segunda-feira, 30 de março de 2009

Wałęsa cogita emigrar se não for defendido

Foto: Przemyslaw Skrzydlo

Lech Wałęsa anunciou que vai optar por não participar de cerimônias comemorativas da Polônia, enquanto o Estado não explicar definitivamente as acusações sobre suas "ligações" como agente do serviço secreto no período comunista - SB. Se não fizerem isto "vou entregar todos os prêmios, incluindo o Prêmio Nobel da Paz", afirma Wałęsa que não descarta inclusive deixar o país e emigrar.
"Por favor, Estado democrático, nomeie-se um promotor, ou alguém em nome do Estado que esclareça todas estas coisas. Estou, estou irritado com este país, pelo qual lutei pela liberdade, isto é a anarquia ", disse à jornalistas, nesta segunda-feira, Lech Wałęsa.
O motivo de tanta irritação é a mais nova tentativa da direita fascista que tomou conta do país de manchar o símbolo que o ex-eletricista representa na história recente da Polônia.Foi lançado o do livro biográfico "Lech Wałęsa. Ideia e história", de autoria do jovem de 24 anos de idade Paweł Zyzak. Nele, Zyzak, um recém-formado estudante, acusa o ex-líder do Solidariedade de ter sido agente do SB e de que em sua juventude teve um filho ilegítimo. O livro de Zyzak é baseado em sua tese de mestrado defendida no ano passado, e orientada pelo prof. Andrej Nowak, da Universidade Jagiellonski de Cracóvia e também Editor-Chefe da "Arcana", a editora cracoviana responsável pelo livro de Zyzak.
"Várias paranóias, tiram-me a autoridade perante todo o mundo. Escrever livros, defender teses de mestrado para virar livros, ou quaisquer outros diplomas até entendo, mas que os ataques perpetrados pelo IPN, sejam reutilizados, Não! O que é que há? O próximo arrogante vai me fazer assassino", comentou indignado Wałęsa.

Em seu blog, Wałęsa escreveu neste domingo que Zyzak utiliza-se em seu livro de "reflexões repugnates, barbarismos e calúnias". "Este rapaz faz referências ao livro "SB um Lech Wałęsa", que esses Slawomir Cenckiewicz e Piotr Gontarczyki escreveram como sendo um clássico. Tudo que está escrito neste livro é completamente inventado. Cenckiewicz até se baseou em fotocópias para algumas situações plausíveis, tal como um testemunho. Mas este rapaz inventou tudo," disse Wałęsa sobre o livro de Zyzak.
O ex-presidente da República da Polônia, acrescentou que não é capaz de ficar em silêncio diante desta publicação, "Liberdade de expressão para liberdade da palavra, mas isto já é uma anarquia, isto ultrapassa. Eu sou pela liberdade, mas tem que haver responsabilidade. Alguém me escreve que mijei na água benta no país naquele momento. Veja então, o senhor que me conhece, o que pessoas como esta me fazem, como se todos fossem crianças que acreditam? Eu tinha 14 anos, quando saí do campo, e ele (Zyzak) escreve lá, que eu refestalava-me cortando com o machado. Não minha gente!"
O ex-presidente afirmou que está limpo de todas as alegações que apontaram a ele como agente da polícia secreta comunista, e que portanto não irá participar de quaisquer reuniões e celebrações no aniversário da Polônia. Por esta razão, irá boicotar a conferência agendada para terça-feira, em Gdańsk, por ocasião do aniversário da "Mesa-Redonda".
"O tempo passa e eu não vou participar, porque é repugnante. Alguém tem escrito em nome do Estado, pois o IPN representa o Estado, então eu não posso fingir que não sou alguém. O Estado diz que eu era agente e eu não era, mesmo que um agente tenha se chamado agente Wałęsa, o Estado não me concede o direito a ter honra", afirmou o ex-presidente.
Em seguida, ofendido, disse que os prêmios que recebeu não pertencem só a ele, assim por razões de honra, "não me permito manter todas essas coisas que eu recebi, incluindo o Nobel", sublinhou.
Em seu blog, Wałęsa escreveu também que, como último recurso irá embora do país e isto não é apenas comportamento emotivo. "Se nada for resolvido, não gostaria de viver em uma sociedade desse tipo, onde assim sou percebido".

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