quinta-feira, 12 de junho de 2014

A seleção polaca de 1972 - 1976

Texto: Guilherme Diniz

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Grandes feitos: Terceira Colocada na Copa do Mundo de 1974, Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos de Munique (1972) e Medalha de Prata nos Jogos Olímpicos de Montreal (1976). Conseguiu os melhores resultados da história do futebol polaco.

Time base: 
Tomaszewski (Kostka); Szymanovski, Gorgon, Zmuda e Musial (Anczok / Bulzacki); Cmikiewicz (Maszczyk), Deyna, e Kasperczak (Lubanski); Lato, Szarmach e Gadocha.
Técnico: Kazimierz Górski.

“Olímpicos, mundiais e imortais”
Uma Olimpíada, um ouro. Uma Copa do Mundo, um bronze. Outra Olimpíada, uma prata. Jogadores velozes. Time entrosado. Disciplina tática. Talento no ataque, no meio de campo e na defesa. Uma geração de ouro. Os títulos e as qualidades descritas no trecho anterior parecem até ser de uma grande e tradicional seleção mundial, mas todos eles e muitos outros são de uma turma que vestia vermelho e branco e fez história nos anos 70 ao disputar e chegar entre os melhores de todas as principais competições do período: a Polônia.
Ninguém dava bola para aqueles jogadores de nomes complicados e quase impronunciáveis com tantas consoantes como  Szymanowski, Anczok, Cmikiewicz, Kasperczak, Szymczak. No entanto, eles foram mais do que essenciais para que os craques do time – curiosamente os donos dos nomes mais “comuns” – como Gorgon, Deyna, Lato e Gadocha devastarem adversários como Argentina, Brasil, Hungria, Itália, Suécia ou URSS. Apenas uma seleção conseguiu resistir ao talento e força daquele esquadrão: a Alemanha de Beckenbauer e Gerd Müller. Mesmo assim, eles só se saíram bem no mais importante embate (a fase decisiva da Copa do Mundo de 1974) por jogarem em casa e em um gramado terrível e encharcado que prejudicou demais a velocidade dos polacos comandados por Kazimierz Górski. É hora de relembrar as façanhas da melhor seleção polaca de todos os tempos.

O ressurgimento, três décadas depois
Kazimierz Górski: técnico responsável por formar a melhor seleção polonesa da história.
Kazimierz Górski: técnico responsável por formar a melhor seleção polaca da história.

Desde 1938 que a Polônia não conseguia aparecer para o mundo no futebol. Naquele ano, os polacos disputaram a Copa da França e deram um trabalho imenso à seleção brasileira de Leônidas da Silva e Domingos da Guia, que venceu os europeus por 6 a 5 em um dos jogos mais alucinantes dos mundiais – e com quatro gols do polaco Wilimowski.
Mesmo com a derrota, aquela foi a primeira e última Copa disputada pelo país, que sofreu com a II Guerra Mundial e passou a se esconder atrás da cortina de ferro do bloco comunista. Por conta disso, o profissionalismo no futebol do país não aconteceu e todos os jogadores eram simples amadores. No entanto, o que era para ser algo ruim para o esporte acabou tendo lá suas vantagens. Por ter apenas “amadores”, os polacos podiam enviar para os Jogos Olímpicos (que eram disputados apenas por amadores) suas equipes completas, o que representava o popular “amadorismo de fachada”.
Sem ligar para isso, a Polônia começou a mudar para sempre sua história futebolística no começo dos anos 70 quando Kazimierz Górski assumiu o comando técnico da equipe em 1971. Muito amigo dos atletas, mas também com fama de disciplinador e intransigente principalmente com relação a horários, o treinador passou a montar um time jovem que renderia frutos fantásticos. Os clubes responsáveis pela “matéria prima” eram o Górnik Zabrze (que tinha o goleiro Kocka, o defensor Anczok, o atacante Lubański e outros) e o Legia Warszawa (com os meio-campistas Cmikiewicz e Deyna, além do atacante Gadocha). Outro jogador de destaque era um jovem de 22 anos muito promissor: Grzegorz Lato, que não jogava bem apenas no verão como poderia sugerir seu sobrenome (“Lato” é “verão” em polaco), mas fazia estragos também no outono, inverno e primavera com uma velocidade absurda pela ponta-direita e a fama de correr 100 metros em menos de 11s (mais precisamente 10s8).
O técnico Górski passou a aperfeiçoar exatamente a velocidade do time e a visão de jogo estonteante de Kazimierz Deyna para fazer o primeiro teste nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972, na Alemanha, mesmo país que sediaria a Copa do Mundo de 1974. Um bom papel em terras germânicas seria mais do que fundamental para embalar a garotada nada amadora rumo ao mundial.

Invencíveis, goleadores e dourados
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A Polônia começou sua caminhada olímpica no Grupo D ao lado de Colômbia, Alemanha Oriental e Gana. Logo na estreia, os europeus massacraram os colombianos por 5 a 1, com três gols de Gadocha e dois de Deyna. Na partida seguinte, nova goleada: 4 a 0 em Gana, com gols de Lubański, Gadocha (2) e Deyna.
Já pensando na segunda fase, os polacos suaram, mas venceram os alemães do oriente por 2 a 1 com dois gols de Gorgon. No Grupo 2 da fase decisiva, a Polônia empatou em 1 a 1 com a Dinamarca (gol de Deyna), venceu, de virada, a forte URSS de Oleg Blokhin por 2 a 1 (gols de Deyna e Szoltysik, cobrando pênalti) e se garantiu na disputa da medalha de ouro ao massacrar Marrocos por 5 a 0, com gols de Deyna (2), Kmiecik, Lubanski e Gadocha.
Faltava apenas um desafio para o trabalho do técnico Kazimierz Górski ganhar seu primeiro louro.
Na decisão, com mais de 80 mil pessoas no estádio Olímpico de Munique, a Polônia voltou a mostrar seu espírito de luta e sangue frio contra a Hungria, que saiu na frente com um gol de Varadi aos 42´do primeiro tempo. Logo no começo da segunda etapa, o craque Deyna empatou num lance genial ao despachar dois marcadores e chutar de fora da área. O mesmo Deyna virou o jogo aos 23´ com um golzinho chorado e deu a vitória e o inédito ouro olímpico ao futebol polaco.
A conquista surpreendeu a todos e mostrou a força daquele time, dono de um futebol veloz, criativo e muito consistente. Acima de tudo, o meio-campista Deyna era um virtuose com a bola nos pés ao organizar o jogo, chamar a responsabilidade e marcar gols importantes, como os da final contra a Hungria. O craque foi o artilheiro dos Jogos com nove gols.

Não foi mero acaso
Contra a Inglaterra, a Polônia jogou como gente grande e saiu de Wembley classificada.
Contra a Inglaterra, a Polônia jogou como gente grande e saiu de Wembley classificada.

Passadas as Olimpíadas, a Polônia concentrou suas ações para as eliminatórias da Copa do Mundo de 1974, que começaram já no mês de novembro de 1972. Os polacos teriam pela frente País de Gales e a sempre tradicional Inglaterra na luta por uma vaga na Alemanha. O caminho polaco começou da pior maneira possível com uma derrota por 2 a 0 para os galeses em Cardiff por 2 a 0.
No jogo seguinte, os vermelhos se recuperaram ao derrotarem a Inglaterra em Chorzów (POL) por 2 a 0, com gols de Banas e Lubański. No terceiro jogo, a vingança contra País de Gales: 3 a 0, gols de Gadocha, Domarski e Lato, agora já titular e ainda mais essencial no esquema do técnico Kazimierz Górski.
No último e decisivo jogo, a Polônia teria que segurar um empate em Wembley contra a Inglaterra, que apostava suas últimas fichas em busca da classificação. Diante de 90.587 pessoas, os polacos não se intimidaram e jogaram de igual para igual com os ingleses, que paravam no célebre goleiro Tomaszewski. No começo da segunda etapa, Domarski abriu o placar para a Polônia e deixou a missão bem mais tranquila.
No entanto, Clarke empatou oito minutos depois e colocou sufoco pra cima da Polônia, que resistiu bravamente e saiu do estádio mais emblemático do mundo com a vaga na Copa de 1974. Já os ingleses tiveram que sintonizar o mundial em suas TVs de madeira. Pelo menos elas já eram a cores…

Um onze ideal da Polônia nos anos 70: força pelas pontas, Deyna no auge e uma zaga segura.
Um onze ideal da Polônia nos anos 70: força pelas pontas, Deyna no auge e zaga segura.

Quando os garotos viraram homens
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Em 1974, a seleção polaca não era mais uma equipe de garotos desconhecidos. Ela era formada por homens jovens, mas entrosados, fortes e prontos para fazer uma ótima campanha na Copa do Mundo da Alemanha, que tinha naquele ano uma nova taça em disputa: a Taça FIFA. Todos falavam sobre os favoritos Holanda, Brasil, a própria Alemanha e até mesmo a Itália. A Polônia, mesmo com o Ouro olímpico de 1972 e a banca por ter eliminado a Inglaterra, ficava de fora muito pelo fato de as façanhas do time pouco frequentar os noticiários estrangeiros, principalmente na América, além da ausência de Lubański, contundido. Tudo isso foi ótimo, pois dava mais tranquilidade para os polacos trabalharem em busca de uma final.
Lato marca contra o Haiti: 7 a 0.
Lato marca contra o Haiti: 7 a 0.

Classificada no Grupo 4, a Polônia teria pela frente Argentina, Itália e Haiti. Os céticos apostavam, claro, na classificação de argentinos e italianos para a segunda fase. Mas todos quebraram a cara logo na estreia polaca, em Stuttgart, contra a Argentina. O veloz Lato abriu o placar para os europeus com sete minutos de jogo e Szarmarch ampliou um minuto depois. No segundo tempo, a Argentina diminuiu com Heredia, mas Lato ampliou para 3 a 1. Babington descontou para os latinos e o jogo terminou 3 a 2 para a Polônia.
Era a queda do primeiro favorito. Na partida seguinte, os polacos não tiveram dó da fraca seleção haitiana e golearam por 7 a 0, com gols de Szarmarch (3), Lato (2), Deyna e Gorgon. O último jogo era contra a Itália, que tinha nomes como Zoff, Burgnich, Facchetti, Mazzola, Capello, Chinaglia e Causio. Mas, quem esperava um triunfo dos então vice-campeões mundiais viu mais uma aula polaca recheada de toque de bola, velocidade, passes precisos e muito talento. Szarmach abriu o placar aos 38´e Deyna ampliou aos 44´do primeiro tempo.
No final da segunda etapa, Capello ainda descontou, mas quem venceu pela terceira vez em três jogos foi a Polônia, classificada para a segunda fase. A Itália ficava de fora de maneira melancólica e a Argentina conseguiu a vaga graças ao saldo de gols. A partir daquele instante, quem ainda duvidava do poder de fogo dos polacos passou a rever conceitos…
Kasperczak e Deyna conversam durante o jogo contra a Itália: craques e símbolos do meio de campo polonês.
Kasperczak e Deyna conversam durante o jogo contra a Itália: craques e símbolos do meio de campo polaco

Tinha uma Alemanha (e muita chuva) no caminho…
Nem o pênalti defendido por Tomaszewski adiantou...
Nem o pênalti defendido por Tomaszewski adiantou…

Na segunda fase da Copa, as oito seleções se dividiram em dois grupos de quatro. Todos jogavam entre si e os campeões de cada um fariam a final, com os segundos colocados disputando o terceiro lugar. A Polônia deu sorte e ficou no Grupo B, ao lado de Suécia, Iugoslávia e a anfitriã Alemanha Ocidental.
No outro grupo, Holanda, Brasil, Argentina e Alemanha Oriental teriam que se esfacelar por uma vaga no paraíso. Jogando novamente em Stuttgart, a Polônia fez o básico e venceu a Suécia por 1 a 0 no primeiro jogo, gol de Lato. Na sequência, outra vitória, dessa vez por 2 a 1 sobre os iugoslavos (gols de Deyna e Lato). Com duas vitórias, restava o triunfo contra a Alemanha Ocidental no terceiro jogo, em Frankfurt, para a Polônia disputar uma incrível final de Copa do Mundo. Mas, no dia 3 de julho de 1974, tudo deu errado para os polacos.
Para começar, uma chuva torrencial caiu no dia do jogo e deixou o gramado totalmente encharcado, o que prejudicaria o futebol de toque de bola da Polônia e facilitaria a força dos alemães.
Os polacos tentaram adiar a partida, mas de nada adiantou, afinal, eles estavam na casa da Alemanha e jogariam contra a Alemanha. No jogo, muita disputa, ótimas chances por parte da Polônia e destaque para o goleiro Tomaszewski, que chegou a defender um pênalti de Hoeness. Mas o artilheiro Gerd Müller conseguiu fazer o gol que deu a vitória por 1 a 0 aos alemães, que foram para a final.
Mesmo com a derrota, a Polônia não se abateu e saiu de cabeça erguida pelo fato de ter jogado melhor que os alemães e só não ter vencido pelas condições adversas e o território hostil do jogo.
Da esquerda para a direita: Grzegorz Lato, Andrzej Szarmach, Kazimierz Deyna, Jerzy Gorgon e Jan Tomaszewski
Grzegorz Lato, Kazimierz Deyna, Jerzy Gorgon (à direita de Deyna, ao fundo) e Jan Tomaszewski

Bronze polaco
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Na disputa pelo terceiro lugar, a Polônia encarou mais um titã do futebol: o Brasil de Leão, Marinho Chagas, Jairzinho, Rivellino, Carpegiani e Dirceu. Jogando pelo orgulho, os polacos venceram os brasileiros por 1 a 0, com um gol de Lato, que se sagrou artilheiro da Copa com sete gols marcados em sete jogos.
Era o bronze tão merecido para aquela seleção que jogava de maneira eficiente, rápida e dinâmica, muito melhor que muita equipe tarimbada da época. Como o próprio Brasil, que amargou o quarto lugar.

Nova final olímpica…
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Em 1976, a Polônia foi para os Jogos Olímpicos de Montreal, no Canadá, com a mesma base de sucesso da Copa de 1974. Os polacos despacharam Cuba e Irã na primeira fase e se classificaram para as quartas de final.
Nela, golearam a Coreia do Norte por 5 a 0 e venceram um já freguês Brasil (comandado por Claudio Coutinho e com jogadores como Carlos, Edinho, Júnior e Batista) por 2 a 0 (gols de Szarmach).

… E novo revés diante dos alemães
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Na disputa pelo ouro, a Polônia, favorita, teve pela frente a amadora Alemanha, algoz de 1974. Nunca uma vingança poderia vir em tão boa hora, mas os polacos voltaram a sucumbir diante da frieza germânica e perderam por 3 a 1, um resultado considerado zebra pelo fato de os polacos jogarem com seus titulares nada amadores e os alemães com seus verdadeiros amadores. A derrota valeu a prata, amarga, mas histórica por ser o terceiro título do futebol do país em tão pouco tempo.

Polônia imortal
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Depois de anos intensos e inesquecíveis, a Polônia perdeu sua força com a saída do técnico Górski em 1976 e só voltou a brilhar em 1982, na Copa do Mundo da Espanha, com alguns remanescentes de 1974 e uma nova estrela: Boniek.
Mesmo com outro terceiro lugar, aquela equipe não teve o brilho e a força do time dos anos 70, lembrado até hoje como a melhor seleção polaca de todos os tempos e uma das maiores que a Europa já viu. Novos talentos vêm surgindo no país nos últimos anos, mas cravar que eles devolverão ao futebol do país os momentos dourados de outrora é difícil. No entanto, inspiração não falta, basta assistir aos vídeos dos jogos disputados por Deyna, Lato, Lubanski e companhia nos anos 70, craques que formaram uma seleção imortal.

Os personagens:
Tomaszewski: foi um dos maiores goleiros da Europa nos anos 70 e um dos heróis da classificação polaca para a Copa de 1974. Foi o goleiro que parou toda e qualquer investida inglesa no empate em 1 a 1 que colocou a Polônia no mundial e eliminou o English Team. A atuação do goleiro naquele jogo rendeu a ele o apelido de “The Man Who Stopped England” (O homem que parou a Inglaterra). O jogador calou a todos naquele jogo, inclusive o então comentarista Brian Clough, que chamou o arqueiro polaco de “palhaço” antes de ter que engolir seco a atuação de gala de Tomaszewski.
Kocka: antes de Tomaszewski assumir a titularidade da seleção polaca, foi Hubert Kocka o grande responsável por garantir a meta alvirrubra intacta em grande parte dos anos 60 e começo dos anos 70. Kocka foi titular na campanha do ouro olímpico da Polônia em 1972 e um dos grandes nomes do futebol do país.
Szymanowski: defendeu a Polônia em 82 jogos durante uma década, se tornando um dos principais defensores do time comandado por Górski. Era muito eficiente na defesa e ainda ajudava o meio de campo com passes precisos e bons lançamentos.
Gorgon: se impunha não só pela presença física (tinha 1,92m), mas também pela incrível regularidade e segurança na defesa polaca. Jerzy Gorgon foi um dos maiores (literalmente!) e melhores zagueiros polacos de todos os tempos e um símbolo da equipe nos anos 70. Dominava o jogo aéreo e ainda se arriscava no ataque. Marcou seis gols em 55 jogos com a camisa da Polônia.
Zmuda: ao lado de Gorgon, formava uma dupla de zaga alta, segura e muito eficiente nas bolas aéreas e também por baixo. Tinha boa qualidade no passe, visão de jogo e transmitia segurança com a bola no pé. Disputou 91 partidas pela Polônia e esteve presente em quatro Copas do Mundo consecutivas, de 1974 até 1986. Em 1974, Zmuda foi eleito o melhor jogador jovem do torneio.
Musial: ganhou destaque durante a campanha da Polônia na Copa de 1974 e era peça chave no time do técnico Górski até se atrasar em 20 minutos em um treino e ser sacado da partida contra a Suécia, já na segunda fase. A Polônia venceu, Musial aprendeu a lição e continuou a jogar até a disputa do terceiro lugar. Porém, o atleta não jogou mais pela seleção nos anos seguintes.
Anczok: foi um dos maiores laterais-esquerdo da história da Polônia e um dos principais jogadores na conquista do ouro olímpico de 1972. Tinha velocidade e ótima visão de jogo, além de apoiar o ataque com passes precisos. Sofreu com muitas contusões na carreira, sendo que uma delas o tirou da Copa de 1974.
Bulzacki: defensor que podia jogar nas laterais ou até mesmo como zagueiro, Bulzacki esteve na Copa de 1974, fez carreira no Łódź e disputou 23 jogos com a camisa da seleção.
Cmikiewicz: um dos grandes meio-campistas da Polônia nos anos 70, Leslaw Cmikiewicz brilhou na conquista do ouro em 1972 e nas outras façanhas polacas daqueles anos mágicos. Jogava pela direita e era um dos garçons do ataque do time.
Maszczyk: meio-campista, jogou de 1968 até 1976 pela seleção e esteve nas campanhas do ouro olímpico de 1972, do bronze na Copa de 1974 e da prata olímpica em 1976. Era forte na marcação e dava proteção à zaga da equipe. Tinha técnica com a bola nos pés e era extremamente introvertido.
Deyna: muitos dizem que Boniek foi o maior jogador polaco de todos os tempos, mas e quanto a Deyna? O craque foi simplesmente o maestro e principal articulador da Polônia dos anos 70, a melhor de todos os tempos, com técnica exuberante, dribles curtos e secos e um faro de gol excepcional. Marcou 41 gols em 97 jogos pela Polônia, fez os gols que deram o ouro olímpico ao futebol do país em 1972 e era o astro que ditava o ritmo de jogo proposto pelo técnico Górski. Vestiu a camisa do Manchester City no final dos anos 70 e de times dos EUA. Kazimierz Deyna faleceu em 1989, aos 41 anos, em um acidente de carro, deixando órfãos todos os torcedores polacos que tanto vibraram com sua classe, técnica e talento. Um craque imortal.
Kasperczak: disputou as Copas de 1974 e 1978 e ainda os Jogos Olímpicos de 1976, sendo sempre uma opção de meio de campo para a equipe. Tinha força física e qualidade no passe. Jogou no futebol francês e virou técnico de sucesso no futebol africano.
Lubański: os anos se passam e ele continua lá, intacto e no topo. Włodzimierz Lubański é o maior artilheiro da história da Polônia com 48 gols em 75 jogos, a maioria nos anos de 1969, 1972 e 1973, período no qual ajudou a seleção na conquista do ouro olímpico. Iria fazer um ataque devastador ao lado de Lato na Copa de 1974, mas se contundiu e não disputou o mundial. Esteve na Copa de 1978, mas sua fase já havia passado e não brilhou. Foi um dos grandes atacantes polacos da história.
Lato: velocista, goleador, especialista em dribles largos e entrar nas zagas adversárias pela diagonal e marcar gols em profusão, Grzegorz Lato foi um símbolo polacos nos anos 70 e um dos principais responsáveis pela campanha exuberante da seleção na Copa de 1974. Esteve no grupo que venceu o ouro nas Olimpíadas de 1972, mas começou a brilhar mesmo a partir de 1974. Foi o artilheiro da Copa com sete gols e um dos principais jogadores europeus de seu tempo. Disputou também as Copas de 1978 e 1982. Pela seleção, marcou 45 gols em 100 jogos. É o segundo maior artilheiro do país. E um craque imortal.
Szarmach: sem Lubański na Copa de 1974, muitos poderiam temer pelo pior no ataque polaco, mas Szarmach aproveitou como nunca a chance que teve e cumpriu seu papel na Alemanha: fazer gols. Embora tenha sido ofuscado por Lato, o atacante marcou cinco gols e contribuiu para o sucesso do país nos anos seguintes ao brilhar, também, nas Olimpíadas de 1976. Tinha presença de área e precisão nos chutes. Marcou 32 gols em 61 jogos pela Polônia.
Gadocha: era o dono da ala esquerda do ataque polaco naqueles anos 70 e foi fundamental para as façanhas de 1972 e 1974. Era veloz e ótimo nos passes. Marcou 16 gols em 62 jogos pela seleção.
Kazimierz Górski (Técnico): montou a melhor seleção polaco de todos os tempos com o que de melhor o futebol do país produziu, além de dar ao time um estilo de jogo autêntico, competitivo e vencedor. Chegou às fases finais de todos os torneios que disputou e cravou para sempre seu nome na história com disciplina, talento e ousadia. Sem dúvida, o mais importante técnico da história da seleção polaca.


 A Campanha de 1974

 


 A Polônia de 1974 a 2013


Canção interpretada pela grande Marila Rodowicz
na abertura da Copa do Mundo de 1974, na Alemanha.



Futbol, futbol, yeah..
Futbol, futbol, futbol,
przeżyjmy to jeszcze raz
Gdy piłka w grze wyjdzie na strzał,
śledzi jej lot cały świat
Piłka jest okrągła jak ziemski glob,
jak ziemski glob
Na świecie tym są takie dni,
gdy niebo drży, bo padł gol
To był strzał, to jest szał,
To jest sport, to sport
Futbol, futbol, futbol
w to dzisiaj gra cały świat,
bo dobry mecz to piękna rzecz,
wśród wielu szans twoja jest
Czym jest futbol, futbol
to każdy wie, każdy wie
Każdy, kto wie, co znaczy to
zerwać się z miejsc, krzyknąć GOL!
Gra jest grą, play is play
Graj, graj fair, fair play


tradução livre da letra:

Futebol, futebol, yeah ..
Futebol, futebol, futebol,
Revivê-lo mais uma vez
Quando a bola no jogo sai como um tiro
O mundo inteiro mantém o controle de seu vôo
A bola é redonda como um globo,
Como o globo terrestre
No mundo em tais dias
Quando o céu treme,
É porque houve um gol
Por cauda de um chute, é um frenesi,
É um esporte, um esporte
Futebol, futebol, futebol
neste dia joga o mundo inteiro,
porque um bom jogo é uma coisa bonita,
entre muitas chances esta é a sua
O que é o futebol, futebol
todo mundo sabe disso,
todo mundo sabe
Qualquer pessoa sabe o que significa
levantar de suas cadeiras, e gritar GOL!
O jogo é um jogo, é uma brincadeira
Jogar, jogar, jogo justo justo

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Antes da Copa do Mundo, Brasil sofre com as greves


O jornalista Artur Domosławski da revista semanal "Polityka" está no Brasil fazendo a cobertura da Copa do Mundo.
Interessado pela América Latina, escreveu o livro "Gorączka latynoamerykańska" (Febre latino-americana) é um registro de jornalistas que viajam pelas Américas Central e do Sul inteiras (incluindo Brasil, México, Cuba, Argentina, Peru, Chile).
São histórias entrelaçadas destes países com um forte foco no período da revolução comunista e dos golpes militares de direita. Uma grande parte do trabalho é dedicada a descrições dos regimes políticos no Chile, Argentina e Cuba, e críticas às reformas liberais de mercado. Outro livro seu, "Ameryka zbuntowana, stanowiącą zbiór wywiadów z amerykańskimi intelektualistami lewicowymi"(América Rebelde, representando uma coleção de entrevistas com intelectuais de esquerda da América) recebeu o Prêmio Beata Pawlak.

Em 2010, lançou o livro de "Kapuściński não-ficção"que levantou um debate na mídia sobre a biografia do jornalista polaco Ryszard Kapuściński, com suas relações com o regime de comunista e a confiabilidade de seus livros jornalísticos. A viúva de Kapuściński entrou com uma ação contra Domosławski para proteger os dados pessoais e direitos de autor. Ao mesmo tempo, alguns jornalistas defenderam os direitos de Domosławski de fazer isso, e nenhum outro, apresentando a biografia de Kapuściński. Outros apontaram para o fato de que Domosławski abusou da confiança da família Kapuściński, levando documentos e recortes da biblioteca particular de Kapuściński, que não foram devolvidos.
Artur Domosławski foi eleito Jornalista do Ano de 2010, tendo sido homenageado durante uma gala em Varsóvia, organizado pela "Press".
Em 1º de junho de 2011, ele deixou o jornal "Gazeta Wyborcza" para trabalhar na revista semanal "Polityka".

Artur Domosławski foi entrevistado nesta terça-feira, direto da Polônia, pela Rádio TOK FM. Em seu informe Domosławski relatou que as maiores cidades do Brasil estão paralisadas ​​por greves de trabalhadores do serviço público mal pagos e pelos sem-teto.
Tudo isso dois dias antes do início da Copa do Mundo. "Eles estão protestando não só contra o mundial, mas contra a extravagância do poder e a despesa estúpida em um grande número de estádios", disse ele para a Rádio TOK FM.
Ele informou que apesar de quinta-feira, no Brasil, começar a Copa do Mundo, as principais cidades do país foram abalada por greves. "Ontem, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes em São Paulo".

"Eles ameaçaram bloquear os torcedores"
O segundo grupo de protestos são as pessoas desabrigadas. "Eles ameaçaram que na inauguração da Copa do Mundo vão impedir os torcedores de vários países de acessarem os estádios. Os sem-teto exigem que o governo estadual e federal construam em áreas que invadidas, uma habitação descente. Hoje, eles vivem em barracas, em casas de papelão ou placas", indicou Domosławski.
"Considero que houve um grande sucesso. Após o encontro com representantes do governo, estes voltaram a rever o plano de desenvolvimento da área e fizeram uma promessa clara de investimento do governo. Os sem-teto suspenderam o protesto, o que não significa que não voltarão a ocorrer", disse o jornalista.
"Eles anunciam que se o governo não se transformar, eles pode retornar aos protestos. Mas se o governo agir desonestamente, ele pode perder, isto porque, este ano no Brasil, serão realizadas eleições", acrescentou.

"Faraônicos, são ridículos os gastos de dinheiro público para os estádios"
O Apresentador do programa noticioso da rádio Paweł Sulik perguntou a Domosławski se os protestos brasileiros podem colocar uma pressão sobre o mundial e sobre a imagem do país. "Provavelmente, durante a Copa do Mundo virão para mais protestos", disse Domosławski.
"O Brasil, na última década vem passando por um curso intensivo da politização das pessoas, a partir dos grotões da sociedade. Este é o resultado de políticas positivas do governo anterior do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presente de Dilma Rousseff", explicou o jornalista.
"Ambos os governos alocaram enormes quantias de dinheiro para apoiar as famílias mais pobres. Eles se vangloriam de que atenderam à pobreza de 40 milhões de pessoas. Pode parecer um paradoxo que em um país onde a situação está melhorando a vida dos mais pobres, haja tais protestos", comentou o entrevistado da Rádio TOK FM.
"Mas as teorias dos movimentos sociais indicam que os protestos são devido ao fato das pessoas melhorarem de vida. Porque as pessoas dos grotões, ao contrário, não se rebelam, pensam apenas na sobrevivência. E aqueles que foram autorizados a dar o primeiro passo, viram que o destino não é dado de uma vez por todas. E quando os impedem de fazer esta segunda etapa, ficam furiosos. Esta dificuldade é a faraonice absurda de gastar dinheiro público em estádios", explicou Domosławski.
O jornalista observou que, mesmo FIFA tendo sugerido sete ou oito estádios de futebol. Haverá 12 e Por quê? Ora porque no Brasil, as grandes empresas construtoras financiam as campanhas dos políticos.

"Você ama o futebol e acredita que o país não pode dar ao luxo de fazer um Mundial"
Amar o futebol do Brasil, e agora critica a Copa do Mundo tem algo de uma atitude esquizofrênica? Segundo Domosławski não. "Eles estão protestando não só contra mundial, mas contra a extravagância do poder, a despesa estúpida em um grande número de estádios", explicou a jornalista.
"Embora goste de futebol, o povo acredita que o país não pode dar ao luxo de sediar um evento como esse, especialmente dessa forma" resumiu Domosławski.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

15 trava línguas em idioma polaco

Para exercícios fonéticos, nada melhor do que a pronúncia de vários dígrafos consonantais polacos:
  • Stół z powyłamywanymi nogami
  • Soczewica, koło, miele, młyn
  • Szedł Sasza suchą szosą, aż się szosa wysuszyła
  • W czasie suszy szosa sucha
  • W Szczebrzeszczynie chrząszcz brzmi w trzcinie
  • Z czeskich strzech szło Czechów trzech
  • Król Karol kupił królowej Karolinie korale koloru koralowego
  • Pojedziemy na Pomorze, jak Pomorze nie pomoże, to pomoże może morze, a jak morze nie pomoże to pomoże może Wolne Miasto Gdańsk
  • Jola lojalna, Jola nielojalna
  • I cóż, że ze Szwecji
  • Ząb zupa zębowa, dąb zupa dębowa
  • Konstantynopolitańczykowianeczka
  • Siedzi Jerzy na wieży i nie wierzy, że jeszcze jeden Jerzy na wieży siedzi
  • Tracz tarł tarcicę tak takt w takt, jak takt w takt tarcicę tartak tarł
  • Głaszcz jeźdźcze rżącego źrebca!
  • Wpadł ptak do wytapetowanego pokoju
  • Wyindywidualizowaliśmy się z rozentuzjazmowanego tłumu
  • Szły pchły koło wody, pchła pchłę pchła do wody i ta pchła płakała, że ją tamta pchła popchała
  • Wyrewolwerowany kaloryfer

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Estreia nos cinemas do Brasil o filme Lech Wałęsa

Filme resgata vida de sindicalista que virou presidente. Da Polônia

Longa-metragem de Andrzej Wajda refaz trajetória de Lech Walesa em sua luta pela liberdade e pelos direitos dos trabalhadores

Texto: Xandra Stefanel

Passadas quase quatro três décadas desde quando os movimentos grevistas começaram a se espalhar pela Polônia, é de se espantar que ninguém, até então, tivesse feito um filme sobre Lech Wałęsa, o eletricista de origem humilde que se tornou o maior líder sindical do país e elegeu-se presidente.
Eis que, em abril de 2011, Andrzej Wadja – um dos mais importantes nomes do cinema político do mundo – declarou ao jornal inglês The Guardian que pretendia fazer um filme para “fazer brilhar uma nova luz” sobre o personagem que mudou os rumos da Polônia e do Leste Europeu. Wałęsa – O Homem de Esperança foi lançado em setembro do ano passado no Festival de Veneza e estreia nesta quinta-feira, 29, no Brasil.
O longa completa a trilogia do cineasta sobre o comunismo na Polônia, ao lado de O Homem de Mármore (1987) e O Homem de Ferro (1981). Todo o filme é construído a partir da entrevista que Wałęsa (Robert Wieckiewicz) concede à jornalista italiana Oriana Fallaci (Maria Rosaria Omaggio) na década de 1980, que é intercalada pelos fatos vivenciados por ele e pela agitação política de um país que clamava por liberdade.
Wajda resgata a história de Wałęsa desde o começo da década de 1970, período em que era eletricista no estaleiro naval Gdansk. Ele começa a organizar o sindicato Solidariedade quando a empresa passa a reprimir o movimento dos trabalhadores. Sua liderança naturalmente se destaca, ele ganha notoriedade frente à sociedade e acaba estimulando um movimento de greve geral no país. O ativismo faz com que ele perca constantemente seus empregos e seja perseguido pelo regime. E é aí que se apresenta o drama pessoal do eletricista.
Frequentemente desempregado e preso, resta à sua mulher, Danuta (brilhantemente interpretada por Agnieszka Grochowska) cuidar praticamente sozinha dos sete filhos e da casa, sempre cheia de militantes. Sua aparência frágil contrasta com sua energia, ela é o suporte emocional de Lech e aguenta firme os infortúnios pelos quais passa a família. Mesmo que o filme trate Wałęsa como um grande herói vindo do povo (a tradução do título original é Nós, o Povo), as entrelinhas também mostram suas fraquezas: o personalismo, uma certa arrogância e suas contradições não são o foco do diretor, mas trazê-los à tona dá um caráter humano ao mito que criou a primeira federação de sindicatos independentes do bloco comunista.
Wajda encerra a história de Wałęsa quando o líder recebe o Nobel da Paz, em 1983. Fica de fora o fato de o militante ter sido eleito, em 1990, o primeiro presidente da Polônia depois da derrocada do comunismo. Ao contornar essa fase da vida de Lech, o diretor evita tratar sobre sua atuação como presidente, muitas vezes considerada controversa e impopular. É compreensível que um filme não baste para contar a história de uma vida toda.
Partindo desse princípio, parece natural que o diretor tenha trazido ao público os fatos que realmente marcaram a história da Polônia e que impulsionaram importantes mudanças políticas no Leste Europeu, inclusive a queda do Muro de Berlim. O movimento polaco – primeira grande manifestação do Leste Europeu contra um regime fiel à herança stalinista naquele bloco desde a Primavera de Praga, uma década antes – teria peso importante para o que seria mais adiantes o fim da ex-URSS. E teria influenciado até a primeira eleição do polaco Karol Wojtyła, então denominado João Paulo II, em 1978, o primeiro papa não italiano desde 1522 – outro grande adversário do regime soviético que deixou claro seu lado na Guerra Fria.
Em entrevista o jornal The New York Times, Andrzej Friszke, historiador e consultor do filme afirmou: “Mesmo para aqueles que não são muito fãs de Lech Wałęsa, é impossível questionar a autenticidade de sua batalha contra o comunismo”.
Talvez este tenha sido o último longa de Andrzej Wajda. Do alto de seus 88 anos, o diretor resgatou boa parte da história de seu país, foi indicado três vezes ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e ganhou, em 2000, o Oscar honorário pela sua contribuição ao cinema. Com Wałęsa – O Homem de Esperança, ele apresenta ao público a importância da luta pela liberdade e pelo direito do trabalhador.
Sem no entanto, entrar no mérito se o regime capitalista que tomou assento era o sonhado pelos operários de Gdansk.

Fonte: Revista do Brasil

Wałęsa critica protestos no enterro de Jaruzelski


Em entrevista a televisão TVN24, o ex-presidente Lech Wałęsa afirmou que em sua opinião, muitas coisas não devem ser contabilizados para a General Jaruzelski, porque não se sabe as razões que o levaram a tomar a decisão mais difícil. "Em face da morte devemos se comportar de forma humana, pois ainda estamos corrigindo, construindo e devastando".
Disse ainda que "geração após geração o General participou da traição. Traiu-nos em 1939, traiu-nos em 1945. O que esta geração teve para escolher? Alguns entraram para comunismo, talvez para esmagá-lo a partir de seu interior, outros por medo de atrapalhar suas carreiras, outros ainda por outras razões".
Wałęsa lamentou que "gostaria que o general abordasse, que dissesse o que levou às decisões difíceis que tomou, mas não teve sucesso", e acrescentou que após cada tentativa dele os polacos o acusaram de trair os ideais. Os polacos na hora de seu enterro querem protestar. Eu não gosto disso". E disse mais: "Um País livre tem instituições para contabilizar e assegurar. E eles precisam de contabilizar isto. Os polacos têm o direito de discordar, mas nós não podemos lutar por cada coisa". Wałęsa disse que o estado da democracia polaca e europeia parecem ruim, mas as pessoas não entendem o que significa a liberdade e a democracia.
"Eu queria que estivesse organizada de forma diferente. Não foram dadas a mim fazer isso, porque a Polônia está em tal estado em que ela é assim", disse ele.
O ex-presidente acrescentou que seu filho Jarosław foi eleito para o Parlamento Europeu. "Meu filho é realmente capaz e trabalhador. Ele tem todos as condições para ser muito melhor do que eu. Estou contente por ele ter ganho, porque ele pode servir dignamente a Polônia até mais do que seu pai." Jarosław Wałęsa foi eleito para o parlamento europeu nas eleições realizadas no último domingo pela Platforma Obywatelska, o mesmo partido do atual presidente e primeiro-ministro da Polônia.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Jaruzelski foi uma pessoa honrada e honesta


Uma pesquisa de opinião pública realizada pela CBOS, em dezembro de 2011, dizia que 44% avaliaram a decisão de impor a lei marcial pelo General Jaruzelski como legítima. Dez anos antes, em 2001, para a mesma pergunta 51% por cento pensavam assim também.
"Essa diferença em apoio à decisão de impor a lei marcial é uma diferença geracional medida que o tempo tenderá a diminuir a porcentagem dos polacos que irão avaliar positivamente a decisão de impor a lei marcial. O que não quer dizer que esta avaliação vai crescer inequivocamente para negativa da geral", disse o professor Janusz Czapiński, psicólogo social da Universidade de Varsóvia.
Segundo Czapiński, Jaruzelski foi uma figura clássica de tragédia grega, também nas mentes de muitos polacos e nas mentes daqueles que absolutamente não aceitam suas ações nos anos 80, que culpam-no por tentar implodir o Sindicato Solidariedade. "Mesmo que eles estejam cientes de que ele estava entre a cruz e a espada, ele teve que tomar uma decisão."


Para Czapiński, "Por isso, essa relação nunca será tão inequivocamente negativa, como a do general Augusto Pinochet, no Chile. Este era um formato diferente de homem. Ele não só matou as pessoas, porque ele estava com medo de oposição. Tentou fazê-lo de luvas brancas, através de detenções. Vítimas, sim eram, mas eles não foram vítimas, que ele tenha planejado deter, ao introduzir a lei marcial", disse Czapiński.
De acordo com o sociólogo, ele foi uma figura política extremamente expressiva e assim vai entrar para a história da Polônia. "Os jovens vão julgá-lo pelo prisma de votos de seus pais. Para a minoria daqueles que são hoje, com 15 anos ou até menos, entenderam que ele estava fazendo a sua própria sentença, com base em documentos, livros e materiais de arquivo. Portanto, acredito que os pais jovens passarão a ter uma avaliação muito diversificada sobre Jaruzelski. E entre essas avaliações também irão ter uma positiva", explicou o sociólogo.
Gen. Wojciech Jaruzelski com a esposa  Barbara e a filha Monika
Para o prof. Czapiński, "Nunca houve uma situação em que a maioria dos polacos e até mesmo após vários anos do fim da lei marcial, nutrissem forte ressentimento , acentuado contra o general, ou contra a decisão dele de impor a lei marcial, embora, é claro, uma parte significativa dos seus compatriotas que tinham um forte pesar de que o primeiro sindicato Solidariedade tivesse acabado de tal forma e que o país estivesse pacificado e ainda levando uma longa demora de 8 anos para a tão sonhada independência".
A condução daquela crise por Jaruzelski foi muito mais positiva, mesmo quando essa avaliação vinha de setores à direita da política polaca, especialmente do PiS - Partido Lei e Justiça. Essa relação começou a evoluir e foi ficando cada vez mais negativa. Isto é, a direita polaca viu o general comunista Jaruzelski, depois de 1989, como alguém necessário no processo de independência do país.

Ele foi capaz de manter-se com honra
"Do ponto de vista de muitos polacos o general Jaruzelski é um personagem trágico, muito ambíguo em muitos aspectos; Jaruzelski, sem dúvida, é considerado um homem que se comportou dignamente", explica Czapiński.
A avaliaçao positiva de Jaruzelski nos últimos anos corresponde, na opinião do professor ao comportamento do próprio general. "Quando o Presidente Lech Kaczyński, ferrenho adversário dos comunistas e do próprio general, concedeu-lhe uma grande honra, e mais tarde descobriu-se, que foi um erro de um dos funcionários de seu gabinete, o general respondeu muito rapidamente àquela situação constrangedora para a presidência do país: Ele, Jaruzelski, renunciou às honras. Para muitos polacos, foi o comportamento de uma pessoa honrada e honesta", observou Czapiński.
O sociólogo lembrou também o debate social acalorado quando quiseram saber se o general deveria ir com o presidente Bronislaw Komorowski a Roma para a beatificação de João Paulo II. "O general não esperou pela decisão final sobre o assunto, ele anunciou imediatamente que não iria participar da cerimônia, porque não queria causar problemas para pessoas lembrando de tais comportamentos", observou o prof. Czapiński.
Prof. dr. hab. Janusz Czapiński
Na opinião do professor de psicologia social da Universidade de Varsóvia, na Polônia existe um culto da honra, e, além disso os polacos possuem uma atitude positiva para com o exército. "No contexto de uma percepção positiva do caráter do general Jaruzelski esses dois aspectos se sobrepõem". Segundo Czapińskiego Jaruzelski, "mesmo entre pessoas muito hostis a ele, como compatriotas que se ressentem da introdução da lei marcial, ele sempre foi considerado como um soldado honrado." Completa Czapiński.
Nos últimos anos, processos contra o general Wojciech Jaruzelski e demais acusados ​​pelos homicídios de trabalhadores em dezembro de 1970 foram abertos. "Aquilo foi há 40 anos, aquelas pessoas, hoje, tem mais de 60 anos de idade. As novas gerações tendem a tratar aquele fato como um registro da história. Mas admiram que Jaruzelski já não seja tão hostil como em dezembro de 1970."
"O general Jaruzelski, no entanto, foi importante para alguns polacos pois se ele não se apresentasse ao comando do Politburo russo, deixaria de ser um general,  e não seria ministro da Defesa. O que iria acontecer, em 1981, para muitos polacos Jaruzelski pode ter impedido o derramamento de sangue e o caos no país naquele ano ícone na história recente da Polônia", concluiu o prof. Janusz Czapiński.

Fonte: jornal Gazeta Wyborcza, Varsóvia

sábado, 17 de maio de 2014

Cineasta Rybczyński quer renunciar a cidadania polaca

O cineasta polaco e vencedor do Oscar de filme de animação "Tango", Zbigniew Rybczyński anunciou que deseja renunciar a cidadania polaca.
Rybczynski, após o conflito com o Ministro da Cultura, Bogdan Zdrojewski, decidiu vender sua coleção de ilustrações (algumas raríssimas e verdadeiras obras de arte) e deixar a Polônia.
"Fui humilhado, assassinado e não quero viver em um país onde os métodos aplicados são da era stalinista. O mesmo ministro que me caracterizou como contribuidor da cultura polaca, serviu-me um balde de água suja, com a aprovação tácita da maioria dos representantes mais importantes da cultura polaca. Alguns em silêncio por medo de perder os subsídios estatais". Declarou Rybczynski em uma entrevista para o site do jornal dziennik.pl, acrescentando que estará pedindo a revogação de sua cidadania polaca ao presidente da República e ao primeiro-ministro.
O diretor anunciou que tem a intenção de deixar a Polônia para viver nos Estados Unidos. "Tenho 65 anos de uma vida muito bem realizada, sou respeitado no mundo, e quando retornei ao meu país em 2009 e quis realizar um grande projeto na área de técnicas de audiovisual, fui destruído por um grupo de funcionários", disse Rybczynski.
Zbigniew Rybczyński também tem cidadania norte-americana. Sob a lei polaca, a cidadania pode ser renunciada desde que a pedido pessoal e após aprovação do Presidente da Polônia.

O motivo da discórdia
O diretor passou a maior parte de sua vida no exílio, mas em 2009, ele voltou para a Polônia. Foi-lhe oferecido o cargo de diretor artístico do CETA Centro Audiovisual em Wrocław. No início de outubro de 2013, o Diretor do CETA Robert Banasiak anunciou a demissão de Rybczyński.
Bogdan Zdrojeswski
Ao mesmo tempo, informou que o Ministério Público o colocava sob suspeita de cometer um crime, o qual era devido "a remoção de financiamento público para a WFF Film Studio, em Wrocław, e em seguida, do CETA, por falsificação de documentos, má gestão e celebração de contratos desfavoráveis ​​para serviços prestados às obras e serviços da instituição".
Um relatório relacionava-se com as direções anteriores da entidade. Banasiak listou os nomes do ex-diretor Robert Gawłowski, Zbigniew Rybczyński e o gerente de um dos projetos de David Kmiecik. O Ministério da Cultura e do Patrimônio Nacional salientou então que, nesta fase do caso "não queria antecipar a culpa de Rybczyński".
Em resposta, Rybczyński apresentou uma queixa ao escritório do promotor de justiça em Wrocław,  contra o ministro da Cultura e o atual diretor do CETA Robert Banasiak. Ele os acusou de que no momento certo não informaram sobre a acusação de desvio de fundos públicos. O Ministro da Cultura Resort alegou que Rybczyński induziu a opinião pública ao erro. Depois de ambos os relatórios, os promotores Wrocław abriram  investigação sobre irregularidades no CETA.

Venda de coleção de arte

Ontem, Rybczyński informou que decidiu vender suas obras de arte para ter dinheiro para os
advogados no processo contra o Ministro da Cultura Bogdan Zdrojewski.
"Depois da divulgação pública do fato de roubo e desperdício de dinheiro público feito por funcionários desonestos, eu fui punido. Junto com a minha coleção de obras de arte foram fui jogado na calçada, e o Instituto da Imagem foi convertido em um clube de supermercado ( ... ). Sou forçado a me despedir das minhas obras de arte, as quais nunca tive a intenção de vender", explicou Rybczyński no site da casa de leilões de arte.
O Tribunal Distrital de Wrocław já realizou a primeira audição de ações privadas em que o vencedor do Oscar processou o ministro Zdrojewski. O processo diz respeito à publicação no jornal "Gazeta Wroclaw", na qual o ministro afirmou que Rybczyński exigiu emprego para sua esposa num cargo gerencial no CETA. O processo foi adiado até 12 de junho, mas é apenas uma das várias questões em que Rybczyński está processando Bogdan Zdrojewski.

Quem é Rybczyński
Ao receber o Oscar em 1983
Ele nasceu em Łódź (pronuncia-se uúdji), na Polônia, em 27 de janeiro de 1949. É o cineasta polaco que mais ganhou prêmios de prestígio na indústria cinematográfica e audiovisual, tanto nos EUA como internacionalmente. Ele também foi professor de cinema e de filmagem eletrônica. Atualmente é pesquisador de tecnologia da composição na Ultimatte Chroma Corporation.
Ele estudou na famosa universidade do cinema Escola Superior de Cinema de  Łódź  (PWSFTViT), onde também estudaram os principais diretores e cinegrafistas polacos como Andrzej Wajda, Krzysztof Kieślowski, Romam Polanska, Agnieszka Holland, Krzysztof Zanussi, Piotr Sobociński, Janusz Kamiński e Adam Sikora.
Rybczyński começou sua carreira como diretor assistente. Os filmes deste período incluem: "Rozmowa-TV"  e "Po Omacku" de​ Piotr Andrejew, "Wideokaseta" de Filip Bajon, "Wanda Gościmińska włókniarka" de Wojciech Wiszniewski e o longa-metragem de Grzegorz Krolikiewicz "Tańczący Jastrząb".
Rybczyński também participou do grupo de vanguarda "Warsztat Formy Filmowej" e colaborou com "SE-MA-FOR estúdios" em Łódź, onde rodou seus filmes de arte, incluindo: "Plamuz" 1973, "Zupa" 1974, "Nowa książka" 1975 e "Tango" 1980. Este último  foi seu grande sucesso e com ele ganhou o Oscar de melhor filme curta de animação em 1983.
É pioneiro na tecnologia reconhecida na televisão como HD (HDTV).
Em 1990, ele produziu um programa em HDTV "A orquestra" para o mercado japonês, com o qual ganhou inúmeros prêmios, incluindo o prêmio Emmy de "Excelência em Efeitos Visuais Especiais ". O programa, que foi criado em HDTV foi entregue em resolução padrão em PBS como parte da grande série "Great Performances". O formato HDTV ainda não estava disponível para os telespectadores, o que só foi acontecer mais de uma década depois. Fragmentos deste programa regularmente é exibido em canais clássicos como Arts (canal Clássico Arts Showcase ) dos EUA.
Rybczyński criou muitos videoclipes de artistas mundialmente famosos como como os Art of Noise, Mick Jagger, Simple Minds, Pet Shop Boys, Chuck Mangione, The Alan Parsons Project, Yoko Ono, Lou Reed, Supertramp, Rush, Propaganda, Lady Pank, Michel Jackson e também para "Imagine" de John Lennon.


P.S. Tive a oportunidade de conhecer o CETA - Centro Audiovisual em Wrocław e de almoçar com Zbigniew Rybczyński e sua esposa, acompanhado de meu amigo Szymon Straburzyński, que foi quem me apresentou ao ganhador do Oscar de 1983. Ah! O almoço e a garrada de vinho foi Rybczyński quem pagou.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Perspectivas das eleições para o Parlamento Europeu

Aproximam-se as eleições europeias. A União Europeia ganhou novos membros nos últimos anos, e conta atualmente 28 países. Para alguns destes países, a adesão traduziu-se em mudanças significativas.


A TV FR2  (Francesa) foi observar de perto o caso da Polônia.
A Polônia mudou muito, nos últimos dez anos. Os fundos europeus – 67 mil milhões de euros na totalidade – deram grande impulso ao desenvolvimento.
2.800 km de auto-estradas, um porto de águas profundas no mar Báltico. Nas grandes cidades, telas publicitárias gigantes, centros comerciais. Com o złoty, a moeda nacional, os polacos compram o que há de mais moderno.
Com dez anos de comunidade europeia, a Polônia tem hoje um novo peso político e joga na divisão dos grandes.
Apesar disto, os eleitores não revelam grande reconhecimento: a mádia de abstenção nas europeias é de 70%. Apesar da ajuda de Bruxelas, o projeto europeu não faz sonhar os polacos.
A União Europeia representa transformações para uns, decepção para outros. Em vários países da União Europeia os protestos multiplicam-se contra a política europeia de austeridade que faz explodir o desemprego. Em Portugal, os estudantes fizeram uso de um humor cáustico para criticar Bruxelas.

A TV TSR suíça foi conhecer o que dizem os estudantes portugueses
A festa da Queima das Fitas de Coimbra é a mais célebre do país. Não é demasiado difícil este ano escolher os carros alegóricos do cortejo: a crise, a emigração ou a auteridade imposta pela União Europeia. A Universidade de Coimbra data de 1290, é uma das mais antigas do mundo e mantém tradições. Para os trinta mil estudantes de Coimbra, o futuro é sombrio, como se vê pelo carro alegórico da faculdade de medicina. Em Portugal, estão no desemprego 37% dos jovens.
Durante várias semanas, os estudantes decoraram os carros alegóricos, mais de 120 este ano, por um custo entre 5 e 10 mil euros cada. E apesar das críticas, ainda se acredita no ideal europeu. Apesar de todas as dificuldades, Portugal permanece um país profundamente ligado à União Europeia.
A União Europeia espera uma taxa de abstenção recorde. Em 2009, foi de 57%. Como encorajar os cidadãos a não se afastarem das urnas no dia 25 de maio? Na Dinamarca, o parlamento optou pela divulgação de um vídeo feito para chocar, com sexo e violência. As reações negativas exigiram que fosse retirado de emissão.
A RTP deu a conhecer o que está em jogo
Votar para quê? Esta é a questão que muitos cidadãos da União Europeia se colocam. Muitos ignoram quais sãos os poderes do parlamento europeu e como funciona o voto. ‘‘Porque razão vais votar?’‘ O canal francês FR3 fez a pergunta a cidadãos que tencionam votar.

Fonte: Copyright © 2014 euronews

terça-feira, 13 de maio de 2014

Licheń: A maior igreja da Polônia

Basílica Menor de Nossa Senhora de Licheń
Considerado um dos países mais católicos do mundo, a Polônia possui 36,6 milhões de fiéis no país dos 39,6 milhões de habitantes.
Existem 10.114 paróquias no país e 17.533 igrejas e capelas. São 28.546 sacerdotes, incluindo 22.221 padres diocesanos, 6325 frades, 23.304 freiras, 1522 monges e sete diáconos permanentes.
A Igreja Católica Apostólica Romana na Polônia tem 135 bispos, 14.418 catequistas, e outras 1.081 pessoas pertencem a institutos seculares. São 15 cardeais metropolitanos.
A Polônia tem centenas de santos e bem-aventurados. Quatro deles foram elevados à categoria de padroeiros polacos, Święty Wojciech (São Adalberto – principal padroeiro da Polônia), św. Stanisław Biskup (São Bispo Estanislau – principal padroeiro da Polônia), św. Stanisław Kostka (São Estanislau Kostka) e św. Andrzej Bobola (São André Bobola).
Também são cultuados os demais santos polacos com bastante fervor: św. Królowa Jadwiga (Santa Rainha Edwirges - Padroeira da União Europeia e da Universidade), św. Faustyna Kowalska (Santa Faustina), św. Albert Chmielowski, św. Urszula Ledóchowska, bł. Jerzy Popiełuszko (Beato Jorge) e o mais famoso e recente em todo o mundo św. Jan Paweł II (São João Paulo II - cardeal Karol Wojtyła).
Atualmente existem 1803 candidatos ao sacerdócio em escolas de ensino médio e 6427 clérigos em seminários de ensino superior.

Catedral de Nossa Senhora de Częstochowa
A Igreja Católica administra 1240 jardins de infância e escolas primárias, com a participação de quase 133 mil estudantes, 417 escolas de ensino médio, com quase 83 mil alunos e 69 faculdades e universidades, com mais de 100 mil estudantes. A Igreja Católica polaca administra 33 hospitais, 244 ambulatórios, 267 asilos, centros de acolhimento de pessoas com deficiência e menores de idade, 538 orfanatos e lares de cuidados infantis, 1.820 clínicas e centros para a proteção da educação para a vida familiar em 1462 e centros de reeducação e 287 outras instituições de caridade e educação. A igreja de Roma é proprietária de 160 mil hectares de terras.
Igreja de Santo André
Somente em Cracóvia, cidade com mais de 750 mil habitantes, existem 175 igrejas e capelas. Algumas delas de reconhecimento internacional, como a Catedral de Wawel, a Basílica Mariacka, Igreja de Santo André (a mais antiga edificação em uso da cidade), Igreja de São Pedro e São Paulo, Igreja de Corpo de Cristo, Igreja de São Casimiro (com múmias em seu porão), Igreja de São Francisco (onde o Santo João Paulo II rezava todo manhã no mesmo banco próximo da porta de entrada) Igreja dos Dominicanos, Igreja de São Estanislau.
Catedral de Wawel
Basílica Maior Mariacka
Três Santuários estão entre os mais visitados do país, o da Santa Misericórdia, em Cracóvia (onde está o quadro original de Jesus Misericordioso de Santa Faustina) e Catedral de Montes Claros de Nossa Senhora de Częstochowa, (a padroeira da nação) e a Catedral de Nossa Senhora de Licheń (a maior da Polônia e 7ª. da Europa).

Outras religiões do país
Igreja Católica Apostólica Romana - 36.600.000 fiéis Igreja Ortodoxa bizantina-ucraniana - 55.000 fiéis Igreja Armênia - 5000 fiéis Igreja Neo Uniate - 147 fiéis.


A maior igreja da Polônia
Há muitos anos o Santuário de Licheń ocupa lugar de destaque no mapa mundial dos santuários marianos.
Encontra-se aqui um pequeno quadro com a imagem de Nossa Senhora, frequentemente designada pelos peregrinos como Rainha Dolorosa da Polônia.
O título que lhe conferiram os peregrinos surge por si mesmo: sobre a cabeça Maria traz uma coroa, ao peito abraça uma águia branca, e no seu manto encontram-se as insígnias da Paixão do Senhor. O culto desta imagem e a veneração de Nossa Senhora sob esta invocação têm uma história, cujos inícios remontam até ao século XIX.
A primeira aparição de Nossa Senhora aconteceu num campo de batalha perto de Lipsk, no ano de 1813, no meio de uma batalha sangrenta, onde participavam várias legiões polacas, que estavam a sofrer enormes perdas. Um dos legionários, Tomasz Kłossowski, ferreiro de profissão, encontrando-se bastante ferido por causa da batalha, começou a invocar o auxílio de Nossa Senhora, pedindo-lhe socorro.
Igreja consagrada a Santa Dorotéia

Envolto num sofrimento imenso, viu a silhueta da Virgem Maria andando pelo campo de batalha, a qual lhe prometeu ajuda e encarregou-o de encontrar um quadro com a representação da Sua imagem. Miraculosamente salvo, após vários anos de procura, o legionário encontrou o quadro com a representação da imagem de Nossa Senhora, que lhe havia aparecido no campo de batalha, perto de Lipsk. Tendo encontrado a imagem perto de Częstochowa, trouxe-a consigo para a sua casa em Izabelin, onde lhe dedicou uma especial devoção. Alguns anos depois, Tomasz Kłossowski levou a imagem para a floresta de Grąblin, situada a 3 km da sua casa. E ali colocou a imagem numa capelinha de madeira que pendurou num pinheiro, perto de uma vereda da floresta.
Em 1850, sucederam-se várias aparições de Nossa Senhora no lugar onde o quadro havia sido colocado. Numa silhueta parecida com a da imagem da capelinha da floresta, Nossa Senhora apareceu três vezes a um pastor chamado Mikołaj Sikatka, ao qual pediu que incentivasse os seus conterrâneos à penitência, à oração e à conversão.
Dois anos depois, a fama da imagem difundiu-se ainda mais, no tempo da epidemia de cólera, que se alastrou para além da população local. Os acontecimentos relacionados com a epidemia foram prenunciados por Nossa Senhora por meio do pastor Sikatka, em 1850. A população doente e ameaçada de contágio começou a reunir-se no local das aparições, diante da imagem que se encontrava na capelinha da floresta de Grąblin.
Mikołaj Sikatka
A fé, a oração fervorosa e a veneração a Nossa Senhora trouxeram aos fiéis a desejada saúde e as graças necessárias. Começou-se então a venerar ainda mais a imagem e sua a fama propagou-se por todas as localidades vizinhas. Por causa da crescente veneração da imagem e também por motivos de segurança, em 1852, a imagem foi transferida para a igreja paroquial de Licheń. Desde então a imagem foi sendo continuamente venerada naquele local e os fiéis começaram a acorrer ali em peregrinação, a fim de suplicarem as graças necessárias para si e para os seus, por intercessão de Nossa Senhora.
A eficácia da intercessão de Nossa Senhora de Licheń despertou nos fiéis a fé e o sentimento de gratidão. A sua convicção acerca da santidade e da magnificência daquele lugar fez com que ali voltassem repetidas vezes. Incentivados pela apelo de Nossa Senhora à penitência e à conversão, os peregrinos, muitas vezes, começavam a sua estadia no santuário recorrendo ao sacramento da Reconciliação. De alma purificada e de lágrimas nos olhos exprimiam assim os anseios do seu coração numa longa oração pessoal aos pés de Nossa Senhora.
Deus escolheu este local, a fim de derramar torrentes de graças para os seus fiéis, através das mãos de Nossa Senhora de Licheń.
No âmbito das comemorações do Milênio do Batismo da Polônia, no dia 15 de Agosto de 1967, a imagem foi condecorada com a coroa papal. A coroação da imagem de Nossa Senhora de LIcheń foi efectuada pelo Cardeal Stefan Wyszyński, Primaz da Polónia, o qual, enquanto aluno do Seminário Maior da Diocese de Włocławek trabalhou em Licheń  ali viveu a experiência daa cura miraculosa de uma doença incurável naquele tempo.
No ano de 1999 o Santuário foi visitado pelo papa João Paulo II, que consagrou o templo que entretanto havia sido construído em Licheń. O Sucessor de São Pedro pernoitou duas noites na cidade e durante a sua estadia a imagem milagrosa foi trazida para a sua capela privada, anexa ao quarto onde pernoitou. Acerca do templo que havia sido construído o papa disse: "Irmãos e irmãs, agradeço à Providência Divina, por me ter proporcionado passar por este Santuário durante o percurso da minha peregrinação à Pátria e por poder encontrar-me convosco no meio desta paisagem primaveril, nesta colina pitoresca, entre prados e florestas, a fim de realizar a consagração deste novo templo em honra da Santa Mãe de Deus. Olho com admiração para esta enorme construção, a qual no sua pujança arquitetônica exprime a fé e o amor a Maria e a Seu Filho. Graças sejam dadas a Deus por este templo."

Nave principal da Basílica de Licheń
O atual templo dedicado a Nossa Senhora de Licheń, no qual se encontra a imagem milagrosa é o maior templo da Polônia e por causa do seu significado para a vida da Igreja foi elevado à categoria de Basílica Menor pelo papa João Paulo II no ano de 2005.
O desenvolvimento deste local e a presença numerosa de peregrinos são acima de tudo obra de Deus. Maria, eleita para ser Mãe do Filho de Deus e, posteriormente, mãe de todos os fiéis, guia os passos dos seus filhos e incessantemente intercede por eles. A sua poderosa intercessão neste local frutifica não só nas almas e nas vidas das pessoas concretas, mas também no sinal visível do enorme templo, que, contra todas as expectativas, surgiu no meio de um campo de uma pequenina aldeia.
Para Deus não há coisas impossíveis. Alcançar a bênção de Deus é, pois, o intuito de muitos milhões de penitentes, que nas suas súplicas imploram vigorosamente a poderosa intercessão de Nossa Senhora. Ela lembra incessantemente aos peregrinos, que sem a bênção de Deus as atividades humanas não têm fundamento. O amor de Deus e a Sua Misericórdia infinita abrem diante da humanidade uma perspectiva de alegria verdadeira e definitiva. Nesta bela obra da salvação, que continuamente vamos conhecendo, esforçando-nos por realizá-la na nossa vida, acompanha-nos a nossa Mãe Santíssima. Pela Sua excelsa intercessão cheia de amor e solicitude, os peregrinos suplicam a Deus as graças necessárias para si, para os seus entes queridos, para os seus amigos e conhecidos.
A custódia do Santuário está ao encargo da Congregação dos Marianos da Imaculada Conceição, fundada pelo Beato Stanisław Papczyński em 1673. Esta Congregação é a mais antiga comunidade religiosa fundada por um polaco. A Congregação dos Marianos tem um caráter especificamente mariano. A sua missão consiste na difusão do culto à Imaculada Conceição da Beatíssima Virgem Maria, no desenvolvimento da atividade apostólica e na oração pelos fiéis defuntos.

Alojamento e alimentação
No terreno do santuário situam-se duas Casas de Peregrinos com capacidade para albergar de uma só vez mais de 1000 pessoas. O Santuário possui também uma cantina, onde os peregrinos podem fazer as refeições. Dos serviços de alojamento e de alimentação podem usufruir pessoas individuais, bem como grupos de várias centenas de pessoas.

Fonte: site www.lichen.pl

terça-feira, 6 de maio de 2014

10 anos da Polônia na UE – oportunidade bem aproveitada

Quando o premiê e o chefe da diplomacia da Polônia assinavam o tratado de adesão à União Europeia, nem imaginavam que os benefícios seriam tão vastos, tanto para a Polônia quanto para a Europa.


Há uma década, a Polônia e outros 9 países aderiram à União Europeia. Isso foi possível graças ao esforço enorme para satisfazer os critérios de adesão. Nós não nos juntamos à UE por um capricho. Nós nos tornamos parte da União, porque realizamos reformas abrangentes, praticamente remodelando nosso país de baixo para cima. Em menos de uma década, construímos uma democracia e uma economia de mercado livre - dois pilares de uma Europa unificada.

O progresso foi possível graças à entrada da Polônia no caminho da transformação sistêmica, que começou em 1989. No dia 4 de Junho, vamos celebrar o 25 º aniversário das primeiras eleições pluralistas e parcialmente livres no nosso país. Foram as primeiras eleições nesta parte da Europa, abertas aos representantes da oposição anticomunista, após décadas de totalitarismo.
Naquela época, após 40 anos de regime comunista, a Polônia era economicamente e politicamente falida. Hoje, estamos ajudando a solucionar problemas na Europa e fora dela. Somos uma prova de que com determinação e boa conjuntura, é possível mudar o curso da história.
Orgulhosos dos êxitos alcançados estamos dispostos a servir de inspiração - seja para a Ucrânia, Tunísia ou Myanmar - independentemente da nacionalidade, cor ou crença.

Neste ano especial, no qual a Polônia comemora vários aniversários das grandes conquistas do país, vale a pena conhecer o nosso caminho à liberdade e à integração europeia. Basta dizer que durante estes dez anos na União Europeia, o PIB da Polônia disparou, com aumento de 48,7%. Mesmo em 2008-2013, durante a profunda crise financeira global, a nossa economia cresceu 20% - de longe o melhor resultado na UE. Tudo isso serve para mostrar que os polacos fizeram bom uso dessa oportunidade histórica. Em 2012, os investimentos estrangeiros acumulados na Polônia valiam cerca de 178 bilhões de euros, quase quadruplicando desde 2003. Durante os dez anos da adesão à UE, a Polônia gerou dois milhões de empregos. Os números falam por si.

A integração também trouxe benefícios aos nossos parceiros. É errado afirmar que a expansão da UE estava por trás da crise econômica da Europa. De fato, dados macroeconômicos mostram que o alargamento teve um impacto positivo na maioria das economias da UE-15. Os maiores ganhadores foram os que impulsionaram o comércio com a nossa região ou abriram seus mercados de trabalho aos novos membros.
A principal fonte de benefícios para todos os países da UE (ambos estados aderentes e aqueles já presentes na União) é explorar o potencial do mercado interno, neste caso, em especial, a livre circulação de mercadorias e liberdade de movimento: fato importante, especialmente quando confrontado com uma torrente de euroceticismo populista e enganoso.

Dez anos não é mais que um piscar de olhos da história. Um quarto de século cobre uma única geração. E ainda assim, neste curto espaço de tempo, conseguimos transformar nossa parte da Europa. Orgulhosos do nosso sucesso, desejamos que ele possa ser reproduzido por aqueles que atualmente implementam reformas difíceis nos países vizinhos, que muitas vezes pagam por isso com sangue, como os heróis da Maidan. O exemplo da Polônia prova que a luta deles vale todo o esforço.

RADOSŁAW SIKORSKI
ministro da Relações Exteriores da Polônia

terça-feira, 29 de abril de 2014

Charuto de repolho é polaco



Chama-se Gołąbki (pronuncia-se góuonbqui) e é mais uma contribuição dos imigrantes polacos na culinária brasileira...

O charuto árabe, libanês ou grego é feito com folha de parreira e não de repolho como o dos polacos.
Gołąbki é um rolinho de repolho comum na culinária polaca feita a partir de folhas de repolho cozidas levemente, que envolvem um recheio de carne de porco ou carne picada temperada com cebola picada e arroz ou ainda cevada. São cozidos em uma caçarola em um molho de tomate.

A palavra Gołąbki é o plural de gołąbek, que também é o diminutivo de gołąb, ou seja, de pomba. Tem esse nome em referência a forma de rolo ou menor que o tamanho de um punho.

Os Gołąbki (charutos no Brasil) são servidos frequentemente durante a época do Natal e em ocasiões festivas como casamentos.

Variações semelhantes são encontradas em outros países onde são conhecidos por outros nomes como holubky (Eslováquia), töltött káposzta (Hungria), holubtsi (Ucrânia), golubtsy (Rússia), balandėliai (Lituânia), Kohlrouladen (ou Sarma, um empréstimo de palavra turca) na Alemanha, também assim chamado em algumas versões dos eslavos do Sul, especialmente nos Cárpatos e nos Balcãs), sarmale (Romênia), kaalikääryleet (Finlândia), kåldolmar (Suécia, a partir da palavra turca dolma). Em iídiche são chamados de golumpki, holishkes ou Holep.

Nos Estados Unidos são conhecidos como golumpki, pois ele é um prato de destaque nas reuniões familiares, entre os americanos de origem polaca.

Mas como muitos termos são comumente anglicanizados pela segunda ou terceira geração de norte-americanos, eles também são chamados de "pigs in a blanket" (porcos num cobertor), "piggies" (porquinhos), "stuffed cabbage" (repolho recheado), "cabbage casserole" (caçarola de repolho).


Histórias e lendas
Segundo os contadores de histórias, o Grão-Duque da Lituânia e Rei da Polônia Casimiro Jagiello IV alimentou seu exército com Gołąbki antes de uma batalha crucial da Guerra dos Treze Anos nos arredores do Castelo de Malbork (Norte da Polônia) contra a Ordem Teutônica.
Vitória, portanto, decorrente da força da saudável refeição polaca!

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Morreu o poeta e dramaturgo Rózewicz


O poeta e dramaturgo polaco Tadeusz Rózewicz, várias vezes candidato ao Nobel da Literatura e um dos autores mais importantes da literatura polaca do pós-guerra, morreu nesta quinta-feira, aos 92 anos, em Wrocław, no sudoeste do país, onde vivia desde meados dos anos 80.
Também romancista e tradutor, Rózewicz recebeu em 2007, pelo conjunto da sua obra, o Prêmio Europeu de Literatura.
Nascido em 1921, na cidade de Radomsko, perto de Łódź, era filho de um funcionário do poder judiciário e, tal como o seu irmão mais velho, Janusz, executado pela Gestapo, em 1944, militou na resistência polaca durante a segunda guerra.
O seu irmão mais novo, Stanisław Rózewicz (1924-2008) foi um cineasta polaco da geração de Andrzej Wajda. Talvez por isso, o próprio Tadeusz escreveu vários roteiros para o cinema.

Publicou alguns poemas ainda antes da guerra, em 1938, mas o seu primeiro livro, "Ecos da Floresta", foi escrito em 1943 e 1944, quando combatia no Exército Nacional (Armia Krajowa), o principal movimento da resistência polaca, usando o significativo nome de código “Satyra”.

Recebeu várias medalhas pela sua bravura durante a ocupação nazi, e no pós-guerra estudou História de Arte, sem nunca ter chegado a licenciar-se. Envolveu-se no meio artístico de vanguarda, sendo amigo de criadores como o teatrólogo Tadeusz Kantor e o cineasta Andrzej Wajda.


Os livros de poemas que publicou no final dos anos 40, como Niepokój (Ansiedade) ou Czerwona rekawiczka (A Luva Vermelha), testemunham a tentativa de reconstruir uma possibilidade de sentido nesse pós-Auschwitz que, segundo Theodor Adorno, não suportava já qualquer genuína criação poética.
Alguns acusaram-no de nihilismo e de se deixar contaminar excessivamente por autores como T. S. Eliot ou Ezra Pound, mas outros, como o Nobel da Literatura Czesław Miłosz, sublinharam o caráter inovador da sua poesia.

Rózewicz saiu do país em 1950 e passou um ano na Hungria, mas regressou depois à Polônia com a mulher. Crítico do regime comunista, viveu com grandes dificuldades, e completamente afastado dos meios literários, ao longo de toda a primeira metade dos anos 50.

Com a relativa abertura política que a Polônia viveu no final de 1956, após a morte, nesse ano, do líder comunista Bolesław Bierut (Stalin já morrera em 1953, e Kruschev liderava a União Soviética), Rózewicz teve oportunidade de seguir mais de perto a cena artística ocidental e, em particular, a vanguarda parisiense.
Fascinado com o trabalho de dramaturgos como Samuel Beckett e Ionesco, escreveu a peça Kartoteka (O Arquivo), considerada uma obra-prima do teatro do absurdo.

Cena da peça Kartoteka pelo grupo Bałtycki Teatr Dramatyczny im. Juliusza Słowackiego, de Koszalin

Parte da extensa obra de Tadeusz Rózewicz, que se prolonga pelo século XXI e inclui dezenas de títulos, entre livros de poemas, peças de teatro, e narrativas, está hoje traduzida em quase meia centena de línguas e recebeu vários prêmios, dentro e fora da Polônia.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Ciało Człowieczy - Corpo Humano

Pequeno dicionário polaco-português sobre o corpo humano (entre parênteses a pronuncia aproximada das palavras em polaco):

Głowa (guóva) = cabeça
Włosy  (vuóci) = cabelo
Mózg (musg) = cérebro
Móżdżek (mujdzék) = cerebelo
Czoło (tchoúo) = testa
Twarz (tvaj) = face
Cera (Tcéra) = rosto
Facet (facét) = cara
Oko (óco) = olho
Oczy (ótchi) = olhos
Tęczówki oka (tentchuvqui óca) = íris
Brew (brév) = sobrancelha
Brwi (brvi) = sobrancelhas
Rzęsa (jensa) = cílios
Nos (nós) = nariz
Dziurka (djiurca) = narinas
Policzek (pólitchék) = bochecha
Usta (usta) = boca
Podniebienie (pódniébiénie) = céu da boca
Język (ienzik) = língua
Warga (varga) = lábios
Ząb (zomb) = dente
Zęby (zembi) = dentes
Dziąsło (djionssuo) = gengiva
Wąsy (vonssi) = bigode
Broda (bróda) = queixo
Broda (bróda) = barba
Braz hiszpanka (brás richpanca) = cavanhaque
Przystrzyżona bródka (pjistjijona brudca) = barba aparada
Brodacz (bródatch) = barbudo
Baki (báqui) = costeletas
Znak (snák) = ruga, sinal
Ucho (utcho) = orelha
Uszy (uchi) = orelhas
Słuch (suúrrhh) = ouvido
Kark (cárk) = nuca
Ramie (ramie) = ombros
Szyja (chiía) = pescoço
Gardło (gárdúo) = garganta
Krtań (kretanh) = laringe
Przełyk (pjéúik) = faringe
Tchawica (trrávitssa) = traquéia
Tarczyca (tártchitssa) = tireóide
Pierś (piérch) = peito
Plecy (plétci) = costas
Płuco (puútsso) = pulmão
Serce (Sértsse) = coração
Sutka (sútca) = mama
Sutek (súték) = bico do peito
Łono (úónó) = seio
Ręka (renca) = braço, mão
Przedramie (pjedramie) = antebraço
Łokieć (úóquiéts) = cotovelo
Bíceps = bíceps
Pachy (párri) = sovaco
Przegub ręki (pjégub renqui) = pulso
Dłoń (dúónh) = palma da mão
Palec (paléts) = dedo
Palce (páltssé) = dedos
Palec wielki (paléts viélqui) = polegar
Mały palec (maúí paléts) = mindinho
Kciuk (ktchiuk) polegar
Paznokieć (pasnóquiétss) = unha
Brzuch (bjúrrhh) = barriga
Żołądek (jouondék) = estômago
Wątroba (vontróba) = fígado
Nerka (nérca) = rins
Bok (bók) = flanco, lado
Talia (táliá) = cintura
Kibić (quibits) = cintura
Biodro (biódró) = quadril
Rozrodczy (rosródtchi) = genital
Organi płuciowe (órgani púutchióve) = órgãos genitais
Penis (pénis) = pênis
Pachwina (párrhhvina) = virilha
Pochwa (pórrhhva) = vagina
Moszna (móchna) = escroto
Mosznowy (móchnóvi) = saco escrotal
Moczowy (mótchóvi) = urinário
Moczowy pęcherz (mótchóvi penrréj) = bexiga
Moczowód (mótchóvud) = ureter
Noga (nógá) = perna
Odbyt (ódbit) = ânus, cu
Kolano (colano) = joelho
Pięta (pienta) = calcanhar
Kostki (cóstqui) = tornozelo
Stopa (stópa) = pé
Stopy (stópi) = pés
Pupa, dupa (pupa, dupa) = bunda
Udo (udó) = coxa
Łydka (úidca) = panturrilha, barriga da perna
Golenie (gólenie) = canela
Pępek (pempék) = umbigo

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Literatura polaca em breves palavras

Tadeusz Różewicz
A singularidade, a peculiaridade, a fascinante diversidade, mas também o hermetismo (que dificulta uma transcendência internacional) da literatura polaca devem-se às relações dela com a complicada e dramática história da Polónia. Desde os inícios (os primeiros textos literários escritos em polaco datam do século XIII) até ao final do século XVIII a literatura polaca, literatura dum país livre (e no século XVI até duma potência), vive todas as aventuras e mudanças da literatura europeia, e produz grandes poetas que marcam as épocas deles, como Jan Kochanowski, Mikołaj Sęp Sarzyński ou Ignacy Krasicki, que estão entre os melhores criadores europeus do Renascimento, Barroco e Iluminismo, respetivamente.
O final do século XVIII, quando a Polónia perde a independência e por mais de 120 anos deixa de existir como Estado, é um momento em que nasce uma situação pouco comum, cheia de consequências literárias vivificantes, mas também mortíferas. Para uma nação desprovida de um Estado próprio, o escritor torna-se quase tudo: líder espiritual (e, às vezes, mesmo político), autoridade moral, legislador e guia. A literatura chega a ser a única forma de expressão e de preservação da identidade cultural da nação, e a língua torna-se a única pátria. Isso fez com que na literatura polaca do século XIX, como nunca antes ou depois, a palavra do poeta alcançasse o status de supremo bem, suprema lei, verdade, quase revelação. O poeta torna-se “bardo e profeta” da nação, e a literatura, “serviço e missão”. Só os maiores, geniais poetas do século XIX foram capazes de enfrentar este desafio: Adam Mickiewicz, Juliusz Słowacki, Zygmunt Krasiński, Cyprian Kamil Norwid.
Czesław Miłosz
A partir dessa altura, a literatura polaca, carregada de obrigação patriótica, vai em diversos momentos históricos ora sucumbir à pressão do povo, ora rebelar-se contra o peso dele. É precisamente entre essas “obrigação” e “rebeldia” onde até à atualidade funcionam a poesia, a prosa e o drama polacos. É um espaço extraordinariamente rico em termos tanto de ideias, como de estética.
Entre a universalidade e o hermetismo – é um dilema e um drama refletido, por exemplo, na vida e na transcendência europeia dos primeiros criadores polacos laureados com o Prémio Nobel da Literatura. Henryk Sienkiewicz (1846-1916), autor de novelas históricas de imensa popularidade, escritas “para levantar os ânimos”, as quais mesmo hoje em dia são as mais lidas na Polónia, ganhou renome internacional com a novela “Quo Vadis”, que mostra a formação do cristianismo, e foi levada ao cinema em várias ocasiões tanto na Polónia, como no estrangeiro (Itália, EUA). Em 1905, Henryk Sienkiewicz foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura por toda a obra literária dele. Em 1924 o mesmo prémio foi atribuído a Władysław Stanisław Reymont (1867-1925), em reconhecimento do valor literário da novela “Chłopi” (“Os camponeses”), livre de mistérios e problemas polacos.
Witold Gombrowicz
A literatura polaca do século XX, especialmente após a recuperação da independência nacional em 1918, fez da rebeldia contra essas “obrigações” uma das suas características distintivas mais importantes. Witold Gombrowicz, provavelmente o mais ilustre prosador contemporâneo polaco, de renome e importância internacional, precisamente da libertação, do “desprendimento do que é polaco” fez o fio condutor da inovadora produção literária dele.
Vários tons até então desconhecidos, como um grotesco ambíguo ou um catastrofismo filosófico, apareceram nas obras de Bruno Schulz e de Stanisław Ignacy Witkiewicz, cuja produção dramática antecipou o “teatro do absurdo”.
A literatura polaca da época comunista desenvolvia-se em duas vias paralelas: Miłosz, Gombrowicz, Herling-Grudziński, Kołakowski) podiam escrever livremente, sem limitações da censura nem qualquer servilismo ideológico; por outro lado, os autores que criavam na Polónia tinham de procurar um modo de existir e uma linguagem que, apesar de todas as limitações, lhes permitissem um discurso mais ou menos normal. O surgimento, após o ano de 1976, de editoras e publicações clandestinas salvou, em certo sentido, a literatura polaca, e, o que é ainda mais importante, contribuiu para as transformações históricas, que culminaram em 1989.
Sławomir Mrożek
por um lado, os autores exilados no estrangeiro (
Zbigniew Herbert
Eis o paradoxo: as difíceis para a liberdade de expressão condições de existência, junto com os condicionamentos históricos enraizados na tradição do século XIX, contribuíram para o surgimento do fenómeno da “escola polaca da poesia”, cujas transcendência e importância internacionais são hoje difíceis de sobrestimar, e cuja característica distintiva mais importante consiste na capacidade para contar o destino do indivíduo humano enredado na história de um modo que une a perspetiva individual com a universal, a existencial e metafísica com a histórica.
A grotesca dramaturgia de Sławomir Mrożek descreve esse destino desde um ponto de vista completamente diferente, e com outra linguagem. Também a “escola polaca da reportagem”, que constitui um género à parte e popular no mundo, conta-o à sua maneira. Para apresentar um quadro completo da literatura polaca é preciso acrescentar ainda a prosa, traduzida para muitas línguas, de escritores como Jerzy Andrzejewski, Jarosław Iwaszkiewicz, Tadeusz Konwicki, Andrzej Szczypiorski ou Marek Hłasko, e também a obra, caracterizada por uma singular poética filosófica da ficção científica, de Stanisław Lem, provavelmente o mais importante à escala mundial dos escritores contemporâneos deste género.
Wysława Szymborska
Após a queda do comunismo em 1989, na literatura polaca aparecem, ou adquirem uma notável força de expressão, novas tendências, das quais as mais importantes e literariamente interessantes parecem ser as tentativas de procura, na complicada história moderna, das próprias raízes espirituais ou da própria “pequena pátria” (novelas de Paweł Huelle, Stefan Chwin, Antoni Libera), e também as tentativas de introdução na literatura dos sinais e ícones da cultura massiva, e da linguagem dos meios de comunicação modernos.

Fonte: Portal Oficial de Promoção da República da Polônia, em Portugal