Padre Bogdan Prach com o reitor da UMCS, prof. Stanisław Michałowski (Fot. Sylwia Skotnicka - UMCS) |
"Precisamos nos preparar para algo pior, caso venha acontecer coisa muito errada", disse Prach.
Em uma entrevista para a jornalista Anna Gmiterek-Zabłocka, do jornal Gazeta Wyborcza, ele disse que na Ucrânia, cada dia mais aumentam as conversas com os alunos, seus pais e mães. "Eles estão com medo de uma guerra", afirmou o Reitor ucraniano.
Anna Gmiterek-Zabłocka: Sr. Reitor, como está o estado de espírito, neste momento, na Universidade em Lwów?
Bogdan Prach: Nós estamos, infelizmente, muito assustados com o que está acontecendo na Ucrânia. Até agora, nós não tivemos nenhuma razão para pensar que tal situação pudesse estar acontecendo na Ucrânia. Claro, as questões com relação a Rússia sempre existiram, mas nos últimos anos não se percebia tanto risco, tal qual a presente escalada se apresenta de agressão ao território da Ucrânia.
Zabłocka: E qual é o clima entre os alunos?
Bogdan Prach: Eles estão muito engajados. Estão à procura de acordos com os alunos do Leste da Ucrânia. Recentemente estiveram conosco em Lwów um grupo destes estudantes do Leste. Eles vieram a convite dos nossos estudantes de jornalismo. Muitos deles conheceram Lwów pela primeira vez.
Entende-se que toda esta propaganda também os influencia. Eles vieram com algumas preocupações, e aqui viram um mundo completamente normal. Estes nossos encontros foram muito agradáveis, com todo mundo querendo saber o que fazer, como proceder.
Zabłocka: Os cidadãos de Lwów devem vir até o senhor com uma pergunta tão simples, mas difícil, "O que será de nós agora ?" Não é mesmo?
Bogdan Prach: Sim, estas conversas são diárias. E é muito difícil controlar qualquer resposta, porque, hoje, não é de fato apenas um conflito russo-ucraniano, mas sim, um conflito global entre as superpotências. A Ucrânia, hoje, não pode fazer nada para ser a diferença nesta situação.
Zabłocka: Quem são essas pessoas que vem conversar com o sacerdote? Quais são suas emoções?
Bogdan Prach: A maioria são jovens casais que têm medo sobre as perspectivas para os seus filhos, eles têm medo sobre o seu futuro. Da mesma forma, mães e pais de jovens que podem ser convocados para a guerra, estão com muito medo de derramamento de sangue. Além disso, o sangue já foi derramado em Kiev. A guerra desperta um medo muito grande, porque nós não gostaríamos de estar passando por isso. Mas todo mundo está passando e é nosso maior problema.
Zabłocka: Esta é certamente uma decisão difícil, mas eles falam especificamente sobre o quê para o senhor?
Bogdan Prach: Os pais desses jovens me dizem diretamente que eles entendem que você tem que levantar-se em defesa da pátria, só não querem que seja sangue derramado em vão. Dizem-me que a luta deve ter algum sentido, mas que se deve chegar a um acordo.
Zabłocka: E eles estão falando, por exemplo, se alguém quer fugir da Ucrânia?
Bogdan Prach: Sim, também. Assim que os protestos eclodiram na Crimeia , eles próprios se animaram a ajudar famílias, amigos e estranhos, para virem para a Polônia. Estas pessoas vivem nas montanhas Bieszczady, ou perto da fronteira, com a famíliares ou em hotéis. Mas no momento muitos já voltaram para suas casas.
Zabłocka: Temos informações da Ucrânia, de que todos estão se mobilizando, que só assim terão força. Essas informações tem chegado ao senhor, de parte, por exemplo, dos estudantes, sobre provisões?
Zabłocka: Temos informações da Ucrânia, de que todos estão se mobilizando, que só assim terão força. Essas informações tem chegado ao senhor, de parte, por exemplo, dos estudantes, sobre provisões?
Bogdan Prach: Sim, nossos funcionários têm recebido informes dos estudantes, de que recentemente passaram por um treinamento militar. Eles devem comparecer aos comandos militares para formarem batalhões adicionais. Mas por enquanto, só se apresentarm. E eles nos informam sobre isso, dizendo: "Sim, nós vamos. Esse é o nosso chamado hoje".
Zabłocka: Em relação aos estudantes polacos, a situação é diferente. Aqui eles são todos ainda inexperientes, praticamente todos hoje são isentos do serviço militar. Por favor, Reitor, quando o senhor é perguntado: "o que vai acontecer?"... O que o padre responde?
Bogdan Prach: Eu acho que de alguma forma devemos nos preparar para o pior, para algo muito ruim. Se isso acontecer, e na mesma medida que a nós, também a Polônia toca. Mas não só aos nossos dois países, mas também a toda a Europa. Embora eu acredite, é claro, como um representante da Igreja greco-católica, no entanto, que se conseguem caminhos diplomáticos fazer tudo. Nossa maior esperança está colocada na América e na Europa.
Tem que ser assinado um acordo de associação com a União Europeia. Eu acredito que esse acordo pode ajudar, mas também pode irritar ainda mais a Rússia. Eu digo aos meus interlocutores sobre a importância da oração. De qualquer forma, uma vez iniciados esses mal-entendidos, todas as igrejas na Ucrânia começaram a chamar a atenção para a necessidade da oração. E esta oração era e continuará a ser, implacável.
Padre Bogdan Prach com o reitor da UMCS, prof. Stanisław Michałowski (Fot. Sylwia Skotnicka - UMCS)
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