sábado, 25 de agosto de 2007

Blog completa um mês

Há exato um mês nascia este blog JAROSIŃSKI do Brasil (pronuncia-se iarochinski do Brasil, tal qual o cartorário de Castro-PR ouviu da boca de meu avô quando, este foi registrar o nascimento de meu pai). Por causa desta mudança de grafia, agora na Polônia, deixei de ser Iarochinski para ser iarrorrinhski (que é como os polacos pronunciam a grafia brasileira do meu sobrenome). Explico assim também, porque não é iarozinski.
Contudo, quero dizer que este formato mais livre de se comunicar fatos, curiosidades, cultura, história, política, fotos, ilustrações e etc. através de "blog", ou "post", simplifica muito. Não que a configuração do programa de formatação do "blogger", não seja "burrinho", pois este não permite muita variação de paginação. Mas tem sido salutar e entusiamante todas as manhãs (quando a maioria dos leitores ainda está dormindo na madrugada brasileira) lembrar de coisas pitorescas desta minha vivência em terras polacas; buscar imagens para ilustrar os textos; confirmar dados... e traduzir muito de polaco para português. A única coisa que incomoda, de vez em quando, é que na dureza da vida de estudante (o doutorado na Polônia não é fácil), este trabalho não seja remunerado. Teria que buscar patrocínio. Mas como? Ainda não encontrei o meio. Enquanto isso não ocorre (torço para que isso aconteça!!!) vou me sentindo gratificado com as visitas, os comentários, as críticas e os elogios. Grato a todos aqueles que atenderam meus convites por email e aqueles que receberam indicação de amigos para conhecer este blog.
Apesar da falta de dinheiro, vou em frente procurando levar impressões da vida de um brasileiro "polskiego pochodzenia" em terras de seus avôs polacos.

Foto: Rodrigo Kurek
No almoço, com estudantes brasileiros na "Willa Decius". Fui pegado justo no flagra, quando levava à boca uma colherada de "Pierogi ruskie". Ao lado está a colega gaúcha, Gicele Rakowski, de Dom Feliciano-RS, maestranda em Marketing na "Uniwersytet Jagielloński", que no momento estava desejando "Zdrowa", com taça de vinho búlgaro. Na foto, a também brasileira, Franciele Balin, que está comendo morangos. Ao fundo ainda se vê, o polaco que casou com uma pianista chinesa. Esta toca maravilhosamente todas as músicas de Villa Lobos e o "Brasileirinho". E por isso é sempre convidada para os encontros de Brasileiros em Cracóvia.

Dissolução nas mãos do PO

O Primeiro Ministro Jarosław Kaczyński disse que a dissolução do atual parlamento polaco depende do partido de oposição PO - Plataforma Cívica (Platforma Obywatelski), já que a Aliança Esquerda Democrática se opõe a idéia. Durante a coletiva de imprensa em Varsóvia, nesta sexta-feira Kaczyński afirmou que seu Partido PiS (Lei e Justiça) apóia a idéia da dissolução do Parlamento e deseja que a votação para isso ocorra no próximo dia 7 de setembro.

A crise no governo da Polônia, sob o comando dos irmãos gêmeos Kaczyński, chegou a um impasse, menos de dois anos de mandato, após. Sem o apoio da coalizão de direita que os sustentava, a única saída do gêmeo mais velho (nasceu minutos antes do Presidente Lech) foi propor a dissolução do Congresso. Mas Donald Tusk (perdeu as eleições presidenciais para Lech) e seu partido não parece concordar com as invencionices da direita que conquistou o poder com os votos dos ex-comunistas católicos da zona rural da Polônia.
P.S. Jarosław Kaczyński (pronuncia-se iarossúaf catchíenhsqui) Lech (Lérrrhhh)

Mímicos brasileiros em Varsóvia


Foto: Xavier Cantat

No teatro Woli, de Varsóvia, acontece o 7°. Festival Internacional de Mímica. Na programação, deste sábado, está o espetáculo “Saudade”, do grupo teatral francês “Dos a Deux”. O elenco é formado pelos mímicos brasileiros André Curti e Artur Ribeiro. Em entrevista a imprensa polaca, os brasileiros tentaram explicar a palavra “saudade”, dizendo ser difícil traduzí-la, mas que ela estaria próxima do significado da espanhola “soledade” e entendida como solidão e lembranças. É a segunda vez que os dois se apresentam na Polônia.
“Embarcar, desviar, provocar, Saudade em Terras d’água revoluciona nossas percepções e nos conduz ao exílio forçado de uma família.” O espetáculo conta a história de uma mãe e seu filho, habitantes isolados no meio de um mar azul-infinito. Um dia, a mãe, preocupada com a continuidade dessa vida, parte em busca de uma mulher para seu filho. A mulher vem de uma outra terra, distante. Os três aprendem a se conhecer e vão construindo seu espaço, apesar de conflitos e confrontos. Aos poucos, uma relação de afeto certamente nascerá entre eles. Nada devia perturbar este equilíbrio conquistado em tempos remotos. Só que, um dia – ou talvez progressivamente, eles já não se lembram mais –, a água que os cercava desaparece, seca. A água se transforma em terra.
O grupo foi criado em Paris em 1997, por Artur e André, com a intenção de desenvolver uma pesquisa artística sobre o teatro gestual. O primeiro trabalho, “Dos a deux”, que deu nome ao grupo, revelou os artistas através de "uma partitura gestual ritmada por emoções e sensações". O duo vem obtendo sucesso internacional desde 1998, tendo feito mais de 150 espetáculos até hoje, em vários países, apresentando-se como uma companhia teatral franco-brasileira.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Saudades de Ku... rytyba

"tem certos dias em que penso em minha gente e sinto assim todo meu peito se apertar" (Garoto, Vinícius de Moraes, Chico Buarque e Nicanor)


Largo da Ordem em Curitiba

Onze mil e quinhentos quilômetros, ditos assim, parecem pouca coisa, mas se imaginar que entre os dois pontos estão metade de um continente, uma raspa de outro e um oceano inteiro, aí então fica longe pra chuchu. Essa é a distância entre a atmosfera cracoviana e o "sorriso da cidade" dos pinheirais. Pensando nela, lembrei da canção do Carlos Careqa, este catarina curitiboca, que inventou de fazer graça na terra da garoa e se tornou a figura mais carimbada da paulicéia desvairada. Antes de ser famoso, o então "Careca" (sem q) batia de porta em porta nos jornais, rádios e tvs de Curitiba para divulgar seu trabalho. Eu fui um daqueles jornalistas que o recebia e procurava divulgar o já excelente trabalho. Mas a provinciana curitiba era muito pequena ainda para entender a artisticidade de Careqa. E ele foi ser "gauche" no mundo! Para felicidade geral da nação.

Para aqueles que estão longe e até para aqueles que pensam um dia conhecer a "terra-de-muitos-pinhões" ouçam o que canta Careqa desde seu desterro em São Paulo em homenagem a "Eu gosto de Cu...ritiba Eu quero ir fundo, no meio do mundo Aqui é o lugar Olhar as meninas Da Praça Osório Pela janela do meu escritório".
Para ouvir clique no link e baixe o arquivo cu ritiba http://www.ui.jor.br/curitiba.mp3
para saber mais de Carlos Careqa vá a http://www.carloscareqa.com.br/

Biskupin: a origem dos polacos

foto: Museu Nacional de Biskupin
A origem do povo polaco segundo, muitos arqueologistas, estaria na idade do Bronze. A Cultura Luzácia, seria a mãe dos proto-eslavos, conseqüentemente dos eslavos e dos atuais polacos. Mas tarde, os celtas, teriam andado pela mesma região e deixando influências. Escavações realizadas em 1934, pelos arqueológos Józef Kostrzewski e Zdzislaw Rajewski da Universidade de Poznan, encontram fortificações a 40 km de Gniezno (primeira capital do Reino da Polônia). Em 1939, já haviam sido escavados 2500 m². Mas aí veio a segunda guerra mundial e os alemães invasores, tornaram o local parte da Alemanha Nacional - Warthegau. Para justificar (talvez) que aquelas terras sempre foram alemãs, cientistas da Universidade de Leipzig liderados por Gustaf Kossinna passaram a afirmar que a cultura Luzácia era a origem dos germânicos e não dos eslavos. Até o nome de Biskupin, os nazistas mudaram. Passou a ser chamado de "Urstädt". Os alemães em sua retirada inundaram as escavações, o que ironicamente acabou preservando as paliçadas de madeira da idade do bronze, que os arqueólogos polacos tinham posto a descoberto em 1934. Kossinna, que foi professor de Koztrzewski se baseava nas teorias do alemão Rudolf Virchow, que afirmava serem os Luzácios, o povo do qual se originaram os alemães atuais. Porém, o polaco, na sua contestação não ficou sozinho contra seu professor, pois os arqueólogos tchecos Píć, Niederle e Ćervinka, além dos polacos Majewski e Kozłowski sustentaram que os Luzácios eram Proto-eslavos e não germânicos, como queriam os nazistas, para justificar a invasão da Polônia.

Divergências arqueológicas a parte, Biskupin, é um local impressionante para visitação. Desde 1974, quando o local foi recuperado e se transformou em unidade do Museu Nacional da Polônia, milhares de pessoas já puderam comprovar como era a vida dos polacos há mais de 3000 anos. A idade do bronze acabou na Polônia em 700 a. C. Mas descobertas recentes apontam que o "bronze" continuou pelo menos até 500 a.C. já em plena idade do ferro.Biskupin fica a 40 km de Gniezno, 60 km de Bydgoszcz e 280 km de Varsóvia. Pode-se ir de trem, ou ônibus.

Carnaval no Rynek de Cracóvia

Foto: Ulisses Iarochinski
Neste verão até sambistas se apresentaram no Rynek Główny de Cracóvia. Quatro brasileiras e uma polaca deixaram os cracovianos de queixo caído. Agnieszka (a loira de laranja) aprendeu direitinho com a brasileira Adriana (de verde ao fundo) como é rebolar e sambar. Adriana e seu marido André (brasileiros) tem um grupo de samba, em Varsóvia, que se apresenta em shows pelo país inteiro. Num desses estiveram em Cracóvia, numa grande concentração de capoeiristas polacos. Existem 2 dois grupos de capoeira em Cracóvia e outros 40 no resto da Polônia. Possui até uma federação, coisa que não existe nem no Brasil.
Outra manifestação do samba na Polônia é de Joanna Marków (polaca) e sua Szkoła Samby Dança Brasil de Varsóvia.

Polacos de São Bento

O blog Jarosinski do Brasil está na véspera de comemorar um mês de sua criação. O número de visitantes já passou de 1200. O que faz com que os "polskiego pochodzenie" brasileiros comecem a usar este meio de comunicação para divulgar suas coisas, como é o caso do Wiliczinski, de São Bento do Sul, uma cidade na serra catarinense, que ao contrário do que muitos pensam, não é só alemã, não! A comunidade de polacos é grande (senão maior) e orgulhosa da sua origem na "Terra do Âmbar".

A Câmara Municipal de São Bento do Sul (SC) receberá solicitação acatada pelo Prefeito Fernando Mallon, de Terreno para a Sociedade Varsóvia de São Bento do Sul. Sociedade esta que possui 15 anos de existência em nossa cidade e que cultiva as tradições polonesas. O Sonho de uma sede própria para a Sociedade começa a tomar corpo e com a apoio da comunidade são-bentense em geral, logo teremos local próprio para preservar a dança, idioma, gastronomia polonesa. Ficamos felizes em cumprir nosso papel como incentivador destas ações e poder estar auxiliando a toda comunidade polonesa de nossa região. Parabéns a toda comunidade polonesa e também a comunidade em geral que estará representada por nossos vereadores na votação de aprovação do projeto enviado pelo Prefeito da cidade.
ass. Marco Wiliczinski

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Brasil: exemplo de estabilidade

That markets have not sunk further is testimony to Brazil's newfound macroeconomic buoyancy. The government's budget surplus, before debt payments, beat its first-half target this year. Thanks to booming commodity prices, the country also enjoys a healthy current-account surplus, which has helped the central bank to accumulate about $160 billion in reserves. In fact, Brazil is now a net dollar creditor, which means it has much less to fear from a fall in the real against the greenback. Indeed, a weaker Brazilian currency would help manufacturing exporters, who have been complaining of late that the real is too dear.

A revista inglesa "The Economist" , editada em Londres, publicou nesta quinta-feira, um artigo altamente elogioso a economia do Presidente Luis Inácio Lula da Silva. Neste trecho, o artigo da revista afirma que o Brasil atingiu a meta semestral de superávit orçamentário, antes do pagamento de dívidas, que tem um bom superávit de conta corrente e conseguiu acumular cerca de US$ 160 bilhões em reservas. O Brasil é agora um credor de dólares, o que significa que o país tem muito menos a temer em relação a uma queda do real frente ao dólar. De fato, uma moeda brasileira mais fraca ajudaria exportadores de manufaturados, que têm reclamado que o real está muito forte.

Botecário lançado

É hoje o lançamento da segunda edição do manual de boteco "Botecário" de Dante Mendonça, no bar "Ao distinto Cavalheiro" em Curitiba. Escrito em 20 idiomas, entre eles, o polaco, na tradução de Ulisses Iarochinski.

Polônia de luto

O ator Jacek Chmielnik morreu nesta quarta-feira de forma estúpida no porão de sua casa. Ele desceu ao porão para averiguar qual o problema que havia, deve ter levado um choque bastante grande no contato de água com energia elétrica. Apesar das tentativas de reanimação ele não conseguiu sobreviver ao choque. Jacek era um dos atores mais famosos de sua geração com trabalhos importantes no Cinema, TV e teatro. O público o adorava pelas participações nas novelas "Kochamy polskie seriale", "Kingsajz" e "Vabank". Desde 1977, Jacek Chmielnik era diretor do Teatro Powszecho em Łódz.

E nesta sexta-feira, será enterrado em Varsóvia, o jornalista e sociólogo, Julisz Osuchowski, secretário da Fundação Odisseum, e visitante habitual do Brasil. Esteve várias vezes a trabalho, em Curitiba. Nas últimas vezes que Julisz esteve em terras brasileiras foi para fazer pesquisas para seu livro sobre os descendentes de polacos da América do Sul. Autor do livro sobre reportagem e política: "Anotar". Entre 1971 e 1972, trabalhou na redação das publicações "Wiadomości" e "Myśli Polskiej" em Londres. De 1973 a 1989 viveu em Cracóvia, atuando no sindicato Solidariedade. Atualmente trabalhava também para o Instytut Polskiego im.J.Piułsudskiego em Nova Iorque. Viajante contumaz, esteve em mais de 40 países e como velejador, navegou nos mares Báltico, Mediterrâneo, Negro e do Norte. Julisz, que vivia entre Varsóvia e Nova Iorque, morreu tomando cafezinho, depois de um almoço num restaurante da capital polaca, fulminado por um enfarte.

Uma bela cidade

foto:Ulisses Iarochinski

Talvez, uma das cidades mais bonitas da Polônia, Sandomierz também fica às margens do rio Vístula, quilômetros acima de Cracóvia. Tem este nome, porque seu primeiro senhor, ainda na idade média, foi o príncipe Henryk Sandomierski, entre 1146 e 1166. Foi atacada e ocupada pelos tártaros de Gengis Khan, em 1227. Em 1698, o padre Stefan Żuchowski teria acusado judeus de terem assassinado crianças com bolo envenenado. Dez judeus foram então torturados para que confessassem os crimes. A brutalidade dos interrogatórios foi tanta, que os judeus acabaram mortos. Por causa deste incidente durante muito tempo a cidade foi considerada anti-semita. Na catedral da cidade, fundada pelo padre Żuchowski, encontra-se um quadro representando o incidente. O quadro já fez parte da programação de excursões de judeus como prova do anti-semitismo da cidade. Mas nem católicos, nem judeus sabem ao certo se o incidente realmente ocorreu. Judeus negam os assassinatos das crianças e católicos negam as torturas dos judeus. O incidente é considerado por muitos como lenda, das tantas que foram criadas ao longo de 600 anos de convivência entre polacos católicos e judaicos na Polônia.
Particularmente, Sandomierz é a cidade mais bela das que conheço na Polônia. Fica na região Leste da Polônia a 165 km de Cracóvia e a 110 km de Lublin. E naturalmente merece uma visita. Quando vier a Polônia, então, não se esqueça: Sandomierz!!!

Rynek já foi Praça Hitler

O grande concerto em comemoração aos 750 anos de Cracóvia, no mês de julho último.

Em 1940, a ocupação alemã mudou o nome do Rynek Główny de Cracóvia para "Adolf-Hitler Platz". Somente com a liberação da cidade em 18 de janeiro de 1945 a denominação original foi retomada. Não só a praça teve mudado seu nome pelos nazistas, mas todas as ruas e demais logradouros. A denominação Rynek apareceu em 1300 e permaneceu assim até 1882, quando recebe o complemento de Rynek "Główny" (praça do mercado central).

Restauração em Cracóvia

foto: Ulisses Iarochinski

Kamienica (edifício) no Rynek (praça do mercado) de Cracóvia restaurado. O trabalho de restauração e pintura dos prédios tem causado praticamente uma revolução no visual da principal praça cracoviana. Com o colorido das paredes e ornamentos decorativos a cidade fica mais bonita. A fuligem das paredes é causada pela poluição das minas e usinas termo-elétricas das regiões de Cracóvia e Katowice. Grande parte dos edifícios e casas de Cracóvia sempre foram negras. Com patrocínio de grandes empresas, os edifícios de 400, 500 anos têm ganho com colorido original, revelando a beleza que durante tanto tempo ficou escondida pela poluição.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

A banda na "Gazeta do Povo"

O jornal "Gazeta do Povo" de Curitiba, publicou, nesta quarta-feira, 22 de agosto, na capa do caderno "Cultura G" a matéria abaixo, assinada pelo Irinêo Netto, sobre o lançamento do livro do cartunista e jornalista Dante Mendonça. Tá bem legal, apesar do uso constante do termo polonês no texto. Ou é uma norma do jornal, estilo do jornalista, ou é censura mesmo ditada pela "Associação das Senhoras polonesas do Capão Raso", que no passado foram até a redação do jornal para protestar contra o título do meu livro "Saga dos Polacos". Polaco neles e nelas! hehehehe

Ascensão e queda da banda polaca
IRINÊO NETTO
O cronista Dante Mendonça fala sobre a história e o humor dos imigrantes poloneses em Curitiba


Até pouco tempo atrás, usar o termo “polaco” em relação a alguém de sangue polonês era uma ofensa grave. Ninguém sabia explicar muito bem o porquê, mas era melhor evitá-lo.Hoje, existe até quem defenda que o mais apropriado é polaco e não polonês. No final das contas, as duas palavras têm o mesmo significado e ambas podem ser tão ofensivas (ou não) quanto qualquer outra, dependendo do modo como se fala e do contexto da conversa.A discussão sobre o certo e o errado no universo dos imigrantes poloneses no Paraná está nas primeiras páginas de A Banda Polaca – Humor do Imigrante no Brasil Meridional. Disposto a reunir algumas das histórias engraçadas envolvendo o povo que, recém-chegado ao Brasil, carregava um sotaque que os levava a falar “iéu” no lugar de “eu” e a usar gerúndio (“dizendo”) sempre que um verbo no infinitivo (“dizer”) era necessário, Dante Mendonça se viu diante de um “campo minado”. Atravessá-lo era mais difícil do que podia imaginar.“O humor étnico é sempre complicado”, admite o cartunista, cronista e autor do livro Botecário. “A Yoko Ono (viúva de John Lennon) disse que a mulher é o negro do mundo. Pois os poloneses são tidos como os negros da Europa”, explica. Como não queria fazer uma típica coletânea de piadas, o escritor acabou criando uma obra que mistura elementos históricos e humorísticos.
Mendonça: terreno minado
Descendente de italianos, nascido em Nova Trento (SC), Mendonça veio para Curitiba em 1970 e, seis anos depois, era um dos responsáveis por instituir a Banda Polaca, espécie de resposta curitibana bem-humorada ao carnaval carioca.
Se, no Rio, as mulatas sambavam debaixo do sol, na capital paranaense, de “pluviosidade acima da santa paciência”, seriam as polacas a desfilar em carros abertos.A Banda Polaca entrou em crise em 1981, ano em que agrediram o travesti de nome Gilda que levou um chute na cara enquanto tentava subir em um dos carros do desfile. Um ano depois, a banda passou a se chamar Vermelha e Preta. Era o início do fim (que veio no ano seguinte).“Vinte e seis anos depois, a Banda Polaca ressurge no papel para emprestar seu nome ao título deste livro, com o sentido de parte, lado, jeito de um Brasil diferente”, escreve Mendonça na apresentação, para depois dedicar o livro aos integrantes da banda, que o fizeram “polaco com muito orgulho”. O prefácio é do jornalista Ulisses Iarochinski e o posfácio, do escritor Wilson Bueno.

A banda: garotas participam do carnaval de 1976


Curitiba é a terceira cidade do mundo em número de habitantes de origem polaca – atrás de Chicago e de Varsóvia – e a única do Brasil a ter grafia em polonês: Kurytyba. O autor acredita que entender a influência dos poloneses na história e nos “causos” de Curitiba é saber mais sobre a identidade paranaense.Uma das primeiras pessoas com quem Mendonça dividiu a idéia de escrever o livro foi Jaime Lerner – ele também de origem polonesa. O arquiteto disse que a tarefa seria complicada, pois se trata de um humor “oral”. A graça de algumas histórias está no sotaque, capaz de dar significados inusitados (e hilários) até para nomes de ruas. O livro cita exemplos: Padre Agostinho vira Padre “Gostosinho”, Ubaldino do Amaral fica “O Baldinho” do Amaral e Saldanha Marinho, de modo misterioso, se transforma em “Sandálha” Marinho.A solução encontrada por Mendonça foi tentar transcrever o modo de falar para o texto, usando acentos e um tanto de criatividade. A Banda Polaca tem ilustrações geniais de Márcia Széliga, umas feitas para o livro e outras reproduzidas de seus cadernos de estudo, quando cursou a universidade em Cracóvia.Nas piadas – ou “causos” –, ao contrário do que acontece com os portugueses, quase sempre retratados como burros ou ignorantes (ou ambos), os poloneses são, de modo paradoxal, ingênuos e espertos.Para o autor, o paranaense tem um modo próprio de fazer humor que parece mais ligado ao enredo de uma boa história do que ao punchline (o arremate que faz rir) de uma piada.* * * * * Serviço: Lançamento do livro A Banda Polaca – Humor do Imigrante no Brasil Meridional, de Dante Mendonça com ilustrações de Márcia Széliga (Novo Século, 148 págs., preço a definir). Casa Romário Martins (R. São Francisco, 30 – Largo da Ordem), (41) 3321-3255. Dia 26 de setembro, às 18 horas.


Festival do repolho azedo

Panelaço de Repolho

Foto: dos organizadores

A cidade de Żywiec, no Sul do país - fronteira com a Eslováquia, promoveu no fim-de-semana (17-20 de agosto) mais um "Festiwał Kwaśnicy" (Festival do Repolho Azedo), com a pretensão de ser mundial. Foram cozinhados 11 mil litros de sopa de "Kapusta kwaśny" (repolho azedo). A idéia dos organizadores do festival é de que este ano a sopa de Żywiec entre para o Guiness - livro dos recordes. Em anos anteriores, o festival era realizado apenas nos restaurantes da cidade. Neste ano, com vários patrocinadores foi possível expandir o evento para um parque, onde além da desgustação, os participantes contaram com espetáculos de vários artistas do país. Mais de 40 mil pessoas tomaram a deliciosa sopa, que teve como cozinheiros, os mais famosos "chef" de programas de culinária da Polônia.

"kapusta para mais de litro"

Foto: Anna Duda

Os Kaczyński

Foto: AFP
Mas parece que nem todos pensam como o inglês. A chanceler alemã Angela Merkel afirmou ao jornal "Sueddeutsche Zeitung" que os gêmeos polacos, para além da política de confronto com a União Européia, gozam de sua simpatia pessoal. "Os dois homens fortes do Vístula" tendem a se aproximar de uma política de interesses comuns polaco-alemães.

Polônia - um país para se rir

Norman Davies
Foto: D Lewandowski

O inglês Norman Davies, autor de um dos mais importantes livros, sobre a "História da Polônia" (em inglês), entrevistado pelo jornal Gazeta Wyborcza, disse que há vinte anos, os polacos reclamavam que ninguém no exterior falava sobre o país. "Hoje, porém, todos comentam que se tornou um país risível" com seus gêmeos Kaczyński (Lech - Presidente e Jarosław - Primeiro ministro), "mas sei que nem todos no país enlouqueceram". Apesar das piadas que correm na Europa, em relação aos governantes do país, os polacos são reconhecidos na Inglaterra e Irlanda como mão-de-obra qualificada, eficiente e trabalhadora.
Davies também escreveu o extenso livro "Europa" sobre a história do continente, "Levante de 44" sobre a revolta da população de Varsóvia contra os nazistas alemães e "Wrocław" sobre a cidade polaca que mudou de nome várias vezes em função das invasões alemãs (e prussas) e moravia.
"Se este estilo de política se mantém, a Polônia pode perder a simpatia, que conquistou nos últimos anos no mundo", afirma o historiador inglês, que completa "O velho estereotipo sobre os polacos como estranhos e irracionais pode voltar".

Tempestade assassina

Foto: Konrad Zelazowski


As fortes tempestades que atingiram a região Nordeste da Polônia, na tarde desta terça-feira, causaram a morte de 3 pessoas, dezenas de feridos e 10 desaparecidos. Os ventos fortes na Mazúria atingiram barcos que veraniavam nos infindáveis lagos daquela região. As buscas prosseguem, nesta quarta-feira, debaixo de muita chuva. Em Białystok mais de 40 mil casas ficaram sem energia. Na região central do país, os fortes ventos derrubaram centenas de árvores dos bosques.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Cracóvia, Cracóvia

foto Pawel Mazur
Ao fundo, a colina de Wawel, com o Castelo Real e a Cadetral Metropolitana de Cracóvia, o verdadeiro panteão nacional do país.

Manual de boteco em Curitiba

Um livro de bolso pra não deixar você falando sozinho pelos bares do mundo afora. Se o amigo conceder a honra de sua presença, vamos brindar na quinta-feira, a segunda edição, revista e ampliada, do meu “Botecário - Dicionário Internacional de Boteco”. Com 130 páginas, não é apenas um dicionário de bolso. Mais que isso, é um manual dos protocolos de boteco, com histórias e causos de boteco.
O Botecário foi criado num boteco, com ajuda dos amigos do boteco, editado por um boteco e, por dez realitos, só ali estará à venda: no bar Ao Distinto Cavalheiro, onde será realizada a festa de relançamento, com a animação do grupo de chorinho do maestro Matoso.
Do boteco, ao boteco, para ser lido no boteco, como se fosse uma piada de boteco, o Botecário é uma espécie de “Berlitz” do bem beber, com expressões idiomáticas da cultura libativa em 20 línguas, dialetos e patuás. Sem faltar uma língua morta, o latim. No idioma polaco a tradução é de Ulisses Iarochinski.
“Beber é boa loucura, mas tem o seu método” - diz no prefácio o escritor Sérgio da Costa Ramos - “Com léxico, plexo e nexo”. Para rechear a obra de nexo, os companheiros de boteco ilustram esta segunda rodada: estarão presentes os cartunistas Solda, Tiago Recchia, Miran, Orlando e Marco Jacobsen, além da participação especial do escritor e publicitário Ernani Buchmann.
Por se tratar de um boteco a caráter, Ao Distinto Cavalheiro se posta numa esquina: Rua Saldanha Marinho, 894, com Visconde do Rio Branco (Centro de Curitiba).
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Essa segunda edição do Botecário serve de aperitivo para o meu próximo livro - “A Banda polaca, o humor do imigrante no Brasil Meridional” (Editora Novo Século - SP) - que será lançado no dia 26 de setembro, na Casa Romário Martins, Largo da Ordem.
Dante Mendonça [20/08/2007]