quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Jovens Judeus equivocados

foto: Tel Aviv University
Aconteceu esta semana, na Universidade de Tel Aviv, em Israel, um encontro internacional Israel-Polônia, reunindo professores, estudantes e diversas entidades, para discutirem a “Marcha de Estudantes Judeus” a Auschwitz.
Ao que consta, o que chocou o ministro da cultura polaco, Waldemar Dąbrowski, em 2003, continua ocorrendo, mesmo depois da intensa participação dos estudantes católicos da Polônia, que atenderam ao chamamento do ministro e junto com israelenses e estrangeiros de origem judaica marcham até o campo de concentração alemão. Os equivocos, agora são, não só dos estudantes israelenses, mas também dos estudantes de origem judaica de outros países.
Não se sabe ainda com certeza se são os professores destes estudantes, a falta de informação, ou a idade precoce para uma visita de tal magnitude num local de tristes recordações (Diga-se de passagem, não só para judeus, mas também para ciganos, católicos, mulçumanos e diversas etnias), a causa de tantos disparates históricos.
Frases como: “Nossa! Não sabia que Auschwitz era na Polônia.”; “Então foram os polacos que mataram os nossos judeus!”; “Os polacos são anti-semitas.”;
Ou então, perguntas como: “O nome da cidade é Oświęcim? Que engraçado!”; “Por que esta marcha é realizada na Polônia e não na Alemanha?”; Por que não vamos para o campo de concentração de Munique?”; "Os alemães não nos querem na Alemanha?", "Os polacos estão explorado turismo com nosso sofrimento, é isso?".
O fato dos campos de concentração de Auschwitz, Birkenau, Belzec, Majdanek, Chelmno, Sobibór, Treblinka e outros terem sido edificados em território polaco, tem levado estes estudantes de origem judaica a deduzirem que o Holocausto foi obra dos católicos polacos e não dos alemães de Hitler. Numa confusão histórica que só fomenta discriminação e desentendimento. O que precisa ficar claro para estes estudantes é que a Polônia foi vítima e não carrasco; que a Polônia durante séculos foi a única terra dos judeus (expulsos pelos reis católicos da Espanha, Portugal, França, Itália, Alemanha e outros países); que muitos dos fundadores do Estado de Israel nasceram em território polaco e ali se casaram com católicos, aprenderam a comer pierogi e a beber vodka.

Marcha de estudantes israelenses

Foto: Jarmen

Desde 1988, o Ministério da Educação de Israel promove a "Marcha de estudantes judeus", em cooperação com a organização „March of the Living”, na Polônia.
Na primeira marcha, realizada sempre no mês de abril, estiveram cerca de 1,5 mil estudantes israelenses, no trajeto de 70 km entre Cracóvia e Auschwitz (na cidade de Oświęcim, na Polônia). Em 2003, o Ministro da Cultura da Polônia, depois de ler na imprensa, declarações equivocadas dos estudantes israelenses sobre a história da segunda guerra mundial, convocou todos os estudantes polacos a se juntarem aos israelenses. O que chocou o ministro foi que muitos destes estudantes de segundo grau de Israel estivessem surpresos de que o campo de concentração alemão era na Polônia e não na Alemanha. Alguns, nas entrevistas, deduziam então de que quem assassinou os judeus na segunda guerra mundial eram os polacos e não os alemães, numa completa inversão de valores. O chamamento do ministro polaco levou mais de 20 mil estudantes de 50 países a marcharem até o campo de concentração, em 2005. Nas solenidades daquele ano estiveram presentes também os primeiros ministros de Israel – Ariel Szaron, e da Polônia – Marek Belka, e o prêmio Nobel Elie Wiesel. Em anos anteriores também estiveram na marcha os ex-presidentes Aleksander Kwaśniewski, da Polônia e Ezer Weizman, Mosze Kacaw, de Israel, além dos primeiros ministros Jerzy Buzek, da Polônia, e Benjamin Netanjahu, de Israel. Em 2006, esteve Szymon Peres.
Neste ano, de 2007, estiveram marchando também cerca de 150 estudantes brasileiros de origem judaica, procedentes de São Paulo.

Vandalismo em Częstochowa

Foto Polícia de Częstochowa
O prefeito de Częstochowa, Tadeusz Wrona, reuniu estudantes de arte, na última terça-feira, para limpar cerca de 100 túmulos, no cemitério judeu da cidade, que foi profanado com símbolos nazistas por vândalos. A Polícia descobriu, no domingo, inscrições SS, suásticas e frases de "Fora judeus", escritas em alemão, nas lápides. A Polícia ainda não descobriu quem são os culpados.
O líder dos rabinos na Polônia, Michael Schudrich, foi junto com o prefeito acompanhar os trabalhos de limpeza dos estudantes. O rabino disse que, "muito freqüentemente o resto da sociedade tolera estas coisas. Mas neste caso, o prefeito e os jovens não ficaram sentados em casa esperando que outros limpassem isto. Eles vieram e agiram, não ficaram só no discurso”.
A Polônia foi casa de mais de 3.5 milhões de judeus - a maior comunidade judia da Europa - até a Segunda Guerra Mundial, quando então, a maioria foi assassinada pelos alemães. Estima-se que vivam hoje 30.000 judeus no país predominantemente católico.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Futebol Polaco

O campeonato polaco de futebol 2007/2008 já começou...após duas rodadas o Legia Varsóvia está em primeiro. O campeão do ano passado, Zagłębia Lublin perdeu neste fim de semana para o Wisła Kraków (dos brasileiros Jean Paulista e Kleber) por um a zero.

O Wisła não jogou a primeira rodada pois estava em Chicago nos EUA onde venceu o torneio internacional que contou com o Sevilha da Espanha e o Reggina da Itália. Na foto, o lateral esquerdo, Kleber, após troca de camisas com jogador do Sevilha, levanta a taça de campeão.

Kleber campeão em Chicago

Foto: Imprensa de Chicago

E na foto abaixo, o atacante Jean Paulista, considerado pela crítica polaca, o mais técnico e habilidoso brasileiro do campeonato polaco, com a famosa camisa branca do Wisła, domina a bola no campo dos espanhóis. Por sua vez, o ex-Coxa Branca, Adriano, agora no Sevilha, pelo segundo ano consecutivo, amargou uma derrota para o time de Cracóvia. A primeira derrota aconteceu na comemoração dos cem anos de existência do clube de Cracóvia, ano passado.

Racławicka: Um enorme quadro panorama


Na cidade de Wrocław (pronuncia-se: vrossúaf) há um museu especialmente construído para abrigar um único quadro. Parece improvável, mas é verdade.

Também pudera o quadro que representa a Batalha de Racławice (pronuncia-se: Rassúavitce) tem 15 metros de altura por 114 de comprimento. Ou seja, corresponde mais ou menos a um edifício de 6 andares. Para visualizá-lo é preciso estar dentro dele.

Explico, ele é montando em forma circular, já que o prédio do museu foi especialmente construído em formato circular, assim a obra em óleo está disposta na parede com suas extremidades se tocando. Retrata a vitória do herói de dois mundos Tadeusz Kościuszko, que lutou pela Independência dos Estados Unidos e da Polônia.
Uma cena de Raclawicka

Foto: Museu Panorama Raclawicka




O Panorama da Batalha de Racławice é o mais antigo e único exemplar existente de panorama pintado na Polônia.

A idéia de pintar a célebre batalha foi do pintor Jan Styka (1857–1925) em Lwów, que convidou o renomado pintor Wojciech Kossak (1857–1942) para participar no projeto.

Eles foram ajudados por Ludwik Boller, Tadeusz Popiel, Zygmunt Rozwadowski, Teodor Axentowicz, Włodzimierz Tetmajer, Wincenty Wodzinowski e Michał Sozański.

O projeto foi concebido como uma manifestação patriótica que comemorava o 100º aniversário da Batalha vitoriosa de Racławice, episódio famoso da Insurreição de Kościuszko, um ato heróico mas no qual cai tentando defender a independência polaca.

A batalha foi lutada no dia 4 de abril de 1794 entre a força regular dos insurretos e temerosos camponeses armados de foices sob o comando de Kościuszko (1746–1817) e o exército russo comandado por Tormasov. Para a nação que tinha perdido sua independência, a memória desta vitória gloriosa era particularmente importante.


Endereço:
Jana Ewangelisty Purkyniego 11, 50-155
Wrocław, Polônia

domingo, 5 de agosto de 2007

Salomé de Olbinski



Outro poster do Rafał. Realmente ele é super (nova gíria polaca - influência estrangeira no idioma). Olbinski nasceu na Polônia, em 1945, arquiteto, pintor, designer, ilustrador e artista de poster. Desde 1981 vive em Nova Iorque, o que permitiu que sua obra fosse conhecida em todo o mundo. Frequentemente faz ilustrações para as revistas Time, Der Spiegel e Newsweek. Leciona atualmente na Escola de Artes Visuais de Nova Iorque.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Curitibanos na Lista de Schindler

Para quem não sabe ainda, o filme de Spilberg, "Lista de Schindler", foi inteiramente gravado em Cracóvia. Outra informação é que dois curitibanos trabalharam no filme como figurantes. Mauro Kraenski e Rogério Piasecki, na época, eram estudantes na Universidade Jagiellonski. No filme, a cena de evacuação dos judeus do bairro do Kazimierz para o outro lado do rio Vístula é marcante. Não só pelo clima dramático e de horror, mas também porque, por dois rápidos segundos, aparece na tela grande, o rosto de Rogério, fazendo as vezes de um judeu.
Ponte de ferro do Podgórze
Foto Prefeitura de Cracóvia
A foto, mostra a ponte de ferro por onde os judeus passaram a pé, em direção ao para o guetto criado pelos nazistas, no bairro do Podgórze. Além da ponte, pode-se ver, ao fundo, o Castelo de Wawel e a torre da catedral metropolitana.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Leminski em polaco

Moje polskie serce wróciło

Serce, które mój dziadek

Przyniósł mi z daleka

Serce zdruzgotane

Serce podeptane

Serce poety

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Meu coração de polaco voltou

Coração que meu avô

Trouxe de longe pra mim

Um coração esmagado

Um coração pisoteado

Um coração de poeta.

Paulo Leminski, Polonaises, 1980.
Tradução Anna Róża Orzech

Culpa do Bush?

Caiu a ponte de Minneapolis. É culpa do Bush? Ou será que é do Bin Laden? Fosse no Brasil, a direita impedernida (que tem saudades de Hitler, Stalin e Médici) já estaria culpando o Lula através da grande imprensa e de emails idiotas...
Por outro lado, como é que a nação mais poderosa e orgulhosa do mundo pode construir pontes que caem? Engraçado que ela também foi reformada como a pista de Congonhas. Será que são os engenheiros, ou os operários que não sabem reformar?

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Castelo da idade média

Um castelo que vale a pena visitar é o de Czorsztyn. Alguns filmes retratando a idade média já foram gravados ali. Fica a beira de um grande lago e das montanhas Tatras e da reserva natural “Zielone Skałki”.
Castelo de Czorsztyn
Foto Ulisses Iarochinski

O Castelo de Czorsztyn fica quase na fronteira com a Eslováquia e foi construído no século XIII. Serviu muitas vezes de pouso para o rei Casimiro – “O Grande”, da Polônia, em suas viagens a Hungria e Áustria. Também fizeram uso do magnífico castelo, os reis Ludwik Węgierski e Władysław Jagiełło. Foi incendiado em 1795 e por causa disso durante séculos foi apenas ruínas. Décadas atrás ao se tornar parte do Parque Nacional Pieniny foi finalmente restaurado. Polacos, Eslovacos, Tchecos, Húngaros e Austríacos são seus mais assíduos visitantes. Muito próximo fica outra atração bastante apreciada: descer as águas tranqüilas do rio Dunajce em canoas de troncos, conduzidas pelos típicos montanheses polacos até a cidade de Krościenko Nad Dunajcem.


Raffting no rio Dunajce


Foto Ulisses Iarochinski

terça-feira, 31 de julho de 2007

Igreja das Múmias

Mais uma atração turística de Cracóvia, que você não vai encontrar nos manuais de viagens e nem ouvir dos guias turísticos. E se você perguntar pelas ruas, ou mesmo, nas centenas de livrarias da cidade, não vai ter resposta. Alguns, ao ouvir, "Igreja Święt Kazimierz", vão indicar a "Igreja Bożego Ciało", no bairro judeu do Kazimierz.
Talvez isso se deva, por que os monges Franciscanos-Reformados não queiram propaganda de suas catacumbas. Mas a igreja das múmias européias existe ali na Ulica (rua) Reformacka, 4, sim! Não são como aquelas tradicionais múmias de sarcófagos egípcias, com bandagens e tudo mais, não! Pois são múmias vestidas com suas próprias roupas mortuárias. Foram colocadas no porão da igreja dos Franciscanos-Reformados ao longo dos últimos séculos.




Foto Ulisses Iarochinski

Como estas primeiras, de quatro monges, colocadas no chão de terra batida da catacumba no início dos anos 1600. Durante a segunda guerra mundial, os soldados alemães levaram mais de duas mil múmias para que Jozef Mengeli fizesse experiências em Auschwitz. Restaram apenas setenta múmias. Na época do comunismo, as catacumbas podiam ser visitadas diariamente, mas há alguns anos é possível somente visitar o porão da igreja uma vez no ano, no dia primeiro de novembro, dia de "Todos os Santos". E por apenas 15 minutos! A explicação para a existência de múmias não embalsamadas seria a existência de um microclima no porão da igreja. Estão em perfeito estado, os corpos de nobres polacos e europeus; de um soldado de napoleão e de um bispo, que deve ser canonizado santo, em razão de seus milagres.
Verdade é que algumas múmias estão em processo de deterioração. A causa seriam as constantes visitas que ocorreram nas últimas décadas, daí o porque da restrição para apenas um dia de visitação no ano. Sendo que no último ano não foram permitidas visitas.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Curitiba = Kurytyba

Curitiba é a única cidade brasileira que possui grafia no idioma polaco. Isso porque, Kurytyba é considerada a capital polaca da América do Sul. Também porque, é a terceira cidade no mundo em número de habitantes de origem polaca, superada apenas por Chicago (EUA) e Varsóvia. Em Cracóvia, atrás do Castelo de Wawel (Panteão Nacional) há um totem com placas de 25 cidades parceiras.


foto Ulisses Iarochinski

Kurytyba ocupa lugar de destaque por ser "Cidade Gêmea de Honra". As demais são denominadas apenas como cidades parceiras. A indicação é de que Curitiba está 11.500 km distante de Cracóvia.

domingo, 29 de julho de 2007

A Madona de Cracóvia


Para aqueles que pensam existir apenas a Madona do Louvre, a cidade de Cracóvia, apresenta outra. E do mesmo gênio de Leonardo da Vinci. Um dos símbolos gráficos da cidade, a "Madona" do Museu Czartoryski, tem uma história de muitos percalços. Quando vir a Cracóvia, não deixe de ver o quadro, talvez não tão famoso quanto o da Gioconda, mas nem por isso, menos belo e enigmático.
A Madona e o Arminho

Foto: Acervo do Museu Czatoryski

Leonardo da Vinci conheceu Cecília Gallerani, em Milão em 1494 quando ambos estavam vivendo no Castello Sforzesco, o Palácio de Ludovico -O Moro- Sforza. Ela era uma das senhoras da casa do Duque; jovem e bonita (tinha apenas 15 anos), Cecília era música e escrevia poesia. Quando Da Vinci foi comissionado para pintar o retrato de Cecília, em 1496, ele a representou segurando um Arminho qualquer, porque o nome dela, Galle, significa Arminho em grego, ou então, porque o emblema de Ludovico Sforza era um Arminho. Quando Ludovico Sforza se casou com Isabella D'Este, Cecília teve que deixar o Palácio, mas levou o retrato pintado por Da Vinci com ela. O Moro lhe deu um dote e um castelo fora de Milão, onde ela passou o resto de sua vida com o marido Conde Pergamino.

DE ROMA PARA A POLÔNIA
Não havia nenhum rastro do quadro durante quatro séculos até que o filho de Izabela Czartoryska, o nobre polaco Adam Jerzy o adquiriu, em Roma. Não havia inclusive, registro de procedência da obra. Junto ele comprou um auto-retrato de Raphael que pertencia à família de nobre de Veneza, os Giustiniani.

Adam Jerzy Czartoryski

Foto: acervo do Museu Czartoryski


Em 1800, "A Madona e o Arminho" foi levado para o bonito castelo Czartoryski, em Puławy, situado a 160 km a Sudeste de Varsóvia, onde foi exposto no primeiro museu da família, criado por sua mãe. Ao receber a pintura do filho, a princesa Izabela disse sobre o arminho: "Se for um cachorro, é muito feio” e ela denominou o retrato de Cecília Gallerani como "Belle Ferroniere".
Em 1830, depois da revolução de Varsóvia, a tropa russa marchava para Pulawy e a Princesa Izabela foi forçada a guardar “A Madona com o Arminho" e o auto-retrato de Raphael, em seu refúgio de Sieniawa, próximo a Cracóvia, cidade que se encontrava sob ocupação austro-húngara. Apesar da ocupação estrangeira, o quadro estava protegido ali da pilhagem russa.
DA POLÔNIA PARA PARIS -
Em 1843, depois de estar escondido por nove anos em Sieniawa, "A Madona" foi exibida em Paris, no Hotel Lambert, propriedade do Príncipe Adam Jerzy Czartoryski. Em 1871, depois da derrota francesa na guerra Franco-prussiano, "A Madona" foi mantida num cofre, no porão do Hotel Lambert.
DE PARIS PARA A POLÔNIA -
Em 1876, "A Madona e o Arminho" volta orgulhosamente à Polônia e é mantida no novo Museu Czartoryski, de Cracóvia. Em 1894, o Príncipe Adam Ludwik assume o Museu com a morte de seu pai. Em 1914, o Príncipe Adam Ludwik foi intimado pelo Exército austríaco e sua esposa, Princesa Maria Ludwika, temendo pior sorte envia a “Madona" e a maioria das valiosas obras de arte e objetos para Dresden, onde conexões com a família Real da Saxônia dão a devida segurança ao tesouro polaco. Na Alemanha, a coleção é aberta, ao público, dois dias por semana. Depois de anos de negociações com a família real da Saxônia Real, a coleção completa com "A Madona e o Arminho" volta ao Museu de Cracóvia, em 1920. Em 1937, o Príncipe Agustyn assume o Museu com a morte do pai. Com a segunda guerra chegando, na primavera de 1939, "A Madona" e 16 outros objetos preciosos são levados do Museu para o castelo da família em Sieniawa. Apesar de toda proteção, dois meses depois, algumas obras foram pilhadas. Salvou-se a "A Madona", que foi enviada à propriedade de um primo em Pewkinie.
Em janeiro de 1940, "A Madona" e a maioria dos 85 objetos mais importantes foi pilhada e enviada para a Alemanha para formar parte da coleção privada de Hitler. "A Madona" ficou pendurada no apartamento do Dr. Frank, governador alemão de Cracóvia. Quando os alemães fugiram e as tropas soviéticas entraram em Cracóvia, o nazista levou junto "A Madona" e outros objetos para sua casa, em Neuhaus, na Silésia. Depois da prisão do nazista Frank pelos americanos, no dia 4 de maio de 1945, "A Madona" finalmente encontrou seu espaço no Museu Czartoryski de Cracóvia, para onde havia sido levado pelo regime comunista. Em 1946, o Príncipe Agustyn morreu em Sevilha, na Espanha e seu filho, Príncipe Adam Karol que tinha apenas seis anos se tornou o patriarca da Família Czartoryski (Adam Karol é primo em primeiro grau do atual rei da Espanha, Juan Carlos de Bourbon I e portanto também parente da família real brasileira). Após a queda do regime comunista, em 1991, o Supremo Tribunal da Nação Polaca reconheceu o Príncipe Adam Karol como o herdeiro direto e legítimo do Príncipe Agustyn e recebeu de volta o Museu junto a "A Madona" de Da Vinci.
VIAJANDO PELO MUNDO - Em 1992, "A Madona" viajou a Washington D.C. para ser o centro da exibição "Por volta de 1492", em comemoração aos quinhentos anos de descobrimento da América. "A Madona" foi levada também, em 1993, a Malmo e Estocolmo, na Suécia, para ser exibida na exposição dedicada a Leonardo da Vinci. Depois de uma ausência de 200 anos, "A Madona" voltou à Itália, em 1998, para ser exibido em Roma, Milão e Florença, para um público estimado em mais de 300.000 pessoas. Em 2001, "A Madona" foi ser exibida em Kyoto, Nagoya e Yokohama, no Japão, para mais de 669.500 visitantes. "A Madona" esteve também no Milwaukee Arte Museu, em setembro de 2002, e depois em Houston e São Francisco, como parte de uma exibição que celebrava o “Período de Esplendor da Polônia”.

sábado, 28 de julho de 2007

Devem ser vistas

Na Igreja de São Francisco de Assis, no centro de Cracóvia, três coisas valem a visita, uma é o vitral de Deus, a maior expressão da arte vitrinista da Polônia, a outra, uma placa de prata num dos bancos traseiros da igreja e a terceira, a réplica do Santo Sudário de Cristo, que está guardado a sete chaves, numa capela de Turin (Itália).

Foto Ulisses Iarochinski
O vitral é autoria de Stanislaw Wyspianski, artista polaco que pode sem favor algum ser colocado na categoria de gênio do século XX, pois não fica nada a dever aos espanhóis Picasso, Dali e Miró. Ouso dizer que por suas extensas habilidades artísticas como pintor (óleo, aquarela, afresco), projetista de ambientes, escultor em mármore, artesão de móveis em madeira, vitral, ilustrador, cenógrafo, figurinista, dramaturgo e poeta... só não é famoso por que viveu numa Cracóvia sob ocupação austro-húngara. É dele também o texto da mais importante peça do teatro polaco: "Wesele".
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Foto Ulisses Iarochinski

Em se tratando da placa com a inscrição "Aqui rezava o Santo Padre João Paulo II", conta a lenda que o cardeal metropolitano de Cracóvia, Karol Wojtyla, todas as manhãs atravessava a rua que separa a Cúria da Igreja às 7 horas para rezar neste banco. Atenção, os manuais turísticos não mencionam a placa e tampouco os guias de excurssão.

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Foto Ulisses Iarochinski

Já a réplica é feita no mesmo tecido e nas mesmas dimensões do original, que está guardado em Turin. Segundo a Igreja Católica este é o manto que recobriu Jesus Cristo após a Cruxificação e também o envolveu enquanto esteve sepultado da gruta de Jerusalém.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Onde moro

Este castelo, construído, durante a ocupação nazista na segunda guerra mundial, para ser um hotel de oficiais é agora uma casa de estudante. Este é o meu endereço em Cracóvia, na montanha do Przegorzaly. Bonito, não?

Foto: Uniwersytet Jagiellonski



Terceiro destino turístico

Segundo os meios de comunicação local, Cracóvia, no verão passado, tornou-se o terceiro destino turístico da Europa. Ficou atrás apenas de Paris e Roma, deixando para trás as conhecidas Londres, Madrid, Berlim, Veneza e as festejadas Praga e Budapeste. Só para se ter um idéia do número de turistas durante os meses de julho e agosto do ano passado, basta dizer que quase 9 milhões de pessoas visitaram a cidade. O Brasil, durante o ano todo de 2006 não atingiu os 3 milhões de visitantes.
Barraquinhas na quermesse da praça central - Rinek
Foto Ulisses Iarochinski


Só neste ano, 80 novos pequenos hotéis e pensões foram abertos na cidade. Há cerca de 5 anos existia apenas um albergue da juventude e nenhuma pensão. Restaurantes, bares e discotecas nascem da noite pro dia. Entre outras atrações, Cracóvia apresenta o Castelo real de Wawel, o bairro judeu do Kazimierz, as casas onde viveu o Papa João Paulo II, o quadro da "Madona e o Arminho" de Leonardo da Vinci (para muitos, mais bonito e enigmático que a outra madona do Louvre, a Gioconda), o Rinek (maior praça em área territorial da Europa) no centro do maior e mais preservado conjunto arquitetônico dos séculos XV a XIX da Europa Central. Além da parte histórica, os arredores da cidade são imperdíveis, tais como os campos de concentração de Auschwitz e Birkenau, a mina de Sal de Wieliczka, Wadowice (cidade natal do Papa), Zakopane (a mais charmosa estação de esqui da Europa) e a reserva nacional de bisões de Niepolomice. Vir aqui e não provar a saborosa cerveja, a vodka, o pierogui, as tortas enquanto se observa o desfilar das mulheres mais bonitas do planeta é não ter estado aqui, apesar de todas as atrações turísticas. É preciso tirar um tempinho para se sentar nas mesinhas dos diversos restaurantes do Rinek e descansar após tanta caminhada. Para este ano de 2007 estão sendo esperados mais de 10 milhões de turistas em Cracóvia, só nos meses de julho e agosto.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Sinagoga Judaica

Não sempre, mas algumas vezes, acompanho brasileiros, descendentes de pessoas que nasceram no território da Polônia, em busca de suas origens. Foi o que aconteceu no último fim-de-semana. Como anfitrião, motorista, guia, intérprete e divulgador levei dois gaúchos até o Sudeste da Polônia. O lugarejo nem no mapa do aparelho de GPS constava e a pronúncia do nome do lugar dita pelos dois descendentes de polacos judeus só atrapalhava. Mas enfim depois de 5 horas de viagem chegamos a Łaszczów (a primeira letra não é L, mas sim UÊL, que se pronuncia como U, SZ tem som de ch e CZÓW tem som de Tchuf). A pequena cidade, até começar a segunda guerra mundial, tinha um percentual de 95% da população como sendo de origem judaica. Basta dizer que a quase totalidade destes judeus polacos foram obrigados a caminhar a pé 36 km para morrerem no campo de concentração de Belzec. Os que ficaram acabaram mortos estupidamente nas ruas, ou casas, em execuções sumárias pelos soldados alemães de Hitler. Até o cemitério judaico foi destruído. Anos atrás, a prefeitura da cidade, reergueu o cemitério e em meio aos escombros encontrou algumas lápides, que foram levantadas no mesmo local onde foram encontradas. Hoje o cemitério é um panteão e monumento aos habitantes de origem judaica da cidade.



Não sobrou nenhum polaco de origem judaica para contar a história da cidade. Mas suas casas e ruinas ainda existem. É o caso da sinagoga, que segundo o pai do prefeito atual, foi destruída, não pelos alemães, mas pelos guerrilheiros ucranianos, que atacaram a cidade, após a saída dos nazistas. A sinagoga ainda não foi restaurada, pois a municipalidade da pequena cidade não tem orçamento suficiente para tal.

O cartaz polaco

Para quem não sabe ainda, as escolas de Belas Artes na Polônia, possuem uma disciplina específica sobre cartazes (Cinema, teatro, Balé, Concerto, Ópera etc). Talvez por isso, mas também pelo imenso senso artístico do povo polaco, aparecem semanalmente não ruas da Polônia, verdadeiras obras de arte, chamando para algum espetáculo.




Este é de autoria do Rafał Olbiński para a ópera Rigoletto de Verdi

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Banda Polaca - o livro

Ulisses, então bota aí no teu blog, e repete de vez em quando, a capa do livro "A Banda Polaca". O lançamento será no dia 26 de setembro - quarta-feira - na Casa Romário Martins, Largo da Ordem, a partir das 18 horas. Dante


Tive a honra de assinar o prefácio e ter sido citado várias vezes nos capítulos seguintes deste livro pela generosidade do Dante. Já li e gostei muito... É um livro para saber mais sobre a imigração polaca no Brasil e principalmente, rir muito, mas muito mesmo. Pois apesar dos séculos de opressão, invasão e luta, o povo polaco sabe e faz rir. Polacada da minha etnia..compareçam no lançamento, comprem, leiam e digam a outros pra comprar também. Por favor, livro não se empresta nem se fotocopia!!! Ulisses

Kaczynski foi...Lula não!

Aqui, morreram menos pessoas, mas nem por isso o Presidente da Polônia, Lech Kaczyński, deixou de voar para Grenoble, na França, para junto com o presidente francês Sarkozy, visitar o local da tragédia, onde morreram os peregrinos polacos e o hospital onde estão internados os feridos. O Governo polaco colocou um avião do governo a disposição de familiares para que estes também possam ir a Grenoble..... bem igual aí no Brasil, não?

Fot. JEAN-PIERRE CLATOT AFP

A notícia:
26 pessoas morreram e 27 ficaram feridas quando um ônibus de peregrinos polacos caiu em um despenhadeiro na França. O ônibus perdeu os freios e ultrapassou a barreira de proteção quando descia a estrada. O ônibus caiu de uma altura de 15 metros, incendiando-se logo em seguida. Socorristas afirmaram que a maioria das vítimas morreu em meio ao fogo. Grande número de resgatistas chegou ao local e ajudou a transportar os feridos para a cidade mais próxima, Grenoble.