quarta-feira, 22 de agosto de 2007

A banda na "Gazeta do Povo"

O jornal "Gazeta do Povo" de Curitiba, publicou, nesta quarta-feira, 22 de agosto, na capa do caderno "Cultura G" a matéria abaixo, assinada pelo Irinêo Netto, sobre o lançamento do livro do cartunista e jornalista Dante Mendonça. Tá bem legal, apesar do uso constante do termo polonês no texto. Ou é uma norma do jornal, estilo do jornalista, ou é censura mesmo ditada pela "Associação das Senhoras polonesas do Capão Raso", que no passado foram até a redação do jornal para protestar contra o título do meu livro "Saga dos Polacos". Polaco neles e nelas! hehehehe

Ascensão e queda da banda polaca
IRINÊO NETTO
O cronista Dante Mendonça fala sobre a história e o humor dos imigrantes poloneses em Curitiba


Até pouco tempo atrás, usar o termo “polaco” em relação a alguém de sangue polonês era uma ofensa grave. Ninguém sabia explicar muito bem o porquê, mas era melhor evitá-lo.Hoje, existe até quem defenda que o mais apropriado é polaco e não polonês. No final das contas, as duas palavras têm o mesmo significado e ambas podem ser tão ofensivas (ou não) quanto qualquer outra, dependendo do modo como se fala e do contexto da conversa.A discussão sobre o certo e o errado no universo dos imigrantes poloneses no Paraná está nas primeiras páginas de A Banda Polaca – Humor do Imigrante no Brasil Meridional. Disposto a reunir algumas das histórias engraçadas envolvendo o povo que, recém-chegado ao Brasil, carregava um sotaque que os levava a falar “iéu” no lugar de “eu” e a usar gerúndio (“dizendo”) sempre que um verbo no infinitivo (“dizer”) era necessário, Dante Mendonça se viu diante de um “campo minado”. Atravessá-lo era mais difícil do que podia imaginar.“O humor étnico é sempre complicado”, admite o cartunista, cronista e autor do livro Botecário. “A Yoko Ono (viúva de John Lennon) disse que a mulher é o negro do mundo. Pois os poloneses são tidos como os negros da Europa”, explica. Como não queria fazer uma típica coletânea de piadas, o escritor acabou criando uma obra que mistura elementos históricos e humorísticos.
Mendonça: terreno minado
Descendente de italianos, nascido em Nova Trento (SC), Mendonça veio para Curitiba em 1970 e, seis anos depois, era um dos responsáveis por instituir a Banda Polaca, espécie de resposta curitibana bem-humorada ao carnaval carioca.
Se, no Rio, as mulatas sambavam debaixo do sol, na capital paranaense, de “pluviosidade acima da santa paciência”, seriam as polacas a desfilar em carros abertos.A Banda Polaca entrou em crise em 1981, ano em que agrediram o travesti de nome Gilda que levou um chute na cara enquanto tentava subir em um dos carros do desfile. Um ano depois, a banda passou a se chamar Vermelha e Preta. Era o início do fim (que veio no ano seguinte).“Vinte e seis anos depois, a Banda Polaca ressurge no papel para emprestar seu nome ao título deste livro, com o sentido de parte, lado, jeito de um Brasil diferente”, escreve Mendonça na apresentação, para depois dedicar o livro aos integrantes da banda, que o fizeram “polaco com muito orgulho”. O prefácio é do jornalista Ulisses Iarochinski e o posfácio, do escritor Wilson Bueno.

A banda: garotas participam do carnaval de 1976


Curitiba é a terceira cidade do mundo em número de habitantes de origem polaca – atrás de Chicago e de Varsóvia – e a única do Brasil a ter grafia em polonês: Kurytyba. O autor acredita que entender a influência dos poloneses na história e nos “causos” de Curitiba é saber mais sobre a identidade paranaense.Uma das primeiras pessoas com quem Mendonça dividiu a idéia de escrever o livro foi Jaime Lerner – ele também de origem polonesa. O arquiteto disse que a tarefa seria complicada, pois se trata de um humor “oral”. A graça de algumas histórias está no sotaque, capaz de dar significados inusitados (e hilários) até para nomes de ruas. O livro cita exemplos: Padre Agostinho vira Padre “Gostosinho”, Ubaldino do Amaral fica “O Baldinho” do Amaral e Saldanha Marinho, de modo misterioso, se transforma em “Sandálha” Marinho.A solução encontrada por Mendonça foi tentar transcrever o modo de falar para o texto, usando acentos e um tanto de criatividade. A Banda Polaca tem ilustrações geniais de Márcia Széliga, umas feitas para o livro e outras reproduzidas de seus cadernos de estudo, quando cursou a universidade em Cracóvia.Nas piadas – ou “causos” –, ao contrário do que acontece com os portugueses, quase sempre retratados como burros ou ignorantes (ou ambos), os poloneses são, de modo paradoxal, ingênuos e espertos.Para o autor, o paranaense tem um modo próprio de fazer humor que parece mais ligado ao enredo de uma boa história do que ao punchline (o arremate que faz rir) de uma piada.* * * * * Serviço: Lançamento do livro A Banda Polaca – Humor do Imigrante no Brasil Meridional, de Dante Mendonça com ilustrações de Márcia Széliga (Novo Século, 148 págs., preço a definir). Casa Romário Martins (R. São Francisco, 30 – Largo da Ordem), (41) 3321-3255. Dia 26 de setembro, às 18 horas.


Festival do repolho azedo

Panelaço de Repolho

Foto: dos organizadores

A cidade de Żywiec, no Sul do país - fronteira com a Eslováquia, promoveu no fim-de-semana (17-20 de agosto) mais um "Festiwał Kwaśnicy" (Festival do Repolho Azedo), com a pretensão de ser mundial. Foram cozinhados 11 mil litros de sopa de "Kapusta kwaśny" (repolho azedo). A idéia dos organizadores do festival é de que este ano a sopa de Żywiec entre para o Guiness - livro dos recordes. Em anos anteriores, o festival era realizado apenas nos restaurantes da cidade. Neste ano, com vários patrocinadores foi possível expandir o evento para um parque, onde além da desgustação, os participantes contaram com espetáculos de vários artistas do país. Mais de 40 mil pessoas tomaram a deliciosa sopa, que teve como cozinheiros, os mais famosos "chef" de programas de culinária da Polônia.

"kapusta para mais de litro"

Foto: Anna Duda

Os Kaczyński

Foto: AFP
Mas parece que nem todos pensam como o inglês. A chanceler alemã Angela Merkel afirmou ao jornal "Sueddeutsche Zeitung" que os gêmeos polacos, para além da política de confronto com a União Européia, gozam de sua simpatia pessoal. "Os dois homens fortes do Vístula" tendem a se aproximar de uma política de interesses comuns polaco-alemães.

Polônia - um país para se rir

Norman Davies
Foto: D Lewandowski

O inglês Norman Davies, autor de um dos mais importantes livros, sobre a "História da Polônia" (em inglês), entrevistado pelo jornal Gazeta Wyborcza, disse que há vinte anos, os polacos reclamavam que ninguém no exterior falava sobre o país. "Hoje, porém, todos comentam que se tornou um país risível" com seus gêmeos Kaczyński (Lech - Presidente e Jarosław - Primeiro ministro), "mas sei que nem todos no país enlouqueceram". Apesar das piadas que correm na Europa, em relação aos governantes do país, os polacos são reconhecidos na Inglaterra e Irlanda como mão-de-obra qualificada, eficiente e trabalhadora.
Davies também escreveu o extenso livro "Europa" sobre a história do continente, "Levante de 44" sobre a revolta da população de Varsóvia contra os nazistas alemães e "Wrocław" sobre a cidade polaca que mudou de nome várias vezes em função das invasões alemãs (e prussas) e moravia.
"Se este estilo de política se mantém, a Polônia pode perder a simpatia, que conquistou nos últimos anos no mundo", afirma o historiador inglês, que completa "O velho estereotipo sobre os polacos como estranhos e irracionais pode voltar".

Tempestade assassina

Foto: Konrad Zelazowski


As fortes tempestades que atingiram a região Nordeste da Polônia, na tarde desta terça-feira, causaram a morte de 3 pessoas, dezenas de feridos e 10 desaparecidos. Os ventos fortes na Mazúria atingiram barcos que veraniavam nos infindáveis lagos daquela região. As buscas prosseguem, nesta quarta-feira, debaixo de muita chuva. Em Białystok mais de 40 mil casas ficaram sem energia. Na região central do país, os fortes ventos derrubaram centenas de árvores dos bosques.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Cracóvia, Cracóvia

foto Pawel Mazur
Ao fundo, a colina de Wawel, com o Castelo Real e a Cadetral Metropolitana de Cracóvia, o verdadeiro panteão nacional do país.

Manual de boteco em Curitiba

Um livro de bolso pra não deixar você falando sozinho pelos bares do mundo afora. Se o amigo conceder a honra de sua presença, vamos brindar na quinta-feira, a segunda edição, revista e ampliada, do meu “Botecário - Dicionário Internacional de Boteco”. Com 130 páginas, não é apenas um dicionário de bolso. Mais que isso, é um manual dos protocolos de boteco, com histórias e causos de boteco.
O Botecário foi criado num boteco, com ajuda dos amigos do boteco, editado por um boteco e, por dez realitos, só ali estará à venda: no bar Ao Distinto Cavalheiro, onde será realizada a festa de relançamento, com a animação do grupo de chorinho do maestro Matoso.
Do boteco, ao boteco, para ser lido no boteco, como se fosse uma piada de boteco, o Botecário é uma espécie de “Berlitz” do bem beber, com expressões idiomáticas da cultura libativa em 20 línguas, dialetos e patuás. Sem faltar uma língua morta, o latim. No idioma polaco a tradução é de Ulisses Iarochinski.
“Beber é boa loucura, mas tem o seu método” - diz no prefácio o escritor Sérgio da Costa Ramos - “Com léxico, plexo e nexo”. Para rechear a obra de nexo, os companheiros de boteco ilustram esta segunda rodada: estarão presentes os cartunistas Solda, Tiago Recchia, Miran, Orlando e Marco Jacobsen, além da participação especial do escritor e publicitário Ernani Buchmann.
Por se tratar de um boteco a caráter, Ao Distinto Cavalheiro se posta numa esquina: Rua Saldanha Marinho, 894, com Visconde do Rio Branco (Centro de Curitiba).
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Essa segunda edição do Botecário serve de aperitivo para o meu próximo livro - “A Banda polaca, o humor do imigrante no Brasil Meridional” (Editora Novo Século - SP) - que será lançado no dia 26 de setembro, na Casa Romário Martins, Largo da Ordem.
Dante Mendonça [20/08/2007]

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Língua portuguesa na história

O português se desenvolveu na parte ocidental da península ibérica a partir do latim vulgar falado pelos soldados romanos no século III antes de Cristo. A língua começou a se diferenciar das outras romanas depois da queda do Império Romano e com as invasões bárbaras no século cinco depois de Cristo. Os primeiros documentos escritos são do século nove e no século 15 já estava transformada em literatura e uma gramática estruturada. Os romanos conquistaram a parte ocidental da região ibérica, da qual faziam parte como província romana da Lusitânia, atual Portugal e da Galícia, região da atual Espanha, em 218 a.C.. Impuseram a versão popular do latim da qual se pensa que derivam todas as línguas neolatinas. Cerca de 90% do léxico do Português deriva do latim: apesar da Ibéria ter sido habitava antes dos romanos, muito poucas palavras restaram. Depois de 409 e 711 d.C., quando o Império Romano entrava em colapso, a península foi invadida por povos de origem germânica, conhecidos como bárbaros. Entre estes estavam principalmente os suecos e os visigodos, que rapidamente assumiram a cultura e a língua romana da região. Entretanto com o fechamento das escolas romanas, o latim foi liberado e começou a sofrer influências, isto porque cada tribo bárbara falava de forma diferente a língua dos romanos. A uniformidade lingüística então existente se rompeu e se dá início a criação de idiomas bem diferentes como o galego-português, castelhano e catalão. Alguns sustentam que foi a língua sueca a responsável pelas diferenciações lingüísticas entre o português-galego do castelhano (atual espanhol). Os idiomas germânicos influenciaram particularmente o português no que se refere a guerra e a violência. Culturalmente, defendem alguns, que surgiu da influência sueca, o bacalhau como prato típico português. De 711 d.C., com a invasão moura, o árabe foi adotado como língua administrativa. Contudo, a população continuou a falar o latim; sendo mínima a influência dos mouros nas línguas então existentes na península. O efeito maior acabou sendo no léxico. O português moderno conserva ainda um grande número de palavras de origem árabe, especialmente na área da agricultura e vocábulos iniciados com o prefixo AL, com "Algarve" e "Alcácer do Sal". O Português se transformou na primeira língua de um país moderno, em 1143, com o rei Afonso I. Foi a partir daí que o português e o castelhano (atual espanhol) começaram efetivamente a se separar. Em 1290, o rei Dinis criou a primeira universidade portuguesa em Lisboa (Estudo Geral) e decretou que o português, que era ainda chamado de "língua vulgar", ou "latim vulgar" fosse utilizado junto com o latim clássico e fosse denominado "língua portuguesa". Em fins de 1350, a língua galego-portuguesa firma-se apenas como língua nativa da Galícia e de Portugal; mas a partir do século 14, o português se transforma numa língua madura com uma tradição literária importante e sendo usada por poetas leoneses, castelhanos, aragoneses e catalães. Com os descobrimentos, o português se espalha pelos continentes e além de criar comunidades importantes na Índia, Ceilão (atual Sri Lanka), Malásia e Indonésia aumenta seu acervo vocabular com palavras destes lugares como "sepatu" que deriva de "sapato" em indonésio, "keju" em malaio, que dá origem a "queijo" e "meza" em swahili, que fica "mesa". No renascimento aumentam as palavras eruditas com origem no latim clássico e no grego antigo com a publicação do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, de 1516.

Idioma Polaco

O polaco é a língua materna de quase 39 milhões de pessoas que vivem na Polônia e de cerca de 15-20 milhões que vivem em outros países. Sendo língua oficial também na região de Vilno, capital da Lituânia. O polaco é língua falada por:
    Polônia - 39.000.000
    Estados Unidos - 2.438.000
    Ucrânia - 1.151.000
    Alemanha - 1.000.000
    Bielo-rússia - 403.000
    Lituânia - 258.000
    Canadá - 225.000
    Israel - 100.000
    Rússia - 94.000
    Cazaquistão - 61.500
    Letônia - 57.000
    Áustria - 50.000
    Eslovaquia - 50.000
    República Tcheca - 39.000
    Hungria - 21.000
    Brasil - 15.000
    Austrália - 13.738
    Romênia - 10.000
    Azerbaijão - 1.300
    Estônia - 600

Também é falada na Finlândia, França e Holanda por um número considerável de pessoas.

Cavalo sangue-frio polaco

Dezenas de cavalos no Concurso do mais belo Zimnokrwisty da Polônia


Logo na minha primeira visita à área rural da Polônia fiquei espantado com a largura dos cavalos polacos. Nunca tinha visto nada igual. Perguntei como era o nome da raça, mas não consegui entender o que me disseram. Tempos depois, perguntei a um charreteiro do Rynek de Cracóvia e ele com cara de quem tinha ouvido uma pergunta idiota, respondeu rapidamente Zimnokrwisty. Continuei sem entender. Não soube se era o nome daqueles dois cavalos atrelados na charrete, ou o nome da raça. Pesquisando encontrei as seguintes informações:

Rolltan
Foto do criador


"Polskie konie zimnokrwiste" (pronuncia-se pólsquie conhie jimnocrviste), ou "cavalo polaco sangue-frio" chega a ter 1.70 m de altura por 2.20 m de comprimento. Robusto, possui entre 900 a 1.200 kg (em média pesa uma tonelada). Usado para tração por sua força e rapidez. Fica meio difícil montá-lo, pois apesar de até ser baixo, ele é muito largo e poucos conseguiriam se manter tanto tempo cavalgando com as pernas tão abertas. Embora a raça se chame Zimnokrwiste (sangue-frio) isto não está relacionado com a temperatura do sangue. Alguns podem pensar que para suportar as baixíssimas temperaturas na Polônia seria necessário ter o sangue também gelado. Não, não! Eles são chamados assim porque são muito tranqüilos. Até demais! Além disso, são muito amistosos, agradáveis e simpáticos. Mas que sua largura impressiona, isto impressiona, sim! Normalmente tem mais de 1.20 de largura.

Rolltan foto do criador
São varias as espécies de zimnokrwisty. Na Polônia, as mais populares são “Konie sztumskie” (da Região da Warmia no Norte da Polônia) e de Gdańsk e o “Konie łowickie”, cavalo da cidade de Łowicz e região, que já era conhecido no século 17, quando então já transportava a beterraba e o açúcar feito deste tubérculo. Em 1912, no Norte da Polônia, havia 423 garanhões de 12 espécies de zimnokrwisty. Estes números chegaram, em 1941, a 8.000, sendo 1.100 garanhões. Outras espécies são o „koni reńsko-niemieckich” (cavalo alemão do Reno), “gudbrandsdali kanadyjskich koni zimnokrwistych” (cavalo canadense sangue-frio gudbrandsdali), “koni belgijskich” (cavalo belga de Ardene e da região flamenga).

Os cavalos polacos em geral são das seguintes raças: rasa wielkopolska (raça da Grande Polônia, rasa huculska (raça de Hucuł - localidade nos Cárpatos polacos), rasa śląska (Raça silesia), rasa małopolska (raça Pequena Polônia, Konik polski (Raça cavalo polaco, da localidade de Biłgoraj).

fotógrafo do concurso

domingo, 19 de agosto de 2007

Ornamento da kaszubia

O ex-embaixador da Polônia, no Brasil, o jornalista Jacek Hinz, visitou este blog e alertou para o detalhe da foto do pierogi ruskie (publicada dias atrás), de que o prato onde estão os pierogi, está ornado com arranjos de flores da região da Kaszubia (na Pomerânia), no Norte da Polônia.

Hinz é atualmente diretor do Departamento América Latina do Ministério de Relações Exteriores da Polônia, em Varsóvia.

Manhã de Domingo

Foto Ulisses Iarochinski

Passeio de coche no Rynek (praça central) de Cracóvia numa manhã de domingo de verão


A vala comum

Fotografia do exército nazista em seu avanço a Moscou
Fosso onde foram enterrados quase 40 mil soldados polacos assassinados pelo exército russo durante a segunda guerra mundial na cidadezinha de Katyń. Este massacre é o tema do filme que o cineasta polaco Andrej Wajda, lança no próximo dia 17 de setembro, no Festival de Cinema de Gydnia.

Remédio para cansaço

Para cansaço não há melhor remédio que deitar, descansar e dormir. Quando acordarem já descansados, então, podem fazer algo de bom para si e para seus semelhantes. Pois cansados só gritam e se irritam. E qualquer especialista de coisa nenhuma sabe que a irritação imobiliza e que irritados não sabem o que fazem, o que gritam ...E o que dizem.

Mensagem à cansada Ivete

"Merece destaque o comentário de um dos parentes das vítimas do acidente, quando se dirigia ao local do acidente: "este é um momento nosso!". Em outras palavras, era o momento de intimidade. Com este pequeno comentário, desmontou todo o esquema discursivo dos cansados, que se baseia no que há de mais característico da nossa cultura brasileira: a falta de limites bem definidos entre a esfera pública e a privada. Toda a resmungação cansadista era baseada nesse empastelamento entre o público e o que é particular. Os cansados queriam mais que manifestar solidariedade com a dor dessas famílias, eles pretendiam que 190 milhões de brasileiros a sentisse como sua. Esse artifício retórico é velho. Maquiavel já aconselhava ao príncipe que, ao defender seus próprios interesses, desse ao povo a impressão (quando não a certeza) de que está defendendo o bem geral. Mas aquele comentário do familiar desmonta todo esse discurso de insatisfação pseudo-geral. Alguém que perdeu um familiar há pouco tempo não se sente amparado, acolhido, representado por toda essa onda de "insatisfação cansada" que está por aí."
Trecho do artigo do prof. Ignácio Dotto Neto, de Curitiba, a propósito da missa de 7° dia dos familiares das vítimas do avião da TAM e da manifestação dos cansados liderados pelo presidente da OAB-SP, de Hebe Camargo e da Ivete Sangalo. Doutto Neto também perdeu o pai em um acidente.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Mensagem a meu irmão

Na foto de Celso Honorato Pereira, Eunice ladeada de seus filhos Ulisses e Cicero (à direita)

Meu irmão
Sim, estou acompanhando as notícias do Brasil e por isso mesmo é que acho que a mais importante notícia do ano é esta mesmo:

Em Curitiba, neste sábado, 18 de agosto, Eunice Pereira Iarochinski, completa 70 anos. Sete décadas de luta com muitas perdas, mas também com algumas das mais importantes vitórias das famílias Pereira da Silva e Hazelski Jarosinski. Entre estas vitórias, duas delas foram ter você e eu como filhos.
Eunice, que nasceu em Palmeiral, no Estado de Minas Gerais, jovem ainda imigrou com sua família para o Norte do Paraná. Dali, alguns anos mais tarde, chegou a Monte Alegre, onde viria encontrar o companheiro fugidio de poucos anos, Cassemiro, que assassinado morreu pouco mais de três anos após o casamento.
Eunice, não desanimou, apesar das tragédias, sempre se manteve firme e convicta de que sua vida estava entregue aos filhos. Mas as doenças teriam que surgir initerruptamente logo após sua aposentadoria. A forte Eunice, com sua candura e simpatia segue a vida com afinco e disposição, mesmo que as ladeiras da vida estejam tão próximas de casa.
Curitiba, está em festa, neste sábado, ao comemorar os 70 anos de vida de Eunice, pois sabe reconhecer que entre seus moradores, vive uma heroína.

Meu irmão, peço que dês um grande e forte abraço em nossa mãe. O seu abraço ...e o meu! Sim, porque ninguém, mais do que você, nesta vida, pode ser portador do meu amor, do meu afeto, do meu reconhecimento, da minha honra e do meu orgulho à pessoa mais importante da minha vida. Faça isso, por favor, e dê também um grande beijo em sua testa de heroína.
Apesar da distância, dos 11.500 km, que me separam desta festa, estou o dia todo, aqui em Cracóvia, comemorando o aniversário de nossa mãe.
Teu irmão que te ama e venera nossa mãe.ULISSES IAROCHINSKI

A cracoviana Helena

Fotos: arquivos da Fundação Helena Rubinstein

Foi no bairro do Kazimierz, em Cracóvia, num sobrado da ulica (rua) Szeroka, nº. 14, que nasceu a mundialmente famosa Helena Rubinstein (dos cosméticos), em 25 de dezembro de 1871, com o nome de Chaja.

Primogênita do casal Gitte (Gitel) Scheindel Silberfeld Rubinstein esposa de Hercla(Horace) Rubinstein teve 7 irmãs: Paulina, Róża, Regina, Stella, Ceśka, Mańka e Erna.

Em Cracóvia, Helena estudou matemática, idiomas antigos e teologia. Era interessada também em química, física e biologia.

Na Suíça, para onde se mudou, estudou medicina e trabalhou num consultório médico e num hospital. Mas ao que tudo indica, foi impedida de terminar os estudos por ser mulher.


Seu pai, que amava as artes, tinha em sua casa livros de escultura, arquitetura e pintura. Estes livros tiveram grande influência no futuro de Helena.


Chegando a Austrália, ela foi morar com seu tio, em Corelaine, cidadezinha a 100 km de Melbourne. Com seus conhecimentos de medicina, acabou trabalhando numa farmácia, onde aviava receitas.

Foi então que, aliando seus conhecimentos de medicina, química, biologia e o senso artístico do belo (legado dos livros de seu pai), ela preparou um creme com a ajuda dos irmãos Lykulski (químicos polacos), ao qual deu o nome de "Krem Valaze".

Um amigo, o jornalista americano, de descendência polaca, Edward Titus, escreveu um artigo elogiando as propriedades do creme. A jovem Chaja acabou mudando seu nome para Helena, após Titus, que viria a ser seu marido mais tarde, escrever uma propaganda e colocar o nome Helena, como a criadora do segredo do creme "Valaze".

Em pouco tempo, Helena recebeu encomenda para produzir 15 mil unidades do creme. Ela própria prepara o creme, envasava e colocava as etiquetas.

Em 1902, Helena abriu, em Melbourne, o salão de beleza "Valaze", onde atendia individualmente seus clientes. Trabalhava longa e pesadamente noite adentro.
Em 1905, sua irmã Ceśka, chegou para ajudá-la e ela aproveitou para ir a Europa estudar sobre pele e enfermagem.

Esta viagem alimentava seus propósitos e em 1908, ela abriu outro salão em Londres. Logo em seguida, outro em Paris, em 1912. Finalmente abre o salão de Nova Iorque, em 1914.
Em 1917, Helena Rubinstein começou fabricar e distribui seus produtos em grande escala, fundando a Helena Rubinstein Incorporated e se tornando uma das pessoas mais ricas do mundo.

Morreu em Nova Iorque em 1965.

Recentemente um prédio ao lado da casa, onde ela nasceu, na rua Szeroka foi restaurado e transformado no Hotel Rubinstein. Mas o local onde sua mãe deu à luz a pequena Chaja ainda continua em ruínas.

Casa nº 14, na ulica Szeroka, em Cracóvia (em ruínas) onde nasceu Chaja / Helena Rubinstein
Não consta que a cracoviana tenha algum dia retornado à sua cidade natal.

À noite no bairro judeu

Foto: Paweł Mazur

Esta é ulica Józefa, uma das ruelas do bairro do Kazimierz, em Cracóvia, ainda tranquila, sem o alvoroço e a algazarra que toma conta do bairro boêmio da cidade. E isto porque, ainda não tem nenhum bar. O bairro judeu de Cracóvia nos últimos anos está se transformando num similar aos, "Quartier Latin" de Paris, "Village" de Nova Iorque e/ou "Soho" de Londres. Porém (e sempre tem um porém), talvez com mais encanto e magia. O que facilmente se constata na sua particular atmosfera, marcada por seu passado de grandes alegrias e profundas tragédias.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Os bondes de Cracóvia

O mais antigo Sanok foto: Paweł Mazur

Os bondes de Cracóvia circulam na cidade desde 1882. No inicio eram puxados por cavalos, mas em 16 de marco de 1901, eles foram eletrificados e desde então nunca mais voltaram a ser românticos como antes. Atualmente são 26 linhas com 198 trens e 363 vagões. O mais antigo é o Sanok produzido nas cidades de Sanok e Graz, na Áustria. O mais velho Sanok, que ainda circula foi produzido entre os anos de 1959 e 1995. O mais moderno é o canadense produzido pela Bombardier (a mesma empresa que fabrica os aviões concorrentes da Embraer). Atualmente são 4 as nacionalidades dos tramwaj (bonde em polaco) que transportam os cracovianos, o polaco Konstal, produzido na cidade de Chorzów; o Düwag, inicialmente construído em Uerdingen, na Áustria (os novos bondes são agora da Siemens e produzidos em Düsseldorf); o Nürnberg, construído em Nuremberg, na Alemanha; e o Bombardier canadense.
Ah, sim! o bilhete custa 2,50 złotych, equivalente a 1,75 real. Mas apenas para um trajeto. É possível comprar um bilhete para o mês todo, para todas as linhas e sem limite de uso. Custa 88 złotych, ou 61 reais. Não existe cobrador, o viajante deve registrar imediatamente o bilhete em máquinas existentes no interior do bonde e mantê-lo consigo. Aquele que for pego sem bilhete registrado, pelos controladores, tem de pagar uma multa de 110 złotych, ou 77 reais. A multa é mandada pelo correio para pagamento. Estrangeiros tem que pagar na hora, senão o destino certo é... a delegacia.

A Biblia de Tyniec


Foto: Paweł Mazur
Nas margens do Wisła (rio Vístula), na colina de Tyniec, em Cracóvia, os monges do Mosteiro Beneditino traduziram a Biblia (Pismo) diretamente do aramaico e greco antigo (idiomas em que foram escritos o primeiro testamento e os evangelhos) para o polaco. A primeira edição da Biblia de Tyniec foi publicada em 1997. O trabalho consumiu vários anos, pois o aramaico ainda é falado em apenas uma cidade no mundo, na Jordânia.