Moradores de Cracóvia processam prefeitura por turistas "desrespeitosos". Os cracovianos recorreram à Justiça, buscando soluções para o crescente número de problemas gerados pelo comportamento dos turistas nas madrugadas da cidade.
Os moradores descrevem cenas de excesso e desordem que perturbam a tranquilidade noturna. Segundo eles, não é raro ver grupos de jovens barulhentos que deixam para trás ruas sujas.
As festas que se prolongam madrugada adentro se tornaram um quadro comum, algo que tem trazido descontentamento e ações judiciais contra quem deveria regular o problema: a própria prefeitura.
O cenário perturbador descrito revela um conflito entre o turismo massivo e a qualidade de vida dos residentes. De acordo com Ryszard Rydiger, advogado que representa os moradores descontentes, a situação ultrapassa meras reclamações e reflete uma “violação da lei” que simboliza os excessos do turismo na cidade.
“Os turistas agem como Tarzans na selva, sem respeito pelas normas locais“, acrescentou Rydiger em sua denúncia.
Em resposta às crescentes queixas dos cidadãos, o novo prefeito, recém empossado, Aleksander Miszalski nomeou um responsável municipal para gerenciar especificamente o período noturno. Somado a isso, a cidade inovou ao proibir a venda de álcool entre meia-noite e 5h30, uma medida que, segundo relatórios da polícia local, já resultou na redução pela metade das ocorrências relacionadas a distúrbios e embriaguez pública.
As ações tomadas pelo município refletem não só uma resposta às necessidades imediatas de restaurar a ordem, mas também um esforço contínuo de balancear a vitalidade econômica trazida pelos turistas com o direito à tranquilidade dos moradores. Campanhas publicitárias foram implementadas, visando educar os visitantes sobre a importância de respeitar as normas locais. Além disso, a figura do “Ajudante da Cidade“, um voluntário noturno que auxilia turistas e reporta problemas, tem sido uma ponte importante entre locais e visitantes.
Em meio a esses desafios, Cracóvia busca um equilíbrio necessário para sustentar sua popularidade como destino turístico sem comprometer a qualidade de vida de seus habitantes.
CRACÓVIA
Uma das mais belas cidades do mundo possuí, provavelmente, o conjunto arquitetônico medieval mais preservado da Europa.
A segunda maior cidade do país, já foi capital da Polônia entre os anos de 1039 e 1079, 1138 e 1290, 1296 e 1596 (oficialmente até 1795), a principal cidade da coroação dos reis da Polônia panteão nacional. Nas catacumbas de sua catedral metropolitana estão sepultadas todas as famílias reais polacas, com exceção do primeiro rei, Bolesław 1.º e seu pai, fundador do reino, Mieszko 1.º.
A cidade cresceu de um assentamento da Idade da Pedra para ser a cidade mais importante da Polônia. Começou como um vilarejo na Colina de Wawel e foi relatado por Ibrahim ibn Yaqub, um comerciante do século X de Córdoba, como um movimentado centro comercial da Europa Central em 985.
Com o estabelecimento da sexta mais antiga universidade do mundo e locais culturais no surgimento da Segunda República Polaca, em 1918, e ao longo do século XX, Cracóvia reafirmou seu papel como um importante centro acadêmico e artístico nacional.
Foi preservada pela ocupação nazista durante a segunda guerra mundial e pode assim preservar todos seu esplendor medieval.
A partir de 2022, a cidade que tem uma população de 800.653 habitantes, recebe anualmente, principalmente no verão, mais de 10 milhões de turistas de todo o mundo.
Muitos deles acorrem à cidade onde o Santo João Paulo II foi cardeal metropolitano e para orar diante do quadro de "Jesus Misericordioso", segundo a visão de Santa Faustina Kowalska, recebida na cidade de Płock, do próprio Jesus Cristo, que lhe disse:
"Pinta uma imagem de acordo como modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós. Desejo que esta imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois, no mundo inteiro. Prometo que a alma que venerar esta imagem não perecerá. Prometo também, já aqui na Terra, a vitória sobre os inimigos e, especialmente, na hora da morte."(Diário 48)
"Os dois raios representam o Sangue e a Água: o raio pálido significa a Água que justifica as almas; o raio vermelho significa o Sangue que é a vida das almas. Ambos os raios jorraram das entranhas da Minha Misericórdia, quando na Cruz, o Meu Coração agonizante foi aberto pela lança."(Diário 299)
O quadro original foi pintado pelo padre Eugeniusz Kazimirowski, em Vilno, no ano 1934, quando ainda era uma cidade polaca. O quadro está no Mosteiro de Łagiewniki, em Cracóvia.
Ainda em Cracóvia está antiga cidade judia de Kazimierz, atualmente um bairro boêmio, com muitas sinagogas, cemitérios e restaurantes típicos; e a poucos quilômetros a Mina de Sal de Wieliczka, os campos de concentração e extermínio alemão nazista de Auschwitz-Birkenau, o Museu Oskar Schindler, Kalwaria-Zybrzydowska (onde Karol Wojtyła despertou para sua vocação sacerdotal) e Wadowice, onde nasceu o Papa João Paulo II.
Restaurante judeu Ariel no Kazimierz |
Local de uma das cenas de "Lista de Schindler", no Kazimierz |
Catedral abaixo da superfície na Mina de Sal de Wieliczka |