quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Kunce em Curitiba

Terça-feira, 9 de agosto, 19 horas, palestra com o artista-designer Piotr Kunce no auditório do MON - Museu Oscar Niemayer.


Atrás do monitor do meu computador, na prateleira, tem cabeças, corpos e mãos das velhas bonecas, com cópias falsas de horríveis Barbies e Kens, com fotografias nuas dos anos 20, e tradicionais figuras feitas a mão no México. Porque onde for que eu vou compro vários objetos que algum tempo depois se refletem nos meus cartazes. Não quero seguir a tendência dos que se estremecem pelo aspecto antiestético deles, inclusive se valorizo e gosto da audácia da fórmula.
Para analisar as condições que envolvem os cartazes vou mencionar que, na maioria dos casos, pelas limitações do formato, o cartaz é geralmente encontrado fechado nos prédios apesar de que ele poderia ser um meio maravilhoso da educação gráfica da sociedade se exposto nas ruas, mas, seria ainda possível voltar ás ruas?
Não conheço a realidade local de vários países, mas na França, por exemplo, vejo projetos grandiosos que funcionam muito bem no espaço urbano. E no mesmo senso, atrai-me o caso de Ásia. Fora do cartaz tradicional japonês, tem uns trabalhos excelentes na China, Correia e Irã.
Penso no cartaz como num bonito instrumento musical. Um amigo meu, musicista, brincou, falando uma vez, depois do concerto fantástico de jazz na Polônia: “Cantar pode cada um, mas para tocar um instrumento é preciso estudar”. Sim, desenhar cartazes é como um curso belíssimo de música que as vezes sussurra aos nossos ouvidos, outras vezes grita, de acordo com as seus objetivos. Podemos viver sem arte, sem música e sem cartazes. Mas, não seria isso uma vida miserável?!

KUNCE
Este artista gráfico nasceu no dia 6 de Ferreiro 1947, em Cracóvia. Graduou-se em 1973, pela Faculdade de Gráfica da Academia de Belas Artes de Cracóvia, Polônia, onde agora trabalha como professor nomeado, chefe da Poster Design Studio. Entre 1990 e 1991 trabalhou na Escola de Belas Artes da Universidade de Connecticut, USA, como professor visitante. Está envolvido profissionalmente em desenho de cartazes, criação da identificação visual e desenho corporativo.
Expôs seu trabalhos no mundo inteiro, nas mais importantes Bienais e exposições internacionais de Arte de Cartaz (Polônia, República Tcheca, México, China, Rússia, Japão, Corrêa e Irã, entre outros). Também dirigiu vários workshops sobre cartaz no mundo inteiro: Brasil, Canadá, Republica Tcheca, Chile, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, México, Eslováquia.
Foi o organizador do Festival do Cartas, em sua cidade natal e de várias exposições dos estudantes em seu estúdio na ABA de Cracóvia. Em 2002 foi Presidente do Júri na Bienal Internacional de Cartaz da Cidade de México. Em 2005, recebeu o prêmio de ‘Amizade Universal de Todas as Nações’ outorgado na Universidade Anahuac del Sur na Cidade do México. Em 2009, recebeu o título de doutor honoris causa por uma universidade da Eslováquia, pelas conquistas e esforços no ensino do design gráfico.
Ama a poesia absurda Inglesa. O livro que ele sempre recomenda aos seus estudantes é “Alice no País das Maravilhas”. Até hoje, ama blues e rock and roll, mas também as canções do Nino Rota e Paolo Conte.



Ao entrar para estudar na Academia de Belas Artes em Cracóvia, tinha curso de desenho de cartaz. Achei esta linguagem melhor para expressar uma ideia legível junto com a forma artística. Eram tempos muito bons para a arte do cartaz na Polônia. Queria lutar por um lugar na rua com outros desenhadores de cartaz. Mas desde o começo não queria duplicar as conquistas da escola polaca do cartaz. Os meus ídolos eram Seymour Chwast e Milton Glaser. Ate hoje o “Designer canhoto” de é uma das minhas bíblias. Em geral, o desenho gráfico é para mim um dos mais importantes problemas da arte visual pela sua capacidade intelectual. No entanto, nos anos recentes, com o crescimento enorme do poder da publicidade e demandas dos clientes, destruíram o nosso mercado. O cartaz que está sentado simultaneamente nas duas selas: a da informação visual e a da arte é o príncipe do design gráfico. Os designers de cartaz são os aristocratas deste muito deste democrático país, chamado Cartazelândia.
Encontrar ideias novas e provocativas que encaixariam no conceito proposto, parece-me ser o maior desafio do desenhador gráfico.
A influência das regras do desenho do cartaz é indiscutível. Capas dos livros, outras “primeiras páginas” e até manchetes da TV são com freqüência uns pequenos cartazes. E é também isso que estou tentando ensinar aos meus estudantes. O design de cartaz é a escola do pensamento. A existência do cartaz em vários países depende do nível da compreensão da sociedade. Mas também depende da nossa fé e convicção de manter O CARTAZ vivo. Estou ainda aguardando a possibilidade de fazer melhor e o melhor cartaz. Esta esperança me mantém vivo. Na minha vida estou tentando seguir o lema de Roland Topor: “Solenidade é um inimigo da imaginação”.

www.piotrkunce.eurotone.eu

Exposição “O cartaz de Piotr Kunce”
Local: Museu Oscar Niemeyer – R. Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico
Data: até 11 de setembro, de terça a domingo, das 10h às 18h
Dia 10 de agosto, às 18h, palestra de Piotr Kunce
Ingressos: R$ 4 e R$ 2 (meia). Gratuito para crianças até 12 anos e maiores de 60.
Informações: (41) 3350-4400

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