sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Nacionalismo e Patriotismo

Foto: Andreas Dueren - CNA
O Arcebispo de Poznań e Presidente da Conferência Episcopal Polaca (KEP), Stanisław Gadecki, dedicou uma carta para explicar as diferenças entre o nacionalismo e o patriotismo, por ocasião da XXI Jornada do Judaísmo na Igreja Católica na Polônia. O religioso expôs os perigos do primeiro e recomendou as virtudes do segundo, que descreveu como "uma atitude que vale a pena cultivar".

"A Igreja Católica percebe criticamente o nacionalismo, porque colocar a nação acima da hierarquia de valores pode levar a uma espécie de idolatria", advertiu Gadecki, que recordou que o Papa Pio XI em 1937 advertiu contra este erro na Encíclica "Mit Brenneder Sorge".

Em contraste, o arcebispo recomendou a promoção do patriotismo, citando as palavras de São João Paulo II na Encíclica "Redemptoris Missio": "O cristão e as comunidades cristãs vivem profundamente inseridos na vida de seus povos respectivos e são sinal do Evangelho inclusive pela fidelidade à sua pátria, ao seu povo, à cultura nacional, mas sempre com a liberdade que Cristo trouxe".

Os Bispos polacos contam com um documento intitulado "A Forma Cristã do Patriotismo" e afirmaram em 2012 que o patriotismo pode ser um elemento de ordem e paz se ele se constrói sobre a Fé e o mandamento do amor. Os religiosos polacos descreveram o dever patriótico também como um "compromisso de trabalho sobre a reconciliação social através de recordar a verdade sobre a dignidade de cada ser humano", e um apontar e crescer até as possibilidades do país através da cooperação acima das divisões.

"Desejo a todos meus compatriotas em casa e no exterior que o Centésimo Aniversário da Independência da Polônia nos fortaleça no amor à pátria no espírito do autêntico patriotismo", concluiu Dom Gadecki. (EPC)

Fonte:gaudiumpress.org

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Minhas palavras no facebook

Estas são as palavras que mais escrevo em minhas publicações no Facebook. A maioria, portanto, palavras que traduzem minhas origens e meus labores. Palavras do interior do Paraná e da terra dos meus ancestrais.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Meu amigo Frans

Israel Klabin, da família Lafer-Klabin, um dos proprietários das Indústrias Klabin, escreveu no jornal Folha de S.Paulo sobre seu amigo de juventude, o polaco Franciszek Krajcberg, que chegado da Polônia, foi trabalhar na Fazenda Monte Alegre (atual município de Telêmaco Borba), no sertão do Paraná, como desenhista.

Foto:Danilo Verpa/Folhapress
Por Israel Klabin

Logo depois da cruel guerra que terminou em 1945, meu pai, que era chamado para resolver os múltiplos problemas dos remanescentes judeus das cruéis perseguições —nem sempre feitas só pelos nazistas alemães— recebeu uma ligação de Lasar Segall (1891-1957), que tinha relações familiares conosco.

Ele pedia que meu pai intercedesse e organizasse a vinda para o Brasil de um jovem artista polonês. Esse pedido incisivo era feito pelo grande artista Marc Chagall (1887-1985) a meu pai, através de Segall.

Eis a história: um jovem judeu polonês, jogado num campo de concentração na Polônia, onde tinha sido perseguido e insultado pelos próprios poloneses não judeus.

Libertado por tropas russas, teve de pegar em armas ainda imberbe, lutando ao lado dos russos ao final da guerra. Finalmente, com o avanço das tropas aliadas, voltou a pegar em armas, desta vez ao lado de tropas americanas e inglesas.



Esse jovem, com pouco mais de 20 anos, conhecera Marc Chagall, que por ele se encantou. Daí o pedido de fugir da Europa, de suas misérias e perseguições e vir para o Brasil. Meu pai conseguiu organizar a sua vinda e o colocou como desenhista no setor de engenharia da empresa florestal de papel e celulose da família, onde ele encontrou uma profissão afim e próxima das suas habilidades artísticas.

Eu, jovem estudante de engenharia, fazia meus estágios durante as férias também nesse mesmo escritório, no interior do Paraná. Nasceu, como diria Goethe, uma grande "afinidade eletiva" entre mim, praticamente imberbe, e aquele mais velho, porém ainda jovem contratado e que ajudava a erigir uma grande obra no meio da floresta.

Durante o meu percurso acadêmico, as minhas férias encontravam em Frans Krajcberg e no jovem engenheiro químico Claudio Lobl uma trinca amante das artes, da natureza e do pensamento criativo, que redundou numa amizade profunda que durou toda a vida.



Ensaios e pinturas eram criados fora das horas de trabalho. Passeios por trilhas e conversas infindáveis consolidavam uma relação que frutificou através dos anos e se manteve até o desaparecimento primeiro de Claudio Lobl, que foi o grande CEO (principal executivo) da empresa Klabin, e agora com a partida do meu querido Frans.

Ainda no nosso passado, há quase 70 anos, em 1951, a primeira Bienal recebeu a obra desse artista polonês paranaense Frans Krajcberg, a quem foi conferido o primeiro prêmio.

A partir daí, todos conhecem os caminhos que o levaram a Paris, para a construção dos marcos indeléveis contra as queimadas da Amazônia, a beleza das construções com raízes, troncos e galhos que formavam entes sobrenaturais e que indicavam a permanência da vida e da natureza e a sua relação profunda conosco, seres humanos —que, ao compreendê-la, conversávamos com ela ao olhar a arte de Frans.



Quanta coisa mais fizemos juntos! Lembro-me das conversas cheias de vida no seu pequeno apartamento na Urca, no Rio.

Lembro-me do seu aniversário em Nova Viçosa (BA), quando ele recebeu de mim o que chamava de o melhor presente que já tinha recebido: 2.000 mudas de árvores, cujas espécies estavam ameaçadas.

Lembro-me das minhas visitas angustiadas ao Hospital Albert Einstein, no qual ele conseguia sobrenadar os percalços da contingência física e continuar a trabalhar.

Frans era a própria vida. Sem preconceitos entre o vegetal e o animal, sem reticências à profundidade e permanência da Criação e com a certeza de que as frases ditas pela madeira, pela árvore, pelo ar e até por nós mesmos contingenciavam o espaço e o tempo.

Momentos profundos de conversas sem palavras, de pensamentos mentirosos, mas que escondiam a comunicação vigorosa sobre aquilo que não era dito: a morte de meu filho e o presente que ele me deu de uma ave de madeira que voava na minha imaginação e que me levava para onde o meu filho estivesse.


A raiva violenta contra os destruidores, os saqueadores da humanidade, os desflorestadores da Amazônia e contra todos aqueles que não compreendiam que a finalidade do homem era participar de um todo e que por esse todo ele era também responsável.

Meu caro Frans, você continua por aqui. Todo dia te vejo, quando entro em minha casa passando pela tua escultura que mandei fundir em ferro para que fosse imobilizada e eternizada. Ou quando chego ao meu trabalho e olho aquela imensa árvore queimada, resquícios de uma floresta que você transformou e nela encontrou a beleza e a permanência. Ou quando entro numa floresta viva e vejo você sorrindo.

Meu grande abraço, querido amigo.

Texto de: ISRAEL KLABIN,
presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, é membro do Conselho da Klabin S.A.

Fonte: jornal Folha de S.Paulo


FRANS KRAJCBERG

Pintor, escultor, gravador, fotógrafo e artista plástico nascido na Polônia e naturalizado brasileiro.
Nascimento: 12 de abril de 1921, Kozienice, Polônia
Falecimento: 15 de novembro de 2017, Rio de Janeiro, RJ
Livros: Nouveau manifeste du naturalisme intégral, MAIS
Filmes: Socorro Nobre

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Principal partido polaco trabalha para o Kremlin

O ex-deputado Roman Giertych publicou artigo dias atrás no portal de notícias wp.pl (Grupa Wirtualna Polska - grupo virtual polaco) com o título:

"Tusk está certo. PiS trabalha para o Kremlin"

Mas quem é Roman Jacek Giertych para falar com tanta propriedade de Donald Tusk e criticar o partido de Jarosław Kaczyński, o PiS?

Giertych tem 46 anos e é um político polaco, historiador e advogado. Nos anos 2001-2007 foi deputado, sendo também, no período 2006 a 2007, vice primeiro-ministro e ao mesmo tempo ministro da educação nos governos de Kazimierz Marcinkiewicz e Jarosław Kaczyński.
É ex-presidente da LPR - Liga das Famílias Polacas e Juventude Polaca, um partido de extrema-direita.

Ele é o autor de livros:
  • Kontrrewolucja młodych, Ad Astra, Warszawa 1994, ​ISBN 83-901684-1-3​
  • Pod walcem historii. Polityka zagraniczna Ruchu Narodowego 1938–1945, Londyn 1995
  • Za błękitną kurtyną: polski wywiad na tropie masonów, Fulmen-Poland, Warszawa 1996, ​ISBN 83-86445-08-4​
  • Lot Orła, Fundacja „Nasza Przyszłość”, Szczecinek 2000, ​ISBN 83-88531-04-2​
  • Możemy wygrać Polskę. Wybór felietonów z Radia Maryja 1997–1999, Ostoja, Krzeszowice 2001, ​ISBN 83-88020-52-8

Antes de se eleger deputado nacional dirigiu seu escritório de advocacia em Varsóvia e retornou a ele em 2007. Nas eleições seguintes declarou seu voto no PO - Partido Plataforma Cívica, do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

Em fevereiro de 2013, juntamente com Marcinkiewicz e Michal Kaminski criou o Instituto Pensamento Estatal do qual é presidente. Nas eleições parlamentares de 2015 concorreu sem sucesso como candidato independente ao Senado. Perdeu para Konstanty Radziwill.


Bem, apresentado o autor, vamos ao seu texto:

Alguém finalmente disse isso alto: "PiS trabalha para o Kremlin". Até agora, fingimos que nada de especial aconteceu. Houve uma mudança no governo na Polônia, e que está implementando seu programa de governo. Enquanto isso, a verdade é brutal. Nenhum agente de Putin agiu até agora de outra forma que o PiS está fazendo.

Ex primeiro-ministro da Polônia e atual presidente do Conselho Europeu da UE
Política de defesa
Ridículo o uniforme do soldado polaco homenageado por uns adolescentes, nenhuma compra efetiva de qualquer equipamento militar nos últimos dois anos, desperdício de dinheiro do exército com propósito não militar, grupo tático militar polaco GROM, declarações ridículas não comprovadas sobre o Ministério da Defesa Nacional, curioso (justo nesta semana quando surgiram boatos de uma guerra quente contra a Rússia) como o presidente da República Andrzej Duda disse sobre os "métodos UB" dos generais desobedientes afirmando que seus desempenhos prejudicam os interesses fundamentais da Polônia e objetivamente ele está agindo em favor de Putin e da Rússia. O mesmo se aplica às chamadas subcomissões de Smolensk, cuja principal tarefa é divulgar a teoria absurda dos russos terem removido a parte danificada do avião.

O conflito com a União Europeia, Alemanha, França, República Tcheca, Itália, Grupo Visegrad e o último com a Ucrânia é o mais puro dos sonhos de Putin. Contatos apenas com políticos pró-americanos. Todos esses movimentos do PiS são feitos em um momento em que a Rússia mantém a anexação da Crimeia e ocupa o leste da Ucrânia. Você pode imaginar um momento mais estúpido no conflito com o Ocidente e a Ucrânia? A única explicação para isso é o acordo com Putin.

Política de justiça
As tentativas de liquidar o poder judicial independente do Tribunal Constitucional e a PKW (Comissão Estatal das Eleições) são atos de fato que nos colocam no caminho da saída da União Europeia. A dissolução da UE é o sonho de Putin. Sem um poder judiciário independente e eleições independentes, vamos pousar de uma forma ou de outra fora da UE. À mercê de Putin.

Política interna
A perseguição de manifestantes, casos da participação de criminosos em manifestações, apoio a ações nacionalistas e o apoio à marcha de tolerância racista são ações que prejudicam a imagem da Polônia como país ocidental. Esse é o propósito deles. Nada mais pode ser explicado além disso. Trata-se de provocar o Ocidente numa reação que mais tarde pode ser retratada como um ataque à Polônia.

O objetivo é sair da UE
O objetivo óbvio e final de todos esses esforços é realmente sair da UE. Este é também o plano estratégico da Rússia para a Polônia. Acho que Putin e Kaczyński devem se dar muito bem. Talvez às custas da Ucrânia. Isso explicaria ações irracionais destinadas a aquecer a animosidade mútua e a preparar sentimentos anti-ucranianos na Polônia. Penso que a próxima etapa das ações de Putin em relação à Ucrânia será correlacionada com os discursos revisionistas da Polônia. Tal como em Zaolzie Dois. A mesma estupidez da equipe atual como este sanatório de 1938. E o mesmo pode trazer o efeito ... Tusk advertiu sobre o plano do Kremlin e certamente ele não escreveu nada acidentalmente hoje.

E, finalmente, lembre-se. Quando o ex-primeiro-ministro Tusk falou sobre o escândalo que destruiu o apoio ao PO, disse que aquilo tinha sido "escrito em cirílico". Hoje, sabemos muito sobre o fato de que, além dos russos, os dedos das pessoas estavam relacionados aos do atual poder da República. A aliança de Kaczyński com Putin começou?

Fonte: WP.PL
Tradução para o português: Ulisses Iarochinski

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Primeiro Congresso Mundial Polaco em Varsóvia

Castelo Real de Varsóvia
Polacos de todo o mundo se reuniram em Varsóvia na última sexta-feira (3/11) para realizar o Primeiro Congresso Mundial de Polacos.

O evento contou com a presença de pessoas de origem polaca que vivem em países como os Estados Unidos, o Canadá, Emirados Árabes Unidos, Brasil, Bielorrússia e Alemanha.

Mais 400 pessoas estiveram reunidos no Castelo Real de Varsóvia. Discutiram questões-chave para a Polônia e os emigrantes polacos e seus emigrantes ao redor do mundo, incluindo a reforma econômica e educacional. O objetivo do encontro foi desenvolver melhores mecanismos de cooperação entre os polacos no mundo e trocar experiências neste campo.

O lema do evento foi a "estratégia para a Polônia além das divisões".

"Este grupo não se cooperou até agora, porque foi dividido em" Polacos "e" Polacos no exterior". Mas pensamos que estamos todos juntos". Disse Hambura.

O que ele quis dizer é que as divisões ocorridas no seio do mundo polaco com denominações como poloneses, polônicos e "polonijne" só fizeram separar os polacos em classes diferentes.

Como se quem nasce na Polônia fosse diferente daquele que nasce no exterior, mesmo tendo o mesmo sangue correndo nas veias.

Também invenções de termos gentílicos para fugir de preconceitos como o que aconteceu no Brasil, em 1927, quando parte de uma elite polaca de Curitiba criou o termo polonez, e que acabou virando polonês com a reforma ortográfica de 1941.

Stefan Hambura, o organizador do Congresso, exortou os polacos ao redor do mundo a "unir as divisões".

"Quando trabalhamos juntos, não haverá mais" campos de concentração de polacos. Ninguém deverá permitir que ele seja escrito ou falado em algum lugar, e acho que é hora de unir e trabalhar juntos", disse Hambura.

Ele informou que uma das principais demandas da Associação era introduzir tais mudanças na constituição que permitiriam que vinte senadores fossem eleitos pela Polônia.

"Só então seremos capazes de ativar polacos que vivem fora da Polônia", disse Hambura.

Na sua opinião, a Polônia tem muito potencial para com "interesses polacos e no cuidado dos polacos".

Ele acrescentou que a Associação apelaria ao presidente Andrzej Duda para que este postulado fosse incluído em um referendo sobre a Constituição que ocorrerá em novembro do próximo ano.

No plano do 1º Congresso, que foi realizado sob o slogan "Estratégia para a Polônia sobre as divisões", houve discussões com a participação de especialistas, representantes da Polônia e autoridades estatais, entre outros, sobre temas como:
  • "Cooperação internacional dos polacos na economia, ciência e cultura", 
  • "Estratégia de reforma da educação e reforma da educação e melhoria dos funcionários" ou
  • "Estatuto dos polacos no mundo".

A vice-presidente do Congresso Mundial dos Polacos, Krystyna Krzekotowska, disse que sobre o status dos polaco no mundo "ainda há muito o que fazer".

Ela enfatizou que a iniciativa deste tópico teve uma resposta favorável das missões diplomáticas polacas. "Queremos que a diplomacia social fortaleça a diplomacia profissional", enfatizou.

Na sua opinião, é crucial, neste contexto, iniciar a assistência jurídica aos polacos que vivem no exterior. "Algumas iniciativas estão paralisadas pelo medo das pessoas não terem um senso de segurança correto", disse ela.

Krzekotowska acrescentou que, na reunião da sexta-feira, o que se viu foi "o fermento de uma nova qualidade de cooperação ou proteção mútua".

"Estamos dando as mãos para ter a coragem de liberar o potencial latente dos polacos na Polônia e no exterior", disse Krzekotowska.

Ex-cônsul da República da Polônia, Sylwester Szafarz estimou que as divisões entre os polacoss estão se tornando cada vez mais difundidas, o que resulta em uma deterioração da cooperação entre eles e o status da Polônia em diferentes países.

"Precisamos começar analisando a situação em que estamos. Não sabemos exatamente qual é o status dos polacos no mundo. Não há uma análise global da situação, e se desenvolvemos essa análise, elaboremos um programa pragmático realista."- disse Szafarz.

Na opinião dele, novas formas de promover a polonidade no mundo precisam ser elaboradas. "Hoje, cada nação se considera a mais importante. Existe um fortalecimento da polêmica e não da promoção da polonidade no mundo, o que é uma competição maluca", afirmou.

Segundo ele, o congresso será um "trampolim" para a uma nova situação no mundo que exige elaborar um novo programa e encontrar novos métodos de ação.

O objetivo da Associação do Congresso Mundial dos Polacos, como afirmado no site dela própria, é manter as comunicações e a cooperação polaca na Polônia e no exterior, para manter as tradições nacionais, para cultivar a polonidade, apoiar o desenvolvimento econômico, desenvolver ciência, educação e educação, bem como desenvolver atividades culturais, arte, proteção do patrimônio cultural e tradição.

Stefan Hambura, presidente da Associação Mundial do Congresso Polaco, disse que os polacos que vivem dentro e fora do país juntos totalizam 60 milhões de pessoas, além de milhões de descendentes. E não apenas a população oficial da Polônia de apenas 38 milhões de habitantes.

O evento foi aberto por Stefan Hambura, presidente do Congresso Mundial dos Polacos e pelo Dr. MBA Bart Tkaczyk, da Fulbright Scholar (Universidade da Califórnia, Berkeley), com a palestra "Liderança - Tendências e Mitos".

Depois aconteceram painéis durante todo o dia, divididos em:

11:30 - 12:30
1. Painel I - (Sala de Concertos) Estratégia para a Polônia e cooperação internacional dos polacos no campo da economia, da ciência e da cultura, como alavanca para o desenvolvimento.

Moderador: prof. Dariusz Czajka, reitor da Escola Superior de Direito e Administração Europeia de Varsóvia.

  • Anatol Velikin, presidente da Associação Empresarial Polaca na República da Bielorrússia.
  • Dr. Marek Ciesielczyk, iniciador do II Fórum Econômico Polaco no Mundo, em Tarnów.
  • Mestre engenheira Elizabeth Sieroń, Polônia no Canadá.
  • Dr. Christoph Musialik, Polônia na Alemanha.
  • Prof. Anna Kuligowska-Korzeniowska, Academia de Teatro A. Zelwerowicz de Varsóvia.
  • Mestre engenheiro Wojciech Stan Mazur, Mechanical LLC, Stanford, Polonia dos Estados Unidos.
  • Paulina Kopestinsky - artista, formada pela Academia de Belas Artes de Moscou.
  • Dra. Ewa Wierzbowska, presidente da Fundação para Distúrbios Endócrinos.
  • Walentyna Szymańska, presidente da Associação Polaca Polônia Respublika.
  • Coronel Krzysztof Przepiórka, ex-soldado do GROM.

12:30 - 13:30
2. Painel II - (Sala de Concertos) - O status dos polacos no mundo
Moderador: Dra. Iwona Zielinko, presidente da Fundação para a Direção da Mulher.

  • Senador Artur Warzocha, vice-presidente do Comitê de Emigração e Comunicações com os Polacos no Exterior no Senado da República da Polônia.
  • Kazimierz Zdunowski, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Polaca-Bielorrussa.
  • Aleksandra Biniszewska, presidente da Fundação Kresów e Lwów
  • Paweł Lisiecki, membro do Parlamento polaco
  • Dr. Sylwester Szafarz, ex-Cônsul Geral e Embaixador Adjunto na China.
  • Marek Czernecki, vice-presidente do Congresso Mundial dos Polacos.
  • Maciej Jasiński, da Prefeitura da Cidade de Marki.
  • Bożena Łojko, presidente da Fundação "Zerwane Więzi"
  • Dra. Katarzyna Juszczyńska, diretora e palestrante de estudos de pós-graduação "Organização e gerenciamento de ensaios clínicos" da Universidade de Łazarski, de Varsóvia.

14:30 - 15:30
3. Painel III - (Sala de Concertos) - Estratégia para a reforma da educação e e formação dos advogados
Moderador: Maria Silzak, presidente da Associação Europeia dos Advogados.

  • Profa. Krystyna Leśniak-Moczuk, Universidade de Rzeszów.
  • Profa. Zofia Wysokińska, Ministério do Desenvolvimento da Polônia.
  • Juíza Urszula Klejnowska, Ministério da Justiça da Polônia.
  • Advogado Dr. Mariusz Zagórski, Universidade de Varsóvia.
  • Dr. Dominik Wagner, Associação Alemã-Polaca de Advogados.
  • Dr. Irena Kleniewska, professora assistente da Universidade Łazarski, de Varsóvia.
  • Elżbieta Maria Komorowska, consultora de educação para o Primeiro Congresso Mundial dos Polacos.


15:30 - 16:30
4. Painel IV - (Sala de Concertos) - O programa "Apartamento Plus" e construção de habitação, como o volante da economia - mudanças na lei da habitação e cooperativa
Moderador: Dra. Krystyna Krzekotowska, Vice-Presidente do Congresso Mundial dos Polacos, palestrante e chefe de estudos. Diploma de Pós-Graduação em Gestão, Mediação e Avaliação da Propriedade da Universidade de Łazarski.

  • Magdalena Malinowska-Wójcicka, Ministério da Infra-estrutura e Construção da Polônia.
  • Grzegorz Okoński, diretor do escritório de política de habitação do escritório da cidade de Varsóvia.
  • Jerzy Krzekotowski, presidente da Associação Polaca de Habitação, Desenvolvimento Urbano e Proteção Ambiental
  • Andrzej Półrolniczak, Presidente da União das Cooperativas de Habitação.
  • Krystyna Szczęsna, ex-funcionária do Ministério da Cultura e Patrimônio Nacional da Polônia.
  • Edyta Palczewska, Faculdade de Direito e Administração Cardeal Stefan Wyszyński, de Varsóvia.
  • Paulina Szczygieł, estudante da Universidade Łazarski, de Varsóvia.

16:30 - 17:00
Encerramento com show artístico de Izabela Kopeć, Julia Pilch e Maria Pilch (com música de Marcin Kamiński e letra de  Małgorzata Gergas) e coquetel.

Num futuro imediato deverão acontecer outros congressos em diferentes partes do mundo.

Fonte: Rádio Polska / I Congresso Mundial de Polacos /Agência Estatal de Notícias Polaca - PAP

domingo, 29 de outubro de 2017

Polônia quer a estátua que a França quer mutilar

Foto: AFP / Damien Meyer
A primeira-ministra da Polônia, Beata Szydło, se ofereceu neste sábado para "salvar" uma estátua de seu compatriota, o falecido papa João Paulo II, da "censura" francesa e acolhê-la em solo polaco, se as autoridades francesas decidirem remover uma parte do monumento.

Em entrevista à agência polaca "PAP", Szydło reagiu à decisão do Conselho de Estado francês, a máxima instância administrativa do país, que ordenou na semana passada a retirada da cruz presente em uma estátua de João Paulo II na pequena cidade de Ploërmel, no oeste do país, porque este símbolo viola o laicismo estabelecido pela legislação francesa.

"O ditado da correção política - da secularização estatal - dá espaço a valores estranhos a nossa cultura e conduz ao terror na vida cotidiana dos europeus", advertiu Szydło.

Assim, a primeira-ministra se comprometeu a salvar o monumento e a transferi-lo para solo polaco "se as autoridades francesas e a comunidade local estiverem de acordo".

Após assinalar que João Paulo II advertiu que a democracia sem valores conduz ao totalitarismo, Szydło afirmou que o papa, "um grande polaco e um grande europeu", é o símbolo de uma Europa unida e cristã.

Em abril de 2015, um tribunal de Rennes determinou que a estátua fosse totalmente retirada, com base na reivindicação da Federação do Livre Pensamento do departamento de Morbihan, onde fica Ploërmel, e de dois moradores da cidade. Esta decisão, no entanto, foi anulada em dezembro daquele mesmo ano pelo tribunal administrativo de apelação de Nantes.


Agora, o Conselho de Estado aprovou parcialmente a decisão do tribunal de Rennes, ao determinar a remoção somente da cruz desta estátua que está na praça de Ploërmel, na região da Bretanha, desde 2006, quando sua instalação foi aprovada pela Câmara Municipal.

A estátua, doada pelo artista russo Zourab Tsereteli, foi instalada em uma praça em Ploërmel, sob um arco adornado por uma cruz, após uma deliberação da comunidade em 28 de outubro de 2006.

A obra tem 7,5 metros de altura e possui em seu topo um arco e uma cruz. Para o Conselho de Estado, segundo a legislação francesa, o arco não constitui um elemento que simboliza a religião, mas a cruz sim.

Se não retirar a cruz, o município terá de pagar 3 mil euros à Federação do Livre Pensamento, que fez a queixa.

Fontes: agências EFE e PAP

sábado, 21 de outubro de 2017

Polônia quer construir canal para o Mar Báltico

A linha preta representa a fronteira entre a Polônia e a Rússia
O governo polaco anunciou, esta semana, projeto de construção de um canal no delta do Rio Vístula, que abra um acesso direto ao Mar Báltico, sem ter que passar por águas territoriais russas.

As obras devem começar no fim de 2018 e terão custo de 210 milhões de euros.

Atualmente, as embarcações que zarpam do porto fluvial da cidade de Elbląg para chegar a alto-mar, devem navegar margeando uma porção de terra que pertence à Rússia, e pedir sempre autorização de passagem.

"A construção do canal é uma das prioridades do governo", afirmou nesta quinta-feira o ministro polaco de Mar e Transportes Fluviais, Marek Grobarczyk, durante um encontro com deputados e funcionários municipais, dedicado a este projeto "estratégico".

Segundo afirmou, o financiamento do projeto será inscrito nos próximos orçamentos do governo ultraconservador da primeira-ministra Beata Szydło.

Elbląg é uma cidade da Polônia, situada na Voivodia Vármia-Mazúria. Possui área de 80 km², com 126.985 habitantes, segundo os censos de 2007. A cidade foi fundada em 1237, pelos cavaleiros teutônicos.

Após a batalha de Grunwald, a cidade passou para o Reinado de Władysław Jagiello (vualdissuaf iaguielo - Ladislau), da Polônia, em 22 de julho de 1410.

Quarenta e quatro anos depois, em 1454, a cidade foi agraciada com uma lei do Rei Kazimierz Jagiellończyki (cajimiej iaguielontchiqui - Casimiro) aumentando os poderes da administração local, além de uma lei para o controle da pesca.

Até 1772, a cidade de Elbląg fez parte da República Polaca, mas com a invasão e a partilha da Polônia, os polacos foram retirados dali à força e substituídos  por prussianos.

A história voltaria a se repetir 170 anos depois, com o fim da Segunda Guerra Mundial.

A cidade é também famosa por sua cerveja, a mais antiga da Polônia e a primeira do período medieval em todo o mundo. O piwo (cerveja) EB é do ano 1336, quando existiam na cidade 159 mestres cervejeiros. A primeira cerveja alemã é de 1530, portanto, de quase duzentos anos mais tarde que a EB polaca.

O porto fluvial de Elbląg é de pouco calado, tendo mais ou menos 1.5 m de profundidade. A área de manobra tem apenas 120 m diâmetro.





Elbląg
"A construção do canal é crucial para o desenvolvimento do porto já existente e permitirá desenvolver a economia de toda a região", declarou o diretor do porto marítimo de Elbląg, Arkadiusz Zglinski, citado pela agência de notícias oficiais da Polônia - PAP.

O porto dedicado a competições esportivas e turísticas de Elbląg é pouco visitado pelos turistas do velho continente, devido, justamente, às restrições impostas pela Rússia.

O acesso ao Mar Báltico está dentro do território de Kaliningrado, capital da província russa de mesmo nome.

Kaliningrado é um enclave russo dentro dos domínios territoriais de Polônia e Lituânia.

Fundada em 1255, pelos invasores das terras da Polônia, os Cruzados Teutônicos (saxônicos) com o nome de Königsberg ("montanha do rei"), foi domínio territorial polaco por quase duzentos anos (de 1466 a 1656).

Kaliningrado com sua antiga catedral
Também foi a capital do Reino da Prússia Oriental e, a partir de 1871, a cidade fez parte da República Federal da Alemanha.

Famosa por ter sido a cidade de nascimento do filósofo alemão Immanuel Kant, ela também é célebre pelo problema das sete pontes de Königsberg, resolvido por Leonhard Paul Euler em 1736.

Seu nome atual é uma homenagem ao revolucionário bolchevique, o russo Mikhail Kalinin.

No fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a cidade foi anexada pela União Soviética, como sendo parte da República Socialista Soviética da Rússia, enquanto se aguardava a decisão definitiva sobre questões territoriais (incluindo a partição da antiga Prússia Oriental), que viria no acordo de paz, valendo até lá o que fora decidido pelos Aliados (União Soviética, Estados Unidos e Grã-Bretanha) participantes da Conferência de Potsdam.

Em 1957 foi firmado um acordo, que passaria a vigorar posteriormente, delimitando a fronteira entre a Polônia e a União Soviética.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Polański em Cracóvia para um documentário

O cineasta voltou para a Polônia para gravar um documentário sobre sua vida.

A volta acontece pela primeira vez desde que o Tribunal Superior Nacional do país rejeitou pedido de extradição feito pelos Estados Unidos, ano passado.
Polanski não tem tido sossego em sua vida,  desde que saiu do país na década de 1970, após um tribunal estadunidense o condenar por ter tido relações sexuais com uma menina de 13 anos.

O filme, com o título provisório de "Polanski, Horowitz", mostrará sua infância e juventude, em Cracóvia, durante a Segunda Guerra Mundial.

O trabalho se fixará em sua relação como o amigo de longa data, o fotógrafo Ryszard Horowitz.
O diretor polaco-francês tinha 9 anos quando conheceu Horowitz, de 3 anos, em no gueto da cidade.
Horowitz, agora com 78 anos, é um dos sobreviventes do Holocausto, e sua história foi contada por Steven Spielberg no filme vencedor do Oscar "A Lista de Schindler" (totalmente filmado em Cracóvia, nos mesmos locais originais da história).

Os dois visitarão locais, como a vila perto de Cracóvia onde Polanski se escondeu dos nazistas, depois de fugir do gueto, assim como o apartamento onde Horowitz revelou as suas primeiras fotografias.
"Para nós, é uma grande responsabilidade", disse a produtora Anna Kokoszka-Romer. "As nossas personagens principais confiaram-nos as suas incríveis memórias pessoais. Têm tantas histórias para contar, por vezes é difícil acompanhar tudo isso”, completou.

A filmagem trouxe "péssimas memórias" para Polanski, disse a KRK Film em comunicado à imprensa, citando o cineasta de 84 anos, durante uma visita ao local onde ficava o gueto de Podgórze: "O maior sofrimento foi ter que viver sem meus pais. Primeiro, eles levaram minha mãe do gueto, depois meu pai", disse o cineasta.


terça-feira, 3 de outubro de 2017

Coisa de Polaco - 1


Tudo bem que pizza é coisa de italiano, mas polaco come pizza com pierogi, coisa que italiano não faz. E italiano também não conhece a melhor wódka que existe: a Żubrówka (uma possível tradução seria: bisonteana)...a vodca do bisão.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Polacos retornam à casa

Quando a Polônia aderiu à União Europeia, em 2004, 15 anos depois de ter deixado a União Soviética, seus cidadãos inundaram nações europeias mais prósperas em uma maré branca e vermelha -as cores de sua bandeira.

Esse dilúvio atingiu em especial a Grã-Bretanha, onde há quase 900 mil polacos. Eles chegaram a representar, para uma parcela específica da população, a grande ameaça à economia. O "encanador polaco" era um dos estereótipos da migração europeia sem qualificação (o que não se configurou, pois os polacos eram mais qualificados que os próprios ingleses).

Agora, essa colônia tem planos de abandonar em massa a Grã-Bretanha, que em junho de 2016 aprovou sua saída da União Europeia.

O governo polaco prevê o retorno de algo entre 100 mil e 200 mil cidadãos por causa do divórcio entre os britânicos e o resto do continente. A campanha do "brexit" foi em parte baseada em um sentimento xenófobo e na defesa de controles mais rígidos à migração.

Ewa Gladysz, 38 anos, voltou na primeira semana de setembro a um povoado próximo a Wrocław, no Oeste do país. "Investi 12 anos da minha vida em um país que não me quer nem quer minha família", diz. "Ainda penso em inglês. Digo 'thank you' [obrigado] ao motorista do ônibus, e ele me olha como se eu fosse um alien."

A reportagem consultou um "carreto" especializado nas mudanças da Grã-Bretanha à Polônia. A procura pelo serviço cresceu em 50% desde o "brexit".

"Quando conversamos sobre isso, os polacos dizem que têm sido destratados", afirma um funcionário que não quer se identificar. "Muitos deles vieram para juntar dinheiro, mas os preços na Grã-Bretanha estão altos."

A libra esterlina valia 1,4 euro antes do "brexit", mas hoje vale 1,1 euro. Migrantes temem que a situação piore depois do rompimento --alguns analistas veem risco de crise econômica.

ILEGAIS?
Os estrangeiros radicados em solo britânico também se preocupam com a legalidade de seu status como residentes. Ainda não se sabe sob que condições os 3 milhões de europeus hoje estabelecidos ali poderão fixar moradia e trabalhar, e alguns preferem não esperar para descobrir.

"Para muitas pessoas, a Grã-Bretanha perdeu atratividade", diz a polaca Barbara Drzsowicz, chefe do Centro de Recursos do Leste Europeu. Ela fala também de si mesma: decidiu deixar o país depois de nove anos.
"Há milhões de razões, mesmo o clima, mas o 'brexit' me ajudou a tomar a decisão. Eu e minha geração viemos ao Grã-Bretanha porque era parte de um projeto europeu, com mobilidade entre os países, e eles estão abandonando isso", afirma.

"Para mim, foi uma perda de tempo vir para cá", diz Joanna Kalinowska, 60, que migrou há oito anos para juntar dinheiro e pagar um tratamento de saúde para o marido. Ela se empregou em uma fábrica de chocolates. "Após o 'brexit', começaram a nos tratar mal, e está difícil encontrar um trabalho decente. Com a queda da libra, já não vale mais a pena", diz.

EUROPA CENTRAL
Não são só os polacos que estão deixando o país. Cerca de 339 mil pessoas saíram da Grã-Bretanha em 2016, 40 mil a mais do que no ano anterior.

Paralelamente, menos cidadãos foram morar na ilha --588 mil no ano passado, 43 mil a menos do que em 2015.

A queda foi especialmente brusca entre os oriundos do leste europeu (que incluem os polacos), analisados em conjunto nas estatísticas.

A diferença entre imigrantes e emigrantes desses países foi de apenas 5 mil pessoas, a taxa mais baixa desde que entraram na União Europeia, em 2004. O fenômeno não é explicado apenas pelo "brexit", porém.
No caso polaco, é preciso levar em conta que o país cresceu e se modernizou desde sua adesão ao bloco. Varsóvia é hoje uma capital europeia vibrante, com as mesmas grandes franquias vistas em Paris, Londres, Roma ou Madri.
E, para muitos dos filhos que a casa tornam, o país natal oferece um bônus: a família. "Quero ver meus pais discutindo e envelhecendo", diz Gladysz.

Fonte: Folhapress
Texto: Diogo Bercito
Enviado especial a Varsóvia