sexta-feira, 6 de março de 2015

Embaixador polaco visita Agência Espacial Brasileira

José Raimundo Braga Coelho e o embaixador Andrzej Braiter
O Embaixador da Polônia no Brasil, Andrzej Braiter, foi recebido pelo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga Coelho, na segunda-feira, dia dois de março.
Conversaram sobre as atividades espaciais dos dois países, especialmente no âmbito internacional. Braiter falou sobre seus entendimentos com a direção da Universidade de Brasília (UnB) para a realização, ainda este ano, de uma conferência com a participação de professores e pesquisadores brasileiros e polacos, inclusive da área espacial.
O presidente da AEB confirmou o apoio ao evento em fase de preparação. Braiter lembrou que o Instituto de Aviação de Varsóvia, fundado em 1926, hoje também desenvolve equipamentos e componentes para as atividades espaciais.
Braga Coelho e o Embaixador ficaram de estudar temas de interesse mútuo capazes de gerar parcerias bilaterais em áreas espaciais de relevância econômica. Participaram também do encontro Anna Jozefowicz, assessora do Embaixador, e o chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da AEB, José Monserrat Filho.

Fonte: Agência Espacial Brasileira

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Extrema direita polaca vocifera contra "Ida"

The Guardian
Andrew Pulver

O filme ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2015, "Ida" passou a ser alvo de uma campanha vociferante de uma organização nacionalista polaca que o acusou de ser "anti-polaco" e de apresentar "falhas graves" sobre fatos históricos.
A Liga Anti-Difamação Polaca (RDIReduta Dobrego Imienia - reduto do bom nome) lançou uma petição contra o filme, endereçada ao PISF - Polski Instytut Sztuki Filmowej (Instituto Polaco da Arte Cinematográfica) que é financiado pelo Estado, e que apóia o filme, alegando que o filme "falha, ao reconhecer a ocupação alemã" e "que o telespectador sem compreensão da história é levado a pensar que a culpa pelo Holocausto recai sobre os polacos".

Ida, dirigido e co-escrito por Paweł Pawlikowski, é a história de uma noviça, na Polônia dos anos 60 que descobre que seus pais eram judeus, e que eles foram assassinados por uma família que os escondeu dos nazistas.
A petição também se queixa de que os espectadores do filme poderiam interpretar as motivações do assassino como financeiro, ao passo que "para os telespectadores ingleses, é claro, eles estavam distantes do terror de serem descoberta pelos alemães, já que eles escondiam judeus".

A RDI exigiu que informações sejam colocadas nos créditos iniciais antes do título, deixando claro que a Polônia estava sob ocupação alemã de 1939 a 1945 e que esconder judeus era um crime sancionado com a pena de morte, durante esse período.
No entanto, o livro de 2001 "Vizinhos" de Jan Tomasz Gross, assinala que havia incidentes de judeus assassinados pelos polacos étnicos (católicos).
Até o momento mais de 29.000 pessoas já assinaram a petição da RDI. Acusações de imprecisão histórica contra "Ida" ganharam impulso com seu sucesso fora da Polônia, e sua distribuição crescente no circuito internacional.
Ida ganhou o prêmio de melhor filme no Festival de Cinema de Londres, em outubro de 2013, e posteriormente foi nomeado para melhor filme em língua estrangeira foi para os Globos de Ouro e os prêmios da Academia de Hollywood.
Foi lançado na Polônia, em outubro de 2013, e ganhou o Prêmio Águia Polaca de melhor filme do governo em março de 2014.

A petição do RDI está de acordo com a acusação do deputado de direita Janusz Wojciechowski de dezembro 2014 que diz que IDA retoca a ação dos alemães na história e culpa o "primitivo camponês polaco sujo "colocando-o no lugar dos nazistas.
Os críticos liberais, por outro lado, têm-se queixado de que o filme perpetua os estereótipos do "comunista judeu" e de "Cristianizar o Holocausto".
Figuras proeminentes do mundo britânico, no entanto, surgiram em defesa de IDA.
O historiador Marcin Zaremba disse no site do jornal gazeta wyborcza: "Nem todo filme tem que ser um livro sobre a história da Polônia ... Ida não ofende ninguém ... não tem a pretensão de afirmar que os polacos são os responsáveis ​​pelo Holocausto. É um filme sobre a memória, sobre encontrar a sua própria identidade ... é inteligente e importante".

Tradução para o português de Ulisses Iarochinski

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Espiritismo em filme polaco no Festival de Berlim 2015

"Ciało" (Corpo), longa de Małgorzata Szumowska concorre na competição oficial do Urso de Ouro.
No Festival de Berlim 2015, a Polônia ofereceu uma visão irônica e delicada sobre o tema com "Ciało" (Corpo), de Małgorzata Szumowska, exibido nesta segunda (09) na competição oficial do Urso de Ouro.

O personagem principal é um legista, viúvo, que examina cadáveres todos os dias, mas repensa sua visão cética sobre a morte quando a filha passa a ser atendida por uma terapeuta com dons mediúnicos.
O filme, que alterna morbidez e humor, deixa tudo em aberto e não direciona as conclusões nem para o lado religioso e nem para o científico ao defender o valor do afeto familiar em situações de perda.
O legista é interpretado por um dos maiores atores polacos de todos os tempos: Janusz Gajos (pronuncia-se iánuch gaios). Com Maja Ostaszewska, Ewa Dalkowska e a estreante Justyna Suwała.
O roteiro é de Szumowska e Michał Engrert, que também assina a direção de fotografia.
O filme estreará nos cinemas da Polônia no próximo 6 de março.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Pequena história dos quadrinhos polacos

Jorge o ouriço
Os primeiros quadrinhos polacos remontam ao início do século 20, quando o país recuperou sua independência.
Com uma imprensa livre ela começou a se desenvolver em jornais, incluíndo quadros de ilustrações com blocos de texto abaixo dos desenhos.
Eles foram chamados filmes de ilustrações, ou estórias em desenhos, e muitas vezes eram cópias de quadrinhos estrangeiros.
O principal público dos quadrinhos nessa época eram as pessoas sem instrução das grandes cidades.
Neles eram tratados temas diversos como assuntos sociais e políticos ou de costumes, sempre com um toque de humor.
Os títulos mais conhecidos eram: Ogniem i Mieczem, czyli Przygody szalonego Grzesia (a ferro e fogo, ou as aventuras do maluco Grzes), Przygody bezrobotnego Frącka (As Aventuras do desempregado Frącek).
As melhores histórias em quadrinhos da época podem ser encontrados na série de álbuns "Dawny komiks Polski" (Antigos quadrinhos polacos), editado pelo historiador de quadrinhos, Dr. Adam Ruska da Biblioteca Nacional da Polônia.


Os quadrinhos começaram a aparecer na imprensa e logo foram avidamente consumidos pelas crianças. Houve uma série de publicações para elas, tanto em tiras de jornais como em formato de gibi.
Os mais conhecidos foram Przygody Koziołka Matołka e Małpki Fiki-Miki (As Aventuras de Koziołek Matołek e o macaco Fiki-Miki) criados por Marian Walentynowicz e Kornel Makuszyński. Estes quadrinhos ainda estão sendo republicados ainda hoje.


Após a Segunda Guerra Mundial, o Estado comunista, inicialmente, desencorajou a publicação de histórias em quadrinhos, porque segundo os dirigentes comunistas diziam, os quadrinhos mostravam sinais de um "capitalismo podre".
Até a década de 50, as histórias em quadrinhos deixaram de ser publicadas em formato de revista e fizeram o seu caminho de volta para as tiras de jornais.
Aqueles eram os dias dos fundadores do quadrinhos, os polacos Janusz Christa e Henryk Jerzy Chmielewski. Christa criou os dois marinheiros Kajtek e Koko.


A partir do final dos anos 50, por uma década, as aventuras cômicas de Christa apareceram no jornal Wieczór Wybrzeża. As façanhas dos dois marinheiros memoráveis são apresentadas na série de quadrinhos Kajtek i Koko w kosmosie (Kajtek e Koko no espaço).

Os quadrinhos também foram publicados em uma compilação de 700 páginas mais tarde. Apesar do sucesso de Kajtek e Koko, os personagens mais populares de Christa são Kajko e Kokosz, dois guerreiros que lutam contra os "cavaleiros bandidos". Suas façanhas estão em várias revistas que continuam sendo republicadas até hoje.

Chmielewski (aka Papcio Chmiel), por outro lado é o cérebro por trás de Tytus, Romek e A'Tomek, dois escoteiros e um chimpanzé  antropomorfizado chamado Tytus. Eles giram ao redor do mundo com um veículo voador, que era, por vezes, uma banheira, um trompete ou um pedaço de ferro.

Na década de 60, os dirigentes comunistas notaram o potencial de propaganda e o uso comercial que os quadrinhos possuíam e incentivou a sua produção em massa. Gibis individuais foram publicados em edições de 100 a 300.000 cópias. Os primeiros gibis de Chmielewski foram censurados. Mas após a queda do sistema político, o autor relançou-os em sua forma original, não adulterada.

Na República Popular da Polônia (1952-1989) os quadrinhos eram dirigidos quase que exclusivamente para crianças. Os quadrinhos mais famosos, além dos mencionados eram Przygody Kleksa (As Aventuras de Kleks), sobre uma criatura azul que vive em um pote de tinta, criado por Szarlota Paweł, e os quadrinhos de Tadeusz Baranowski, com os títulos de Antresolka Profesorka Nerwosolka (Mesanino do professor nervosinho), para onde vai a soda a água vem? e Uma viagem com Diplodok o Dragão.


Eles eram repletos de humor abstrato e comentários ocultos sobre a realidade que apenas leitores adultos podiam decifrar. Muitas dessas histórias em quadrinhos saíram na revista Świat Młodych (Mundo dos Jovens). Outros, os mais intelectuais, apareceram na revista Relax.
Outras histórias em quadrinhos, publicadas pelo governo, eram pura propaganda. Os títulos incluíam Kapitan Zbik (Capitão Zbik) e Śmigłowca Pilot (Piloto de helicóptero).
Um antigo oficial estrelado da milícia dos cidadãos foi desenhado por diversos ilustradores polacos: Grzegorz Rosinński, Bogusław Polch e Jerzy Wróblewski.
Przygody profesora Filutka (As Aventuras do Professor Filutek) de Zbigniew Lengren é do mesmo período, mas constitui um capítulo à parte na história dos quadrinhos polacos.
Histórias sem texto com três tiras apareceram semanalmente na revista Przekrój desde 1948 até algumas décadas atrás. Filutek é um nobre cavalheiro de chapéu-coco que vive com seu cachorro, uma fonte para ambos de alegria e angústia.

Os quadrinhos Fantásticos fizeram sua estréia nos anos 80, graças à revista mensal Fantastyka (mais tarde chamada Nowa Fantastyka).
Eles provaram ser tão populares que a editora decidiu lançar revistas exclusivamente com as características de quadrinhos. Komiks e Fantastyka - (Quadrinhos e Fantástica) eram onde os clássicos dos quadrinhos polacos se apresentavam: quadrinhos de ficção científica como Funky Koval (Funk do Koval) e  de fantasia, como Wiedzmin (do game Witcher - o bruxo - baseado nos romances de Andrzej Sapkowski).

Funk do Koval foi o primeiro quadrinho polaco para adultos e sua brutalidade e nudez chocaram o público.
Depois de 1989, os quadrinhos escaparam das sombras das instituições governamentais. Novos, jovens e independentes autores começaram a publicar zines.


Mas o mercado era dominado por publicações estrangeiras. O final dos anos 90 foi o renascimento dos quadrinhos polacos.
Novas editoras começaram a abrir promovendo autores polacos. Um exemplo é a revista Produkt liderada por Michał Śledziński.
A tira em quadrinhos cult Osiedle Swoboda, que mostra a vida de jovens que vivem em blocos comunistas, surgiu nesta revista, e foi um sucesso artístico e comercial, bem como uma descrição precisa da realidade.
A maioria dos mais importantes autores contemporâneos de quadrinhos começaram suas carreiras ou foram publicados em Produkt.

A segunda década do século 21 foi marcado por uma mudança de gerações nos quadrinhos polacos. Os autores da geração anterior foram substituídos por jovens artistas.
Para citar alguns: Mateusz Skutnik (autor de Revoluções), Michał Śledziński (Osiedle Swoboda, Anos Estranhos), Karol Kalinowski (Lauma), o duo Tomasz Lesniak e Rafal Skarżycki (George the Hedgehog - Jorge o ouriço), os irmãos Tomasz e Bartosz Minkiewiczowie (Lobo), Krzysztof Gawronkiewicz (Essência e romantismo com Grzegorz Janusz, Mikropolis de Dennis Wojda).

Outros autores promissores incluem: Marcin Podolec (Fugazi Music Club), Jacek Świdziński (Eventos 1908), Michał Rzecznik (Maczużnik com Daniel Gutowski, 88/89 com Przemysław Surma).
Muitos artistas também tentaram por suas mãos nos quadrinhos, no que ficou conhecido como quadrinhos de vanguarda. Muitos ilustradores polacos passaram a desenhar para editoras estrangeiras.


Samojlik é um acadêmico no campo da biologia que investiga mamíferos da Floresta de Bialowieża, e assim os protagonistas de suas histórias em quadrinhos são um bisão e uma megera.
Seus gibis são tanto educativos como divertidos. Seus trabalhos mais conhecidos são Żubr Ostatni (Último Bisão), Ryjówka przeznaczenia (O Destino da Megera), Norka zagłady (Extinção do Vison) e Bartnik Ignat i Skarb Puszczy (Bartnik Ignat e o Tesouro da Floresta).
Łauma de Kalinowski conta a história de Dorotka, uma menina cuja família está se movendo para o campo. Sua avó é uma bruxa e a menina se envolve em guerras entre divindades da floresta. A história é baseada em crenças populares e mitos.

Uma competição de quadrinhos para crianças foi organizada pela Egmont Publishing House com denominação em homenagem a Janusz Christa.
Foi a primeira tentativa nesse sentido em décadas para criar personagens para substituir Tytus, Kleks ou Kajko e Kokosz. O resultado da primeira edição da competição foram cinco gibis promissores.
Kubatu, Tomek e Jacek, Rysiek e Królik vale lembrar, são em vários anos, uma oportunidade de se tornarem os favoritos dos leitores mais jovens. As crianças também vão enlouquecer com as aventuras do detetive Zbyś - o Teddy.

Quadrinhos Independentes

Cada história em quadrinhos polaca pode ser considerada um trabalho autoral. Ao contrário, nos Estados Unidos ou França, não há uma tendência dominante na Polônia quando se trata de histórias em quadrinhos.
Os quadrinhos são geralmente um trabalho "fora do expediente" e não uma fonte de renda estável para os autores. Assim, o mercado e os editores não ditam como os gibis podem sair.
Muitas histórias em quadrinhos da república comunista (1952-1989), também podem ser consideradas independentes, especialmente aquelas do período livre de censura.
Apesar das condições de trabalho complicadas, a Polônia teve muitas grandes histórias em quadrinhos. Elas despontaram com Mateusz Skutnik, Karol Kalinowski, Michał Śledziński, o duo Tomasz Lesniak e Rafał Skarżycki, Tomasz e Bartosz Minkiewicz, Krzysztof Gawronkiewicz e Grzegorz Janusz bem como Dennis Wojda.
Dos mais velhos vale ressaltar os trabalhos de Tadeusz Baranowski, Szarlota Paweł, Janusz Christa, Henryk Jerzy Chmielewski (Papcio Chmiel), ou por último, mas não menos importante Jerzy Wróblewski.

Também vale a pena conferir as obras dos satíricos Marek Raczkowski e Janek Koza, que na sua maioria foram publicados na imprensa. Eles são irônicos e apresentam o mundo a partir de uma perspectiva inteiramente nova.
Skutnik criou uma série independente chamada Revoluções. Ele fez uso de steampunk e elementos de fantasia e criou um drama de aventura / crime onírico sobre os sonhos humanos, as tentativas de fazê-los se tornar realidade, e os efeitos das ações humanas.
O terceiro volume de Tomasz Bagiński (monocromático) o inspirou a criar o cinematógrafo de animação. Mikropolis é uma cidade concebida por Gawronkiewicz e Wojda. O protagonista é um menino gordo chamado Ozrabal.
Estes quadrinhos surgiram pela primeira vez na imprensa e, mais tarde, na forma de dois gibis. A série faz perguntas filosóficas e existenciais. É um comentário sobre a realidade e, ao mesmo tempo, uma obra universal em emoções e sonhos humanos, com elementos de fantasia.
Wilq é cheio de maldições e é brusco e associal. No entanto, ele é um super-herói que defende a cidade de Opole do mal - monstros, psicopatas e pombos.
A série dos irmãos e Tomasz e Bartosz Minkiewicz é uma paródia do gênero de quadrinhos de super-heróis.
Através da linguagem específica e humor, os autores conseguiram criar a sua própria visão sobre as convenções do gênero. Apesar de ser uma caricatura, é tomada de visão com uma pitada de sal e séria ao mesmo tempo. A série mostra que mesmo um desenho minimalista pode mostrar tudo.


O gibi George the Hedgehog (Jorge o ouriço) fuma, monta skate, pega pintos e envolve-se em todos os tipos de travessuras. Ele briga com a máfia russa, satanás e nacionalistas. Ele é a personificação andante da síndrome de Peter Pan, a imagem de um homem que se recusa a crescer.
Os quadrinhos de Rafał Skarżycki e Tomasz Leśniak foram transformados em um filme de animação de longa-metragem e podem ser encontrado em ComiXology.
Essência é uma história em quadrinhos sobre a busca do sentido da vida, e o Romantismo é uma história em quadrinhos de horror em que o governo quer ressuscitar os poetas nacionais mortos há muito tempo.
O primeiro recebeu o Grand Prix na Arte e Glenat Publishing House numa competição de TV. Achtung Zelig, por outro lado é uma visão onírica e conto de fadas como a do Holocausto em que a realidade se entrelaça com a fantasia.


Muitos ilustradores polacos trabalham para editoras estrangeiras. O mais famoso deles é Grzegorz Rosiński, que co-criou a série de fantasia Thorgal e os quadrinhos ilustrados como Le Grand du pouvoir Chninkel, Western e La Vengeance du Comte Skarbek.
O ilustrador Zbigniew Kasprzak também trabalha na França e assumiu a série Hans depois de Rosiński.
Entre os talentos promissores estão Szymon Kudrański e Piotr Kowalski. Kudrański ilustra Batman, Lanterna Verde e os quadrinhos New Avengers para a DC Comics, e do Spawn para a Image Comics.


Kowalski, por outro lado, foi chamado da La Branche Lincoln para Le Lombard, Badlands para Soleil Productions, Marvel Knights: Hulk para Marvel nos EUA e Sexo para a Image Comics.
Outros ilustradores que trabalham no exterior são Marek Oleksicki (ventre de Frankenstein), Robert Adler (Do Androids Dream of Electric Sheep? Dust to Dust), Anna Wieszczyk (Drug Interessante) e Janusz Pawlak (Toshiro).


A editora Centrala, com sede em Poznań, mudou-se para Londres e levou as histórias em quadrinhos de Tomek Samojlik para a ilha (Forest Apicultor e do tesouro de Pushcha), bem como os de Maciej Sieńczyk (Aventuras em uma ilha deserta), Mateusz Skutnik (Blacky: Quatro Of Us) e o duo Gosia Herba e Mikołaj Pasiński (Fertilidade).
Os italianos podem ler Sieńczyk (Avventure sull'isola deserta) e Zosia Dzierżawska em seu gibi de estreia (A testa em giù).


Essência e romantismo apareceu na França. Eles são de autoria de Krzysztof Gawronkiwcz e Grzegorz Janusz.
Juntamente com Krystian Rosenberg, Gawronkiewicz lançaram o Holocausto em quadrinhos e Achtung Zelig! no mercado francês.
Entre todos os ilustradores que trabalham no estrangeiro, há ainda Marzena Sowa, designer que lançou uma série de quadrinhos autobiográficos sobre a infância na Polônia socialista.
Nos Estados Unidos, ela foi chamada de Marzi: A Memoir. Além disso, uma história em quadrinhos sobre a Revolta de Varsóvia, L'Insurreição: Avant l'Orage, ilustrado por Gawronkiewicz, saiu em França, Suíça e Bélgica.


Quadrinhos históricos são referências fortes para os autores polacos de quadrinhos. Existem muitos tipos diferentes. Alguns eventos únicos e particulares, especialmente sobre a história recente ou a II Guerra Mundial, os outros têm enredos fictícios criados em um contexto histórico.


O gênero começou a florescer no século 21. Os primeiros tratados como eventos dramáticos da República Popular da Polônia (1952-1989). Alguns títulos incluem 1956: Poznański Czerwiec (1956: junho em Poznan) e 1981: Kopalnia Wujek (1981: A mina de carvão do Tio) sobre a repressão brutal dos trabalhadores em greve, e o gibi Cena Wolności (Preço da Liberdade) sobre o assassinato do Padre Jerzy Popieluszko pelo serviço secreto.

Também vale a pena mencionar a antologia 11/11 = Niepodległość (11/11 = Independência) e o gibi Westerplatte. Zaloga smierci (Westerplatte: Morte da equipe).
Há também a série Epizody z Auschwitz (Episódios de Auschwitz) - várias histórias do campo de concentração alemão; um sobre o Santo Maksymilian Kolbe (que se ofereceu para substituir um prisioneiro condenado à morte), ou de outra sobre um polaco e uma mulher judia que se conhecem e apaixonam-se no acampamento e conseguem escapar.


Com o apoio do Instituto da Memória Nacional (IPN) e do Museu do Levante, os quadrinhos históricos estão agora institucionalmente promovidos. IPN incentiva quadrinhos sobre a libertação nacional, o papel do exército do povo durante a ocupação alemã e do movimento subterrâneo anticomunista ativo depois de 1945.

Entre os títulos mais conhecidos estão W imieniu Polski Walczącej (Na Guerra em Nome da Polônia), Zamach na Kutscherę (O Assassinato de Kutschera) e Kampinos '44, bem como os gibis Korfanty e Łupaszka. 1939.
Acrescente a isso Wyzwolenie? 1945 (Liberação? 1945) e da série Wilcze tropy (Trilhas  de Lobos) sobre o pós-WW2" soldados malditos "movimentos de resistência.
Uma posição importante é mantida pela antologia do Museu do Levante.
Sławomir Zajączkowski e Krzysztof Wyrzykowski são os dois principais criadores de histórias em quadrinhos para IPN.
Os chamados quadrinhos de fantasia (ficção em contextos históricos) são uma categoria à parte.
Séries independentes de Jakub Kijuc sobre Jan Hardy. Żołnierz Wyklęty (Jan Hardy: Soldado Maldito) é na convenção de super-heróis, enquanto o minigibi de Jacek Fras Stan mostra lei a marcial na Polônia através dos olhos de uma criança.

Outro trabalho interessante é a história onírica e surrealista sobre o Holocausto Achtung Zelig (Krzysztof Gawronkiewicz, Krystian Rosenberg), a antologia Powstanie 44 (Uprising 44) e o gibi  Powstanie. Za Dzien, za dwa (Uprising: Em um dia, em dois) por Gawronkiewicz e Marzena Sowa, Herma św. Zygmunta (Relicário de São Sigmundo por Maciej Pałka e Bartek Biedrzycki), sobre o transporte de relíquias financiados pelo rei Casimiro Grande em Płock no Vístula e Tragedyja (Płock Tragedy por Grzegorz Janusz, e Fras) sobre um mal-humorado príncipe que sufocou sua esposa.
Entre os quadrinhos publicados na República Popular da Polônia que merece destaque é a série Historia Polski (História da Polônia), que mostra os acontecimentos históricos mais importantes do país, incluindo os míticos.


Texto: Łukasz Chmielewski
Tradutor: Ulisses Iarochinski

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Lis: anticomunistas polacos têm mentalidade soviética. Por isso criticam "IDA"

"O ministério da verdade dos simpatizantes do Kremlin e do PiS-Partido Lei e Justiça não toleram ambiguidades na esfera da Arte", diz Tomasz Lis na edição polaca da revista "Newsweek".

Lis, talvez, o mais conhecido jornalista polaco da televisão daquele país, explica as fortes críticas que dois filmes estão recebendo na Polônia. Um deles o polaco concorrente ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2015 "Ida" e em cartaz em Curitiba até está quarta-feira e o outro também concorrente ao Oscar, o filme russo "Leviathan".

"Nossos líderes anticomunistas e antiputin buscam a cada movimento trair as mentalidades soviético-comunista e de Putin", escreve Lis.
O colunista chama a atenção para dois exemplos: as reações ao filme "Ida" e ao caso da família de Witold Pilecki que não foi convidada para a celebração da libertação do campo de concentração e extermínio alemão nazista de Auschwitz.

"Ida" com as atrizes polacas Agata Kulesza Agata Trzebuchowska

Didatismo Patriótico
De acordo com Lis as reações dos conservadores polacos a "IDA" de Paweł Pawlikowski são idênticas às dos simpatizantes russos de Putin ao filme "Leviathan".
Ambas as produções vão competir por um Oscar e ambos estariam colocando sobre os dois países - Polônia e Rússia - uma luz ruim. 
O diretor de "Ida" Paweł Pawlikowski momentos antes da estreia do filme num cinema de Varsóvia

"Ida" divide os polacos: é "filme antipolaco"
De acordo com alguns críticos, "Ida" injustamente responsabiliza os polacos pelo assassinato e pela apropriação indevida da propriedade dos judeus. Exigem assim, correção no tom e nas informações no enredo do filme.
"Didática patriótica é característica de regimes autoritários e personalistas", observa Lis.

"Repolonização de Auschwitz"
Lis também escreve sobre a família do capitão de cavalaria Witold Pilecki, que não foi convidada para a celebração da libertação de Auschwitz.
Segundo o jornalista, comentaristas associados ao PiS (partido de extrema-direita do ex-presidente Lech Kaczyński, vitimado na tragédia aérea de Smolenski) ficaram alarmados que "depois de anos de propaganda da comunista PRL - República Popular da Polônia", em que se falou principalmente sobre as vítimas polacas do campo de extermínio e sua posterior "re-judialização", que foi a chamada de atenção para com os judeus que foram assassinados ali, tenha-se por isso - segundo Lis - começado a "re-polonização" de Auschwitz, e é claro, sob a "propaganda de uma batalha histórica".

"Ninguém consciente pode afirmar que em Auschwitz não tenha morrido um grande número de polacos, mas a tentativa de minar os judeus neste ponto e neste lugar é nojento", resume Lis.

Fonte:  "Newsweek Polska".

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Bartoszewski discursou hoje em Łódź

Bartoszewski visita a exposição de Jan Karski em Łódź, no Centro para o Diálogo, onde proferiu palestra na V Jornadas da Memória das Vítimas do Holocausto /
Foto: Grzegorz Michalowski / PAP

Assim como disse, foi sua escolha se dirigir a Łódź. Segundo ele, este é o lugar onde você deve falar especificamente sobre o Holocausto, sobre Auschwitz - porque foi dali do gueto da cidade, em agosto de 1944, que partiu os últimos transportes de judeus para campos de extermínio.
Quando perguntado sobre o que é o campo de Auschwitz-Birkenau, respondeu que é o símbolo do início do genocídio.

Também citou as palavras do presidente Bronislaw Komorowski, que - como ele próprio disse em uma entrevista, "em abril de 1940 tomou-se a decisão por um lado, de iniciar um acampamento em Oświęcim, por outro lado, aconteceu o primeiro transporte de oficiais polacos para Kozielska.".

"Foi o início do genocídio", acrescentou Bartoszewski.

Segundo ele, em seguida os poderes totalitários ficaram livres para fazer de tudo. "Se alguém planejava o extermínio de um grupo de pessoas - este alguém o fez, enquanto outros ficaram em silêncio," disse ele.
Como exemplo, ele citou a imprensa soviética, que até junho de 1941, não havia publicado qualquer texto sobre a existência de Auschwitz, e a existência de guetos.
Bartoszewski também falou sobre as suas lembranças mais dolorosas de Auschwitz. Conforme relatou, ele foi trazido para o acampamento quando tinha 18 anos de idade. Encontrou-se gravemente ferido em "uma espécie de hospital."

Um dia, ele soube que ele tinham chegado ao campo um dos professores da Universidade Iaguielônica - Adam Heydel. "Foi em março de 1941, eu fui até ele, nós conversamos sobre Norwid, e também sobre ele próprio (...). Em dado momento, a SS veio ao edifício. Combinamos de nos encontrar para terminar a conversa mais tarde. Ele não apareceu, pois pegaram o professor e duas horas mais tarde o mataram", disse ele.

Bartoszewski pela primeira vez em muitos anos não discursa nas comemorações de 27 de janeiro em 70ª ele foi a  para Łódź. Nos três dias de celebrações, que incluem, entre outras performances, a exibição de filmes, palestras e exposições.

Nesta terça-feira, ele depositou flores no mMuseu Estação de Trem Radegast, de onde em 1941-1944 foram trazidos para o gueto de Litzmannstadt judeus de várias partes da Europa, e mais tarde foram deportados para campos de extermínio.
Bartoszewski visitou, entre outros, no Centro para o Diálogo Marek Edelman, uma exposição dedicada ao lendário emissário Jan Karski.
Falando de Karski, disse que era uma figura incomum, mas também trágico. "Como mencionei, o conheci no início de setembro de 1942. Ele tentou em seguida entrar para o Armia Krajowej (Exército do Povo). Karski tinha pra ele - que como ex-prisioneiro de Auschwitz -  era apenas um teste".

"Ele me fez perguntas sobre o acampamento - como, o que está por trás da porta, que cor são os edifícios, ou os tijolos, ou se eram rebocadas".

"Tempos depois o encontrei pessoalmente em 1977, nos Estados Unidos. Karski disse-me que não arrumou nada, que nada desperdiçou da vida, que ninguém estava a salvo." Disse Karski para Bartoszewski.

O Dia da Memória de Łódź é organizado por ocasião do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, aprovada em 2005, em Assembleia Geral da ONU.
Este dia é comemorado em 27 de janeiro, o aniversário da libertação de Auschwitz-Birkenau, em 1945.

Os alemães estabeleceram Auschwitz em 1940. Para prender polacos. Auschwitz II-Birkenau foi criado dois anos depois. E tornou-se um lugar de extermínio dos judeus.
Em Auschwitz, os alemães mataram pelo menos 1,5 milhão de pessoas, a maioria judeus, mas também assinaram polacos católicos, ciganos, prisioneiros de guerra soviéticos e pessoas de outras nacionalidades.
Os alemães criaram o gueto de Łódź, em fevereiro de 1940.
Nas primeiras terras polacas anexadas ao Reich havia, um total, de aproximadamente 220 mil pessoas.
Para o Gueto Litzmannstadt foram enviados muitos intelectuais judeus da Polônia, República Checa, Alemanha, Áustria e Luxemburgo.
Em Janeiro de 1942, começou a deportação em massa de judeus para o campo de extermínio de Chelmno.
A liquidação total do gueto ocorreu em agosto de 1944. O último transporte partiu de Łódź para Auschwitz-Birkenau, em 29 de agosto de 1944.
De acordo com várias fontes, do gueto de Łódź sobreviveram de 7 a 13000 pessoas.

Władysław Bartoszewski foi o prisioneiro nr. 4427 de Auschwitz.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

POLÊMICA RUSSO-POLACA NOS 70 ANOS DE LIBERTAÇÃO DE AUSCHWITZ

Foto: AFP/JACEK BEDNARCZYK/PAP
Na próxima semana, dia 27 de janeiro, terça-feira Polônia comemora os 70 anos de libertação dos campos de concentração e extermínio nazista de Auschwitz -Birkenau.

O governo do país convidou dezenas de presidentes, reis, primeiro-ministros de todo o mundo. Mas, segundo, as autoridades de Moscou, pela primeira vez, o primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin não foi convidado. Ele já esteve em Auschwitz várias vezes como convidado do governo polaco.

O óbvio é que tal formalidade não ocorreu devido a invasão e ocupação da Crimeia e Leste da Ucrânia por tropas do exército russo.
Tropas estas que Moscou se nega a admitir dizendo que se trata de ucranianos descontentes com o que chamam de governo "fascista" ucraniano de Kiev.

COMBATENTES DA RESISTÊNCIA INDIGNADOS
A Rádio Voz da Rússia noticia (com toda a parcialidade possível) que:

"Reduzir papel da URSS na Segunda Guerra é falsificar a história”

Os eventos comemorativos do 70º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz, organizado pelo Terceiro Reich no território da Polônia anexada, serão realizados sem a participação dos dirigentes da Rússia, que não receberam um convite oficial por parte do governo polaco.
Ante tal situação, a Federação Internacional de Combatentes da Resistência (FIR, na sigla em francês) solicitou ao embaixador da Polônia em Berlim que esclarecesse por que razão o aniversário da libertação de Auschwitz em 27 de janeiro de 1945, cujo mérito cabe inteiramente ao Exército Vermelho, será assinalado na ausência dos libertadores.
Eis o que expressou o doutor Ulrich Schneider, secretário-geral da FIR, comentando a posição da Federação em uma entrevista à Sputnik:

"Tornou-se do nosso conhecimento que o presidente da Federação da Rússia não tinha sido convidado à Polônia para as celebrações por ocasião da libertação do campo de concentração alemão de Auschwitz. O fato revoltou-nos, pois demonstra o desrespeito pelos soldados soviéticos, os libertadores do campo e dos seus prisioneiros. Havíamos enviado uma carta ao governo polaco através do embaixador em Berlim, e recebemos a resposta de que ‘nenhum político havia sido convidado’.
No entanto, foi para nós uma surpresa absolutamente inesperada vir a saber que o presidente da Alemanha foi convidado para assistir ao evento.
Convidar o presidente do país culpado de ter cometido crimes e não convidar o presidente do país cujo povo foi o libertador, nós não poderemos reconciliar-nos com isso. 
Eu acho que o empenho em menosprezar o papel do Exército Soviético na Segunda Guerra Mundial se situa no contexto geral da falsificação da história. Hoje é mais que oportuno denunciar os horrores que ocorrem na Ucrânia, onde os colaboradores fascistas estão erguendo a cabeça.
Vemos ainda outros exemplos. Presenciamos tentativas politicamente motivadas e contínuas de minimizar e até mesmo deletar o papel libertador do Exército Soviético na coalizão anti-Hitler. A Organização Internacional de Combatentes da Resistência não pode aceitar isso".

OS ARGUMENTOS DO MINISTRO POLACO
Os meios de comunicação da Polônia por sua vez deram voz para o Ministro das Relações Exteriores Grzegorz Schetyna, que foi a Rádio Zet para argumentar contra as declarações do polêmico ministro das relações exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, que chamou de "blasfêmia" as palavras de Schetyna e de "cínico" o ministro polaco.

Na entrevista Schetyna (que é professor de história) disse:
"O primeiro tanque que quebrou os portões de Auschwitz foi conduzido por um ucraniano. Digo a verdade, e a verdade vai sempre prevalecer. Há 70 anos, o campo de Auschwitz-Birkenau foi liberado por ucranianos. Era a Frente Ucraniana, a primeira frente era Ucrânia, e foram os ucranianos que libertaram. Porque estavam ali soldados ucranianos nesse dia em janeiro e foram eles ..."

Para Schetyna "não houve nacionalidades soviéticas". Ele explicou que apenas disse que "em 27 de janeiro, na libertação de Auschwitz-Birkenau foram soldados ucranianos que derrubaram os portões. O primeiro tanque, que quebrou os portões de Auschwitz, era conduzido pelo ucraniano Igor Hawryłowicza Pobirczenkę".

Em seguida ele disse: "mas isso não muda o fato de, como eu disse, e além disso, que o Exército Vermelho, em sua maior parte era formado por soldados russos".  
Em sua opinião, a polêmica em torno do discurso de quarta-feira sobre o conflito russo-ucraniano, "faz parte da Grande Guerra Patriótica. Os russos querem mostrar que o legado do Exército Vermelho, que muitas das vítimas na vitória sobre o fascismo, está agora do lado da Federação Russa. O Exército Vermelho não era de nacionalidade soviética"- disse ele.

"Eu insisti que só queria enfatizar a presença nas fileiras dos libertadores dos ucranianos. Os russos não podem admitir isso hoje, porque estão no conflito russo-ucraniano. A Rússia distorce a verdade histórica, quando diz que, além da a maioria ser russa, o Exército Vermelho contava com 1.200.000 soldados ucranianos. A guerra da propaganda e do real, que continua até hoje em Donbas, é o que ainda não se está falando. A história deve ser livre da propaganda" - disse ele. "

Em sua entrevista para a Rádio Zet, Schetyna afirmou que, "os russos se sentiram ofendidos, porque eu não tinha mencionado a palavra "Exército Vermelho".
O Ministro Schetyna não disse uma palavra sequer que fosse mentira, mas realmente elas precisam ser esclarecidas. "Falar sobre a política externa exige grande precisão", ressaltou.


OPINIÃO DO COLUNISTA POLACO
No jornal Gazeta Wyborca (publicado em Varsóvia) de hoje, o jornalista polaco Mirosław Maciorowski escreveu artigo onde critica o ministro das relações exteriores da Polônia:

"Grzegorz Schetyna deixou escapar - por falta de uma palavra melhor - que há 70 anos, o campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau foram liberados pelo ucranianos.
O Ministro das Relações Exteriores tenta endurecer o jogo nas relações com a Rússia de Putin, mas o caso da libertação de Auschwitz não é o campo certo para este tipo de jogo.
Seguindo o exemplo de tal lógica, pode-se supor que foram os bielorrussos que libertaram a Varsóvia ocupada, ja que ali operava a Frente da Bielorrússia, e os russos não libertaram ninguém, porque durante a Segunda Guerra Mundial não se encontrava no leste a Frente Russa.
Na área de Auschwitz, em janeiro de 1945, na verdade lutaram quatro divisões do 60º Exército da 1ª Frente Ucraniana. Exército Vermelho porque a União Soviética criou-se formalmente apenas em 1946.
Nas fileiras do exército vermelho lutaram os ucranianos? Certamente.
Talvez fosse mesmo a maioria deles, mas certamente não os únicos. Nas batalhas até o acampamento mataram mais de 230 soldados, e um de mais alto posto era o tenente-coronel Gilmudin Bashirov - a julgar pelo som do nome, não era ucraniano.
A Frente Ucraniana, foi toda comandada pelo marechal Ivan Konev, nativo russo - que, provavelmente, tinha muitos compatriotas junto, especialmente no corpo de oficiais da Frente Ucraniana.
Isso me irrita quando alguém tenta simplificar o assunto, dizer que em 1945, nas fronteiras polacas ou eram os russos do exército russo que entraram, o que muitas vezes acontecia.
Bem, e com eles estavam em os cazaques, georgianos, chechenos e armênios, que, ainda assim era o exército russo ou somente os russos?
Na Segunda Guerra Mundial, lutaram contra o Exército Vermelho, Soviético ou União Soviética. Se alguém gosta ou não, representavam a União Soviética - um conglomerado de povos - sob o domínio comunista, totalitário.
Surpreende-me que o Ministro Schetyna, ao final um historiador de profissão, e - como muitas vezes declarou - entusiasta da história, faça tais declarações.
Mas analiso como ignorância, porque o problema vai muito além. A declaração do Ministro das Relações Exteriores desnecessariamente agrava as relações polaco-russas, que já são tensas.
Posição forte e difícil nas relações com a Rússia, com Putin é obviamente necessário, mas eu não tenho certeza se o caso da libertação de Auschwitz seja o campo apropriado para desenvolvê-las.
Recentemente, o presidente Putin também deixou escapar - porque, neste caso, a falta de uma palavra melhor - que o Pacto Molotov-Ribbentrop foi algo natural, porque, então, "isso era o que cultivava na política."
É claro que ninguém na Rússia vai ter coragem de apontar a Putin que "sim", de que era apenas uma política de Stalin e Hitler. Putin disse um absurdo do maior calibre muito mais do que ministro polaco Schetyna.
Mas para entrar em uma discussão sobre a história russo-polaca, todos nós devemos chegar com argumentos justificados? Eu sinceramente duvido.

Fontes: Rádio Zet (Polônia), Rádio Voz da Rússia (Rússia), jornal Gazeta Wyborcza (Polônia), FIR (Alemanha)