segunda-feira, 19 de abril de 2010

Polacos adoram funerais


Foto: Mateusz Skwarczek


O avião, que voava com políticos de diferentes cores partidáruas, as pessoas de religiões e profissões diferentes e de diferentes cidades, tornou-se, em certo sentido, um símbolo da sociedade polaca. Cada um dos segmentos sociais sentem alguma perda. Bandeiras nas janelas, velas nas calçadas, multidões de pessoas nas ruas esperando o cortejo fúnebre. O jornal Gazeta Wyborcza entrevistou a socióloga, profa. Hanna Świda-Ziemba sobre o que parece ser uma tendência muito particular do povo polaco: ele gosta de funerais


GW - Professora, o que se precisa para viver este período de luto?
Hanna Świda-Ziemba - Comparar a situação atual com a morte do papa, para mim não é comparável. Comparável é o luto nacional, mas todo o resto é diferente. Para começar, o que é hoje um choque. Não foi com o Papa. A morte de João Paulo II pode ser comparada com a situação de uma família que perde um pai amado, um homem mais velho. Afinal ele governou sua família, ele estava conosco, mas tornou-se cada vez mais fraco, mais doente e ficou claro que ele deveria partir. Ele morreu. De alguma forma temos que lidar com isso, buscamos conforto na vida diária. Então, na nossa vida social aparecem gestos simbólicos. Mas a situação de hoje é de quase um cerimonial. O de hoje é um trauma, que beira o surrealismo.

GW - Trauma causado por ...
Hanna Świda-Ziemba - ... Acima de tudo, a composição e a intenção das pessoas que voaram naquele avião. Se apenas o presidente tivesse morrido, o choque não seria tão grande. Mas o acidente matou muitas pessoas, pessoas famosas, e pessoas que simbolizam o Estado polaco. Em um momento trágico, é eliminado - não o Estado, mas o que foi a manifestação desse país. É terrível. Outra coisa - por favor - sobre o voo foram pessoas de todos os grupos políticos: o PiS, PO, SLD, PSL, importantes pessoas junto ao público, pessoas de todos os campos, e representantes de várias profissões, mas havia soldados, padres, médico, a tripulação que eram de cidades diferentes. Esta aeronave por causa da diversidade dos passageiros foi em certo sentido, um símbolo da sociedade. Todo mundo sofreu com a perda, o luto é comum a todos. Pensemos que mesmo que estas mesmas pessoas tivessem voado para uma reunião com o presidente Obama e tivesse caído em algum lugar sobre o oceano, certamente o choque não seria tão grande.

GW - Trata-se de um "lugar maldito"'- Katyn?
Hanna Świda-Ziemba - Sim. É a coisa mais próxima que dá este sentido simbólico. As pessoas a bordo estavam unidas na intenção de fazer homenagem às vítimas de Katyn, um lugar que é um símbolo da Polônia. Alguns dizem agora: quando morreram mineiros, quando os idosos que ião a Częstochowa morreram, não sentimos tanta dor assim, e agora estamos a viver este luto imenso, só porque os mortos eram políticos, representantes do poder do povo. Bem, não é apenas um avião com o PiS e PO que caiu. Estamos todos órfãos, após o desastre, pois de alguma forma aquelas pessoas nos unem.

GW - E é por isso que as pessoas foram ao velório no Palácio do Presidencial?
Hanna Świda-Ziemba - Após Bierut morrer também as pessoas estavam juntas. Elas o odiavam, mas ficaram na fila para ver o caixão de Bierut. Porque, em primeiro lugar o sofrimento une as pessoas que estão de luto. Estudos psicológicos mostram que, na tristeza, em tempos difíceis, a maioria das pessoas gosta de estar com os outros. Temos uma escolha: aproximar-nos dos outros ou ficarmos sozinhos. A maioria escolhe estar junto aos outros. Funerais demostram o quanto precisamos em um momento difícil, de que a família estaja reunida, mesmo sentado em uma mesa e falando besteiras. E sobre essa necessidade geral imposta é que os polacos gostam da tragédia, das cerimônias simbólicas para a história da nação.

GW - Por quê?
Hanna Świda-Ziemba - Como os polacos poderiam, no momento da anexação manter a identidade nacional, lá onde Russificação, a Germanização, suprimia a revolta, manter sua identidade em contraste com o culto natural? Antes das partilhas das Polônia, era Grunwald, era a memória nacional das vitórias. E às vezes parecia que as partições eram muito mais um mito de Mickiewicz, da Polônia Cristã entre as nações. Quanto mais natural era aquela situação, mais vítimas tinha, e por isso a recompensa da independência era mais bela. E veio a independência, foi um milagre no Vístula, vencemos os bolcheviques. Da mesma forma, as vítimas posteriores na Segunda Guerra Mundial causou nas pessoas a crença de que a independência viria novamente. O culto da vítima permaneceu durante toda a guerra. A famosa Mesa Redonda entre Jaruzelski e o Solidariedade nunca se tornou um objeto de adoração. Mas Lei Marcial de Jaruzelski, sim! esta os polacos adoram.

GW - Por que, depois da guerra, o culto do desastre se quebrou?
Hanna Świda-Ziemba - As potências ocidentais reconheceram o governo soviético e já se sabia que o Ocidente não viria em nosso auxílio, não veior durante a Revolta de Varsóvia. a esperança se desvaneceu. Por favor note que essa diferença: no levante do gueto de Varsóvia, onde não havia chance, foi a escolha do tipo de morte, da luta pela dignidade. O Levante de Varsóvia foi uma vítima, porque os polacos tiveram uma chance. Poderíamos esperar para sobreviver fisicamente, mas no final o Exército Vermelho aumentou ainda mais o número de vítima. E sofremos um sacrifício terrível. Quando eu amadureci, esse mito da derrota já estava morrendo. Houve muita discussão sobre se a Revolta de Varsóvia estava certa, dominado pela visão de que, no entanto, foi um sacrifício desnecessário. Mas, como você vê, depois de anos esse mito ressurge.

GW - Fomos capazes de expor alguma rara vitória - Revolta de que tão pouco foi dito, a Mesa Redonda - mas durante o mito comunista do desastre, este crescia, especialmente, porque houve propaganda contra o levante de 1944. Apenas as vítimas polacas do mito pode ter tido um sentimento de unidade.
Hanna Świda-Ziemba - É terrível. Este é um motivo adicional para o luto que se vive hoje. Esta morte é o tipo de horror que eu não sei se você pode agora voltar à velha briga política. Vamos ver.

GW - Então, você vê uma chance de parar essa unidade nacional?
Hanna Świda-Ziemba - Sim, eu vejo uma chance de mudar sem fazer esforço. Parece-me que depois desta experiência de horror que parecia estranha, se essas pessoas, políticos, começarem a lutar da mesma forma, com a mesma ferocidade. Acho que as pessoas sobreviveram ao trauma de uma fé, ao contrário, depois da morte do papa. E marcou os políticos, que não terão a energia necessária para se inventar, para gastar um absurdo com essas paixões. E este é o tipo de trauma, cujos efeitos podem ser para sempre. É como se as crianças estivessem brincando no quarto, porque depois de todos esses políticos, as estratégias são diferentes e agora alguém entrou e matou os pais. Como, então, voltar para o mesmo jogo político?

domingo, 18 de abril de 2010

Casal presidencial jaz na cripta do Wawel




Após a cerimônia fúnebre na Catedral de Wawel, os caixões de Maria e Lech Kaczyński foram depositados no sarcófago, na cripta Pilskudski, no Castelo Real. Em seguida soaram 21 salvas de canhão. No pátio interno, do castelo, começaram a serem dadas as condolências e a assinatura do livro por parte dos representantes das mais altas autoridades estrangeiras aos familiares Kaczyński e aos presidentes, em exercício da república, do congresso nacional, ao primeiro-ministro e ao ministro das relações exteriores. Após a assinatura do livro, as autoridades foram convidadas ao jantar na sala do trono do Castelo Real.
O sarcófago, onde foram enterrados tem forma simples e nobre nas dimensões de 238 x 154 x 60 cm. Seu projeto arquitetônico elaborado por Marta Witosławska. Na placa superior, com peso superior a 400 kg, foi escavado um grande sinal da cruz sobre e na lateral foram colocados os nomes do casal presidencial. O sarcófago ficou próximo parede contígua da cripta românica. O sarcófago foi produzido pelo artista cracoviano Jan Siuta.
Já neste domingo, à noite, cripta do Wawel, com o sarcófago do Presidente Lech Kaczyński e sua esposa Maria estará aberto para aqueles que pretendem prestar homenagem a eles.

20 ainda sem identificação

Chegada do corpo da aeromoça Justyna em sua cidade natal, Bialystok

Enquanto acontecem os funerais do casal presidencial em Cracóvia, Paweł Grass, porta-voz do governo polaco, informa que 20 corpos, dos 96 que morreram no desastre do avião ainda não foram identificados. O processo, em Moscou, ainda deve durar alguns dias.

O enterro do ex-presidente no exílio, Ryszard Kaczorowski, será enterrado, amanhã, em Varsóvia, enquanto o vice-presidente do Sejm - Câmara dos Deputados, Krzysztof Putra, será realizado em Białystok juntamente com aeromoça Justyna Moniuszko na terça-feira.

Sodano: esperança de união

Em sua homilia, na Basílica Mariacka, em Cracóvia, durante a missa de corpo presente do casal presidencial polaco, o representante do Vaticano, Cardeal Angelo Sodano, diria que o Papa Bento XVI refere-se à vontade da nação polaca, para que o país se mantivesse unido com o consentimento e a cooperação ativa de outras nações, garantindo assim ao mundo uma era de verdadeira civilização.
A homilia foi lida pelo núncio apostólico na Polônia, arcebispo Józef Kowalczyk. A homilia não pode ser lida pelo próprio Sodano, já que tanto ele como toda a delegação italiana, inclusive Silvio Berlusconi, não puderam chegar pessoalmente nesta Basílica Mariana em Cracóvia.
No texto da homília, lido pelo núncio, está dito que:
"Também a vós, chefes de Estado e de governo que vieram a Polônia, nesta hora de luto nacional a mensagem é de grande esperança para o futuro. É a esperança de que aqui na Europa, assim como em todo o mundo irão se fortalecer os laços de amizade e cooperação entre as nações. É a esperança de uma grande solidariedade entre os povos felizes e tristes no momento de sua história, no que diz respeito à sua identidade e cultura nacionais."

Polônia e Rússia: tragédia une

Os primeiros-ministros da Polônia e Rússia, Tusk e Putin,
colocam flores e velas no local onde caiu o avião
A revista Época, que circula no Brasil, neste domingo traz artigo intitulado "Uma catarse na Polônia". Nele, a revista faz uma análise do momento crucial que vivem as duas nações eslavas, desunidas a séculos, por guerras, ocupações e principalmente incompreensão de ambos os lados.

A queda do Tupolev Tu-154 da Força Aérea Polonesa em Smolensk, na Rússia, no sábado passado (10), entrelaçou os destinos da Polônia e da Rússia mais uma vez. A aeronave que carregava o presidente Lech Kaczynski, a primeira-dama, Maria, o presidente do Banco Central, toda a cúpula militar, 18 parlamentares e outras personalidades importantes caiu no fim de uma viagem que serviria para celebrar o aniversário de 70 anos do massacre de Katyn, no qual 22 mil poloneses foram mortos pela polícia secreta soviética. Ao contrário do que se podia imaginar, poloneses e russos, tomados pela incredulidade da coincidência, se aproximaram na dor.
Rússia e Polônia compartilham uma história trágica desde o fim do século XVIII, quando o Império Russo teve papel determinante na divisão dos territórios poloneses. O episódio mais tétrico nessa rivalidade talvez tenha sido o massacre de Katyn, cujo objetivo era minar o futuro da Polônia, facilitando a permanência do país como um Estado satélite da União Soviética após a Segunda Guerra Mundial. Nas últimas décadas, o rancor não foi superado. E um bastião da mágoa era justamente Lech Kaczynski.
Em seu período na presidência, ele fez de tudo para aproximar a Polônia da Ucrânia e da Geórgia, duas ex-repúblicas soviéticas, e trabalhou para que os dois países fossem incluídos na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar da qual a Rússia não faz parte. Nacionalista combativo, Kaczynski também fez campanha para que a Polônia recebesse uma parte do escudo anti-mísseis que a administração de George W. Bush na Casa Branca queria construir em países próximos à Rússia.
A relação de Kaczynski com Moscou era tão ruim que o evento do qual ele participaria em Smolensk não era oficial. Mas o massacre de Katyn é um assunto importante na Polônia. Tanto é que Kaczynski teria pressionado o piloto do Tupolev a pousar mesmo sem boas condições de visibilidade. Segundo os controladores de voo russos, o piloto foi avisado quatro vezes de que a névoa atrapalharia o pouso, mas mesmo assim prosseguiu.
Logo após a tragédia, o presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, e o primeiro-ministro, Vladimir Putin, se apressaram em enviar mensagens de condolências aos poloneses. As autoridades dos dois países cooperaram no resgate e no reconhecimento dos corpos e a TV russa até transmitiu o filme Katyn, indicado ao Oscar, mas até então censurado no país.As demonstrações amistosas entre os vizinhos foram uma novidade. "Essa tragédia pode servir como uma catarse na relação entre a Polônia e a Rússia", avalia Piotr Maciej Kaczynski, analista do Centro Europeu de Estudos Políticos (CEPS), baseado em Bruxelas. "Os países dividem uma história que não pode ser esquecida, mas que precisa ser compreendida pelas duas partes", afirma. Segundo o analista, ainda é cedo para falar saber o futuro do diálogo russo-polonês, mas é certo que pela primeira vez na história há poloneses falando "nos amigos do leste".
Dentro da Polônia, a morte de Kaczynski lembrou a comoção com a morte do papa João Paulo II, em 2005. O país viveu momentos de união nacional, mas logo as divisões apareceram. O estopim foi o anúncio de que o presidente e a primeira-dama seriam enterrados na Catedral de Wawel, em Cracóvia, um santuário para os heróis do país. Pequenos protestos foram realizados nas ruas da cidade, enquanto uma comunidade no Facebook contra o enterro em Wawel reuniu 30 mil pessoas. "O país está unido da tragédia, mas quando o luto passar, vai começar um novo período turbulento na política", diz Kaczynski, do CEPS.
Antes de morrer, o presidente desfrutava de uma popularidade de apenas 28%, mas concorreria à reeleição mesmo assim. Agora, o partido conservador que comandava, o Lei e Justiça, ficou sem candidato e terá que se reorganizar. O presidente interino, Bronislaw Komorowski, que comandava a câmara baixa, é o favorito para as eleições, que serão realizadas em 20 de junho.

Dziwisz para Miedwiediew: reconciliação


Durante sua homilia na Basílica de Santa Maria, o cardeal Stanisław Dziwisz, voltou-se para o presidente russo, Dimitry Miedwiediew:

"70 anos atrás Katyn afastou duas nações, e ao esconder a verdade sobre o derramamento de sangue inocente não tiveram permissão para curar as feridas dolorosas. Oito dias atrás uma outra tragédia desencadeou várias sentimentos de bondade, inerentes aos povos e as nações, a compaixão e apoio que temos vivido nestes dias de irmandade com os Russos, dão a esperança de reaproximação e reconciliação das duas nações eslavas - estas palavras dirijo a você que é o presidente da Rússia. Esta é uma tarefa para a nossa geração, nós devemos nos tornar generosos, rezar para o presidente falecido. No discurso, que ele não fez em Katyn, ele diria, "o Caminho que traz nossas nações aqui, deve ir em frente, sem parar sobre ele, nem recuar."

Missa está sendo rezada na Mariacka

A filha Marta e o irmão gêmeo Jarosław


Chegada do presidente da Letônia, Valdis Zatlers na Mariacka

Os caixões do casal presidencial entram na Basílica Mariacka, em Cracóvia, para missa de corpo presente.

Controle: só entra no rynek quem retirou bilhete no sábado

Os polacos que não conseguiram bilhete para o Rynek,
acompanham nas ruas que dão acesso à praça central de Cracóvia

Os polacos acompanham a missa, no telão, no Rynek, do outro lado do prédio Sukiennice

sábado, 17 de abril de 2010

Nuvem vulcânica impede presidentes e reis


Angela Merkel e Barack Obama, cancelaram sua participação no funeral do casal presidencial em Cracóvia. Assim, se juntam à lista de 15 delegações de outros países que não virão por causa da nuvem vulcânica sobre a Europa.


Entre eles estão reis da Suécia e o príncipe de Gales, Charles. Também o rei Juan Carlos e o primeiro-ministro Jose Luis Zapatero, da Espanha; o presidente da Turquia, Abdullah Gul; a Presidente da Irlanda, Mary McAleese; o primeiro-ministro Stephen Harper, do Canadá; o presidente Tarja Halonen, da Finlândia; o Príncipe Albert II de Mônaco; o Rei Harald V e Ministro das Relações Exteriores, Jonas Gahr Store, da Noruega; o presidente Demetris Christofias de Chipre, Rainha Margarida e o Ministro das Relações Exteriores da Dinamarca; Lene Spersen, e o presidente George Papandreou da Grécia.
Confirmaram suas desistências, amanhã, domingo, no funeral o presidente da Macedónia Gjorge Ivanov; o Ministro das Relações Exteriores da Índia SM Krishna, Satsuki Eda; o Presidente do Parlamento japonês; o primeiro-ministro da Coreia do Sul, Unchan Chung; a ministra das Relações Exteriores mexicana Patricia Espinoza Cantalleno; da Nova Zelândia, o governador-feral Satyanand Anand; o ministro da defesa do Paquistão, Mukhtar Chaudhry Ahmad; o ministro do Egito para a Cooperação Internacional Aboulanga Fayza.
Originalmente foram anunciadas a chegada dos representantes de 98 países: 69 delegações nacionais e de 29 embaixadores. 21 delegações nacionais a partir dessa lista já informaram que não poderão participar nas celebrações dominicais em Cracóvia. Ainda não confirmaram desistência e por isso são esperados:
- Rússia, presidente Dmitrij Miedwiediew
- Ucrânia, presidente Wiktor Janukowycz, premier Mykoła Azarow e Wołodymyr Łytwyn.
- Alemanha, presidente Horst Köhler
- França, presidente Nicolas Sarkozy
- Lituânia, presidente Dalia Grybauskaite, ex-presidente Valdas Adamkus e o Premier Andrius Kubilis.
- R. Tcheca, presidente Vaclav Klaus
- Eslováquia, presidente Ivan Gaszparovicz, representante do parlamento Pavol Paska e o premier Robert Fico
- Bielorrússia, presidente do parlamento Boris Batura
- Bulgária, presidente Georgi Pyrwanow
- Bośnia e Herzegowina, presidente prezydium BiH Haris Silajdić
- Montenegro, presidente Filip Vujnovic, ministro das relações exteriores Milan Rocen
- Islândia, presidente Olafur Ragnar Grinsson
- Israel, presidente Szymon Peres, ministro das relações exteriores Awigdor Liberman
- Hungria, presidente Laszlo Solyom e o premier Gordon Bajnai
- Rumênia, presidente Traian Basescu
- Afganistão, presidente Hamid Karzaj
- Armênia, presidente do parlamento Howik Abrahamia
- Albânia, presidente Bamir Topi
- Moldávia, president Mihai Ghimpu
- Mongólia, vice-presidente do grande conselho nacional
- Austrália, governador genral Quentin Bryce
- China, ministro dos transportes Li Shenglin
- Iraque, ministro Fawzi Fransa Toma
- Kosowo, presidente Fatmir Sedjiu
- Palestina, especial representante do presidente Mahmouda Abbasa Nabil Shaath
- Malta,chanceler Jean Pierre Mazery
- Azerbaijão, premier Artur Rasi-zade
- Egito, ministro Cooperação Internacional Aboulanga Fayza
- Estônia, presidente Toomas Hendrik Ilves, Premier Andrus Ansip (przyjazd odwołany)
- Geórgia, president3 Micheil Saakaszwili e esposa
- Iran, vice-ministro das Relações Exteriores Ali Ahani
- Holanda, príncipe Aleksander e premier Jan Peter Balkenende
- Catar, Emir Hamad Bin Khalifa Al Khani e esposa
- Cazaquistão, representante do parlamento Urał Muchamedżnanow
- Kuwait, Emir do Kuwait
- Letônia, presidente Valdis Zatlers e esposa
- Servia, presidente Boris Tadic
- Eslovênia, presidente Danilo Turk
Já estão em Cracóvia, ex-presidente da Ucrânia, Wiktor Juszczenko, que viajou de automóvel e a delegação do Morrocos.
O Brasil e a Lituânia foram os únicos países a decretarem 3 dias de luto, quase duas dezenas de outros decretaram 1 dia de luto.

O último adeus em Varsóvia

A praça do Castelo real, próxima a Catedral de Varsóvia, foi tomada por milhares de polacos para o último adeus aos casal presidencial. Aqui, eles passam em vígila toda a noite. Amanhã, 7 horas, os caixões do casal, seguem para Cracóvia, para serem depositados na cripta Pilsudski, no Castelo de Wawel, Panteão Nacional da Polônia.

A missa fúnebre em Curitiba

Fotos: Ulisses Iarochinski

A missa de 7° dia em louvor aos mortos do desastre de avião Tupolev, com 96 polacos, próximo a Smolenski, Rússia, celebrada pelo arcebispo metropolitano Dom Moacir José Vitti e padres de origem polaca, reuniu representantes da comunidade em Curitiba. Cidade que tem a maior comunidade de etnia polaca da América Latina.
O prefeito Luciano Ducci foi convidado para a missa pela cônsul da Polônia em Curitiba, Dorota Joanna Barys. O posto consular da Polônia em Curitiba que está comemorando 90 anos, agora em 2010, foi o primeiro do mundo após a Polônia independente. Ducci nas palavras que proferiu, no púlpito da basílica, disse estar bastante triste com o acidente, do último dia 10 de abril e que vitimou o presidente da Polônia, esposa e autoridades polacas. Lembrou que Curitiba é a terceira maior concentração da etnia em todo mundo, sendo ultrapassada apenas pela Polônia e a cidade de Chicago nos Estados Unidos. Disse que a influência dos imigrantes polacos na cultura curitibana e paranaense é imensa e que todos de alguma forma se sentem irmanados na dor desta brava gente da Polônia.
A orquesta e coro da PUC-PR Pontíficia Universidade Católica do Paraná acompanhou toda a missa, que teve ainda a participação de integrantes do grupo folclórico polaco Wisla do Paraná, todos com trajes típicos e que fizeram a oferenda dos fiéis, levando para a frente do altar, um retrato com o Presidente Lech Kaczyński e esposa.
Também a guarda de honra da Polícia Militar se postou no altar com as bandeiras de Curitiba, Paraná, Brasil, Polônia e Missão Católica Apostólica Polaca no Brasil. Também estavam presentes, todo o corpo consular acreditado em Curitiba, o vice-presidente da Câmara Municipal de Curitiba, Tito Zeglin e o vereador emérito José Gorski. O jornalista Ulisses Iarochinski fez a Primeira Leitura do Evangelho e o padre Zdzislaw Malczewski, reitor da Missão fez um discurso inicial agradecendo em nome da Polônia, e dos descendentes de polacos no Brasil, os gestos do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, Ministro Celso Amorin e do governador Orlando Pessuti, a decretação dos 3 dias de luto no Brasil e no Paraná em louvor aos mortos no desastre.
Ainda em sua homília, o Arcebispo Metropolitano de Curitiba, Dom Moacyr Vitti, lembrou a inabalável fé católica do presidente Kaczyński e das provções que este teve que passar em sua vida para um dia ver a sua terra livre do jugo inimigo e com muita luta poder proporcinar liberdade religiosa, social, econômica e política a sua Pátria.
A Cônsul Dorota J. Barys, bastante emocionada agradeceu a todos os presentes e as autoridades brasileiras pela comunhão na dor e no luto.

Prefeito Luciano Ducci

Arcebispo de Curitiba Dom Moacyr Vitti

Cônsul Dorota J. Barys

O retrato do casal presidencial falecido

A comunidade polaca de Curitiba

Os funerais em Varsóvia

Devido ao fuso horário, as cerimônias em Varsóvia já começaram às dez horas da manhã, na Praça Pilsudski.

A partir das 10:00 - chegada dos participantes da cerimônia oficial
11:30 - Canções tristes interpretadas pelo Coral do Grande Teatro,
11:40 - Chegada dos integrantes das honras militares,
11:59 - Alerta - trompetista toca o sinal de "atenção"
12:00-2 minutos de silêncio - trompetista toca a canção "Dorme, meu amigo"
12:04 - leitura solene dos nomes das vítimas do desastre
12:20 - Execução do "Hino da República da Polônia"
12:22 - pronunciamentos do:
- Presidente em exercício Bronislaw Komorowski
- Chefe de Gabinete do Presidente da Polônia Maciej Łopiński
- Isabella Saryusz-Skąpska
- Donald Tusk, primeiro-ministro

12:40 Salvas de Honra
Reflexões Musicais
13:05 - Missa
Oração Ecumênica
Bênção
14:40 Coral interpreta "God of Poland"
14:55 final da cerimónia
17:30 - transferência dos caixões com os corpos do presidente e sua esposa, a partir do Palácio Presidencial para a Catedral de Varsóvia.
18:00 - Santa Missa em intenção do Presidente Lech Kaczynski e sua esposa Maria Kaczynski na Catedral de Varsóvia. Celebrações serão presididas pelo Arcebispo Metropolitano de Varsóvia, Kazimierz Nycz. O Primaz vai entregar uma homilia a Henryk Muszynski.
Após a Santa Missa - vigília na madrugada.

Varsóvia, 18 de abril de 2010

7.00 - cerimonial da passagem dos caixões com os corpos do casal presidencial no aeroporto militar de Okecie.
8.00 - avião com os corpos do casal presidencial a bordo levanta voo em direção ao aeroporto de Balice em Cracóvia.

Ainda faltam 24 para voltar



A primeira página do jornal Gazeta Wyborcza, deste sábado, traz a manchete:
Esperamos por vocês.
Devido ao atraso na identificação dos corpos, ainda faltam 24 para retornarem a Polônia e que não poderão ser enterrados neste sábado e domingo.

Os funerais em Cracóvia

Foto: Adam Golec

Cracóvia tem um fim-de-semana movimentado. Em razâo do funeral casal presidencial haverà bloqueios em vários setores da cidade. Muitas coisas nâo funcionarâo, outras, como o transporte pùblico, serâo gratuitas. Apesar do bloqueio aéreo na Europa e a impossibilidade de várias delgações estrangeiras que haviam confirmado presença não estarem presentes, as autoridades confirmam que o planejamento seguirá o cronograma.
Assim, no Rynek - praça central da cidade - a partir das 17;30 horas, através de telões espalhados em vários pontos serão acompanhadas as transmissões das cerimônias que acontecerão em Varsóvia. Após a transmissão às 20 horas será apresentado o "Requiem em D minor: Missa Fúnebre", composta por Wolfgang Amadeus Mozart e interpretada pela Sinfonietta Cracovia, o Coro da Rádio Polska e Vocal da Capella Cracoviensis Ensemble. Depois do concerto, o Rynek será fechado às 21 horas. Ainda no sábado entre 10 e 20 horas, nos postos de informação turística da cidade, na ulica (rua) św. Jana e no Pawilonie Wyspiańskiego, na praça Wszystkich Świętych serão distribuídos bilhetes para a cerimônia de domingo. Eles dão permissão para ingresso no setor, próximo da Basílica Mariacka. Serão distribuídos apenas 10 mil bilhetes bilhetes.
No domingo, o Rynek será dividido em setores. O número de pessoas que poderão estar ali ao redor da Basilica é extremamente limitado. Somente famíliares, amigos mais próximos, delegações estrangeiras e as autoridades polacas. Os setores nas cores vermelho e verde serão destinados as parlamentares e outros convidados importantes (cerca de 3 a 4 mil assentos).
No Rynek, o setor ao redor do Ratusz (Torre)estará disponível para aqueles que conseguiram os bilhetes. O Rynek será aberto às 6 horas da manhã para dar acesso as pessoas portadores de bilhetes. No Rynek poderão entrar apenas 40 mil pessoas.
Para aqueles que nâo conseguiram os bilhetes, o espaço disponível serão as ruas estreitas do perímetro entre o Planty (bosque que circunda a Cracóvia Medieval).
"Estamos conscientes de que o Rynek não comporta todos. Portanto, nós convidamos as pessoas que se posicionem no Parque Błonia e no santuário de Lagiewniki.", pede Magdalena Sroka, diretora do Escritório Festival Cracóvia.


Celebrações dominicais
* 9:00 - chegada prevista do avião com os caixões de Maria e Lech Kaczynski desde Varsóvia, no aeroporto de Balice. De lá, serão levados em caravana, através da rua Ks. Józefa até o Salwator.
* 9.30 - No Salwator, as freiras do Convento de São Norberto acompanham a tranferência dos caixões para carruagens, que irão pelas ruas Kościuszki, Zwierzyniecka, Franciszkańska e Grodzka até a Basílica Mariacka no Rynek.
* 10:00 - Os caixões casais presidenciais chegam a Basílica Mariacka.
* 14:00 - Início da missa fúnebre.
* aprox. 16:00 - ao final da missa, formar-se-á o cortejo fúnebre, que passará pela rua Grodzka até o Castelo de Wawel.
* 17:00 - início da cerimônia na Catedral de Wawel, o último adeus.
* 18:00 - final da cerimônia.

A Missa e enterro
A missa fúnebre será concelebrada pelo principal legado papal, cardeal Angelo Sodano (não chegou ainda por causa da nuvem de cinza vulcânica que impede vôos, na Europa). Caso não chegue será substituído pelo arcebispo Józef Michalik. A missa será celebrada em latim, mas a "leitura" será em língua polaca.
Durante a missa de 2 horas, a introdução será feita pelo cardeal de Cracóvia Stanislaw Dziwisz e mais dois discursos. Bronislaw Komorowski presidente da república em exercício, em nome dos polacos, e Janusz Śniadek, presidente do Sindicato NZSS "Solidariedade" em nome de todos os envolvidos no movimento solidariedade, que pos fim ao período soviético na Polônia.
Em seguida, os caixões serão removidos do portão sul da catedral para a cripta sob a torre do sino. Esta parte das comemorações terá uma natureza muito íntima. Encerramento dos casais presidenciais no sarcófago de alabastro será realizada somente na presença de familiares e clérigos.
Após a cerimônia fúnebre, os líderes dos países e poderão dar as condolências à família de Lech e Maria Kaczynski. Então, no Castelo Real Wawel, está agendado um jantar para as delegações estrangeiras.
Devido à natureza histórica da cripta, no túmulo não se acenderão velas. As autoridades da cidade estão pedindo para não se trazer flores.
No domingo, após às 20:00 horas a cripta ficará toda a noite aberta para aqueles que queiram prestar homenagem ao casal presidencial.

Polacos: Missas de 7° dia no Brasil


Além de União da Vitória, também no Paraná estarão sendo rezadas missas de 7° dia, em Curitiba, às 12 horas, na Catedral Metropolitana, em Sâo Mateus do Sul, Cruz Machado (Santana) e Mallet. No Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, Áurea, Centenário, Guarani das Missões e Dom Feliciano.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Carta aberta de um português a Polônia

Minha Querida Polónia:
Ninguém pode calcular a tristeza que te invade depois de teres perdido a nata da tua classe política, diplomática e militar no acidente do passado domingo. Foi um caso que sensibilizou a Comunidade Internacional e que não deixou ninguém indiferente, conseguiste ver que a Rússia quer ser tua amiga e deitar o passado para trás e viste todos os teus colegas a mostrarem solidariedade e comoção, fazendo até menções de estarem presentes no funeral do teu presidente. Não podes dizer que ninguém prestou atenção, estamos todos contigo para te dar força e ânimo neste momento difícil. Eu falo pelos portugueses residentes em Varsóvia e posso afiançar-te que sentimos esta tragédia como nossa, como se tivéssemos perdido o nosso primeiro-ministro nas mesmas circunstâncias.
Polónia, há coisas que não compreendo. Diz-me lá porque é que vão sepultar Lech Kaczyński na Catedral de Wawel, se nesse espaço só estão antigos monarcas ou heróis da Tua História? Achas que Kaczyński teve a mesma dimensão que o Marechal Piłsudski? Ou a mesma grandeza que Mickiewicz? Explica-me quais foram os critérios que seguiram para considerarem Wawel como a última morada do presidente Kaczyński e não a do último presidente-no-exílio Ryszard Kaczorowski? É porque este último senhor foi efetivamente um herói, sobreviveu à II GG, comandou o Governo da Polónia desde fora do país enquanto este sofria com a ocupação soviética, mas vai ser enterrado num cemitério normal como todas as pessoas normais. Será que Kaczyński é um Herói Nacional? Ter-se-á destacado nalgum campo específico da história polaca? Para onde irá Lech Wałęsa quando morrer, vais seguir o mesmo precedente? E se Kaczyński tivesse morrido um dia depois de causas naturais, enterrava-se o corpo ao lado de Jan III Sobieski à mesma? Kaczyński era tão amado pelo seu povo quanto todas as figuras que estão sepultadas em Wawel? Os livros de história referir-se-ão a Kaczyński com os mesmos adjectivos que os seus vizinhos de tumba?
Eu tenho assistido ao desfile de alarvidades que leio todos os dias com a maior contenção e serenidade, não tenho legitimidade de me pronunciar sobre um assunto que não diz respeito à minha nacionalidade apesar de sentir a Polónia como meu país adotivo. Tenho lido a bárbara sugestão do padre Ryzyk de que o acidente foi um complot da PO mas esse imbecil só diz asneiras cada vez que abre a boca e não vê que estavam bastantes altos funcionários do mesmo partido PO entre as vítimas. Prestei homenagem às vítimas com a minha vela e flores, emocionei-me a sério e nem vi o Real Madrid – Barcelona com o meu pessoal como tinha combinado porque não me senti em condições de borgar, respeitando o pesar geral. Tenho também acompanhado esta novela do Wawel e tenho imaginado como se tem sentido a coitada da filha de Lech Kaczyński que parece ser a pessoa mais sensata deste enredo.
Mas, Polónia, a hipocrisia tem limites. Quando eu disse que nós – portugueses em Varsóvia – sentimos esta tragédia como se tivesse morrido o nosso primeiro-ministro eu queria dizer tal e qual isto: Que teria morrido um símbolo do país, é verdade, mas no qual ninguém se reconhecia. Bolas, Polónia! Tu não gostavas de Kaczyński, ninguém gostava dele, ele pouco fez para engrandecer a nação. Bem pelo contrário, foram mais as situações em que ele a embaraçou com as suas ideias demasiado conservadoras e nacionalistas. Ele ia perder as próximas eleições presidenciais, eram mais as pessoas que o queriam ver pelas costas do que as que o apoiavam, porquê esta fantochada toda de quererem encontrar-lhe as virtudes que ele não tinha? Era patriota? Era sim senhor, tal como todo o bom polaco que facilmente dá um braço pela Águia Branca. Era um democrata? Pois era, mas não mais que o comum polaco que passava horas debaixo de neve numa fila para comprar pão e papel higiénico. Então porquê todo este festival e porquê estas tentativas de endeusamento do senhor Kaczyński? Um funeral de Estado não seria suficiente para homenagear um Chefe de Estado?
E que diabos de ideia é esta de proibirem a venda e o consumo de bebidas alcoólicas em todo o país durante todo o próximo fim-de-semana, está tudo histérico ou começou uma caça às bruxas?
Polónia, minha querida… Desce à terra e sê razoável. Estamos todos verdadeiramente tristes mas não vamos transformar um acidente trágico num martírio em prol da causa polaca, os portugueses nunca iriam sepultar José Sócrates no Panteão Nacional tal como não fizeram com Francisco Sá Carneiro. Mais, Kaczyński foi a Smolińsk sem ser convidado oficialmente, foi por sua iniciativa e não estava oficialmente a representar o país.
Apresentando o meu profundo pesar mas apelando também às tuas serenidade e sensatez coletivas, saúdo-te como teu incondicional admirador e irreversível apaixonado.

, Assinado:
Nuno, um português do Faro, morador de Varsóvia

Cracóvia preparada para o funeral

A colina de Wawel em Cracóvia

BBC, Skynews, ARD, RAI, TVF1, CNN e muitas outras televisões internacionais solicitaram credenciamento para cobrirem o funeral do casal presidencial no Castelo Real, em Cracóvia. Mais de 3 mil pedidos de credenciamento procedente de todo o mundo foram enviados a PAP - Agência Oficial de Noticias polaca, São jornalistas internacionais que começam a transmitir a partir de amanhã, os funerais que acontecerão em Cracóvia e Varsóvia.
A prefeitura de Cracóvia, os serviços de segurança do Estado, inclusive agentes Norte-americanos, estão quase prontos para receber o que se calcula, um milhão de pessoas, para o funeral de Kaczynski e esposa, no domingo. Não só a colina de Wawel será ocupada, mas também as margens do rio Vístula e o Rynek - praça central da cidade - as ruas ao redor da Basílica Mariacka e o Parque Błonia.
Aqueles que desejarem acompanhar a passagem das delegações estrangeiras pelo Rynek só terão permissão para alcançar a maior praça da Europa (em área territorial) a partir das 6 horas da manhã de domingo. A prefeitura já informou que o transporte público será gratuito no domingo.
O Padre Robert Nęcek, porta-voz da Cúria de Cracóvia, informou hoje, que o Cardeal Angelo Sodano celebrará a missa na Catedral de Wawel, no domingo. É esperada a chegada do ex-secretário de Estado do Vaticano e atualmente Bispo de Óstia para amanhã em Cracóvia.
A missa terá início às 14 horas e logo após, os caixões do casal presidencial descerão à cripta Pilsudski, abaixo alguns metros do altar-mór da Catedral Real.
O cardeal metropolitano de Cracóvia e ex-secretário particular do Papa João Paulo II, Stanislaw Dziwisz concedeu entrevista buscando esclarecer e acalmar os protestos contra o funeral no Wawel. Dziwisz disse que se dirige a todas as pessoas com respeito, mas "a prudência e a sabedoria deve sempre vencer." Em seguida afirmou que "em tais ocasiões, devemos conectar e nunca partilhar. A divisão não serve a ninguém", insistiu e pediu o Arcebispo de Cracóvia, que neste caso, devemos estar longe da política.
"Vamos combinar patriotismo e amor à Pátria", disse o cardeal Dziwisz. O cardeal assinalou que a cerimônia oficial será realizada no sábado, em Varsóvia, e que no domingo, na Colina Wawel, acontecerá a segunda parte da cerimônia, acompanhada do funeral no local do descanso eterno. Cardeal mencionou que muitas vezes se reuniu com Lech Kaczynski, já que o Presidente freqüentava o Palácio dos Arcebispos de Cracóvia. "Ele sempre me disse, estou Warszawiaki por nascimento, mas eu amo Cracóvia. Muitas vezes eu disse a ele que Cracóvia o amava, e agora acontece seu regresso a Cracóvia para descansar ", concluiu o cardeal. Dziwisz.

O sarcófago Kaczynski está pronto

Enquanto a polêmica e os protestos continuam movimentando a Polônia a respeito do enterro do falecido presidente Lech Kaczyński e sua esposa Maria Kaczyńska na cripta Pilsudski, na Catedral real, em Cracóvia, o sarcófago que guardará os corpos do casal já está pronta. Será em estilo clássico. No alabastro estará escrito apenas o nome dos dois e uma cruz. O sarcofago terá 2.10 x 1.40 x 0,65 m. As placas terão cerca de 3 centímetros de espessura. O peso será superior a 600 kg.
"Se alguém comete um erro, o caixão pode não caber no sarcófago.", diz a arquiteta Marta Witosławska, responsável pelo projeto do sarcófago.
São várias as teorias sobre quem teria sugerido o enterro do casal presidencial das criptas reais do Castelo Real em Cracóvia. Sem tecer comentários sobre alguém específico, o porta-voz da Cüria Metropolitana de Cracóvia, padre Robert Nęcek, disse, "Lamento muito que o funeral tenha tomado tal dimensão política e que tentem envolver a Igreja na polêmica. O Arcebispo de Cracóvia decidiu sobre o enterro Wawel, após discussão prévia com o partido do governo e os pedidos da família do casal presidencial. Na tarde de terça-feira o cardeal Dziwisz telefonou para o irmão do falecido presidente, e presidente do PiS, Jaroslaw Kaczynski. Este por sua vez, informou que este é o desejo da família".

Voltar assim, não!

A manchete principal do jornal Gazeta Wyborcza desta sexta-feira, 16 de abril, diz:
Não era assim que teríamos que VOLTAR

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Brasileira no meio da comoção

Estima-se que cerca de 60 brasileiros de origem polaca e um número menor, sem ascendência, estudem nas universidades da Polônia, com bolsas do ministério da educação polaco.
Varsóvia e Cracóvia são as cidades que concentram a maioria destes estudantes, mas eles estão presentes também em universidades de Wroclaw, Poznan, Lublin, Bialystok, Rzeszów e Lódz.
Caciane da Silva, de Dom Feliciano, no Rio Grande do Sul é uma destas estudantes. Morando e estudando relações internacionais da Universidade de Varsóvia, há 8 anos, a gaúcha, tem acompanhado a comoção que tomou conta da capital polaca. As fotos abaixo fazem o registro destes dias tristes na Polônia, inclusive com ela assinando o livro de condolências no Palácio Presidencial:






Katyń no Congresso Americano

Cena do filme

"Katyń", de Andrzej Wajda será exibido, nesta sexta-feira, no edifício do Congresso Norte-americano, em Washington, por iniciativa da Comissão Helsinki, em cooperação com a Embaixada da Polônia.
A projeção do filme indicado ao Oscar, mostrando o assassinato de 40 mil oficiais polacos, em 1940, sob ordens de Stalin, será uma oportunidade para aprofundar o conhecimento dos legisladores norte-americanos sobre a trágica história dos militares da Polônia.
O filme será exibido em um dos edifícios da Câmara dos Deputados. Após a exibição haverá um debate. O caso Katyń esta semana foi amplamente mencionado pela mídia internacional relacionando com o também trágico acidente com o Presidente Lech Kaczynski, que iria participar na cerimônia dos 70 anos das mortes na floresta de Katyń.
O cineasta Andrzej Wajda, diretor do filme, teve seu pai, um oficial do exército polaco, entre os 40 mil assassinados em Katyń.
Esta semana, o filme que havia passado desapercebido nos cinemas russos dois anos atrás, voltou a cartaz nos cinemas de Moscou.
Enquanto isso um grupo no site Facebook, denominado "Plea to the BBC and world TV stations to air Wajda's film Katyń" ("Apelo para a BBC e outras televisões no mundo para que transmitam o filme Katyń de Wajda") já tem mais de 3 mil membros. "Este filme é de uma enorme importância simbólica para os polacos, e seria uma excelente lição de história para os britânicos. Especialmente agora, quando estamos na boca do mundo, mas nem todo estrangeiro sabe sobre o porquê do voo da delegação polaca à Rússia", fisse Tomasz Skibinski, fundador do grupo que enviou uma carta a presidência da TV Britânica.

Sobre o filme, a revista Veja publicou em sua matéria que, "esta é a história que o grande diretor polonês Andrzej Wajda conta, pela primeira vez na história do cinema de seu país, em Katyn. O pai de Wajda foi uma das vítimas do massacre, e durante anos sua mulher e filho aguardaram que ele voltasse. Quando souberam de sua morte, mal puderam cumprir o luto. Logo, como todos os outros parentes dos fuzilados, tiveram de assumir a falsidade. O massacre e sua subsequente dissimulação feriram a Polônia até a alma: como Wajda mostra em seu filme, numa brilhante recriação não apenas do episódio, mas da dimensão emocional que ele adquiriu, o ocorrido em Katyn pisoteou a identidade dos poloneses, violentou sua história e anulou, por décadas, sua esperança de um futuro livre. Se esse futuro não tivesse afinal se concretizado, Katyn não poderia existir, claro".

Para saber mais sobre o filme leia-se o que publiquei sobre ele, quando o assisti em setembro de 2007, em Cracóvia. Clique aqui:Katyń: para entender a Polônia de hoje

Missa de 7º dia em Curitiba

Foto: Andreas D. Weise

O Consulado Geral da Polônia, em Curitiba, informa, que neste sábado, dia 17, às 12 horas (meio dia), na Catedral Basílica Menor de Curitiba, será oficializada missa de 7º dia em louvor aos mortos no trágico acidente aéreo em Smoleński, Rússia. A missa será celebrada pelo arcebispo metropolitano Dom Moacyr José Vitti e padres de origem polaca.
O presidente Lech Kaczyński e sua esposa, além do ex-presidente no exílio, Ryszard Kaczorowski, do presidente do Banco Central, dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, funcionários do alto escalão da presidência da República, deputados, religiosos, representantes de entidades sociais e civis e toda a tripulação serão lembrados nesta missa.
O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, já confirmou presença no ato religioso. Curitiba é considerada a terceira maior concentração da etnia polaca em todo o mundo, sendo ultrapassada apenas por Chicago e Varsóvia. Estima-se que quase dois terços da região metropolitana de Curitiba, tenha alguma ligação com a etnia polaca, seja por descendência, laços familiares (tios, primos, cunhados) e/ou amizade.

Nota circular do Consulado sobre a missa:

Kaczarowski volta a sua Polônia

Foto: Wojciech Surdziel

Eram 12:25, hora local, desta quinta-feira, quando o corpo de Ryszard Kaczorowski, último presidente da Polônia no exílio, chegou ao aeroporto de Okęci, em Varsóvia. No bancão panorâmico do aeroporto esperava um multidão de pessoas.
Na pista, eperavam o presidente da Câmara e presidente da República, em exercício, Bronislaw Komorowski, o primeiro-ministro Donald Tusk, funcionários públicos, soldados e um grande grupo de escoteiros.
Depois de ser tocaco o hino nacional falou o chefe de Estado interino, Bronislaw Komorowski, que recordou sua primeira reunião com o Presidente Kaczorowski, e os seus esforços para libertar a pátria. Komorowski disse que Ryszard Kaczorowski, terminou o serviço em sua terra natal. "Hora de um bom soldado relaxar, a casa dá boas-vindas a você e diz adeus pela última vez", disse o deputado-presidente. A oração ecumênica no caixão de Ryszard Kaczorowski foi oficializada por Dom Kazimierz Nycz.Ryszard Kaczorowski, nasceu em 26 de novembro de 1919 e faleceu no trágico acidente de Smolenski em 10 de abril de 2010.
Preso pelos soviéticos em 1940, foi condenado à morte, mas logrou prisão de dez anos nos campos de concentração. Transportado para Kolyma, recuperou a liberdade após a assinatura do tratado Sikorski-Maisky. Ele se juntou ao exército polaco na URSS, formado pelo general Anders. Ele marchou pela trilha de fogo do Corpo 2, incluindo a batalha de Monte Cassino. Entre 1989 e 1990 ele serviu como o último presidente da Polônia no exílio. Sucedeu Kazimierz Sabbat e renunciou a seu mandato após a República da Polônia livrar-se das amarras da influência soviética e da eleição de Lech Wałęsa. Foi Kaczorowski que transmitiu a faixa presidencial a Wałęsa.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Georgianos culpam os russos pelo desastre de Smoleński.

O presidente georgiano, M Saakashvili

Os políticos georgianos especulam sobre a participação dos serviços especiais russos no acidente do avião. Colocam sob suspeita os russos, dizendo tratar-se de um ataque terrorista. Foi o que publicou, hoje, o jornal "Georgia Times", em idioma inglês, em Tliblisi.
O jornal lembrou reportagem da televisão georgiana sobre a intervenção russa na Geórgia. Mostrou em ilustrações, como o avião teria voado desde Tbilisi com presidente Kaczyński. "Os autores do cenário já haviam atribuído aos serviços especiais da Rússia, o desejo de Moscou se livrar de Lech Kaczyński. Depois do desastre do Tupolev-154, os políticos georgianos não se abstem de aludir o FSB como responsável pela tragédia polaca.", publicou o jornal.
Comentando sobre a queda do avião, o Presidente da Geórgia chamou a atenção para "definir o simbolismo da morte" de Kaczyński e o mal "inacreditável" que teve lugar. Muito mais longe foi o presidente Mikheil Saakashvili do que seus compatriotas políticos. Um membro da Comissão Antiocupação, Iraklij Cereteli chamou o desastre de "ataque terrorista". Por sua vez, o ministro do Meio Ambiente Goga Hadżidze chamou a atenção para as circunstâncias questionáveis, "o avião russo caiu numa base militar russa, e o chefe da Comissão Estatal Russa de inquérito é o primeiro-ministro da Rússia".
Segundo o jornal, os georgianos estão convencidos de que a culpa da tragédia foi do urso russo, se não foi um golpe de estado, certamente foi motivado por razões técnicas. Na internet da Geórgia, o debate sobre o avião presidencial é acalorado. Os comentários chamam a atenção para o fato de que o avião foi, ano passado, totalmente reformado nas fábricas russas. A suspeita é de que o governo interferiu na reforma, já que outra aeronave, poucos meses após uma restauração semelhante, sofreu avarias e retornou para reparos na fábrica de Samara, o que não ocorreu com avião do presidente polaco, ou seja, a mesma avaria ocorreu agora e foi fatal.

Os georgianos têm suas razões para tal. Quando do comício na capital do país contra a ocupação russa na Ossétia do Sul, dos 9 presidentes de países vizinhos que subiram ao palanque junto com Saakashvili, estava o polaco Lech Kaczyński e ele foi o único a acompanhar o presidente georgiano até as barreiras russas na Ossétia. Enquanto o presidente russo Dimitry Medeyedev visitava o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, o carro dos dois presidentes era metralhado por soldados russos. A Imprensa brasileira passou batida na época, a Rede Globo até mostrou as imagens do comício, mas como a correspondente estava falando de Nova Iorque, não identificou os 9 presidentes no palanque, que ali estavam para proteger com os próprios corpos, o presidente da Geórgia. Equivocada, a repórter apenas mencionou que o comício era um ato isolado da Geórgia. Na sequência da matéria, o Jornal Nacional mostrou o presidente russo visitando uma escola de samba.

A legendária Anna estava no avião

Walentynowicz e Wałęsa - Foto: AP

Com o título "Anna Walentynowicz, provocadora polaca que estimulou a queda do comunismo, morre aos 80", Douglas Martin escreveu artigo detalhado no jornal New York Times, lembrando Anna Walentynowicz, lendária ativista do Movimento Solidariedade, que, juntamente com o presidente Lech Kaczyński foi morta no acidente de avião perto de Smoleński.
Martin lembra o papel fundamental de Walentynowicz no lançamento das greves no estaleiro de Gdańsk, em agosto de 1980 e as suas atividades na oposição ao regime soviético, no final dos anos 70, quando foi uma das fundadores dos sindicatos Livres.
O articulista Norte-americano compara a polaca a ativista Rosa Parks, negra americana, cuja atitude foi catalisadora do movimento negro na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Em 1955, em Montgomery, Alabama, Parks se recusou a deixar o espaço destinado para os brancos num ônibus.
Outra americana famosa, comparada a Anna Walentynowicz, pela jornalista e Crystal Lee Sutton, conhecida ativista sindical numa fábrica de roupas, na Carolina do Norte, nos anos 70 Ela inspirou a personagem principal do filme "Norma Rae", executada em 1979, com Sally Fields no papel principal.
Martin escreveu que "a Sra. Walentynowicz, que tinha seus 50 anos quando ganhou proeminência, era reconhecida como - a avô do Solidariedade” e a “consciência do movimento.”
Ele diz ainda que, "em maio de 1978, a Sra. Walentynowicz ajudou a criar sindicatos independentes para se opor aos patrocinados pelo Estado. Ela também se associou aos Comitêsde Auto-Defesa Social, que surgiu após os aumentos nos preços dos alimentos e que desencadearam os motins em julho de 1976".
No artigo sobre Anna Walentynowicz é mostrada sua foto com Lech Wałęsa (pronuncia-se lérrrh vauensa) na greve do estaleiro de Gdańsk, em 1980. O autor não faz menção a uma disputa ocorrida mais tarde entre Walentynowicz e Wałęsa e outras controvérsias relacionadas.

Cripta Wawel sendo preparada

Cripta Pilsudski sendo preparada
no Wawel para Lech Kaczyński

"Não sei bem quem negociou a decisão. Já foi feita uma consulta com o núncio apostólico na Polônia. Em certa medida, isso deverá ser acordado com o Vaticano. (...) Aconselharia refletir antes de se inclinar para esta decisão." Esta é a opinião do historiador, Prof. dr Hab. Andrzej Chwalba, da Universidade Iaguielônia de Cracóvia sobre o enterro do Presidente Lech Kaczyński e esposa, na cripta da Catedral de Wawel, no Castelo Real de Cracóvia.
Embora nada esteja oficialmente concretizado, a ideia de fazer o sepultamento do presidente Kaczyński ao lado das tumbas dos reis e heróis polacos, causou polêmica no país em comoção.
Tão logo a ideia ganhou as telas das TVs e páginas de jornais, um grupo de cerca de 300 manifestantes, portando faixas e sinais de luto, posicionaram-se sob a janela do Papa, em frente a Cúria Metropolitana de Cracóvia. Numa das faixas se podia ler as frases: "Não no Wawel", "Isto é grave". Outro painel dizia: "Será você realmente digno dos reis?"
Também os políticos se manifestaram, "O pedido para o casal presidencial ser enterrado em Wawel, penso que é uma manifestação de megalomania. Lech Kaczyński era um homem modesto, certamente não concordaria com isso". disse o deputado do SD, Jan Widacki.
Seja como for, operários já trabalham na cripta do Presidente Józef Pilsudzki, o herói da independência em 1918. Também existe a possibilidade do Presidente no exílio, Ryszard Kaczorowski ser enterrado na mesma cripta. A sugestão teria partido do Cardeal Stanisław Dziwisz. Contudo a freira paulina de Jasna Góra, Eustachy Rakoczy, manifestou-se dizendo que "Abaixo minha cabeça ante Cardeal Metropolitano de Cracóvia, que realmente disse que a Catedral de Wawel está aberta também ao Presidente Kaczorowski. Mas de acordo com a vontade da família Kaczorowski, o ex-presidente Ryszard deverá ser enterrado em Varsóvia."
A discussão chegou até a artes e cultura. O maior cineasta da história da Polônia e um dos maiores do mundo, Andrzej Wajda (pronuncia-se andjei váida) enviou carta ao jornal Gazeta Wyborcza, assinada por ele e sua esposa onde comenta a ideia do enterro no Wawel, "O presidente Lech Kaczynski foi um homem bom, humilde, mas o Wawel não é o lugar certo." Assinado Andrzej Wajda e Krystyna Zachwatowicz-Wajda.