terça-feira, 13 de maio de 2008

Primeira página GW: Morreu Irena Sendlerowa

Manchete do jornal Gazeta Wyborcza, de 13 de maio de 2008, terça-fera:
Zmarła Irena Sendlerowa (1910-2008) - Morreu Irena Sendlerowa (1910-2008)
Salvou 2.500 crianças judias.

Po wolnie musiała się z tym kryć. "Gazecie" opowiadała o snach, które uporczywie wracają. Mieszkanie w getcie. Mówi rodzicom: - umieszczę wasze dziecko u dobrej polskiej rodziny...Matka rzuca się na dziecko, płacz, spazmy. Ojciec pyta: - Jaka jest gwarancja, że dziecko przeżyje wojnę? - Żadna - opowiada Sendlerowa. - Nie wiem nawet, że wyjdę z nim teraz żywa z getta.

tradução texto sobre a foto:

Depois da guerra teve que esconder a si mesma disto.
"Para o jornal" contou sobre sonhos, que retornavam obstinadamente.
Moradia no gueto. Conversa com os pais: - Eu colocarei sua criança junto a boas famílias polacas... a Mãe se volta para a criança, chora, tem espasmos. O Pai pergunta:
- Qual é a garantia, que a criança sobreviverá à guerra? - Nenhuma - responde Sendlerowa. - Eu não sei nem sequer, se eu sairei agora viva deste gueto.

Foto: Maciej Zienkiewicz / AG

Foto: Alik Keplicz /AP

O Presidente da República Lech Kaczyński fez publicar na imprensa obituário onde informa e presta homenagem a heroína polaca:


Tradução:
No dia 12 de maio de 2008 aos 98 anos de idade morreu

Irena Sendler

Seu destino esteve conectado com os mais fracos e mais pobres

levando ajuda para os pobres de Varsóvia durante a guerra
arricando a vida, quando salvou crianças judias durante a ocupação.
Presa, torturada e dada como morta.
Sobreviveu a isto, continuando a ajudar e a dar certidões.
Suas mãos sempre foram às profundezas.

Membro do Movimento de Resistência Polaca, chefe do departamento infantil, do
Comitê de Ajuda para o povo Hebreu "Żegota", enfermeira no Levante de Varsóvia,
foi excelente organizadora, pedagoga e assistente social.
Recebeu para si uma árvore de Oliveira em Jerusalém, onde milhares de pessoas,
devem suas vidas a ela, e todas as gerações destes,
para as quais sua história será lembrada como exemplo e esperança.

Senhora da Ordem da Águia Branca, Justa entre as Nações do mundo
e cidadã honorável de Israel.
Duas vezes nomeada ao Prêmio Nobel da Paz.

Nós desejamos entregar em mãos da

Família e próximos

da Sra. Irene Sendler nossos mais sinceros pesâmes.
Nós nos unimos na dor para lamentar

Presidente da República da Polônia Lech Kaczyński e Esposa

Primeira página RP: Irena Sendlerowa morreu

Manchete do jornal Rzeczpospolita de 13 de maio de 2008, terça-feira: Irena Sendlerowa nie żyje - Irena Sendlerowa morreu

Terceira mãe que salvou a vida 2500 de crianças.

O jornal publicou uma série de fotos da heroína:

Com o marido Stefan Zgrzembski e a filha Janina, em 1948.

Enfermeira na segunda guerra em Varsóvia em 1944.


P.S a tradução literal do modo em polaco de escrever que morreu "nie żyje" seria "não vive"

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Irena Sendlerowa nie żyje

Irena Sendlerowa morreu... é a única manchete dos veículos de comunicação na Polônia nesta segunda/terça-feira.

Irena Sendlerowa (chamada apenas Sendler pelos judeus) recebeu a Ordem da Águia Branca em 10 de novembro de 2003 do governo na Polônia, máxima condecoração da Nação. E já em 1965 foi reconhecida pelo Memorial israelense Yad Vashem com o título de "Justo entre Nações", honraria concedida a todos aqueles que salvaram judeu.
Irena Sendlererowa nasceu em 15 de fevereiro de 1910 em Otwocki, Polônia e era católica apostólica romana e não judia, mesmo assim durante a segunda guerra mundial salvou 2500 crianças judias polacas da fúria assassina dos alemães nazistas. Ano passado foi indicada ao Nobel da Paz, mas parece que a comissão sueca se encantou mesmo foi com os dotes políticos do ex-presidente Norte-Americano Al Gore, que fez um documentário sobre o aquecimento global e uma série de palestras pelo mundo e não com a heroína polaca.
A TV Polsat, em seu telejornal Wydarzenia noticiou a morte e velório, contando a vida da heroína que morreu na manhã deste 12 de maio de 2008, durante toda a tarde e noite desta segunda-feira:




P.S. Enquanto o industrial alemão Oskar Schindler, com escaramuças políticas conseguiu driblar o comando nazista em Cracóvia salvando cerca de 1800 judeus da câmaras de gás, uma jovem enfermeira polaca católica de Varsóvia salvou da morte 2.500 crianças judias da também fúria assassina alemã nazista. Não ganhou de Hollywood um filme épico. Nem o Norte-americano de origem judaica Steven Spielberg criou uma Lista de Sendlerowa, como fez com seu Lista de Schindler. Mas nem por isso, Irena Sendlerowa deixou de ser reconhecida no mundo todo. Durante aqueles anos de opressão a jovem polaca conseguiu retirar em sacos, crianças de bebês judeus do gueto de Varsóvia e entregá-los a famílias polacas católicas para adoção. Sacos escondidos embaixo de macas e ambulâncias e até através das galerias de esgotos da cidade. e até escondidos debaixo de macas em ambulâncias. Ela própria providenciava certidões de nascimento e ensina aos maiores a balbuciar orações cristãs para assim poderem enganar os oficiais da Gestapo. A heroína polaca repetia que separar as crianças dos pais era de cortar o coração. Irena costumava lembrar aqueles terríveis dias contando: “Vimos cenas infernais, o pai concordar e a mãe não... A avó embalava ternamente o bebê, chorando amargamente, e negando-se a abandonar o neto fosse a que preço fosse. Houve dias em que o impossível era realmente impossível. Por vezes tínhamos que deixar estas infelizes famílias sem lhes levar os filhos”. Irena buscava famílias, que pudessem adotar como suas aqueles pequenos seres, mas estas também estavam sob o choque da guerra e nem sempre concordavam. Chorando, um menino perguntou certa vez a Irena: “Diga-me quantas mães consegue arranjar, porque esta já é a terceira para onde vou”. A pena de morte para quem ajudasse judeus na Polônia ocupada pelos nazistas não bastou para deter a enfermeira, cuja profissão lhe permitia a grande possibilidade de entrar no gueto. Católica, Irena (cujo nome em código era Jolanta) decidiu mostrar sua solidariedade com o povo judeu usando a faixa obrigatória com a estrela de David quando entrava no gueto. “Fui educada acreditando que uma pessoa deve ser ajudada se está afogando-se, independentemente da religião ou da nacionalidade. Não somos heróis pelo fato de salvar crianças. De fato, a verdade é o contrário, e continuo a ter escrúpulos do pouco que fiz”.
Embora agindo com a proteção da Żegota (a resistência secreta, apoiada pelo governo polaco no exílio) e com inúmeros colaboradores, Irena era a única que cuidava, com grande risco, de manter e proteger estes arquivos. O desastre esteve iminente em outubro de 1943 quando um pelotão nazista chegou certa madrugada, revirou toda a casa e levou Irena para o quartel da Gestapo. Foi torturada, na tentativa de lhe obterem as informações. Partiram-lhe os ossos das pernas e dos pés, mas a sua boca não se abriu. “Ainda tenho marcas no corpo do que esses super-homens alemães me fizeram. Fui condenada à morte… Mas, além disso, havia também a ansiedade de, morrendo, desaparecer o único rasto dessas crianças”. Só que, sem ela saber, os seus amigos da Żegota trabalhavam por trás da cortina e, com um punhado de dólares, conseguiram subornar um oficial alemão para deixá-la fugir. “É indescritível o que se sente a caminho da própria execução para só no derradeiro momento ver que se foi resgatado”. No dia seguinte, as autoridades alemãs, ainda sem saber de sua fuga, afixavam cartazes por toda Varsóvia anunciando que ela fora fuzilada. Depois disto, Irena passou a levar uma vida clandestina, com identidades falsas, escondida das vistas oficiais e sem poder voltar para casa. Quando sua mãe morreu, pouco depois dela escapar do pelotão de fuzilamento, apareceram agentes da Gestapo no funeral interrogando os parentes sobre a filha da morta.


Para saber mais sobre a heroína acesse o que já publicamos aqui neste blog:
http://iarochinski.blogspot.com/2007_10_10_archive.html

UFPR cria curso de polaco

Universidade Federal do Paraná - a primeira do Brasil
Parece que a visita do reitor Carlos Augusto Moreira Junior a Cracóvia um ano atrás começa a ter frutos concretos. Depois de assinar a renovação de velhos acordos entre a UFPR - Universidade Federal do Paraná e a Uniwersytet Jagielloński de Cracóvia (as duas universidades mais antigas de Brasil e Polônia) , que pouco ou nada foram cumpridos, o reitor Carlos Moreira já pode afirmar com "todas as letras" que o Curso de Letras-Polacas será inaugurado em 2009.
Segundo o reitor, os cursos já estarão disponíveis para os candidatos que prestarem vestibular no fim deste ano. “Resta definir se será incorporado apenas ao bacharelado, ou se incluirá também a licenciatura”. Atualmente a graduação em Letras da UFPR oferece sete opções de língua estrangeira: inglês, espanhol, alemão, italiano, grego, latim e francês. Esses idiomas podem ser cursados individualmente ou simultaneamente com o português. A licenciatura forma professores dos ensinos fundamental e médio. Já com o título de bacharel o aluno pode optar pela ênfase em estudos literários (tornando-se crítico ou escritor), lingüístico (atuando como revisor de texto) ou da tradução (tornando-se tradutor).
Viabilizado pelo Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação das Universidades Federais), que prevê mais recursos para as instituições em troca de ações como abertura de novos cursos e aumento de vagas, o curso de idioma polaco vem acompanhado do curso de japónês. As duas novas habilitações visam à valorização cultural e social de duas das etnias mais importantes na formação do Paraná. Os polacos chegaram no século XIX e transformaram Curitiba na terceira maior colônia polaca do mundo. Mas a valorização da identidade regional não é o único motivador das novas habilitações.
Uniwersytet Jagielloński - a primeira da Polônia
O professor Eduardo Nadalin, será o responsável direto pela habilitação em idioma polaco da UFPR, ele que foi estudante de idioma polaco, na Universidade de Cracóvia, sendo inclusive personagem do manual de ensino de lingua polaca "Cześć, jak się masz? de autoria do prof. dr. hab Władysław Miodunka, atual vice-reitor daquela universidade polaca. Para Nadalin, mercado paranaense e brasileiro já dá sinais da necessidade de mais profissionais que dominem o idioma do Papa Karol Wojtyła. “Recentemente a Junta Comercial do Paraná abriu vagas para tradutores de polaco e não foi fácil encontrar”. Para Nadalin, entretanto, uma universidade pública não deve se preocupar apenas com questões mercadológicas. “A forte imigração polaca, sobretudo na região de Curitiba, exige um resgate de identidade. Trata-se de uma parcela considerável da população que ajudou a construir a sociedade paranaense”, afirma. A graduação em polaco da UFPR será a primeira do país, o que prevê que não só curitibanos e paranaenses vão procurar se candidatar ao curso, mas também catarinenses e gaúchos, já que a etnia é bastante representativa nos dois Estados do Sul. Para o vestibular de 2009 está prevista a abertura de 10 vagas inicialmente.
Para maiores informações sobre o vestibular da FFPR acesse http://www.nc.ufpr.br ou o Departamento de Línguas Estrangeiras Modernas

Difícil compra da casa própria

Novos edíficios sem compradores
Por que os polacos não conseguem financiamento para construir suas casas?
Esta é a pergunta que intitula uma reportagem do jornal Metro (publicação distribuída gratuitamente em estações de metrô, bonde elétrico e ônibus nas principais cidades da Polônia) desta segunda-feira.
A reportagem procurou saber por que, ao contrário, do período comunista mais e mais polacos não têm onde morar. Antes o sistema providenciava moradia para todos, hoje, a livre concorrência criou os “sem tetos”. São muitos os polacos que não têm onde viver. Se antes era impossível pensar em mendigos nas ruas da Polônia, atualmente os turistas são frequentemente interpelados por pessoas com trajes sujos pedindo alguns trocados.
O que aconteceu com as promessas eleitoreiras?
Segundo, o jornal, mais de três milhões de famílias polacas não conseguem ter sua casa própria, o que significa que mais ou menos 12 milhões de pessoas de uma população estimada de quase 40 milhões de habitantes vivem em situação precária. Ontem foi lançada a campanha "Dach nad głową" (telhado na cabeça) que vai tentar mobilizar os políticos para se ocuparem deste grave problema de moradia.
Em Varsóvia, Gdańsk, ou Wrocław, o preço do metro quadrado mais em conta está em torno de 7 mil złoty, o que só podem sonhar pessoas que ganham magnificamente. Para se conseguir financiamento, ou hipoteca nos bancos é preciso ter no mínimo 2 mil złoty mensais durante 30 a 40 anos para fazer o reembolso do crédito adquirido. De acordo com a empresa de pesquisa “Domu Badawczy Maison”, para 40% dos polacos, o principal problema do país é moradia. Para outros 96%, o governo pouco faz para resolver a situação.
Michał Gos, entrevistado pela reportagem, disse que trabalha como motorneiro (condutor) de Tramwaj (bonde elétrico) em Varsóvia e recebe de salário apenas 2.300. "Quando é que vou conseguir crédito para comprar uma casa com este ganho mensal? Nunca!"
Kamila e Paweł Kustroniów vieram a Varsóvia para estudar. Foram 16 anos de estudos. Ela é de Świdnik e ele de Krosno. Conheceram-se na faculdade, após 4 anos de namoro se casaram. Um ano depois nasceu a primeira filha, Jagoda. Paweł começou a trabalhar no Instituto de Meteorologii i Gospodarki Wodnej. Kamila permaneceu na faculdade, onde começou a fazer doutorado. Cinco anos atrás defendeu a tese e recebeu o título de doutora. Por essa época nasceu a segunda filha, Milena. “Estivemos vivendo em casa de estudante da universidade todo este tempo. Quisemos comprar um apartamento não muito grande. Antes de nascer Milena, tentamos empréstimo num banco. Mas nossos salários são muito baixos, mesmo para alguém com doutorado. Meu marido buscou ajuda no serviço social. Mas se recusaram a atender, pois não temos zameldowania (registro de residência) em Varsóvia e morar em casa de estudante não dá direito a este registro, ou seja, oficialmente não moramos em Varsóvia, mesmo estando aqui há 16 anos. Como é possível isto? E em nossas cidades, tampouco temos, pois lá os donos são nossos pais.”

Fotógrafas polacas 7

Foto de 1915 de Jadwiga Wolska intitulada "Mieszkancy wsi Dołęga" (moradores da vila rural de Doleg) e que tambémpresente na Exposição Fotográfica, "Ela - Documentalista - As mulheres polacas fotógrafas do século 20", com o subtítulo "Kobiety nie są sentymentalne" (Mulheres não são sentimentais), que fica aberta apenas mais esta semana, até 18 de maio, em Varsóvia, na Galeria Zachęta.

Wolska ainda muito jovem fez esta e muitas outras fotografias do moradores da vila rural de Dołega, no distrito de Szczurowa, cidade de Brzesko, na Małopolka, muito próximo a Cracóvia. Jadwiga provavelmente era da familia Wolski Tumidajski, proprietário de um palácio em Dołęga. A jovem Jadwiga, fotografou amadoristicamente cerca de 60 moradores das terras de sua família. Estes polacos eram também chamados de galicianos, por serem da província ocupada pelo Império Austro-húngaro, e dos quais muitos deles emigraram para o Paraná e se concentraram principalmente na colônia Tomás Coelho, em Araucária.

domingo, 11 de maio de 2008

O dia das mães de Ghiaroni na minha vida

"Madonna e a criança", de Pietro Perugino. Criado em 1490. Quadro em óleo, do acervo do Museu de Belas Artes Pushkin de Moscou, Rússia.

Quando estava estudando na Escola Senai, no interior do Paraná, onde fiz o curso profissionalizante de Eletricidade, andei, a pedido da professora de Língua Portuguesa, adaptando um texto teatral que encontrei numa revista para se fazer uma homenagem ao Dia das Mães pelos alunos daquela escola. Pois sim, minhas carreiras teatrais e jornalísticas devem ter começado aí. A responsável a professora Elga, que pelo que recordo era originária de Santa Maria no Rio Grande do Sul e tinha ido a Telêmaco Borba apenas para lecionar. Nunca mais soube dela. Mas enfim... Depois de pronto meu texto, a peça foi montada pelos meus colegas. Mas para mim não sobrou nenhum papel. Fiquei um pouco chateado, afinal eu é que tinha escrito e já me vinha no papel principal. Mas a profa. Elga tinha outros planos para mim. Numa manhã, passando pelo corredor, ela me chamou e estendeu duas folhas de papel dizendo: “Ulisses, gostaria que você decorasse este poema. É muito bonito e depois ensaiamos. Está bem?” Peguei as folhas e fui para casa, passei uma semana tentando decorar aquele longo poema, intitulado apenas; “Dias das Mães”. Autor? Apenas um nome: Giaroni. Depois de decorado, com a direção da professora fizemos vários ensaios para que eu pudesse “fazer as mães” chorarem no dia da declamação. E assim foi: primeiro a apresentação do texto teatral que eu havia escrito/adaptado, depois um coral, depois... Bem depois, minha declamação. Em cima do palco, enquanto declama podia ver minha mãe, minha tia, a esposa do diretor da escola, a esposa do prefeito, as professoras... Chorando com os versos de Giaroni e minha apresentação. Foi um sucesso... tanto é verdade que o diretor da rádio local, logo que desci do palco, aproximou-se e disse: “Você quer falar este poema amanhã, domingo, ao vivo na rádio?”. Confesso que não entendi muito bem o que ele disse, pois eram muitas as pessoas que chegaram para cumprimentar. Esta foi minha primeira apresentação em público de uma carreira teatral que começaria em Curitiba mais tarde e onde participei como ator de pelo menos 30 espetáculos teatrais.

Mas e aquele poema, aquela declamação? Ah! Sim... Apresentei na Rádio Sociedade Monte Alegre naquele Dias das Mães e também, no ano seguinte e em outros locais nos anos que se seguiram. Há dois anos, já vivendo aqui em Cracóvia, meu amigo, diretor da Rádio CBN Curitiba, José Wille, telefonou-me perguntando se eu não queria fazer uma gravação daquele poema que ele me ouviu declamar num Dia das Mães, na Escola CEFET, em Curitiba. “Sim!”, respondi. Mas quando procurei em meus arquivos, descobri que não tinha mais aquele texto. Pedi para mim mãe, no Brasil, procurar, mas minhas coisas, mas ela também não encontrou. Procurei nas páginas de Internet então. E nada. Nem aquele autor Giaroni tinha qualquer referência, muito menos o poema. “Onde encontrar a professora Elga”, pensei. O jeito foi me concentrar... Muito! E tentar recordar cada um dos versos daquelas várias estrofes. Consegui a muito custo, mas consegui! Gravei, mandei via e-mail o arquivo com a gravação ao José Wille, que devido à repercussão naquele “Dia das Mães”, teve que repetir a apresentação da minha gravação nos dois domingos seguintes nas manhãs da Rádio Globo de Curitiba.

E hoje estou aqui pensando em como homenagear as mães. Procurei então na Internet alguma referência sobre Giaroni. Para surpresa minha, descubro que Giuseppe Artidoro Ghiaroni, autor do poema das mães que me acompanha por toda a vida faleceu no Rio de Janeiro, aos 89 anos, numa quinta-feira, dia 21 de fevereiro de 2008, ou seja, 3 meses atrás.

E agora, ao contrário de 3 anos atrás, na Internet, através do Google conferi que o nome Giuseppe Artidoro Ghiaroni, está presente em 75 referências encontradas em 0,14 segundos, que Giuseppe Ghiaroni está em 2.380 referências em 0,27 segundos, que Ghiaroni está presente em 16.400 referências em 0,33 segundos e que finalmente o poema que eu passei dias tentando recordar aqui na Montanha do Przegorzały agora está presente em 305 referências em 0,24 segundos no Google. O texto do poema que estava apenas na minha cabeça de adolescente agora está em vários sites. Maravilha, por um lado, mas tristeza, por outro saber que o autor daqueles versos que está em minha cabeça já não está mais entre nós e saber que “Giaroni” foi Giuseppe Artidoro Ghiaroni, um mineiro de Paraíba do Sul, onde nasceu em 1919. De origem humilde em sua juventude, Ghiaroni foi aprendiz de ferreiro, ajudante de cozinha e office-boy. Ao mudar-se para o Rio de Janeiro, trabalhou como redator do "Suplemento Literário" e no jornal "A Noite", de onde passou para a Rádio Nacional, onde se consagrou como cronista. Ghiaroni foi contratado pela Rede Globo. Escreveu principalmente para programas humorísticos, entre eles a "Escolinha do Professor Raimundo".

Mas foi mesmo na antiga Rádio Nacional no começo dos anos 50, que Ghiaroni fez sucesso com seus poemas declamados pelos grandes locutores e artistas da época. Se o seu “Dia das Mães” me acompanha há tanto tempo, o "Monólogo das mãos" é sucesso permanente nas carreiras da grande Bibi Ferreira e Lúcio Mauro. “O Dia das Mães” foi também durante toda a carreira de Paulo Gracindo seu maior sucesso como declamador.

Entre suas obras publicadas e mais conhecidas estão, “O Dia da Existência”, de 1941; “A Graça de Deus’, de 1945; a “Canção do Vagabundo”, de 1948; e finalmente em 1997, ele publicou “A Máquina de Escrever.” Mas também foi autor de rádio-novelas como “MÃE”, “A Gloriosa Mentira”, e “O Bom Irmão”“. Ghiaroni também foi um locutor, não só dos próprios poemas como de grandes programas de música nas rádios do Rio de Janeiro.

Para ouvir minha gravação de “Dia das Mães”, enquanto acompanha a poesia de Giuseppe Ghiaroni, clique aqui.

Mãe! Hoje volto a te ver na antiga sala
onde uma noite te deixei sem fala
dizendo adeus como quem vai morrer.
E me viste sumir pela neblina,
porque a sina das mães é esta sina:
amar, cuidar, criar e depois perder.
Perder o filho é como achar a morte.
Perder o filho quando, grande e forte,
já podia ampará-la e compensá-la.
Mas nesse instante uma mulher bonita,
sorrindo, o rouba, e a velha mãe aflita
ainda se volta para abençoá-la.

Assim parti, e me abençoaste.
Fui esquecer o bem que me ensinaste,
fui para o mundo me deseducar.
E tu ficaste num silêncio frio,
olhando o leito que eu deixei vazio,
cantando uma cantiga de ninar.

Hoje volto coberto de poeira
e te encontro quietinha na cadeira,
a cabeça pendida sobre o peito.
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo.
Quero acordar-te, mas não sei se devo,
não sinto que me cabe este direito.

Eu te esqueci: as mães são esquecidas.
Vivi a vida, vivi muitas vidas,
e só agora, quando chego ao fim,
traído pela última esperança,
e só agora quando a dor me alcança
lembro quem nunca se esqueceu de mim.

Não! Eu devo voltar, ser esquecido.
Mas que foi? De repente ouço um ruído;
a cadeira rangeu; é tarde agora!
Minha mãe se levanta abrindo os braços
e, me envolvendo num milhão de abraços,
rendendo graças, diz:
"Meu filho!", e chora.

E chora e treme como fala e ri,
e parece que Deus entrou aqui,
em vez do último dos condenados.
E o seu pranto rolando em minha face
quase é como se o Céu me perdoasse,
me limpasse de todos os pecados.

Mãe! Nos teus braços eu me transfiguro.
Lembro que fui criança, que fui puro.
Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta
que eu compreendo o que significa:
o filho é pobre, mas a mãe é rica!
O filho é homem, mas a mãe é santa!

Santa que eu fiz envelhecer sofrendo,
mas que me beija como agradecendo
toda a dor que por mim lhe foi causada.
Dos mundos onde andei nada te trouxe,
mas tu me olhas num olhar tão doce
que , nada tendo, não te falta nada.

Dia das Mães! É o dia da bondade
maior que todo o mal da humanidade
purificada num amor fecundo.
Por mais que o homem seja um mesquinho,
enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho
cantará a esperança para o mundo!

P.S. Está poesia, neste segundo domingo de maio de 2008, vem de encontro à distãncia que me encontro de minha Mãe Eunice, que não se cansa de me perguntar toda semana: "Meu filho, quando você volta pra casa?" E eu respondo: "Quando terminar meus estudos". Para esta heroína da minha vida, a homenagem de mais um dia distante dela.




Foto de Frances B. Johnston feita em 1900, da criadora do Dia das Mães, Anna Jarvis, em Washington, Estados Unidos. Fotografada exatamente, no dia em que ela pedia aos deputados para reconhecer o Dia das Mães como uma data nacional estadunidense e conseqüentemente feriado.

Oscypek tem concorrência desleal

Foto: Piotr Guzik
A Polônia esperou bastante para que um de seus pedidos junto a União Européia fosse reconhecido. Uma associação de montanheses da região de Zakopane depois de um longo processo conseguiu incluir um típico queijo polaco na lista dos produtos de "DOC - Dominação de Origem Controlada". Este queijo feito de leite de ovelha (permite-se acrescentar até um máximo de 40% de leite de vaca) produzido segundo uma antiga receita é originário das regiões das cidades de Nowy Targ, Zakopane e Żywiec e se chama Oscypek. Tem uma aparência que confunde o turista desavisado, pois lembra uma escultura em madeira, pelo formato, textura e coloração. Na verdade, ele é feito em formas com sulcos desenhados em representações de figuras geométricas.O oscypek tem vários formatos, sendo este mais escuro do lado direito o mais bonito

Pois bem, o Oscypek conseguiu entrar para uma lista exclusiva de 66 produtos europeus e o que andam fazendo os póprios polacos que não conseguem fazer a receita igual, mas querem vender seus produtos com a fama adquirida pelo Oscypek sem sofrer sanções das autoridades?
Mas claro, além de não conseguirem fazer a mesma coisa, os polacos estão trocando algumas letras da palavra e assim começa a aparecer no mercado polaco uns queijos com o nome de Uscypkiem. Quer dizer, não são apenas os brasileiros que têm um "jeitinho", o polaco é célebre em seu "jeitinho polaco".
O outro produto polaco também registrado na UE vem da mesma região e se chama Bryndza Podhalańska, ou seja, queijo de leite de ovelha produzido nos meses de verão nas regiões de Nowy Targ, Zakopane e Żywiec.

Bryndza Podhalańska já passada no pão caseiro

Na lista dos produtos de "DOC", a Espanha e Itália lideram com 15 produtos cada. São Seguidas por Portugal com 13, França 10, Tcheca 8, Alemanha 7, Grã-Bretanha 3, Polônia 2 e Irlanda, Holanda, Bélgica, Eslováquia, Hungria, Eslovênia, Grécia e Chipre com 1 produtos cada.

sábado, 10 de maio de 2008

Biesiady em São Paulo

Aqui uma biesiady animada na Karczma Bartlad, em Goniądz, próximo a Białystok (Nordeste da Polônia).

O Consulado Geral da República da Polônia em São Paulo, a Casa Sanguszko e a APOLEC-SP estão convidando o público em geral para a Primeira Noite de Canções Festivas Polacas “biesiady”. As canções executadas serão exclusivamente no idioma polaco.
O encontro será no sábado próximo, com entrada franca, dia 17 de maio, às 18h00, na Rua Prof. João Arruda, 440 – Sumaré, em São Paulo, Capital.
Os organizadores estão solicitando aos interessados que tocam e possuem instrumentos musicais, que os tragam para o encontro. Será como uma roda de "samba", mas só com músicas polacas, sem requebrado da mulata. As inscrições podem ser enviadas para a Sra. Michalina Staniczek Andrade, responsável pelo encontro.
E-mail: michalina@uol.com.br

Campos de beterraba

Foto: Ulisses Iarochinski
Os infindáveis campos agricultáveis da Polônia. 95% da superfície do páis é plana, os 4% restantes estão concentrados no Sul, nas fronteiras com a Eslováquia e a Tcheca, devido a cadeia de montanhas Cárpatos. Mas estes campos de beterraba branca (o açúcar na Polônia é feito deste tuberculo) estão na região de Łomża (uomja) no Nordeste do país.

Teatro de Lublin

Foto: Ulisses Iarochinski
Portal de entrada do teatro, na cidade velha de Lublin.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Roger Guerreiro convocado

Sem surpresas, pois até a camisa já estava pronta
E o treinador holandês da seleção polaca de futebol, Leo Beenhakker confirmou na relação de convocados divulgada, ontem, por ele, a presença do brasileiro Roger Guerreiro da equipe do Legia Warszawa. Ficou claro que depois do presidente Lech Kaczyński ter assinado a confirmação de cidadania mais rápida de seus pouco mais de dois anos de mandato, não poderia ficar sem uma pronta resposta do treinador holandês. Enquanto Roger, sem possuir antecedentes sanguínios polacos, conseguiu a cidadania em menos de 2 semanas, descendentes de polacos de primeira, segunda e terceira geração amargam há dois anos que seus pedidos de solicitação sejam pelo menos analisados pelo presidente da república da Polônia.
Isto para não falar naqueles pedidos que são rejeitados já nos consulados, porque o ancestral emigrou da Polônia antes de 1918. Os funcionários públicos do governo na Polônia, que analisam estes pedidos não consideram estas pessoas como tendo sido polacas, mesmo ostentanto sobrenomes como Kamiński, Wojtyła, Koperniko, Kowalski etc. Já o paulista Roger Guerreiro com menos de cinco anos de Polônia é o segundo estrangeiro e o primeiro brasileiro convocado para a seleção polaca. O primeiro foi um atacante nigeriano Emmanuel Olisadebe, que de tão ruim já nem vive mais na Polônia, mas que continua ostentando o passaporte polaco. Há notícias de que anda jogando na China.
Enquanto o selecionador Beenhakker anunciava os convocados, o jogador Dariusz Dudka da equipe campeã 2008 da Polônia, Wisła Kraków, ao não ouvir seu nome na relação dos convocados era entrevistado pelo jornal Dziennik Polski e afirmava: "Estou surpreso, não foram convocados Arkadiusz Radomski e Michał Pazdan. O nome de Roger Guerreiro não me surpreendeu, porque afinal de contas o treinador já havia manifestado na imprensa de que se Roger recebesse a cidadania polaca e desde que permitido pela FIFA, o brasileiro seria convocado para nossa esquadra nacional. Ele era o nome mais seguro de estar presente na convocação em relação a cada um de nós jogadores polacos".
Já os torcedores se manifestam nos comentários das reportagens postadas nas edições de Internet dos jornais e meios de comunicação polacos, como por exemplo, "tenho o pressentimento que Roger na terá moleza na seleção. Tenho acompanhado seu desempenho desde que chegou a Polônia e nenhum jogador da segunda divisão de nosso campeonato fica a dever para ele. Não é um virtuoso do futebol. Suas pernas são brasileiras e não polacas e só por isso foi convocado. Radomski deveria ter sido convocado". Comentário postado no site Onet. pl Sport.

Estes são os jogadores convocados para se concentrarem no grupo da Euro 2008 em Donaueschingen:

Goleiros: Artur Boruc (Celtic Glasgow), Tomasz Kuszczak (Manchester United), Łukasz Fabiański (Arsenal Londyn)
Defensores: Jacek Bąk (Austria Wiedeń), Marcin Wasilewski (Anderlecht Bruksela), Paweł Golański (Steaua Bukareszt), Mariusz Jop (FK Moskwa), Adam Kokoszka (Wisła Kraków), Jakub Wawrzyniak (Legia Warszawa), Michał Żewłakow (Olympiakos Pireus), Grzegorz Bronowicki (Crvana Zvezda Belgrad)
Apoiadores: Dariusz Dudka (Wisła Kraków), Jakub Błaszczykowski (Borussia Dortmund), Mariusz Lewandowski (Szachtar Donieck), Rafał Murawski (Lech Poznań), Łukasz Garguła (PGE GKS Bełchatów), Jacek Krzynówek (VfL Wolfsburg), Radosław Majewski (Groclin Grodzisk Wlkp.), Michał Pazdan (Górnik Zabrze), Roger Guerreiro (Legia Warszawa)
Atacantes: Euzebiusz Smolarek (Racing Santander), Wojciech Łobodziński (Wisła Kraków), Maciej Żurawski (AE Larissa), Tomasz Zahorski (Górnik Zabrze), Radosław Matusiak (Wisła Kraków), Marek Saganowski (FC Southampton).

Esta é a primeira participação da Polônia numa fase final da Copa de Futebol Européia de Seleções Nacionais em sua história. Na primeira fase, a Polônia vai enfrentar pelo grupo B, a Alemanha, dia 8 de junho, a Áustria dia 12 e a Croácia no dia 16. A Euro 2008 acontece na Áustria e Suíça no mês de junho próximo.

Wyborcza completa 19 anos

Capa da primeira edição do jornal Gazeta Wyborcza, em 8 de maio de 1989. Este é o Gazeta número 1. A frase de Lech Wałęsa (pronuncia-se lérrrhhh vaúensa): "żeby było inaczej i lepiej musimy te wybory wygrać" - se foi o contrário e melhor devemos vencer esta eleição," já traduzia o nome do jornal, ou seja, Gazeta Wyborcza - Jornal das Eleições.
O jornal que completou, ontem, 19 anos de existência foi fundado por por um grupo de jornalistas e ativistas da imprensa dos subterrâneos da oposição democrática como a plataforma para as primeiras eleições parlamentárias democráticas da Polônia pós-comunismo. O primeiro editor-chefe foi Adam Michnik, intelectual e destacado oposicionista nos 60-80 do regime comunista polaco.
A primeira edição teve 8 páginas e 150 mil exemplares vendidas. Passados 19 anos, ele sai às bancas com uma circulação de mais 448 mil exemplares diários e excedendo em algumas edições 110 páginas. O time editorial da "Gazeta das Eleições" inclui aproximadamente 850 pessoas, dos quais 510 são jornalistas e editores, 5 correspondentes no exterior permanentes e 60 fotógrafos. O jornal possui uma edição nacional com cadernos regionais, que consiste em pelo menos três partes: seção nacional preparada por Varsóvia, seção regional preparada por cada um das 20 redações regionais e um suplemento temático nacional.
Ano após ano, a "Gazeta" foi consolidando sua posição como uma trincheira de opinião e importante fonte de informações para seus leitores. É respeitado tanto na Polônia como no exterior e seu grupo de jornalistas e fotógrafos já ganharam prestígio e prêmios internacionais. Sendo reconhecido como um dos mais belos "design" entre jornais de todo o mundo, como atesta as duas vezes em que venceu a competição "Best of Newspaper Design" organisada pela "International Society for News Design". Foram julgados 193 projetos gráficos de jornais do mundo inteiro. O "Prêmio Excelência" foi dado para o suplemento de 32 páginas, de 28 de abril de 2007, "Gazeta Feriado Bancário" e outro para o suplemento "Gazeta de ano novo ", de 31 de dezembro de 2007. A "International Society for News Design" congrega mais de 2600 editores e diretores artísticos de mais de 50 países. Sua competição anual de "Melhor Design de Jornal do Mundo" está em 28ª. edição e foram anunciados os vencedores em fevereiro último.

Euro na Polônia em 2011?


A notícia de que a vizinha Eslováquia vai adotar o Euro em 1° de janeiro do ano que vem, ou seja, daqui a pouco mais de 7 meses repercutiu bastante na Polônia. O primeiro-ministro Donald Tusk foi instado a falar e tratou de afirmar que a Polônia poderá entrar na zona Euro em 2011, um ano antes da Copa Européia de Futebol, que será sediada por Polônia e Ucrânia em 2012.
Para converter o złoty em Euro o país tem trabalhado rigorosamente para cumprir os critérios de "Maastricht". Em 2007, o déficit geral do governo diminuiu 2.0 % do GDP, que é um importante critério para os membros do Euro e está fixado em 3% do GDP. Para alguns economistas a Polônia, em que pese o positivo crescimento e rápido desenvolvimento econômico, ainda têm um longo caminho a percorrer antes de adotar a moeda única européia. Krzysztof Freliszka, do Banco Nacional polaco declarou que o número de bancos sediados na Polônia que oferecem serviços em Euro tem aumentado significativamente. Desde janeiro de 2008 está operando na polônia o SEPA que é uma área de pagamentos do Euro. O setor bancário da Polônia conta com 15 casas bancárias dentro do sistema SEPA atualmente e 60 deles oferecem serviços em Euro a seus clientes.
Há seis anos, os polacos não tinham uma boa opinião sobre a moeda única, mas os últimos indicadores de opinião pública demonstram que os polacos começam a ver o Euro como algo positivo. Hoje metade da população vê com bons olhos a adoção da moeda única. Apesar das declarações de Donald Tusk, a pergunta que mais se ouviu nas ruas das cidades polacas de ontem para hoje foi: "Mas estaremos mesmo prontos em 2011?"

Wajda contra Palácio da Cultura


Vira e mexe e os polacos se voltam para a mesma discussão: o Palácio da Cultura em Varsóvia. Uns ,a favor da permanência dos símbolos históricos, que eles nos agradem ou não e outros favoráveis a apagar qualquer vestígio do mal que se impôs.
O cineasta Andrzej Wajda ganhou as páginas do principal jornal polaco, Gazeta Wyborcza, hoje, não pelo seu filme "Katyń" que continua granjeando elogios onde quer que seja apresentado, como na última "première" em Kiew, capital ucraniana. Wajda enviou uma carta ao jornal, da qual reproduzo dois trechos:
1 - "Quando eu olho para os edifícios do corredor comercial existente e para o projeto do Museu de Artes Moderna, eu vejo a sombra ameaçadora do palácio Stalin que cobre toda a Praça Dos Desfiles e não permite que possa haver qualquer pessoa ou qualquer coisa que impeça ver."
2 - "Então a fila de nossos políticos ao se aproximarem da capital vindos de Cracóvia, Lublin e Lodz, verão Manhattan, dentro de nossas medidas, e não a retrógrada Varsóvia com a igreja Józef Stalin." Com esta segunda ele encerra sua carta.
O cineasta, um declarado opositor do soviético Stalin, em sua última cinematográfica, mostra o assassinato de 40 mil oficiais polacos durante a Segunda Guerra Mundial, pelos "aliados" russos na floresta de Katyń. Neste crime histórico, Wajda perdeu seu pai, então oficial das Forças Armadas da Polônia. Esta carta, que ele enviou, demonstra que sua luta para desmascarar os horrores vividos pelos polacos durante o regime imposto pelos soviéticos vai além das telas dos cinemas, o cidadão Wajda discute também o fato de ainda continuar de pé o presente dado por Stalin, após a reconstrução da cidade, para Varsóvia.
A construção do "Pałac Kultury i Nauki" (Palácio da Cultura e Ciências) durou de 2 de maio de 1952 a 22 de julho de 1955. Cerca 3.500 trabalhadores russos, os quais moraram em Varsóvia especialmente, o construíram. Durante a construção morreram 16 russos. Em 7 de março de 1953, dois dias após a morte de Józef Stalin, foi dado ao edifício de arquitetura comunista, o nome de "Pałac Kultury i Nauki Józefa Stalina". Assinaram o documento de denominação do palácio, em nome do Conselho de Governo e Conselho de Ministros da República Popular da Polônia, Bolesław Bierut e Aleksander Zawadzki. Foram utilizados na construção 50 mil toneladas de tijolos, 50 mil toneladas de concreto, 16 mil toneladas de aço. O palácio mede 230,68 metros de altura com sua torre. Já foi o mais alto arranha-céu da Polônia e o quarto da Europa.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

A melhor universidade da Polônia

A Reitoria da Universidade no" Collegium Nowum" e ao lado a Faculdade de História.
A Uniwersytet Jagielloński de Cracóvia, a mais antiga do país, volta ao prestigioso posto de melhor instituição universitária da Polônia após 3 anos. O ranking apresentado, ontem, derruba a Universidade de Varsóvia - a maior do país - para o segundo posto e apresenta em terceiro lugar a Universidade de Wrocław. No último posto, 91°, ficou a Escola Superior de Administração, Marketing e Idiomas Estrangeiros de Katowice.
O reitor Karol Musioł ressalta que este alto nível educacional se deve basicamente as mudanças no sistema. "Dois fundamentos foram decisivos para isto: melhoria didática e aumento das pesquisas científicas. Como conseqüência disto alcançamos maior qualidade e aumento da nossa força de pesquisa científica".
Quatro pontos básicos foram analisados para qualificar as melhores universidades e academias da Polônia, neste ranking: prestígio, fortaleza do ensino, condições de estudo e internacionalização, além de outros 27 critérios. 91 escolas superiores foram analisadas em todo o país.
A Uniwersytet Jagielloński de Cracóvia foi a escola de Mikołaj Koperniko, Wisława Szymborska, Karol Wojtyła, Andrzej Wajda e deste paranaense que lhes informa diariamente sobre os últimos acontecimentos na Polônia, justamente no Institut Historii.

Eslováquia pronta para o Euro

Esta é a cotação do Euro e Dólar, hoje, na Polônia: EUR - 3,4285 zl , USD - 2,2142 zl. Em relação ao Real o złot está cotado em 0,755836 .

Bratislava, a capital da Eslováquia
Isto para dizer duas coisas, a primeira é que todo turista brasileiro que viaje a Polônia, se não conseguir comprar złot antes de viajar, que compre Euro. O dólar nem sempre é encontrado para trocar nos Kantor (casas de câmbio na Polônia), além da cotação ser baixa. Outra solução é trazer cartão de banco com bandeira Plus, Maestro etc. e retirar diretamente nos bankomat - caixas eletrônicos, já na moeda polaca.
A segunda coisa é que dos últimos 12 países a entrarem na União Européia, a vizinha Eslováquia está pronta para adotar a moeda comum Euro, depois de 4 anos da entrada no clube de Estados. A Comissão Européia anunciou ontem, que a Eslováquia pode adotar o Euro no próximo dia 1 de janeiro de 2009. É o primeiro país da Europa do Leste a adotar a moeda comum e o quarto dos novos membros.
Para a Polônia, a entrada de seu vizinho significa que a verdadeira reforma vale a pena, embora possa ter custo político. As condições econômicas da Eslováquia não a colocavam na frente da Polônia na estrada para o Euro, mas segundo os economistas, a determinação de seus governantes a preparou rapidamente para tal adoção. A Eslováquia alcançou uma alta e permanente convergência econômica com a União Européia. Os baixos níveis da inflação, cuidados com os déficites orçamentários e ampliação da concorrência econômica eslovaca, além de políticas fiscais eficazes.
Para a Polônia, estas são regras imprescindíveis para ascenção econômica e adoção do Euro, disse o ministro das finanças Jacek Rostowski.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Dudek contra Barcelona?

Foto: Andrea Comas/Reuters
Ele já foi herói da seleção polaca e do poderoso Liverpool da Inglaterra, agora curte a reserva do eterno Casillas no gol do Real Madrid. Campeão como toda a equipe, o goleiro polaco Jerzy Dudek, depois da ressaca do título conseguido com antecipação, no último domingo, na vitória de sua equipe contra o Osasuna, espera jogar contra o Barcelona. Casillas deve ganhar folga e o técnico alemão escalar Dudek para jogar contra o time de Messi e Henry. Perguntado sobre o que se pode esperar desta partida contra o arqui-inimigo, Dudek disse que "nós temos um time responsável. Os brasileiros de agora são mais sérios do grupo anterior, quer dizer Ronaldo e Roberto Carlos. Tenho esperança, que nosso sucesso não nos prejudicará neste jogo importante".
Mas depois de duas temporadas e apenas 7 partidas como titular, o goleiro polaco quer deixar o campeão Madrid: "Jogar aqui é um sonho, mas não no banco, por isso quero ir para uma equipe onde seja titular, onde eu possa jogar".

Bispo teria sido espião comunista

Após a posse do primeiro-ministro do PO - Partido da Plataforma da Cidadania, Donald Tusk tinha desaparecido as informações de caça as bruxas do período comunista. Mas, os jornais da Polônia publicam hoje que o Instytut Pamięci Narodowej (Instituto da Memória Nacional) encontrou documentos de que o bispo Wiesław Mering era colcaborador dos serviços de segurança no sistema comunista, inclusive quando morou na França. Nos registros consta o pseudônimo de „Lucjan” como sendo o do padre Wiesław Mering. Enquanto padre era também espião do IV Departament SB. No Departament I a informação é de que trabalhou como agente no exterior. Para o o padre Tadeusz Isakowicz-Zaleski, que há alguns anos faz pesquisas sobre o trabalho de colaboração de padres com o regime comunista, as informações encontradas nos registros dos dois departamentos do Serviço Secreto Polaco são inegáveis.
O bispo Mering, contudo nega dizendo que "nunca assinei qualquer documento de colaboração com o serviço secreto. Nunca colaborei e se alguém encontrou alguma coisa assinada por mim, esta pessoa recebeu dinheiro para me caluniar. Mas estou a disposição das autoridades para esclarecer." Jan Żaryn do Instytut Pamięci Narodowej diz não haver nenhuma dúvida sobre os registros que apotam o bispo Wiesław Mering como colaborador do serviço secreto comunista polaco.
P.S. Logo que o governo dos gêmeos Kaczyński assumiram o poder muitas pessoas perderam seus empregos, acusados que foram de pertencer aos serviços do regime comunista. A direita polaca não admite que o país passou 40 anos sob regime comunista e todos aqueles que fizeram parte, ou colaboraram são inimigos da Pátria... A história vai julgar este período da nação polaca e só ela pode dar o veredito e não so governos de ocasião.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Brasileiros reféns em Varsóvia

Foto: Aleksander Prugar AG / Holiday Inn Warszawa Hotel
A Polícia de Varsóvia informou que um rapaz de origem árabe manteve reféns três brasileiros de origem judaica num quarto do Hotel Holiday Inn, nesta segunda-feira, durante aproximadamente uma hora. Mohammad A., de 23 anos, desarmado, teria se trancado no quarto com os brasileiros e ameaçado explodir uma bomba. O agressor estava bêbado quando policiais invadiram o quarto, no sexto andar do hotel para libertar os brasileiros que fazem parte de um grupo de 48 alunos da Escola Eliezer Steinbarg-Max Nordau, do Rio de Janeiro.
O embaixador israelense na Polônia, David Peleg, disse que o homem estava com comportamento estranho quando entrou no hotel. Os gritos dos brasileiros alertou os funcionários do hotel que chamaram a polícia.
Os brasileiros, que deveriam ter viajado para Israel, para acompanhar a "Marcha da Vida" (excursão mundial que passou pela Polônia na semana passada) continuaram em Varsóvia e só puderam embarcar ontem à noite com destino a Tel Aviv. Os três cariocas foram se juntar aos 400 estudantes brasileiros de origem judaica que participam desta marcha idealizada por Abraham Hirshson, (hoje de cidadania estadunidense) sobrevivente dos campos de concentração e extermínio da segunda guerra mundial.

Mohammad A. já na cadeia.
De acordo com o porta-voz da polícia, Marcin Szyndler, o rapaz bêbado, que atacou os jovens brasileiros de 16 anos de idade cada um, é do Kuwait. A polícia foi informada do incidente por volta das 9 horas da manhã. Segundo informações colhidas pelos policiais, o kuwaitiano entrou no hotel e foi logo ao sexto andar onde começou a conversar, no corredor, com os brasileiros. Logo em seguida, obrigou-os a entrar num dos quartos. Ele estava visivelmente bêbado, segundo os funcionários do hotel.
O telejornal ''Wydarzeń'' da Telewizja Polsat (canal privado de TV) , informou em reportagem, que ao que tudo indica o jovem é filho do embaixador do Kuwait, acreditado em Varsóvia e que o mesmo não sabia o motivo porque tinha cometido a agressão(em interrogatório realizado na delegacia para onde foi encaminhado). Nas entrevistas, além do embaixador de Israel, fala também dois brasileiros adultos não identificados e um policial que desmente a informação de que haveria uma bomba em poder do jovem, ou escondida no hotel. "Foi um falso alarma".


O repórter Grzegorz Kęmpka, da TV Polsat, informa ainda que o kuwaitiano, depois de algumas horas na delegacia foi liberado. Mas segundo policiais o ato pode custar 3 anos de cárcere ao kuwaitiano bêbado.