sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Polônia quer proibir venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos



Polônia planeja tornar mais rigorosa a lei sobre venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos. Apesar das críticas, as bebidas alcoólicas continuam a ser populares no país da Europa Central.
 
A Polônia foi o terceiro maior produtor de cerveja da Europa em 2023, de acordo com um estudo do Eurostat, sendo também um grande exportador de vodka.
 
O governo polaco decidiu reforçar a legislação sobre a venda de bebidas alcoólicas, numa tentativa de impedir que adolescentes comprem bebidas altas horas da noite em lojas abertas 24 horas por dia, como as delicatesses de postos de combustíveis.
 
As novas regras surgem em resposta às altas de atropelamentos e outros acidentes envolvendo jovens sob o efeito do álcool. A venda de álcool a menores é ilegal na Polônia, sendo punível com uma multa pesada ou um mês de detenção. No entanto, de acordo com a regulamentação atual, os vendedores estão autorizados - mas não são obrigados - a verificar a idade dos compradores através dos seus documentos.
 
A partir de agora, essa verificação passa a ser obrigatória. As medidas vão também proibir a venda de álcool entre as 22h00 e as 6h00 nos postos de gasolina, onde atualmente é disponível 24 horas por dia.
 
"Os vendedores terão de ser mais atentos e responsáveis ", disse a ministra polaca da Saúde, Izabela Leszczyna, à emissora Radio Zet, na quinta-feira. O trabalho sobre a nova regulamentação está quase concluído e será acelerado, garantiu Leszczyna.
 
Bebidas que se assemelham a lanchinhos para crianças causam polêmica
A venda de álcool a menores tem sido um tema recorrente na Polônia. No início desta semana, o vice-ministro da Saúde, demitiu-se por não ter conseguido banir das prateleiras dos supermercados uma série de pacotes plásticos com álcool que se assemelham a lanches para crianças.
 
A bebida - chamada "Voodoo Monkey" - de propriedade da Owolovo, empresa polaca que também produz várias bebidas de fruta não alcoólicas e "snacks" em tubos, já pediu desculpa e anunciou que o produto vai ser descontinuado.
 
Szymon Hołownia, presidente do parlamento polaco, classificou o produto como "puro mal" numa publicação no Facebook compartilhada, na segunda-feira.
 


Ressacas e problemas
Esta não é a primeira vez que a Polônia se envolve num debate acalorado em torno do álcool. Em 2022, Jarosław Kaczyński, líder do partido populista de extrema-direita Direito e Justiça - e ex-vice-primeiro-ministro - provocou polêmica depois de ter atribuído a baixa taxa de natalidade do país ao consumo de álcool pelas mulheres.
 
"Se, por exemplo, a situação se mantiver de tal forma que, até aos 25 anos, as moças, as mulheres jovens, bebam a mesma quantidade que os seus pares, não haverá filhos", disse Kaczyński aos militantes num comício político antes da campanha presidencial de 2022.
 
Os comentários provocaram a indignação de grupos de direitos das mulheres, muitos dos quais apontaram a política de aborto altamente restritiva de Varsóvia como um fator que influencia esta tendência.
 
O partido Direito e Justiça de Kaczyński, PiS, perdeu o poder para a aliança de centro-esquerda formada pela Coligação Cívica do atual primeiro-ministro Donald Tusk e dois outros grupos políticos mais pequenos no ano passado. No entanto, apesar das críticas, as bebidas alcoólicas continuam a ser populares no país da Europa Central.
 
Polônia, criadora da moderna cerveja na virada do primeiro milênio, é o terceiro maior produtor de cerveja da Europa. Trata-se de uma indústria altamente lucrativa, com os impostos sobre as vendas de álcool totalizando cerca de 13 bilhões de złotys (18 bilhões de reais) para os cofres do Estado.
 
Embora o consumo de álcool tenha, em geral, diminuído 0,6 litros entre 2010 e 2020 na Europa, na Polônia, no mesmo período, aumentou 1 litro por ano para os indivíduos com mais de 15 anos. No entanto, de acordo com os peritos, as perdas decorrentes de mortes prematuras, absentismo e acidentes são muito mais elevadas.
 
Fonte: AP