Foto: Andrzej Rybczyński/PAP
A convivência entre polacos de diferentes credos religiosos nunca foi fácil. Embora os judeus tenham vivido mil anos na Polônia e adotado a maioria dos costumes, língua e tradições desta nação sempre se excluíram e/ou foram excluídos. Atualmente existe um movimento, que cresce a cada dia, pela obtenção da cidadania polaca. Os mesmos que sempre repetiram e repetem serem judeus e não polacos, agora querem passaporte da Polônia para terem acesso a União Européia.
Muitos judeus acusam os polacos (católicos, ou aqueles que se identificam ateus e de outras religiões) de serem anti-semitas. Acusam os polacos de serem intolerantes. Esquecem-se da ajuda e apoio durante, principalmente, os ataques alemães. Esquecem-se dos matrimônios inter-religiosos e etc..
Três anos atrás, em plena praça central de Cracóvia fui testemunha e testemunho deste mito antipolaco e anti-semita. Sim, pois os mitos existem de parte à parte. Uma professora de Curitiba, brasileira portanto, mas descendente de polacos do credo judaico, acompanhando um grupo de estudantes adolescentes brasileiros (descendentes de judeus, não só da Polônia) e participantes da "Marcha pela Vida" (que ocorre sempre em abril, em Auschwitz e Birkenau, além de outros campos de concentração e exterminío alemães existentes na Polônia), mesmo tendo pisado o solo polaco há menos de 48 horas e ainda não tido contato com nenhum morador do país, respondeu à minha pergunta - O que está achando da Polônia? - com: "Como os polacos são anti-semitas, não? Como é possível?". Ou seja, ela já chegava aqui com um preconceito fundamentado erroneamente. Não falava polaco, não tinha conversado com ninguém e jurava que os polacos são anti-semitas.
Tenho tido a oportunidade de ver desfilar pelas ruas centrais da cidade e pelo antigo bairro judeu do Kazimierz muitos grupos de jovens, estudantes e idosos judeus em excursão, bem como convivido com judeus que vivem, moram e travalham aqui em Cracóvia. A diferença é que os primeiros não se relacionam, passam como um aluvião. Parece não verem nada além de prédios, ignoram completamente os moradores da cidade, não se relacionam, não pedem informação, não conversam. Por outro lado, os que aqui vivem, nem parecem judeus de tão integrados que estão, mesmo aqueles que ainda só falam em inglês e hebreu. É verdade que são poucos. No bairro do Kazimierz, os dados são de que existem apenas 150 moradores, dos outrora 64 mil que viviam aqui antes de 1939.
PESQUISA
Uma empresa de pesquisa de opinião, recentemente fez um trabalho sobre este mito anti-judeu, que principalmente, os judeus, dizem existir na Polônia. A ARC Rynek i Opinia teve seus dados publicados na revista semanal Wprost.
- 63% dos polacos entrevistados pelas pequisa, aceitariam que se seus superiores fossem judeus
- 53% dos polacos concordariam, que a pessoa de origem judáica fosse marido ou esposa de seus filhos.
- 56% dos polacos têm opinião de que o anti-semitismo dos polacos é um injusto estereótipo
- 50% dos polacos acham que dentro deste injusto estereótipo, o comunismo teria sido um produto judeu.
- 40% dos que responderam, acreditam que os atos anti-semitas, que ocorreram após a segunda guerra mundial na Polônia, foram incidentes pessoais apenas.
- 38% dos polacos alertam, que não é verdade que os judeus não são benvindos na Polônia, pelo contrário.
P.S. O artesanato polaco incluiu estas estatuetas de judeus (ortodoxos em sua maioria) da foto acima. Dizem que ter uma delas, ou um quadro (pintura, ou foto) de um velho judeu em casa traz sorte.
P.S.2. A última piada sobre judeus que circulou na Polônia foi: "Pela primeira vez, Israel tem um primeiro-ministro que não nasceu na Polônia."