segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Polônia quer repatriar polacos e seus descendentes

O governo da Polônia quer lançar um projeto para tentar trazer para casa as centenas de milhares de polacos que moram em outros países, plano que contrasta com a rejeição em receber refugiados, conforme o sistema de cotas proposto pela Comissão Europeia (CE, órgão executivo da União Europeia).

Cerca de 20 milhões de pessoas formam a diáspora polaca, apesar de apenas um terço ter nascido na Polônia. A maior parte é descendente de polacos que deixaram o país nos últimos 150 anos por causa de guerras e outros problemas similares, mas também por questões econômicas.
Exemplo recente é emigração de perto de 1 milhão de cidadãos polacos para Reino Unido e República da Irlanda. Os imigrantes polacos representam 3% da população na Irlanda. Já no Reino Unido, o polaco é a segunda língua mais falada depois do inglês, como consequência da avalanche de trabalhadores da Polônia que chegaram ao país depois do ex-primeiro-ministro Tony Blair (1997-2007) ter aberto o mercado de trabalho para os cidadãos do leste da União Europeia.


O novo presidente polaco, o nacionalista-ultraconservador Andrzej Duda, insiste que é preciso fazer com que esses emigrantes retornem. Ele afirma que eles trarão experiência, novos conhecimentos e novas famílias, algo necessário em um país que enfrenta baixos índices de natalidade e um envelhecimento progressivo da população.
Andrzej Duda
Mas o plano de Duda vai mais longe e busca melhorar a imagem da Polônia no exterior, devolver às raízes do país os que o deixaram, através do reforço do ensino do polaco, além de fornecer incentivos para aqueles que quiserem voltar para casa. "Temos consciência de que muitos de nossos compatriotas em outros países já perderam a nossa nacionalidade, falam outra língua e não conhecem nosso idioma", disse recentemente o ministro das Relações Exteriores da Polônia, Grzegorz Schetyna.
O ministro, que anunciou programas para colaborar com os países onde vive a maior parte dos polacos no exterior, reconheceu também que inicialmente a aproximação deverá ser "na língua do local no qual eles residem".
Grzegorz Schetyna
Trata-se de um ambicioso plano para "reeducar" esses milhões de polacos ou descendentes distribuídos por países como Brasil, Argentina, Alemanha, Ucrânia, Reino Unido e Estados Unidos, onde cerca de dez milhões de pessoas declararam ter origem polaca.
"Não me parece algo fácil, já que na Polônia os salários são muito baixos e quase não dispomos de auxílios sociais. Existem mais oportunidades fora", Anna Przewoska, polaca que mora há seis meses em Londres.
A fuga de profissionais que afeta o país nos últimos anos se soma aos baixíssimos índices de natalidade, o que projeta um panorama desolador para o ano de 2060, no qual, segundo o Eurostat, a Polônia poderia perder 18,3% de seus habitantes, com mais de um terço de toda população acima dos 65 anos.
O número de polacos com menos de 15 anos caiu 40% durante os últimos 23 anos, enquanto a população com mais de 65 anos cresceu cerca de 50%. "Sobretudo desde que entramos na União Europeia (2004) é notável a mudança de tendência na Polônia, especialmente nas regiões urbanas, onde os casais cada vez se casam mais tarde e, em muitos casos, têm apenas um filho ou nenhum, algo impensável há 20 anos", disse a socióloga Małgosia Woś.

Estátua do Santo João Paulo II na cidade de Częstochowa 
Uma das razões pelas quais muitos polacos migraram para o Reino Unido são as ajudas por filho, o que faz com que a taxa de natalidade entre as mulheres polacas seja maior no território britânico do que no país de origem.
No início desse ano, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, anunciou que irá propor novas normas à UE com o objetivo de limitar o acesso dos imigrantes aos benefícios sociais oferecidos pelo governo britânico.
Ele citou os polacos como exemplo de abuso de generosidade do sistema. O plano do governo polaco para trazer de volta os emigrantes contrasta com a rejeição à proposta da CE de estabelecer cotas para dividir os refugiados nos países do bloco.
Segundo o projeto, a Polônia deveria aceitar os pedidos de asilo de 2.659 eritreus e 40.000 sírios que chegaram à Itália e à Grécia, além de outros 962 refugiados procedentes de acampamentos de fora da União Europeia.
O número de imigrantes ilegais que ingressou em território polaco chegou na primeira metade do ano a 2.900, quase o dobro que no mesmo período de 2014, mas muito abaixo do registrado em Itália, Grécia e Hungria.
A maior parte deles não tem intenção de permanecer na Polônia, mas fixar residência em países da Europa Ocidental.

Fonte: Agência de notícias EFE

Ana Cristina Panek expõe na Polônia: “UM OLHAR”

O Centro de Cultura Judaica - CCJ - em Cracóvia, na Polônia, receberá a exposição fotográfica a partir do dia 17 de setembro.


Filha de polacos - o pai foi herói do Levante de Varsóvia e a mãe fez uma carreira científica internacional - que vieram para o Brasil para fugir dos horrores da Guerra, Ana Cristina Panek, ou “Ania”, como assina em suas fotos, nasceu com um instinto de observação cheio de peculiaridades.


“A formação de Ania como cientista fez dela um observador arguto, capaz de encontrar nos objetos e nas formas mais simples da vida cotidiana, imagens que prendem a atenção”, conta o curador da exposição Pedro Soares de Araújo.
O enfoque no rosto e no torso de pessoas passou a refletir o interesse da artista naqueles que trazem marcas evidentes da vida. “A fotografia é um paradoxo, um conflito. Vejo a beleza e também o lado obscuro das coisas. Quando fotografo surge uma relação íntima com aquilo que amo e que o tempo irá levar embora. É a beleza colorida da tristeza”, explica.
A exposição é composta por 25 quadros que revelam ao público o seu modo de ver e a emoção a isto associada. “Verifiquei que nos anos de 2009 a 2011, Ania fotografou a família de todas as formas e ângulos possíveis. Já em 2013 passou a concentrar a sua atenção em detalhes ou pedaços peculiares das coisas a sua volta”, completa seu curador.


Exposição “Um Olhar” – Ana Cristina Panek
Quando: 17/09 até 27/10, às 19h.
Onde: CCJ – Centro de Cultura Judaica de Cracóvia – Polônia.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Trem de ouro nazista encontrado na Polônia?

O trem de ouro pode ter sido encontrado na Colina de Sowich - Foto: Mieczysław Michalak 
Um trem nazista que estaria carregado com ouro, pedras preciosas e armas teria sido encontrado na Polônia.
Segundo a imprensa polaca, dois homens alegaram ter achado a "relíquia" que teria desaparecido ainda durante a Segunda Guerra Mundial.
O trem teria sumido em um local próximo ao que hoje é a cidade de Wrocław quando forças da União Soviética se aproximaram em 1945.
Os homens que encontraram o trem entraram em contato com um escritório de advocacia polaca para comunicar o achado. Os dois pedem "apenas" uma recompensa equivalente a 10% do valor do carregamento.


Portais de Internet polacos afirmam que a descrição do trem que teria sido encontrado corresponde à do comboio mencionado em relatos folclóricos da região que dizem que o trem era usado para transportar ouro e pedras preciosas e teria desaparecido no fim da guerra, próximo ao castelo Ksiąz.
O escritório de advocacia contatado pelos homens fica em Wałbrzych, a 3 km desse castelo. "Advogados, o exército, a polícia, e a brigada de incêndio estão cuidando disso", disse Marika Tokarska, representante do conselho distrital de Wałbrzych.
"Aquela área nunca foi escavada antes e não sabemos o que podemos encontrar." Dois websites de Wałbrzych dizem que o trem tinha instalado guaritas de onde soldados armados podiam defender o comboio.
Segundo o walbrzych24.com, um dos homens que alegam ter encontrado o trem era polaco e o outro era alemão.
Ainda de acordo com o portal, eles teriam comunicado as autoridades locais que formaram um comitê emergencial liderado pelo prefeito para investigar as alegações.
Outro site, o Wiadomości Wałbrzyskie, disse que a composição teria 150 metros de comprimento e carregaria 300 toneladas de ouro.
Joanna Lamparska, uma estudiosa da história de Wałbrzych, disse à Rádio Wrocław que havia rumores de que o trem teria desaparecido em um túnel e que transportava ouro e material perigoso à bordo.
A rádio acrescenta que pesquisas anteriores feitas na mesma área para encontrar o trem não foram bem-sucedidas.
Já o maior jornal do país, o Gazeta Wyborcza, publicou fotos dos túneis onde poderia estar o trem de ouro e em manchete pergunta e não afirma se realmente o tesouro foi encontrado: Odkryto hitlerowski złoty pociąg? (Descoberto trem de ouro de Hitler?)

Foto: Mieczysław Michalak 

sábado, 15 de agosto de 2015

Częstochowa: maior peregrinação a pé do mundo


A Polônia está na estrada desde maio para as peregrinações ao Santuário de Jasna Góra (pronuncia-se iásna gura - Monte Claro).
A culminação das caminhadas acontece de hoje 15 de agosto a 26 de agosto - dia de Nossa Senhora de Częstochowa (pronuncia-se Tchenstórróva), ou da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria.


As paróquias organizam os grupos de peregrinos que ao longo do percurso de 30 km diários de caminhada são recebidos para pernoite por fiéis de paróquias das cidades seguintes, na direção da cidade de Częstochowa. Dia seguinte, os anfitriões que receberam os fiéis das cidades anteriores, seguem junto com os visitantes para o destino comum: Częstochowa. Nesta cidade está guardado o quadro da Czarna Madona - Nossa Senhora Negra, a Rainha da Polônia.
Neste 15 de agosto junto com 164 grupos de peregrinos de diversas cidades dos quatro cantos da Polônia, tradicionalmente, chegam os batalhões de soldados do exército, aos milhares.


Dependendo da distância das paróquias de origem, estes grupos de peregrinos católicos (95% da população do país se declara católica apostólica romana) percorreram entre 30 km a mil quilômetros a pé.
Apenas como exemplo da quantidade de peregrinos:
de Varsóvia já chegaram hoje, 5 grupos de peregrinos dos 304 que chegaram e ainda vão chegar até o dia 26 de agosto: primeiro grupo 5600 pessoas, segundo grupo 3700 pessoas, terceiro grupo 1600 pessoas, quarto grupo (de deficientes físicos em cadeiras de rodas) 638, quinto grupo com 420 pessoas.
Também chegaram 88 grupos de peregrinos que vieram de bicicleta com 5 mil pessoas.

Nos últimos dias, os grupos mais numerosos de peregrinos que chegaram, vieram das cidades de Cracóvia (35 grupos com 8500 pessoas), de Radom (37 grupos com 6300 pessoas) de Varsóvia (5 grupos com 5600) pessoas.
Os caminhos mais longos percorridos foram de 31 grupos de peregrinos de Lukecin (640 km em 20 dias de caminhada) e Świnoujście (621 km em 19 dias); 34 grupos que partindo de Hel andaram 634 km em 19 dias (Hel fica numa estreita península do Mar Báltico); 33 grupos de Ustka, incluindo pessoas de Koszalin e Kołobrzeg que percorreram a pé 630 km em 19 dias.
E os 23 grupos de Suwałki e Gołdap que fizeram 493 km. Os peregrinos de Ełcka percorreram 559 km em 17 dias.


Interprograma sobre Częstochowa produzido para TV Educativa do Paraná (É-Paraná) em 2010.



sexta-feira, 7 de agosto de 2015

"Semo polaco non semo fraco" há 7 anos em cartaz


“Semo Polaco Non Semo Fraco” está há sete anos arrancando risos e gargalhadas nos teatros de Curitiba e Araucária.
Desta vez a comédia inspirada na cultura polaca, apresenta o personagem Isidório Duppa envolvido com uma garota de programa.
Perseguido por Trambolhão, o leão-de-chacara, Isidório sai pelo mundo contando sua história.
Direção de Juscelino Zilio, texto de Gláucio Karas.
Elenco: Ademar Volpi, Edy Nascimento, Gláucio Karas, Juscelino Zilio e William Barbier.
De 07 a 29 de agosto, às 21 horas, Teatro Barracão, Rua 13 de maio, 160, Curitiba.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Andrzej Duda toma posse como Presidente da Polônia


O presidente eleito da Polônia, o conservador e nacionalista Andrzej Duda, tomou posse nesta quinta-feira de seu cargo, respaldado pelo principal partido da oposição na Polônia, PiS - Direito e Justiça, após sua vitória nas eleições presidenciais realizadas no último mês de maio.
Duda, sexto presidente da Polônia desde a queda do comunismo em 1989, se dirigiu em uma sessão conjunta ao parlamento e ao Senado em discurso no qual defendeu uma maior presença da OTAN na Europa Oriental e pediu mudanças na política externa polaca. "Mas mudanças que não representem uma revolução", esclareceu.


Em sua mensagem, Andrzej Duda (pronuncia-se ándjei dúda), de 43 anos, também defendeu "reforçar" a posição da Polônia na União Europeia e o fortalecimento do exército.
O país centro-europeu realizará eleições generais no próximo mês de outubro, para as quais as últimas pesquisas apontam que o Partido da Plataforma Cívica / PO - Plataforma Obywatelstwa) poderia perder sua hegemonia e passar o bastão ao PiS, após oito anos de governo.
Na Polônia, é o primeiro-ministro quem controla o governo, enquanto o presidente exerce sua influência como chefe de Estado, das forças armadas e principal responsável em política externa, além de dispor da faculdade de propor e vetar leis.


sábado, 25 de julho de 2015

As mais saborosas sopas polacas

Łódź, 1964 - Foto: Miroslaw Stankiewicz / Forum
Os polacos são apaixonados por sopas. A maioria delas são originárias de um passado distante: algumas sequer foram mencionadas em livros de receitas antigas francesas, como as publicações de Escoffier ou Ali-Bab.
Em casas de famílias e restaurantes de comida caseira servem sopas em sua versão rural tradicional.
Elas são servidas com carne (às vezes com vegetais apenas) caldo de carne, pedaços de carne, salsichas, vegetais, ovos cozidos, macarrão ou cereais e contrastam com os cremes "veloutés" ou "Moulines" mais comuns no sul da Europa.
Alguns chefs renomados, como por exemplo Wojciech Modest Amaro, cujo restaurante recebeu a primeira estrela Michelin na Polônia, transforma sopas tradicionais em pratos modernistas.

Żurek
Żurek - foto: Katarzyna Klich / East News
É um sopa azeda de centeio (Żur, Żurek - pronuncia-se jur, júrék).
Mais especificamente, ela é um fermentado de farinha de centeio. É uma das sopas da moda mais surpreendentes, mais saborosas e mais antigas na Polônia.
O Żurek, onipresente, é preparado em inúmeras variações regionais. É a comida típica polaca da zona rural, que independentemente da profissão e do status social é consumida quase o ano todo.
A acidez do centeio, ou o azedo, vem de uma mistura de líquido fermentado naturalmente de água, com temperos e a farinha de centeio.
O fermentado pode ser comprado em garrafas em mercados, mas é fácil de fazer em casa.
Coloque a farinha de centeio em uma jarra grande, misture com água, especiarias e cubra com um pano limpo que permita o acesso de ar fresco. Depois de algum tempo, está pronto para ser usado.
Durante o processo de fervura, a sopa irá engrossar um pouco devido à farinha. O que os polacos adicionam à sopa depende de velhos hábitos, e irá variar de acordo com a região do país: alguns usam bacon defumado, carne, purê de batatas, ovos cozidos, cogumelos secos ou em conserva, mas também usam uma saborosa linguiça de porco, aromatizada e chamada de "salsicha branca" (kiełbasa biała).
Tradicionalmente esta sopa é servida na Páscoa. A versão vegetariana é frequentemente servida na vigília de Natal: esta é preparada com cogumelos secos da floresta, e por vezes, com rábano, batatas e ovos.
Existe uma famosa variação, o barszcz biały (sopa azeda branca), que é muito semelhante ao Żurek, mas que usa farinha de trigo fermentada ou zalewajka (e não de centeio). Ela é uma especialidade regional bem comum na zona central da Polônia.

Barszcz czerwony
(Sopa azeda vermelha, ou consomê de beterraba vermelha)
Sopa de beterraba azeda - Foto: Katarzyna Klich / East News
A beterraba é consumida durante todo o ano na Polônia, porque é reconhecida por ser saborosa e saudável.
Sopa de beterraba, chamado de "barszcz vermelha" é a preparação mais comum da beterraba no país.
Existem inúmeras variações da mesma. O barszcz (pronuncia-se bár-ch-tchde todos os dias, geralmente é servido com batatas, feijão cozido ou ovos cozidos.
Em festas e casamentos, ela é acompanhada por vários tipos de pequenos bolinhos salgados (kulebiaki, kapuśniaczki).
O barszcz tradicional consiste de um líquido fermentado que tem de ser preparado com dias de antecedência. 
Ele é feito de beterraba crua que se tornam ácidas naturalmente graças à fermentação em água e sal com alho e outras especiarias.
O tal líquido (zakwas) não é usado só para barczcz, mas pode ser tomado como uma bebida saudável.
O ponto alto do consumo do barszcz na Polônia é na vigília de Natal em sua versão vegetariana tradicional. Pois, não é apenas uma simples sopa, mas um dos símbolos da culinária polaca Natalina.
É servido com pequenos pierogi (pastelzinhos recheados, ou raviolis para os italianos) recheados com uma preparação de bolotas secas com cebola frita chamadas de "uszka" em idioma polaco, que literalmente significa "pequenas orelhas". 
O barszcz com pequenos pierogi também é servido em restaurantes caros durante todo o ano.
Os primeiros registros da existência do barszcz datam do início do século dezesseis (anos 1500).
No verão, os polacos desfrutam também da botwinka, que é o nome para uma sopa feita de beterrabas jovens com suas raízes, caules e folhas.

Uma receita
Ingredientes
- 2 litros de caldo de osso buco e legumes (cenoura, salsinha, cebolinha, aipo, alho porró, caldo de legumes)
- 2 maçãs
- 2 cenouras
- 800 gramas de beterraba
- 2 cebolas
- 2 dentes de alho
- 2 folhas de louro
- 2 a 4 cogumelos secos
- 5 grãos de pimenta do reino
- 5 grãos de pimenta da Jamaica
-  suco de um limão
- e salsinha picada

Modo de fazer
Cortar a beterraba descascada em pedaços médios. Adicionar no caldo, junto com os outros ingredientes e cozinhar por 1 hora e meia.
Adicionar mais água se necessário.
Passar na peneira. Colocar na sopeira de porcelana e juntar salsa picadinha. Servir com ovos cozidos, capeletti, ou pierogi recheados com carne.

Zupa Ogórkowa
Sopa do pepino (ogórkowa) - Foto: http://www.dobrzejemy.pl
A sopa de pepino azedo é feita com pepinos desfiados ou picados e pode ser considerada também como uma sopa tipicamente polaca, pois ela é onipresente na culinária diária.
Pepinos azedos são milernamente comuns na Polônia. São preparados de maneira semelhante ao chucrute (os invasores alemães da Polônia, através dos séculos, devem ter aprendido com os polacos como fazer ogórek kiszony), beterraba e farinha de centeio.
Eles fermentam em salmoura com especiarias, endro e alho. As bactérias naturais Lactobacillus cobrem a pele dos pepinos geralmente no verão, permitindo-lhes assim, fermentar.
Batatas ou arroz, endro picado são adicionados a sopa. O líquido produzido durante a fermentação é rica em vitaminas e minerais e pode ser bebido como um remédio para ressaca.

Chłodnik Litewski
Sopa gelada lituana
Chłodnik Litewski - Foto: Marianna Osko / East News
Esta é uma sopa rosa antiga, mas extraordinariamente vívida que é comumente consumida durante o verão.
Ela é feita de beterrabas jovens, com suas folhas e caules, mais leite azedo (ou kefir), suco de beterraba azeda (zakwas), endro e cebolinha fresca picada, pepino picado e ovos cozidos.
Um século atrás, a sopa ainda era servida com caudas de lagostins e carne de vitela, mas isso hoje em dia é um luxo.
A sopa é chamada de "lituana", porque ela se originou no território lituano (Polônia e Lituânia uniram-se inicialmente como reino no fim do século quatorze e em 1530 como a República das Duas Nações - sendo a primeira república no mundo pós-renascimento).
As receitas tradicionais aconselham adicionar muito creme de leite fresco que, hoje em dia, pode parecer excessivo por causa do teor de gordura e calorias. Alguns cozinheiros adicionam rabanetes e pepinos picados.
Hoje em dia o acompanhamento mais popular para a sopa é ovos cozidos ou batatas.

Kapuśniak
Sopa de repolho azedo
Kapuśniak - Foto: Lubomir Lipov / East News
Esta sopa rústica é feita com repolho azedo (repolho fermentado) com bacon defumado, costelas, linguiça, batata e especiarias como folhas de louro, pimenta, páprica doce; alguns também adicionar um pouco de pasta de tomate.
Há versões da sopa que usam uma mistura de repolho azedo com repolho fresco no verão, ou apenas couve branca.
Por séculos o repolho tem sido um dos suportes da dieta da Polônia.
No outono e inverno, a sopa de repolho é frequentemente preparada com um caldo feito de bacon ou costelas defumadas.
Ela está disponível em qualquer restaurante de comida tradicional polaca. No sul da Polônia, há uma versão chamada "kwaśnica" que tem uma longa história na zona rural.
Esta versão local era tradicionalmente servida após o abate de um porco.

Uma receita
Ingredientes
- 2 kg de repolho azedo (chucrutes)
- 2 joelhos de porco
- 2 kg de batatas
- 250 gr de margarina
- 4 colheres de sopa de farinha de trigo
- 500 gr de tomates louro, sal, pimenta do reino e da Jamaica

Modo de fazer
Cozinhar o joelho de porco aproximadamente uma hora. Após, colocar o repolho azedo, tomate cortado (sem pele), sal, pimenta, louro e cozinhar até ficar mole. Neste meio tempo, cozinhar as batatas com sal em panela separada. Misturar tudo. Adicionar a farinha de trigo com a margarina e colocar na sopa, dando uma fervida.
(esta porção dá para 10 pessoas)


Zupa owocowa
Sopa de frutas
Sopa de fruta - Foto: Maike Jessen / East News
Por mais estranho que possa parecer aos estrangeiros, nas famílias tradicionais e nas escolas, as pessoas comem sopas de frutas, no verão como prato principal. Elas são servidas com macarrão ou croutons.
Quando é época, os morangos, framboesas ou mirtilos são baratos na Polônia. As pessoas geralmente compram em sacos e os consumem em grandes quantidades.
No entanto, as sopas de frutas parecem estar um pouco esquecidas atualmente, já que agora há uma ampla variedade de pratos da culinária mais acessíveis.

Rosół
Caldo de três carnes
Rosół - Foto: East News
Os polacos costumam se servir de um caldo de carne como prato de entrada no seu jantar de domingo.
A versão simples geralmente exige um tipo de carne. A versão tradicional usa três ou ainda mais tipos de carnes, como frango, vitela e carne, que são cozidos juntos por várias horas, com legumes, especiarias e ervas. É servido com macarrão de vários formatos, ou bolinhos de Kluski (gnocchi ou nhoqui).

Krupnik
Sopa de cevada
Sopa de cevada (Krupnik) - Foto: Andrzej Zygmuntowicz
Durante os invernos rigorosos polacos, as sopas grossas com grumos de cevada ou de outros grãos são um excelente remédio contra resfriado.
O "Krupnik" é uma sopa tradicionalmente feita com grumos (grânulo; pequeno coágulo; caroço) de cevada, e vem da palavra "krupy", ou seja, mingau.
No entanto, muitas pessoas usam vários tipos de grumos e carnes.
O Krupnik também é uma boa opção saudável para os vegetarianos no inverno. Em oposição ao azedo (ácido) da sopa de centeio, beterraba ou pepino, o Krupnik não é ácido. Muitas vezes, é servido às crianças. Em idioma polaco, a palavra "Krupnik" tem outro significado também.
Ele também é um tipo de doce de vodka com mel e ervas, que você pode encontrada em qualquer loja de bebidas polaca, preparada através de fórmula tradicional polaca.

Czarnina
Sopa de sangue de pato
Czernina (ou czarnina) - Foto: Andrzej Zygmuntowocz
Num passado não tão distante, a Polônia era um país multicultural. Algumas especialidades regionais sobreviveram, apesar das mudanças históricas.
A czernina (ou czarnina - pronuncia-se Tcharnína) é uma sopa feita de sangue de pato e caldo de aves com especiarias, frutas secas, macarrão fino ou pequenos bolinhos de massa.
Durante o século 19, a sopa tinha um significado cultural, pois era servida aos jovens que pediam a mão de sua pretendida, depois que os pais dela rejeitavam sua proposta.
Ela ainda é uma especialidade na região da Kaszubia e Wielkopolska (Grande Polônia - no Norte e Oeste do país).

Wodzionka
Sopa de pão velho

É uma sopa da região da Silésia (Sul da Polônia) feita de pão velho, com muita água e gordura. É preparada por imersão em água fervente do pão junto com alho, pimenta, folhas de louro e outros temperos, bacon, banha ou manteiga. É servido com batatas.

E mais uma ... Flaki!
Sopa de tripas
Flaki - Foto: Andrzej Zygmuntowicz
Para um convidado desavisado de um jantar a tigela de flaki pode parecer uma sopa de macarrão grosso, mas na verdade, são tiras de bucho servido em caldo com sabor de manjerona. O prato segundo rumores era um  dos favoritos do rei Władysław Jagiełło.

Texto: Magdalena Kasprzyk-Chevriaux
Tradução para o português: Ulisses Iarochinski


P.S.1 A Madzia acabou não comentando sobre a melhor das sopas polacas...a mais saborosa e a mais característica, que é a minha preferida, e principalmente se for servida dentro de uma broa, ou pão caipira polaco: Zupa grzybowa. Assim anexo, apresento uma receita bastante saborosa:

Zupa grzybowa z suszonych grzybów
Sopa de cogumelos secos
Zupa z grzybamy do restaurante Chłopskie Jadło de Cracóvia - Foto: Ulisses Iarochinski
Ingredientes
- 3 cogumelos secos - do tipo borowik (bem vistosos)
- costeletas de porco
- cenoura
- salsa
- aipo
- pimenta
- sal
- 3 colheres de sopa de manteiga
- uma cebola
- folha de louro
- pimenta da Jamaica

Modo de preparar
Colocar as costeletas enxaguadas em uma panela e em seguida a água para cozinhar. Em seguida, adicione um pouco de sal à água, jogue a folha de louro e 2 a 3 grãos da pimenta da Jamaica.
Agora vamos deixar a sopa para cozinhar por aproximadamente 10 minutos sob a tampa.
Enquanto isso, descasque e corte as cenouras, salsa, aipo e depois coloque os legumes na panela da sopa. Se você quer que sua sopa com cogumelos seja mais nutritiva, adicione as batatas descascadas e cortadas.
Agora deixe ferver os cogumelos durante cerca de 15 minutos. Este é o momento certo para preparar os cogumelos. Os cogumelos devem ser cortados em fatias e fritos na manteiga com cebola picada e, só depois, adicione-os à sopa que está sendo preparada. Deste ponto em diante, cozinhe por mais 10 minutos.
Para servir corte a broa no alto, como se estivesse recortando uma tampa....retire parte do miolo e preencha com a sopa preparada.

P.S 2 - As receitas do barszcz e do Kapuśniak também foram acrescentadas por mim, ao texto da Madzia.

Os vários tipos de cogumelos encontrados nas feiras livres (de rua) da Polônia. São tantas as cores e formatos, que faria inveja aos descendentes de japoneses e suas culturas em Cotia-SP...pois lá não existem apenas shitakis.


Diferentes cogumelos na Feira livre em Varsóvia

terça-feira, 7 de julho de 2015

A culpa da crise grega é militarismo

Texto: Finian Cunningham
Strategic Culture Foundation



Se a história do militarismo na Grécia tiver algo a ensinar, uma crise da dívida ao estilo grego aguarda os países bálticos, a Polônia e a Escandinávia.

Uma consequência importante do conflito na Ucrânia e do crescente clima de confronto entre o Ocidente e a Rússia é o aumento dramático dos gastos militares em vários países europeus.

A militarização sem precedentes de muitas economias da Europa é o prenúncio de um futuro desastroso e dívidas impagáveis, à moda grega, para esses países. Em maior risco de uma ressaca por excesso de gastos militares nos próximos anos estão os Estados bálticos, a Polônia e os países escandinavos.

Este cenário pode de fato explicar por que Washington e seus aliados mais próximos da OTAN embarcaram no que parece ser um confronto geopolítico imprudente com a Rússia.
A tensão alimentada – principalmente por Washington – pela suposta ameaça russa leva, por sua vez, à lucrativa venda de armas ao Pentágono e seu complexo militar-industrial.

O Secretário Geral da OTAN Jens Stoltenberg garantiu recentemente que a aliança militar liderada pelos Estados Unidos "não seria arrastada para uma corrida armamentista com a Rússia". Mas é exatamente o que parece estar em curso, pelo menos entre os membros ou parceiros da OTAN do Leste europeu e da Escandinávia.

A agenda de confronto – articulada com particular veemência por Washington – não é tanto para instigar uma guerra total entre a OTAN e a Rússia.
O ex-embaixador americano na Rússia Michael McFaul afirmou na semana passada que "só um tolo invadiria a Rússia". Esta afirmação pode dar a medida exata dos cálculos de Washington.
Apesar da atual postura militar agressiva liderada pelos Estados Unidos contra a Rússia, o objetivo real pode não ser, na verdade, uma guerra com Moscou, mas a criação de um clima de medo e insegurança em relação a uma suposta ameaça russa para impulsionar os gastos militares dos membros da OTAN já mencionados.
Em seu último relatório sobre gastos militares na Europa, o Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) observa: "A crise política e militar na Ucrânia levou a uma importante reavaliação das percepções de ameaças e das estratégias militares em grande parte da Europa. O aumento da percepção de ameaça elevou os gastos militares na Europa, levando à renovação por membros da OTAN do compromisso em destinar pelo menos 2% do seu PIB a este setor".

Entre os crescentes orçamentos militares para 2015, em comparação com o ano anterior, estão: República Tcheca (3,7%), Estônia (7,3%), Letônia (15%), Lituânia (50%), Noruega (5,6%), Polônia (20%), Romênia (4,9%), Eslováquia (7%), e Suécia, que não é membro da OTAN (5,3%).

Sintomaticamente, a maioria dos membros da OTAN da Europa ocidental está reduzindo ou congelando suas despesas militares. É o caso da Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Portugal, Dinamarca e Espanha.

Entre os que aumentaram seus gastos militares, a Polônia tem a maior despesa, de cerca 35 bilhões de dólares até 2022.
Em comparação, os Estados bálticos da Lituânia, Letônia e Estônia têm gastos muito menores em termos absolutos. Mas o que importa aqui é o gasto em relação a economias bem menores.

Como nota o relatório do SIPRI: "Em médio e longo prazo, o aumento de 80% ou mais em gastos militares, exigido por alguns Estados membros para atingir a meta de 2%, não tem precedentes entre os membros da OTAN em tempos de paz. Desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953), a tendência dos orçamentos militares de quase todos os membros da OTAN, em termos de percentagem do PIB, tem sido de baixa ou estável, mesmo nos períodos de maior tensão com a União Soviética”.

Os Estados Unidos, o maior exportador mundial de armas, tem muito a ganhar com o crescimento dos orçamentos e a ampliação do mercado europeu, através da venda de sistemas de mísseis, tanques, navios de guerra e aviões de combate. O bônus adicional para o FMI (dominado por Washington) é que, se o aumento das despesas militares levar ao endividamento destes países, sua futura fragilidade econômica permitirá a expropriação destas economias através de políticas de austeridade em benefício do capital financeiro global. O processo não é muito diferente do que ocorreu com a Grécia.

No dilúvio de reportagens da mídia ocidental sobre a crise da dívida grega, um aspecto fundamental continua estranhamente escondido: o fato de que grande parte do peso da dívida da Grécia, de 320 bilhões de dólares, é resultado de décadas de militarismo exorbitante. Algumas estimativas atribuem quase metade do total da dívida – mais de 150 bilhões de dólares – a gastos militares.

Antes do início da atual crise da dívida, em 2010, a Grécia alocava cerca de 7% do seu PIB em despesas militares, enquanto muitos outros países europeus destinavam ao setor cerca de 2% do PIB.
Mesmo agora, cinco anos após o colapso econômico, a Grécia ainda é o país com maior gasto militar na União Europeia – com 2.2% do PIB. Dos 28 membros da aliança militar da OTAN, a Grécia é o país com maior gasto proporcionalmente, depois apenas dos Estados Unidos, que destinam cerca de 3,8% do PIB às despesas militares.

O governo grego de Alexis Tsipras e os credores institucionais entre a União Europeia, Banco Central Europeu e do FMI têm cuidadosamente ignorado uma opção óbvia para ajudar a equilibrar as contas da Grécia: um corte importante no investimento militar.

Se a Grécia reduzisse seu gasto militar pela metade, para cerca de 1% do PIB, mesma fatia destinada ao setor pela Itália, Bélgica, Espanha ou Alemanha, haveria uma economia de dois bilhões de dólares, o que atenderia às demandas imediatas do FMI e poderia atenuar as drásticas medidas de austeridade exigida pela Troika.

Mas há um bom motivo para que a Troika venha ignorando essa opção. A extravagância militar da Grécia dos últimos anos tem sido uma mina de ouro para a indústria de armas alemã, francesa e americana. Dos 150 bilhões de dólares em despesa militar da Grécia até 2010, 25% foram para a Alemanha, 13% para a França e 42% para os EUA, de acordo com dados do SIPRI.

Não é por acaso que os maiores credores institucionais da Grécia são os governos alemão e francês – aos dois juntos, a Grécia deve 100 bilhões de dólares. Grande parte do capital emprestado por estes países foi, em seguida, aplicado na compra de armas alemãs e francesas, como tanques Leopard e caças Mirage, além de F-16 americanos.

Em entrevista ao The Guardian, em abril de 2012, o parlamentar grego Dimitris Papadimoulis acusou Berlim e Paris de hipocrisia: "Bem depois do início da crise econômica (em 2010), Alemanha e França tentavam selar acordos lucrativos de vendas de armas enquanto nos pressionavam a fazer severos cortes em áreas como a saúde”.

Assim, Berlim e Paris inflacionavam intencionalmente a dívida da Grécia, um grande mercado para suas indústrias de defesa. Essa roda financeira também girava com a força da corrupção.
Em outubro de 2013, Akis Tsochatsopoulous, ex-ministro da defesa da Grécia no governo PASOK, foi condenado a 20 anos de prisão por participação em um caso de suborno de 75 milhões de dólares envolvendo dezenas de outros membros do governo.
A empresa alemã Ferrostaal também foi obrigada a pagar 150 milhões de dólares por seu papel no caso de contrabando de armas que, entre outras coisas, garantiu a venda de quatro submarinos da Class 214 para a Grécia, por cerca três bilhões de dólares.

O conveniente bicho-papão no cenário grego foi a Turquia, que invadiu o Chipre em 1975, e era retratada como uma ameaça permanente à segurança da Grécia. Washington, Berlim e Paris, junto com políticos corruptos em Atenas, davam ênfase à ameaça turca para pôr em marcha a máquina de empréstimos e compras militares. O triste fim desta história é a crise da dívida grega, que se desdobrou no estupro econômico do país, liderado pelo FMI e os poderosos da União Europeia, principalmente Berlim e Paris.

Outra ironia nesta tragédia grega moderna é que a alegada ameaça, tão enfatizada por Washington e seus aliados europeus, que levou à intensa militarização da Grécia, era um aliado da OTAN, a Turquia. O que será que aconteceu com o Artigo 5 do Tratado da OTAN, sobre segurança coletiva, durante todos esses anos de insegurança?

Como é fácil, então, para Washington e seus aliados da OTAN, apresentar a Rússia com os mesmos velhos estereótipos da Guerra Fria, como uma ameaça de segurança para a Europa Oriental e Escandinávia!

A julgar pelo aumento dos gastos militares por países da Europa do Leste e da Escandinávia, a estratégia está funcionando. O complexo industrial-militar dos EUA e seus homólogos alemães, franceses e britânicos têm bilhões de dólares a lucrar nos próximos anos com os menores membros da OTAN, que estão tola e convenientemente apavorados com o "fantasma russo".

Se a história do militarismo na Grécia tiver algo a ensinar, uma crise da dívida ao estilo grego aguarda os países bálticos, a Polônia e a Escandinávia.

Proteção da OTAN? O mais correto seria chamar de armação da OTAN.

Tradução de Clarisse Meireles