quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O Szara de Cracóvia, bar e restaurante

Foto: Ulisses Iarochinski
Szara Restauracja (Restaurante Cinza) está localizado em um dos maiores prédios do Rynek Główny (Praça do Mercado Central) nrº. 6, de Cracóvia.
O edifício é do século XIV, construído a partir da fusão de dois prédios residenciais separados.
Em fevereiro de 1574, Piotr e Samuel Zborowski realizaram uma cerimônia para a coroação do rei Henryk III Walezy (o francês Henrique III de Valois).
Nos anos de 1747-1772, viveu aqui Marcin Oracewicz, e em 1787, os Żeleński ofereceram jantar em homenagem ao rei Stanisław August Poniatowski (ultimo rei eleito da Polônia).
Desde a segunda metade do século XVI esteve na posse das famílias Zborowski e Zebrzydowski. No século XVIII pertenceu à família Żeleński. Na fachada do edifício há duas placas memoriais.
Uma informa que o herói de dois mundos (Polônia e Estados Unidos da América) o general Tadeusz Kościuszko residiu aqui durante a revolta de 1794 , e a segunda placa informa que foi sede do Governo Nacional durante o levante de Cracóvia em 1846.
Em 1853, o novo proprietário do prédio, Stanisław Feintuch, mudou seu sobrenome para Szarski e abriu no salão gótico, no piso térreo, uma loja e um armazém no quintal. Henryk Szarski, filho de Stanisław, nos anos 1907-1913 reformou e reconstruiu parte do edifício.


O interior da loja no térreo e os vitrais policrômicos foram projetados pelo artista Józef Mehoffer. Inicialmente a loja vendia de tudo: café, tijolos, pão, vernizes, mas com o tempo, a empresa evoluiu para uma loja colonial conhecida "Szarski e Filho" .
A “Szarski e Filho" começou a definhar durante a Segunda Guerra Mundial quando os alemães retiraram o frontispício do edifício. Nos três anos, que antecederam o jubileu do 100 º aniversário, em 1950, os proprietários Jan Szarski e Stanisław Szarski decidiram fechar a empresa por causa de impostos gigantescos, taxas nada razoáveis.
Antes da Segunda Guerra Mundial, o edifício foi também sede local do Partido Nacional e da Juventude Polaca. Em 2009, a policromia dos vitrais foi restaurada. O prédio manteve o portal colunar do século XVII, a policromia abóbada do teto gótico no térreo e nos pavimentos e também as vigas de madeira decoradas com policromia.
O edifício foi tombado pelo Registo de Monumentos de Cracóvia em 1936. Atualmente, a Szary Kamienica (Edifício cinza) é propriedade da Fundação "Grey House - Szara Kamienica", que foi criada no início dos anos 90, com vistas a abrigar um restaurante neste prédio histórico.
A Fundação realizou uma grande renovação do prédio. Ele abriga agora salas de escritório (por exemplo, o British Council ), residências e no piso térreo, além do restaurante Szary também boutiques no lado da rua (ul.) Sienna e um bar no porão.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A marcha pela vida de David Lorber Rolnik

Texto Blima R. Lorber

Eu, Blima, e meu irmão, Szyja, ficamos muito emocionados e surpresos com uma publicação que data de 22 de janeiro de 1940, de Genebra, feita pela JTA — Jewish Telegraph Agency — à qual tivemos acesso dias atrás, que relata a Marcha da Morte de Chełm, Polônia, realizada pelos nazistas em 1° de dezembro de 1939.
Esta fatídica marcha (de Chełm, Hrubieszów a Sokał e Belz na fronteira russa) custou a vida de muitos e teve poucos sobreviventes, entre eles, por milagre, nosso querido pai – David Lorber Rolnik Z’L. O texto divulgado naquela época pela JTA apresenta, com mínimas variações, o que nosso pai nos contou a respeito dessa terrível ação nazista.
A narrativa de David é um dos principais capítulos do livro “As catorze vidas de David — o menino que tinha nome de rei”, de autoria minha e de meu irmão, homenageando o homem maravilhoso que ele foi e que enfrentou tantos perigos sem nunca ter desistido da vida. A divulgação dos fatos já naquela época mostra que o mundo sabia o que estava ocorrendo, mas cruzou os braços diante da barbárie. Foram milhões de mortes antes que alguma ação fosse tomada para combater a loucura assassina da Alemanha nazista.
Meus agradecimentos a Aaron Bitterman, amigo e companheiro de pesquisas, por este precioso documento que será incluído na segunda edição do livro.
O livro "As catorze vidas de David - o menino que tinha nome de rei", para quem tiver interesse, e ainda não o leu, tem prefácio da Profa. Maria Luíza Tucci Carneiro e pode ser encontrado nas principais livrarias do país (Cultura, Saraiva, Curitiba, Martins Fontes, Sefer) ou nos seus respectivos endereços eletrônicos. Seguem o link do texto original e sua tradução.


1.900 judeus assassinados pelos nazistas em 4 dias de marcha até a fronteira soviética; 'revolta' é a versão da DnB.* 22 de janeiro de 1940 GENEBRA (21 de janeiro)

Detalhes completamente autênticos do massacre de um número de judeus estimado em 1.900 que viviam em Chełm e Hrubiaszów**, na província de Lublin, na Polônia ocupada pelos nazistas, próxima à fronteira soviética foram recebidos aqui hoje. O massacre ocorreu durante uma marcha forçada de quatro dias de milhares de judeus em direção ao rio Bug, que divide a Polônia entre os alemães e soviéticos naquele ponto.
A DNB, agência de notícias oficial alemã, emitiu apenas este relatório sobre o massacre: "Uma tentativa de revolta dos judeus nos distritos de Chełm e Hrubiaszów foi impiedosamente reprimida”. Os acontecimentos reais foram os seguintes: Na quinta-feira à noite, 30 de novembro, as autoridades nazistas em Chełm ordenaram que todos os judeus entre as idades de 15 e 60 comparecessem às 8h30 horas da manhã seguinte na praça do mercado, Praça Luczkowski, na rua principal, Lubelsulica.
Não foi dado qualquer motivo para esta ordem. Para assegurar o seu cumprimento, os nazistas fizeram reféns 20 judeus proeminentes. Muitos judeus, temendo o pior, fugiram na quinta-feira à noite e sexta pela manhã.
Mas, a maioria dos judeus apareceu no horário especificado. Quando cerca de 2.000 judeus estavam reunidos, foram cercados pela polícia auxiliar nazista, guarda de elite e um pequeno destacamento de soldados armados com metralhadoras. Um oficial da Gestapo se dirigiu a eles informando-os que os judeus de Chełm haviam sido condenados a ser privados de seus direitos civis e expulsos da cidade. Os judeus foram, então, ordenados a cantar canções judaicas e mantidos na praça até às 12:30.
Suas esposas, mães e irmãs que, entretanto, tinham se aglomerado nas ruas adjacentes, foram repetidamente dispersas pela polícia e muitas espancadas. Seus gritos de desespero para o retorno de seus entes queridos foram ignorados. Às 12:30, os judeus foram obrigados a se alinhar em formação militar. Foram cercados por soldados nazistas em caminhões e motocicletas e foram levados para fora da estrada em direção a Hrubieszów.
As mulheres foram proibidas de segui-los e as desobedientes rechaçadas. A poucos quilômetros de Chełm, perto de um hospital militar situado na floresta, a marcha foi interrompida e foi dito que 20 homens seriam executados. Vinte homens foram então escolhidos e levados para dentro da floresta, de onde logo foram ouvidos tiros, acompanhados de gritos. 600 corpos contados O resto do grupo foi, então, levado novamente a marchar em ritmo rápido. Aqueles que caiam de exaustão foram mortos a tiros no local.
Os corpos das pessoas executadas foram, mais tarde, encontrados espalhados ao longo da estrada. Dois camponeses polacos, contratados por uma mulher judia de Chełm para seguir o grupo e verificar o destino de seu marido, contaram mais de 600 corpos entre a floresta, onde a primeira execução ocorreu, e o município de Sialopol***, a 36 km de Chełm, na estrada para Hrubiaszów.
Na sexta-feira à noite, o restante do grupo de Chelm chegou a uma aldeia a dois quilômetros de Hrubieszów e foi obrigado a acampar no campo, que foi iluminado com holofotes para evitar qualquer fuga. Enquanto isso, os nazistas em Hrubieszów emitiram uma ordem semelhante aos homens judeus locais, com idades entre 15 e 60, a comparecer na manhã de sábado em um determinado lugar fora da cidade.
Sem saber do destino dos judeus de Chełm, mais de 2.000 judeus de Hrubieszów reuniram-se entre as sete e às nove horas na manhã de sábado. Quatrocentos foram libertados e foram orientados a voltar para casa. Os outros foram alinhados e informados de que haviam sido condenados à expulsão. Seus documentos e objetos de valor foram confiscados e informados que seriam levados para a fronteira soviética.
Às 9:30, os judeus remanescentes de Chełm chegaram e se juntaram a eles. Estimou-se que o grupo agora estava constituído de 1.100 judeus de Chełm e 850 de Hrubiaszów. Antes de serem levados, foram informados de que aqueles que retornassem seriam tratados como espiões e executados. Embora a fronteira fosse apenas a 4 km de distância, os nazistas levaram os judeus por uma rota alternativa, que abrange mais de 50 quilômetros, a prosseguir através de campos, bosques e pântanos de Hrubiaszów para Mieniany, Cuchoburze e Dolbyszów.
Execuções a cada 5 minutos A cada 5 minutos, os nazistas ordenavam aos que estavam cansados e incapazes de continuar para ficar de lado. Estes foram mortos a tiros e seus corpos deixados nos campos. Durante a marcha, os judeus não receberam comida ou bebida e aqueles que tentaram deixar a formação para pegar a água de valas foram executados a tiros.
Quando alcançaram Dolbyszów, os sobreviventes foram divididos em dois grupos, um de cerca de 550 e o outro com cerca de 400. Assim, 1.700 foram mortos entre Chełm e Hrubiaszów e entre Hrubiaszów e Dolbyszów. O maior grupo, o de 550, foi levado em direção à cidade de fronteira de Sokał, e o grupo de 400 para Belzy****.
Do menor grupo, apenas alguns foram mortos a tiros antes de alcançar a ponte sobre o rio Bug, mas do grupo maior 250 foram mortos a tiros. Assim, durante os quatro dias da marcha um total de 1.950 foram assassinados. Os dois grupos chegaram a Sokał e Belzy, respectivamente, na segunda-feira, 4 de dezembro.
Na ponte de Sokał, os 300 sobreviventes do grupo de 550 foram contados e informados de que se alguém não conseguisse atravessar o rio, ou sobre a ponte ou a nado, em 20 minutos seria baleado. Antes de cruzar, os judeus foram autorizados a ter uma refeição de pão seco e água trazida por cristãos de Sokał.
Ao chegar ao lado soviético, os judeus tiveram que esperar por três horas e depois foi lhes dada a decisão das autoridades soviéticas de que tinham de regressar ao território alemão. Apesar da resistência desesperada, foram levados pelos guardas soviéticos e entregues aos alemães.
Às 7 horas da noite, os judeus foram informados pelos nazistas que seriam mortos, a menos que cruzassem o rio novamente, a seu próprio risco, às 6 horas da manhã seguinte. Um número deles nadou e conseguiu entrar em território soviético sem ser detectado. Os demais foram presos pelas autoridades soviéticas, mas não foram enviados de volta.
Alguns encontraram refúgio nas aldeias vizinhas do lado alemão. Alguns morreram afogados na travessia do rio Os 400 levados a Belzy atravessaram para o território soviético, embora eles não tivessem sido admitidos no início. Um número de judeus, tanto em Sokał quanto em Belzy, afogou-se ao tentar nadar através do rio. Muitos dos que conseguiram a travessia foram levados para hospitais soviéticos, onde vários morreram.
Durante os quatro dias de marcha, aos judeus foi dado apenas um pão por dia para cada 30 homens. Uma média de um judeu a cada cinco minutos foi executado a tiros. Ouviu-se de um guarda nazista: "Eu mesmo já liquidei 76", e recebeu a resposta de outro guarda, "Eu só matei 63". Entre os assassinados estava Isaac Lewenfuss, 55 anos, que tinha sido o contador do Banco do Povo de Hrubiaszow.
Ele estava completamente exausto e incapaz de continuar depois de 15 km de Hrubiazów. Quando recebeu a ordem de se deitar, que foi a introdução para a execução, seu filho de 20 anos de idade, Mendel, ofereceu-se para morrer em seu lugar, mas a oferta foi recusada.
O jovem, em seguida, declarou: "Mate-me, juntamente com o meu pai". Um soldado da tropa de choque disse: "Oh, você está oferecendo-se para morrer. Muito bem, é muito bonito da sua parte”. Pai e filho foram, então, executados juntos enquanto se abraçavam. Entre outros executados estavam três membros da família Lewenstein, muito conhecida em Chełm.

Notas: * DNB - Deutsches Nachrichtenbüro, agência de notícias da Alemanha nazista. ** Hrubieszów – No relato de 1940 o nome da cidade às vezes aparece como sendo Hrubieszów e outras Hrubiaszów. O nome correto é Hrubieszów. *** Sialopol – Provavelemnte refere-se à cidade de Białopole. **** Belzy ou Belz (iídiche) – Cidadezinha (shtetl) que ganhou fama graças à canção popular judaica Mein Shtetale Belz.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O humor que faz sucesso na Polônia


Rafał i Leśniak com o personagem Jerzy da série animada para TV
Dois artistas do humor têm roubado a cena polaca. Seus desenhos e piadas são publicados no principal jornal do país, o Gazeta Wyborcza. As tiras ganharam as telas em animações bastante críticas do cotidiano polaco.
Polônia - Campeão polaco
da esquerda: Morrerias pela Pátria?
da direita: Preferia matar.

Rafał Skarżycki (à esquerda na foto) nascido em 28 de marco de 197 é o escritor e autor dos textos das tiras e histórias em quadrinhos.
Apesar da colaboração com outros cartunistas como Bogusław Polch, Przemysław Truściński, Jakub Rebelka e Ernesto Gonzales, a parceria com Tomasz Leśniak é que vem dando mais sucesso.
Seus textos são publicados em revistas infantis como "Świerszczyk" e "Teddy Bear". Em 2009 ele publicou seu primeiro romance "Teleznowela".

Polônia - Campeão polaco
da esquerda: Lês livros?
da direita: Prefiro queimar
Tomasz Leśniak nasceu em 19 de dezembro de 1977, em Varsóvia.
Leśniak é cartunista, animador e criador da história em quadrinhos, vencedor da competição Grand Prix de IFW 1999 pela uma série do ouriço Jerzy (Jorge). Graduou-se na Academia Européia de Artes Gráficas em Varsóvia.
Polônia - Campeão polaco
quadro da esquerda: Lembre-se, o sucesso tem sempre um grande pai
Menino na direita: e a derrota?
Homem: a mãe.

Polônia - Campeão polaco
da esquerda: Uma vodcazinha?
da direita: Cervejinha. Sou um vagão.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Anotações de João Paulo II viram livro


O cardeal Stanisław Dziwisz, que foi durante muito tempo o secretário pessoal do cardeal Karol Wojtyła e depois como papa João Paulo II está lançando mais um livro sobre o polaco que recolocou a Polônia no mapa do mundo.
Com o título de "Estou nas mãos de Deus. Anotações pessoais 1962-2003", pela editora Znak, o cardeal está contrariando o desejo do próprio pontífice. Pois esse era do desejo de Wojtyła.
O ex-secretário Dziwisz disse que queimou as cartas e muitas das anotações de João Paulo II, mas alegou que não teve "coragem" de destruir os escritos que lançavam luz sobre a alma do papa morto em 2005.
O livro será publicado, na Polônia, dia 5 de fevereiro e segundo Dziwicz, seria um "crime" obedecer à vontade do falecido papa e queimar aquelas anotações, mesmo que em seu testamento, o Papa polaco houvesse pedido que fossem queimados seus apontamentos pessoais.
"As anotações e a correspondência que se deviam queimar foram queimados, destruídos", informou o cardeal.
"O Papa revela aqui um fragmento de sua alma, de seu encontro, a contemplação, a devoção e ali reside o maior valor desta publicação", declarou o ex-secretário.
"Eu não tinha nenhuma dúvida. São coisas tão importantes, falando de espiritualidade, do homem, de um grande papa, que seria um crime destruir tudo isso", destacou.
A publicação do livro ocorre dois meses antes da canonização de João Paulo II, marcada para 27 de abril, no Vaticano. João Paulo II morreu às 21h37min do dia 2 de abril de 2005.
O Papa da Polônia será canonizado no mesmo dia que o Papa italiano João XXIII, que comandou a Igreja entre 1958 e 1963.
João Paulo II, primeiro e único Papa polaco da História será canonizado em um prazo recorde, apenas nove anos depois de sua morte. Seu sucessor, o papa Bento XVI optou por não levar em conta o prazo obrigatório de cinco anos para abrir a causa de beatificação (João Paulo II foi beatificado em maio de 2011) e de canonização de seu antecessor.
Stanisław Dziwisz é o autor de "Świadectwo" (Testemunho) livro lançado em 2007, que descreve as memórias da vida e obra de João Paulo II, com base na qual, em 2008, foi produzido filme de mesmo título.

Fonte: Associated Press e France Press.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Krauze promete estreia de "Smoleńsk" para abril


O cineasta polaco de 73 anos, Antoni Krauze (nascido em 04 janeiro de 1940 em Varsóvia). Krauze que também é roteirista fez vários longas e curtametragens ao longo de sua carreira.
Assim como Andrzej Wajda, Krzysztof Kieślowski, Roman Polanski e Krzysztof Zanussi estudou na Escola Superior de Cinema de Łódź (pronuncia-se uúdji e não lóds).
Começou sua carreira ainda na universidade do cinema da cidade polaca em em 1969 com o filme "Monidło". Antes tinha feito assistência de direção para Zanussi, em 1968, no "Struktura kryształu".
A última produção de Krauze, prevista para estrear no próximo mês de abril, deve levar milhares de polacos às salas de cinema. O filme "Smoleńsk", sobre o acidente com o Tupolev presidencial polaco ainda sob investigação, deve segundo ele, preencher uma lacuna na cultura polaca.
Como se recorda, o avião presidencial polaco com 96 passageiros à bordo caiu nas proximidades do aeroporto da cidade russa "Smoleńsk". O Presidente Lech Kaczyński (pronuncia-se lérrrhh catchinskqui) e esposa, junto com ministros, parlamentares, empresários, religiosos estavam a caminho de Katyn (local onde os soviéticos mataram na segunda guerra mudial 40 mil oficiais polacos).
Segundo Krauze, fazer este filme é importante para a cultura polaca, pois, "sem meu filme, esta mesma cultura estará prejudicada, fugindo de seu direito básico, e ficará desprovida de laços com as emoções espirituais dos polacos".
Em entrevista para o jornal Gazeta Wyborcza, Krauze fala sobre investimentos, equipe artística e da certeza de que "ninguém, entre os polacos, acredita seriamente na versão oficial dos fatos apresentados pelo MAK (dos russos) e pelo comitê parlamentar polaco." 

Krauze está contando com dinheiro oficial para concluir seu filme. Ele encaminhou o projeto ano passado ao Instituto Nacional de Cinema Polaco, segundo ele, "acredito na integridade profissional e independência dos peritos do Instituto que  avaliam o projeto, eu acredito na competência dos funcionários colocados lá. Mas é claro que eu não sei se ele será aprovado".
E não deixa dúvidas: "Tenho certeza de que será um teste sobre o quanto o Estado é nosso, o dinheiro público compartilhado está disponível para todos em pé de igualdade, e todos os cidadãos de forma igual".
O produtor Jerzy Zelnik Krauze reconhece que, no caso de uma decisão negativa do Instituto de Cinema,  a conclusão do filme pode estar em apuros. 
Krauze revelou os nomes de atores que decidiram aparecer no filme. Além de Ewa Dałkowska (no papel de Maria Kaczyński ) e Lech Łotockiego (como Lech Kaczyński) estarão: Halina Łabonarską  Maciej Goraj, Beata Fido, Jerzy Zelnik e Redbad Klijnstra
O diretor, entretanto, nega rumores de que o personagem principal - um jornalista que procura a verdade sobre Smoleńsk - baseia-se na jornalista investigativa Ewa Stankiewicz.
"Nossa heroína é personagem totalmente ficcional não é modelada em qualquer pessoa existente" - argumenta. E acrescenta que a composição do personagem tem referências em Agnieszka de "O Homem de Mármore", de Andrzej Wajda . "Algumas referências são conscientes. Nossa heroína trabalha em uma grande televisão, tem chefes que entendem o que se espera do poder. Isso não muda o fato de que o nosso filme vai prestar homenagem a esta maravilhosa jornalista da mídia independente, que desempenharam e desempenham um papel enorme na busca da verdade sobre a tragédia de Smolensk." diz Krauze
O jornal perguntou ao cineasta "Como aceitar a versão oficial e ainda ter na memória o Boeing, que em 11 de setembro de 2001, bateu-se contra as torres de aço do World Trade Center e que - se não houvesse uma explosão - teria provavelmente voado fora para o outro lado do prédio?"
Krause responde que "seu filme Smoleńsk" não deixará dúvidas, assim como - o Homem de Mármore - por que são temas sobre os quais você não pode dizer que não se pode fazer filmes."

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Justiça lituana proibe idioma polaco no país


Segundo informa o jornal Kurier Wilenski, publicado em Vilno, capital atual da Lituânia, a justiça condenou a administração regional de Šalčininkų (em polaco: Soleczniki) a pagar 43 400 litas (cerca de 53 mil złotych ).
O valor representa quase todo o salário anual com extras e bônus do diretor da administração do governo local de Soleczniki, Bolesław Dashkievicz por não remover placas de rua grafadas no idioma polaco. O paradoxo da justiça lituana é que os tribunais também punem aqueles que removem as mesmas placas.


Soleczniki é uma das maiores concentrações da etnia polaca no atual território da Lituânia. Com 31.223 habitantes ou mais de 80% (censo de 2001) da população afirmando ser da etnia polaca, a região foi território polaco de 1453 (pelo menos) até 1946, quando Stalin (com a mudez do Ocidente) refez o mapa da Polônia e entregou terras polacas para a Lituânia, Bielorrússia e Ucrânia.
A maioria dos polacos que viviam há séculos naqueles terras foram obrigadas a entrar em vagões de trens com a roupa do corpo e serem recolocadas no território polaco que sobrou no Ocidente. É o caso, por exemplo, das cidades de Soleczniki e Vilno (na Lituânia) Brest e Grozno (na Bielorrússia) Tarnopol e Lwów (na Ucrânia).


Na Lituânia e na Bielorrússia, muitos polacos se recusaram a cruzar a nova fronteira e outro tanto voltou no período comunista para suas antigas terras. Como a maioria da população nestas cidades sempre foi de polacos, os logradouros públicos (ruas, avenidas, praças) continuaram ostentando seus antigos nomes polacos.
Em outras cidades destes dois países foram adotadas grafias nos dois idiomas. É o caso de Soleczniki. Mas há algum tempo, os governos de plantão lituanos, numa campanha antipolonidade, passaram a proibir estas placas e outros nomes de logradouros em idioma polaco e mesmo o uso coloquial do idioma polaco no país.


Essa decisão do Tribunal Regional de Vilno sobre Dashkievich foi adotada na véspera de Natal. Para pagar a pena, Dashkievich tem um mês após a publicação do acórdão, ou seja, tem que pagar até o dia 6 de fevereiro.
A decisão judicial lituana provocou imediata indignação da minoria polaca na Lituânia. A vice-presidente da Ação Eleitoral dos Polacos na Lituânia, Wanda Krawczonok , diz que a sentença do tribunal é "escandalosa e fruto das forças nacionalistas daquele país sobre a ordem política estabelecida. Estamos lidando com a repressão e as violações dos direitos humanos fundamentais, que é o direito de usar a língua materna".
Esta decisão judicial é responsabilidade do governo conservador e deve ser encarada como incitação às rivalidades étnicas, e creditada ao representante do distrito eleitoral de Vilno, que atraiu os tribunais para o processo político.
Krawczonok também lamentou a situação em que as sanções são impostas para o uso da língua materna pela minoria nacional polaca em lugares onde os polacos representam quase 80 por cento de suas populações.
"Esta decisão do tribunal não é apenas confusa, mas realmente prejudicial, porque desacredita totalmente a Lituânia na arena internacional. A aplicação de tais penalidades draconianas para o uso de sua língua materna ao lado da língua do estado em inscrições colocadas em casas particulares é inaceitável", - diz Krawczonok. Ela ressaltou que a decisão do tribunal é estritamente política, que por sua vez coloca o judiciário sob uma luz negativa para a Lituânia.


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Marceneiro pessimista – um Kieślowski menos conhecido


Krzysztof Kieślowski - Foto: Wojciech Druszcz / Reporter / East News

De seus sonhos de menino que desejava se tornar um foguista de trens, para seu encontro com a mulher que amava e sua paixão por estações de trem, aqui estão fatos menos conhecidos sobre Krzysztof Kieślowski.


Em movimento

Ele passou a infância em malas de viagem. Sua família estava constantemente em movimento, sempre de uma cidade para outra. Seu pai sofria de tuberculose, assim, sua família mudava-se para lugares onde ele poderia ser cuidado: sanatórios, locais com clima melhor, cidades sem paisagem industrial. Uma das paradas foi no balneário polaco de Sokołowsko. Em sua homenagem, a pequena aldeia nos Sudetos, conhecida como a Davos Silesiana (em referência a Davos da Suíça), hospeda o Festival Hommage à Kieślowski.



Casa em Sokołowsko, onde morou a família Kieślowski.

Foguista - bombeiro

"Para dizer a verdade, eu nunca quis ir para a escola ", admite o cineasta Krzysztof Kieślowski: Sou mais ou menos. "Eu queria ser foguista. Nas casas em que vivi não havia aquecimento central , você tinha que se aquecer nos fornos. Eu tinha um amigo chamado Skowron que já era foguista, e eu pensei que era a melhor coisa que se podia fazer na vida. Meus pais não compartilhavam do meu entusiasmo, então eles tentaram me colocar na escola, qualquer tipo de escola. Papai me enviou para uma escola de bombeiros, uma jogada muito inteligente da parte dele [ ...] porque lá eu entenderia que definitivamente eu iria querer ser um bombeiro. Provavelmente, se meu pai tivesse tentado me deixar em torno do forno, eu poderia entender rapidamente que eu não queria ser um foguista".


Nas coxias do teatro

Ele não se tornou bombeiro, nem foguista. Seus pais o mandaram para Varsóvia, onde ele pode ir para uma escola de ensino técnico para futuros trabalhadores teatrais. Seu tio era o vice-diretor da escola, o que ajudou a garantir um lugar para Krzysztof. Pouco tempo depois, sua irmã se juntou a ele, na mesma escola. Ele olha para trás,

"a escola era fantástica. Mostrou-me que havia mais na vida do que apenas produzir coisas que se destinam a ser utilizadas [ ...] , que existe uma esfera diferente de vida, uma que dá um tipo diferente de combustível. Pode-se arrogantemente dizer que é o alimento para a alma e a mente."

Ele queria trabalhar no teatro, mas ele não queria ser pintor, nem camareiro, mas um diretor. Contudo, se quisesse ficar estudando na escola teatral, ele precisaria ter um diploma de outra escola superior.


Fazedor de filme

Kieślowski no episódio estudantil no filme, "Don Gabriel" de Ewa e Czesław Petelskich -  Foto Fototeka.Filmoteki Narodowej
"Eu pensei que embora devesse terminar os estudos, porque eu precisava estudar história , letras, ou sociologia, se queria de imediato ir na direção certa, ou seja, um curso que tivesse quase um mesmo nome: Direção Teatral. Pensei que, se eu queria me formar em Direção de Cinema, seria muito importante eu saber algo sobre Direção teatral, então poderei ver [ ...] Era para ser uma etapa, não meta." 


No entanto, ele não entrou na escola. Não pulou o muro para ser cineasta. Ele foi reprovado duas vezes no exame de admissão.

"Mas eu era muito teimoso [ ...] Já que os filhos da puta não me querem, vou mostrar-lhes que eu entro de qualquer jeito". Recordava depois de anos - Quando, após a terceira tentativa, finalmente ele conseguiu, na saída do local do exame, deu uma cambalhota no gramado em frente ao prédio, jogou os óculos no chão e quebrou-os com os sapatos.



As mulheres

Fotograma do filme "Trzy kolory. Niebieski",  direção de Krzysztof Kieślowski, na foto Juliette Binoche - Foto  MK2/CED/FRANCE 3/East News
Teve muita sorte. Os colegas de Liceu tinham ciúmes, sempre que ele trocava de namoradas. Tudo mudou na universidade. Certo dia, ele e um colega tiveram um duplo encontro. Kieślowski deveria se encontrar com uma garota que ele já gostava e era para ela para trazer uma amiga. Mas durante o encontro, tudo mudou. Maria Cautillo, a moça trazida para entreter o colega, foi a que chamou a atenção de Kieślowski. Depois de duas semanas, ele propôs casamento. Maria Kieślowska foi sua esposa até que a sua morte.


Após o sucesso do filme "Krótkiego filmu o miłości" (Filme curto sobre amor), e depois dos filmes “Trzy kolory: Biały (Três Cores: Branco), atrizes de todo o mundo sonharam atuar em seus filmes. Catherine Denevue queria trabalhar sem receber cachê, apenas para poder atuar em “Trzy Kolory: Niebieski” (Três Cores: Azul).
E entre aquelas que se orgulhavam de ter se fascinado pelo cinema de Kieślowski estava Nicole Kidman.


Kieślowski-ator

Kieślowski como guerrilheiro em "Stawce większej niż życie" de Janusz Morgenstern - Foto Fototeka Filmoteki Narodowej
Quando começou a estudar na Escola Superior de Cinema de Łódź (pronuncia-se uudji e não lóds), ele não apenas fez assistência a outros diretores, mas criou seus próprios filmes curtos. De vez em quando ele ficava na frente da câmera para atuar em episódios.

Em seu próprio “Koncert życzeń” (Concerto dos Desejos), ele interpretou um ciclista pastoreando uma vaca, no filme de Ewa e Czesław Petelski, “Don Gabriel”, ele foi um soldado.
Sua carreira de ator terminou com um papel em um episódio de “Przepraszam, czy tu Biją? (Desculpe-me, aqui brigam) de Marek Piwowski.



Documentário - O mundo em uma gota de água

Na Escola de Cinema teve três deuses: Bresson, Bergman, Karabasz – tal qual aparecia esta tríade. O mais próximo a ele foi Karabasz, professor na Escola de Cinema de Łódź, eminente documentarista e pedagogo.

Durante a exposição, "Krzysztof Kieslowski. Traços e Memória", em um Cinema de Paris - MK2 Bibliothèque, foram mostradas fotografias tiradas pelo diretor enquanto estudava na Escola de Cinema de Łódź nas "fotografias da cidade".  Exposição retrospectiva que acompanhava os criadores de cinema aconteceu de 29 de agosto a final de setembro de 2012.
Ele ensinou Kieślowski que, a fim de ser capaz de fazer filmes, você tem que ter o seu próprio mundo para contar. O mundo ao redor era muito triste – recordou Kieślowski no documentário de Krzysztof Wierzbicki - o mesmo não era preto e branco, apenas preto. Talvez cinza. Isso está ligado ao local onde a Escola de Cinema está localizada, ou seja, Łódź.
A cidade é incrivelmente fotogênica, suja, arranhada. Assim é toda a cidade, então, em algum sentido - o mundo todo. O rosto das pessoas eram iguais aos muros e paredes da cidade - cansado, triste, com algum tipo de drama em seus olhos, o drama de sentir o absurdo, o sentimento rastejando, o que resulta em nada.

"Em documentários ele descreveu esses micromundos comunistas, mostrando pessoas comuns em suas vidas ordinárias. Aqueles eram mundos em gotas de água. “Szkoła podstawowa” (Escola Primária) , “Szpital” (Hospital) , “Fabryka” (Fábrica), Urząd (Órgão Público) - a partir desses pequenos pedaços de realidade Kieślowski montou a imagem verdadeira do mundo da República Popular da Polônia."



"Cartas ao Poder"

Após a Escola Superior de Cinema, ele começou a trabalhar para o “Wytwórnia Filmów Dokumentalnych na Chełmskiej” (Estúdio de Filme Documentário na rua Chełmska”, em Varsóvia. Ali realizou a “Kroniki Filmowe” (Crônicas fílmicas). Este foi o lugar onde ele conheceu Jacek Petrycki, um jovem cinegrafista, que mais tarde se tornaria seu colaborador mais próximo. Embora, ele mesmo nunca tivesse se envolvido na política diretamente, descreveu a realidade, revelou as mentiras do sistema comunista. Essas foram “cartas ao Poder" – disse Tomasz Zygadło sobre seus filmes.

Kieślowski constantemente equilibrado sobre a fronteira entre o que as autoridades permitiam, e o que era censurado. “Estávamos com medo de cair em desgraça e caímos o tempo todo." – lembrou ele anos mais tarde.

"Você fez do cara um cretino bom"- Fim dos Documentários


Um documentário fundamental em seu trabalho foi “Z punktu widzenia nocnego Portiera” (do ponto de vista do porteiro da noite). Nele capturou o totalitarismo em miniatura. A história de um porteiro, que deleita-se na glória de seu "poder", era uma acusação aberta à um sistema que desmoraliza a pessoa.
Kieślowski se tornou amigo de seu protagonista e anos mais tarde lançou-o em partes episódicas em vários papéis pequenos. "Bem, você fez do cara um cretino bom" – disse Agnieszka Holland sobre Kieślowski quando o filme foi exibido no Festival de Cinema de Cracóvia.

Olhando para o comportamento do protagonista, o público estourava em risadas de vez em quando, e Kieślowski afundava-se mais e mais em sua poltrona. Seu filme não tinha sido feito para ser uma comédia . "Eu acho que é onde tudo começou - ele parou de fazer os documentários que queria" – comentou o ator Jerzy Stuhr sobre os acontecimentos daquela noite. Ele próprio contou sobre sua decisão de deixar o cinema documentário:

“Por dez anos eu fiz documentários. Eu amei o gênero e foi com pena e vergonha que eu abandonei isso, eu me senti como um ser humano que está fugindo de um navio afundando em vez de salvá-lo ou ir para baixo com ele com honra. O documentário afundou. Ele desapareceu com a falta de interesse geral.”

Marceneiro


Gostava de fazer peças de marcenaria. Seus colegas dizem que em todos seus momentos livres, quando não estava preocupado com suas “namoradas", ele gastava o tempo em lojas a procura de parafusos, rolamentos de motocicleta, ferramentas.
"Graças a ele, todos seus amigos conheceram lojas de autopeças em Varsóvia", disse Janusz Skalski, um velho amigo de Kieślowski.
Relembrando sobre o talento do diretor, Krzysztof Piesiewicz (roteirista, advogado, senador), amigo e sócio disse:




"Ele sabia como desmontar e montar um relógio. Desmontar e montar uma motocicleta. Desmontar um motor e colocá-lo novamente para funcionar. Quando eu tinha algum tipo de trabalho de casa para ser feito, ele chegava com sua caixa de ferramentas e já ia ajustando todos os parafusos, porcas, lustres, ele arrumava todas as fechaduras das portas."

Seus amigos ficavam felizes com a ajuda de Kieślowski nos pequenos trabalhos caseiros. Sławomir Idziak até brincou: "Muitas pessoas tinham uma estratégia quando se tratava da prontidão de Kieślowski para consertar coisas, eles começavam a mexer no carro na sua presença sabendo em um momento qualquer, Krzysztof diria a eles para se afastar e consertava o que era necessário".

Carpintaria era seu hobby. "Eu gosto de trabalhar com madeira", disse ele no documentário de Krzysztof Wierzbicki . "Infelizmente eu não tenho talento para isso. Eu provavelmente já fiz mais de cem coisas de madeira, coisas úteis, simples que requerem ângulos retos. E eu ainda não consegui fazer um único ângulo reto".

Estações Ferroviárias

Fotograma do filme "Przypadek". Bogusław Linda -  Foto: Filmoteka Narodowa / www.fototeka.fn.org.pl
Elas apareceram na maioria de seus filmes. Os protagonistas constantemente se despedem em saudações nas plataformas das estações, este é o lugar onde o destino de alguns deles foi decidido: o futuro para alguns e liberdade, ao som da partida trens, para os outros. Quando jovem, ele viajou muito pela Polônia e classificou os melhores bares de estação ferroviária. Ele sabia onde você podia encontrar os melhores “schnitzels” e em quais restaurantes tinha as costeletas de carne picada (kotlety mielone).

Na cena de  "Przypadku" comTadeusz Łomnicki e Bogusław Linda - Foto; Romuald Pieńkowski
 / Fototeka Filmoteki Narodowej
Mas em um certo momento as estações de trem, tornaram-se sua maldição. No programa de TV “100 pytań do” (100 Perguntas Para) ... , disse ele: “Eu gosto de viajar de trem [ ...] Mas, horrível, não gosto de fazer fotos nas estações de trem, não gosto de cenas com animais e crianças. Enquanto isso, ultimamente, o que quer que faça com Piesiewicz sempre há uma estação, um trem, crianças e animais.”

Sedução Partidária

Quando ele filmou “Robotnicy 71” ( Trabalhadores 71), o triste retrato coletivo da classe trabalhadora, os membros do partido comunista decidiram que a obra não estava apta a ser mostrada para o grande público, mas, por outro lado, mostrava Kieślowki interessado na política. Ele, então, deveria ser orientado politicamente e queriam dar-lhe uma formação no modelo comunista. Em vão.

“Życiorys” (Currículo) é um filme feito em parte a pedido do partido. Tadeusz Sobolewski, crítico e conhecedor da obra de Kieślowski, comentou: “Ele fez o filme a quatro mãos junto com os líderes comunistas, os quais contavam usá-lo, uma vez pronto, com objetivos de propaganda. Mas o filme de Kieślowski foi absolutamente outra coisa. Porque Kieślowski todo tempo retratava seu modo de fazer as coisas - ele não renegava sua independência, e nem se deixava ser levado pela pressão da oposição, que na época atingiu uma grande parte das pessoas à sua volta.” 

"Lágrimas do bardo do Partido"

Quando ele faleceu, as pessoas do mundo cinematográfico teceram elogios intermináveis a seu respeito. Mas ele, nem sempre foi bem compreendido por seu meio. Seus amigos ironicamente o chamava de " Lágrimas do bardo do Partido", lembrou Agnieszka Holland. Tinham sobre ele a ideia de que "colaborava" com o sistema, que ele se recusava a aceitar numa carta de protesto , onde assinava que não fazia filmes sobre o Solidarność, mas somente sobre pessoas que desejam um pouco de estabilidade: casa, família e o suficiente para viver.

Com Jerzy Nowaki na cena de "Amatora" -  Foto: Romuald Pieńkowski/ Fototeka Filmoteki Narodowej
Lá, onde eles esperavam uma narração preto e branco, ele via ambiguidade. Em uma das cenas de “Amatora”(Amador), ele deu razão aos comunistas, no que ele foi criticado pelo meio cinematográfico. Quando em “Bez Końca” (Sem fim), o advogado interpretado por Aleksander Bardini convenceu um membro da oposição a abandonar a rebelião vazia contra o regime e salvar a sua liberdade, Kieślowski foi atacada por todos os lados: pela oposição, pelas pessoas do seu meio profissional, pela Igreja e pelos comunistas, que não apreciaram o significado geral do filme. Mesmo alguns de seus amigos pararam de lhe dar a mão.

Política

No cenário de  "Krótki film o zabijaniu", 1987.  Krzysztof Kieślowski - Foto: Filmoteka Narodowa/www.fototeka.fn.org.pl
Interessavam-lhe retratar pessoas comuns, e não os grandes da política. Ele não tentava dizer quem estava certo e quem estava errado. Como diretor, ele tentou ser como o anjo do “Dekalog” (Decálogo), - Observador cheio de empatia e compreensão. Mas da política, nada lhe escapava. Ele falou sobre isso, a seu próprio modo, evitando diagnósticos fáceis e fervor revolucionário.
Quando ele estava começando o “Decálogo”, não conseguia encontrar um cinegrafista, porque todo mundo ao redor alegava que após os acontecimentos de 13 de Dezembro, as pessoas só deveriam fazer filmes sobre Solidariedade, o comunismo e imprensa clandestina.

No entanto, os acontecimentos políticos influenciaram seus filmes. “Przypadek” (Casualidade) e “Krótki dzień pracy” (Dia curto do Trabalho) foram sua reação ao fenômeno do Solidariedade , “Bez Końca” (Sem fim) – era uma resposta à imposição da lei marcial . A morte do protagonista interpretado por Jerzy Radziwiłowicz, do memorável “Człowiek z marmuru” (O Homem de Mármore) do filme de Andrzej Wajda, era a morte simbólica de um determinado pensamento.

Moscou, 1979. Krzysztof Kieślowski (terceiro a partir da esquerda), no Kremlin,  brinda com os amigos com o sucesso de seu filme "Amador". Entre os convidados Wojciech Marczewski, Krzysztof Mętrak - Foto de Jerzy Kosnik / Fórum
Após a Lei Marcial, ele disse que já não estava interessado em filmar. Talvez, porque a lente da câmara, seria como apontar uma metralhadora, e ela sozinha iria ser tratada como arma na luta: "se uma metralhadora poderia ser colocado na lente da câmera e ela poderia ser usada como uma arma na luta armada. Ao mesmo tempo, ele se recusava a assinar cartas de protesto." 

“Política é atroz. A única coisa que me interessa é ter papel higiênico para quando eu for ao banheiro”. Disse a seu aluno Andreas Veiel.
 

Mundo invisível, ou um elefante em Głupczyce

Fotograma do filme "Duże zwierzę" de Jerzy Stuhr segundo roteiro de Krzysztof Kieślowski
“Quando eu tinha seis anos, eu vi um elefante na rua. Eu tenho certeza que eu o vi. Mais tarde me explicaram que isso era impossível, que eu não vi um elefante, porque onde haveria de ser ver um elefante no mercado em Głupczyce.”


Lembrou essa história, quando perguntaram a sobre a fonte do “misticismo" em seu cinema. Ele acreditava no segredos.
Ele estava angustiado com o fato de que o mundo sensível em que vivia não era tudo o que havia, de que existia algo além dele.
Esse sentimento de transcendência não foi o resultado da leitura das obras de filósofos ou descobertas cinematográficas, mas o acompanhou desde que era menino, um menino que viu um elefante no mercado de uma cidadezinha provincial.
Essa situação também deu origem à ideia do roteiro de “Dużego zwierzęcie” (Grande animal), o qual foi filmado depois de sua morte por Jerzy Stuhr.

Poster


Kieślowski escrupulosamente escolhia os autores de seus cartazes. Ele dava muita liberdade para aqueles em quem ele podia confiar.

No final dos anos 80 ele escreveu,

“Não importa quem faz o cartaz. Há alguns que eu confio - se ele fez o cartaz, eu tento conseguir o ingresso. Em outros eu não confio – Para mim tudo dá na mesma, o que eles gostam. Nesse sentido, o autor de um cartaz se torna um co-autor do filme. Por último dei lhe liberdade.” 


"Você faz cartazes, eu faço filmes, você não se mete com meus filmes, então por que eu deveria me meter com seus cartazes?" - Ele perguntou retoricamente a Pagowski, o criador regular dos cartazes da maioria dos seus filmes.












Ocidente

Krzysztof Kieślowski, Irene Jacob e Marin Karmitz na premiere do filme "Trzy kolory: Czerwony"
, Festiwal Cannes, 1994 - Foto: Jerzy Kośnik - Forum
Após o sucesso do “Decálogo”, foi regularmente convidado para os maiores eventos cinematográficos. Mas ele nunca se sentiu grande amor pelo Ocidente. “Onde quer que seja que eu estava no exterior”, ele costumava dizer:
“Eu sempre me sinto como um estranho e eu sempre me sinto mal. E para ser honesto, eu sempre quero voltar para casa o mais rápido possível”. Hollywood nunca o atraiu. “Na América, há algo que simplesmente não é para mim" - disse ele. Isto é conversa sobre nada e bom, decididamente bom, e mesmo de muito bom humor. Eu me encontro com meu agente americano e eu lhe pergunto: “como você está?”. Ele sempre diz: “muito bem”. Nunca pode ser “ok” ou “bem”. Tem que ser “extremamente bem”. Eu, por outro lado, não estou "extremamente bem”. E em geral eu não estou mesmo “bem”. Simplesmente: “estou mais ou menos”.

Pessimismo

Ele sempre viu o copo meio vazio. “Eu tenho um bom traço de caráter que consiste em me ser um pessimista” - disse ele em tom de brincadeira . “Eu sempre imagino o pior. O futuro é para mim um buraco negro. Se há algo que eu tenho medo, é o futuro."

Deus? Estímulo!


Ele raramente falava sobre suas próprias convicções religiosas. Quando, após a estreia de “Bez Końca” (Sem fim), Krzysztof Klopotowski num exame para um semanário católico escreveu, que Kieślowski não era católico e alertou o público para não se enganado por sua metafísica, ele se sentiu particularmente ofendido.
Anos mais tarde, ele transformou em piada, mas sempre se sentiu como uma pessoa que não pertencia à comunidade eclesiástica, aos dogmas e respostas simples a questões escatológicas.
Em meados dos anos noventa em uma entrevista para a televisão francesa, ele foi perguntado: "Se o senhor, criador do – Decálogo - morresse e fosse para o céu, o que achas que Deus iria dizer sobre isso?" Ele respondeu: "Porque se eu estivesse lá, eu teria que dizer: Acorda! Olhe o que está acontecendo!"

Transcrito de culture.pl
Autor: Bartosz Staszczyszyn,
traduzido por Ulisses Iarochinski 08.01.2014

Fontes:
- Krzysztof Kieślowski, "Autobiografia", coordenadora Datuna Stok, Kraków 2006 r.
- Stanisław Zawiśliński [redator], "O Krzysztofie Kieślowskim: refleksje, wspomnienia, opinie", Warszawa 1998 r.
- Stanisław Zawiśliński, "Kieślowski: ważne, żeby iść", Warszawa 2005 r. - Mikołaj Jazdon, "Dokumenty Kieślowskiego", Poznań 2002 r.
- “Krzysztof Kieślowski: I'm So-So", diretor Krzysztof Wierzbicki
- “Still alive. Film o Krzysztofie Kieślowskim", diretora Maria Zmarz-Koczanowicz

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O pão e o sal na tradição polaca

O pão e o sal estão realmente estão profundamente enraizados na tradição e cultura polaca. Como significado principal eles representam o alimento básico, usado para fornecer vida e proteção.
O pão e o sal - como base alimentar são a essência da vida. De acordo com as crenças populares possuem extraordinárias propriedades vivificantes de proteção, de purificação, bem como mágica.
Nas tradições e costumes dos polacos eles ocupam espaço equivalente. O pão era considerado um elemento santificado e para os cristãos se tornou um símbolo maior, pois representa , de fato, o corpo de Cristo.
Além de servir como elementos de recepção, de hospitalidade nas casas polacas, eles são usados também, nas cerimônias de casamento. Depois do noivo já ter ido para a igreja, a mãe da noiva coloca um pedaço de pão diante dos cavalos que puxam a charrete que levará a noiva até a igreja.
Terminada a cerimônia, o jovem casal é coberto à saída da igreja com a aspersão de sal pelos convidados. O ato representa proteção contra feitiços e encantamentos.

Mas ainda durante a cerimônia, diante do altar, os noivos recebem o pão e o sal para serem colocados sobre o peito, perto do coração. Isto é feito como um sinal de respeito para os maiores dons de Deus, e para que sua casa nunca venha a passar pela fome. E assim, de geração em geração, começou a ser transmitida a crença de que o ritual do pão e do sal trazem felicidade, prosperidade, luz e sabedoria para o jovem casal.

O sal particularmente, segundo essas mesmas tradições é é um símbolo de permanência no relacionamento do casal. Segundo Oskar Kolberg o pão na tradição rural polaca é o alimento mais importante da culinária. Na tradição e costumes polacos os pães sempre foram usados em ritos que marcam nascimento, casamento ou féretros.

O mais famoso sempre foi o pão de casamento, ou um bolo feito com a melhor farinha, ricamente decorado com figuras e animais de estimação. Este tipo de pão simbolizava a vida e fertilidade. Assados na forma de pequenos bolos, ou rolos de formas geométricas, plantas ou conjunto de animais são dados aos convidados do casamento, especialmente para crianças. Há também o pão oferecido durante o festival da colheita, como uma forma de agradecimento pela colheita. Colocados em berços de crianças recém-nascidas, ou colocado no assento sobre o qual fica o caixão com o falecido. Pão este que deve ser posto ali por um mendigo. Acreditava-se que desta forma a alma do falecido realmente deixaria os limites do mundo humano.

Korowaj
O bolo de casamento “Korowaj” é um pão ritual, uma espécie de pão arredondado, ricamente decorado com ramos, fitas eflores de papel de seda. Conhecido em todas as culturas eslavas. Na Polônia é mais conhecido nas regiões de Lublin, Podlaska, Suwalki e parte da Mazóvia.
Assar o korowaj já faz parte do ritual de casamento. Donas de casa são selecionados, geralmente as mais respeitadas, bem como parentes da noiva. As etapas específicas: preparar a massa, dar o formato redondo, colocar e retirar da fornalha são regidas por regras rituais específicas, todas as fases são acompanhadas por cantos rituais.
Como regra principal o pão para o casamento deve ser assado apenas uma vez, de modo que é importante que o bolo tenha sido feito assim, pois revela um bom presságio de uma vida feliz e próspera para o jovem casal. O corte e a divisão do korowaj é um dos momentos culminantes do casamento, deve ser acompanhado por cantos e brincadeiras.
Historicamente também são atribuídas ao pão e sal propriedades mágicas de proteção e vida longa. Por esta razão, acompanham praticamente a vida dos polacos desde o nascimento.
No batismo da criança é colocado sob os pés dela um pedaço de pão e um pouco de sal. Este é um alerta contra malefícios. Por sua vez, o sal no simbolismo cristão era usado durante o batismo significando a purificação do pecado original e libertação do poder de Satanás.
Em muitas regiões da Polônia, as mulheres casadas usam na blusa (ou camisa) miolo pão e sal costurados nas dobras da peça, o que segundo a tradição garante um nascimento bem sucedido e uma criança de comportamento saudável.
Aqui uma letra de música tradicional sobre pão e sal:

Myślałem, że to będzie wielki bal Już kalendarz czas mi skradł Ty włożyłaś suknię białą Ja garnitur i się stało I się stało, to co miało się stać.
ref. Ten chleb jest Twój i mój na całe życie już będziemy dzielić się nim bo cóż nas los tak bardzo chciał 2x
Tam gości nas wita wielki tłum i podają nam chleb i sól Sto lat życia nam winszują I za zdrowie nasze piją I się bawią, i się bawią całą noc.
ref. Ten chleb jest Twój i mój na całe życie już będziemy dzielić się nim bo cóż nas los tak bardzo chciał 2x
Ten chleb jest twój i mój na całe życie już Będziemy dzielić się nim Bo cóż nasz los tak bardzo chciał
ref. Ten chleb jest Twój i mój na całe życie już będziemy dzielić się nim bo cóż nas los tak bardzo chciał 2x
Witamy was chlebem i solą i dajemy go wam na nową drogę życia. Nieście go z czcią, szacunkiem i nigdy, nigdy go wam nie zabrakło.
ref. Ten chleb jest Twój i mój na całe życie już będziemy dzielić się nim bo cóż nas los tak bardzo chciał 2x
Od tej pory już minął prawie rok Wciąż kłopotów przybywa i trosk. Lecz ten chleb i sól nas trzyma I ten dzień nam przypomina, który wspólnie uwiliśmy tak.
ref. Ten chleb jest Twój i mój na całe życie już będziemy dzielić się nim bo cóż nas los tak bardzo chciał