quinta-feira, 25 de junho de 2009

Filhas de polacos invadem a cidade

Aproveitando as comemorações dos 140 anos da chegada do grupo de 32 famílias polacas em Brusque, Santa Catarina, em 1869 e que dois anos após foram transmigradas para o Pilarzinho, em Curitiba, reproduzo trecho de minha dissertação de mestrado, "Identidade cultural do brasileiro descendente de imigrantes da Polônia", na Universidade Iaguielônia de Cracóvia, onde apresento mais algumas considerações sobre o preconceito criado em Curitiba, e por extensão, no Sul do Brasil, contra a etnia polaca.


As polaquinhas brejeiras desfilavam por ruas como essas
atraindo olhares maliciosos da aristocracia falida de Curitiba.


Curitiba, sendo o maior centro da etnia polaca na América do Sul, concorreu em grande parte para a disseminação do preconceito contra estes imigrantes. E isto, num momento em que cidade era a capital do Paraná, um Estado que cobria o imenso território entre os Rios Paranapanema e Uruguai. Apenas em 1917, quando do fim da guerra do Contestado, o Estado vizinho de Santa Catarina incorporou as terras abaixo do rio Iguaçu, hoje conhecidas como Oeste catarinense. Natural, portanto, que a influência curitibana se estendesse até o Estado do Rio Grande do Sul, onde se concentra o segundo maior pólo da etnia polaca no Brasil.
Ao estudar a presença da mulher na sociedade paranaense do início do século XX, Etelvina Maria de Castro Trindade relata que na virada do século, era muito comum a cooperação feminina nos empreendimentos familiares dirigidos por imigrantes, como bares, lojas, mercearias, serviços e pequenas indústrias. A imigrante alemã, radicada no centro da cidade era figura habitual nesses ambientes.
Se a presença feminina nas atividades comerciais não era comum na sociedade imperial curitibana, já que os brasileiros mantinham a secular tradição portuguesa de que lugar de mulher é na cozinha, em relação às mulheres alemãs tal presença era consentida.
O mesmo não se dava, porém “com o setor doméstico, onde a discriminação é comum, e particularmente dirigida às –criadas- estrangeiras, sobretudo polacas, não raro retratadas sob o prisma da leviandade, da desonestidade e da permissividade sexual.” Castro Trindade, para sustentar sua tese, fez levantamento de informações publicadas na imprensa da época, onde é registrada essa discriminação contra as polacas:
"Maria ou melhor Mariazinha, como mais a conhecem, era um tipo perfeito de criada sapeca. Abotoando as suas 16 travessas primaveras deixou a casa de seus pais, dois robustos colonos moradores em Abranches, e veio se alugar aqui na cidade [...] Desse momento então é que começa a vida alegre e terrível da sapeca criadinha. De 15 em 15 dias, infalivelmente, mudava de aluguel. É assim de Herodes pra Pilatos correu quase todas as casas desta cidade. Também ninguém a aturava por mais de duas semanas: fazia sociedade no pó de arroz das patroas, nos perfumes e até nos vestuários. Quando à noite ela saía à rua para comprar biscoitos ou outra coisa qualquer o bando de coiós não a deixava. Mas tinha razão, porque a Mariazinha era uma tetéia: toda perfumada, empoada, de chinelinhas na ponta dos pés, muito corada e sadia, tentava mesmo!... Não houve baile durante muito tempo em que ela não estivesse e marca que o seu braço não fosse disputado pela matilha de seus adoradores, muitas vezes com prejuízo de algum nariz arrebentado."
O trabalho de Castro Trindade está mais focado na emancipação da mulher do que no preconceito cultivado contra as polacas, mas ainda assim, ela consegue resgatar notas importantes para o entendimento das origens do preconceito e do pejorativismo em relação ao termo polaco. Segundo ela, “as peculiaridades da mulher imigrante permeiam os textos da época, revelando a estranheza do brasileiro em face das diferenças culturais e mesmo físicas, do elemento colonial”. Os escritores da época sentem um verdadeiro fascínio pelos olhos azuis e cabelos loiros das alemãs e polacas. Expressões românticas em relação às alemãs como, “faces de papoulas amassadas”, “olhar de intenso azul” , contrapõem-se a cobiça reveladas em frase como “polaquinhas travessas e tentadoras” .
Um destes escritores revela, num jornal da época, que visitou uma da comunidade polaca e depois escreveu que, “Nota-se que os representantes do infeliz povo, esmagado pela ambição de governos tirânicos vive feliz nesta terra”. A frase era de certa forma lisonjeira, queria assim justificar sua presença e de outros que lá compareceram: “Foi por isso, sem dúvida, que confundidos com os polacos e polono-brasileiros, vi muitos brasileiros que acorreram a prestigiar com a sua presença o apelo das senhoras polacas” .
Castro Trindade vislumbra nestes textos um traço de preconceito e que justamente contribui para que a discriminação contra a etnia polaca só aumentasse. No que ela concorda com Perrot. Este senhor, ao falar dos excluídos, contempla também as carroceiras polacas de Curitiba. O desejo transforma as jovens trabalhadoras em objeto, os homens da sociedade local, obrigados a fazer a corte em saraus e encontros sociais, tem agora a sua disposição a própria rua para satisfazer suas ansiedades.
Pois em Curitiba, não há carroças, nem carroceiros, nem burros de carroça. Há “charretes” simples e toscas, puxadas a cavalos e conduzidas por moçoilas, lindas, colonas de faces rosadas que são elas e, não marmanjos, que distribuem o pão, o leite, as frutas, as verduras, carne, peixe etc. [...] A cidade em que a gente amanhece sorrindo, recebendo, com o pão e os legumes, os “bons dias” de carinhas brejeiras e ..."
Para o historiador de origem polaca, Ruy Christovão Wachowicz, as razões identificadas entre os próprios representantes da etnia para a negativa da ascendência “Polaca”, por essa época e também nos dias atuais, estava relacionada com a própria vocação agrícola dos primeiros imigrantes. “Polaco” passou a ser um termo que se identificava de imediato, na sociedade local, com a agricultura. Ser de origem “polaca” era admitir “ips facto“ que se pertencia a uma camada mais baixa da sociedade. Isto fez com que o “Polaco” com baixo nível de instrução, muitas vezes sentisse vergonha de sua própria origem e acabasse por rejeitar sua origem étnica. Apresentava-se na sociedade como alemão, austríaco ou russo, de acordo com as regiões de ocupação onde viviam seus ancestrais. E isto era terrível, pois se "bandeava" para o lado dos invasores e assassinos de seu próprio povo. Quando inquiridos sobre suas origens, respondiam: - “Não sei! Pelo menos era o que constava no passaporte do meu avô!”. Como se sabe a maioria dos passaportes dos imigrantes polacos eram expedidos sob a nacionalidade da potência de ocupação.
"Era sobremaneira doloroso o tratamento dispensado aos nossos colonos. Chamavam-nos de – polaco burro -. As causas desse trato pejorativo residiam em várias razões. Os primeiros imigrantes compunham-se de elementos paupérrimos oriundo de aldeias; muitos viveram sob regime senhorial. Embarcaram para o Brasil, pois a viagem não lhes custava nada [...] Os plantadores de café viam no polonês (palavra empregada pelo tradutor) recém-liberto da – escravidão senhorial -, na região ocupada pela Rússia, um excelente trabalhador. [...] os abandonado que não tinham nenhuma condição vieram ao nosso país. Não é de estranhar que aqui eles foram explorados e tratados como escravos. Os consulados fizeram ouvidos moucos aos reclames do imigrante, uma vez que isto pouco importava aos países dominantes. Esses, entre outros, são os fatos responsáveis pela difusão da expressão: -polaco burro".
Os estereótipos levaram alguns descendentes de polacos a adquirirem complexo de inferioridade em relação à sua origem étnica. A constatação disto ocorria, sobretudo, em camadas sociais intermediárias, localizadas entre o camponês e o indivíduo urbanizado. O camponês mesmo, não o possuía, porque os descendentes continuavam na própria classe de origem de seus antepassados.
Segundo Andrade Kersten, o camponês polaco difere dos demais pares brasileiros justamente pelo contexto histórico e social da região de Curitiba, “que faz com que o colono polaco seja visto na prática ideologicamente distinto, como categoria diferenciada do brasileiro e dos demais imigrantes”.
Os antagonismos existentes entre o brasileiro e o colono-polaco não se esgotam em sua condição étnica, apesar de que é por essas características que se reconhece e distingue o “polaco” dos demais. O “polaco” é o colono, o trabalhador, o proprietário, o professor, o “batateiro”. São figuras distintas que tem em comum sua origem étnica e também sua condição de colono, de imigrante, que confunde-se na conjuntura do processo imigratório em que assentam-se os núcleos coloniais no Brasil. A variável étnica é importante, mas ela só esclarece a situação do polonês transformado em “polaco”.
Aqui, Kersten inverte os termos e diz que foi o polonês que se transformou no Polaco, quando tudo afirma o contrário. Também a alcunha de “batateiro” se liga imediatamente ao polaco de Contenda, Araucária, Muricy, Guajuvira. Não para exaltá-lo como um fecundo produtor agrícola, mas para mais uma vez discriminá-lo. Kersten recolhe citação nos “Anais da comunidade Brasileiro-Polonesa”, para afirmar que a luta dos colonos polacos no Paraná é antiga: “vós, estúpidos poloneses, deveis cultivar a terra que recebestes; a nós cabe ditar-vos as leis”. Os organizadores dos Anais por sua vez recolheram a citação do jornal “Gazeta Polska” , não sem antes alterar o termo polacos para poloneses.

De acordo com Kersten este indivíduo, parte de um grupo de pioneiros muito pobres eram originários da agricultura e expulsos de aldeias que haviam sido regidas pelo sistema feudalista da idade média. Nesta condição ele embarcava para o Brasil. Aqui o indivíduo analisado por Kersten, “capta a realidade vivenciada, cria representações próprias das coisas e elabora todo um sistema correlativo de noções que capta e fixa o aspecto fenomênico da realidade”. Mais adiante ela afirma que é justamente desta “situação enfrentada que emerge o –polaco-, enquanto uma categoria estereotipada, através de avaliações negativas, tais como: alcoólatras, analfabetos, excessivo zelo religioso

Sessão Solene alusiva às comemorações dos 140 Anos da Imigração Polaca de Brusque acontece amanhã, 26 de junho, sexta-feira, às 20h00, na Câmara Municipal de Curitiba, R. Barão do Rio Branco, 720. A sessão é uma proposição do vereador Tito Zeglin, descendente de polacos.

Fortes chuvas atingem o Sul da Polônia

Foto: Krzysztof Karolczyk

As chuvas que atingem Manaus e o Paraná, também estão tornando a vida difícil na Áustria e no Sul da Polônia. A Małopolska, a voivodia cuja capital é Cracóvia, tem várias áreas inundadas pelas fortes chuvas deste mês de junho. O início do verão polaco tem feito muitos estragos nas cidades e na zona rural. Na foto acima, a enchente chegou a Bysina, localidade próxima a Myślenice, na região metropolitana de Cracóvia. A água entrou para valer na loja de Agnieszka Jamróz.
As chuvas este ano estão mais intermitentes do que nos 3 anos anteriores, neste mesma época do ano. Cracóvia há muitos anos se preparou para enfrentar estas calamidades construindo ao longo do rio Vístula, quando este passa pela cidade, diques imensos, que praticamente isolam a cidade das enchentes do mais importante rio polaco.
Os prejuízos já preocupam as autoridades econômicas do país, pois muito da produção agrícola vai se perder, além dos gastos extras com as pontes caídas, as estradas para serem recuperadas e ajuda aos desabrigados. A previsão do tempo não é nada otimista e por isso as preocupações também aumentam. Até quando vai continuar a chover? Perguntam-se todos.
Os alarmes foram soados nos distritos de Borzęcin, Gnojnik, Sękowa, Bobowa, Biecz, Jodłownik, Brzesko, Czchów, Jawiszowice, Rudaw, Balice e Szreniawy. Em Gnojnik 52 prédios estão debaixo d´água. Em Tarnów, mais de 50 casas foram atingidas pelas enchentes.

Festival Folclórico do Paraná



Tradicionalmente no mês de julho o Teatro Guairão, em Curitiba, vira palco das manifestações étnicas que fazem parte da cultura do Estado do Paraná. Tradicional também é a participação dos grupos folclóricos polacos Wisła e o Junak, de Curitiba, dois dos mais tradicionais grupos folclóricos fora da Polônia. O Wisła comandado por Eumar Guarizzi e pelo coreógrafo Lourival Araújo Filho se apresenta no dia 7 de julho, a 15 reais, o ingresso.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Kremówka de Wadowice

Quem vai atualmente a Wadowice, terra natal de Karol Wojtyła, surpreende-se com o número cada vez maior de confeitarias, padarias, bares e restaurantes oferecendo a "Kremówki Papieski", ou "torta cremosa do Papa". E como ninguém resiste, entra-se na primeira porta e às vezes se decepciona. Mas esta, a seguir, é uma das receitas tradicionais da delícia tão apreciada pelo Papa João Paulo II, que deve ficar muito gostosa.

Ingredientes
3 xícaras de Leite (quente),
1 xícaras de Farinha,
1 xícara de Açúcar
1 ovo,
1 cubo de margarina,
1 açúcar de baunilha,
2 embalagens grandes de "chantilly"
e açúcar de confeiteiro para cobertura.

Preparo
Juntar ao leite fervido, primeiramente a margarina, para que esta se dissolva. Em seguida misturar o açúcar comum, a baunilha, a farinha e o ovo. Todos os ingredientes devem ser misturados com a ajuda da batedeira elétrica. Colocar a mistura em panela de alumínio e cozinhar em fogo brando mexendo o tempo todo, de modo a produzir uma densa massa (parecido com a massa de pudim).
Colocar metade do creme resfriado numa forma e esparramar o parte do "chantilly" sobre ele. Em seguida colocar a segunda parte do creme sobre o "chantilly" e finalmente cobrir tudo com açúcar de confeiteiro (em pó).

"Possibilidades" de Wisława Szymborska

Prefiro cinema.
Prefiro os gatos.
Prefiro os carvalhos nas margens do
Warta.
Prefiro Dickens a Dostoievski.
Prefiro-me gostando dos homens
em vez de estar amando a humanidade.
Prefiro ter uma agulha preparada
com a linha.
Prefiro a cor verde.
Prefiro não afirmar que a razão é culpada de tudo.
Prefiro as exceções.
Prefiro sair mais cedo.
Prefiro conversar com os médicos sobre outra coisa.
Prefiro as velhas ilustrações listradas.
Prefiro o ridículo de escrever poemas
ao ridículo de não os escrever.
No amor prefiro os aniversários não redondos
para serem comemorados cada dia.
Prefiro os moralistas, que não me prometem nada.
Prefiro a bondade esperta à bondade ingênua demais.
Prefiro a terra à paisana.
Prefiro os países conquistados aos países
conquistadores.
Prefiro ter objeções.
Prefiro o inferno do caos ao inferno da ordem.
Prefiro os contos de fada de Grimm às manchetes de jornais.
Prefiro as folhas sem flores às flores sem
folhas.
Prefiro os cães com o rabo não cortado.
Prefiro os olhos claros porque os tenho
escuros.
Prefiro as gavetas.
Prefiro muitas coisas que aqui não disse,
a outras tantas não mencionadas aqui.
Prefiro os zeros à solta
a tê-los numa fila junto ao algarismo.
Prefiro o tempo dos insetos ao tempo das
estrelas.
Prefiro isolar.
Prefiro não perguntar quanto tempo ainda
e quando.
Prefiro levar em consideração até a
possibilidade
do ser ter a sua razão.


Tradução de Aleksandar Jovanovic e Henryk Siewierski

terça-feira, 23 de junho de 2009

Poznań, a mais amigável

Rynek, a praça central de Poznań

Poznań foi eleita como a mais amigável cidade da Polônia, entre dez listadas pela revista "Przekroj". O semanário analisou 26 cidades com mais de 175.000 habitantes do país, em 24 categorias e as posicionou em termos de taxa de desemprego e salário médio; custos imobiliários; qualidade dos serviços médicos; nível educacional; disponibilidade dos transportes públicos e extensão das ciclovias; número maior de jardins de infância e creches; além do acesso a Internet e divertimentos.
Poznań chegou ao topo por oferecer alta qualidade de transportes públicos e número de ciclovias, bem como os programas sociais e integração dos desempregados. Poznań tem 636 mil habitantes e é a capital da voivodia da Wielkopolska (Grande Polônia). Foi também ali que foi criado o primeiro bispado da Polônia no ano 968.
No segundo e terceiro lugares, respectivamente, ficaram as cidades sulistas de Rzeszów e Cracóvia. Rzeszów alcançou um índice dos mais altos pelo acesso gratuito à Internet e as regulamentações dos negócios-amigáveis. Já Cracóvia pela sucedida promoção da cidade nos exterior e a produção de vídeos turíticos popularizando a cidade no mundo.
A capital, Varsóvia ficou apenas em 13º. lugar, apesar de ser a única cidade polaca com um sistema de metrô e um forte investimento regional.

As dez cidades "TOP" da Polônia
1. Poznań
2. Rzeszów
3. Cracóvia
4. Wrocław
5. Olsztyń
6. Gdańsk
7. Szczecin
8. Katowice
9. Toruń
10. Białystok

As origens do preconceito contra a etnia

Casas do Bosque do Papa de Curitiba, recuperadas, estarão sendo entregues nas comemorações desta semana.

Em breve, o autor deste blog estará publicando seu mais recente livro. Tradução de sua dissertação de mestrado em cultura internacional pela Universidade Iaguilônia de Cracóvia terá o título de "POLACO - A identidade cultural do brasileiro descendente de imigrantes da Polônia". O texto abaixo é trecho desta dissertação e revela alguns dos componentes do preconceito criado contra os primeiros imigrantes polacos em solo brasileiro e que foram preponderantes para os descendentes abandonassem o termo polaco e o trocassem para o galicista termo polonês. E o transcrevo aqui, a propósito dos 140 anos da chegada do grupo de imigrantes silesianos em Brusque, Santa Catarina, em 1869, que se comemora esta semana em Brusque e Curitiba.

Apesar de existirem discordâncias importantes de quando realmente teria chegado o primeiro grupo imigrante da Polônia no Brasil, já que para estudiosos, como Padre Jan Piton, os polacos já estavam assentados no Espírito Santo, em 1847, quando ali chegaram 120 famílias polacas vindas da Prússia Oriental e da Silésia (regiões ocupadas pelos prussos), para este estudo específico deste mestrado em cultura internacional, focou-se justamente este grupo de imigrantes de Brusque, por ser ele o primeiro a suscitar preconceitos. Embora seja festejado por muitos como o pioneiro, não o é, pois são muitas as evidências sobre os grupos que o prescederam. Não só o de 1847, mas também os de 1851, 1853, 1856. Mas fica evidente que uma das principais causas da transmigração daquelas 32 famílias de Brusque para o planalto curitibano foi a confusão causada pelo império brasileiro quando colocou polacos juntos com os já instalados imigrantes prussos.
Mas os esforços daqueles imigrantes da Silésia para se afastarem dos saxônios foram inúteis. Em Curitiba, eles acabaram assentados na colônia do Pilarzinho, onde já se encontravam estabelecidas algumas famílias de origem saxônias, ou prussas (os atuais alemães), que décadas antes haviam chegado ao Paraná. A convivência no início foi bastante difícil entre os dois grupos imigrantes da capital do Paraná.
Muito dos preconceitos cultuados contra o imigrante polaco tiveram início justamente na concorrência “involuntária” ocorrida na comercialização dos produtos agrícolas dos novos assentados. As famílias de imigrantes saxônios, entre eles os Schaeffer e os Weber, que abasteciam a cidade com verduras e hortaliças começaram a espalhar boatos de que os polacos eram beberrões, vagabundos e perturbadores da ordem pública. Estas famílias saxônias do Pilarzinho tinham origem no primeiro grupo de imigrantes estrangeiros que chegou ao Paraná, em 1829. Eles tinham sido assentados na localidade de Rio Negro, quando o Paraná ainda pertencia à quinta comarca da província de São Paulo.
Na afirmação de Neda Mohtadi Doustdar: “A ação de despolonização, fazendo do extermínio da nacionalidade polonesa a condição de existência da Prússia [...] impulsionando-os à emigração.” Esta uma das causas primeiras da continuidade do conflito que continua a ocorrer em Brusque e no Pilarzinho entre polacos e saxônios. Em sua tese, Doustdar busca explicar as condições em que se encontravam os polacos na Polônia ocupada como determinantes do processo de segregação, discriminação e preconceito que os imigrantes desta nação acabaram encontrando no Sul do Brasil. Suas justificativas vêm acompanhadas de teorias sócio-econômicas.
"Vindo se instalar no Brasil como agricultor, compartilha de situações semelhantes com os alemães já estabelecidos, gerando conflitos na luta pela terra, na concorrência do mercado e, mais uma vez, o medo da despolonização. [...]A unidade de produção nessas colônias era a família ocupada com trabalhos manuais, valorados negativamente pela ideologia escravista do meio. Nessa atividade era confrontado com o caboclo, que tradicionalmente desenvolvia a agricultura de subsistência. [...] Ela só atua associada com aquelas características históricas, tendo como reforço as práticas de auto-segregação fundadas num tipo específico de nacionalismo, mesclado de religiosidade. Não é este ou aquele fator isoladamente que seria o responsável por esse tipo particular de preconceito, mas a conjunção dos três numa realidade sócio-econômica particular.”
Doustdar é categórica em suas conclusões, quando afirma que os estereótipos condicionados a ideologias étnico-raciais construídas a partir de imagens feitas acerca de outros e superpostas no particular de cada um acabou transformando o polaco em um indivíduo que “não conseguiu ser reconhecido nem como brasileiro, nem como imigrante polonês. A expressão que no longo processo o transfigurou no consenso da sociedade local foi a sua aceitação como –polaco-.”
Antes, porém, de apresentar uma série de referências onde ficam patentes as discriminações cometidas contra os imigrantes da Polônia, convém, verificar o que se discute sobre preconceito. Pois para Bernardo Kucinski, o preconceito não é algo simples. E porque não é assim tão simples, o uso do termo por essa retórica é, também, um uso preconceituoso. Isto porque preconceito é a noção, ou teoria formulada antes de se possuir dados suficientes para que essa noção, ou teoria se torne provável. É o pré-juízo elaborado antes de qualquer exame e que exclui a possibilidade de que possa ser destruído por provas em contrário. “É nesse mar, por exemplo, que brotam e navegam os preconceitos sociais”.
Justamente este pré-juízo, ou o preconceito étnico e a discriminação foram, entre as dificuldades encontradas pelos imigrantes polacos no Brasil, os maiores obstáculos à integração e assimilação na nova pátria. Dificuldades tiveram todas as etnias, a começar pelos escravos africanos e mesmo pelos índios que ali já viviam, mas as difamações iniciadas por aquelas famílias de origem alemã da colônia Pilarzinho desembocariam em perseguições culturais, discriminações e estudos científicos equivocados sobre a etnia polaca no Brasil. O preconceito contra os polacos ao longo das décadas permeou vários dos elementos de identificação étnica destes imigrantes e seus descendentes. Expressões como “polaco sem bandeira”, “polaco burro”, “preto do avesso” e simplesmente “polaca”, como designação de prostituta, forçaram a mudança do termo da língua portuguesa falada no Brasil que designa a nacionalidade da etnia. Polaco deixou de ser polaco para virar polonês.
Para compreender melhor estas ações contra a etnia polaca lembramos Halbwachs, quando diz que todo movimento migratório apresenta características de um fenômeno coletivo. Nesse sentido, os homens que se deslocam fazem parte de uma corrente social. O que os liga é o fato de se sentirem membros de um mesmo grupo, ou em outras palavras, “de participarem dos pensamentos e sentimentos próprios do agregado em que estão compreendidos, desde que entram efetivamente na categoria dos migrantes”. Mas também se pode dizer que os conceitos de sociedade de origem e sociedade de adoção são muito vagos e que excluem “de um lado, as possíveis diferenças ou semelhanças históricas entre as duas sociedades e, de outro, as diferenças em cada uma delas”. Dessa forma, a discriminação contra o polaco se fundamenta na herança social e cultural e sua ligação com a estrutura encontrada no Paraná. Esta situação associada aos padrões impostos pela sociedade de adoção desembocou nas expressões já mencionadas. Para Lara Bueno, o preconceito contra a etnia polaca para ser entendido não pode prescindir das “condições sociais do passado, em que aqueles fenômenos assumiram uma configuração definida e operante no meio social em que se inscreviam”. A historiadora paranaense afirma que o estereótipo criado em relação ao imigrante polaco se baseava em algumas premissas que o apontavam como alguém que “seria dado a bebidas alcoólicas; que teria inclinação especial pelas atividades agrícolas; cujas filhas teriam predileção pelas atividades domésticas, etc.”. Conclusões essas, que foram disseminadas pelas citadas famílias alemãs do Pilarzinho. Sociologicamente, com menor, ou maior propriedade se pode dizer que eram idéias preconcebidas, “de estereótipos que foram elaborados em determinadas circunstâncias histórico-sociais da comunidade e que, dada a significação social que possuem para os diversos grupos raciais em interação prevalecem até a atualidade.”
Em seu trabalho, Lara Bueno, destaca algumas entrevistas que fez como demonstrações de preconceito incorporadas pelos próprios integrantes da etnia. É o caso, por exemplo, de Maria L. Kowalski que entendia que o termo polaco era empregado para ofender: “Ah! Aqueles polacos aí {!}”. Mas que quando as outras pessoas a chamavam de polonesa, ela se sentia mais respeitada em seus valores e cultura. Lara Bueno esclarece, contudo que isso somente ocorria “num confronto de sociedades diversas, porque entre os pares utilizava-se simultaneamente polaco, polano ou polonês”.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A "irmã" do Papa João Paulo II

A manchete do jornal Gazeta Wyborcza, desta segunda-feira, 22 de junho de 2009 é:
Irmão Karol
Irmã Wanda
O jornal informa que o Stanislaw Dziwisz, cardeal metropolitano de Cracóvia, e ex-secretário particular João Paulo II, confirma que a médica cracoviana Wanda Póltawska, foi mais do que uma amiga do sumo pontífice, foi quase uma irmã. Muitas das decisões de Karol Wojtyla tiveram conselho da irmã Wanda.


domingo, 21 de junho de 2009

Comemoração dos polacos de Brusque

Típico navio a vapor que transportava os imigrantes para o Brasil

O Consulado Geral da Polônia convida para Sessão Solene alusiva às comemorações dos 140 Anos da Imigração Polaca no Brasil, que acontece dia 26 de junho/09 (sexta-feira), às 20h00, na Câmara Municipal de Curitiba, na Rua Barão do Rio Branco, 720. As comemorações são uma proposição do vereador Tito Zeglin.
Permito-me discordar da afirmação de 140 anos no Brasil. Evidentemente, esta quantidade de anos é referente, apenas, ao grupo que chegou em Brusque, Santa Catarina, em 1869, e não pode ser mais considerado o primeiro grupo a chegar ao Brasil.
Zeglin, com certeza, em sua proposição faz menção aos imigrantes que chegaram no "navio Victoria, com escala em Antuérpia, na Bélgica, e no Rio de Janeiro, no porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, em 1869. Do porto catarinense, as primeiras 16 famílias de silesianos foram encaminhadas para Brusque. Os chefes destas famílias eram: Franciszek Polak, Mikolaj Wós, Bonawentura Polak, Tomasz Szymanski, Szymon Purkot, Filip Kokot, Michał Prudlo, Szymon Otto, Dominik Stempki, Kasper Gbur, Balcer Gbur, Walenty Weber, Antoni Kania, Franciszek Kania, Andrzej Pampuch e Stefan Kachel.
Os 78 polacos, sendo 32 adultos e 46 crianças, foram instalados em Sixteen Lots, nas colônias Príncipe Dom Pedro e Itajahy. No ano seguinte chegaram outras 16 famílias, com 32 adultos e 54 crianças. Os chefes destas novas famílias eram: Fabian Barcik, Grzegorz Chyły, Leonard Fila, Baltazar Gebrza, Leopold Jelen, Andrzej Kawicki, Marcin Kempka, Błazej Macioszek, Walenty Otto, Wincenty Pampuch, Paweł Polak Marcin Prudlik, Jozéf Purkot, Jozéf Skroch, Tomasz Szajnowski e August Walder. No total dos dois grupos eram 164 pessoas".
Contudo, estudos do Padre Jan Pitoń, reunidos em minha tese de doutoramento pela Universidade Iaguielônia de Cracóvia, confirma que não são 140 anos de imigração polaca, o que se comemora neste ano - 2009 - no Brasil.
O primeiro grupo não é este de Brusque, que mais tarde foi transladado para a colônia Pilarzinho em Curitiba, mas sim o grupo do Espírito Santo de 1847. Estamos, portanto, comemorando 162 anos da chegada do primeiro grupo de imigrantes polacos no Brasil. Esta sim, deveria ser a comemoração, a de Zeglin é 140 anos do chegada do grupo de Brusque. Para reforçar o equívoco, basta dizer que antes destas 32 famílias chegarem a Santa Catarina, "Hieronim Durski, já havia chegado em 1851, em Joinvile, com um grupo 13 poznanianos. Além de outros 11 polacos Durski estava acompanhado de sua esposa Wincencja e de seu filho Julian".
"Segundo Pitoń, outro grupo de imigrantes polacos teria precedido Durski. Na opinião dele, o primeiro grupo significativo de polacos em terras brasileiras chegou à província do Espírito Santo em 1847. O grupo era formado por 120 famílias polacas vindas da Prússia Oriental e da Silésia (regiões ocupadas pelos prussos). A posição de Pitoń contraria as afirmações de que a presença polaca no território do Espírito Santo iniciou em 1870 e se consolidou em 1929, com a fundação da colônia Águia Branca. Corroborando sua afirmação, Pitoń recupera informação de Teodor Matejczyk:
- W publikacji z okazji 50-lecia pobytu Zgromadzenia Werbistów w Brazylii, 1895-1945, „Matejczyk i Gorzik”, kapłani pracujący w Espírito Santo naliczyli „Pomeranos” już 770 dusz. 1847/59 Vitória 2.142 osób. Reasumując ruch migracyjny od 1851 – 1869 r. należy wyciągnąć następujące wnioski: Masowa emigracja do Brazylii rozpoczęła się dużo wcześniej, bo w 1851 r., pojawienie się ośmiu rodzin z Poznańskiego. Emigracja ta pochodziła z zaboru pruskiego, Pomorza Zachodniego, Śląska i Poznańskiego. W zestawieniu statystycznym przedstawia się następująco: „Polacos Pomeranos”, rodzin 211 z 914 osób; „Polacos Silesianos”, rodzin 36 z 151 osób; Poznańskie, rodzin 8 z 13 osób; Razem: rodzin 442 z 2.400 osób. Emigracja powyższa nie była dotychczas brana pod uwagę, była nieznana i zapomniana przez polskich badaczy.
Uma década mais tarde, outro grupo chegou a Santa Cruz, na então província do Rio Grande do Sul. Em 1857, 320 famílias procedentes das mesmas regiões do grupo mencionado anteriormente receberiam a companhia de um terceiro grupo na mesma Santa Cruz. Pitoń afirma que aqueles pomeranos chegados nas duas províncias eram católicos e com sobrenomes polacos. Portanto, não poderiam ser alemães, pois estes eram em sua maioria protestantes.
Stan Espírito Santo przyjął polskich osadników „Pomeranos” wraz z narodowością szwajcarską i niemiecką w latach 1856-1873, w liczbie 348 osób, sprowadzonych przez Towarzystwo kolonialne – „Associação Colonial” pod kierunkiem Caetano Dias da Silva. Kontyngent wynosił 3.600 osób, który został ulokowany w terenie górskim nad rzeką Itapemirim w osadach Santa Isabel, Santa Leopoldina. Oddajmy głos autorowi dzieła Tschudi J.J. Reisen durch Sudamerica, Leipzig, str.82: ´Upór i siła oraz liczba 384 rodzin pomorskich „Pomeranos” przybyłych w latach 1856-1873, katolików, obok setek rodzin protestanckich, przyczyniły się do rozwoju i postępu ekonomicznego. Prawda, że „Pomeranos”, grupa etnicznie i społecznie zróżnicowana, nie była przyzwyczajona do terenów górskich, warunków klimatycznych podzwrotnikowych, lecz w pionierskiej pracy kolonizacyjnej i osadniczej, okazała się wytrzymała i zdolną w codziennym trudzie”[...] „Pomorzanie dzisiaj wśród osadników niemieckich w Santa Leopoldina, stanowią główną podstawę kolonii, która z latami jednak się rozproszyła w kierunku północnym, nad rzekę Rio Doce Dyrektorem kolonizacji Alberto Jahn, urodzony w Królewcu, kpt. artylerii pruskiej, zakontraktowany przez rząd cesarski w 1851 r. Później na prośbę Friederica Eichmana, poszła pruskiego w Rio de Janeiro, został przerzucony do São Leopoldo w Rio Grande do Sul w charakterze tłumacza. Również w Espírito Santo i stanie Rio Grande do Sul bawił Guilherme Mtschitzki, botanik z Gdańska. W 1857 r. istniały już cztery osiedla, najliczniejsza Santa Leopoldina, Santa Isabel 1847, Santa Teresa, Tirol, łącznie 7.297 Osób. [...] Jeden z pierwszych osadników Pomorzanin Feliks Rembiński, redaktorowi Świata Parańskiego, potwierdził obecność z przed 50 laty w Santa Leopoldina około 100 – 120 rodzin. Oto kilka nazwisk: Trzosek, Frąckowiak, Rafalski, Grałek, Jaździewski, Włodkowski, Kapicki, Gołąbek, Ponczek, Adamek, Rudzki, Śąryber, itd. Istnienie elementu polskiego „Pomeranos” pochodzących z Kwidrzynia, Starogardu, katolików w odróżnieniu od Niemców protestantów potwierdzają pastorzy: Urban Fischer i Wellman w swoich sprawozdaniach do Konsystorza Ewangelickiego i „Obra Missionária Luterana”, obecnie Marthin Luther Bund. W relacjach pastorzy uskarżają się na trudności przy sprawowaniu kultu oraz współżyciu.´Byliśmy często wyśmiewani i „vivamente hostilizados”.[...] Był to rodzaj idiosynkretyzmu, wstręt i antypatia do podopiecznych. Polacy starali się oswobodzić z kurateli niemieckiej i gdy tylko nadarzyła się sposobność opuszczali gościnne progi osad, Również to samo stało się w Espírito Santo. Sposobnością taka była budowa drogi kolejowej Vitória – Belo Horizonte nad rzeką Rio Doce. Pomorzanie przenieśli się w rejon prac kolejowych i z rolników przeszli na robotników, proletariat. O pobycie przy budowie drogi kolejowej świadczą nazwy stacji: „Baunilha dos Polacos”, „Patrimônio dos Polacos” oraz liczne kaplice MB Bolesnej, św. Antoniego, itp. Z braku opieki religijnej Pomorzanie korzystali z posługi oo. kapucynów z odległego miasteczka „Figueira”.

"Naquele grupo considerado alemão existiam pessoas que estavam em permanente conflito, mais por razões éticas e religiosas, do que por um pedaço de terra. E as causas destas desavenças seriam compreensíveis se de fato se reconhecesse que parte daquele grupo era polaco, segundo Pitoń. A presença destes imigrantes naquele ano, no Rio Grande do Sul, por sua vez, comprova que o grupo de Brusque (que chegou ao Porto de Itajaí, Santa Catarina, em agosto de 1869 e que era composto de 164 polacos procedentes de Biała Góra, em Sialkowice, na Silésia Meridional.), comemorado como o marco inicial da imigração polaca no Brasil seria na verdade o quarto e não o primeiro."

Padre Jan Pitoń, originário de Zakopane, na Polônia, chegou ao Brasil como pároco, procedente de Cracóvia, em 1933. Mais tarde, na condição de Reitor da Missão Católica Polaca percorreu milhares de quilômetros evangelizando, construindo igrejas, capelas, orfanatos e escolas. Além das atividades religiosas, tinha como missão pessoal registrar tudo e todos que possuíssem ascendência polaca. Ele anotava quantos eram os integrantes da família, quem chegou primeiro, quando, quantos morreram, quantos reimigraram. Depois disso, confrontava suas pesquisas com dados de cartórios, igrejas, cemitérios, arquivos públicos, bibliotecas e periódicos, no Brasil e/ou na Polônia. Procurou sempre discutir com outros pesquisadores e na maior parte das vezes, cedia seu trabalho, que geralmente era publicado como de autoria de quem se servia de seus estudos. Pitoń com sua meticulosidade, com seu empenho de mais de 50 anos, reuniu números, informações e análises como nenhum outro o fez sobre a emigração polaca para o Brasil. O resultado de seu trabalho, infelizmente não está publicado. Mas está sob guarda da Universidade Jagielloński, nos arquivos da Biblioteca do Przegorzały, em Cracóvia.
Aos 95 anos de idade, ele se confessava triste para Ulisses Iarochinski:Um professor de Curitiba várias vezes enviou carta para mim. Ele pedia por minhas tabelas estatísticas. Eu então fotocopiava todo o material pedido. Depois os colocava no correio em pesados envelopes. Gastava meu dinheiro de aposentado para fazer isso. Nunca recebi uma carta de agradecimento. E o pior é que agora lendo seu livro “Saga dos Polacos” verifico que minhas tabelas estão publicadas nele, mas com crédito, fonte, para aquele professor ".
Em 23 de janeiro de 2006, o padre Jan Pitoń morreu em Cracóvia, aos 97 anos de idade e foi enterrado em sua Kościelisko, gmina ao lado da cidade de Zakopane, nos Tatras polacos, mesma localidade onde ele nasceu em 3 de fevereiro de 1909.
De 1933 em diante passou a viver como missionário da Congregação São Vicente de Paula no Brasil. De 1933 a 1938 foi o vigário paroquial em Alto Paraguaçu - Itaiópolis, Santa Catarina, pároco da paróquia de Guarani Missoes de 1938-1942, na freguesia do Ivaí, Paraná de 1942-1948, na freguesia Irati de 1948-1950, professor do Seminário, em 1949, em Curitiba, pároco na freguesia do Bairro do Abranches, em Curitiba, de 1950-1955, pároco de Porto Alegre 1955-1962, reitor da Missão Polaca Católica no Brasil de 1962-1972. Em 1974, ele retornou à Polônia, passando a viver em Cracóvia, onde começou a escrever suas memórias e estudos estatísticos da imigração polaca no Brasil. Infelizmente seus trabalhos não foram ainda publicados, mas encontram-se sob a guarda da Universidade Iaguielônia de Cracóvia. Foram estes estudos base de um dos capítulos de minha tese de doutorado nesta universidade.

P.S. Os parágrafos entre aspas e em itálico são trechos traduzidos de minha tese de doutoramento, escrita originalmente em idioma polaco.

sábado, 20 de junho de 2009

O lamentável Presidente do Tribunal

O juiz marotamente sorri

8 contra 80 mil. 8 contra 180 milhões. Este é o título do artigo da Federação Nacional dos Jornalistas após a lamentável decisão do Supremo Tribunal Federal do Brasil de acabar com a obrigatoriedade do diploma de ensino superior para o exercício da profissão. O presidente de nossa maior instituição de justiça que passa por cima das determinações de um juiz de primeira instância colocando na rua a ave de rapina Daniel Dantas, que não se cansa de desfilar diante das câmeras da TV Globo com seu sorriso maroto e irônico, que compara o exercício da profissão do quarto poder de uma nação , a imprensa, com culinária, não pode julgar nada. Esta mais do que na hora de um "empeachment" desta triste figura do judiciário brasileiro. Até quando os 180 milhões de brasileiros ainda terão que aguentar seus equívocos e seu desvio de inteligência.
Como relator do processo e presidente do STF, o senhor Gilmar Mendes abre possibilidade para que a própria profissão dele, advogado, não necessite também da obrigatoriedade do diploma de ensino superior para se exercer a "defesa de outrem" ou decidir a "vida de outrem". Na Inglaterra, os cidadãos que desejarem não precisam contratar advogados. Se lá na terra da Rainha Elizabeth é possível, por que aqui não é? Gilmar Mendes, segundo outro ministro do Supremo, há muito envergonha a justiça brasileira. Quem não se lembra das imagens semanas atrás veiculadas em todas as TVs do Brasil? Será que não está na hora dos juízes dos Tribunais Superiores serem eleitos pelo povo em eleição direta, assim como é para Presidente, Senador, Deputados, Governadores, Prefeitos e vereadores? Por que somente um Poder da República é isento de voto?

O ministro era Joaquim Barbosa, que atacou duramente o presidente da Corte, Gilmar Mendes, e disse que seu colega de tribunal "destrói a credibilidade do Judiciário brasileiro". Mendes coordenava o julgamento de um processo sobre a Previdência pública no Paraná, quando indagou sobre o fato de Barbosa ter questionado uma suposta "sonegação de informações" sobre o caso.
Joaquim Barbosa atacou dizendo que o presidente do STF não tinha conhecimento da realidade brasileira, pois só se preocupava em aparecer em jornais e revistas e televisões. "Saia à rua, ministro Gilmar. Saia à rua! Faça o que eu faço. Vossa Excelência não está na rua não. Vossa Excelência está na mídia destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro. É isso", atacou o magistrado.
Constrangido, Gilmar Mendes sorria e pediu respeito ao companheiro de toga. "Vossa Excelência não tem condição de dar lição a ninguém", disparou Mendes. "E nem Vossa Excelência. Vossa Excelência me respeite. Vossa Excelência não tem condição alguma. Vossa Excelência está destruindo a Justiça desse País e vem agora dar lição de moral em mim? Vossa Excelência não está falando com os seus capangas do Mato Grosso, ministro Gilmar. Respeite!", rebateu Barbosa.

Golpe 118/06/2009 19:13
Oito contra oitenta mil
Oito contra 180 milhões

Perplexos e indignados os jornalistas brasileiros enfrentam neste momento uma das piores situações da história da profissão no Brasil. Contrariando todas as expectativas da categoria e a opinião de grande parte da sociedade, o Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria, acatou, nesta quarta-feira (17/6), o voto do ministro Gilmar Mendes considerando inconstitucional o inciso V do art. 4º do Decreto-Lei 972 de 1969 que fixava a exigência do diploma de curso superior para o exercício da profissão de jornalista. Outros sete ministros acompanharam o voto do relator. Perde a categoria dos jornalistas e perdem também os 180 milhões de brasileiros, que não podem prescindir da informação de qualidade para o exercício de sua cidadania.

A decisão é um retrocesso institucional e acentua um vergonhoso atrelamento das recentes posições do STF aos interesses da elite brasileira e, neste caso em especial, ao baronato que controla os meios de comunicação do país. A sanha desregulamentadora que tem pontuado as manifestações dos ministros da mais alta corte do país consolida o cenário dos sonhos das empresas de mídia e ameaça as bases da própria democracia brasileira. Ao contrário do que querem fazer crer, a desregulamentação total das atividades de imprensa no Brasil não atende aos princípios da liberdade de expressão e de imprensa consignados na Constituição brasileira nem aos interesses da sociedade. A desregulamentação da profissão de jornalista é, na verdade, uma ameaça a esses princípios e, inequivocamente, uma ameaça a outras profissões regulamentadas que poderão passar pelo mesmo ataque, agora perpetrado contra os jornalistas.

O voto do STF humilha a memória de gerações de jornalistas profissionais e, irresponsavelmente, revoga uma conquista social de mais de 40 anos. Em sua lamentável manifestação, Gilmar Mendes defende transferir exclusivamente aos patrões a condição de definir critérios de acesso à profissão. Desrespeitosamente, joga por terra a tradição ocidental que consolidou a formação de profissionais que prestam relevantes serviços sociais por meio de um curso superior.

O presidente-relator e os demais magistrados, de modo geral, demonstraram não ter conhecimento suficiente para tomar decisão de tamanha repercussão social. Sem saber o que é o jornalismo, mais uma vez – como fizeram no julgamento da Lei de Imprensa – confundiram liberdade de expressão e de imprensa e direito de opinião com o exercício de uma atividade profissional especializada, que exige sólidos conhecimentos teóricos e técnicos, além de formação humana e ética.

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), como entidade de representação máxima dos jornalistas brasileiros, esclarece que a decisão do STF eliminou a exigência do diploma para o acesso à profissão, mas que permanecem inalterados os demais dispositivos da regulamentação da profissão. Dessa forma, o registro profissional continua sendo condição de acesso à profissão e o Ministério do Trabalho e Emprego deve seguir registrando os jornalistas, diplomados ou não.

Igualmente, a FENAJ esclarece que a profissão de jornalista está consolidada não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. No caso brasileiro, a categoria mantém suas conquistas históricas, como os pisos salariais, a jornada diferenciada de cinco horas e a criação dos cursos superiores de jornalismo. Em que pese o duro golpe na educação superior, os cursos de jornalismo vão seguir capacitando os futuros profissionais e, certamente, continuarão a ser a porta de entrada na profissão para a grande maioria dos jovens brasileiros que sonham em se tornar jornalistas.

A FENAJ assume o compromisso público de seguir lutando em defesa da regulamentação da profissão e da qualificação do jornalismo. Assegura a todos os jornalistas em atuação no Brasil que tomará todas as medidas possíveis para rechaçar os ataques e iniciativas de desqualificar a profissão, impor a precarização das relações de trabalho e ampliar o arrocho salarial existente.

Neste momento crítico, a FENAJ conclama toda a categoria a mobilizar-se em torno dos Sindicatos. Somente a nossa organização coletiva, dentro das entidades sindicais, pode fazer frente a ofensiva do patronato e seus aliados contra o jornalismo e os jornalistas. Também conclama os demais segmentos profissionais e toda a sociedade, em especial os estudantes de jornalismo, que intensifiquem o apoio e a participação na luta pela valorização da profissão de jornalista.

Somos 80 mil jornalistas brasileiros. Milhares de profissionais que, somente através da formação, da regulamentação, da valorização do seu trabalho, conseguirão garantir dignidade para sua profissão e qualidade, interesse público, responsabilidade e ética para o jornalismo.

Para o bem do jornalismo e da democracia, vamos reagir a mais este golpe!

Brasília, 18 de junho de 2009.

Diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ

Descendentes para defender a Polônia

Luiz Felipe de camisa listrada e cabelos longos - Foto: AFP

O leitor Rajmund Wilczek, de Telêmaco Borba, no Paraná, envia sugestão de notícia sobre a autorização da Federação Polaca de Futebol para se buscar brasileiros descendentes de polacos no Brasil.
A notícia publicada originalmente no jornal Przegląd Sportowy e reproduzida pelo portal Wirtualna Polska se pergunta: "Brasileiros para fortalecer a seleção da Polonia?"
E o próprio jornal responde: "Isto é bastante possível".
Segundo o jornal seria necessário apenas alterar as regras da FIFA, permitindo assim que jogadores que não tenham servido a seleção de seus países de nascimento em jogos oficiais, possam integrar as seleções dos países de seus ancestrais.
"A Federação Polaca de Futebol decidiu explorar esta possibilidade e por isso já está em contato com um empresário brasileiro, que ajudaria a pesquisar na Terra do Café futebolistas com raízes polacas."
E o jornal vai mais longe em seu artigo, publicando que o Brasil pode oferecer uma imensa variedade de jogadores para a Polónia. Existiriam, no Brasil, segundo o jornal, "entre 800.000 a 3.000.000 de pessoas com ascendência polaca".
o primeirO reforço em potencial seria o brasileiro Luis Filipe Kasmirski. O jogador tem 24 anos e joga atualmente no Deportivo La Coruña da Espanha. Segundo o jornal os ancestrais de Luis Felipe emigram do Sul da Polónia para a América no final do século 19 e a grafia correta do sobrenome seria então Kaźmierski.
"Luís Filipe é um grande lateral esquerdo. Equipes como o Barcelona e a Juventus de Turim estão interessados em contratá-lo. Ele além da cidadania brasileira, tem passaportes italiano e polaco. A luta para tê-lo será muito difícil. Kasmirski pode ser convocado para a seleção canarinho do Brasil, onde a lateral esquerda ainda não foi preenchida por um titular estável. Seria uma oportunidade excelente se o presidente da PZPN, Grzegorz Lato tivesse acesso a esta reportagem. Sabemos que uma ação nesse sentido está prevista. Kasmirski têm para oferecer o status de estrela para a seleção da Polônia. Podemos correr atrás dele então."
A segunda busca de exploração de potenciais defesonsores da seleção polaca será a Alemanha. Ali, o empresário a ser contatado é Maciej Chorążyk. Na Alemanha, o treinador Leo Beenhakker poderá escolher entre:

Goleiros: Christoffer Mattisiewew (nascido em 1992, Clube: Djurgården de Estocolmo), Martin Kompalla (nascido em 1992, Clube: Borussia Moenchengladbach), Damian Onyszko (nascido em 1992, Clube: FC Fyn).
Zagueiros: Damien Perquis (1984, Sochaux), Sebastian Boenisch (1987, Werder Bremen), Nick MEAC (1990, Wigan Athletic), Sven Madziarski (1991, SC Langenhagen), Sebastian Kedzierski (1992, Treviso), Amadeus Piontek (1992, Borussia Dortmund), Kamil Wałdoch (1992, Schalke 04 Gelsenkirchen), Mateus Protasiewicz (1993, Twente Enschede), Adrian Fox (1993, Roda Kerkrade), Meike Karwot (1993, Alemania Aachen).
Armadores: Ludovic Obraniak (1984, OSC Lille), Christoph Dabrowski (1978, VfL Bochum), Matuschyk Adam (1989, FC Colonia), Alan Stulin (1990, FC Kaiserslautern), David Blacha (1990, Borussia Dortmund), Andre roupa ( 1991, Karlsruher SC), Sebastian Czajkowski (1992, VfL Bochum), Andre Dej (1992, MSV Duisburg), Jacob Przybyłko (1993, Arminia Bielefeld), Kacper Przybyłko (1993, Arminia Bielefeld).
Atacantes: Podrygała Patrício (1991, Hertha Berlim), Dominik Kruczek (1991, Borussia Moenchengladbach), Patrick Schikowski (1992, Bayer Leverkusen), Michael Szymków (1992, FSV Mainz).

E no Brasil, quem está habilitado? Seria o caso de se verificar nos registros da CBF quantos possuem sobrenome polaco. Está aí, uma tarefa difícil, pois nem todos possuem a grafia correta em polaco de seus sobrenomes e muitos ainda "pensam" que são descendentes de austríacos, russos, prussos, alemães.

Os polacos vão à "la playa"

Foto: Ulisses Iarochinski

Com o verão chegando na Polônia, neste domingo, as praias do mar Báltico são o destino de milhares de turistas polacos. Se no inverno eles acampam nas montanhas do Sul, em Zakopane e Szczyrk.
No verão, Gdynia, Sopot, Hel, Uska, Kołobrzeg e Świnoujście ficam lotadas de "peles rosadas" sobre areias mais grossas que as da Ilha do Mel, no Paraná, e tão desertas quanto as paranaenses.
Aqui, a poucos metros da fronteira com a Alemanha, no ponto mais Noroeste da Polônia, uma das extensas praias de Świnoujście.

Jarosław e seus campos da morte

Foto: Ulisses Iarochinski

Em Jarosław, cidade no Sudeste da atual Polônia, este imenso painel, numa parede lateral de um edifício do século 17, mostra os diversos campos de concentração, extermínio, crematórios e trabalhos forçados de judeus, instalados pela ocupação alemã-nazista.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Fórmula 1 na Polônia?

Proposta de traçado do Grande Prêmio de Varsóvia

Cracóvia já havia manifestado sua vontade, ano passado, de contar com uma prova do campeonato mundial de Fórmula1. Planos foram apresentados para o autódromo ser construído no bairro do Krowodzia, nas proximidades do aeroporto internacional de Balice.
Embora o desempenho do cracoviano Robert Kubica (pronuncia-se cuBÍtsa) não seja dos melhores na atual temporada, agora é Varsóvia que deseja ter uma prova do polêmico campeonato dos astros Button, Nelsinho Piquet, Massa e Hamilton.
O Grande Prêmio de Varsóvia, segundo seus idealizadores, seria uma prova de rua. Com suas grandes avenidas, no melhor estilo eixões de Brasília, a capital polaca acredita que tem tudo o que a FIA-Federação Internacional de Automobilismo exige. A proposta de percurso já foi desenhada pelo arquiteto Robert Młodzińskiego, contemplando traçado exigido para uma prova de Fórmula 1. Ele alerta, contudo, será necessária uma minuciosa modernização da superfície, pois as ruas teriam de ser perfeitamente iguais. O traçado de 4,6 km seria nas proximidades do Estádio Nacional de Futebol, que está sendo construído para a Euro2012. Seriam utilizadas as avenidas Zielenieckiej, Poniatowskiego, Wybrzeża Szczecińskiego, a rua Zamoyskiego, parte da linha férrea e Sokolej
Jakub Szałamach, da LG Electronics Polska, diz que o assunto é sério. A empresa está organizando um plebiscito para que os polacos possam eleger qual a cidade da Polônia que poderia receber os bólidos da Fórmula1 em prova válida pelo campeonato. Os polacos podem votar no portal www.torformuly1.pl até o dia 31 de Julho. O internauta poderá escolher entre Gdynia, Cracóvia, Varsóvia e Wrocław.
A idéia de um grande prêmio na Polônia foi incentivada por Bernie Ecclestone, chefão da F1, que disse, ano passado, que "Gostaria que a Polônia tivesse uma corrida de F1".

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Alemães agradecem Solidariedade e Polônia

Foto: Tobias Schwarz- Reuters

O presidente do Parlamento Alemão Norbert Lammert conversa com o presidente do Sejm (Câmara dos Deputados) da Polônia, Bronisław Komorowski e a chanceler alemã Angela Merkel, diante do monumento ao "Solidariedade", em Berlim. A inauguração do monumento aconteceu ontem na capital alemã. Nunca as palavras "Solidariedade" e Polônia foram tão pronunciadas na Alemanha como nos últimos dias. Os alemães com mais este gesto reforçam a exposição que percorre a Polônia sobre o fim dos 20 anos de comunismo. Autoridades alemãs têm repetido que sem a Polônia, sem o "Solidariedade", sem Lech Walesa, o comunismo não teria acabado tão cedo e as duas antigas Alemanha não teriam se reunificado. O monumento inaugurado, ontem, ficará para sempre no que restou do muro de Berlim.

Novos canais na Mazúria

Lago Marmry em Węgorzewo- Foto: Wojciech Surdziel

Não! Não, a Polônia não é só Cracóvia. Tem muito mais... E olha, muito mesmo. Com o sol quente, o céu azul, o verde enebriante, aumentam as opções de turismo. Uma das regiões mais belas da Polônia é a Mazúria com seus lagos, ilhas fluviais, florestas e etc.

O governo da Voivodia da Mazúria quer construir algumas dezenas de km de canais para ligar os Grandes Lagos da Mazúria e com isso traçar uma nova rota fluvial de 50 km.
Isto porque, segundo o Instituto de Turismo, em 2008, Warmia e Mazúria foram visitadas por 2,1 milhões de polacos, ou seja, um quarto de um milhão menos que no ano anterior. Uma das causas para o refluxo de turistas, segundo a prefeitura de Giżycko, a capital do verão polaco, a maioria dos velejadores começaram a procurar por um grande porto no Lago Niegocin e não encontraram.
Mas para que um novo ancoradouro exista e possa abrigar mais de 136 veleiros e embarcações seriam necessários 20 milhões de euros. A União Europeia acena com esse investimento, mas o porto só ficaria pronto no Outono de 2010.
Existe um outro plano, embora de dimensões menores, para atrair investidores privados. Um deles, nas imediações de Pisz, os marinheiros já adotaram neste verão. E não foi preciso muito, com baixo investimento, conseguiram instalar sanitários, restaurante e locais para dejetos dos barcos. E isto já é muito bom. Mas seriam necessários vários deles e não apenas um.
Segundo a prefeita de Giżycko, Jolanta Piotrowska, os marinheiros "estão mais exigentes. Eles precisam de banheiros em terra, querem tomar uma ducha e infelizmente os locais que existem são insuficientes nos dias de hoje."
Assim como Piotrowska, os demais prefeitos da região, querem retomar planos dos nazistas durante a segunda guerra mundial, que previam a construção de canais ligando os diversos lagos, o que criaria uma Trilha Fluvial, na Mazúria, de 50 km. Para começar, seriam abertos dois quilômetros de canal entre o lago Śniardwy, de Giżycko, com o lago do leste, o que aliviaria o congestionamento do lago Mikołajki. Um idéia mais ousada seria ligar o lago Śniardwy com os lagos de Elk.
O senador Marek Konopka, do PO, é um dos maiores defensores da idéia dos canais. Mas os ambientalistas já estão de prontidão. Eles acreditam que os canais possam causar danos ao Parque Nacional da Mazúria. O senador rebate os protestos dizendo que, "a Alemanha fez isso e nada aconteceu. Agora é a nossa vez de fazer algo igual. Os canais não irão prejudicar a natureza. Isso será algo novo para os velejadores. Nem todos eles têm coragem de navegar em Śniardwy. Existem muitas pedras e muito vento, o que causa grandes ondas. Os novos canais vão permitir navegar pelos lagos, aumentar a oferta turística e descongestionar a rota. O investimento é possível e com equilíbrio não afetará o meio ambiente. Se não fizermos nada nos lagos, as consequências serão ... um desastre, em todos os sentidos".

terça-feira, 16 de junho de 2009

350 verbos polacos

Czasownik Polski - Verbos Português BR

1. Abdykować -Abdicar
2. Adoptować -Adotar
3. Akredytować- Credenciar
4. Analizować- Analisar
5. Aplikować- Estagiar
6. Bać się- Ter medo
7. Badać- Investigar
8. Bawić- Entreter
9. Bawić się- Entreter-se
10. Bić- Bater
11. Bić się- Bater-se
12. Biec- Correr
13. Boleć- Doer
14. Brać- Pegar
15. Brać się- Colocar-se
16. Brakować- Faltar
17. Broczyć- Sangrar
18. Broić- Fazer barulho, brincar.
19. Bronić- Defender
20. Brudzić- Sujar
21. Budować- Construir
22. Budzić- Acordar
23. Burzyć- Destruir
24. Być- Ser, estar
25. Całować- Beijar
26. Cechować- Designar, caracterizar
27. Celebrować- Celebrar
28. Cenić- Respeitar, estimar.
29. Chcieć- Querer
30. Chodzić- (Ir a pé várias vezes) Ir, andar, caminhar.
31. Chorować- Adoentar
32. Chować- Esconder
33. Chłodzić- Resfriar
34. Ciąć- Cortar
35. Chuchać- Soprar
36. Ciągnąć- Puxar
37. Cieszyć- Alegrar
38. Czekać- Esperar
39. Czesać- Pentear
40. Czuć- Sentir
41. Czyścić- Limpar
42. Czytać- Ler
43. Dawać- Dar
44. Dochodzić- Chegar a, atingir.
45. Dodawać- Adicionar
46. Dojeżdżać- Vir, chegar
47. Domyślać- Refletir
48. Dopływać- Afluir
49. Doprowadzać- Conduzir
50. Dostawać- Ganhar, receber
51. Dotykać- Tocar
52. Dowiadywać-Ficar sabendo
53. Dowodzić- Demonstrar
54. Drzeć- Rasgar
55. Dziękować- Agradecer
56. Dzwonić- Telefonar
57. Gniewać -Irritar
58. Gotować- Cozinhar
59. Głodować- Passar fome
60. Gnębić- Oprimir
61. Grać- Jogar
62. Gubić- Perder
63. Hamować- Frear
64. Hartować- Temperar, endurecer.
65. Hodować- Cultivar, criar animais.
66. Huśtać- Balançar
67. Interesować- Interessar
68. Iść- (a pé uma vez) Ir, andar, caminhar.
69. Jechać- (de carro uma vez) Ir, andar, caminhar.
70. Jeść- Comer
71. Jeździć- (de carro várias vezes) Ir, andar, caminhar.
72. Karać- Punir
73. Kąpać- Banhar (dar banho)
74. Kapać- Pingar
75. Kierować- Dirigir
76. Kłamać- Mentir
77. Kłaść- Colocar, por
78. Kłócić- Perturbar
79. Kochać- Amar
80. Kończyć- Terminar
81. Korzystać- Aproveitar
82. Kosztować- Custar
83. Kraść- Roubar
84. Krzyczeć- Gritar
85. Kupować, kupić- Comprar
86. Latać- Voar
87. Leczyć- Curar
88. Lekceważyć- Menosprezar
89. Leżeć- Estar deitado
90. Liczyć- Calcular, somar
91. Lubić- Gostar
92. Łapać- Agarrar
93. Malować- Pintar
94. Martwić- Magoar
95. Martwić się- Preocupar-se
96. Marznąć- Sentir frio
97. Mieć- Ter
98. Mieszkać- Residir, morar
99. Mieścić- Caber, conter
100. Milczeć- Silenciar
101. Móc- Poder
102. Mówić- Falar
103. Musieć- Dever
104. Myć- Lavar
105. Mylić- Enganar
106. Myśleć- Pensar
107. Nabierać- Pegar
108. Nadawać- Conferir
109. Nadchodzić- (a pé várias vezes) Aproximar
110. Nadjeżdżać- (carro várias vezes) Vir
111. Nadrabiać- Fingir
112. Nakrywać- Cobrir
113. Nalewać- Encher
114. Należeć- Pertencer
115. Namawiać- Persuadir
116. Narzekać- Queixar
117. Nastawiać- Dispor de
118. Nazywać- Nominar
119. Nienawidzić- Odiar
120. Nosić- Carregar, usar, vestir.
121. Nudzić- Aborrecer
122. Obchodzić- Rodear
123. Obcinać- Cortar, podar
124. Obiecywać- Prometer
125. Objeżdżać- Contornar
126. Odbierać- Levar, recuperar
127. Odchodzić- Sair, partir
128. Oddawać- Devolver
129. Odjeżdżać- Ir embora, partir.
130. Odlatywać- Levantar vôo
131. Odmawiać- Recusar, negar
132. Odnosić- Restituir
133. Odpisywać- Responder carta
134. Odpoczywać- Responder
135. Odprowadzać- Acompanhar
136. Odróżniać- Distinguir
137. Odwiedzać- Visitar
138. Odwoływać- Anular
139. Oglądać- Assistir filme, TV.
140. Opisywać- Descrever
141. Opowiadać- Contar, narrar
142. Opuszczać- Abandonar
143. Ośmielać- Animar, encorajar
144. Otwierać- Abrir
145. Padać- Cair
146. Pakować- Empacotar
147. Palić- Queimar, fumar
148. Pamiętać- Lembrar
149. Panować- Dominar, reinar
150. Patrzeć- Olhar, observar
151. Pić- Beber
152. Pilnować- Cuidar
153. Pisać- Escrever
154. Płacić- Pagar
155. Płakać- Chorar
156. Płoszyć- Assustar, espantar.
157. Płukać- Gargarejar
158. Pływać- Nadar
159. Pobierać się- Ter-se, receber-se.
160. Podawać- Servir
161. Podchodzić- Subir, aproximar
162. Podkreślać- Sublinhar, acentuar
163. Podnosić- Elogiar, louvar
164. Podobać się- Agradar-se
165. Podpisywać- Assinar
166. Pokazywać- Exibir, mostrar
167. Polewać, polać- Regar, molhar
168. Pomagać, pomóc- Ajudar
169. Poprawiać- Corrigir, melhorar
170. Posiadać- Possuir
171. Postanawiać- Decidir
172. Potrzebować- Precisar, necessitar
173. Powodować- Causar, motivar
174. Powstrzymywać się- Abster
175. Powtarzać- Repetir
176. Poznawać- Reconhecer
177. Pozostawać- Restar
178. Pozwalać- Permitir
179. Pożyczać- Emprestar
180. Pracować- Trabalhar
181. Prosić- Pedir, solicitar
182. Prowadzić- Guiar, administrar
183. Próbować- Provar, testar
184. Przebiegać- Correr
185. Przechodzić- Atravessar, passar
186. Przeczyć- Contestar, contrariar
187. Przedstawiać- Apresentar
188. Przejeżdżać- Atravessar com veículo
189. Przekonywać- Convencer
190. Przemawiać- Discursar
191. Przenosić-Transferir, mudar
192. Przepisywać- Transcrever
193. Przepływać- Atravessar a nado
194. Przerwać- Interromper, pausar
195. Przesadzać- Exagerar, transplantar
196. Przestawać- Conviver com alguém
197. Przeszkadzać- Incomodar
198. Przewidywać- Prever
199. Przeznaczać- Destinar, consignar
200. Przybywać- Juntar-se, chegar.
201. Przychodzić- Chegar a pé
202. Przyglądać- Examinar
203. Przygotowywać- Preparar
204. Przyjeżdżać- Chegar de veículo
205. Przyjmować- Aceitar
206. Przynosić- Trazer
207. Przypominać- Relembrar
208. Przywozić- Importar, trazer
209. Przyznawać- Admitir
210. Pukać- Palpitar, bater na porta.
211. Pytać- Perguntar
212. Radzić- Aconselhar
213. Ratować- Socorrer, salvar
214. Robić- Fazer
215. Rodzić- Parir
216. Rosnąć- Aumentar, crescer
217. Rozbierać się- Despir-se
218. Rozbijać- Fazer confusão, viajar.
219. Rozdawać- Repartir, distribuir
220. Rozmawiać- Conversar
221. Rozrywać- Rasgar, romper
222. Rozumieć- Entender
223. Rozwiązywać- Desamarrar, resolver
224. Ruszać- Mover, mexer
225. Rwać- Extrair
226. Rzucać- Arremessar, lançar
227. Schodzić- Descer
228. Siadać- Sentar
229. Skakać- Saltar, pular
230. Skupiać- Concentrar, acumular
231. Słuchać- Ouvir
232. Służyć- Servir a pátria
233. Słyszeć- Escutar
234. Spać- Dormir
235. Spędzać- Passar, gastar o tempo.
236. Spoglądać- Dar uma olhadela
237. Spostrzegać- Notar, reparar
238. Spotykać się- Encontrar-se
239. Spóźniać- Atrasar
240. Sprawdzać- Verificar, controlar
241. Sprawować- Exercer, cumprir.
242. Sprzątać- Arrumar, limpar
243. Sprzedawać- Vender
244. Stać- Estar em pé parado
245. Starać się- Esforçar-se
246. Stawać- Levantar-se
247. Stawiać- Colocar
248. Szkodzić- Prejudicar
249. Szukać- Procurar, buscar.
250. Szyć- Costurar
251. Śmiać się- Rir-se
252. Śnić- Sonhar
253. Śpieszyć- Apressar
254. Śpiewać- Cantar
255. Tańczyć- Dançar
256. Tłumaczyć- Traduzir
257. Trwać- Durar, demorar
258. Trzymać- Segurar, deter.
259. Trzymać się- Conservar-se, cuidar-se.
260. Ubierać- Vestir, decorar.
261. Uciekać- Fugir, escapar.
262. Uczyć- Ensinar
263. Uczyć się- Aprender
264. Udawać- Fingir, dirigir-se a.
265. Umieć- Saber
266. Umierać- Morrer
267. Uprawiać- Cultivar, lavrar a terra.
268. Urządzać- Organizar, administrar.
269. Urodzić- Nascer
270. Ustępować- Ceder
271. Uspokajać- Acalmar
272. Używać- Usar, utilizar.
273. Wchodzić- Entrar, subir
274. Widzieć- Enxergar, avistar.
275. Wiedzieć- Saber
276. Wierzyć- Acreditar, confiar.
277. Wieszać- Pendurar, suspender.
278. Witać- Cumprimentar, saudar.
279. Wjeżdżać- Entrar na garagem
280. Włączać- Incluir
281. Wodzić- Guiar
282. Woleć- Preferir
283. Wołać- Clamar, chamar.
284. Wozić- Conduzir
285. Wnosić- Concluir
286. Wpadać- Desembocar
287. Wprowadzać- Introduzir, fazer mudança.
288. Wracać- Retornar, voltar
289. Wsiadać- Embarcar, montar a cavalo.
290. Wskazywać- Apontar, indicar.
291. Wstawać- Erguer-se
292. Wstępować- Ingressar
293. Wybaczać- Perdoar, desculpar.
294. Wybierać- Escolher, selecionar.
295. Wychodzić- Sair
296. Wyciągać- Tirar, esticar.
297. Wycierać- Enxugar, esfregar.
298. Wydawać- Inflar
299. Wygrywać- Aquecer
300. Wyjeżdżać- Viajar
301. Wyjmować- Retirar
302. Wykluczać- Eliminar
303. Wyłączać- Desligar
304. Wymieniać- Permutar, trocar.
305. Wynajmować- Alugar
306. Wynajdywać- Descobrir, achar.
307. Wypadać- Convier
308. Wypełniać- Encher, completar.
309. Wyprowadzać- Fazer sair, tirar.
310. Wyrażać- Exprimir
311. Wyruszać- Partir de viagem
312. Wysiadać- Desembarcar, descer
313. Wystarczać- Bastar
314. Wysyłać- Enviar, despachar
315. Zabierać- Pegar, tomar.
316. Zabijać- Matar
317. Zaczynać- Começar, principiar.
318. Zadawać- Ter amizade com
319. Zajmować- Ocupar, invadir.
320. Zależeć- Depender
321. Zamawiać-Marcar, mandar vir, reservar.
322. Zamierzać- Pretender, projetar.
323. Zamykać- Fechar, silenciar.
324. Zapisywać się- Inscrever-se
325. Zapominać- Esquecer
326. Zapraszać- Convidar
327. Zapytywać- Perguntar por
328. Zarabiać- Ganhar dinheiro
329. Zasługiwać- Merecer
330. Zastanawiać- Intrigar
331. Zasypiać- Adormecer
332. Zawdzięczać- Dever algo
333. Zawierać- Contrair, concluir.
334. Zbierać- Ajuntar, reunir.
335. Zdawać- Parecer
336. Zdążać- Aspirar a
337. Zdejmować- Remover
338. Zjeżdżać- Fugir
339. Zmieniać- Alterar, trocar.
340. Znajdować- Encontrar, achar.
341. Znosić- Neutralizar
342. Zostawać- Ficar, permanecer.
343. Zostawiać- Deixar, abandonar.
344. Zwiedzać- Visitar
345. Zwracać- Devolver
346. Żałować- Lamentar
347. Żartować- Brincar, gracejar, fazer piada.
348. Żegnać- Despedir
349. Żenić- Casar
350. Żyć- Viver

Seleção e tradução: Ulisses Iarochinski

Pronúncia dos fonemas polacos

O idioma polaco, no entendimento de alguns dos mais eminentes linguistas internacionais, seria o segundo mais difícil em complexidade gramatical. Com sete casos de declinação só é mais fácil que o idioma húngaro, com seus 15 casos de declinação. Mas pronunciar o idioma polaco também não é tarefa das mais fáceis. Abaixo algumas dicas para os iniciantes nesta língua mais que milenar.

PRONÚNCIA DAS VOGAIS –

a, e, i, o, u: Todas abertas. Tentar pronunciar todas como se pronuncia É
y: Tem uma pronúncia entre I e E (fechado), quase como Ê.
ą: como ON
ę: como EN
ó: Tem pronúncia de U
Não existe o ã. De Capitão... Nenhuma vogal é anasalada.

PRONÚNCIA DAS CONSOANTES –

b, d, f, g, k, l, n, p: Tem pronúncia como em brasileiro (português).
c: Tem pronúncia de TS como em tsar russo.
ch: Tem pronúncia de RR como em carro
cz: Tem pronúncia de TCH, como e, Tchau, Tcheco.
ć: Tem pronúncia de TCH
dz: Tem pronúncia de DS
dż Tem pronúncia de J inglês como em John
dź: Tem pronúncia de DJ, como curitibano e carioca pronunciam dia, diva.
h: Tem pronúncia de RR
j: Tem pronúncia de I, como em pai, filho.
ł: Tem pronúncia de U
m: Tem que se pronunciar abrindo e fechando a boca fortemente.
ń: Tem pronúncia de NH, como em vinho.
r: tem pronúncia branda como todos os R em meio de palavra brasileira, como carinho.
rz: Tem pronúncia de J como em janela.
s: Tem sempre pronúncia de SS
ś: Tem pronúncia de CH
si: Tem pronúncia de CHI
sz: Tem pronúncia de CH
t: Tem a mesma pronúncia do T do paulistano da Mooca, bem brando.
w: Tem pronúncia de V, não invente! Não é inglês, é eslavo, portanto, nada de UA.
z: Tem a mesma pronúncia do Z brasileiro.
ż: Tem pronúncia de J, como já, gênero.
ź: Tem pronúncia de DJ, como curitibano e carioca pronunciam dia, diva.
Não existem no alfabeto polaco as letras X e V

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Castro: cidade de polacos

Foto: Divulgação Prefeitura

Os meus Jarosiński chegaram ao Brasil em 1911, para ser mais preciso em 14 de junho, no porto do Rio de Janeiro. Os Jarosiński faziam parte de um grupo de 194 famílias, procedentes das províncias de Siedlce, Chełm e Lublin. Cada família era constituída em média de 6 pessoas, ou seja, estavam naquele navio 1150 imigrantes. Após permanecerem 10 dias na hospedaria do imigrante da Ilha das Flores, na baia da Guanabara, embarcaram com destino a Paranaguá no navio costeiro Itaúba. Era 24 de junho. Depois de Paranaguá, subiram a Serra do Mar de trem e passaram alguns dias na Casa do Imigrante, em Curitiba, até serem encaminhados a Colônia Iapó de Castro. A viagem de Piotr, Ana e os filhos Wiktoria, Bolesław (meu avô), Józef e Maria, desde a vila Helenów, distrito de Wojcieszków, município de Łuków foi cansativa, penosa mas cheia de esperança.
Passaram a viver em Castro, cidade das mais antigas do Paraná. Embora nascido em Monte Alegre do Tibagi (anteriormente município de Tibagi e atualmente de Telêmaco Borba) minhas raízes paranaenses também estão na rainha do rio Iapó. O nome “Castro” foi dado em homenagem ao português, Martinho de Melo e Castro que foi Secretário de Estado dos Negócios Ultramarinos da Coroa Portuguesa (cargo equivalente ao de Ministro da Marinha). Castro foi elevada a categoria de cidade em 21 de janeiro de 1857, sendo considerada a Primeira Cidade instituída na Província do Paraná, por isso é tão conhecida como a “Cidade Mãe do Paraná”.

Muito pouco ficou registrado até hoje sobre a colonização polaca nos Campos Gerais, ou seja, em terras de Palmeira, Irati, Guarapuava, Ponta Grossa e Piraí do Sul, Tibagi e Castro em que pese terem sido criadas 15 colônias com mais de 200 famílias nos 13 primeiros anos do século 20. Do pouco que se sabe é que em 1855, chegaram ao município imigrantes alemães e tempos depois os polacos, assentando-se nas colônias de Terra Nova e Santa Leopoldina. No final do século 19 Castro recebeu alemães protestantes, que se instalaram na região de Maracanã, Rio Abaixo e Bulcão. No início do século, em meados de 1911, chegaram mais polacos e os primeiros holandeses, estes fundaram a Colônia de Carambeí, e entre 1951 e 1954, com a vinda de mais 50 famílias, fundaram a Castrolanda que foi batizada assim em homenagem à cidade. Os japoneses chegaram em 1958 e impulsionaram a agricultura através de novas técnicas de plantio e produção. Mas sem dúvida nenhuma do contigente populacional a etnia mais expressiva é a polaca, pouco louvada é verdade, mas ainda assim a mais importante.
O jornal curitibano Gazeta Polska, de 9 de julho de 1893, é uma das poucas fontes a relatar que “essas também foram mal conduzidas, não por falta do governo, mas pela inconsciência dos líderes da colonização, que se locupletavam com os recursos destinados à implantação e estabelecimento dos imigrantes, enquanto esses passavam fome e necessidades. (...) em vista de informações falsas de que os poloneses serem vagabundos, o governo decidiu sustar qualquer auxílio. Os colonos, para não morreram de fome, lançaram mão do gado dos grandes fazendeiros, matando os animais que pastavam nos pastos selvagens, conseguindo dessa forma sobreviver até que viesse a primeira colheita.(...) Em vista da matança de cabeças de gado, surgiram divergências entre os poloneses, que lutavam pela vida, e os fazendeiros, que defendiam suas propriedades. O mais afamado, pela fúria contra os imigrantes, era um tal Domingos Ribas. Embora atualmente os colonos já possuam seu pão cotidiano, êle não deixa de persegui-los com seus negros, batendo e maltratando, não só os homens, mas as mulheres e até crianças. Há anos êle vendeu as terras ao governo, para que ali fossem instaladas colônias. Não se retirou das mesmas, embora já estivessem morando ali os imigrantes, utilizando os campos como outrora e procurando despejar os colonos polacos.”

Aquele que procura por informações sobre os polacos em Castro se depara com a incredulidade da população local. É comum ouvir: “Não! aqui não tem colônia de polacos , não! As colônias daqui são de alemães e holandeses.” Impressionante como a população local desconhece suas origens. O Museu do Tropeiro existente na cidade fala apenas dos tropeiros e dos portugueses e cabolcos que precederam o movimento imigratório. Nem mesmo os holandeses força econômica do município tem tanta coisa assim. Apesar disto, basta abrir a lista telefônica e encontrar centenas de nomes de origem polaca. Não bastasse isso as colônias Iapó, Santa Leopoldina, Tronco, Passo dos Bois e Maracanã ainda conservam lotes dos primeiros imigrantes polacos.
Um recenseamento realizado no mês de maio de 1943 na área urbana e suburbana de Castro apontava uma população de 5.350 habitantes. A estatística era bem detalhada, apresentando não só a origem étnica dos moradores como os endereços e quantidade de pessoas por residência. Estão assinaladas 119 residências de polacos com 558 pessoas, ou seja, 10.42% da população da cidade. O contingente étnico polaco só é inferior ao dos brasileiros. As demais etnias estão assim representadas: alemã ( 38 residências e 125 pessoas), italianos (16 residências e 73 pessoas), russos (6 residências e 36 pessoas), sírios (6 residências e 36 pessoas), lituanos ( 2 residências e 6 pessoas), holandeses ( 2 residências e 3 pessoas), estoniano (1 residência e 4 pessoas), iugoslavos (1 residência e 7 pessoas), austríacos ( 1 residência e 4 pessoas), franceses (1 residência e 3 pessoas), suíços (1 residência e 2 pessoas) e mais 3 residências cada uma com um integrante das nacionalidades japonesa, ucraniana e portuguesa. Resumindo, em 14 de julho de 1943, a população de Castro era composta por:

Brasileiros em geral: 4490
Polacos: 558
Alemães: 125
Outros: 177
Imigrantes: 860
Total: 5350

Ou seja, os polacos em 10,42%, constituindo-se no maior contigente imigratório da cidade. De onde se pode concluir que a maioria dos imigrantes era de origem polaca. O fato dos alemães da cidade, nos dias de hoje, terem maior destaque se deve a organização social. Estes, desde o início procuraram se unir em grupos e associações, enquanto os polacos ficaram isolados nas colônias e desunidos entre si. Ainda hoje é forte na cidade a presença do Clube dos Alemães.
Aliás, muitos descendentes de polacos em Castro se acreditam filhos de alemães, o que não é verdade. Wróbel, por exemplo, é sobrenome polaco e não alemão como podem supor algumas pessoas com este sobrenome. Isto se explica, porque quando da vinda dos primeiros Wróbel para o Brasil, eles portavam passaporte alemão, em função a ocupação Prussa-Alemã de 123 anos em boa parte das terras da Polônia. Um grupo expressivo de imigrantes polacos chegou em Castro no ano de 1911 procedentes das províncias de Chełm, Siedlce e Lublin e foram assentados principalmente nas Colônias Iapó, Santa Leopoldina e no bairro de Bonsucesso. Neste grupo chegou também Piotr (Pedro) Jarosiński (grafado pelo despreparado tabelião da cidade como Iarochinski) com a esposa Anna Filip-Jarosiński e os filhos Wictoria, Jozéf, Bolesław e Maria. O casal Piotr e Anna teve mais 5 filhos entre Castro e Ponta Grossa, como Angelina, João, Ladislau, Anastácia e Francisco. Descendem de Piotr e Anna 244 pessoas, sendo que apenas 40 assinam o sobrenome Iarochinski, Jarochinski ou Jarosiński.

domingo, 14 de junho de 2009

Estudantes cada vez mais analfabetos

Muita festa e pouca leitura -Foto: PAP

A elite intelectual polaca já há algum tempo vêm alertando para a situação cada vez mais preocupante. A progressiva degeneração intelectual da juventude polaca foi tema de uma entrevista ao jornal Gazeta Wyborcza com o Professor Nicholas Rudolf, do Departamento de Química, da Universidade de Wrocław. O intelectual diz que faz tempo começou a falar mais pausado em suas aulas. Segundo ele, a maioria dos estudantes tem problemas com a aquisição de informação de base. Isto sem contar os erros ortográficos que aumentaram bastante. "Encontrar nas provas frases correta e compreensíveis têm se tornado raridade. Mais e mais frequentemente são utilizadas formas fonéticas para representação das palavras, denunciado a falta de leitura dos alunos. Estes já não lêem muito. Não se pode, recorrer sempre ao Google e a Wikipedia para efetivamente acompanhar as explicações em sala de aula".
Para Jan Hartman, professor de Filosofia na Universidade Jagielloński, de Cracóvia, uma percentagem de estudantes na Polônia são inacreditavelmente analfabetos. "Alguns perderam (ou não adquiriram) ainda a capacidade de ler. Embora o nível intelectual dos estudantes na Polônia, torne-se cada vez pior, não se produziu ainda uma resposta da comunidade acadêmica. Segundo Hartman, isto está acontecendo muito em função do sistema de ensino superior, que desde que acatou as decisões da Convenção de Bolonha (que busca a unificação do ensino universitário em todos os países membros da União Europeia) só fez piorar e ninguém ousa falar nada contra.
As Universidades passam por um periodo em que é imperioso buscar o dinheiro para a formação de cada aluno. A qualidade já não é mais tão importante, para a maioria das instituições de ensino superior é importante apenas quantidade.
O que pode ser feito para salvar a situação, que a cada ano está ficando mais dramática? O Prof. Rudolf sugere uma mudança no ensino e na formação dos alunos. Mas será que isso realmente poderá ajudar? A maioria dos professores ainda não voltou seus olhos para a grave situação, pois a pequenas modificações sugeridas por Rudolf teriam que começar pelo ensino médio. "Lá sim começam os problemas e lá devem ser atacados. Quando chegam a universidade já não há mais nada a fazer".

P.S. Mas parece que o problema não se resume apenas a Polônia. Com a unificação do sistema de ensino na União Europeia, onde um universitário francês pode cursar o primeiro ano na Sorbone, o segundo ano em Osford, depois o terceiro e o quarto em Berlim e Cracóvia para regressar no quinto a sua universidade de origem, os estudantes chegam em número cada vez maior para cursarem o ano acadêmico nas universidades polacas. Eles vêem indistintamente da Espanha, França, Alemanha, Itália, Portugal, Suécia, Inglaterra e até do México, Cazaquistão e Geórgia. Os últimos chegam aqui graças a extensão do Programa Erasmus, que agora também tem alcance mundial, oferecendo bolsas de estudo para estudantes do mundo todo em instituições de ensino superior europeias. E o nível dos estrangeiros, inclusive de alguns brasileiros do "Erasmus" é tão baixo quanto o verificado entre os polacos.