quarta-feira, 1 de abril de 2009

Universidade e IPN reagem ao livro de Zyzak

Foto: Renata Dabrowska / AG

Aparentemente pegos de surpresa pela publicação do livro do recém formado mestre em história Paweł Zyzak e da reação emocional e dura de Lech Wałęsa, a Universidade Iaguielônia, onde o autor do livro defendeu tese de mestrado e o IPN-Instituto da Memória Nacional, onde ele trabalha como arquivista, querem distância do polêmico Livro.
Ontem, o professor Andrzej Banach catedrático de história da Universidade falou que convocou o prof. Andrzej Nowak, orientador da tese de Zykak e publicada como o livro "Lech Wałęśa - Idea i historia" para uma reunião com o Conselho do Instituto de História da Faculdade. O problema é que nem o reitor da universidade e tampouco o diretor da faculdade têm qualquer influência numa dissertação de mestrado, segundo Banach.
"A dissertação de mestrado é avaliada pelo orientador e pela banca de examinadores. Se ambos concordam com ela, o estudante está apto a fazer sua defesa." Neste caso, um dos examinadores foi o Prof. Dr hab. Zdzisław Zblewski, também da Universidade Iaguielônia. "As acusações feitas ao livro, pelo uso de fontes anônimas foram observadas pelo examinador, mas não desqualificaram o trabalho. O examinador levantou as mesmas alegações, que aparecem em relação ao livro: ou seja de que ele é unilateral, quando se refere à fontes anônimas", acrescentou o diretor da Faculdade de História. O Prof. Banach reconhece que a publicação refletiu a opinião da universidade: "Com grande pesar tenho de admitir que o sofrimento da Universidade foi pela forma imerecida com que foi apontada neste caso. O melhor seria que o ex-presidente Wałęsa demandasse contra o autor".
O professor Piotr Franaszek, que na época da defesa de Zyzak, era o diretor do Instituto de História disse lembrar que no ano passado, a defesa do trabalho de Zyzak despertou consternação entre alguns de seus funcionários. Ele teria comentado, naquela oportunidade, que o trabalho baseado em fontes anônimas ofendia às normas. "Eu não deixaria passar uma tese assim". Após receber o diploma de mestre, "Zyzak quis prosseguir com o mesmo tema da biografia do ex-líder do Solidariedade no doutorado da Faculdade, mas a comissão de pós-graduação não lhe permitiu prosseguir em função dos métodos de investigação histórica sobre o assunto", disse o prof. Franaszek.
Já o colunista Mirosław Czech do jornal Gazeta Wyborcza escreveu em sua coluna de hoje, que Prof. Andrzej Nowak é um respeitado especialista nas relações polaco-russas e política oriental de Józef Pilsudski. Mas no patrocínio da dissertação de Zyzak, ele mostrou como a ideologia está deslocada da ciência.
O orientador do notório livro de Paweł Zyzak sobre Lech Wałęsa, prof. Andrzej Nowak, por fim falou. Em uma conversa com o deputado Andrzej Celiński, na televisão TVN 24, no dia 30 de março, ele defendeu seu orientado. Quanto à alegação de que Zyzak ao ter aspirações científicas para sua dissertação se utilizou de depoimentos anônimos, ele respondeu: "No caso da família camponesa de Wałęsa, as pessoas foram intimidadas por inúmeras visitas de agentes da ABW, e não nada estranha que não queiram falar e nem se identificar publicamente com seus nomes".
Ou seja, as histórias do filho do ex-presidente fora do casamento e na "urinada" contra o chamando "balaústre" e "caluniado" isto é resultado de "intimidação". O professor da Universidade Jagiellonski sublinhou as atividades de seu orientado como "fontes reveladoras". E admitiu que não é um especialista sobre este tema.
Nowak permitiu tudo a Zyzak, porque - como confessou -, ele estava envolvido politicamente. Como símbolo do "Solidariedade", Zyzak reconhece Anna Walentynowicz e não Lech Wałęsa. As razões pelas quais Zyzak se utilizou de anônimas "fontes reveladoras" são um completo embuste.
A universidade mais antiga da Polônia se tornou tribuna de detestável política. Este procedimento é mais desprezível que o utilizado pelo jovem, para quem o prêmio foi ter seu trabalho publicado em livro, ou trabalhar no Instituto da Memória Nacional -IPN e entrar para a banda intelectual da direita. Sua realização tem uma senha: "Esta será a República para enterrar seus jovens".

Judeus desde sempre na Polônia

A mais antiga referência sobre a presença de judeus na Polônia data do século nove. Falam sobre mercadores vindos da Espanha. No início, o assentamento permanente dos judeus na Polônia está ligado às atitudes hostis contra os judeus na Saxônia e na Bohemia. As cruzadas de 1096 e 1147 coincidem com a primeira grande onda de imigração judaica para a Polônia. Neste período o assentamento regular de judeus se concentrou na Silésia, onde em meados do século 14, eles viviam em 35 cidades. Dados sugerem que os judeus foram assentados em Płock em 1237, em Kalisz em 1287, em Cracóvia em 1304, em Lwów em 1356, em Sandomierz em 1367 e em meados do século 14 em Lublin. Os judeus no final do século 15 já eram 6% da população da Polônia, ou cerca de 24 mil habitantes vivendo em 85 cidades.

Kazimierz Dolny - Foto: Ulisses Iarochinski

Os judeus chamavam a Polônia de "Polin", que de acordo com uma etimologia específica era interpretada como "Onde eu passarei o resto de meus dias". Na coleção "Polin" editada pela "The Littman Library of Jewish Civilization", logo nas primeiras páginas se faz referência a Polônia como a "Polin" da Torah. "Nós não sabemos, mas nossos pais nos disseram, como desde o exílio de Israel chegar a terra de Polin. Quando Israel viu como o sofrimento era constantemente renovado, a opressão aumentava, as perseguições se multiplicavam e como autoridades diabólicas pilhavam e em seguida expulsavam, então quando já não havia mais como escapar dos inimigos de Israel, sairam para a estrada em busca de resposta para o caminho para algum lugar do mundo, qual seria a estrada correta para encontrar o que lhes restava de alma. Então um pedaço de papel caiu dos céus e nele estava escrito: Vá para a Polaniya (Polônia)."


Antiga sinagoga de Chełm - Foto: Ulisses Iarochinski

Em 1264, o príncipe Bolesław Pobożny (Boleslau - o Piedoso) editou o chamado Kalisian Statutes, onde os Judeus receberam leis próprias separadas e certos privilégios para viverem na Polônia. Depois da unificação da Polônia, pelo rei Casimiro - o Grande estas leis foram confirmadas para o total dos territórios da Polônia .

Antigo Rynek (praça central) de Lublin - Foto: Ulisses Iarochinski

A partir do século 16, o número de judeus vivendo na Polônia cresceu bastante. Em meados do século 17, eles já eram estimados em 500 mil habitantes, ou 5% da população. No período em que a Polônia foi dividida e ocupada pela Rússia, Prússia (depois Alemanha) e Áustria, a situação dos judeus passou a depender das autoridades invasoras. Quando o nazismo invadiu a Polônia em 1939, a população judia da Polônia era a maior entre todos os países do mundo, com mais de 3,5 milhões de habitantes.

Antigo Rynek (praça central) de Zamość - Foto: Ulisses Iarochinski

Em 1968, o governo comunista fez um espurgo dos judeus que sobreviveram aos horrores da segunda guerra mundial e restou bem pouco deles no território polaco. Depois da queda do comunismo, estimava-se que 15 mil pessoas de origem judaica estariam vivendo na Polônia. Atualmente não existe uma estatística, ou pelos menos não é divulgada, mas a verdade é que crescem os empreendimentos judaicos em várias cidades da Polônia.


Sandomierz - Foto: Ulisses Iarochinski

A região Leste, cuja principal cidade é Lublin congregou durante todos estes séculos uma maior presença judaica do que outras regiões da Polônia. Lublin e Chełm se destacam neste cenário pelo alto percentual de moradores de origem judaica. Antes da segunda guerra Chełm chegou a ter quase 19 mil habitantes de origem judaica entre seus 38 mil moradores. Alguns dos mais emitentes judeus da história contemporãnea nasceram nesta região, como os escritores Israel Joshua Singer e Itzkhak Baszevis Singer (Biłgoraj), Itskhak Leybush Perec (Zamość) o violinista e compositor Henryk Wieniawski (Lublin), a ativista política Roża Luksemburg (Zamość) e Hanka Sawicka (Lublin).

Sinagoga de Szczebrzeszyn - Foto: MaKa

As cidades da região que ainda guardam um passado judeu são: Lublin, Krasnystaw, Isbica, Zamość, Szczebrzeszyn, Zwierzyniec, Józefów Biłgorajski, Tarnogród, Biłgoraj, Frampol, Wojsławice, Tomaszów Lubelski, Łaszczów, Bełżec, Łęczna, Włodawa, Chełm, Biskupice, Piaski, Kock, Sobibór, Markuszów, Kazimierz Dolny, Annopol, Zaklików, Lipa (aqui nasceu o polaco-judeu Samuel Klein - dono das Casas Bahia - maior rede de lojas do Brasil), Modliborzyce, Kraśnik (aqui nasceu a atriz de telenovelas da Globo Ida Szczepanski Gomes), Bychawa, Byway, Bobowniki, Puławy, Lubartów, Wohyń, Parczew e Międzyrzec Podlaski.

terça-feira, 31 de março de 2009

Quem é Paweł Zyzak?

Foto: Paweł Sowa

Kim jest Paweł Zyzak? (Quem é Paweł Zyzak?) Com esta pergunta em manchete, os jornais da Polônia chegaram às bancas nesta terça-feira. Todos querem saber quem irritou tanto Lech Wałęsa, a ponto dele ameaçar devolver o Prêmio Nobel e ir embora da Polônia para nunca mais voltar, "não posso viver numa sociedade que não respeita nada, devolvo todos os prêmios e vou embora daqui", disse ontem o sindicalista que mudou a face do mundo.
No programa de entrevistas, líder de audiência da televisão polaca, o jornalista Tomasz Lis entrevistou o presidente do Sejm (Câmara dos Deputados) Bronisław Komorowski sobre o assunto, na noite desta segunda-feira. Durante o programa os telefones da TV foram abertos para que os telespectadores opinassem sobre o Instituto da Memória Nacional - IPN. Instituição que tem feito tudo para destruir a imagem do herói dos tempos modernos do país, Lech Wałesa. O resultado da enquete televisiva apontou que 67% dos telespectadores querem o fechamento do Instituto, enquanto apenas 33% são pela sua continuidade. Ninguém deseja que o ex-presidente da República devolva o Nobel da Paz e tampouco deixe a Polônia.
Depois deste segundo livro lançando mentiras sobre o passado de Wałęsa é preciso dar um basta neste Instituto financiado pelo governo da República, e que se transformou com a ascensão de Lech Kaczyński na presidência do país, no tribunal da inquisição moderno polaco. A caça às bruxas do período comunista não tem quartel. O primeiro livro de dois historiadores do IPN foi lançado em setembro do ano passado e acusava o líder do Solidariedade de em 1970 ter sido o espião da SB, "Bolek". Wałęsa levou o caso a justiça e pelo menos uma mentira dos dois historiadores já foi desmascarada. O policial que acusava Wałęsa e que no livro já estava morto, reapareceu, prestou depoimento e disse que nunca disse a ninguém que o eletricista era "Bolek".
Agora, o autor do livro "Lech Wałęsa. Idea i historia" e do artigo "Diabeł jest zoofilem" tem 24 anos e defendeu dissertação de mestrado em história, ano passado, justamente com o tema que virou livro. Atualmente ele é pesquisador da seção IPN de Cracóvia. Antes de Cracóvia, Zyzak morava em Bielsko Biała, onde era um fervoroso membro do Fórum da Juventudade do PiS (Partido Direito e Justiça), mesmo partido do presidente Lech Kaczyński.
Zyzak escreveu neste livro, entre outras coisas, que o ex-presidente teve um filho fora do casamento e que colaborou com a SB - polícia secreta do governo comunista. O livro nem bem saiu às livrarias e já está sofrendo críticas de historiadores, que sugerem jogar fora a obra de Zyzak, pois segundo eles, Zyzak se serviu de informações de pessoas anônimas e sem provas evidentes. "É tudo invenção", brada o ex-líder do Sindicato Solidariedade.
Em maio de 2006, o jovem militante de direita Paweł Zyzak, enviou carta ao prefeito da cidade de Bielsko Biała, onde morava, escrevendo que, "deve-se impedir a circulação do jornal "Gazeta Wyborcza" na escola. Este jornal faz propaganda negativa, semeia o ódio ao Estado polaco, mancha toda a classe política, e nisto leva junto os poderes das cidades e do campo". Zyzak queria que o prefeito Jacek Krywult ordenasse aos diretores das escolas que não encerrassem a assinatura do principal jornal do país e impedisse a leitura do mesmo nas escolas.
Em julho daquele mesmo ano, durante uma manifestação nas ruas, afirmava que "esta é uma execução pública simbólica da resolução do Parlamento Europeu". Tal resolução acusava a Polônia de ser um país intolerante. Ele acrescentava, naquela ocasião, que aos "eurodeputados polacos que haviam votado favoravelmente àquela resolução do Parlamento, se lhes deveria cortar os dedos, o nariz e as orelhas e finalmente baní-los da Polônia". Um mês depois voltou a se manifestar no jornal "W prawo zwrot!" (A volta da direita) com o artigo "Diabeł jest zoofilem" (O diabo é zoofílico). O tema principal de seu artigo foi que o homossexualismo é coisa do diabo. "Pedały (bichas), utilizam-se de uma só vez da palavra para habilmente buscar a compaixão humana".
No seu mestrado na Faculdade de História da Universidade Iaguielônia teve acompanhamento de professores doutores habilitados, que claramente misturam atividade acadêmica com militância no partido de direita PiS. Há entre estes, há quem represente o partido na "Rada" (Conselho) da Cidade de Cracóvia. Quando a caça às bruxas do governo Kaczyński começou, professores e alunos identificados com a esquerda, ou com o passado comunista foram afastados da Faculdade de História. Professores de inclinação conservadora foram promovidos e alunos como Zyzak incentivados. Um estudante brasileiro perdeu seu orientador de tese, por causa disso. Já a dissertação de mestrado de Zyzak acabou sendo publicada pelo seu orientador, que é ao mesmo tempo, editor-chefe da editora Arkana, a mesma que lançou o livro polêmico do recém-formado estudante.
P.S. Parece que parte da juventude polaca, da qual se esperava uma compreensão maior do passado tem se encaminhado exatamente no sentido de copiar os passos do grande carrasco da sua nação: Hitler. Em seu favor alegam que o passado comunista, mais recente, foi pior do que a destruição de Varsóvia e a morte de 6 millhões de compatriotas na segunda guerra mundial. Ledo engano, pois o comunismo católico apostólico romano da Polônia teve tudo menos cores esquerdistas. Nenhum outro país comunista foi tão conservador e de direita como a Polônia naquele período e continua sendo, já que o presidente é líder do partido de extrema-direita PiS e o primeiro-ministro, líder do partido de centro-direita PO.

Águia Branca no Espírito Santo

No Noroeste do Estado do Espírito Santo, um munícipio guarda muito das tradições da Polônia. A reportagem de Luciana Gama com imagens de Fabrício Christ mostra Águia Branca com seus personagens representativos, seu museu, seu grupo folclórico. Como não poderia deixar de ser, os polacos que imigraram em 1929, levaram lendas e criaram outras. Luiz Carlos Cuerci Fedeszen, presidente da associação cultural fala sobre uma destas lendas no cemitério polaco da cidade.

Encruzilhada para emigrantes

Foto: Wojciech Pelowski

Os jovens polacos estão cada vez mais indecisos. De um lado não é mais interessante emigrar por um incerto emprego. De outro lado, muitos voltam da Inglaterra para a Polônia. Parece que é melhor esperar no lugar onde se encontra do que enfrentar a crise de frente.
Além disso são aqueles que buscam trabalho na própria Polônia e nunca pensaram em emigrar. Segundo análise do Ministério das Relações Exteriores da Grã-Bretanha em 2008 cerca de 101 mil polacos responderam aos anúncios de emprego na Ilha da Rainha de Windsor. Um ano antes este número era de 50 mil a mais. A estatística do ministério britânico mostra que no primeiro semestre do ano passado teve a maior queda de pessoas interessadas em trabalhar alí, desde que o mercado foi aberto aos polacos em 2004.
No último trimestre de 2008, apenas 15 mil polacos foram para a Inglaterra. Comparando com o mesmo período de 2007 é uma queda expressiva, pois naquele período foram para lá mais de 35 mil ansiosos polacos para trabalhar. "Cada vez menos polacos se decidem a viajar, porque agora falta trabalho", diz Marek Jurkiewicz da agência de trabalho que em anos anteriores bateu recordes seguidos de contratações de empregados na Ilha.
Isto não significa que os polacos não pensam mais em emigrar, pelo contrário, os especialistas do mercado de trabalho agora têm oferta e busca para países como Hungria, Tcheca e Alemanha. Segundo Wojciech Ostrowski, da agência Grafton, muitos dos que se encontram na Inglaterra não querer voltar para casa, mas buscar trabalho em outro país.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Wałęsa cogita emigrar se não for defendido

Foto: Przemyslaw Skrzydlo

Lech Wałęsa anunciou que vai optar por não participar de cerimônias comemorativas da Polônia, enquanto o Estado não explicar definitivamente as acusações sobre suas "ligações" como agente do serviço secreto no período comunista - SB. Se não fizerem isto "vou entregar todos os prêmios, incluindo o Prêmio Nobel da Paz", afirma Wałęsa que não descarta inclusive deixar o país e emigrar.
"Por favor, Estado democrático, nomeie-se um promotor, ou alguém em nome do Estado que esclareça todas estas coisas. Estou, estou irritado com este país, pelo qual lutei pela liberdade, isto é a anarquia ", disse à jornalistas, nesta segunda-feira, Lech Wałęsa.
O motivo de tanta irritação é a mais nova tentativa da direita fascista que tomou conta do país de manchar o símbolo que o ex-eletricista representa na história recente da Polônia.Foi lançado o do livro biográfico "Lech Wałęsa. Ideia e história", de autoria do jovem de 24 anos de idade Paweł Zyzak. Nele, Zyzak, um recém-formado estudante, acusa o ex-líder do Solidariedade de ter sido agente do SB e de que em sua juventude teve um filho ilegítimo. O livro de Zyzak é baseado em sua tese de mestrado defendida no ano passado, e orientada pelo prof. Andrej Nowak, da Universidade Jagiellonski de Cracóvia e também Editor-Chefe da "Arcana", a editora cracoviana responsável pelo livro de Zyzak.
"Várias paranóias, tiram-me a autoridade perante todo o mundo. Escrever livros, defender teses de mestrado para virar livros, ou quaisquer outros diplomas até entendo, mas que os ataques perpetrados pelo IPN, sejam reutilizados, Não! O que é que há? O próximo arrogante vai me fazer assassino", comentou indignado Wałęsa.

Em seu blog, Wałęsa escreveu neste domingo que Zyzak utiliza-se em seu livro de "reflexões repugnates, barbarismos e calúnias". "Este rapaz faz referências ao livro "SB um Lech Wałęsa", que esses Slawomir Cenckiewicz e Piotr Gontarczyki escreveram como sendo um clássico. Tudo que está escrito neste livro é completamente inventado. Cenckiewicz até se baseou em fotocópias para algumas situações plausíveis, tal como um testemunho. Mas este rapaz inventou tudo," disse Wałęsa sobre o livro de Zyzak.
O ex-presidente da República da Polônia, acrescentou que não é capaz de ficar em silêncio diante desta publicação, "Liberdade de expressão para liberdade da palavra, mas isto já é uma anarquia, isto ultrapassa. Eu sou pela liberdade, mas tem que haver responsabilidade. Alguém me escreve que mijei na água benta no país naquele momento. Veja então, o senhor que me conhece, o que pessoas como esta me fazem, como se todos fossem crianças que acreditam? Eu tinha 14 anos, quando saí do campo, e ele (Zyzak) escreve lá, que eu refestalava-me cortando com o machado. Não minha gente!"
O ex-presidente afirmou que está limpo de todas as alegações que apontaram a ele como agente da polícia secreta comunista, e que portanto não irá participar de quaisquer reuniões e celebrações no aniversário da Polônia. Por esta razão, irá boicotar a conferência agendada para terça-feira, em Gdańsk, por ocasião do aniversário da "Mesa-Redonda".
"O tempo passa e eu não vou participar, porque é repugnante. Alguém tem escrito em nome do Estado, pois o IPN representa o Estado, então eu não posso fingir que não sou alguém. O Estado diz que eu era agente e eu não era, mesmo que um agente tenha se chamado agente Wałęsa, o Estado não me concede o direito a ter honra", afirmou o ex-presidente.
Em seguida, ofendido, disse que os prêmios que recebeu não pertencem só a ele, assim por razões de honra, "não me permito manter todas essas coisas que eu recebi, incluindo o Nobel", sublinhou.
Em seu blog, Wałęsa escreveu também que, como último recurso irá embora do país e isto não é apenas comportamento emotivo. "Se nada for resolvido, não gostaria de viver em uma sociedade desse tipo, onde assim sou percebido".

Gentileza de amigo

Luiz Solda, ou simplesmente Solda, ou ainda Soruda Sam é um dos artistas gráficos mais importes da América do Sul. Mantém um dos blogs mais visitados do Paraná - o Solda Cáustica, em http://cartunistasolda.blogspot.com/ , acessado por gente de todas as tribos. Deu no Solda, não precisa nem Gazeta nem Tribuna, a repercussão é certa.
No dia do aniversário de Curitiba, neste domingo, 29 de março, quando a terceira maior cidade polaca do mundo comemorou 316 anos de existência, Solda fez duas homenagens, entre tantas, que "massagearam" este coração num "paese lontano".
A primeira, logo ao abrir seu blog, Solda colocou um vídeo do polaco-curtibano poeta Paulo Lemiński (em idioma polaco o N tem acento agudo), onde este fala que todo aquele que se emociona com a leitura de um poema, sem nunca ter escrito um verso na vida, é poeta também.

A segunda homenagem foi me colocar numa de suas montagens aos curitibanos da cepa e da auto-adoção. Não é a primeira vez, que sou motivo destas gentilezas do cartunista, que tem um lugar reservado nos arquivos de minhas boas memórias de vida.

Solda foi o criador de vários cartazes de peças teatrais do guru do teatro paranaense - ator José Maria Santos. E isto já é suficiente para o ter carinhosamente como amigo.


P.S.: tradução para o idioma polaco, que infelizmente o "Google Translator" não consegue fazer:
Solda é lut em idioma polaco e cáustica é kaustyczny. A palavra Weld na verdade é o correspondente de Solda em alemão.

Brasil pode criar o Estado do Emigrante

O meu amigo Rui Martins, ex-colega de Rádio Nederland Wereldomroep, continua ativo no cantão suíço de Berna. Depois da bem sucedida campanha dos "brasileirinhos apátridas", que corrigiu um desleixo da Constituição de 1988, permitindo só agora que filhos de brasileiros nascidos no exterior sejam cidadãos brasileiros, sem ter que abrir processo aos 18 anos de idade para ver reconhecido o direito de ser brasileiro, foi escolhido entre tantos para a conferência que a Subsecretaria de Comunidades Brasileiras no Exterior, do Ministério das Relações Exteriores, vai promover em Brasília, no segundo semestre.
O encontro já denominado de "Conferência Brasileiros no Mundo", vai discutir a proposta do jornalista Rui Martins para criação do Estado do Emigrante, como uma entidade independente e laica, que se pretende seja a 28a. unidade da Federação, com direito a parlamentares que representem os quase 4 milhões de brasileiros espalhados em cinco continentes.
Proposta de emenda constitucional do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) nesse sentido já tramita no Congresso. Além do jornalista Rui Martins, que há 40 anos vive lá fora (28 deles na Suiça) e líder do movimento, uma professora que mora no Japão, Carmen Lúcia Tsuhako será a outra representante dos brasileiros do exterior.
Uma vez aceita a proposta de Martins, o Brasil estará seguindo o exemplo de outros países, como a França, que criou onze cargos de deputados a serem eleitos pelos emigrantes franceses. Portugal e Itália têm conselhos de emigrantes e também deputados.

"Porażka" polaca em Belfast

O frangueiro Artur Boruć - Foto: Kuba Atys

Depois da trágica derrota para a Irlanda do Norte, no sábado, pelas eliminatórias da Copa do Mundo 2010, pelo placar de 3 X 2, todos estão pedido a cabeça do treinador holandês Leo Beenhakker.
Jornalistas dos principais jornais esportivos do país opinam que já vai tarde a arrogância do holandês. Para Krzysztof Budka, chefe do "Przeglądu Sportowego", "Leo deveria pedir demissão. E isto já há muito tempo. Em primeiro lugar, depois do jogo fatal contra a Eslovênia, ou naquele contra a Ucrânia. Mas Beenhakker com certeza não vai desistir."Roman Hurkowski, do sítio Futbolnet.pl, "Beenhakker caiu um ano atrás, desde que em 26 de março perdemos em Cracóvia por 3X0 para os Estados Unidos. Deveria ter a honra de pedir demissão. Mas ele certamente não fará isto. Tenho esperança que na reunião desta terça-feira na federação o desliguem. Em seu lugar o presidente Lato deveria colocar Franciszek Smuda."
Mas existem um poucos que acreditam que o holandês é necessário como Michał Pol, do jornal "Gazeta Wyborcza", que entende que, "Leo deveria ficar até o fim das eliminatórias. Não tem sentido mudar o treinador, pois esta mudança deveria ter sido feita muito tempo atrás, não agora. Lembremos que um substituto de Leo deverá levar a seleção até a Euro 2012. Na Eurocopa a Polônia tem que fazer tudo para ser campeã."
Para o simples torcedor, a derrota de sábado doeu bastante, muitos nem assistiram à transmissão ao vivo, para evitar sofrimento. Para aqueles que ficaram às quase duas horas de transmissão desde a Irlanda do Norte, o que se viu foi uma equipe apática. Uma desconexão incrível entre os vários setores do campo. Krzynówek, o grande lutador do passado, não é nem sombra do que foi. Artur Boruć levou dois frangos imperdoáveis, o terceiro não se admite de alguém que se diz goleiro. Mas ele foi o elegido pelo holandês desde que Dudek (hoje reserva de Casillas, no Real Madrid), o então ídolo do futebol polaco tinha todos os holofotes sobre si. O treinador holandês com toda sua arrogância não podia consentir que alguém fosse mais importante que ele para a seleção polaca.
Além de uma tática completamente equivocada, ainda transformou um obscuro lateral-esquerdo brasileiro, na principal peça ofensiva da seleção. O, hoje, cidadão polaco Roger Guerreiro, tenta fazer as vezes de maestro do time, mas durante os mais de 90 minutos, fez apenas um lançamento de longa distância, que permitiu ao atacante Jelen fazer o único gol dos polacos. No restante, o "brasileiro de passaporte polaco" não fez mais que expirrar a bola, tentar usar a cabeça para passar a bola, quando o normal para qualquer perna-de-pau seria tentar com os pés... Aliás o jogo chama-se justamente football e não headball. Mas Roger não tem culpa de estar na seleção, nem de ter conseguido o passaporte polaco numa canetada do Presidente Lech Kaczyński, para desespero de milhares de descendentes polacos que esperam há anos ver reconhecido o sangue polaco que corre em suas veias de filho de imigrante polaco. A culpa de tudo é da arrogância holandesa do treinador. Que parece entender de tudo, menos de futebol.

Enfim, só não foi pior, porque o juiz apitou o fim da partida em Belfast. A Polônia tem sete pontos em cinco jogos. Os gols foram marcados por Warren Feeney para a Irlanda, seguido do empate de Ireneusz Jelen para a Polônia. Jonny Evans colocou a Irlanda do Norte em vantagem logo no início do segundo tempo e um gol contra do capitão polaco, Michael Zewlakow e um frango terrível de Artur Boruc completou os 3 X 1. Quando Marek Saganowski marcou de cabeça o segundo gol da Polônia já não havia mais tempo para nada. A não ser demitir o holandês, arrumar outro brasileiro e rezar para que Euzebiusz Smolarek e Paweł Brożek voltem a jogar. Senão os polacos vão assistir a Copa da África só com outras seleções.
P.S. Porażka - pronuncia-se pórachsca = derrota

Aberto o Festival Beethoven em Varsóvia

Abriu, ontem, em Varsóvia o 13º Festival de Páscoa Ludwig van Beethoven com a famosa violinista alemã Anne-Sophie Mutter. Na "Filharmonia Narodowej" (teatro da filarmônia nacional) zob a regência do maestro polaco Krzysztof Penderecki foi apresentado "uwertura Die Geschöpfe des Prometheus", concerto para violino e VII Simfonia.O Festival Beethoven que começou ontem vai até 10 de abril. Na programação constam concertos com músicas de Haendl, Haydn, Mendelssohn, Mozart e Beethoven. entre as orquestras que se apresentaram estão além da Sinfônica de Varsóvia, também a fantástica orquestra barroca da "Akademie für Alte Musik Berlin" e uma das mais antigas da Europa a "Orchestre Philharmonic de Monte Carlo".



No dia 5 de abril, a Polônia recebe pela primeira vez uma apresentação da Filarmônica de Monte Carlo, com a presença da princesa Caroline de Mônaco. A orquestra deve apresentar Franz Schubert e Feliks Mendelssohn.
No encerramento do festival, na sexta-feira santa, a "Akademie fur Alte Musik" de Berlin e o "Collegium Vocale Ghent" apresentarão "Brockespassion" de Haendl.
O Festival que se iniciou em 1997, em Cracóvia, desde o ano de 2004 acontece em Varsóvia sob a direção de Elżbieta Penderecka.

domingo, 29 de março de 2009

Cracóvia não é só para um dia




O Aeroporto Jornal, na verdade uma revista que é distribuída gratuitamente nos aeroportos do Paraná e consequentemente sobrevoa os ares brasileiros a bordo dos Boing e Airbus traz em sua última edição uma reportagem com texto e fotos de minha autoria. A revista é dirigida pelos jornalistas Jean Feder e Sonia Bithencourt. Com a permissão de ser o autor transcrevo aqui o "convite" para se conhecer Cracóvia e sua história:


Cracóvia atrai mais turistas

Panorama visto da torre da catedral de Wawel - Foto: Ulisses Iarochinski

A cidade mais bela da Polônia, também é o mais importante centro cultural das Europa Central e do Leste. E isto não é frase de efeito é a mais pura verdade. Cracóvia experimenta nos últimos 5 anos um crescimento vertiginoso de turistas do mundo inteiro. De 500 mil turistas recebidos em 2002, Cracóvia ultrapassou a barreira dos 5 milhões de turistas no ano de 2005. E este número só vem aumentando, muito em parte devido, à entrada do país na União Europeia, em maio de 2004, e da morte do Papa João Paulo II em abril de 2005. Praticamente invadida nos meses de maio a setembro por uma avalanche de mais de 8 milhões de turistas no último verão europeu. A maioria deles, entretanto, vindos em excursões de agências de viagem, dentro de pacotes turísticos que incluem Budapeste, Viena e Praga. Infelizmente, estes turistas perdem o melhor da cidade, pois passam apenas algumas horas em caminhadas pela praça central e castelo real e vão embora desconhecendo os verdadeiros encantos da cidade. Para vir a Cracóvia é preciso muito mais do que algumas horas, é preciso viver a atmosfera da cidade medieval, da cidade do período romântico, do período das revoltas contra a ocupação austríaca de 123 anos. Isto é conhecer Cracóvia.

História marcante

Igreja Basílica Mariacka - Foto: Ulisses Iarochinski

Historicamente ela foi responsável pela reunificação do reino polaco, dividido após a morte do rei Boleslau III, em 1138, com Ladislau I que em 1306, transformou-a na capital do Reino da Polônia. Seu apogeu ocorreu no período dourado do Rei Casimiro – O Grande - entre os anos de 1333 a 1370. De capital da Polônia, ela passou a ser também o maior centro cultural e científico do renascimento. No período de Casimiro foi criada a Academia de Cracóvia, precursora da Universidade Iaguielônia, onde concluíram doutorado Nicolau Copérnico e Karol Wojtyla. Com o reinado da filha de Casimiro, Edwirges (Padroeira da União Europeia e Santificada por João PauloII), Cracóvia se tornou também a capital do maior império da Europa daqueles dias. O casamento da última representante da Dinastia Piat com o Duque da Lituânia, Iaguielo, simbolizou a criação do Grande Reino Unido Polônia Lituânia. Reino que estendeu seus domínios do mar Báltico no Norte, ao mar Negro no Leste da Europa.
Mas os dias de poderio de Cracóvia acabaram em 1596, quando o rei eleito, Ladislau IV, príncipe sueco da Dinastia Wasa, translada a capital da Monarquia Republicana da Polônia para Varsóvia. Apesar da mudança, a catedral do Castelo Real de Wawel continuou sendo a Cripta Mortuária de todos os reinos polacos. A cripta ao receber também os restos mortais de heróis da história, transformou-se em panteão Pátria polaca.

Uma cidade que pulsa

Mercado de artesanato Sukiennice no Rynek (praça central)
Foto: Ulisses Iarochinski

Mas não é só essa história latente que a cidade tem para contar e mostrar. Se no ano de 2000, existia na cidade apenas um Albergue da Juventude, denominado “Schronisko”, e os polacos desconheciam a palavra Hostel, desde o primeiro semestre de 2006 surgiram mais de 300 destas pousadas na cidade, acompanhadas de luxuosos hotéis cinco estrelas. O número de bares e restaurantes deu um salto vertiginoso. Para se comer um bom “pierogi”, um “bigos” ou uma sopa de cogumelos silvestres numa tigela de pão, nada como os restaurantes “UBabcia Malina”, “Chlopskie Jadlo” e “Bar Mleczny”. As mercearias e pequenas lojas que haviam transformado o panorama da cidade comunista em capitalista foram rapidamente sendo substituídas por lojas de grandes marcas mundiais como Puma, Malboro, Sephora e Zara.
A cidade guarda uma raridade. Se o Louvre de Paris tem a Madona Gioconda, o Czartoryski de Cracóvia tem a Madona Cecília Gallerani e seu Arminho. Esta madona é um dos ícones gráficos da cidade junto com o dragão. Depois, ou antes, do museu, é preciso passar algumas horas no Rynek - a Praça do Mercado Central, pois ela certamente é o símbolo da Cidade, colorida e cheia de vida.
Há 8 séculos, na Sukiennice (mercado do tecido na praça central), vende-se roscas típicas, lembranças, e o melhor do artesanato do país. Pode-se comprar ali o que se desejar. Cópias dos quadros “O tributo prussiano” de Jan Matejko, “o panorama do piedoso samaritano” de Remblant, a “Madona e o Arminho” de Da Vinci, o “Altar” de Veit Stoss. Milenarmente Cracóvia é a cidade das artes por excelência. Por isso Cracóvia tem algo de excepcional. Aqui se pode descansar, aqui se pode permanecer e beber muita cerveja polaca, além de brindar “zdrowie” com a verdadeira vodca.
Na mesma praça está a basílica Santa Maria, curiosa com suas duas torres diferentes, ambas construídas por dois irmãos. Ah, sim! Também há o famoso toque do trompete. Um dos guardiões ao dar o toque de alarma que os tártaros chegavam foi ferido na garganta por uma flecha. Por isto a melodia executada a cada hora na torre mais alta recorda aquele guardião da muralha.

Visite os arredores

Janela da Cúria, onde o Cardeal Karol Wojtyla conversava com os fiéis
Foto: Ulisses Iarochinski


Não bastassem os museus, os teatros, os bares, os “pubs” têm tudo para a alma e desejos. É bem provável que nesta cidade tenha vivido um dragão. Pois a lenda sobre ele parece real, com seus personagens. O rei Krakus e a filha Wanda são nomes originalmente polacos, assim como é Casimiro, da palavra Kazimierz, de ("kazić=destruir") e – (“mir=paz") e que significa "aquele que, quem destrói a paz”. Kazimierz, também é o bairro mais visitado da cidade. Simplesmente por que ali viveram durante séculos os judeus. O bairro do Kazimierz, até bem pouco tempo, local de ruínas e “mulambentos” apartamentos se transformou. Novos hostels, bares, restaurantes rapidamente coloriram o bairro de tristes lembranças. Tanto que muitos ousam dizer que o Kazimierz (pronuncia-se cajimiéj) seria o novo “Quartie Latin”, “Soho”, ou “Village”. Hotéis como “Rubinstein”, “Ariel”, “Sarah” trouxeram de volta os empresários judeus.
A prefeitura também faz sua parte. Eventos culturais e artísticos da cidade, como a “Misteria Paschalia”, “Cracow Screen Festival”, “Sacrum Profanum” e Coke Live Music Festival, Festival de Cultura Judaica, são dos mais concorridos no mundo nos últimos três anos. Tudo isto para oferecer aos turistas um “algo a mais” do que o mais bem preservado conjunto arquitetônico da idade média da Europa.
Mas os dias são curtos e os arredores da cidade guardam outras surpresas, como a mina de sal de Wielicka (patrimônio da humanidade); os campos de concentração e extermínio alemão-nazistas de Auschwitz e Birkenau; a cidade onde nasceu o Papa, Wadowice; a cidade que despertou a vocação sacerdotal de Karol Wojtyła; Kalwaria; a capital do inverno polaco, Zakopane e os mosteiros de Kamedłów e Tyniecki.

sábado, 28 de março de 2009

Duppa e a cerveja

Foto: Kombidosbrothers

Procurei através da Internet alguma repercussão das apresentações de Isidório Duppa no Festival de Curitiba, o maior encontro da arte teatral na América Latina. Nada! Nenhuma linha. Mas reclamações através de comentários de leitores sobre cancelamento de um espetáculo paulista sim! Ou sobre a longa duração da peça Maria Stuart com Júlia Lemmertz. Mas nenhuma crítica ou citação do espetáculo mais curitibano e paranaense do Festival. Por isso aí vai mais um "causo" do personagem de Gláucio Karas:

"Iscuitei uma buzina de Kombi no porton e a cachorada saiéu loca corendo prá vê quim éra, e num é qui éra um Kombi mésmo, só qui ansim meio fantasiada cós vidro tudo iscuro. Descéu do Kombi um camarada de boné e com esses colete cheio de borso, qui néi de pescaria falando qui tavam percurando uma propriedade típica de polaco pra fiumá uma filme de televison pra uma fábrica de cerveza de casa, uma tár de Rause Bíer, falô qui si dexásse dava pra iéu uma caxa de cerveza.

Iéu pensô, proque non? No finar das conta num ia custá nada. Iéu falô intom qui pudia e iele foi inté o Kombi e abriu a porta dos passagero e iéu quase caiu sentado no chon. Dessero do Kombi umas seis mossa só de biquíni, néi sei se é ansim qui si chama, proque na parte de tráis num dava pra vê pano ninhum e na frente só um trapinho. O sution era tão piquininho qui parissia que cada mossa tinha duas casa de jão-de-baro depindurada. Iéu ficô paralizado oiando aquilo, inté qui ielas fizero fila e viéro tudo balanssando os cabelo cumprido pra pérto de iéu e cada uma déu um béjinho na minha rosto.

Vige Nossa Senhora!!!! Makto Boska! Iéu só tinha visto mossa désse jéito no cartáis da parede da oficina mecânica. Mosso do boné inton preguntô si iéu gostei das siliconada, num disse que sim néi qui non, proque vóis num saía, poquinho mexeu com cabéssa, inton foi aí qui discubriu qui móssa qui si veste desse jéito si chama de siliconada.

Entraro tudo na casa, fiumaro na cozinha, na varanda, no potrero, im cima da carossa, segurando cavalo, corendo detráis das galinha, trepando nos pinhéro e despóis de cada isforço tomavam um gole da cerveza e falavam: "Rause Bíer, o sabor da roça". Iéu via tudo aquilo e mi dava água na boca, de tomá cerveza tambéi.

Preguntéi pro home do boné proque usá siliconada pra porpaganda de cerveza, e iele disse qui si num tive muié bunita a cerveza num vende, é pros home quando ponhá cerveza no copo, aparecê na cabéssa deles uma dessas siliconada e pensá qui tão junto delas, qui iço éra procauza de um tár de Márqueti.

Ieste Seu Márqueti deve ser muito intiligénte mésmo, iéu mésmo sin tomá cerveza já ta ca cabéssa nas móssa.

Foro imbora e dexaro pra iéu a caxa de cervéza Rause Bíer, ponhéi uma méia dúzia pra gelá no riberon e tomei, tomei, tomei., e desgracera, num aperéceu ninhuma mossa na cabéssa, única coisa qui deu mésmo foi um mijadéra desgraçada. "

Semo Polaco Non Semo Fraco. Izidório Duppa.

Atentados contra a preservação

Cracóvia sempre foi relutante em permitir a construção de arranha céus na cidade, principalmente no perímetro interno ao antigo fosso medieval. Mas alguns sacrilégios foram cometidos, como por exemplo, a substituição do sobrado que havia na Praça Szczpanski.



Sobrado na esquina da ulica (rua) Reformacka com praça Szczepański, ao redor do ano 1930.

No lugar do sobrado desde 1940, está o edifício KKO, construído pelos ocupantes alemães para uso do governo geral nazista.

Lá da Polonia, terras longes

Alfredo Coelho foi um dos poetas selecionados por Fredencis (pseudônimo) para ilustrar "A Polonia na Literatura Brasileira", livro publicado em 1927, em Curitiba, por Editores Placido E Silva & CIA Ltda. Seu poema "Nívea" expressa sua devoção para com uma polaquinha:

Nívea

De eburneas fórmas - radiações de estrella,
Contornos leves e feições serenas,
É muito loira e tem mãos pequenas
A minha suave e lyrial Graziella.

Lá da Polonia - terras longes, Ella
veio a estes climas argumentar-me as penas...
Loiras formosas e ideas morenas,
De olhos ardentes, têm ciumes d´Ella!

Ha lactescencias de luar e neve,
Fulgencias de astro em suas carnes quentes,
Novas, de opala, viginaes, macias...

Graziella é a Dama de cintura breve,
Fórmas eburneas e resplandescentes,
Que ora começa a escurecer meus dias...

sexta-feira, 27 de março de 2009

Milagres de João Paulo II

Aleksandra Zapotoczny e Cardeal Stanisław Dziwisz
Foto: Mateusz Skwarczek / AG


"Falo para ele:: "Tantos anos te ajudei, agora você me ajuda". confessa o cardeal Stanisław Dziwisz durante o lançamento do livro "Nowe cuda" (nóve tssuda - novo milagre) sobre o Papa João Paulo II. O livro lançado nesta semana já se encontra na segunda posição na lista dos mais vendidos.
A obra organizada por Aleksandra Zapotoczny, do Escritório da Postulação de Processos de Beatificação e Canonização de João Paulo II em Roma contém cartas deixadas junto à tumba do papa polaco no Vaticano.
"Muitas pedem oração e graças aos seus diversos problemas. Algumas delas são emocionantes", diz Aleksandra que trabalha no periódico "Totus Tuus".
As cartas de ingleses são bastante consisas, já a de italianos e polacos chegam a ter 15 páginas. "A última carta é do Brasil de uma casa de menores. São crianças muito jovens que não sabiam assinar e deixaram impressos seus dedinhos na carta", acrescenta Aleksandra.
O atual cardeal de Cracóvia Monsenhor Dziwisz lembrou que na qualidade de secretário pessoal do Papa durante toda sua vida, afirmou que no caso da candidatura tem algum problema com os milagres atribuídos ao Papa, mas assim mesmo lembrou que, "numa das viagens ao México, uma mãe pediu uma benção especial a seu filho de 12 anos, que estava morrendo de câncer. O filho já havia sido desenganado pelos médicos e iria morrer. Dois meses depois recebemos cartas de vários bispos dizendo que o menino estava com saúde e sem nenhum problema com o câncer.


Para o lançamento do livro foi preparada uma grande campanha, com posters e grandes painéis como o que foi colocado no edíficio da Cúria Metropolitana de Cracóvia, onde o Papa foi cardeal durante os anos de 1964 e 1978.




Foto: Ulisses Iarochinski

quinta-feira, 26 de março de 2009

O gueto de Varsóvia

Leopoldo Staff escreveu:

Mais do que o pão
A Poesia é sempre necessária
Quando não é dela que precisamos.

As palavras deste extraordinário poeta, citadas no texto de um convite para uma tertúlia lieterária no Gueto em fevereiro de 1942, poderiam ser o mote da vida cultural em toda a Polônia ocupada.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Mais uma vez Justyna


Foto: AFP
A rainha polaca das pistas de esqui não pára de ganhar. Venceu mais uma vez. No Grande Prêmio, em Falun, na Suécia, neste fim de semana, ela não deu chances às concorrentes. Mantém-se no topo da classificação do Campeonato Mundial. Venceu todas as provas dos 10, 15 e 30 km. Justyna Kowalczyk, polaca, virtual campeã do mundo de esqui. No final de fevereiro, ela ja havia ganhado a Copa do Mundo, na Austria, com as duas medalhas de ouro e uma de prata.

domingo, 22 de março de 2009

Aos Judeus polacos

Warszawskie getto" Warszawa 1988
United States Holocaust Memorial Museum.


O Gueto de Varsóvia - 1940/1943
Em todos os corações polacos, estas palavras
devem estar gravadas como na pedra:
O derramamento de sangue, o muro das execuções,
Dachau e Auschwitz e a nossa casa destruída,
Todas as sepulturas anônimas e todas as celas das prisões nos unem.

Władysław Broniewski

Um polaco, arquiteto dos deuses

Figura 3: Painel representando a santa ceia ao centro
Foto: Fabricio J. Nazzari Vicroski

É indiscutível a contribuição advinda da Polônia na formação da nação brasileira, sobretudo, na região Sul do país, onde a imigração polaca ocorreu de forma mais expressiva, especialmente a partir do século XIX.
Pode-se destacar inúmeras personalidades com intensa atuação em áreas como a política, medicina, engenharia, arquitetura, entre outros ofícios, alguns deles pioneiros em suas áreas, além, é claro, da grande massa de inomináveis camponeses, que, juntamente com levas de imigrantes de outras nacionalidades promoveram intensas modificações no sistema de produção agrícola do país, contribuindo explicitamente para o seu desenvolvimento econômico.
Gostaria, no entanto, de ater-me neste momento a apenas um destes aspectos, precisamente a contribuição ao meio artístico, descrevendo, de forma breve, a história do célebre artista plástico Arystarch Kaszkurewicz, e mais especificamente seu legado presente na forma de arte interna na Catedral de Erechim, município situado no norte do Estado do Rio Grande do Sul, região que recebeu grandes contingentes de imigrantes polacos.
Nascido em 1912, já em seus primeiros anos de infância Arystarch Kaszkurewicz viu o seu país ocupado e partilhado entre a Rússia, Prússia e Áustria, teve ainda o infortúnio de presenciar as duas grandes guerras do século XX, logo após a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), a Polônia finalmente recupera sua independência no dia 11 de novembro de 1918, e o futuro artista cresce num país livre.
No entanto, é a 2ª Guerra Mundial (1939-1945) que deixa marcas profundas em Kaszkurewicz, pois a explosão de uma granada o fez perder as duas mãos e o olho esquerdo. A guerra fez com que abandonasse sua terra natal, e no ano de 1952 chega ao Brasil , estabelecendo-se inicialmente em São Bernardo do Campo, no Estado de São Paulo.


Figura 1: Um dos painéis da via-sacra
Foto: Fabricio J. Nazzari Vicroski



O artista, também formado em direito e fluente em nove idiomas, era especialista em afrescos, vitrais e mosaicos, encontrando grande destaque na Arte Sacra, à qual dedicou-se intensamente.
No ano de 2004 a jornalista Raquel Bueno, contando com o patrocínio da Eletrobrás, lançou um livro intitulado Aristarch - O Arquiteto dos Deuses, onde apresenta um belo resgate fotográfico das obras de Kaszkurewicz espalhadas por doze cidades brasileiras, uma pesquisa que lhe exigiu nada menos que sete anos de trabalho.
Suas obras estão espalhadas por 28 cidades brasileiras, desde o interior gaúcho como nas catedrais de Erechim e Passo Fundo ao nordeste do país, como no caso da catedral de São José em Fortaleza, no Ceará, além de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Santo André, Cuiabá, entre outras, e também no exterior, como Montevidéu no Uruguai.

Figura 2: Painel representando o batismo de Jesus
Foto: Fabricio J. Nazzari Vicroski

Em Erechim, podemos observar sua obra realizada com a técnica do esgrafito na Catedral São José, são quatorze painéis com dimensões de 3,57m de altura por 2m de largura representando a via-sacra (figura 1), além de três painéis maiores, um representando o batismo com 8,65m de altura e 3,66m de largura (figura 2), outro a ressurreição com 8,65m de altura e 3,76m de largura, e por fim, um maior no centro retratando a santa ceia, com 8m de altura e 15,95m de largura (figura 3), é neste painel de destaque que o artista discretamente deixou uma marca, uma alusão a Polônia, sua terra natal, trata-se da Orzeł Biały, ou seja, a Águia Branca, Sob a sigla JHS (do latim Jesus Hominum Salvator – Jesus Salvador dos homens). A águia é um símbolo com forte significado para os polacos, relacionado à própria fundação do país, e neste caso Kaszkurewicz representou-a com a coroa, fazendo uma alusão à Polônia independente, soberana (figura 4).

Figura 4: A águia branca com a coroa sob a sigla JHS
Foto: Fabricio J. Nazzari Vicroski

Para observadores desavisados, este é um elemento que provavelmente passará despercebido, no entanto, para um admirador com um conhecimento conciso acerca da história deste artista, sua obra poderá eventualmente fornecer outros significados.Wycinanka(figura 5), uma técnica artesanal muito popular na Polônia que consiste em recortar e colar pedaços de papel que combinados compõem formas geométricas com diversos estilos e motivos destinadas a decorar as residências, a primeira vista similares a um crochê.


Figura 5: A decoração lembra a Wycinanka
Foto: Fabricio J. Nazzari Vicroski


Notas
1 - Sua entrada no Brasil só foi possível em virtude de uma série de articulações, pois um decreto da época proibia a entrada de portadores de necessidades especiais no país, o que só foi possível com uma autorização do então presidente Getúlio Vargas.
2 - BUENO, Raquel. Aristarch - O Arquiteto dos Deuses. Eletrobrás. Campinas, SP: Ed. do autor, 2004.
3 - A técnica do esgrafito consiste basicamente em desenhos ornamentais a fresco que imitam o relevo.

Referências
BUENO, Raquel. Aristarch - O Arquiteto dos Deuses. Eletrobrás. Campinas, SP: Ed. do autor, 2004.
MALCZEWSKI, Zdzisław. Polskie ślady w Brazylii. Disponível em: . Acesso em: 11 fev. 2009.
PALDES, Julaine. Wycinanki - Recorte e Colagem. Revista Cekaw, Ano II, nº 5. Porto Alegre: 2008.
IAROCHINSKI, ULISSES. Saga dos Polacos - A Polônia e seus emigrantes no Brasil. Curitiba: U. Iarochinski, 2000.
. Acesso em: 11 fev. 2009.

Fabricio José Nazzari Vicroski nasceu no município de Áurea/RS em 1978. É Graduado em História pela URI- Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Campus de Erechim. Tem experiência na área de Arqueologia. Atuando principalmente nos seguintes temas: Arqueologia de contrato, arqueologia pré-histórica, educação patrimonial, restauração de cerâmica arqueológica. Fez o curso de língua e cultura polaca, de um ano de duração, na Universidade de Wrocław, na Polônia.

P.S. Texto e fotos "postados" sob autorização do autor.

sábado, 21 de março de 2009

FIFA omite Bosque do Papa em Curitiba

Estátua de Mikołaj Koperniko e casas de troncos no Bosque do Papa em Curitiba
Foto: Ulisses Iarochinski

O sítio oficial da FIFA- federação Internacional de Futebol Associado, depois de duas gafes cometidas no mapa com as cidades concorrentes a sediarem jogos da Copa do Mundo de 2014 (já corrigidos) onde colocava a capital do Acre, Rio Branco em Roraima e grafava a cidade de São Paulo como "San Paulo", ao fazer a apresentação da cidade de Curitiba comete mais uma.
A apresentação, aliás, bastante elogiosa, deixa de citar o Parque Papa João Paulo II como um dos pontos turísticos da cidade. Talvez, não seja culpa da FIFA, tal desleixo, pois apenas cita alguns parques dos mais de 25 que a cidade possui. Mais provavelmente seja, culpa da própria prefeitura de Curitiba, que em muitas de suas publicações deixa de apresentar o memorial mais significativo da cidade, justo por pertencer à etnia de mais contingente populacional da capital paranaense, pelo Parque não ter sido uma criação do IPPUC-Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, nem do ex-prefeito Jaime Lerner (filhos de polacos nascidos na Polônia). Mas de ter sido uma iniciativa da própria comunidade polaca da cidade e da Missão Católica Polaca no Brasil junto ao governo do Estado. Este "descuido" promocional da Prefeitura já foi maior no passado. Parecia que havia se extinguido, mas como a FIFA deve ter se baseado no material produzido pela prefeitura para tentar sensibilizar o organismo mundial de realizar a Copa do Mundo na terceira maior cidade polaca do mundo e a etnia polaca ser a mais representativa em número e influência entre as quatro principais etnias formadoras da cidade, esta falta de "gentileza" só pode ser debitada a esta antiga rusga com o Bosque do Papa. É como se o Parque Memorial Polaco com sua coleção de casas de troncos essencialmente polacas não fizesse parte da cidade de Curitiba. Lamentável!
Gafes já corrigidas

Aqui o texto em idioma inglês reproduzido so site da FIFA com a não menção do Bosque do Papa João Paulo II:

"Curitiba
The city of Curitiba is one of the finest examples of a bulky economic and industrial development carried out with responsibility and organisation. Since it was declared the capital of the state of Paraná in 1853, the city has gone through several major urban planning projects to avoid uncontrolled growth and thus has become an international role model in dealing with such sensitive issues as transportation and the environment.

Curitiba is now the most populous city in the southern region of Brazil, with 1.8 million inhabitants, and stands right at the centre of a metropolitan area whose economy ranks fourth in terms of contribution to the country's gross national product. With all that, Curitiba still maintains the structural conditions to offer a remarkable welfare and quality of life to its residents, thanks to its innumerable parks and a high-profile cultural schedule.

The curitibanos owe a lot of their cultural richness to the massive immigration process through which the south of Brazil underwent during the 19th century, when it welcomed a huge contingent of Germans, Italians, Ukrainians and Polish. These traits are noticeable in such city landmarks as the Santa Felicidade neighbourhood, with its first-class Italian cantinas; the Bosque Alemão (German Wood) and the Ukrainian church replica at fabulous Tingüi Park.

Besides the Tingüi, other important parks that showcase Curitiba's concern with preserving green areas include the Tanguá, the Barigüi and the impressive Botanical Garden. Other city attractions revolve around its pulsating cultural life, like the Ópera de Arame (a theatre all built with glass and iron wires) and the pungent Oscar Niemeyer Museum, designed by the architect himself.

Football

Curitiba is home to two traditional clubs of Brazilian football: Coritiba Foot Ball Club and Clube Atlético Paranaense, who meet for one of the most exciting derbies in the country, the Atletiba - a reason for frenzy in Curitiba since the two teams' very first meeting in 1924.

Coritiba, nicknamed Coxa, conquered the Campeonato Brasileiro title in 1985 and own the Couto Pereira stadium, while rivals Atlético Paranaense, the Furacão (Hurricane), were national champions in 2001 and are proud owners of the Joaquim Américo stadium, popularly known as Arena da Baixada, which was demolished and rebuilt from the scratch in 1999 and is now considered one of the best and most modern football grounds in Brazil

The city's third representative in Brazil's main football scene are Paraná Clube, founded in 1989 as a fusion of two other teams; Colorado and Pinheiros. The Tricolor plays its home matches at the Durival de Britto e Silva stadium, which was one of the venues of the 1950 FIFA World Cup Brazil™."