terça-feira, 6 de maio de 2014

10 anos da Polônia na UE – oportunidade bem aproveitada

Quando o premiê e o chefe da diplomacia da Polônia assinavam o tratado de adesão à União Europeia, nem imaginavam que os benefícios seriam tão vastos, tanto para a Polônia quanto para a Europa.


Há uma década, a Polônia e outros 9 países aderiram à União Europeia. Isso foi possível graças ao esforço enorme para satisfazer os critérios de adesão. Nós não nos juntamos à UE por um capricho. Nós nos tornamos parte da União, porque realizamos reformas abrangentes, praticamente remodelando nosso país de baixo para cima. Em menos de uma década, construímos uma democracia e uma economia de mercado livre - dois pilares de uma Europa unificada.

O progresso foi possível graças à entrada da Polônia no caminho da transformação sistêmica, que começou em 1989. No dia 4 de Junho, vamos celebrar o 25 º aniversário das primeiras eleições pluralistas e parcialmente livres no nosso país. Foram as primeiras eleições nesta parte da Europa, abertas aos representantes da oposição anticomunista, após décadas de totalitarismo.
Naquela época, após 40 anos de regime comunista, a Polônia era economicamente e politicamente falida. Hoje, estamos ajudando a solucionar problemas na Europa e fora dela. Somos uma prova de que com determinação e boa conjuntura, é possível mudar o curso da história.
Orgulhosos dos êxitos alcançados estamos dispostos a servir de inspiração - seja para a Ucrânia, Tunísia ou Myanmar - independentemente da nacionalidade, cor ou crença.

Neste ano especial, no qual a Polônia comemora vários aniversários das grandes conquistas do país, vale a pena conhecer o nosso caminho à liberdade e à integração europeia. Basta dizer que durante estes dez anos na União Europeia, o PIB da Polônia disparou, com aumento de 48,7%. Mesmo em 2008-2013, durante a profunda crise financeira global, a nossa economia cresceu 20% - de longe o melhor resultado na UE. Tudo isso serve para mostrar que os polacos fizeram bom uso dessa oportunidade histórica. Em 2012, os investimentos estrangeiros acumulados na Polônia valiam cerca de 178 bilhões de euros, quase quadruplicando desde 2003. Durante os dez anos da adesão à UE, a Polônia gerou dois milhões de empregos. Os números falam por si.

A integração também trouxe benefícios aos nossos parceiros. É errado afirmar que a expansão da UE estava por trás da crise econômica da Europa. De fato, dados macroeconômicos mostram que o alargamento teve um impacto positivo na maioria das economias da UE-15. Os maiores ganhadores foram os que impulsionaram o comércio com a nossa região ou abriram seus mercados de trabalho aos novos membros.
A principal fonte de benefícios para todos os países da UE (ambos estados aderentes e aqueles já presentes na União) é explorar o potencial do mercado interno, neste caso, em especial, a livre circulação de mercadorias e liberdade de movimento: fato importante, especialmente quando confrontado com uma torrente de euroceticismo populista e enganoso.

Dez anos não é mais que um piscar de olhos da história. Um quarto de século cobre uma única geração. E ainda assim, neste curto espaço de tempo, conseguimos transformar nossa parte da Europa. Orgulhosos do nosso sucesso, desejamos que ele possa ser reproduzido por aqueles que atualmente implementam reformas difíceis nos países vizinhos, que muitas vezes pagam por isso com sangue, como os heróis da Maidan. O exemplo da Polônia prova que a luta deles vale todo o esforço.

RADOSŁAW SIKORSKI
ministro da Relações Exteriores da Polônia

terça-feira, 29 de abril de 2014

Charuto de repolho é polaco



Chama-se Gołąbki (pronuncia-se góuonbqui) e é mais uma contribuição dos imigrantes polacos na culinária brasileira...

O charuto árabe, libanês ou grego é feito com folha de parreira e não de repolho como o dos polacos.
Gołąbki é um rolinho de repolho comum na culinária polaca feita a partir de folhas de repolho cozidas levemente, que envolvem um recheio de carne de porco ou carne picada temperada com cebola picada e arroz ou ainda cevada. São cozidos em uma caçarola em um molho de tomate.

A palavra Gołąbki é o plural de gołąbek, que também é o diminutivo de gołąb, ou seja, de pomba. Tem esse nome em referência a forma de rolo ou menor que o tamanho de um punho.

Os Gołąbki (charutos no Brasil) são servidos frequentemente durante a época do Natal e em ocasiões festivas como casamentos.

Variações semelhantes são encontradas em outros países onde são conhecidos por outros nomes como holubky (Eslováquia), töltött káposzta (Hungria), holubtsi (Ucrânia), golubtsy (Rússia), balandėliai (Lituânia), Kohlrouladen (ou Sarma, um empréstimo de palavra turca) na Alemanha, também assim chamado em algumas versões dos eslavos do Sul, especialmente nos Cárpatos e nos Balcãs), sarmale (Romênia), kaalikääryleet (Finlândia), kåldolmar (Suécia, a partir da palavra turca dolma). Em iídiche são chamados de golumpki, holishkes ou Holep.

Nos Estados Unidos são conhecidos como golumpki, pois ele é um prato de destaque nas reuniões familiares, entre os americanos de origem polaca.

Mas como muitos termos são comumente anglicanizados pela segunda ou terceira geração de norte-americanos, eles também são chamados de "pigs in a blanket" (porcos num cobertor), "piggies" (porquinhos), "stuffed cabbage" (repolho recheado), "cabbage casserole" (caçarola de repolho).


Histórias e lendas
Segundo os contadores de histórias, o Grão-Duque da Lituânia e Rei da Polônia Casimiro Jagiello IV alimentou seu exército com Gołąbki antes de uma batalha crucial da Guerra dos Treze Anos nos arredores do Castelo de Malbork (Norte da Polônia) contra a Ordem Teutônica.
Vitória, portanto, decorrente da força da saudável refeição polaca!

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Morreu o poeta e dramaturgo Rózewicz


O poeta e dramaturgo polaco Tadeusz Rózewicz, várias vezes candidato ao Nobel da Literatura e um dos autores mais importantes da literatura polaca do pós-guerra, morreu nesta quinta-feira, aos 92 anos, em Wrocław, no sudoeste do país, onde vivia desde meados dos anos 80.
Também romancista e tradutor, Rózewicz recebeu em 2007, pelo conjunto da sua obra, o Prêmio Europeu de Literatura.
Nascido em 1921, na cidade de Radomsko, perto de Łódź, era filho de um funcionário do poder judiciário e, tal como o seu irmão mais velho, Janusz, executado pela Gestapo, em 1944, militou na resistência polaca durante a segunda guerra.
O seu irmão mais novo, Stanisław Rózewicz (1924-2008) foi um cineasta polaco da geração de Andrzej Wajda. Talvez por isso, o próprio Tadeusz escreveu vários roteiros para o cinema.

Publicou alguns poemas ainda antes da guerra, em 1938, mas o seu primeiro livro, "Ecos da Floresta", foi escrito em 1943 e 1944, quando combatia no Exército Nacional (Armia Krajowa), o principal movimento da resistência polaca, usando o significativo nome de código “Satyra”.

Recebeu várias medalhas pela sua bravura durante a ocupação nazi, e no pós-guerra estudou História de Arte, sem nunca ter chegado a licenciar-se. Envolveu-se no meio artístico de vanguarda, sendo amigo de criadores como o teatrólogo Tadeusz Kantor e o cineasta Andrzej Wajda.


Os livros de poemas que publicou no final dos anos 40, como Niepokój (Ansiedade) ou Czerwona rekawiczka (A Luva Vermelha), testemunham a tentativa de reconstruir uma possibilidade de sentido nesse pós-Auschwitz que, segundo Theodor Adorno, não suportava já qualquer genuína criação poética.
Alguns acusaram-no de nihilismo e de se deixar contaminar excessivamente por autores como T. S. Eliot ou Ezra Pound, mas outros, como o Nobel da Literatura Czesław Miłosz, sublinharam o caráter inovador da sua poesia.

Rózewicz saiu do país em 1950 e passou um ano na Hungria, mas regressou depois à Polônia com a mulher. Crítico do regime comunista, viveu com grandes dificuldades, e completamente afastado dos meios literários, ao longo de toda a primeira metade dos anos 50.

Com a relativa abertura política que a Polônia viveu no final de 1956, após a morte, nesse ano, do líder comunista Bolesław Bierut (Stalin já morrera em 1953, e Kruschev liderava a União Soviética), Rózewicz teve oportunidade de seguir mais de perto a cena artística ocidental e, em particular, a vanguarda parisiense.
Fascinado com o trabalho de dramaturgos como Samuel Beckett e Ionesco, escreveu a peça Kartoteka (O Arquivo), considerada uma obra-prima do teatro do absurdo.

Cena da peça Kartoteka pelo grupo Bałtycki Teatr Dramatyczny im. Juliusza Słowackiego, de Koszalin

Parte da extensa obra de Tadeusz Rózewicz, que se prolonga pelo século XXI e inclui dezenas de títulos, entre livros de poemas, peças de teatro, e narrativas, está hoje traduzida em quase meia centena de línguas e recebeu vários prêmios, dentro e fora da Polônia.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Ciało Człowieczy - Corpo Humano

Pequeno dicionário polaco-português sobre o corpo humano (entre parênteses a pronuncia aproximada das palavras em polaco):

Głowa (guóva) = cabeça
Włosy  (vuóci) = cabelo
Mózg (musg) = cérebro
Móżdżek (mujdzék) = cerebelo
Czoło (tchoúo) = testa
Twarz (tvaj) = face
Cera (Tcéra) = rosto
Facet (facét) = cara
Oko (óco) = olho
Oczy (ótchi) = olhos
Tęczówki oka (tentchuvqui óca) = íris
Brew (brév) = sobrancelha
Brwi (brvi) = sobrancelhas
Rzęsa (jensa) = cílios
Nos (nós) = nariz
Dziurka (djiurca) = narinas
Policzek (pólitchék) = bochecha
Usta (usta) = boca
Podniebienie (pódniébiénie) = céu da boca
Język (ienzik) = língua
Warga (varga) = lábios
Ząb (zomb) = dente
Zęby (zembi) = dentes
Dziąsło (djionssuo) = gengiva
Wąsy (vonssi) = bigode
Broda (bróda) = queixo
Broda (bróda) = barba
Braz hiszpanka (brás richpanca) = cavanhaque
Przystrzyżona bródka (pjistjijona brudca) = barba aparada
Brodacz (bródatch) = barbudo
Baki (báqui) = costeletas
Znak (snák) = ruga, sinal
Ucho (utcho) = orelha
Uszy (uchi) = orelhas
Słuch (suúrrhh) = ouvido
Kark (cárk) = nuca
Ramie (ramie) = ombros
Szyja (chiía) = pescoço
Gardło (gárdúo) = garganta
Krtań (kretanh) = laringe
Przełyk (pjéúik) = faringe
Tchawica (trrávitssa) = traquéia
Tarczyca (tártchitssa) = tireóide
Pierś (piérch) = peito
Plecy (plétci) = costas
Płuco (puútsso) = pulmão
Serce (Sértsse) = coração
Sutka (sútca) = mama
Sutek (súték) = bico do peito
Łono (úónó) = seio
Ręka (renca) = braço, mão
Przedramie (pjedramie) = antebraço
Łokieć (úóquiéts) = cotovelo
Bíceps = bíceps
Pachy (párri) = sovaco
Przegub ręki (pjégub renqui) = pulso
Dłoń (dúónh) = palma da mão
Palec (paléts) = dedo
Palce (páltssé) = dedos
Palec wielki (paléts viélqui) = polegar
Mały palec (maúí paléts) = mindinho
Kciuk (ktchiuk) polegar
Paznokieć (pasnóquiétss) = unha
Brzuch (bjúrrhh) = barriga
Żołądek (jouondék) = estômago
Wątroba (vontróba) = fígado
Nerka (nérca) = rins
Bok (bók) = flanco, lado
Talia (táliá) = cintura
Kibić (quibits) = cintura
Biodro (biódró) = quadril
Rozrodczy (rosródtchi) = genital
Organi płuciowe (órgani púutchióve) = órgãos genitais
Penis (pénis) = pênis
Pachwina (párrhhvina) = virilha
Pochwa (pórrhhva) = vagina
Moszna (móchna) = escroto
Mosznowy (móchnóvi) = saco escrotal
Moczowy (mótchóvi) = urinário
Moczowy pęcherz (mótchóvi penrréj) = bexiga
Moczowód (mótchóvud) = ureter
Noga (nógá) = perna
Odbyt (ódbit) = ânus, cu
Kolano (colano) = joelho
Pięta (pienta) = calcanhar
Kostki (cóstqui) = tornozelo
Stopa (stópa) = pé
Stopy (stópi) = pés
Pupa, dupa (pupa, dupa) = bunda
Udo (udó) = coxa
Łydka (úidca) = panturrilha, barriga da perna
Golenie (gólenie) = canela
Pępek (pempék) = umbigo

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Literatura polaca em breves palavras

Tadeusz Różewicz
A singularidade, a peculiaridade, a fascinante diversidade, mas também o hermetismo (que dificulta uma transcendência internacional) da literatura polaca devem-se às relações dela com a complicada e dramática história da Polónia. Desde os inícios (os primeiros textos literários escritos em polaco datam do século XIII) até ao final do século XVIII a literatura polaca, literatura dum país livre (e no século XVI até duma potência), vive todas as aventuras e mudanças da literatura europeia, e produz grandes poetas que marcam as épocas deles, como Jan Kochanowski, Mikołaj Sęp Sarzyński ou Ignacy Krasicki, que estão entre os melhores criadores europeus do Renascimento, Barroco e Iluminismo, respetivamente.
O final do século XVIII, quando a Polónia perde a independência e por mais de 120 anos deixa de existir como Estado, é um momento em que nasce uma situação pouco comum, cheia de consequências literárias vivificantes, mas também mortíferas. Para uma nação desprovida de um Estado próprio, o escritor torna-se quase tudo: líder espiritual (e, às vezes, mesmo político), autoridade moral, legislador e guia. A literatura chega a ser a única forma de expressão e de preservação da identidade cultural da nação, e a língua torna-se a única pátria. Isso fez com que na literatura polaca do século XIX, como nunca antes ou depois, a palavra do poeta alcançasse o status de supremo bem, suprema lei, verdade, quase revelação. O poeta torna-se “bardo e profeta” da nação, e a literatura, “serviço e missão”. Só os maiores, geniais poetas do século XIX foram capazes de enfrentar este desafio: Adam Mickiewicz, Juliusz Słowacki, Zygmunt Krasiński, Cyprian Kamil Norwid.
Czesław Miłosz
A partir dessa altura, a literatura polaca, carregada de obrigação patriótica, vai em diversos momentos históricos ora sucumbir à pressão do povo, ora rebelar-se contra o peso dele. É precisamente entre essas “obrigação” e “rebeldia” onde até à atualidade funcionam a poesia, a prosa e o drama polacos. É um espaço extraordinariamente rico em termos tanto de ideias, como de estética.
Entre a universalidade e o hermetismo – é um dilema e um drama refletido, por exemplo, na vida e na transcendência europeia dos primeiros criadores polacos laureados com o Prémio Nobel da Literatura. Henryk Sienkiewicz (1846-1916), autor de novelas históricas de imensa popularidade, escritas “para levantar os ânimos”, as quais mesmo hoje em dia são as mais lidas na Polónia, ganhou renome internacional com a novela “Quo Vadis”, que mostra a formação do cristianismo, e foi levada ao cinema em várias ocasiões tanto na Polónia, como no estrangeiro (Itália, EUA). Em 1905, Henryk Sienkiewicz foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura por toda a obra literária dele. Em 1924 o mesmo prémio foi atribuído a Władysław Stanisław Reymont (1867-1925), em reconhecimento do valor literário da novela “Chłopi” (“Os camponeses”), livre de mistérios e problemas polacos.
Witold Gombrowicz
A literatura polaca do século XX, especialmente após a recuperação da independência nacional em 1918, fez da rebeldia contra essas “obrigações” uma das suas características distintivas mais importantes. Witold Gombrowicz, provavelmente o mais ilustre prosador contemporâneo polaco, de renome e importância internacional, precisamente da libertação, do “desprendimento do que é polaco” fez o fio condutor da inovadora produção literária dele.
Vários tons até então desconhecidos, como um grotesco ambíguo ou um catastrofismo filosófico, apareceram nas obras de Bruno Schulz e de Stanisław Ignacy Witkiewicz, cuja produção dramática antecipou o “teatro do absurdo”.
A literatura polaca da época comunista desenvolvia-se em duas vias paralelas: Miłosz, Gombrowicz, Herling-Grudziński, Kołakowski) podiam escrever livremente, sem limitações da censura nem qualquer servilismo ideológico; por outro lado, os autores que criavam na Polónia tinham de procurar um modo de existir e uma linguagem que, apesar de todas as limitações, lhes permitissem um discurso mais ou menos normal. O surgimento, após o ano de 1976, de editoras e publicações clandestinas salvou, em certo sentido, a literatura polaca, e, o que é ainda mais importante, contribuiu para as transformações históricas, que culminaram em 1989.
Sławomir Mrożek
por um lado, os autores exilados no estrangeiro (
Zbigniew Herbert
Eis o paradoxo: as difíceis para a liberdade de expressão condições de existência, junto com os condicionamentos históricos enraizados na tradição do século XIX, contribuíram para o surgimento do fenómeno da “escola polaca da poesia”, cujas transcendência e importância internacionais são hoje difíceis de sobrestimar, e cuja característica distintiva mais importante consiste na capacidade para contar o destino do indivíduo humano enredado na história de um modo que une a perspetiva individual com a universal, a existencial e metafísica com a histórica.
A grotesca dramaturgia de Sławomir Mrożek descreve esse destino desde um ponto de vista completamente diferente, e com outra linguagem. Também a “escola polaca da reportagem”, que constitui um género à parte e popular no mundo, conta-o à sua maneira. Para apresentar um quadro completo da literatura polaca é preciso acrescentar ainda a prosa, traduzida para muitas línguas, de escritores como Jerzy Andrzejewski, Jarosław Iwaszkiewicz, Tadeusz Konwicki, Andrzej Szczypiorski ou Marek Hłasko, e também a obra, caracterizada por uma singular poética filosófica da ficção científica, de Stanisław Lem, provavelmente o mais importante à escala mundial dos escritores contemporâneos deste género.
Wysława Szymborska
Após a queda do comunismo em 1989, na literatura polaca aparecem, ou adquirem uma notável força de expressão, novas tendências, das quais as mais importantes e literariamente interessantes parecem ser as tentativas de procura, na complicada história moderna, das próprias raízes espirituais ou da própria “pequena pátria” (novelas de Paweł Huelle, Stefan Chwin, Antoni Libera), e também as tentativas de introdução na literatura dos sinais e ícones da cultura massiva, e da linguagem dos meios de comunicação modernos.

Fonte: Portal Oficial de Promoção da República da Polônia, em Portugal

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Jogador Hermes já é cidadão polaco


"Este é um dia importante para mim. E para a minha família também. Agora eu tenho a cidadania polaca. Temos uma grande chance de conquistar um sucesso histórico para o clube Zawisza. É um momento muito feliz para mim."
Com essas palavras o jogador brasileiro Hermes Neves Soares, do time de futebol Zawisza Bydgoszcz resume sua felicidade depois de doze anos morando e trabalhando na Polônia.
"O primeiro dia na Polônia? Lembro-me perfeitamente. Foi no dia 28 de agosto de 2002, saí do avião em Varsóvia e fui dieto para Łódź para jogar no Widzew. Logo logo serão 12 anos aqui." Disse o brasileiro, que nesta quinta-feira recebeu a cidadania polaca.



Hermes chegou no Departamento de Imigração, em Bydgoszcz, acompanhado da esposa e três filhos. A Cidadania foi concedida a ele e as duas filhas menores, nascidas na Polônia. "Mãe, olha. Temos um livro também", tirou a mais nova de um envelope o diploma de cidadania para mostrar à mãe.
Hermes jogou na quarta-feira, à noite, em Białystok, no primeiro jogo contra o  Jagiellonia, que está decidindo a final da Copa Polaca. O Zawisza venceu por 2-0. A segunda partida da volta acontece no próximo 15 de abril, também em Bydgoszcz. A final, vai acontecer no dia 2 de Maio, no Estádio Nacional, em Varsóvia.
"Temos uma chance de fazer algo especial na história do Zawisza. Vencer a Copa da Polônia e, em seguida, ter a possibilida de jogar Liga Europa. Isso sim, seria uma grande coisa". disse Hermes.
O novo cidadão polaco joga no Zawisza há dois anos. Faltam cinco meses para ele completar 40 anos de idade. É o jogador mais velho do campeonato polaco, mas ainda está em grande forma. Na partida contra o Jagiellonia foi um dos melhores jogadores em campo.
"Estou feliz porque minha forma é boa. Gostaria ainda de jogar futebol, mas não dá mais para mim. Estou correndo agora com contrato, mas a decisão é do presidente do clube, se ele será prorrogado",  admite meio-campista.
O time em que ele jogou mais tempo na Polônia foi o Korona da cidade de Kielce
Ele já começou a trabalhar como treinador. No Zawisza ajuda no trabalho com os mais jovens. "Um dia você tem que começar. Gostaria de no futuro ser um treinador", diz Hermes .
Com idioma polaco, ele lida perfeitamente. Ele é fluente. Não teve problemas no exame obrigatório antes de obter a cidadania: ele teve 165 pontos em 200 possíveis.
"Estou constamente aprendendo a língua. As minhas filhas ajudam quando necessário. Mas eu posso me garantir", fala Hermes num polaco bastante razoável. Aproveita para dizer que no clube é também tradutor de seu compatriota,  Luis Carlos, que sabe apenas falar em português.
Além do jogador brasileiro do Zawisza, outros nove estrangeiros receberam a cidadania no ato de entrega dos certificados. "Ficamos felizes quando em nossa região e, portanto, em nossa amada pátria chegam novos cidadãos. Estou particularmente satisfeita pelos mais jovens, que são o nosso futuro", afirmou a voivoda (equivalente a governadora) Ewa Mes. "Estou convencida de que a sua decisão, juntamente com as suas famílias para construir uma casa na Polônia, está correta".
Hermes Neves Soares, nasceu em São Paulo, em 19 de setembro de 1974. Tem 1,68m, 68 kg e joga meio-campista.
O primeiro clube na sua carreira foi SC Corinthians Paulista e está há dois anos no Zawisza da cidade de Bydgoszcz, na Polônia.

Times em que atuou
1995 - Brasil - Corinthians
1996 - Brasil - Bahia
1997 - Brasil - Londrina
1997 - Brasil - Rio Branco-SP
1998 - Brasil - Bahia
1998 - Brasil - Santo André
1999 - Brasil - São Bento
1999 - Brasil - Ituano
2000 - Brasil - Brusque
2001 - Brasil - Olímpia
2002 - Brasil - Goiás
2002 - Polônia Widzew Łódź
2003–2008 - Polônia - Korona - Kielce
2008–2011 - 2012 - Polónia - Jagiellonia - Białystok
2012 - Polônia - Bytom
2012 - Polônia - Zawisza - Bydgoszcz

Títulos na carreira
1993 - Seleção Brasileira - Campeonato Mundial de Futebol Sub-20
1995 - Seleção Brasileira Sub-21 - Campeão do Torneio Internacional de Toulon
1995 - Sport Club Corinthians - Campeão Paulista  e  Campeão Copa do Brasil
1998 - Esporte Clube Bahia - Campeão Baiano
2010 - Jagiellonia Białystok- Campeão da Copa da Polônia e da Supercopa da Polônia
2013 - Zawisza Bydgoszcz - Campeão da 2ª Divisão da Polônia

sábado, 5 de abril de 2014

Líder extremista da Ucrânia quer manter laços com a Polônia

Dmytro Jarosz (Foto: Valentyn Ogirenko)
O Partido ucraniano Setor de Direita acredita que as relações com a  Polônia não deve incidir sobre os acontecimentos negativos da história, basta pensar no futuro.
O líder dos grupos extremistas nacionalistas Dmytro Jarosz afirmou que "estamos abertos a discussão sobre a história, mas nós acreditamos que se deve concentrar-se principalmente não sobre o que era, mas tão somente sobre o que será. Nas relações entre os países, às vezes é diferente - a história é a história - mas você tem que viver o futuro." Essas palavras de Jarosz foram dadas em conferência de imprensa em Kiev.
Ele salientado que o Partido do Setor de Direita é a favor do "desenvolvimento das relações com o Estado polaco. Faremos tudo nesta ordem". Ele também expressou sua gratidão ao povo polaco pela ajuda durante a revolução em Maidan. "Ela fortalece as amizades e as relações fraternas entre a nação ucraniana e a polaca", observou ele.
Jarosz acrescentou que ele tem a intenção de fazer uma visita a Bruxelas para explicar a posição do seu partido para a União Europeia. "Estamos preparando a minha visita a Bruxelas para cara a cara para explicar a nossa posição. Não estamos a procura de inimigos, estamos à procura de aliados", observou ele.
O Partido Setor de Direito é um movimento radical que une várias formações nacionalistas ucranianas. Ele foi muito ativo durante as manifestações na Praça da Independência de Kiev.
Jarosz é candidato às eleições presidenciais antecipadas na Ucrânia, que serão realizadas em 25 de maio.

Fonte: Gazeta Wyborcza

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Jaruzelski é transferido entre hospitais


Wojciech Jaruzelski, 90 anos de idade, ex-presidente da República Popular da Polônia, está com problemas de insuficiência cardíaca congestiva, que vem aumentando.
Após vários meses de tratamento na clínica de Szaserów, em Varsóvia, foi transferido, no domingo último, para o hospital militar em Busko-Zdrój . "Esta fraco fisicamente, mas mentalmente em boa forma", diz o Dr. Bernard Solecki, diretor da instituição.
Jaruzelski, em 12 de dezembro de 2013, foi tratado no Instituto de Medicina Militar, na ulica Szaserów, em Varsóvia, devido ao enfraquecimento significativo de sua capacidade física, resultante da gravidade da insuficiência cardíaca .
Durante a estadia no hospital, entre outros, foi submetido a uma cirurgia urológica. "O general é um homem doente, precisa de reabilitação após um tratamento de quatro meses Atualmente, o paciente está deitado, a nossa tarefa é devolver-lhe a movimentação, para que ele possa sair da cama e mover-se." Disse Dr. Solecki.
O diretor do Hospital Militar de Reabilitação de Busko-Zdrój, afirma que, conversei com Jaruzelski, "agora ele está fraco fisicamente, mas mentalmente em boa forma. Esperamos atingir a meta de reabilitação para ele, o que deve levar de três a quatro semanas".
Em 2013, Jaruzelski foi hospitalizado várias vezes. Em novembro, também fez uma cirurgia urológica. Em agosto e setembro estava no hospital por causa de infecções do trato urinário e pneumonia. Anteriormente, ele tinha sido hospitalizado, no final de janeiro e início de fevereiro, por causa de uma pneumonia.
Em 2011, ele foi diagnosticado com linfoma. Jaruzelski também teve complicações após a quimioterapia.
O Tribunal Regional, em Varsóvia, anunciou em meados de março, que haviam descoberto, que a saúde do general Jaruzelski, não permitia colocá-lo no banco dos réus, no julgamento que corre em Varsóvia, por ele ter colocado a Polônia, em 1981, sob lei marcial, além de outro processo que corre contra ele, pelo massacre dos trabalhadores em Wybrzeża, em Dezembro de 1970.
Em três meses, o processo judicial será novamente analisado, ante a possibilidade de sua participação nas audiências.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Maryla Rodowicz: Sucessora? Eu não tenho sucessora

Talvez a artista polaca mais famosa no Exterior. Maryla Rodowicz faz sucesso desde a década de 70, do século passado.
Quem não se lembra daquela rockeira da Polônia Comunista abrindo a Copa do Mundo da Alemanha de 1974?
Perfeita em todos os gêneros músicas, do folclore, ao jazz passando por baladas, rocks, até o hino nacional.
O portal na Internet do jornal Gazeta Wyborcza, de Varsóvia, destacou Angelika Swoboda,"fofoqueira" de plantão das celebridades, para conversar com essa mulher nascida em Zielona Góra, Polônia, com o nome de Maria Antonina Rodowicz, em 8 Dezembro de 1945.

Swoboda, antes de reproduzir a conversa que teve com a cantora, confessou que "Presumi que as pessoas diriam que Rodowicz tinha ficado maluca. Aquilo a estava deixando nua. Nessa idade ... E neste século! Sim, estou falando sobre o famoso Show de Reveillon de Maryla Rodowicz. Conversei com ela, entre outros assuntos, sobre o que é o show business de hoje, e o que isso significa para a mídia estúpida. Foi tudo bem, ela foi direta, engraçada. Você vai ver, você vai ficar impressionado, quando lhe perguntei antes da entrevista, como é a pessoa Maryla Rodowicz. Ela não exagerou. Em quase três horas de conversa (quando um quarto de uma hora já tinha passado) eu já estava insatisfeita. E sim, eu admito: Fiquei impressionada."

Maryla Rodowicz apresentou-se com esta fantasia no último Reveillon
Angelika Swoboda: A senhora no último concerto da véspera de Ano Novo, com aqueles  trajes...

Maryla Rodowicz: A senhora sabe, que eu tinha uma cirurgia de quadril agendada para 7 de janeiro e o Ano Novo, sabe quando é, não é mesmo? Eu estava cada vez pior, tinha que fazer o show, mas nenhum remédio era capaz de aliviar-me a dor. Compareci diante de Robert Smigielski, Chefe da Clínica Carolina. Ele disse que iria bloquear a minha dor, assim como faz com os atletas que precisam ocorrer, embora mais tarde, a cirurgia me esperasse. "Você sabe que não vais fugir da cirurgia", ele me alertou. Eu sabia, mas eu queria subir no palco e fazer um bom show. Aconselhei-me, apesar dos megacalcanhares, aquele traje louco...

Angelika Swoboda:E depois do show, vozes se levantaram: como você pode ter criado algo assim ...

Maryla Rodowicz: acho que a crítica de colegas de profissão não é legal. Não tente fazê-lo publicamente. Posso fazer em casa assistindo TV, mas não publicamente. Cada um decide como quiser. Esta é apenas uma profissão muito difícil. Eu tenho respeito por colegas do meio. Eu li um comentário feito por Joanna Horodyńska, que o que eu estava usando, não era moda. Arrehh, fiquei irritada! Como uma estilista que trabalha com moda pode avaliar uma criação de passarela? Isto aqui é um outro campo. No palco isto não acontece. É, antes, uma espécie de teatro, a criação de uma outra realidade associada à música.

Angelika SwobodaFoi um show difícil.

Maryla Rodowicz: Nem por isso, para mim foi muito divertido! Dorso de plástico, seios nus, barriga e seios nus com ornamentos anexados: Eu gostei quando a designer Ania Zeman mostrou-me este projeto, eu fiquei emocionada! A idéia era ficar nua e não ficar nua.

Estava ansiosa para saber a reação das pessoas. Eu assumi, é claro, que iriam dizer que Rodowicz estava louca. Que isso a deixou nua. Nessa idade ... E só quis dizer nesta idade! Como se essa fantasia fosse de uma garota gostosa, não houve nenhum uauuu. Estava magra, o plástico ficou maravilhoso, as penas deixaram-me mais magra ainda. Todos ficaram impressionados! Mesmo nos bastidores quando um dos principais assessores da Ania perguntou se Rodowicz tinha uma perna artificial (risos).
Para este concerto convidei muitos músicos, eu queria tocar. Tocamos músicas latinas, incomuns para mim. A chave do concerto foi "Carnaval no Rio". Trajes caros, taxas dos músicos, em suma, altos custos, mas o Ano Novo é uma vez por ano. A coisa toda foi bem orquestrada, mas ninguém escutou. Ninguém sabe o que eu cantava, porque todos só olhavam como eu tinha ficado. Todo mundo estava falando apenas sobre as penas.

Angelika Swoboda: Agora só importava como você se apresentava? Não importava o que você estava cantando?
Maryla Rodowicz: Tinha importância. Mas o fato da forma ser tão eficaz que  distraía o público do meu desempenho, que ninguém escreveu que o show foi bem orquestrado, bem arranjado. Contou apenas a fantasia. O fato de que eu tinha penas e estava nua.

Angelika Swoboda: Você tem arrependimentos desta performance?
Maryla Rodowicz: Eu sabia que isso iria acontecer, e isso que eu quis mostrar foi espetacular. Eu sabia que por um momento eu estou indo sob a ponta da faca e logo tivemos uma longa pausa. Só que eu não achava que as pessoas levariam tão a sério. Para mim, aquilo tudo foi só uma boa piada.

Angelika SwobodaQuantos shows você fez?
Maryla Rodowicz: Na vida? Mais de 6.000.

Angelika Swoboda: O que foi mudando?
Maryla Rodowicz: Com a idade, tornei-me mais e mais profissional. Quanto mais eu estou no mercado, maior é o sentimento de responsabilidade. Como quando eu comecei, eu pensava: suba no palco e tenha cuidado. Agora estou me preparando com muito mais cuidado, mais do público do que eu preciso. Além disso, faço o que posso, cada vez exijo mais de mim mesma. Não é suficiente que eu chegue lá e algo caia. Eu não sou uma debutante, que ainda recebe crédito, mesmo se cometer um erro. Eu não posso deixar de subir no palco.

Angelika Swoboda: E show business de hoje?
Maryla Rodowicz: Tudo mudou. Quando eu comecei, era um grande problema com o sistema de som. Hoje, a capacidade técnica é incomparável. Quando eu comecei, o artista estava engajado na estrada. Katowice, Wrocław, Poznań, etc. Tudo isso em duas semanas. Tocávamos em dois shows por dia - às 17 e  às 19 horas, em pequenos salões. Eram duas caixas acústicas Dynacord, de 100 watts cada uma, era alguma coisa. Agora são dezenas ou centenas de milhares de watts.
Bem, você não podia ter diretores de palco, artistas, tudo era muito duro: Visual, figurinos, dançarinos - tudo isto são custos, que muitas vezes não retornam. Eu lembro que eu fui com meu filho ao show do ACDC em Belgrado, há alguns anos. Quantos fogos de artifício havia! Voltei e eu disse ao meu empresário, " Bogdan, a partir de amanhã vamos tocar e cantar com pirotecnia." Bogdan encontrou uma empresa, nós tocamos uma turnê de verão inteira, houve uma série de efeitos, arrotava-se fogo, o chão queimava. Mas, como eu calculava um dia... Eu disse: "Bogdan não ganhamos quase nada." E ele disse: "Não, mas você  queria pirotecnia." E assim terminou a minha aventura com pirotecnia.

Angelika Swoboda: Doda está fazendo esses shows contigo. Você gosta da Doda?
Maryla Rodowicz: Nós nos conhecemos há quatro anos, antes de um concerto de Ano Novo conjunto em Łódź. Nós cantamos juntas as músicas, juntas escolhemos o repertório, as coreografias, as fantasias. Então, ela me visitou uma ou duas vezes para jantar ... Eu gosto da Doda.

Vou antecipar a sua pergunta sobre o conflito dela com Agnieszka Szulim. Nós não sabemos e provavelmente não saberemos o que aconteceu no banheiro. Mas eu me lembro de um programa no qual Szulim atirou do decote, o cartão de Doda, sobre o público. Pego, não pego, "sobre, você não é um fã." Foi cruel. Doda se machucou. Caiu no fundo do palco, levaram-na para o hospital. Você não pode zombar da miséria, da doença. Isso é ultrajante e deselegante. Não, mas sim a mídia vulgar... E esta é uma doença progressiva. No momento em que você pode sair por aí sem a menor cerimônia, pisando sobre cada um, isso é tão vulgar, tão abaixo da cintura.

Angelika Swoboda: Também invadiram a senhora com vulgaridades?
Maryla Rodowicz: Claro, eu não sou intocável. Isso me irrita, como selecionar fotos. Os portais mostram especialmente aquelas que são horríveis. Paparazzi? Não me incomoda. Eu entendo que o trabalho que eles têm em exposição na rua.

Angelika Swoboda: Provocações dão-lhe prazer? A senhora é escandalosa?
Maryla Rodowicz: Eu sempre gostei de provocação, mas no palco, na vida não. Eu me apresento no palco descalça, com uma coroa de flores, com um violão, não guitarra, encenado minhas canções, preparando cuidadosamente fantasias.

Angelika Swoboda: A senhora não acha que os artistas de hoje não têm mais sucessos?
Maryla Rodowicz: Eu sempre tive sorte com compositores e tive o que cantar. Mas o mercado de música parou,  está em baixa, estão caindo as vendas de CDs e as estações de rádio estão relutantes em tocar música polaca. E é assim que é.

Angelika Swoboda: A sorte agora está no YouTube.
Maryla Rodowicz: Há jovens artistas que estão se promovendo na Internet, e com bons resultados. Internet é poder.


Angelika Swoboda: A senhora percebe alguém como seu sucessor?
Maryla Rodowicz: Sucessor? Eu não tenho um sucessor. É preciso transpor sozinho esse caminho como eu faço há 40 anos ...

Angelika Swoboda: E um jovem artista do qual a senhora gosta?
Maryla Rodowicz: Sim , é claro. Muitos. Eu gosto de Dawid Podsiadło. Ele tem um timbre vocal interessante e repertório. Brodka, Mel Koteluk ... Eu também gosto de Lemon. Combinam muito bem.
Existem algumas bandas que tocam nas coxas. Um exemplo é Enej. Algumas vezes eu tive a infelicidade de tocar depois deles. Este é o único desafio. Eles só fazem a audiência girar. Não há isenção. Vão atrás deles em média 40 mil pessoas de público, o que é tarefa muito difícil. Quero dizer o que é que eu canto? "Niech żyje bal", "Wielka woda", "Łatwopalni"? De repente, e isso depois de um petardo. Meu repertório é bastante lírico, reflexivo, mas não há necessidade de se defender.

Angelika Swoboda: Como a senhora consegue?
Maryla Rodowicz: Eu tenho que arrancar coragem. Eu tenho grandes músicos e constantemente estamos fazendo novos arranjos dos meus hits. Ontem eu assisti com filho o concerto dos Stones do ano passado. Claro,  tocando os mesmos velhos sucessos. O público esperado. Eu assisto concertos de estrelas do mundo inteiro e procuro, como combinar repertórios. Existem algumas regras básicas. Você pode tocar algumas músicas novas, mas, em seguida, tem que tocas os sucessos.

Angelika Swoboda: Como lhe parecem os festivais? Opole, Sopot?
Maryla Rodowicz: Ser convidado para Sopot era uma coisa. Era um evento internacional, eles traziam artistas estrangeiros. Então, tudo fluiu de forma mais lenta, as pessoas têm mais tempo. Opole, por exemplo, fez tudo em uma semana, e já a partir de segunda-feira começaram as provas. Hoje, acontece que os artistas chegam ao palco no último minuto. Eles entram em cena e imediatamente após a saída do concerto eles partem para tocar em outra cidade. Isso faz com que aquela atmosfera de amizade escape, não ficamos mais juntos.

Angelika Swoboda: A hora e local da nossa conversa marcamos por SMS às duas da madrugada.  A senhora em geral dorme?
Maryla Rodowicz: Eu durmo, e muito. Por causa dos concertos tenho perturbado o ritmo do dia. Se vou dormir tarde, levanto-me tarde. As reuniões profissionais são definidas geralmente no período da tarde. Não há opção, levantei-me às sete. Tenho aulas se reabilitação depois das 12, e depois são mais  duas horas de sufoco. Na academia... Eu tenho que assumir uma forma olímpica. Eu tenho um monte de concertos ao ar livre que exigem uma grande quantidade de energia.

Angelika Swoboda: Imagina sua vida sem um palco?
Maryla Rodowicz: Já tinha previsto meu concerto de despedida no Grande Teatro de Varsóvia. Seria no dia 9 de dezembro do ano passado. Tudo foi por água abaixo por questões financeiras. Eu queria tocar as músicas com a Orquestra da Rádio e Televisão Polaca, os custos de transmissão foram superados. A senhora vê, eu não posso nem dizer adeus (risos).
Dei meus arquivos para a Biblioteca Nacional. Textos, notas, cadernos, CDs, fotos. O Diretor da Biblioteca, o Sr. Makowski, planeja este ano uma exposição de minhas fantasias. Em novembro do ano passado, foi publicada minha biografia "Wariatka tańczy" (Dança louca) e consegui liberar a minha antologia - um total de 20 discos desde o início da minha carreira. Em breve será lançada no álbum "Maryla", e as entrevistas com as pessoas com quem eu trabalhei, com músicos, autores, estilistas, fãns. Para essa massa de fotos, fragmentos de entrevistas...

Angelika Swoboda: Este é o  álbum despedida? Afinal de contas, a senhora não tem sucessor ...
-Maryla Rodowicz: Bem, mas os Rolling Stones para se despedir já levam sete anos. Eles fizeram uma turnê de despedida este ano e provavelmente vai fazer no próximo ano. Meu filho Jędrek me prepara grandes shows e para começar é preciso ter um bom equipamento. Preparo-me para a temporada e penso sobre o álbum.

Trecho do show de Reveillon do ano passado:

sexta-feira, 21 de março de 2014

Reações da ex-repúblicas soviéticas à anexação da Crimeia

Matéria publicada nesta sexta-feira, 21/3/14, no jornal Gazeta Wyborcza, traça um panorama das repercussões em antigas repúblicas soviéticas, da invasão e ocupação russa da província ucraniana da Criméia.


A manchete já da o tom do que se trata o texto:
Como se comportam nas ex-repúblicas soviéticas após a incorporação da Criméia pela Rússia? O Kremlin foi apoiado abertamente apenas pela Armênia.

Embora algumas das antigas repúblicas da União Soviética tenham condenado a inclusão da Crimeia na Federação Russa, outros reagem ou se comportam com um silêncio cauteloso.

"Os eventos na Ucrânia não são apenas uma ameaça para a estabilidade da região, mas também para toda a ordem mundial", disse Giorgi Margwelaszwili, Presidente da Geórgia (uma ex-república soviética do Cáucaso).
Depois de uma guerra de cinco dias entre a Geórgia e a Rússia, em agosto de 2008, o Kremlin reconheceu a independência da Ossétia do Sul e da Abkházia, províncias georgianas em que os russos alimentaram movimentos separatistas, e implantaram seus contingentes militares lá.
A capital Tbilisi e os países ocidentais protestaram contra a ocupação efetiva destas terras georgianas, e agora controladas pelas autoridades de Moscou em ambos os territórios. Estas autoridades saudaram a anexação da Crimeia.

A Transnístria vai se tornar uma segunda Crimeia?
Localizada entre a Romênia e a Ucrânia, a Moldávia, também uma ex-república soviética é habitada por uma maioria que fala a língua moldava. Os moldavios temem uma repetição do cenário ucraniano em seu território.
A sua parte Nordeste da Moldávia - a Transnístria (que significa: além do rio Dnieper - o mesmo da cidade ucraniana de Donetsk) é dominada por minorias russas e ucranianas.
Região teve o apoio de Moscou, em 1992, para separar-se da Moldávia, um ano após o colapso da União Soviética, mas a Transnístria não obteve o reconhecimento de sua independência por parte da comunidade internacional. 

"Há muito em comum entre os eventos na Crimeia e a situação na Transnístria", afirmou o presidente da Moldávia, Nicolae Timofti. "Temos informações segundo as quais, ações específicas estão tomadas a fim de desestabilizar a situação", - acrescentou.

O governo russo dedicou sua reunião de ontem, à questão do "apoio à Transnístria". A reunião foi anunciada na terça-feira pelo vice-primeiro-ministro Dmitry Rogozin, que acusou a Ucrânia de ter "decretado de fato um bloqueio contra Transnístria" (território vizinho da Ucrânia).

Por sua vez em Washington,  nesta quarta-feira, "é parte da estratégia global da Rússia, a intervenção no leste da Ucrânia",  - afirmou  em Washington , o secretário -geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen.

Do outro lado da Europa Oriental, quase na Ásia, Nursultan Nazarbayev, presidente do Cazaquistão (país onde 26% de sua população é de origem russa), e um dos parceiros mais importantes da Rússia, mantém absoluto silêncio.
O Cazaquistão colocou à disposição dos russos áreas de suas estepe, para operação de uma base espacial "Baikonur" russa.
"Para o Cazaquistão, Crimeia é uma lição." As conclusões são do analista Konstantin Kałaczew, chefe de especialistas em política. Ele prevê que nas regiões do Cazaquistão, em que os russos constituem a maioria , "vai se acelerar o processo de reverter estas proporções nacionais".

Outro parceiro importante da Rússia, na fronteira com a União Europeia  é a industrializada Bielorrússia, onde o governo detém o poder de forma autoritária. Os bielorrussos até aqui, mantêm uma grande reserva sobre a questão.

O Ministério das Relações Exteriores da Bielorrússia anunciou que Minsk fará "todos os esforços para que as relações entre a Ucrânia e a Rússia se mantenham nas bases da irmandade e nos princípios da boa vizinhança".

A Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão formaram, em 2010, uma União Aduaneira, que será transformada, em 2015, em União Econômica Euroasiática. O que deverá ser completado com a União Aduaneira que a Armênia anunciou no final do ano passado, ao renunciar ao Acordo de Associação com a União Europeia.
"Se a Rússia continuar sua política atual, pode colocar uma cruz na União euro-asiático", acredita o analista político russo Andrei Klimov.
A Armênia apóia abertamente a política do Kremlin. Isso está expresso nas palavras do Presidente da Armênia, Serzh Sargsyan, que concluiu que "o referendo na Crimeia é um novo exemplo da realização do direito dos povos à autodeterminação."

O Azerbaijão, vizinho da Armênia envolvido em conflito territorial com este país, vai permanecer em bons termos com o Kremlin e mantém discrição.

Na Ásia Central , as autoridades do Turquemenistão, Uzbequistão e Tadjiquistão permanecem em silêncio. A única exceção é o Quirguistão, que foi totalmente desfavorável ao antigo governo pró-Kremlin da Ucrânia de Yanukovich.

As três ex-repúblicas soviéticas do Báltico, Lituânia, Letônia e Estônia, como países independentes que compõem a União Europeia, juntamente com toda a União condenou a anexação da Crimeia pela Rússia.

terça-feira, 18 de março de 2014

A falta de razão histórica para invasão da Crimeia


A fala do presidente Putin, nesta terça-feira, 18 de março de 2014, no Kremlin, em Moscou é discutível sob pontos de vista históricos e geopolíticos.
Numa história de mil anos, 127 anos, 40 anos, 5 anos de ocupações... São nada se tomados factualmente. Para se analisar a situação da Europa Central, no momento, é necessário ser mais conjuntural. Isto para não se validar crimes e aceitar como verdades situações momentâneas.
De maior potência e de maior território no final da idade média, a União das Duas Nações Polônia-Lituânia, iniciada em 1371 com o matrimônio da Rei da Polônia (Jadwiga - sim rei e não rainha) com o Duque Iaguelão da Lituânia se transformou em República Polônia-Lituânia em 1453.
Evoluiu para uma República Parlamentarista com Senado, Câmara de Deputados e eleição de reis (geralmente príncipes estrangeiros) em 1572. Culminou com a introdução da Constituição de 3 de maio de 1791 (a primeira da Europa) que derrubava o “Liberum Veto”.
O artigo da Lei acabou causando a criação da Confederação de Bar, onde um grupo de congressistas polacos se rebelou contra a queda do "liberum veto" existente desde 1572 e se aliou às potências estrangeiras para a ocupação da Polônia.
De 1793 a 1918, o Reino da Rússia, o Reino da Prússia (atual Alemanha) e o Império Austríaco ocuparam o território polaco e causaram as maiores atrocidades contra os povos da Polônia (polacos, rutenos, ciganos, judeus e tártaros).
Em ações conjuntas, os três invasores dizimaram grande parte da população polaca e introduziram nas terras colonos de suas respectivas nações.
O idioma polaco foi proibido nas três áreas invadidas; proibição dos padres polacos fazerem seus sermões e homilias em idioma polaco; despolonização dos nomes geográficos, ruas, praças e cidades; venda obrigatória das terras polacas para colonos estrangeiros, entre outras medidas, como a Kulturcamp preconizada por Von Bismarck, de eliminar qualquer traço da cultura polaca, substituindo pela cultura germânica; na parte ocupada pelos russos houve a imposição da fome e apreensão de toda colheita agrícola que era enviada para Moscou.
Com a derrota do Império Austríaco e germânico na primeira guerra mundial, a Polônia pode sair das trevas impostas pelos vizinhos poderosos e novamente hastear a bandeira branca e vermelha da águia branca e voltar a figurar no mapa do mundo.
Mas os comunistas que assumiram o poder na Rússia Monárquica em 1917, voltaram a invadir a Polônia e foram rechaçados por um exército polaco muito menor.
Em resposta às tentativas do presidente polaco Józef Pilsudski e do líder ruteno Symon Petliura de se criar um Estado para a Rutênia, os bolcheviques de Moscou se adiantaram e criaram em 1922, a República Socialista Soviética da Ucrânia, em território que havia sido da Polônia.
Os Rutenos que viviam há séculos na Polônia, viraram ucranianos comunistas e a Rutênia milenar se transformou na Ucrânia controlada por Moscou.
No final da Segunda Guerra Mundial, os líderes Ocidentais e a Rússia dividiram os territórios da Europa Central, sem ouvir a maior vítima da Guerra, a Polônia. O líder Soviético avançou mais sobre o território da Polônia, dando as terras para a Ucrânia Soviética. Comboios e mais comboios de polacos foram retirados de suas terras milenares do Leste e socados nos 312 mil Km quadrados de território que sobrou na divisão encetada por Stalin, Truman e Churchill na Reunião de Potsdam.
Os Estados Unidos então resolveu reconstruir os agressores alemães através do Plano Marshall e relegar à própria sorte a vitimada Polônia. Em troca, os Estados Unidos impuseram a permissão de instalar várias bases militares na Alemanha (Ocidental).
À Polônia destruída por alemães e soviéticos, restou lutar contra guerrilheiros ucranianos que invadiam o território destinado a Polônia, no intuito de aumentar o território da Ucrânia Soviética e assassinar mais polacos. Por 4 anos, a Polônia se viu sozinha e acossada por Stalin. Viu seu território ser invadido por civis russos que provocavam badernas e crimes.
Em 1949, da mesma forma que Putin fez agora na Crimeia, foi imposto um referendo aos polacos se desejavam ou não se tornarem comunistas como a Rússia.
As fraudes foram escandalosas pró-Rússia, como foi agora na Crimeia. Assim, mais uma vez a Polônia sofreu ocupação russa, agora de caráter comunista stalinista.
Como uma ilha católica apostólica romana na região, cercada por protestantes ao Norte, Oeste e Sul e por ortodoxos a Leste, a Polônia teve as portas de suas igrejas, por mando do comando soviético, em Moscou, fechadas.
Em 1953, o Cardeal Primaz da Polônia, Stefan Wiczynski foi preso pelas autoridades soviéticas. Foi libertado em 1956, quando as portas das igrejas foram abertas.
Não tomasse esta atitude, de liberação, os soviéticos teriam visto o comunismo acabar na Polônia, em 1956.
Os anos que se seguiram não foram fáceis para os polacos, levantes em 1960, 1963, 1968 e 1970 tornaram as relações Varsóvia-Moscou desastrosas.
Em 1981, foi preciso a instauração da Lei Marcial, para segundo o presidente polaco Jaruzelski impedir uma invasão do exército soviético, como havia acontecido na Tchecoslováquia e Hungria, uma década atrás.
Mas finalmente os operários dos estaleiros de Gdansk e os mineiros da minas de Katowice fizeram ruir o grande Império Soviético....e vários povos puderam se libertar de Moscou.
O chefe do Serviço Secreto Soviético assumiu o poder então na Rússia (vem se revezando no papel de primeiro-ministro e presidente) e vem tentando recompor o antigo Reino do Romanov e o Império dos Soviéticos.
Como estratégia tem levantado a ideia de defender povos de origem russa presentes nas repúblicas reinvadidas da Chechênia, das províncias da Geórgia (Ossétia do Norte e do Sul, e Abicássia). O oferecimento de cidadania e passaportes russos para todos os cidadãos de outras nações que nasceram no período soviético foi uma primeira medida.
A segunda medida foi invadir repúblicas e províncias estrangeiras com o véu de proteção.
Não foi nada mais do que isso, o que está acontecendo na Crimeia...e amanhã será Donestk e Kharkiv... e quem sabe num futuro não muito distante, Varsóvia... Isso para reconstituir não só Império Soviético de 1917 a 1989, mas também o Reino dos Romanov de 1793 a 1918.
Putin quer ser coroado Rei das Europa Central e do Leste.
Esse é o grande propósito, e o Ocidente como fez em 1793/95 e em 1949 vai deixar a Polônia relegada a sua própria sorte...
E pensar que os Estados Unidos receberam o maior contingente de imigrantes em sua história, não da Irlanda, ou da Inglaterra, mas justamente da Polônia, fossem católicos ou judeus. Foram os polacos judeus que transformaram Los Angeles em Hollywood.
A pergunta é: o que os Americanos descendentes de polacos católicos e de judeus têm feito ao longo do tempo para defender a Polônia?
O que a maioria dos cientistas americanos ganhadores do Prêmio Nobel (a maioria nascidos na Polônia) têm feito para defender a Polônia?
O que os israelenses descendentes de polacos judeus têm feito para defender a Polônia?

Texto:
*Ulisses Iarochinski
(mestre em cultura internacional e doutor em história pela Universidade Iaguielônica de Cracóvia)

segunda-feira, 17 de março de 2014

Sikorski: o novo líder da Europa?

capa da revista semanal Tcheca "Respekt" desta semana
A revista semanal tcheca "Respekt" saiu às bancas nesta segunda-feira com matéria de capa analisando a "Polônia como um poder crescente na Europa".
A revista chamou, o ministro das relações exteriores da Polônia, Radosław Sikorski como um novo líder ao estilo Lech Wałęsa.
O ministro das Relações Exteriores polaco foi o responsável pela mediação entre a oposição ucraniana da Praça Independência - Maydan, em Kiev e o presidente deposto Viktor Yanukovych.
O "Novo líder na Europa", que muda a política e a história da Europa, foi como semanário Tcheco "Respekt" em sua mais recente edição desta segunda-feira o definiu.
No contexto do conflito na Ucrânia, a revista apresenta a Polônia como sendo um crescente poder europeu e chama a atenção para a atividade política e a dinâmica, nos últimos anos, da estrela política Sikorski.
O semanário lembra a mediação de Sikorski entre a oposição ucraniana e o afastado Presidente da Ucrânia Viktor Yanukovich do poder.
"E, embora a mediação tenha ocorrido por apenas algumas horas, ela levou a uma enxurrada de eventos, que hoje estão mudando substancialmente a ordem mundial. Esta não é a primeira vez que Radosław Sikorski, na onda dos eventos, é empurrado para a frente. Mas desta vez, não podemos deixar de notar que o polaco está se tornando uma estrela política, o que não acontecia na Europa Central desde os anos 90, quando o mundo ouvia Vaclav Havel ou Lech Wałęsa",  publica a revista.

Trecho do Editorial da Revista:
Polônia será o poder de liderança nos países da coalizão que enfrentam a Rússia ", escreveu há cinco anos, o cientista político americano George Friedman em seu livro os "Próximos Cem Anos".
Pela primeira vez desde o 16 século, de acordo com Friedman, os polacos se tornaram uma força importante na política internacional, e a razão é uma só: os russos não suportam a idéia de que eles eram parte de uma série de países e o normal é que eles querem ter mais influência.
Portanto, de acordo com Friedman, novamente eles tentam "construir a sua antiga esfera de influência ". O primeiro país que a Rússia vai enfrentar será a Polônia que, ao contrário da Alemanha, vai obstruir as ambições de Moscou, escreve Friedman. Para os Estados Unidos, a Polônia vai se tornar um aliado-chave. Friedman já provou uma capacidade fascinante de prever o futuro, e é este desenvolvimento que vemos agora.
Quando publicou seu livro, pareceu para muitos que ele exagerava. Mas ele mesmo escreveu que estava errado quem pensa que a paz atual será para sempre. "É verdade que as circunstâncias que, em um momento da história parecem tão persistentes e dominantes, podem mudar muito rapidamente. Eras vêm e vão. Nem as relações internacionais, ou qualquer coisa sobre como o mundo olha hoje, indica como vai ficar daqui a vinte anos", escreveu Friedman.
O fato da Polônia tornar-se um grande jogador do tabuleiro atual, não só para aqueles que desdenham a história, o nosso vizinho trabalha há vários anos nesse sentido. Um diplomata tcheco, nos bastidores disse que, enquanto os tchecos do último governo debatiam sobre o mal Bruxelas construído por nós mesmos em um canto, os polacos estavam ativos: "Qualquer porta que você abriu em Bruxelas, ficou atrás de um poste com uma ideia ou uma proposta", disse o diplomata tcheco.
A prestigiada revista britânica "Prospect" há dois anos classificou a Polônia entre os países mais ativos na Europa e também entre os mais capazes. A influência significativa deslocou mais uma vez o atual ministro das Relações Exteriores da Polônia Radosław Sikorski para zonas de conflito. Sua voz foi ouvida antes, mas a sua atividade na abordagem da crise na Ucrânia ultrapassou a todos na política europeia como um diplomata cada vez mais influente.
É por isso que nós trazemos o seu perfil escrito por Martin M. Šimečka .
:: No passado, nós trouxemos a entrevista na "Respekt" com Radosław Sikorski e sua esposa, a jornalista e historiador Anne Applebaum.
Ao finalizar trago mais um pouco de Friedman. Ele diz que se a Rússia desencadear uma nova guerra fria (devido ao mau estado da infra-estrutura e da curva demográfica do país), ela estará acabada pois será: a queda da Rússia. Caros leitores,
Desejamos-lhe uma leitura inspiradora
Erik Tabery

Veja a capa no link:
http://www.respektstore.cz/tapety/ilustrace-z-titulni-strany-respektu-12-2014/

Sikorski é tratado no editorial da revista e por seus editorialistas como o novo líder político da Europa Central

http://respekt.ihned.cz/c1-61853750-editorial-rusko-nevyhraje

sábado, 15 de março de 2014

Entrevista com Reitor da Universidade de Lwów

Padre Bogdan Prach com o reitor da UMCS, prof. Stanisław Michałowski
(Fot. Sylwia Skotnicka - UMCS)
"Nossos professores têm sido notificados para que eles se apresentem para fazer parte de batalhões comandos adicionais", declarou o Reitor da Universidade Católica de Lwów, o padre ortodoxo greco-católico Bogdan Prach, durante encontro de estudantes da Faculdade de Ciências Políticas da Universidade de Maria Sklodowska Curie, em Lublin.
"Precisamos nos preparar para algo pior, caso venha acontecer coisa muito errada",  disse Prach.
Em uma entrevista para a jornalista Anna Gmiterek-Zabłocka, do jornal Gazeta Wyborcza, ele disse que na Ucrânia, cada dia mais aumentam as conversas com os alunos, seus pais e mães. "Eles estão com medo de uma guerra", afirmou o Reitor ucraniano.

Anna Gmiterek-Zabłocka: Sr. Reitor, como está o estado de espírito, neste momento, na Universidade em Lwów?

Bogdan Prach: Nós estamos, infelizmente, muito assustados com o que está acontecendo na Ucrânia. Até agora, nós não tivemos nenhuma razão para pensar que tal situação pudesse estar acontecendo na Ucrânia. Claro, as questões com relação a Rússia sempre existiram, mas nos últimos anos não se percebia tanto risco, tal qual a presente escalada se apresenta de agressão ao território da Ucrânia.

Zabłocka: E qual é o clima entre os alunos?

Bogdan Prach: Eles estão muito engajados. Estão à procura de acordos com os alunos do Leste da Ucrânia. Recentemente estiveram conosco em Lwów um grupo destes estudantes do Leste. Eles vieram a convite dos nossos estudantes de jornalismo. Muitos deles conheceram Lwów pela primeira vez.
Entende-se que toda esta propaganda também os influencia. Eles vieram com algumas preocupações, e aqui viram um mundo completamente normal. Estes nossos encontros foram muito agradáveis, com todo mundo querendo saber o que fazer, como proceder.

Zabłocka: Os cidadãos de Lwów devem vir até o senhor com uma pergunta tão simples, mas difícil, "O que será de nós agora ?" Não é mesmo?

Bogdan Prach: Sim, estas conversas são diárias. E é muito difícil controlar qualquer resposta, porque, hoje, não é de fato apenas um conflito russo-ucraniano, mas sim, um conflito global entre as superpotências.  A Ucrânia, hoje, não pode fazer nada para ser a diferença nesta situação.

Zabłocka: Quem são essas pessoas que vem conversar com o sacerdote? Quais são suas emoções?

Bogdan Prach: A maioria são jovens casais que têm medo sobre as perspectivas para os seus filhos, eles têm medo sobre o seu futuro. Da mesma forma, mães e pais de jovens que podem ser convocados para a guerra, estão com muito medo de derramamento de sangue. Além disso, o sangue já foi derramado em Kiev. A guerra desperta um medo muito grande, porque nós não gostaríamos de estar passando por isso. Mas todo mundo está passando e é nosso maior problema.

Zabłocka: Esta é certamente uma decisão difícil, mas eles falam especificamente sobre o quê para o senhor?

Bogdan Prach: Os pais desses jovens me dizem diretamente que eles entendem que você tem que levantar-se em defesa da pátria, só não querem que seja sangue derramado em vão. Dizem-me que a luta deve ter algum sentido, mas que se deve chegar a um acordo.

Zabłocka: E eles estão falando, por exemplo, se alguém quer fugir da Ucrânia?

Bogdan Prach: Sim, também. Assim que os protestos eclodiram na Crimeia , eles próprios se animaram a ajudar famílias, amigos e estranhos, para virem para a Polônia. Estas pessoas vivem nas montanhas Bieszczady, ou perto da fronteira, com a famíliares ou em hotéis. Mas no momento muitos já voltaram para suas casas.

Zabłocka: Temos informações da Ucrânia, de que todos estão se mobilizando, que só assim terão força. Essas informações tem chegado ao senhor, de parte, por exemplo, dos estudantes, sobre provisões?

Bogdan Prach: Sim, nossos funcionários têm recebido informes dos estudantes, de que recentemente passaram por um treinamento militar. Eles devem comparecer aos comandos militares para formarem batalhões adicionais. Mas por enquanto, só se apresentarm. E eles nos informam sobre isso, dizendo: "Sim, nós vamos. Esse é o nosso chamado hoje".

Zabłocka: Em relação aos estudantes polacos, a situação é diferente. Aqui eles são todos ainda inexperientes, praticamente todos hoje são isentos do serviço militar. Por favor, Reitor, quando o senhor é perguntado: "o que vai acontecer?"...  O que o padre responde?

Bogdan Prach: Eu acho que de alguma forma devemos nos preparar para o pior, para algo muito ruim. Se isso acontecer, e na mesma medida que a nós, também a Polônia toca. Mas não só aos nossos dois países, mas também a toda a Europa. Embora eu acredite, é claro, como um representante da Igreja greco-católica, no entanto, que se conseguem caminhos diplomáticos fazer tudo. Nossa maior esperança está colocada na América e na Europa.
Tem que ser assinado um acordo de associação com a União Europeia. Eu acredito que esse acordo pode ajudar, mas também pode irritar ainda mais a Rússia. Eu digo aos meus interlocutores sobre a importância da oração. De qualquer forma, uma vez iniciados esses mal-entendidos, todas as igrejas na Ucrânia começaram a chamar a atenção para a necessidade da oração. E esta oração era e continuará a ser, implacável.
Padre Bogdan Prach com o reitor da UMCS, prof. Stanisław Michałowski (Fot. Sylwia Skotnicka - UMCS)

sexta-feira, 14 de março de 2014

Meu bisavô polaco, Piotr Jarosiński

Meu coração polaco voltou
coração que meu avô
trouxe de longe para mim
um coração esmagado
um coração pisoteado
um coração de poeta
Paulo Leminski

Meu bisavô Piotr Jarosiński, em foto tirada em Harmonia, Monte Alegre, no Paraná, na década de 40.
Meu bisavô polaco nasceu em Dobre, próximo a Minsk Mazowiecki, na Mazóvia, em 5 de dezembro de 1880.
Filho de Jan Jarosiński (nascido em 1834) e de Wiktoria Jackowska.
Casou em Wojcieszków com Anna, filha de Antony Filip e Katarzyna Ognik em 1900. Ainda em Wojcieszków nasceram os filhos Wiktoria (1901), meu avô Bolesław (1905), Józef (1908) e Maria (1911).
Participou como soldado convocado pelo invasor russo na Guerra Rússia X Japão, em 1905. Foi ferido de guerra de primeira categoria.
Na volta, já pensando em imigrar e fugir da opressão russa fez seu passaporte em 1906. Mas somente imigrou em maio de 1911.
Saiu de Wojcieszków com a esposa e os quatro filhos a pé até a estação de trem mais próxima, em Krzywda (distante 12 km). Dali partiram até Trieste na Itália, passando por Cracóvia e Viena.
O Navio Columbia da empresa Janowitzer Wahle & Cia. fez escala em Gênova e Lisboa antes de aportar no Rio de Janeiro, em 14 de junho de 1911. Foram 24 dias no mar. Ficou 10 dias em quarentena na Ilha das Flores até receber a notícia de que havia ganhado terra colonial em Castro - PR, na Colônia do Tronco.
Viajou com a família no Ita Itaúba (navio de cabotagem brasileiro) até Paranaguá. Dali até Ponta Grossa, passando por Curitiba de novo de trem.
O último trecho da longa viagem de imigrante fez em carroça do governo paranaense. Em Castro ainda iriam nascer os filhos Władysław (Ladislau) Angelina, Jan (João) e Anaztacja.
Em 1928, vendeu a terra colonial e comprou terreno na Vila Rio Branco, onde iria morar até morrer em 1955. Na década de 40 trabalhou na construção da fábrica de papel da Klabin em Monte Alegre, Parana, Brazil.
Era alfabetizado e poliglota, lia e falava com desenvoltura polaco, russo e português. Foi antes de tudo um corajoso homem como soldado e pai de família imigrante.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Brzezinski: A Polônia merece o cargo de Secretário-Geral da OTAN.

Prof. Zbigniew Brzeziński (Fot. Agata Grzybowska / Agencja Gazeta)
"O Polaco enérgico com conhecimento das áreas potencialmente de maior risco seria uma escolha muito boa como novo secretário-geral da OTAN", declarou em uma entrevista para a Agência Governamental de Notícias - PAP,  da Polônia, o professor Zbigniew Brzezinski.

Brzezinski foi conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos durante a presidência de Jimmy Carter, nos anos de 1977 a 1981, e no momento membro do Centro de Washington para Estudos Internacionais (CSIS).

Zbigniew Kazimierz Brzezinski nasceu em Varsóvia, em 28 de Março de 1928. Recebeu do governo da Polônia a condecoração de cavaleiro da Ordem da Águia Branca. Imigrou com os pais para Montreal, no Canadá, em 1938, onde seu pai exerceu o cargo de Cônsul Geral da Polônia.
Em 1953, defendeu tese de doutoramento em Ciências Políticas na Universidade de Harvard. Em 1958, obtêm cidadania Norte-americana...e desde então nunca mais deixou os Estados Unidos.

Conhecido por sua posição intervencionista em política externa, em uma época na qual o Partido Democrata tendia de modo crescente ao isolacionismo, sua política externa realista é considerada por alguns como a resposta Democrata ao realismo de Henry Kissinger, do Partido Republicano.

PAP: Como a admissão na OTAN em 1999, dos três primeiros países pós-comunistas Polônia, Hungria e República Checa mudou a ordem internacional?

Zbigniew Brzezinski: Simplificando, o alargamento da OTAN(Organização do Tratado do Atlântico Norte) acabou com a divisão da Europa. Se os antigos países comunistas da OTAN fossem excluídos, tudo o que aconteceu no final dos anos 80 e no início dos anos 90, eles estariam constantemente expostos ao perigo, e até mesmo - como mostram os recentes acontecimentos na Ucrânia - a uma ação hostil. Há um velho ditado americano: " Boas cercas fazem mais por melhores vizinhos. Adesão à OTAN é como uma cerca, para que, num relacionamento de longo prazo com uma superpotência agressiva, o que fica a leste, torna-se mais cordial.

PAP: Há 15 anos nos EUA, no entanto, existiam vozes contrárias que expressaram preocupação de que a expansão da OTAN iria piorar as relações com a Rússia. Como o senhor avalia isso hoje?

ZB: Sim, havia pessoas que expressam tais pontos de vista, mas eles eram muito míope. Como os eventos recentes, não só na Ucrânia, mas antes na Geórgia e é possível que, no futuro, na Ásia Central, tendo em conta as aspirações territoriais da Rússia sobre o Cazaquistão, a Rússia pode vir a ser muito agressiva.

PAP: Que papel nas negociações para a admissão na OTAN, desempenhou o caso do polaco coronel Ryszard Kuklinski e sua reabilitação na Polônia?

(obs. Kuklinski, foi um oficial do exército polaco que desde o início dos anos 70, tornou-se uma das mais valiosas fontes de inteligência dos EUA no bloco soviético. Ele foi condenado à revelia por traição pela Polônia Comunista e tornado herói pela Polônia democratizada).

ZB: Kuklinski foi importante para reforçar a segurança dos EUA, de modo que seria irônico se a América concordasse com a adesão da Polônia OTAN e ao mesmo tempo, a Polônia continuasse a demonizar e a punir Kuklinski. Era simplesmente uma questão de bom senso. Compreendo que o presidente Kwaśniewski e o primeiro-ministro Miller depois de várias conversas comigo "apertaram os dentes" e foram capazes de resolver esse problema.

PAP: Em junho o senhor escreveu no Twitter que "a Polônia, é o maior aliado da OTAN na Europa Central, e portanto, merece o cargo de Secretário-Geral da organização." Cinco anos atrás, um candidato para o cargo foi o ministro das Relações Exteriores Radosław Sikorski, mas reunidos na reunião de cúpula em Estrasburgo os líderes escolheram o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen. Por que agora escolheriam um polaco?

Z.B: Eu não mudei de idéia. Talvez os acontecimentos das últimas semanas na Ucrânia sejam ainda a confirmação da minha opinião de que o enérgico e bem- informado ministro seja o Secretário-Geral da OTAN, com sensibilidade para os problemas dos potenciais de maior risco ele seria uma escolha muito boa. Mas se não for desta vez, então será o próximo.

PAP: O senhor aconselharia uma maior expansão da OTAN?

ZB: Na minha opinião, a adesão na OTAN não é um ato de caridade, mas um ato de garantia mútua pelo estado de prontidão em participar plenamente da Aliança e contribuir para a sua eficácia militar. Eu acho que os países, percebendo como ato de caridade, simplesmente enfraquecem a OTAN. Alguns países podem ser membros da União Europeia, sem ser membro da organização. Na verdade, esses países, se jogarem um papel positivo na UE, são indiretamente protegidos pela OTAN. O maior problema é, na minha opinião que estes países, sendo membros da União Europeia e da OTAN, em várias ocasiões se comportam na organização como um bloqueio potencial, usando a exigência de unanimidade nas decisões da Aliança.