Por Giuliana Miranda, Enviada especial*
VARSÓVIA, POLÔNIA, 18 de novembro (Folhapress)
- A última semana da conferência mundial do clima começou movimentada. Ativistas ignoraram o frio e se dividiram em vários protestos pela cidade. O alvo, dessa vez, foi a indústria do carvão, que começa hoje seu encontro mundial também na capital polaca, em uma "coincidência" de datas que foi considerada uma afronta aos ambientalistas.
De manifestantes pendurados em um prédio público até um coral de de tosses, os protestos foram variados.
Ativistas do Greenpeace escalaram a sede do Ministério da Economia e levantaram uma faixa que perguntava: "Quem comanda a Polônia? A indústria do carvão ou o povo?".
Pouco depois, manifestantes ligados a diversas ONGs se reuniram na frente do ministério também para protestar contra a conferência e a exploração do carvão no país.
Eles espalharam notas falsas de dinheiro e confetes pretos, em uma alusão à origem suja dos recursos. Além disso, um pulmão inflável gigante também foi usado como símbolo do dano à qualidade do ar.
No microfone, ativistas se revezavam nas palavras de ordem contra a indústria do carvão, em discursos que eram traduzidos em inglês e em polaco.
Apesar dos recursos cênicos, a manifestação não pareceu atrair muita gente. Menos de 200 pessoas acompanharam os protestos. Mesmo assim, havia dezenas de policiais no entorno da praça e do prédio do ministério.
Perguntada se estaria frustrada com a pouca adesão dos polacos - cujo país tem mais de 70% da energia derivada do carvão-, uma ativista respondeu: "É porque é segunda e está frio, não é que as pessoas não se importem".
A alguns quilômetros dali, outro protesto ocupava o entorno do Estádio Nacional de Varsóvia, onde acontece a COP-19. O protesto causou um pouco de confusão no trânsito, mas não chegou a tumultuar o dia do polaco.
Dentro do estádio, uma série de microatos marcaram o dia. Em um dos mais inusitados, ONGs promoveram o casamento da "senhorita Clima" com o "senhor Combustíveis Fósseis" para ressaltar os problemas ambientais.
Do outro lado da cidade, Christiana Figueres, a secretária executiva da UNFCCC (Convenção-quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) era uma das palestrantes do Encontro Mundial do Carvão, que tanto irritou os ambientalistas.
Ela precisou defender sua decisão de participar do encontro, dizendo que a indústria de carvão é um problema, e que eles precisam ser incluídos no diálogo para que sejam transformados em parte da solução.
Cientistas de 27 países, incluindo os brasileiros Emílio La Rovere (UFRJ) e José Moreida (USP), divulgaram hoje uma declaração conjunta que reforça o status de risco ao aquecimento global que o uso do carvão representa. Segundo os especialistas, a ideia que a indústria quer passar, de um carvão verde, com usinas com alta eficiência energética, não existe do ponto de vista de emissões.
*A jornalista Giuliana Miranda viajou a convite da Deutsche Welle Akademie
P.S. Protestar é fácil....o difícil é produzir energia num país, que não tem usina nuclear (nem pode ter), que não tem hidroelétricas (95% do país é planície), que o vento bate muito fraco (estão sendo instaladas algumas unidades eólicas) não tem petróleo, não tem gás natural....Só restou o carvão....querem tirar isso também e condenar à morte por frio todos os polacos no inverno?