Local: Cinemateca de Curitiba (R. Carlos Cavalcanti, 1174)
Período: de 6 a 11 de setembro/2011
O público paranaense poderá ver que Andrzej Wajda (pronuncia-se Andjei vaida) não fugirá de assuntos polacos, e em uma visão mais ampla, igualmente dos assuntos europeus, o que cria uma chance maravilhosa de aprofundar o conhecimento sobretudo o que a Polônia e os países da região viveram durante anos.Uma “oportunidade maravilhosa”, por ser o conhecimento vindo não de um manual tedioso, mas de obras de arte, que irão nos proporcionar impressões estéticas e emocionais. Queremos tirar todas as duvidas: uma forte ligação da criação de Wajda (também no teatro, mas esse não e o assunto da presente mostra) com história, tradição, cultura polaca e com a vida contemporânea da Polônia, não significa que será incompreendida no estrangeiro.
Aula de história do cinema contemporâneo
A primeira apreciação do programa da retrospectiva causa uma suspeita: os filmes foram escolhidos um pouco ao acaso. Mas não é assim. Quem assistir a todos os filmes passará pela história da Polônia - começando pela “República Nobre” do século XVIII em “Senhor Tadeu” a em “A Vingança”, pela II República Polaca do tempo entre as guerras em “As Senhoritas de Wilko” e “Crônica dos Acidentes Amorosos”, a ocupação nazista em “Korczak”, etapas de pior ou menor vigilância do comunismo em “Os Inocentes Charmosos”, “Tudo a Venda” , “O Homem de Marmore” e em “O maestro” e, parcialmente em “Cálamo”, até os tempos modernos, novamente em “Cálamo”).
O espectador irá repetir igualmente uma aula da história do cinema contemporâneo, não somente polaco. Pois os filmes de Wajda fazem parte das tendências da cinematografia mundial (e graças a isso se tornam mais compreensíveis fora da Polônia), ou no mínimo dos cursos importantes da cinematografia nacional.
PROGRAMAÇÃO
Dia 06/09 (terça-feira)
16h00 - Cálamo / Tatarak
- O Mesclado / Przekładaniec
19h30 - A Vingança / Zemsta
- Neste horário acontecerá a abertura oficial com a presença de Dorota Barys, Cônsul Geral da Polônia em Curitiba
Dia 07/09 (quarta-feira)
16h00 - Senhor Tadeu / Pan Tadeusz
19h30 - Korczak / Korczak
Dia 08/09 (quinta-feira)
16h00 - Crônica dos Acidentes Amorosos / Kronika Wypadków Miłosnych
19h30 - As Senhoritas de Wilko / Panny z Wilka
Dia 09/09 (sexta-feira)
16h00 - O Maestro / Dyrygent
19h30 - O Homem de Marmore / Człowiek z Marmuru
Dia 10/09 (sábado)
16h00 - Tudo à Venda / Wszystko na Sprzedaż
19h30 - Os Magos Inocentes / Niewinni Czarodzieje
Dia 11/09 (domingo)
16h00 - Cálamo / Tatarak
- O Mesclado / Przekładaniec
19h30 - Os Magos Inocentes / Niewinni Czarodzieje
SINOPSES:
direção: Andrzej Wajda
roteiro: Andrzej Wajda
fotografia: Paweł Edelman
direção de arte: Magdalena Dipont
música: Paweł Mykietyn
elenco: Krystyna Janda, Paweł Szajda, Jan Englert, Jadwiga Jankowska-Cieślak, Julia Pietrucha, Roma Gąsiorowska, Krzysztof Skonieczny e outros.
Polônia, 2009, 83 minutos, cores, legendas em português - Formato da projeção: Digital
“Cálamo” é um filme baseado em um conto de Jaroslaw Iwaszkiewicz, um dos mais renomados escritores polacos. A princípio uma história sutil e tocante sobre um amor impossível, no entanto, Wajda vai mais fundo, criando um conto multidimensional sobre o sentimento, que chega tarde demais, e sobre a morte, que sempre chega cedo demais.
Marta (Krystyna Janda), uma mulher educada e de meia-idade, casada com um médico (Jan Englert) de uma pequena cidade, não sabe que tem uma doença terminal. Há anos chora a morte de seus dois filhos, mortos no Levante de Varsóvia. Certo dia conhece um homem mais novo, um simples trabalhador chamado Bogus (Paweł Szajda), o qual a encanta com sua juventude e inocência. Este encontro à beira de um rio coberto por cálamos é marcado pela fascinação recíproca de duas existências, onde uma caminha para o fim prematuro e a outra somente acaba de entrar na maturidade. No entanto o destino se mostra cruel para eles. Essa é somente a primeira dimensão do filme, pois “Cálamo” é igualmente um filme sobre a criação de um filme, e a personagem principal não é somente a fictícia Marta, mas a atriz que a interpreta. Andrzej Wajda entrelaça no conto de Iwaszkiewicz um autêntico monólogo de Krystyna Janda sobre a morte prematura de seu marido Edward Klosinski, um reconhecido operador de cinema, ao qual este filme foi dedicado. Desta maneira, ambas as mulheres, Krystyna e Marta – se misturam em um único ser ferido, que precisa encontrar forças em si mesma e superar a perspectiva de uma morte inevitável.
direção: Andrzej Wajda
roteiro: Stanisław Lem
fotografia: Wiesław Zdort
cenografia: Teresa Barska
música: Andrzej Markowski
elenco: Bogumił Kobiela, Ryszard Filipski, Anna Prucnal, Jerzy Zelnik, Piotr Wysocki, Tadeusz Pluciński, Gerard Wilk, Marek Kobiela e outros.
Polônia, 1968, 35 minutos, preto e branco, legendas em português - Formato da projeção: Digital
Realizado no final dos anos 60, é um filme de curta metragem sobre os acontecimentos do futuro, no começo do século XXI. O roteiro foi escrito pelo especialista em obras de ficção científica e também grotesco, Stanislaw Lem. Desde a estréia de "O Mesclado" passaram-se 43 anos, nesse meio tempo a medicina fez um progresso enorme. Hoje em dia os transplantes de órgãos humanos são comuns. O que antes parecia pura fantasia, virou realidade. Naqueles anos uma obra de arte grotesca sob a direção de Wajda causou muitas emoções, ganhou reconhecimento da crítica, e o sucesso foi confirmado através de muitos prêmios e distinções prestigiosas, entre outras do Comitê de Rádio e Televisão e Medalha Especial no Festival de Filmes de Ficção Científica em Sitges na Espanha. Com grande êxito o curta de ficção científica foi exibido pela televisão na Europa.
A personagem principal do filme é o piloto de carros de corrida, Richard Fox (Bogumil Kobiela). Múltiplo medalhista e ganhador de vários prêmios, faz sucesso junto com o seu irmão, Thomas (Marek Kobiela), um ótimo co-piloto. Em uma corrida, os irmãos têm um grave acidente com sérios ferimentos e são levados para a clínica dirigida por um genial médico (Jerzy Zelnik), especializado em transplantes de órgãos humanos. As vítimas da terrível catástrofe ficam sujeitas a operações complexas. O médico salvou somente a vida de Richard, e se verifica já terem sido transplantados vários órgãos de Thomas.
Quando a esposa do falecido (Anna Prucnal) tenta receber a indenização da companhia de seguros, estoura um escândalo. A firma decide pagar-lhe somente 30 por cento do valor total, justificando que somente uma parte do homem foi enterrada. Os demais órgãos de Thomas "estão vivos" e funcionam normalmente no corpo do seu irmão.
Richard, que também aguarda pela indenização da companhia de seguros, é informado pelo advogado que o caso se apresenta como muito difícil.
Ao mesmo tempo acontece um outro acidente trágico, onde morrem oito pessoas que se encontravam no percurso da corrida, entre elas a viúva de Thomas. Richard de novo consegue sobreviver graças à intervenção do genial médico. O piloto "mesclado" com os órgãos das vítimas do acidente, tem cada vez menos partes de seu próprio corpo.
direção: Andrzej Wajda
roteiro: Andrzej Wajda
fotografia: Paweł Edelman
direção de arte: Tadeusz Kosarewicz, Magdalena Dipont
música: Wojciech Kilar
elenco: Roman Polański, Janusz Gajos, Andrzej Seweryn, Katarzyna Figura, Daniel Olbrychski, Agata Buzek, Rafał Królikowski e outros
Polônia, 2002, 100 minutos, cores, legendas em português - Formato da projeção: Digital
Czesnik Raptusiewcz (Janusz Gajos) divide o mesmo castelo que o odiado escrivão Milczek (Andrzej Seweryn). Ele quer se casar com a viúva Podstolina (Katarzyna Figura) e ambiciona suas propriedades, porém, ele não sabe que a própria Podstolina está procurando um marido rico. Consciente de sua aparência e sua falta de polidez social, Czesnik pede ajuda a Papkin (Roman Polanski) para que esse arranje o casamento. Papkin se faz de conquistador e grande herói, sendo na verdade um covarde e fantasiador, mas ama de forma muito romântica Klara (Agata Buzek), tutelada e sobrinha do escrivão. Mas Klara está apaixonada pelo filho do escrivão, Waclaw (Rafal Krolikowski). Os jovens percebem que o seu amor está passando por uma grande prova, pois nem o pai de Waclaw - o escrivão, nem o tio e protetor de Klara - Czesnik, não pretendem aceitar este casamento. Segue-se assim uma série de intrigas, mentiras, sequestro, acertos e desacertos desta comédia.
direção: Andrzej Wajda
roteiro: Andrzej Wajda, Jan Nowina Zarzycki, Piotr Wereśniak
fotografia: Paweł Edelman
direção de arte: Allan Starski
música: Wojciech Kilar
elenco: Bogusław Linda, Daniel Olbrychski, Grażyna Szapołowska, Andrzej Seweryn, Marek Kondrat, Krzysztof Kolberger, Jerzy Bińczycki, Alicja Bachleda-Curuś, Michał Żebrowski, Jerzy Trela, Jerzy Grałek, Marian Kociniak, Piotr Gąsowski, Mieczysław Kalenik e outros
Polônia, 1999, 147minutos, cores, legendas em português - Formato da projeção: Digital
Adam Mickiewicz escreveu “Senhor Tadeu” em 1834, depois de dez anos no exterior. Carregado de lirismo e saudade do país, num longo poema apresenta a visão de um mundo aristocrata em extinção, tornando pública a imagem contemporânea dos polacos e da Polônia.
A tentativa de transferir para as telas esta epopéia nacional encontrou desde o princípio disputas e controvérsias com respeito tanto ao elenco como à configuração do roteiro. Mesmo com a maioria não acreditando no sucesso de tal empreitada, Andrzej Wajda não desistiu de seus planos. Tomando em consideração os gostos dos espectadores atuais, o diretor se focou na ação, no romance, com um toque de humor e lindas paisagens, não ignorando as estrofes poéticas originais, com as quais os atores se comunicam.
Na penumbra de um apartamento em Paris, imigrantes polacos se encontram e relembram a sua pátria. Adam Mickiewicz (Krzysztof Kolberger) nos narra o conto sobre a Última Incursão Armada na Lituânia. Estamos no ano de 1811.
Tadeusz Soplica (Michal Zebrowski), depois de terminar os estudos, retorna para o palacete lituano da família. Dono da propriedade, o Juiz (Andrzej Seweryn) é seu tio e protetor.
Visitando antigos recantos da casa, Tadeusz chega ao seu quarto de infância, aonde encontra Zosia (Alicja Bachleda-Curus). Esta linda jovem atiça as suas imaginações juvenis despertando seus sentimentos de desejo e paixão. À noite, durante um jantar oferecido no castelo, acontece uma disputa entre os aristocratas rurais da família Soplica e o Conde (Marek Kondrat), último descendente dos Hareszko, Tadeusz encontra a sedutora Telimena (Grazyna Szapalowska) e iniciam um romance. Porém, em pouco tempo descobre que ela é a governanta da linda e jovem Zosia. Tadeusz nem desconfia que o padre Robak (Bogusław Linda), respeitado e reconhecido por seus atos patrióticos, é Jacek Soplica, o pai de Zosia que, em sua juventude cometeu um crime e que o fez se esconder em um monastério. O filme celebra seu triunfo batendo todos os recordes de bilheteria.
direção: Andrzej Wajda
roteiro: Agnieszka Holland
fotografia: Robby Muller
direção de arte: Allan Starski
música: Wojciech Kilar
elenco: Wojciech Pszoniak, Ewa Dałkowska, Teresa Budzisz-Krzyżanowska, Marzena Trybała, Piotr Kozłowski, Zbigniew Zamachowski, Jan Peszek, Aleksander Bardini, Wojciech Klata, Andrzej Kopiczyński, Michał Staszczak e outros.
Polônia, 1990, 113 minutos, cores, legendas em português - Formato da projeção: Digital
Este filme retrata a vida de Janusz Korczak, escritor, pedagogo e amigo das crianças. Passou três anos da guerra com as crianças do orfanato no Gueto de Varsóvia e em um esforço heróico tentou garantir que tivessem uma existência com um mínimo de dignidade. Em 1936, Janusz Korczak (Wojciech Pszoniak), depois de mais um programa na Rádio Polônia, descobre que a transmissão interronpida. Durante as férias, em colônias de férias estudantis, ex-pupilos de Korczak o acusam devido à sua bondade, alegando que não foram preparados para a vida no mundo “real”, onde com frequência precisam encarar o anti-semitismo. Em setembro de 1939, Janusz Korczak com o uniforme do Exército Polaco cumpre seu dever nas ruas de Varsóvia. Um ex-aluno seu, Heniek (Piotr Kozlowski) tenta convencê-lo a tirar o uniforme para não chamar a atenção dos alemães.
Korczak tenta separar as crianças do horror do dia-a-dia, organizando aulas e brincadeiras. Chegam ao Orfanato os representantes do Conselho do Gueto pedindo que ele aceite mais crianças. Korczak recusa-se, tentando assegurar o melhor cuidado às “próprias” crianças. Mas depois muda de opinião. Korczak prepara uma peça de teatro baseada na obra de Rabindranath Tagore, falando sobre a morte, achando que as crianças devem se acostumar com ela. No Gueto chegam informações sobre o destino dos judeus deslocados do Gueto. Korczak com os colegas de trabalho pensam no que fazer. Ele recebe uma proposta para deixar o orfanato, mas Korczak decide continuar junto até o final. Acredita que os alemães não tocarão nos orfanatos. Os alemães chegam ao orfanato e iniciam o deslocamento. As crianças tranquilamente caminham pelas ruas do Gueto acreditando que vão para uma excursão. Korczak entra nos vagões com as crianças e partem na direção do campo de concentração de Treblinka.
direção: Andrzej Wajda
roteiro: Tadeusz Konwicki
direção de arte: Janusz Sosnowski, Barbara Nowak
música: Wojciech Kilar
elenco: Paulina Młynarska, Piotr Wawrzyńczak, Magdalena Wójcik, Bernadetta Machała, Dariusz Dobkowski, Jarosław Gruda, Joanna Szczepkowska, Gabriela Kownacka, Leonard Pietraszak, Tadeusz Łomnicki, Tadeusz Konwicki e outros.
Polônia, 1995, 114 minutos, cores, legendas em português - Formato da projeção: Digital
"Naquele tempos a Lituânia tinha sua área geográfica indeterminada, uma formação étnica confusa, uma zona de cultura indefinida. Naquela época a Lituânia era um temporal de verão que chega de forma brusca, ou melhor, o interior de um vulcão em extinção. A Lituânia era então um grande sol se pondo, mostrando lindas e estranhas faixas de luz e os restos do arco-íris" – escreveu Tadeusz Konwicki em "Crônica dos acidentes amorosos". Essas palavras poderiam ser a moral deste filme de Andrzej Wajda, criado com base nesse romance. O autor de "Canal", extremamente sensível à composição de cada fotograma, encheu sua obra de claras e cintilantes imagens, paisagens de cidades, fotografias de um mundo seguro, comum e cheio de ternura. Nessa realidade apresentada conscientemente, mas de maneira inocente e idílica, o autor inseriu sinais de inquietação e temor, implicitamente anunciando a destruição. Pois a "Crônica dos acontecimentos amorosos", assim como o filme "Senhor Tadeu", se passa numa esfera tecida de lembranças e nostalgia. Nostalgia da inocência, da pureza e do mítico país da infância – a mais linda, e ao mesmo tempo, perdida para sempre. O fundamento e a única razão de ser deste mundo é a imaginação do artista – tão indefesa contra as confusões históricas e cataclismos.
Os movimentos dessa imaginação movem as personagens do filme de Wajda.
direção: Andrzej Wajda
roteiro: Zbigniew Kamiński
fotografia: Edward Kłosiński
direção de arte: Allan Starski
música: Karol Szymanowski
elenco: Daniel Olbrychski, Anna Seniuk, Christine Pascal,Maja Komorowska, Stanisława Celińska, Krystyna Zachwatowicz, Zofia Jaroszewska, Tadeusz Białoszczyński, Paul Dutron, Zbigniew Zapasiewicz, Andrzej Łapicki e outros.
Polônia, 1979, 116 minutos, cores, legendas em português - Formato da projeção: Digital
As obras do escritor Jaroslaw Iwaszkiewicz (1894-1980) estão entre as mais ricas da literatura moderna polaca. Ao longo de seus 60 anos de incansáveis produções, Iwaszkiewicz se interessou por diversas áreas e estilos literários. Por toda a vida praticou a lírica, escreveu romances e novelas, dramas, ensaios, biografias, reportagens e críticas. Os romances ocupam um lugar muito especial entre as suas criações. Uma de suas características mais comuns é o realismo envolvido em termos psicológicos. Problemas comuns de cada ser humano, questões sobre a vida e a morte, sentimentos e amor, são observados através do prisma de um tempo que não para. Não há volta aos acontecimentos do passado. A imagem da realidade, sobre a qual por anos pensávamos ser a única verdade, agora sob a luz de novas experiências parece ser simples e banal. Um conto íntimo e repleto de reflexões sobre a relação do homem e os ciclos naturais: vida e morte.
A procura de vestígios de emoções passadas, o nosso herói Wiktor Ruben (Daniel Olbrychski), depois de anos ausente, visita a cidade onde passou sua juventude. Em uma cidadezinha do interior, numa mansão próxima a casa de seus tios, passou os anos de sua mocidade em companhia de algumas jovens senhoritas.
Agora, Julia (Anna Seniuk) aguarda o nascimento de gêmeos, Jola (Maja Komorowska) se casou, Fela morreu prematuramente, também mudaram Zosia (Stanislawa Celinska) e Kazia (Krystyna Zachwatowicz), e da pequena Tunia (Christine Pascal) cresceu uma linda mulher. O aparecimento de Ruben, com suas lembranças e desejo de acordar o passado, atormenta a paz de todos na mansão, revelando os seus destinos perturbados, dramas e fracassos da vida. Ruben sai da cidade decidido a nunca mais voltar.
direção: Andrzej Wajda
roteiro: Andrzej Kijowski
fotografia: Sławomir Idziak
direção de arte: Allan Starski
música: Ludwig van Beethoven
elenco: John Gielgud, Krystyna Janda, Andrzej Seweryn,
Jan Ciecierski, Tadeusz Czechowski, Marek Dąbrowski, Janusz Gajos e outros.
Polônia, 1979, 102 minutos, cores, legendas em português - Formato da projeção: Digital
Quando pediram a Ingmar Bergman que apresentasse uma lista com os onze filmes que mais o impressionaram, ele aceitou o desafio e entre esses restritos onze filmes, nos primeiros da lista, estava “O Maestro” de Andrzej Wajda. Qual foi a razão de tal escolha, sobre a qual, os críticos polacos mencionaram que este filme não está nem mesmo entre os melhores de Wajda? Talvez possa ser a presença neste filme do motivo da “procura do tempo perdido”, idéia também constantemente presente nos filmes do autor de “Morangos Silvestres”? Talvez...
Sem dúvida nenhuma esse filme foi melhor recebido no exterior do que na Polônia. O filme ”O Maestro" recebeu prêmios em prestigiados festivais de cinema como o de San Sebastian e Santander.
Marta (Krystyna Janda) uma jovem e talentosa violinista, que durante seus estudos nos EUA conheceu John Lasocki (John Gielgud), maestro conhecido internacionalmente, que fora um grande amor de sua mãe. O choque causado por esse encontro com Marta, despertou no velho mestre, o desejo de voltar ao passado. Lasocki rompe contatos, descuida de seus compromissos e horários. Viaja para a Polônia e vai para a cidade onde nasceu há mais de setenta anos. Quer dirigir a V Sinfonia de Beethoven, a ser executada pela orquestra local. No entanto, o diretor desta orquestra é o marido de Marta, Adam (Andrzej Seweryn), pessoa ambiciosa e um pouco absorta. Com a chegada de Lasocki vê sua grande chance. Adam repara a fascinação de Marta pelo grande maestro, sua humildade, gentileza e entendimento da essência da música. Nasce então, um sentimento de ameaça que se transforma em raiva. Lasocki morre repentinamente.
Marta começa a julgar o marido em sua personalidade e caráter.
John Lasocki foi representado pelo astro britânico, John Gielgud. Marta foi representada por Krystyna Janda, então no início da sua carreira artística, no entanto Adam, foi representado por seu ex-marido Andrzej Seweryn. E justamente ele recebeu a melhor crítica.
A crítica provocava Wajda afirmando que não aproveitou suficientemente o papel da música de Beethoven. Escreveram que a “V Sinfonia” poderia ser um comentário metafórico do intrincado destino dos personagens, mas serviu somente como um belo acessório adicional. Mesmo assim, o filme “O Maestro”, ficou como uma gravação minuciosa das relações "trêmulas" entre as pessoas; sobre a insegurança de atitudes e ideais, padrões culturais passageiros e relativos.
direção: Andrzej Wajda
roteiro: Aleksander Ścibor-Rylski
fotografia: Edward Kłosiński
direção de arte: Allan Starski
música: Andrzej Korzyński
elenco: Jerzy Radziwiłowicz, Krystyna Janda, Tadeusz Łomnicki, Jacek Łomnicki, Michał Tarkowski, Piotr Cieślak, Wiesław Wójcik, Krystyna Zachwatowicz, Magda Teresa Wójcik, Bogusław Sobczuk, Leonard Zajączkowski, Jacek Domański, Zdzisław Kozień, Irena Laskowska, Wiesław Drzewicz, Kazimierz Kaczor e outros.
Polônia, 1976, 153 minutos, cores, legendas em português - Formato da projeção: Digital
"O Homem de Mármore" nasceu no sacrifício. Foram necessárias muitas tentativas e intervenções para convencer os funcionários e diretores de cultura de que este não fosse um filme que atacasse o governo comunista. E foi? Foi, e de forma tão proeminente e minuciosa que gerou pânico. Esta obra de Wajda foi designada à distribuição limitada, fato que ao invés de mascarar, serviu para melhor popularizar e repercutir o filme. Uma obra que foi bem-sucedida em ligar uma arte sincera a uma crítica aberta sobre a mentira, violência e escravidão, tendo em si uma força singular de influência. Este filme se tornou também um grande evento, não apenas cultural. As mídias oficiais tentaram adulterar o seu sentido, falando e escrevendo que “O Homem de Mármore” é somente uma voz útil em um construtivo debate socialista sobre “o tempo dos erros e distorções” condenado já pelo partido comunista. Mas também desta vez “a vontade do partido” se desencontrou com “a vontade do povo”. A vida dramática de Mateusz Birkut (Jerzy Radziwiłowicz) foi com razão percebida pelos espectadores como uma metáfora de luta de uma unidade contra o totalitarismo. “A luta de Birkut pela verdade, afinal não acabou nos anos 50” - Wajda parecia dizer através de seu filme – “essa luta continua até hoje, e prova disso é a desesperada luta de Agnieszka (Krystyna Janda) contra a nomenclatura da televisão". Para o sucesso de “O Homem de Mármore” contribuíram o talento e trabalho de muitas pessoas, principalmente do diretor e dos atores principais. A criação espetacular de Mateusz Birkut, foi desempenhada pelo jovem ator do Teatro Velho de Cracóvia Jerzy Radziwiłowicz, antes conhecido apenas por dois papéis no cinema. Uma debutante absoluta na tela foi a expressiva Krystyna Janda, na época uma atriz de vinte e cinco anos de idade do Teatro Ateneum de Varsóvia. A atenção da crítica foi atraída também pela construção da obra de Wajda. Pois não se trata somente de um conto fascinante sobre o homem destruído pela história, mas também uma minuciosa gravação da realização de um filme. É um registro de um caminho frequentemente difícil de um autor cheio de obstáculos em forma de falta de dinheiro, má vontade das autoridades, problemas técnicos. Hoje o filme “O Homem de Mármore” já é um clássico e uma lenda.
direção: Andrzej Wajda
roteiro: Andrzej Wajda
fotografia: Witold Sobociński
cenografia: Wiesław Śniadecki
música: Andrzej Korzyński
elenco: Beata Tyszkiewicz, Elżbieta Czyżewska, Andrzej Łapicki, Daniel Olbrychski, Witold Holtz, Małgorzata Potocka, Elżbieta Kępińska, Bogumił Kobiela e outros.
Polônia, 1968, 94 minutos, cores, legendas em português - Formato da projeção: Digital
O filme construído ao redor do tema da procura do ator desaparecido, que não apareceu para às gravações de um filme, é uma imagem de paixão e fraquezas do ambiente cinematográfico. "Tudo à venda" conta sobre um homem que de repente partiu. Sua morte força a refletir, quem ele foi de verdade, o que ele deixou para trás, quem ficará na memória dos que o amavam, Quanto tempo a lenda dele sobreviverá?
Em várias entrevistas com Andrzej Wajda aparece a frase de Zbigniew Cybulski no aeroporto de Roma, um pouco antes da morte dele: "Digam a ele (ao Wajda), que ainda vai sentir saudade de mim". Da exposição dessas palavras no filme vem a conclusão que essa obra era para ser um cálculo com o passado – com a amizade entre Wajda e Cybulski.
O ator Cybulski atuou somente três vezes nos filmes de Wajda: em "Cinzas e Diamante", "A Geração", e em "Magos inocentes". Mas o diretor tinha planos de realizar outros filmes com ele. Sua morte foi um choque; "à noite Polanski ligou com a notícia que Zbigniew morreu. De repente me senti como um autor sem seu personagem. Pensei que apesar de tudo, tenho que fazer um filme justo sobre ele, assim fascinante, mesmo que parasse de existir". Mas a morte de Zbigniew Cybulski foi somente um dos motivos para realização desse filme. Apesar podermos ver na tela muitos fatos da vida de Cybulski, não é um filme sobre ele. Como dizia Andrzej Wajda - esse é um conto sobre as pessoas que fazem filmes, sobre os diretores, atores, assistentes, ajudantes. Os atores do filme "Tudo à venda", tais como Beata Tyszkiewicz, Elzbieta Czyzewska ou Daniel Olbrychski representam eles mesmos, com seus próprios nomes e falam seus próprios textos. A ficção de um filme se mistura com a realidade. No título "venda" é o descobrimento dos próprios pensamentos, emoções, impressões, um certo exame de consciência.
direção: Andrzej Wajda
roteiro: Jerzy Andrzejewski, Jerzy Skolimowski
fotografia: Krzysztof Winiewicz
cenografia: Leszek Wajda
música: Krzysztof Komeda
elenco: Tadeusz Łomnicki, Krystyna Stypułkowska, Wanda Koczeska, Kalina Jędrusik, Teresa Szmigielówna, Zbigniew Cybulski, Roman Polański, Krzysztof Komeda, Jerzy Skolimowski e outros.
Polônia, 2002, 100 minutos, cores, legendas em português - Formato da projeção: Digital
Andrzej Wajda disse sobre a sua obra: "...provavelmente um dos filmes mais politicamente neutros que realizei. Porém foi avaliado de outra maneira pelo poder comunista dos tempos de Gomułka. Um tema inocente, sobre um jovem médico, que gosta de meias elásticas e de bons cigarros, que tem um gravador e fica gravando as suas conversas com as mulheres, e o seu único passatempo é tocar bateria na banda de jazz de Krzysztof Komeda - verificou-se ser um tema mais delicado para os educadores da ideologia comunista de que o próprio Exército Nacional ou o Levante de Varsóvia". "Os Magos Inocentes" é um estudo psicológico de um casal jovem. Ele, um jovem médico de atletas, que em "seu tempo livre" toca jazz no porão. Não tem grandes ambições, sonha com uma casa e um carro, e não liga muito para as emoções. Tem um jeito próprio de construir sua autoconfiança, pinta o cabelo de loiro, tem comportamento natural, anda de moto, sua quitinete é um buraco vazio em função de um quarto com vários troféus e uma foto de Einstein. Ela, uma moça que encontrou por acaso em um clube de música. Não se sabe muito mais sobre ela. O casal passa uma noite junto, levando um certo jogo de amor entre caretas e poses, mas ficam cada vez mais fascinados um pelo outro. Com o passar do tempo um alegre jogo erótico se transforma em um streap poker. No jogo a aposta é alta e se a moça perder deverá se entregar...
Cinismo, indiferença e a atitude libertina dos personagens são apenas uma máscara, atrás da qual escondem-se emoções humanas normais ou pelo menos da nostalgia por elas. O filme causou um amplo debate social. As críticas depois de sua estreia foram extremamente diferentes - desde as agressivas até às positivas. Isso não prejudicou que "Os Magos Inocentes" conquistasse o diploma no Festival Internacional de Filmes em Edimburgo em 1961.
Maiores informações: Paulo Cesar Kochanny (Secretário Consular)
Consulado Geral da República da Polônia
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