi como um pôster da peça citada. Berlewi nasceu, em 1894, em Varsóvia, e estudou na Academia de Belas Artes local. Seu magnífico pôster mostrando os principais personagens da peça de Anski testemunha seu fascínio inicial pelo expressionismo e Marc Chagall. Mais tarde, em sua carreira artística, Berlewi se voltou para a vanguarda.

'Art Colony of Kazimierz Dolny' por Chaim Goldberg

'Art Colony of Kazimierz Dolny' por Chaim Goldberg, 1974, foto: chaimgoldberg.com

Finalmente, temos uma pintura colorida que também se refere à vida artística judaica polaca na Polônia entre as guerras. Mostra a pitoresca cidade de Kazimierz Dolny, que nos tempos anteriores à guerra era um shtetl, ou seja, a cidade natal de uma grande comunidade judaica. Devido à sua arquitetura encantadora e arredores naturais, a cidade se tornou um destino popular para pintores do pré-guerra, incluindo muitos artistas polacos de origem judaica. A cidade ganhou a reputação de colônia de arte; o escritor Jacob Glatstein, que veio da América para Kazmierz Dolny em 1934, escreveu em seu livro When Yash Set Out : 'Em Kazimierz, cada terceira pessoa é um pintor.'

A atmosfera da cidade como um paraíso para pintores é o tema da Art Colony of Kazimierz Dolny de 1974, do eminente pintor e escultor Chaim Goldberg. Goldberg nasceu em Kazimierz, em 1917, e estudou na Academia de Belas Artes de Varsóvia. Ele frequentemente retratou sua cidade natal em suas pinturas, mesmo depois de deixar a Polônia, em 1955, para viver em Israel e mais tarde na América. A pintura é executada em um estilo expressivo que mostra a atenção de Goldberg aos detalhes.

Fonte: culture.pl
Texto: Marek Kępa
Tradução e adaptação para o português: Ulisses Iarochinski