O jornalista Artur Domosławski da revista semanal "Polityka" está no Brasil fazendo a cobertura da Copa do Mundo.
Interessado pela América Latina, escreveu o livro "Gorączka latynoamerykańska" (Febre latino-americana) é um registro de jornalistas que viajam pelas Américas Central e do Sul inteiras (incluindo Brasil, México, Cuba, Argentina, Peru, Chile).
São histórias entrelaçadas destes países com um forte foco no período da revolução comunista e dos golpes militares de direita. Uma grande parte do trabalho é dedicada a descrições dos regimes políticos no Chile, Argentina e Cuba, e críticas às reformas liberais de mercado. Outro livro seu, "Ameryka zbuntowana, stanowiącą zbiór wywiadów z amerykańskimi intelektualistami lewicowymi"(América Rebelde, representando uma coleção de entrevistas com intelectuais de esquerda da América) recebeu o Prêmio Beata Pawlak.
Em 2010, lançou o livro de "Kapuściński não-ficção"que levantou um debate na mídia sobre a biografia do jornalista polaco Ryszard Kapuściński, com suas relações com o regime de comunista e a confiabilidade de seus livros jornalísticos. A viúva de Kapuściński entrou com uma ação contra Domosławski para proteger os dados pessoais e direitos de autor. Ao mesmo tempo, alguns jornalistas defenderam os direitos de Domosławski de fazer isso, e nenhum outro, apresentando a biografia de Kapuściński. Outros apontaram para o fato de que Domosławski abusou da confiança da família Kapuściński, levando documentos e recortes da biblioteca particular de Kapuściński, que não foram devolvidos.
Artur Domosławski foi eleito Jornalista do Ano de 2010, tendo sido homenageado durante uma gala em Varsóvia, organizado pela "Press".
Em 1º de junho de 2011, ele deixou o jornal "Gazeta Wyborcza" para trabalhar na revista semanal "Polityka".
Artur Domosławski foi entrevistado nesta terça-feira, direto da Polônia, pela Rádio TOK FM. Em seu informe Domosławski relatou que as maiores cidades do Brasil estão paralisadas por greves de trabalhadores do serviço público mal pagos e pelos sem-teto.
Tudo isso dois dias antes do início da Copa do Mundo. "Eles estão protestando não só contra o mundial, mas contra a extravagância do poder e a despesa estúpida em um grande número de estádios", disse ele para a Rádio TOK FM.
Ele informou que apesar de quinta-feira, no Brasil, começar a Copa do Mundo, as principais cidades do país foram abalada por greves. "Ontem, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes em São Paulo".
"Eles ameaçaram bloquear os torcedores"
O segundo grupo de protestos são as pessoas desabrigadas. "Eles ameaçaram que na inauguração da Copa do Mundo vão impedir os torcedores de vários países de acessarem os estádios. Os sem-teto exigem que o governo estadual e federal construam em áreas que invadidas, uma habitação descente. Hoje, eles vivem em barracas, em casas de papelão ou placas", indicou Domosławski.
"Considero que houve um grande sucesso. Após o encontro com representantes do governo, estes voltaram a rever o plano de desenvolvimento da área e fizeram uma promessa clara de investimento do governo. Os sem-teto suspenderam o protesto, o que não significa que não voltarão a ocorrer", disse o jornalista.
"Eles anunciam que se o governo não se transformar, eles pode retornar aos protestos. Mas se o governo agir desonestamente, ele pode perder, isto porque, este ano no Brasil, serão realizadas eleições", acrescentou.
"Faraônicos, são ridículos os gastos de dinheiro público para os estádios"
O Apresentador do programa noticioso da rádio Paweł Sulik perguntou a Domosławski se os protestos brasileiros podem colocar uma pressão sobre o mundial e sobre a imagem do país. "Provavelmente, durante a Copa do Mundo virão para mais protestos", disse Domosławski.
"O Brasil, na última década vem passando por um curso intensivo da politização das pessoas, a partir dos grotões da sociedade. Este é o resultado de políticas positivas do governo anterior do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presente de Dilma Rousseff", explicou o jornalista.
"Ambos os governos alocaram enormes quantias de dinheiro para apoiar as famílias mais pobres. Eles se vangloriam de que atenderam à pobreza de 40 milhões de pessoas. Pode parecer um paradoxo que em um país onde a situação está melhorando a vida dos mais pobres, haja tais protestos", comentou o entrevistado da Rádio TOK FM.
"Mas as teorias dos movimentos sociais indicam que os protestos são devido ao fato das pessoas melhorarem de vida. Porque as pessoas dos grotões, ao contrário, não se rebelam, pensam apenas na sobrevivência. E aqueles que foram autorizados a dar o primeiro passo, viram que o destino não é dado de uma vez por todas. E quando os impedem de fazer esta segunda etapa, ficam furiosos. Esta dificuldade é a faraonice absurda de gastar dinheiro público em estádios", explicou Domosławski.
O jornalista observou que, mesmo FIFA tendo sugerido sete ou oito estádios de futebol. Haverá 12 e Por quê? Ora porque no Brasil, as grandes empresas construtoras financiam as campanhas dos políticos.
"Você ama o futebol e acredita que o país não pode dar ao luxo de fazer um Mundial"
Amar o futebol do Brasil, e agora critica a Copa do Mundo tem algo de uma atitude esquizofrênica? Segundo Domosławski não. "Eles estão protestando não só contra mundial, mas contra a extravagância do poder, a despesa estúpida em um grande número de estádios", explicou a jornalista.
"Embora goste de futebol, o povo acredita que o país não pode dar ao luxo de sediar um evento como esse, especialmente dessa forma" resumiu Domosławski.
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