Não poderia deixar passar em branco, o dia 12 de dezembro, sem mencionar o quanto o ator e diretor de teatro José Maria Santos foi importante na minha formação. Como uma simples homenagem conto aqui um pouco deste talentoso artista, pois a história que não se conhece tende a suprimir pessoas e fatos importantes para o entendimento da atualidade.
José Maria Ferreira Maciel dos Santos, mais conhecido como José Maria Santos, Zé Maria, Zé ou simplesmente "Véio", nasceu em Guarapuava, em 12 dezembro de 1933,mas preferia dizer para todo mundo que era lapeano, já que foi muito cedo com a família para a Lapa. Com 12 anos acabou em Curitiba, onde continuou seus estudos até o ginásio. Em 1954, começou a a estudar na Escola Dramática do Sesi. Sua carreira paralela de vendedor fez com que ele trabalhasse em diversas empresas, entre elas, Tecelagem Imperial, White Martins e Sidney Ross. Em 1958, junto com o amigo Ruben Valduga funda a Cia. Dramática Independente.
Casou com Ruth Wolski em 1959, com quem teve 4 filhas e 1 filho. Em 1971, depois de uma apresentação de "Lá", na Escola Técnica, oferece-se ao diretor da ETFPR para criar um grupo de teatro com alunos daquela instituição. O diretor Ivo Mezzadri, contrata-o logo em seguida como professor. Nesta escola, ele permanece até morrer em 3 de janeiro de 1990. Primeiro e único ator paranaense a receber uma premiação do cinema nacional sem jamais ter abandonado o Paraná. Foi "Kikito de Ouro" de melhor ator coadjuvante, no Festival de Cinema de Gramado por sua atuação como Dr. Aurélio, no filme "Aleluia Gretchen" de Silvio Back. Recebeu inúmeros outros prêmios em festivais pelo Brasil inteiro. Mas ficaria conhecido pelo inconfundível Dr. Raul da peça "Lá" de Sérgio Jockymann, onde ficava preso, num toalete, durante um fim de semana inteiro. Zé encenou "Lá", mais de 1800 vezes durante quase 20 anos de temporadas. Certamente este é um recorde digno do Guinness e dificilmente alcançado no Brasil.
Por isto, um currículo do ator José Maria Santos poderia muito bem começar assim: "Eis as peças que ele não fez! ". Zé Maria já fez tantas peças que é mais fácil e econômico relacionar as que ele não fez. De qualquer forma, Zé Maria teve duas iniciações teatrais; uma quando tinha três anos de idade e foi obrigado a encenar uma longa choradeira para ganhar um sorvete. A outra, em 1954, na escola de Arte Dramática do Sesi.Ele nunca mais parou. Nem quando o sinal fechou. Como vocês devem estar lembrados, dez anos depois da iniciação teatral do Zé Maria o sinal fechou com a ditadura militar brasileira... evidentemente voltou a abrir nas décadas seguintes, mas ele esteve sempre presente nos palcos durante aquele período e depois. Infelizmente um dia, o sinal fechou mesmo para ele. Era 3 de janeiro de 1990. Ele não pode fazer nada para impedir.
Hoje, Zé Maria, é para muitos curitibanos apenas um teatro na rua Treze de Maio. Mas para outros tantos é justamente isto: O maior ator do Paraná de todos os tempos.
2 comentários:
Também lembrei do Zé hoje, aliás, lembrei dele a semana toda... A monografia que escrevi sobre ele está sempre à mão, e esta semana eu a li novamente, e olhei as imagens, e mesmo sem conhecer o Zé me deu saudade dele...
Era mesmo uma pessoa espetacular.
Também me deu saudade da Ruth... Perdi o contato com ela... Sabe como posso encontrá-la?
Caro Ulisses,
parabéns pelo texto.
Lembranças do Zé Maria, também povoam minha memória.
UM abraço
Carlos
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