terça-feira, 8 de novembro de 2016

Três polacos que vivem no Brasil ganham prêmio de Literatura

Escritores polacos do Brasil são laureados com o Prêmio de Literatura 2016 da ZPPnO - Associação de Escritores da Polônia no Exílio, com sede em Londres.

São eles: Henry Siewierski, Tomasz Łychowski e o Padre Zdzisław Malczewski.

"O Prêmio de Literatura de 2016 é concedido a escritores que popularizam a cultura polaca no mundo. Nestes ano os escolhidos foram três escritores polacos que vivem no Brasil: Henry Siewierski, Thomasz Łychowski e Padre Zdzisław Malczewski", informou Dr. Alexander Boehm Ziółkowska-Wilmington nos Estados Unidos, representante do júri do Prêmio.

Professor Henryk Siewierski
Prof. Henryk Siewierski 
Escritor, poeta, professor e editor. Tem uma pós-graduação pela Universidade Iaguielônica de Cracóvia.
No período 1981-1985 lecionou língua e cultura polaca na Universidade de Lisboa.
Em 1985, foi nomeado professor de literatura na Universidade de Brasília e diretor da editora da universidade (Editora UNB).
Ele criou nesta universidade a cátedra Cyprian Norwid, cuja missão é promover a literatura e cultura polaca no Brasil. Ao publicar ensaios sobre escritores poloneses e poetas.

O prof. Siewierski escreveu cerca de uma centena de artigos e ensaios sobre literatura, principalmente na língua portuguesa, que foram publicados em revistas literárias e eventos culturais no Brasil e em outros países.
Ele é autor de muitos livros, entre eles, "Spotkanie narodów (Encontro de Nações)", Paris, 1984; "Jak dostałem Brazylię w prezencie (Como recebi o Brasil como um presente)", Cracóvia, 1998; "História da literatura Polaca" (Brasília, 2000), "Raj nie do utracenia. Amazońskie silva rerum (Paraíso para não se perder. Coisas da Selva Amazônica)", Cracóvia, 2006; "Outra língua. Poemas", "Livro do rio Máximo de Padre João Daniel(São Paulo, 2012); "Architektura słowa i inne szkice o Norwidzie" (Arquitetura de palavras, e outros esboços sobre Norwid", Cracóvia, 2012. Lançou recentemente "Szkice brazylijskie" (Sketches brasileiros)",Varsóvia, 2016.

O júri no anúncio do prêmio sublinhou o talento de Siewierski na tradução dizendo que ele é um excelente tradutor das obras de escritores e poetas polacos para o idioma português.
Traduziu, entre outros, "Sanatorium pod klepsydrą (Sanatório sob Ampulheta)" e "Sklepy cynamonowe (Mercado de canela)" de Bruno Schulz (Rio de Janeiro 1994, 1996), a prosa de Andrzej Szczypiorski e também "Pannę Nikt (Senhorita Ninguém)" de Tomasz Tryzna, "Świat opery żebraczej" (O mundo do mendigo da ópera esmola)" de Bronisław Geremek e poemas de Cyprian Norwid, Tadeusz Rozewicz, Czesław Miłosz, Zbigniew Herbert, Wisława Szymborska. Para a língua polaca traduziu, entre outros, versos de Fernando Pessoa.

Tomasz Łychowski
Tomasz Łychowski
Poeta, tradutor, professor, pintor. Nasceu na Angola ainda sob domínio português, na cidade de Nova Lisboa.
Em 1938, foi com seus pais para a Polônia. Quando irrompeu a segunda guerra mundial, seus pais se juntaram aos conspiradores.
Em agosto de 1942, a Gestapo nazista deteve 200 homens da Armia Krajowa (Exército do Povo) em Pawiak, incluindo Tadeusz e Gertrude Łychowski e o menino Tomasz de 8 anos de idade.
Atualmente, Tomasz Łychowski é provavelmente o mais jovem ex-prisioneiro de Pawiak ainda vivo.
O pai Tadeusz Łychowski, foi deportado para Auschwitz.
Em 1949, Tomasz com a idade de 14, mudou-se com seus pais para o Brasil. Terminou seus estudos em Inglês em um departamento da universidade britânica de Cambridge e na Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Trabalhou no ensino superior, trabalhou em programas de ensino. Colaborou com a revista "Aproximações (Zbliżenia), publicada no Brasil pela prof. Henry Siewierski. Também escreveu cartas para a comunidade polaca do jornal "Lud (Povo)" de Curitiba, Brasil e para a "Głos Polski (Voz do polaco)", de Buenos Aires, Argentina.

As grandes paixões de Tomasz Łychowski são a poesia e a pintura. Ele pinta, principalmente, paisagens. Publicou livros de poemas em português, Inglês e polaco, entre outros: "Glimpses (Olhares)", de 1996; "Voices (Vozes)", de 1998; "Brisas", de 2000; "Graniczne progi (Os limiares de fronteiras)"; "Encontros" (Spotkania) de 2006; "Skrzydła (Asas)" de 2008 e o mais recente “Recomeço” de 2014.

Em 2010, apareceu, em Varsóvia, volume autobiográfico do prosador "Moja droga na księżyc” (Meu caminho para a lua)"

Łychowski é o autor das traduções de poesias de Julia Hartwig, Ryszard Krynicki e Ewa Lipska para a publicação da Academia Brasileira de Letras. Para a revista "Polonicus" de Curitiba traduziu poemas selecionados de Karol Wojtyła.

Padre Zdzisław Malczewski
Padre Zdzisław Malczewski
Nasceu em Nowe Brzesko, próximo de Cracóvia. Em 1969, ingressou na Sociedade de Cristo para Polacos no Exterior. Depois de estudar filosofia e teologia no Seminário Maior da Sociedade de Cristo em Poznań, foi ordenado padre em 11 de maio de 1976. Fez mestrado em teologia na Universidade Católica de Lublin, doutorado em ciências humanas - na Universidade Adam Mickiewicz em Poznań.

Em 1979, chegou no Brasil para cumprir missão de sua Congregação. Foi enviado para a paróquia Santa Ana, na cidade de Carlos Gomes, no Rio Grande do Sul. Foi pároco em Ijuí (RS) e Rio de Janeiro (RJ), e provincial da Sociedade de Cristo na América do Sul e também pároco em Curitiba.

Padre Zdzisław Malczewski, participa na vida da comunidade polaca na América Latina de forma intensa.

Ele também está envolvido no trabalho da USOPAL - União das Associações e Organizações Polacas da América Latina. Em junho de 2009, foi nomeado Reitor da Missão Católica Polaca no Brasil.
Já como reitor, começou em julho de 2009, a publicação do boletim "Echo Polskiej Misji Katolickiej w Brazylii (Ecos da Missão Católica no Brasil)", que é publicado a cada dois meses, e atualmente é a única publicação em língua polaca, no Brasil.

Entre os anos 1999 a 2009 foi editor da revista de estudos polaco-brasileiros "Projeções", publicada em português, em Curitiba, assim como o iniciador e fundador do livro-revista "Polonicus" editado semestralmente, e que é uma espécie de ponte entre as culturas polaca e brasileira. A revista é distribuída para universidades brasileiras e centros culturais.

O padre Malczewski é correspondente internacional da Rádio Vaticano, bem como o autor dos livros: "A presença dos polacos e da comunidade polaca no Rio de Janeiro" (Lublin 1995), "Dicionário Biográfico de polacos e brasileiros descendentes de polacos" (Varsóvia, 2000), "Autoimagem da Polônia brasileira. Cartas dos Emigrantes, 1979-2006", (Curitiba, 2007).

Prêmio Literatura 2016
A atribuição do Prêmio de Literatura da Associação de Escritores Polacos no Exilio é dada por júri composto por: Andrzej Krzeczunowicz, presidente ZPPnO; prof. Beata Dorosz, IBL PAN; Padre prof. Janusz Ihnatowicz, Houston, Estados Unidos; Padre prof. Bonifacy Miązek, Viena, Áustria; Dra. Nina Taylor-Terlecka, Oxford; Dr. Aleksandra Ziółkowska-Boehm, Wilmington, Estados Unidos.

A cerimônia de premiação e encontro com os vencedores será realizado em Londres na primavera de 2017.

Fonte (PAP), abe/ mow/ – portal dzieje.pl

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Batalha contra os alemães próximo de Lipsko

Ilustração criada em 1914 - I. D. Sytin Sociedade LitografiaMoscou
Esta ilustração, que mostra uma batalha entre russos e alemães próximo a Lipsko na Polônia, faz parte da coleção de pôsteres em estilo lubok da Primeira Guerra Mundial, conservada na Biblioteca Britânica.

A legenda descreve: “Enquanto nossas valentes tropas destruíam o exército austro-alemão sob o comando do [general Moritz von] Auffenberg e o expulsava da cidade de Lublin para além do rio San, uma unidade alemã formada por três divisões correu em missão de resgate na direção de Kielce pela margem esquerda do rio Vístula. Encontrados por nossas tropas no rio Izit perto de Lipsko, os alemães sofreram uma severa derrota. Uma divisão alemã foi completamente destruída e perdeu quase metade de sua artilharia. Além de não conseguirem dar cobertura às tropas em retirada do general Auffenberg, os alemães foram forçados a se afastar em direção ao oeste”.

Lubok é uma palavra russa para impressões populares criadas a partir de gravuras, xilogravuras, águas-fortes ou, mais tarde, litografia. As impressões muitas vezes se caracterizavam por simples ilustrações coloridas que retratavam uma narrativa, e também podiam incluir textos.

Lubok ganhou popularidade na Rússia a partir do final do século XVII. Geralmente com narrativas de acontecimentos históricos, literaturas ou contos religiosos, as impressões eram usadas para levar essas histórias a pessoas analfabetas. Além da sua expressividade, as impressões tinham tons bem diversificados, variando de comentários bem-humorados a instrutivos, passando por assuntos políticos afiados a temas sociais.

As imagens eram claras e de fácil compreensão, e algumas foram publicadas em série, antecessoras da moderna história em quadrinhos. Devido ao baixo custo de sua reprodução, as impressões eram, portanto, uma forma que as massas tinham para mostrar arte em casa.

No começo, esse estilo artístico não foi levado a sério pelas classes mais altas, mas até o final do século XIX, o estilo lubok ficou tão bem-conceituado que inspirou artistas profissionais. Durante a Primeira Guerra Mundial, o estilo informou os russos sobre os eventos na linha de frente, reforçou o moral e serviu como propaganda contra combatentes inimigos.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A aparência dos imigrantes polacos


Poster arquivado na Biblioteca do Congresso Nacional dos Estados Unidos, de autoria de Adolf Franz Theodor Münzer (*1870, +1953).

Frase no alto do cartaz: Esta é a aparência dos emigrantes polacos

O pôster foi criado como parte de uma campanha para convencer as pessoas de etnia alemã da Alta Silésia a votarem a favor de manter a região como parte da Alemanha após a Primeira Guerra Mundial.

O pôster apela aos votantes alemães representando pessoas de etnia alemã empobrecidas deixando a Polônia.

O texto completo diz:
“Esta é a aparência dos emigrantes polacos, e você também se parecerá com eles se a Silésia se tornar parte da Polônia. Alto-silesianos! Permaneçam com a nova Alemanha!”

Localizada na atual região sudoeste da Polônia, a Alta Silésia era originalmente um território polaco que, durante 127 anos, esteve ocupado pelo reino da Prússia (depois República da Alemanha). Em séculos passados também esteve sob domínio temporário da Bohemia e da Áustria.
No início do século X, os governantes da Silésia encorajaram a imigração de povos saxônicos, para que trabalhassem como fazendeiros e nas indústrias locais têxtil e carvoeira.
Após a derrota da Alemanha e da Áustria na primeira guerra mundial, a posse da Alta Silésia foi disputada pela Alemanha com a Polônia que recentemente havia recuperado sua independência.

O Tratado de Versalhes, de 1919, ordenava que a questão da posse fosse decidida por referendo popular.
No plebiscito de 20 de março de 1921, a Alemanha obteve aproximadamente 706.000 votos, e a Polônia, 479.000.
No entanto, os polacos silesianos realizaram uma revolta armada e, no final, os Aliados concordaram em devolver região da Alta Silésia à Polônia.

Theodor Münzer, artista de origem prussiana-alemã nasceu na Alta Silésia e bastante conhecido por seus murais decorativos.


E este é um pôster do artista alemão Fritz Gottfried Kirchbach (1888 a 1942). 

É de 1920, produzido em Berlim, como parte da campanha alemã para convencer votantes de áreas rurais da Silésia a optarem por continuar sob a ocupação da Alemanha.
O cartaz mostra um fazendeiro que perdeu seu cavalo e que, portanto, conduz um arado puxado por sua mulher e seu filho. O texto diz:

“É isto o que ocorrerá conosco na Polônia! Nós, fazendeiros, votamos na Alemanha!"

Em um momento em que a agricultura era ainda quase inteiramente dependente de animais de tração para a aragem e outras atividades, a imagem de uma família raquítica sendo forçada a trabalhar a terra desta maneira enviava uma mensagem poderosa aos eleitores.

Gottfried Kirchbach que criou várias obras alertando pessoas de etnia alemã sobre as misérias que as aguardavam caso decidissem se tornar cidadãos da Polônia.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Prédios de Varsóvia do ano 1440 ainda em pé em 1911


Encontrei esta foto numa publicação de 1911, "Ziemia", de uma rua com prédios (Kamienice) em Varsóvia.

Segundo o autor do texto, um destes prédios é chamado de Kamienica Baryczków e foi construído ao redor de 1440, no nr. 32 do Stare Rynku (praça do mercado velho).
Seus proprietários eram Anna e Piotr Pielgrzym (prefeito da Cidade Velha de Varsóvia).
No começo do século XVI, o dono já era Jerzy Baryczka.

O autor da foto deve ser meu parente, leia o sobrenome: J. Jaroszyński.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Palavras polacas - 9


Pronúncia:
- dúupis,
- fad do dúugóPIssu,
- piÚró,
- NAbui do piÚra,
- GUMcá,
- noJEtchqui,
- liNIica,
- óÚUvék.

A maioria das palavras polacas são paroxítonas, portanto a sílaba tônica, ou forte é a penúltima. Sublinhei as sílabas fortes, tônicas.
Uma consoante sozinha no final das palavras, não é uma sílaba, portanto, não é a última.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Kukliński é nomeado general pos-mortem

Ryszard Kukliński - Foto: Adam Golec
O coronel Ryszard Kukliński foi nomeado para o posto de general de brigada, a pedido do ministro da Defesa, Antoni Macierewicz, segundo informou o Palácio Presidencial.

As informações foram fornecidas pelo chefe da Assessoria de Imprensa da Presidência da República, Marek Magierowski. A nomeação do coronel Kuklinski era uma reivindicação de muitos anos de organizações de direita da Polônia.

Ryszard Kukliński - codinome Jack Strong - foi o mais famoso agente secreto polaco a servićo da CIA - Central de Inteligência Americana.
Como oficial do Estado Maior (cursou a Academia Geral do Estado-Maior da URSS junto com o general Czesław Kiszczak) aprovou os planos estratégicos secretos norte-americanos do Pacto de Varsóvia.

Ele afirmou que a decisão de cooperar com os Estados Unidos veio depois dos eventos das greves gerais de 1970, quando as tropas do exército polaco dispararam sobre os trabalhadores (de acordo com outras versões as formas de cooperação foram assumidas por ele depois de uma missão no Vietnã). Outro motivo para a sua decisão teria sido os planos de guerra preparados por oficiais da equipe do Pacto de Varsóvia, que assumiram que, no caso de uma guerra nuclear, o país mais afetado seria a Polônia.

O coronel era um dos mais poderosos agentes da CIA: de acordo com várias fontes repassou cerca de 30 mil documentos, incluindo especificações de armas, manuais, planos de exercício militar e os planos de guerra.

O Coronel Kukliński também informou os EUA sobre a decretação prevista da lei marcial. Na véspera da decisão final sobre sua imposição, em novembro de 1980, o coronel Kukliński junto com sua família foi removido pela CIA do território da Polônia. Enquanto esteve "exilado" nos Estados Unidos, apoiou os esforços de adesão da Polônia a OTAN.

Em 1984, Kukliński foi condenado à revelia à morte por traição, por um tribunal polaco. Em 1995, durante os esforços para aderir à OTAN foi considerado inocente das acusações daquele tribunal do período soviético, como resultado da revisão de sentença. De acordo com o tribunal Kukliński agiu em estado de necessidade.

Ele morreu de um acidente vascular cerebral em 2004, e suas cinzas e seu filho foram trazidos para a Polônia.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

João Urban - exposição "Aproximações"

Wanda Wierzbicki, neta de imigrantes polacos
Distrito de Santana, Cruz Machado - PR
2016 – Foto: João Urban
A Casa da Cultura Polônia Brasil e o Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba realiza ação inédita de simultaneidade lançando a exposição fotográfica “Aproximações: Ucranianos e Polacos nas fronteiras agrícolas do Paraná” do fotógrafo curitibano João Urban, no Brasil, Polônia e Ucrânia.

A exposição “Aproximações” é um desdobramento do trabalho realizado em 2013 por Urban, a partir do projeto viabilizado pelo Prêmio Marc Ferrez de Fotografia (2012), concedido pelo governo brasileiro por intermédio da Fundação Nacional de Artes (Funarte).

João Urban utilizou fotografias de descendentes de imigrantes polacos feitas entre 1980 e 2004 nas colônias de Cruz Machado (Santana), Tomás Coelho, em Araucária, Dom Pedro em Campo Largo, Murici em São José dos Pinhais,  com novas imagens produzidas em 2013, quando fotografou descendentes de imigrantes ucranianos, nos municípios de Irati, Marechal Mallet, Prudentópolis e Antônio Olinto.

São registros fotográficos realizados por quase cinco décadas, presentes agora na exposição “Aproximações: ucranianos e polacos nas fronteiras agrícolas do Paraná”, já exibida em Irati, Marechal Mallet, Prudentópolis e Antônio Olinto, com o apoio da Funarte.

A versão atual, com novo "layout" e em formato maior, é uma iniciativa da Casa da Cultura Polônia Brasil e do Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba.
Ela está sendo apresentada simultaneamente em Lviv (Lwów), na Ucrânia, em Poznań, na Polônia, e na Colônia Murici, em São José dos Pinhais (município do Paraná escolhido em razão de seu expressivo número de imigrantes polacos) e também por ser cidade irmã de Poznań.

A exposição conta com apoio no Brasil da Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais, através daSecretaria Municipal de Cultura e do Comitê de Germinações Leopoldo Scherner de São José dos Pinhais. Na Polônia, tem como patrocinadores, a Embaixada do Brasil em Varsóvia e Embaixada da Ucrânia em Varsóvia e na Ucrânia do Consulado Geral da República da Polônia em Lviv.

Antônio Krzyzanoski e Sra Carolina, filha de imigrantes, Tomás Coelho, Araucária, PR -1989
Produção de pêssankas de Vera Lucia Daciuk, descendente de imigrantes ucranianos, Prudentópolis, PR - 2013
Lídia Martinhak, Antonio Olinto, PR - 2013.
Fotos: João Urban
João Urban
(Curitiba/PR, 1943), publicou os livros: “Bóias-Frias, Tageluhner in SudenBrazilien”, St. Gallen e Wupertal, 1984; “Tropeiros”,São Paulo, 1992; “Aparecidas”, Rio de Janeiro, 2002; “Tui i Tam – Memórias da Imigração Polonesa”, Curitiba, 2004; “João Urban”, Coleção SENAC de Fotografia;
N.°8: Rios por Onde Passo, Curitiba – 2007: “Mar e Mata, Curitiba, 2009, Passeio Público, paisagens e personagens (em preparação), Benedito Domingo, novela, literatura (lançamento próximo) – Participou da 14ª Bienal de São Paulo, 1977; 15ª Bienal Internacional de São Paulo; 5ª Bienal de Havana, 1994.

Prêmios recebidos: Prêmio Banco do Brasil, 35º Salão Paranaense de Artes Plásticas; Prêmio Bienal de São Paulo, na XIV Bienal de São Paulo (Equipe Bóias-Frias: Margareth Born, Renato Mazanek, Jamil Snege e João Urban); Prêmio Ensaio Banco J. P. Morgan-São Paulo, 1999; Bolsa Vitae de Artes, 2000; Prêmio Funarte Marc Ferrez, 2013.

Fotografias em acervos: Museu da Fotografia da Cidade de Curitiba; Museu de Moderna de São Paulo; Museu de Arte de São Paul (Coleção Pirelli); Fundação Suíça para a Fotografia, Zurich; Museu da Casa Brasileira SP; Museu de Arte Contemporânea(PR); Musée Français de la Photographie Bievres; Coleção particular de Joaquim Paiva; Coleção Hotel Lloyd, Amsterdam.

Atual: Aproximações: exposição simultânea em Poznan (Polônia), Lviv (Ucrânia), Colônia Murici, S.J.Pinhais, outubro de 2016.

Serviço: Exposição - “Aproximações: Ucranianos e Polacos nas fronteiras agrícolas do Paraná” No Brasil

Onde: Casa de Cultura Polaca Pe. Karol Dworaczek
Endereço: Rua João Lipinski, 1001, Colônia Murici – São José dos Pinhais, PR – Brasil
Contatos: telefone +55 (41) 3381-5908 – email: casa.cultura@sjp.pr.gov.br Quando: De 24 de outubro a 11 de dezembro de 2016
Horário de funcionamento da instituição: aos domingos das 10 às 17h

Na Polônia
Onde: na sede da Prefeitura do Distrito de Poznań (Starostwo Powiatowe w Poznaniu)
Endereço: Rua Jackowskiego 18 em Poznań
Quando: 21 de outubro, às 17h30

Na Ucrânia
Onde: Gary Bowman Art Gallery
Endereço: Rua Nalywajki 18, Lviv (Lwów)

Site da galeria:
https://www.facebook.com/MisteckaGalereaGeriBoumena
Quando: 23 de outubro, às 15h

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

WAJDA NIE ŻYJE - Wajda morreu


O maior cineasta polaco de todos os tempos e um dos maiores do mundo ANDRZEJ WAJDA morreu na noite deste domingo aos 90 anos de idade, em plena atividade profissional.

O cineasta estava internado, num hospital de Varsóvia, há alguns dias devido a problemas pulmonares e foi colocado em coma induzido. Wajda acabou morrendo, no início da noite deste domingo, de insuficiência pulmonar.

Andrzej Witold Wajda nasceu em 6 de março de 1926, na cidade de Suwałki (Nordeste da Polônia). Filho de Jakub Wajda, oficial do exército polaco, assassinado pelos soviéticos em Katyń (Rússia) durante a II Guerra Mundial e de Aniela (Białowąs), uma professora do ensino fundamental.

Wajda deixa sua filha Karolina e sua quarta esposa Krystyna Zachwatowicz. Suas três primeiras esposas foram Gabriela Obremba (casados entre 1949 a 1959), Sofia Żuchowska (1959 a 1967) e Beata Tyszkiewicz (1967 a 1969), a mãe de Karolina.


Depois da guerra, Wajda estudou pintura, na Academia de Belas Artes de Cracóvia e direção de cinema, em uma das mais importantes universidades de cinema de todo o mundo, A Escola Superior de Cinema de Łódż (pronuncia-se uúdji), a mesma onde se formaram Romań Polański, Krzysztof Kieślowski, Krzysztof Zanussi, Agnieszka Holland, Piotr Sobociński (diretor de fotografia) e tantos outros.

Wajda foi agraciado com o Oscar (por sua contribuição ao cinema mundial e conjunto de sua obra, em 2000) quando foi descrito como "homem cujos filmes deram a plateias do mundo inteiro uma visão artística da história, da democracia e da liberdade, e que assim, tornou-se ele mesmo um símbolo de coragem e esperança para milhões de pessoas no pós-guerra da Europa".

Foram mais de 40 filmes, verdadeiras obras de arte, premiados em festivais de cinema de todo o mundo. Três de suas mais importantes estatuetas (Oscar, Palma de Ouro, Leão de Ouro), ele doou para o museu da Universidade Iaguielônica de Cracóvia, a mais antiga da Polônia.


Em 1990, Andrzej Wajda foi homenageado pelo "European Film Awards" por sua vida de realizações cinematográficas. Apenas, outros dois diretores receberam tal honraria: o italiano Federico Fellini e o sueco Ingmar Bergman.

O primeiro momento de reconhecimento internacional chegou com O Homem de Mármore (1977), uma crítica à Polônia comunista que Wajda chegou a apresentar em Cannes. O filme retrata a história de uma jovem estudante de cinema de Cracóvia, Agnieszka – esta procura fazer um documentário sobre Mateusz Birku, um pedreiro que se tornou um herói operário e a quem chegou a ser construída uma estátua de mármore. Só que, entretanto, sem que se saiba bem porquê, Birkut caiu em desgraça e desapareceu do mapa durante anos. A jovem realizadora acaba por refazer o seu percurso até chegar ao filho deste, Maciej Tomczyk, nos estaleiros de Gdańsk, onde se vivem momentos de agitação. É Maciej que lhe conta que o pai está morto há anos.

O Homem de Ferro nasceria poucos anos depois e é neste filme que fica claro que Mateusz Birkut foi uma das vítimas do massacre de Dezembro de 1970 em Gdańsk, em que pelo menos 42 pessoas foram mortas pelas forças do regime polaco quando protestavam contra o aumento de preços dos produtos alimentares. Wajda voltou a Gdańsk em 1980 e em 1981 já estava lançando este filme em que acompanha a história de Maciej.

Urso de Ouro do Festival de Berlim
Agora, o percurso do jovem protagonista é intencionalmente semelhante ao de Lech Wałęsa, fundador do Solidarność, ou Solidariedade, que nasceu em 1980 e foi o primeiro movimento cívico e sindical livre na chamada “cortina de ferro”. O próprio Wałęsa, que foi o primeiro presidente da Polônia após à queda do mundo soviético (em 1989), chega a aparecer no filme.

“Eu sabia que era necessário filmar o que se estava se passando lá em baixo [em Gdańsk]”, contou certa vez o realizador aos microfones da emissora francesa RFI. “Assim que entrei nos estaleiros, um operário veio sentar-se ao meu lado e disse-me: - Senhor Andrzej, tem de fazer um filme sobre nós. Já fez O Homem de Mármore, agora faça O Homem de Ferro, recordou Wajda. “Não tenho por hábito fazer filmes por encomenda, mas se a encomenda é de um operário, sim”, afirmou o realizador polaco.

Oscar 2000

Seu último filme "Powidoki" (imagens residuais) estreou oficialmente agora em setembro. Filme sobre o pintor Władysław Strzemiński, interpretado por Bogusław Linda, está previsto para ser lançado mundialmente no início de 2017.

É o filme polaco candidato ao "Oscar" do próximo ano. Foi premiado no recente Festival de Cinema de Gdynia. Wajda ao receber o troféu declarou que este não era seu último projeto, já que estava já trabalhando num próximo filme.

No último dia 9 de junho deste ano, publiquei em meu blog uma longa entrevista com o cineasta de "Kanał (1956)". Leia "Andrzej Wajda: nacionalistas na Polônia dizem NÃO"...em:

http://iarochinski.blogspot.com.br/…/andrzej-wjada-nacional

… A televisão TVN24 detalha a morte e a vida do monumento "Wajda":



Filmes

1954 – Geração (Pokolenie)
1957 –  Canal (Kanał)
1958 – Cinzas e diamantes (Popiół i diament)
1959 – Lotna
1962 – Um Amor aos Vinte Anos (L'Amour à Vingt Ans)
1969 – Tudo a Venda (Wszystko na sprzedaż)
1970 – Paisagem após a Batalha (Krajobraz po bitwię)
1970 – O Bosque de Bétulas (Brzezina)
1973 – Bodas (Wesele)
1975 – Terra Prometida (Ziemia obiecana)
1976 – O Homem de Mármore (Człowiek z marmuru)
1978 – Sem anestesia (Bez znieczulenia)
1979 – As Senhoritas de Wilko (Panny z Wilka)
1980 – O Maestro (Dyrygent)
1981 – O homem de ferro (Człowiek z żelaza)
1983 – Danton
1983 – Um Amor na Alemanha (Eine Liebe in Deutschland)
1988 – Os Possessos (Les possédés)
1990 – As 200 Crianças do Dr. Korczak (Korczak)
1995 – Semana Santa (Wielki tydzien)
1997 – Senhorita Ninguém (Panna Nikt)
1999 – O Senhor Tadeu (Pan Tadeusz)
2002 – A Vingança (Zemsta)
2007 – Katyń
2009 – Doce Perfume (Tatarak)
2013 – Wałęsa
2016 - Imagens Residuais (Powidoki)

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Czarnyprotest: Rynek de Cracóvia virou um mar preto

Foto: Marcin Wesołowski
O Rynek Głowny (praça do mercado central) em Cracóvia ficou tomado nesta segunda-feira de manifestação das mulheres polacas todas vestidas de preto protestando contra o Congresso de maioria parlamentar absoluta de ultra-direita, que pretendem votar lei proibindo totalmente o aborto na Polônia.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Palavras polacas - 8


Pronúncia:
Sękacz = cencátch
Powidła śliwkowe = pówidua chlifve
Rogal marciński = gal martchinhsqui (R com som do mesmo R de caro)
Oscypek = óstssepék
Ser koryciński = cér córetchinhsqui
Śliwowica = chlivóvitssa
Miód wrzosowy = miud vjóssóve

A maioria das palavras polacas são paroxítonas, portanto a sílaba tônica, ou forte é a penúltima. Sublinhei as sílabas fortes, tônicas. Uma consoante sozinha no final das palavras, não é uma sílaba, portanto, não é a última.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Curitibano pode ser o primeiro brasileiro ganhador do Prêmio Nobel

Prof. Dr. Celso Grebogi, curitibano
Um físico da Universidade de Aberdeen, Escócia, foi nomeado para a lista de influentes que tem previsto desde 2002, 39 ganhadores do Prêmio Nobel.

Professor Celso Grebogi, da cadeira de “Sistemas Não Lineares e Complexos" da Universidade de Aberdeen, está “Laureados Citados 2016”, da “Propriedade Intelectual e Ciência de Negócios”, da Thomson Reuters.

Dr. Celso Grebogi já recebeu o Prêmio Toshiba - renome Mundial Acadêmico da Universidade Waseda – do Japão e o Prêmio da Alemanha Humboldt Senior.

Estes Laureados são identificados a cada ano como os candidatos mais promissores para ganhar o Prêmio Nobel.
O Professor Grebogi é o único cientista de uma universidade britânica incluído nas categorias para a ciência, em reconhecimento ao seu trabalho sobre a “Teoria do caos”.

Grebogi já havia sido incluído em lista semelhante, nos estados Unidos em 2010, junto com a equipe de cientistas Mitch Feigenbaum, Edward Ott, James Yorke Harry Swinney e Benoit Mandelbrot da Universidade de Maryland.

O caos é a ciência que descreve como o nosso conhecimento de alguns sistemas na natureza se degrada rapidamente. O clima é um exemplo clássico de um sistema caótico. Mesmo quando medimos com precisão as condições atmosféricas em muitos lugares, a nossa capacidade de prever o tempo futuro permanece pobre.

Origens
Celso Grebogi é curitibano, do Boqueirão, com origens na colônia polaca Murici, de São José dos Pinhais. Seus pais são donos de uma padaria na periferia de Curitiba. Formado em engenharia Química pela UFPR - Universidade Federal do Paraná (1970).
É mestre em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro(1974), mestre em Física pela University Of Maryland(1975), doutor em Física pela University Of Maryland(1978) e pós-doutorado pela University Of California At Berkeley(1981). Atualmente é Professor Titular da Universidade de São Paulo e Professor Honorário da University of Aberdeen. Estudou e trabalhou como professor nas universidades Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, University of Maryland, University of California (Berkeley), USP-Universidade de São Paulo e University of Aberdeen.

A pesquisa do professor Dr. Grebogi em sistemas dinâmicos caóticos combina métodos analíticos e técnicas com extensos experimentos baseados em computador. Ele tem causado um enorme impacto internacional com seu trabalho na área de controle do caos.

Ao tomar conhecimento da indicação dos Laureados 2016, ele disse: "Aparecer, em 2016, na lista dos Laureados por Citações é uma grande honra. A lista é levada em alta consideração, porque tem sido bem sucedida em predizer 39 ganhadores do Prêmio Nobel nos últimos 14 anos. No entanto, enquanto estamos muito satisfeitos de ser incluídos, é improvável que possamos competir este ano contra o experimento Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory (LIGO) sobre gravidade. Pois é a primeira deteção direta de ondas gravitacionais e um resultado muito aguardado desde a predição de Einstein sobre ondas de gravidade em 1916”.
Complementou dizendo: "É um privilégio ter o nosso trabalho, que abriu toda uma nova área de pesquisa, mudando filosoficamente a nossa maneira de pensar sobre o caos, considerada como um avanço tão significativo na física."

O Prêmio Nobel de Medicina será anunciado em 3 de Outubro, seguido pelo de física em 4 de Outubro, e o de química em 5 de Outubro.

Prêmios Conquistados
1974 - Fulbright Award, Fulbright-Hayes Foundation.1997 - Doctor Honoris Causa, Universität Potsdam.
1989 - Distinguished Scientist Lecturer, Carnegie Mellon University.
1991 - Fellow of the American Physical Society, American Physical Society. 1995 - North British Lecture Tour Award, British Mathematical Society.
1996 - Toshiba Chair as World-renowned Scholar, Waseda University.
1996 - Senior Humboldt Prize, Alexander von Humboldt Foundation. 1996
1996 - Distinguished Faculty Research Award, University of Maryland.
2003 - Membro Titular, Academia Brasileira de Ciências.
2003 - Humboldt Prize Revisit, Alexander von Humboldt Foundation.
2009 - Membro Honorário do International Physics and Control Society.
2011 - Membro do Institute of Physics (GB).
2012 - Membro Royal Society of Edinburgh.
2012 - Professor Honorário, Xi'an University of Technology, China.
2012 - Professor Honorário, Lanzhou University, China.
2014 - Doctor Honoris Causa, Le Havre University, France.
2015 - Professor Honorário, Xi'an Jiaotong University, China.
2004 - Atingiu 10.000 citações, Science Citation Index.
2010 - Atingiu 21.000 citações, Science Citation Index.
2011 - Atingiu 31.000 citações, Google Scholar.

P.S. a mais provável grafia de seu sobrenome no idioma polaco é Gryboś. E em sendo assim, existem 1059 pessoas em diferentes cidades da Polônia atualmente com este sobrenome. A maioria em Nowy Sącz (216 pessoas), Jasło (32), Tarnów (28) e Cracóvia (27)

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Palavras polacas - 7



Pronúncia
Pokrywka (tampa) = pókrêfca,
Płyta gazowa (registro de gás) = PUÊta gava,
Palnik (acendedor) = PÁLnic
Mikrofalówka (forno microondas) = microfáfca,
Garnek (caçarola) = GÁRnek,
Piekarnik (forno) = piéCÁRnic,
Toster (torradeira) = TÓSter,
Mikser (batedor) = MIkssér,
Patelnia (frigideira) = PaTÉLnia

A maioria das palavras polacas são paroxítonas, portanto a sílaba tônica, ou forte é a penúltima. Uma consoante sozinha no final das palavras, não é uma sílaba, portanto, não é a última.

domingo, 28 de agosto de 2016

The Independent: Um guia para a Polônia

O jornal de "Independent" de Londres, publicou dias atrás uma extensa reportagem sobre a Polônia, assinada por Andy Jarosz.


O título pretende apresentar o país para os turistas ingleses: "Um guia para a Polônia...".

Mas vamos ao texto:

É conhecida por suas cidades que envelheceram com a história, mas se aventurar além dos centros urbanos vai permitir encontrar algumas das montanhas mais pitorescas, lagos e costa da Europa.
Muitas viagens a Polônia levam a locais históricos do país, mas suas cadeias de montanhas oferecem vistas igualmente espectaculares
"Venha para o passado, experimentar o futuro", poderia facilmente ser um novo slogan para o turismo polaco. Os visitantes são atraídos para o país principalmente por suas cidades medievais e locais sombrios relativos à sua história no século 20. Quando chegam nas principais metrópoles da Polônia, no entanto, estão susceptíveis de serem atingidos por blocos de torre de vidro modernos, moda de vanguarda, e um vibrante cenário gastronômico, que é um dos mais dinâmicos da Europa.

Sempre que se olhar na Polônia, é difícil escapar da evidência de que ela tem sido indelevelmente moldada pela sua localização geográfica; grandes cidades como Varsóvia, Cracóvia e Wrocław (uma das Capitais Europeias da Cultura deste ano de 2016) devem sua magnífica arquitetura pela posição no centro das grandes rotas comerciais da Europa. Mas isso também trouxe destruição e sofrimento, assentada como tem sido há séculos entre as nações mais poderosas do continente.

Torres modernas ao lado Palácio da Cultura e Ciência (Getty Images)
Enquanto os visitantes internacionais têm sido atraídos pela história da Polônia, o país está longe de ter falta de atrativos naturais. As zonas úmidas e cristalinas dos Lagos da Mazuria estão se tornando locais de mais fácil acesso no verão, graças ao lançamento de novos voos das companhias áreas europeias.

As montanhas Tatra, entretanto, oferecem grandes oportunidades para esquiar no inverno e uma abundância de trilhas para caminhadas no verão. E a costa do Mar Báltico na Polônia, durante muitos anos, oferecendo turismo de saúde à moda antiga a um mercado, principalmente doméstico, tem se desenvolvido rapidamente com spa alternativo para exigentes visitantes estrangeiros.

A menção da cozinha polaca não pode agitar o mesmo sentimento de emoção como seus equivalentes franceses ou italianos, mas há muito mais para se comer aqui do que uma série de combinações de porco indigesta, com repolho e batata. O Senses (sensesrestaurant.pl) é uma nova opção na cena da gastronomia de Varsóvia. Ele é a segundo destino da cidade com estrela Michelin. E enquanto os mercados de noite podem ser atrações familiares no Sudeste Asiático, o equivalente varsoviano recentemente se estabeleceu logo atrás da estação  de trem central; que oferece uma grande variedade de pratos frescos, com comida de rua asiática dominando o menu.

Apesar do seu amplo apelo, a Polônia permanece relativamente livre das grandes multidões de turistas, mesmo no pico dos meses de verão; assim pode oferecer tudo do melhor para aqueles que fazem uma viagem para lá.

*Uma libra esterlina 1£ vale atualmente 5,2 złotys polacos e o dólar é cotado em US$ 1 por 4 złotys.

Varsóvia
A capital da Polônia é uma cidade moderna, de classe mundial, com muitos museus contemporâneos. Saiba mais sobre o heroísmo e traição que levou a Varsóvia a ganhar o título de cidade mais destruída do planeta no Rising Museum Warsaw (1944.pl; 18 złotys a entrada), ou voltar séculos no excelente Museu da História dos polacos-judeus (polin.pl; 25 złotys o ingresso); pois é uma imersão na rica herança judaica da cidade.

Na lista da Unesco, está a reconstruída Cidade Velha, com músicos de rua se apresentando ao vivo, em cafés e multidões de turistas. Vale a pena dar um passeio à noite para vê-la em sua forma mais atmosférica.

A Praça Zamkowy, na entrada para a Cidade Velha, oferece uma visão do passado de Varsóvia como a capital florescente do século 17 (Getty Images)
No ano passado foi inaugurada a segunda linha de metro da cidade, ligando os bairros no lado leste do rio Vístula, como Praga, uma área anteriormente degredada que está sendo regenerada, com as fábricas e armazéns sendo transformados em galerias, bares e cafés. Soho Factory (sohofactory.pl) exemplifica esta transição; uma coleção de espaços industriais velhos, hoje, é o lar de galerias, restaurantes e lojas.

"The Neon Muzeum" no "Soho Factory é dedicado à preservação
dos sinais da guerra fria na era de neon da Polônia
Cracóvia
A cidade é a jóia cultural da Polônia, e seus edifícios, e não seu povo, foram poupados do pior dos horrores da Segunda Guerra Mundial. Sua cidade velha medieval permanece firmemente intacta; os visitantes se reúnem em torno da magnífica Stary Rynek (Praça do Velho Mercado), onde a cada hora se pode ouvir o toque interrompido de uma corneta soando a partir da torre da Basílica de Santa Maria.

No canto esquerdo, a Mariacka, construída no século 14,
é um dos pontos mais espetaculares da cidade (Getty) 
Explore o Castelo Wawel, a antiga sede da realeza polaca (wawel.krakow.pl). Os ingressos variam de acordo com as exposições e as partes do castelo. E dar um passeio no Kazimierz (pronuncia-se cájimiéje, ou Casimiro em português) é um pulo. Bairro que já foi coração pulsante da vida judaica da cidade.

A história da guerra é melhor explorada num moderno museu, a ex-fábrica de esmaltados de Oskar Schindler (mhk.pl; ingresso a 21 złotys). Além é claro de uma curta viagem de Cracóvia para Auschwitz-Birkenau (auschwitz.org; entrada gratuita), onde os visitantes podem compreender melhor o que foram os horrores nos campos de concentração e extermínios alemão nazistas.

Aventuras de montanha
As montanhas Tatra dividem a Polônia da Eslováquia e oferecem paisagens espectaculares. A cidade de Zakopane passa de estância de esqui de inverno para uma base popular de caminhadas nos meses de verão. Enquanto a caminhada até o ponto mais belo, a Morskie Oko (8 km) é geralmente muito visitado, pode-se facilmente se perder entre as multidões que tomam de assalto o caminho ao redor do lago glacial verde-esmeralda.

O Parque Nacional Bieszczady oferece uma vista deslumbrante no Sudeste da Polônia
Para uma experiência "cabeça" na montanha mais remota do Parque Nacional Bieszczady (podkarpackie.travel) no sudeste da Polônia. Aqui vai se encontrar trilhas isoladas ao longo de cumes dramáticos, aldeias abandonadas, e densas florestas que abrigam uma rica variedade de vida selvagem, incluindo ursos negros e lince.

Prazeres costeiros
O verão na costa báltica da Polônia tem sido sempre um assunto apenas de turistas domésticos (os próprios polacos), mas nos últimos anos o número de visitantes internacionais tem aumentado. Gdańsk é a maior cidade e foi o berço do movimento Solidariedade, que promoveu o fim do regime comunista. Pode conhecer tudo sobre ele no Centro de Solidariedade Europeu (ecs.gda.pl; 17 złotys a entrada).

A história de Gdańsk está intimamente ligada ao comércio; cerca de 90% do âmbar no mundo é colhido na costa do Báltico e a riqueza resultante disso é evidente nos muitos grandes edifícios da Cidade Velha. As cidades próximas costeiras de Sopot e Gdynia são destinos para um relaxar descontraído; o Hotel Sopot familiar (hotelsopot.eu) tem somente quartos duplos a 350 złotys, enquanto o duplex no sofisticado Hotel Quadrille em Gdynia (quadrille.pl) tem diárias a partir de 235 złotys; ambos oferecem pacotes promocionais.

Terra dos Lagos
Conhecida como "A Terra dos Mil Lagos", a Mazuria é uma região de baixa altitude e popular entre os entusiastas dos esportes aquáticos. Caso você prefira vela ou wakesurfing, mas também oferece passeios de bicicleta.

Os balneários de Gizycko e Mikołajki são centros de lojas de artes ao ar livre e cafés, onde as noites são curtidas, principalmente, com refeições ao ar livre à beira do lago, brindados pelo pôr do sol sobre a água.


Os belos lagos da Mazuria 
Até agora, esta pitoresca região se manteve fora da rota turística internacional, mas já existem vôos regulares para Olsztyn-Mazury desde Luton (wizzair.com) este verão, e Stansted (ryanair.com) no inverno, as coisas tendem a mudar.

Chegando lá
Entre as companhias aéreas europeias que voam para a Polônia, incluem-se: LOT, British Airways, Wizz Air, Ryanair e easyJet.

Mais informações: poland.travel

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

13 Coisas sobre a Polônia

TREZE COISAS SOBRE A POLÔNIA
QUE É PRECISO EXPLICAR AOS ESTRANGEIROS

Texto de Karolina Góralska



1. A Polônia não está localizado no círculo polar.
Não existem ursos polares a vaguear livremente através das planícies cobertas de neve. Não é muito frio durante todo o ano. E não, nós todos não usamos aqueles ridículos chapéus de pele com protetores de orelha. (Bem, não o fizemos antes que se tornaram moda.) A Polônia tem um clima moderado, com quatro estações bem marcadas e no verão aqui realmente fica quente.

2. Nós não somos todos os comunistas.
Caso você tenha perdido esse momento da história, há mais de 25 anos a Polônia transformou rapidamente e com sucesso de um regime comunista para uma república democrática. Nossos pais e avós experimentaram as graves repercussões de uma tentativa fracassada de colocar as nobres fundamentos de Marx e Engels em prática através de uma imposição violenta. E assim, a maioria dos polacos atualmente odeiam um pouco a simples menção ao comunismo.

3. Como nós não nos cansamos de comer batatas todos os dias.
Porque há tantas maneiras de comer batatas! Cozidas e polvilhadas com endro fresco, acompanhando kotlet; cozida e coberta com um cogumelo selvagem num molho cremoso; feita como panqueca salgada e coberto de goulash; pierogi, kopytka, pyzy - como poderia alguém se cansar de tantas variedades?

4. A Polônia não é um país minúsculo.
A Polônia é o nono maior país da Europa, tanto em termos de população como de território. Sua área é apenas um pouco menor que o da Alemanha e maior do que o Reino Unido ou a Itália.

5. A Polônia não é um país empobrecido.
A turbulenta história polaca afetou a economia do país, mas hoje a Polônia é um dos países de mais rápido crescimento na Europa Central, com uma educação de qualidade, mercados estáveis e fortes investimentos estrangeiros. A pobreza relativa ainda toca cerca de 7,4% da população, mas este número é semelhante aos níveis de pobreza relativa de qualquer outra nação desenvolvida.

6. Nós todos não vivemos em Varsóvia.
Há 38 milhões de pessoas na Polônia e a população de Varsóvia é inferior a 2 milhões. Então, da próxima vez que você encontrar alguém da Polônia, não pergunte: "Oh, você é de Varsóvia?", apenas porque essa é a única cidade polaca que você já tenha ouvido falar. Há uma grande chance do polaco na sua frente ser um daqueles 36 milhões que vivem em outros lugares.

7. Mas também nem todos vivem no campo.
Embora fazendas e florestas cubram 90% do território polaco, a maioria da população polaca vive em cidades e vilas. Cada um de nós não possuí um burro animal de estimação, mas a maioria de nós tem um parente com um pedaço de terra e nós adoramos passar fins de semana com eles, rodeados por campos e florestas.

8. Nós não somos todos os alcoólatras.
Não começamos nosso dia com uma dose de vodca no café da manhã. Sim, estamos orgulhosos de o quanto é boa a vodca polaca, especialmente porque é tão barata. E sim, nós bebemos muita vodca e somos orgulhosos do quanto podemos suportar seus efeitos. Mas, sério, nós realmente só bebemos em ocasiões especiais.

9. Sim, a Polônia tem praias e sim, tem montanhas.
Quase 800 km de litoral e 3 grandes cadeias de montanha (Cárpatos, Sudetos e Santa Cruz) divididas em 44 faixas, exatamente. Onde você imaginou gelo-desertos, existem diversas paisagens. Dunas móveis na região da Pomerânia é uma curiosidade à escala europeia. Chamamos Mazuria "A terra de mil lagos", apenas porque há tantos. A Polônia também tem o único deserto da Europa Central, Pustynia Błędowska. Há zonas úmidas no parque nacional Biebrzański, desfiladeiros em Ojców e as ilhas Woliński.

10. Como é possível pronunciar "W Szczebrzeszynie chrząszcz brzmi w trzcinie?"
A pronúncia polaca pode não ser fácil, mas esta frase em particular é um trava-língua, difícil de pronunciar, mesmo para os polacos nativos. O idioma polaco usa muitas consoantes, mas quando elas são agrupadas correspondem a um único som, o que significa que você não tem pronunciar cada letra. Por exemplo, "sz" é pronuncia como "ch", "cz" como "tch", "rz" mais ou menos como "j" no francês "je t'aime". Soa mais fácil, não é?

11. As cidades polacas não são restos feios da era comunista.
Stare Miasto ou Cidade Velha, o centro de todas as grandes cidades, está rodeado por kamienice, alguns dos quais têm 700 anos de idade. Estes belos edifícios residenciais são pintados em cores brilhantes e decorados com esculturas fantásticas e - basta olhar para imagens de Poznań, Wrocław, ou Kraków. As cidades polacas são testemunho de séculos de história. Toruń está cheia de arquitetura gótica; Malbork tem o maior castelo medieval construído de tijolos de toda Europa; Gniezno uma catedral do ano 1170. E todas as cidades polacas são verdes com parques ribeirinhos.

12. Sobrenomes polacos.
Meu sobrenome é Góralska, mas do meu pai é Góralski. Isso acontece com todos os sobrenomes polacos que terminam com -ski / ska ou -cka / CKI (e alguns outros). Sobrenomes com essas terminações funcionam como adjetivos e adjetivos tem a necessidade em idioma polaco de concordar em gênero com o substantivo. Então a sílaba final -ski é para homem, e -ska para o sexo feminino.

13. Polônia não só produz pessoas não-famosas.
Muitos dos famosos polacos são erroneamente taxados com outras nacionalidades. Roman Polański, diretor de cinema, é polonês. Frederic Chopin, criou músicas em Paris, mas nasceu e cresceu na Polônia. Maria Skłodowska-Curie casou com um cientista francês e trabalhou na França. Joseph Conrad era um polaco (seu nome verdadeiro era Józef Konrad Korzeniowski) e ele nem sequer dominava o inglês até ele ter 20 anos de idade. Nicolaus Copernicus, o cara que descobriu que o sol não girava ao redor da Terra, mas o contrário – também era polaco! E sem sua teoria o italiano Galileu Galilei não teria descoberto nada.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Polônia - Lição de casa antes de viajar



Em torno da praça principal, Cracóvia reúne suas atrações e restaurantes (foto: Dayse Regina Ferreira)

Antes de viajar, é preciso fazer a lição de casa: aprender o que é proibido ou mal visto em cada país ou em cada região do país, saber quais os caminhos para conhecer melhor a cidade que se está visitando, conhecer um pouco da culinária local e até repetir algumas palavras no idioma de cada lugar.
Fotos: Dayse Regina Ferreira

Frutas, legumes, produtos da terra, naturais e frescos, na gastronomia polaca
Se os atletas franceses que vieram para a Olimpíada no Rio, como a nadadora Aurélie Muller, que acabou desclassificada na chegada da maratona aquática pela atitude anti-esportiva; o nadador Camille Lacourt, que acusou o chinês vitorioso Sun Yang de doping; os treinadores dos judocas derrotados Cathy Fleury e Pierre Duprat, que puseram a culpa no juiz, tivessem lidos um pouco sobre o Brasil e o Rio, talvez ficassem longe de escorregar na maionese.
E, principalmente, faltou a Renaud Lavillenie um pouco de bom senso, tentando tirar o ouro de Thiago Braz, que literalmente voou no salto com vara. O francês usou o subterfúgio de colocar sua derrota como causada pelas vaias recebidas. E chorou, ao sentir que não tinha condições de se equiparar ao vencedor. No entanto, bastava ter saltado com destreza e elegância, como foi o caso do brasileiro. E bastava também ter lido um pouco sobre a reação dos que assistiam aos jogos, para saber que faz parte da cultura brasileira a vaia. No Ceará o povo vaia até o Astro Rei, quando o pôr do sol não fica bonito na praia...

A comida de rua também é tradição em Cracóvia
Quem também não fez a lição de casa foi o atleta pinochio norte americano, cuja fama de mentiroso ultrapassou fronteiras. Ryan Lochte parece ter QI de ameba ( as amebas que nos desculpem) e até ter sido influenciado pela presidenta, quando apresentou desculpas, sem realmente assumir seus erros. Foi uma “lição de casa” baseada em sofisma.
Também “não saiu de casa” o jornalista de Nova York, que não gostou do biscoito de goma Globo, tradição nas praias cariocas desde tempos imemoriais. Gosto não se discute, mas escrever contra, foi um tiro no pé. Claro que ninguém é obrigado a provar -- e gostar – de escorpião ou gafanhoto frito, como é hábito na Ásia. Comer olho de carneiro como no Oriente, cérebro de macaco vivo, preso no meio da mesa para ser aberto na frente do freguês como iguaria real ( vi isso acontecer em Hong Kong), são experiências que fogem da cultura ocidental. Também não dá para esperar muito de quem só consome hambúrguer com fritas e come macarrão chinês em frente da televisão.

A vida é colorida na Polônia
Para viajar ao exterior convém sempre ter um mínimo de informações, principalmente quando a língua do país não é tão conhecida como o inglês, francês, espanhol ou italiano. Vai para a Polônia? Dedique algumas horas para leituras sobre o país de Chopin e aprenda que a Polônia não é apenas a beleza de seu mar, suas praias, seus bosques, seus monumentos históricos, suas tradições e cultura.
Polônia também é gastronomia, com uma culinária rica e receitas que não existem em outros países. Cada região tem suas especialidades, que perduram há séculos sem nenhuma modificação, já que os campos, bosques e pomares continuam produzindo os mesmos alimentos e produtos. A cozinha polaca é saudável e cheia de sabores, porque a maioria dos produtos utilizados tem origem natural e recebem como condimentos as plantas aromáticas (tomilho, orégano, alfavaca, cominho, salvia), todas com propriedades calmantes ao sistema digestivo humano.

Sopa é uma presença constante na mesa da Polônia
A história da arte culinária polaca tem mais de mil anos e conserva suas tradições. Parte da cultura nacional, é o traço de união entre o passado mais remoto e a história contemporânea. Já na Idade Média a Polônia era conhecida pela hospitalidade e a boa mesa. Só para lembrar: o soberano polaco Boleslau, o Valente, ofereceu um banquete no ano 1000 para comemorar a peregrinação do imperador Otton III a Gniezno – então capital da Polônia – para visitar o sepulcro de São Adalberto. A festa ficou para a história.
Também ficou famosa a mansão “Wierzynek” de Cracóvia, que no ano de 1364 recebeu monarcas e príncipes convidados ao casamento do imperador Carlos com a neta do rei polaco Casimiro, o Grande. Os festejos foram descritos pelo cronista francês Guillaume de Machault (1300-1377), que não poupou elogios à hospitalidade e aos famosos pratos oferecidos aos convidados.

Peixe frito, salada de legumes frescos, um bom vinho e a vida fica mais fácil
A cozinha polaca aceitou influencias estrangeiras e o surgimento de grandes quantidades de legumes nas receitas é resultado do trabalho da rainha Bona Sforza, italiana esposa do rei Segismundo I, o Velho (metade do século XVI). Influências francesas foram notadas nos temperos mais equilibrados, nos sabores realçados, nos aromas dos produtos e na arrumação mais elegante das mesas. A gastronomia polonesa também recebeu complementos dos pratos russos e a Lituânia. A bebida diária dos eslavos e durante muitos séculos dos polacos, foi a cerveja. Também em destaque o hidromel. Eram bebidas que aplacavam a sede e acompanhavam as comidas, como hoje se usa a água mineral.
A cerveja na Polônia originou até algumas anedotas históricas. Dizem as lendas que o papa Clemente VIII, que ficou na Polônia em 1588 como legado da Santa Sé, acabou um fã incondicional da cerveja fabricada em Warka. Já com a dignidade papal em Roma, ficou gravemente doente e começou a delirar por causa da febre e do efeito dos remédios. E suplicava, em suas crises, “Piva di Varca”. Os cardeais reunidos em torno do leito, pensavam que o enfermo estava invocando a ajuda de algum santo e começaram a rezar: Santa Piva di Varca, ora pro nobis. Si non é vero...

Folhado recheado com creme, a sobremesa preferida do papa polaco
APERITIVOS E COMIDINHAS
Para acompanhar as vodcas de fama mundial – Wyborowa, Zubrówka, Polonaise – são comuns os presuntos, como o Krakus, as salsichas defumadas ou frescas, as tortas de coelho, os vegetais e pepinos em conserva. As sopas mais tradicionais são o barszcz, de beterraba vermelha, com pequenos raviólis recheados de carne ( kolduny) ou com feijões. Żur é uma sopa espessa, meio ácida e bastante apimentada com salsicha, o krupnik, sopa de cevada e o chłodnik, sopa fria de pepinos frescos, acelga, ovos cozidos.
As carnes são geralmente de porco, em bifes empanados fritos na manteiga. Zrazy são pedaços de carne de gado com molho de cogumelos. As carnes recheadas em geral têm molho de cerejas, passas ou cogumelos. A carne de vaca pode ser cozida ao natural com molho de nabo branco. Língua também é bastante apreciada e são muitas as receitas de pato ou marreco assados com maçãs, a carne de caça, os filés de javali ou de veado, além de perdizes, codornas e faisão assado.

Panquecas recheadas, morangos, creme de leite: esqueça o regime e seja feliz 
Os peixes incluem trutas, carpas, e outros peixes de água doce, servidos com gelatina, fritos ou assados. Enguias e salmão geralmente são servidos defumados. Como entrada fazem sucesso os arenques com creme de leite, em azeite ou em escabeche de especiarias.
As hortaliças cultivadas na Polônia têm grande variedade: couve flor, nabo, cenoura, ervilhas, couve de Bruxelas, servidas cruas em saladas. E há ainda alho porró, nabo branco, pepinos em conserva, aipo . Embutidos em geral são servidos com salada de beterraba e nabo branco (cwikla) e as carnes com cenoura e ervilhas, repolho recheado com maçã.
Nas massas o rei é o pierogi, como raviólis recheados com batata, repolho ou linguiça. Faz sucesso também o knedle, croquetes com cerejas ou morangos, os crepes com queijo branco e frutas, os croquetes de massa (leniwe pierogi, kopytka), as almondegas com carne picada (pyzy).
Um dos pratos nacionais mais especiais são os cogumelos. São preparados fritos na frigideira, cozidos com creme de leite ou em escabeche. Os cogumelos secos, de sabor mais acentuado, são usados em sopas, molhos, carnes. Uma delícia é o pierogi com cogumelos e repolho.
Doces em geral incluem massa e frutas em conserva. Tortas de biscoito, pães de mel, tortas de queijo, doces com chocolate. Folhado recheado com creme era a sobremesa predileta do papa polaco que foi ator, antes de se tornar padre e virar atração turística no país cheio de atrativos. Boa viagem e bom apetite.
Entre as bebidas, águas minerais, sucos de frutas naturais como a groselha negra e vermelha, de maçãs e morangos. Entre as melhores cervejas a famosa Warka, Zywiec, Okocim, Lezajsk. O hidromel já caiu de moda, mas quando existe, é de alta qualidade.

Publicado originalmente no site do jornal BEM PARANÁ