quarta-feira, 14 de maio de 2025

Refugiados ucranianos reclamam da Polônia e vice-versa

Galeria Krakowska

Mais de 5 milhões de ucranianos procuraram refúgio na Polônia desde que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Apesar do acolhimento, por parte dos polacos, no início do conflito no leste da Europa, a situação tem ficado insustentável. Já o Ministério do Interior e Administração da Polônia, estima que há apenas cerca de 1,5 milhão de cidadãos ucranianos.

Enquanto isso economistas do Think Tank Cenea (Grupo de Reflexões) afirmam que os refugiados ucranianos na Polônia são muito menores do que os registros do governo apresentam. É possível que existam ainda até 30 a 40% menos que os dados oficiais. Portanto, na opinião deles, a discussão política que é feita sobre esse assunto na campanha eleitoral é manipulada.

ucranianos chegando a Polônia nas primeiras semanas da invasão russa

O site money.pl calcula que, nos primeiros meses logo após o início da guerra, cerca de 8 milhões de residentes deixaram a Ucrânia, primeiro para os países vizinhos da UE — Polônia, Romênia e Eslováquia. Ao mesmo tempo, a agressão russa forçou a migração interna de cerca de 3,6 milhões de ucranianos. Mais de 6,8 milhões de ucranianos que deixaram o país em resposta ao início da guerra ainda vivem fora de suas fronteiras.

O que a população polaca discorda, pois são milhões de ucranianos nas ruas sem fazer nada, "só zanzando de um lado para o outro" afirma um estudante da Universidade Iaguielônica de Cracóvia. Ao certo, ninguém sabe quantos refugiados ucranianos estão vivendo na Polônia.

Segundo os refugiados o número de ataques a eles tem aumentado no país. Discurso de ódio na Internet contra refugiados tem crescido.

A população polaca começou a manifestar-se e a acusar o governo polaco de ser generoso demais com os refugiados ucranianos e, nos últimos dois anos, houve protestos na Polônia contra a abertura do mercado europeu aos cereais ucranianos, que estavam prejudicando os produtores rurais polacos.

De acordo com um estudo realizado em dezembro de 2024 pelo Mieroszewski Centre, sediado em Varsóvia, a simpatia pelos ucranianos está diminuindo bastante na Polônia.

Apenas 25 por cento dos inquiridos mantém uma opinião positiva sobre os refugiados ucranianos, 30 por cento tem uma opinião negativa e 41 por cento, dizem-se neutros nesta questão. Entre esta população inquirida, metade considerou que o apoio oferecido aos refugiados era “excessivo” e apenas cinco por cento o consideraram “insuficiente”.

Uma opinião comum, segundo o mesmo relatório, é que as expectativas destes refugiados de guerra em relação aos benefícios sociais e a salários “são muito altas”. E ainda há, entre a população local, quem afirme que os ucranianos na Polônia “se comportam com se fossem donos do lugar”, são barulhentos e desonestos.

Apesar de os polacos considerarem uma “atitude heroica” dos ucranianos perante a agressão russa e apoiarem os esforços para que a Ucrânia seja integrada na OTAN e na União Europeia, o estudo revela que os problemas quotidianos, de relação diária entre populações, têm vindo cada vez mais à tona. A população ucraniana é vista no mercado de trabalho como indolente, segundo alguns, "aproveitadores", e outros respondem que, são trabalhadores, o que a pesquisa concluiu que tal situação pode levar a que a população polaca receie a concorrência.

Ambiente entre polacos e ucranianos mudou

Refugiados ucranianos passeiam muito na Polônia

No início da invasão russa, milhões de ucranianos – especialmente mulheres e crianças – fugiram para a Polônia, tendo sido recebidos com bastante apoio e simpatia polaca. Naquele momento, milhares, de polacos foram para as fronteiras com comida e bens essenciais e muitos abrigaram refugiados em suas próprias casas.

Três anos depois e com a guerra na Ucrânia ainda em curso, Varsóvia continua a ser um aliado fiel de Kiev, mas internamente a relação entre polacos e ucranianos mudou

Em vésperas de eleições presidenciais na Polônia, agendada para 18 de maio, as manifestações contra o apoio do Governo polaco aos ucranianos têm aumentado e alguns candidatos tentam ganhar votos prometendo menos ajuda a estes refugiados.

“O humor da sociedade polaca mudou em relação aos refugiados de guerra ucranianos”, disse Piotr Długosz, professor de sociologia na Universidade Iaguelônica, em Cracóvia, que realizou também estudos sobre as opiniões em relação aos ucranianos na Europa Central.

“Ao mesmo tempo, é preciso lembrar que ajudar refugiados após o início da guerra era um reflexo moral natural, que se deve ajudar o próximo em necessidade. Ainda mais porque os polacos se lembram dos crimes cometidos pelos russos contra os polacos durante e após as duas guerras mundiais”.

No sábado passado, milhares de pessoas manifestaram-se em Varsóvia “contra a imigração ilegal” e contra o Governo pró-europeu de Donald Tusk. Manifestantes de todo o país, convocados por organizações nacionalistas de extrema-direita, transportavam bandeiras nacionais brancas e vermelhas e gritavam “isto é a Polônia” e “não à imigração”.

A Polônia que acolhe quase dois milhões de refugiados ucranianos e está enfrentando, segundo Varsóvia, uma onda de migração orquestrada por Minsk e Moscou.

A oposição fascista acusa ainda o Governo pró-europeu de Donald Tusk de ter “abdicado” das decisões sobre migrações a favor da Alemanha, permitindo que Berlim sobrecarregasse a Polônia com migrantes.

Em relatos à BBC, uma família ucraniana refugiada na Polónia denunciou os abusos. A filha de Svitlana adorava a escola polaca onde foi integrada quando imigraram para a Polônia.
“Ela gostou muito. Não havia abusos”, contou à publicação britânica. Mas o ambiente claramente mudou e, recentemente, a filha ouviu de um colega “volta para a Ucrânia”.

O governo da Polônia obrigou as professoras de escolas maternais e de primeiro grau a aprenderem o idioma ucraniano para poderem acolher as crianças ucranianas nas escolas. A boa vontade era imensa de integrar os pequenos a um novo mundo.

"No trabalho, muitas pessoas dizem que os ucranianos vêm para aqui e se comportam mal. E os meus amigos ucranianos dizem que querem voltar para casa porque os polacos não nos aceitam. É assustador morar aqui agora”.

Um brasileiro que vive na Polônia desde 1985 e que possui cidadania polaca, conta que já não é mais possível tratar com delicadeza os refugiados.

"Não foi uma vez nem duas, que esbarrei nas lojas chiques dos Shopping Centers da cidade com ucranianas bem vestidas e comprando produtos caros. Em duas ocasiões fui tratado rispidamente por uma ucraniana que me respondeu em idioma russo: 'Sai da minha frente. Você está me atrapalhando'. Ao que eu respondi: - A senhora está na Polônia fale em polaco, ou então em ucraniano e não russo. Afinal a senhora é ucraniana ou russa? A senhora tem dinheiro para comprar estas joias caras? - Ela colocou o dedo diante da boca e me ordenou que me calasse ". 

Muitos os ucranianos, por sua vez, relatam experiências de maus tratos nos transportes públicos, chacotas nas escolas e discurso de ódio na Internet contra eles. Situação que estes ucranianos consideram estar se agravando desde que começou a campanha eleitoral à presidência da República da Polônia.

Os Estados Unidos e a União Europeia estão constantemente fornecendo ajuda militar e econômica para Kiev, mas quase nada de ajuda para a Polônia alimentar, dar escolas e moradias para os ucranianos. E isto, a população polaca se ressente, "cadê a ajuda humanitária dos Estados Unidos para que possamos alimentar os refugiados", disse outro brasileiro que vive na Polônia há 20 anos.

No início da invasão russa, a maioria dos ucranianos foi para a Polônia. O governo polaco rapidamente regulamentou seu status. Como resultado de uma lei ucraniana especial, em março de 2022, foi introduzido um status de residência especial para pessoas que fugiam da guerra, incluindo a emissão de um número de identificação ucraniano, baseado no banco de dados do Instituto de Identificação polaco PESEL.

De acordo com a lei, os refugiados tiveram acesso a cuidados de saúde e outros serviços públicos, como educação, além de benefícios e acesso ao mercado de trabalho. No total, desde o início da operação do sistema até o início de 2025, 1,9 milhão de cidadãos ucranianos foram registrados nele, mas, ao mesmo tempo, foi introduzido um sistema para remover pessoas que deixaram a Polônia ou estavam registradas em outro país da UE.

Os autores do relatório CENEA enfatizam, que desde o final de 2022, o número de refugiados ucranianos registrados na Polônia permaneceu em um nível relativamente estável, pouco menos de um milhão. No entanto, como observam, a retirada de um ucraniano do sistema exige um registro oficial de saída do território polaco na fronteira, um registro paralelo em outro país da UE ou um registro de saída do espaço Schengen por outro país. E essas formalidades nem sempre são cumpridas.

Esses números totais no registro PESEL, de mais de um milhão de refugiados, não parecem estar muito corretos. Isso distorce a discussão sobre quantos refugiados ucranianos estão na Polônia e qual o escopo de apoio que eles podem esperar do país no futuro, ou qual o nível de apoio que podem receber atualmente, afirma Michał Myck, diretor do CENEA. 

Enigma do mercado de trabalho

Outros dados estão relacionados ao mercado de trabalho. Sabe-se há anos que os ucranianos são o maior grupo de imigrantes no país. E isto, desde muito tempo antes da invasão russa. Tanto é verdade que as principais associações empresariais e de pequenas empresas da Polônia há alguns anos fez o governo estender a Lei da Carta Polaca para descendentes de imigrantes polacos ao redor do mundo, preocupados que estavam com a invasão da mão de obra ucraniana. A campanha dos empresários, só do Brasil queria levar 30 mil brasileiros de origem polaca, "com sangue polaco", para trabalharem na Polônia.

As estatísticas da Zus (Previdência Social) demostram que, em 2023, havia 759 mil ucranianos registrados: 396 mil homens e 363 mil mulheres.

De 2021 a 2023, esse número aumentou para 132 mil. Pessoas que, de acordo com pesquisadores da CENEA, eram de mulheres. Referindo-se a esse número, ao total de adultos de mulheres de 18 a 59 anos (não estudantes) com Pesel-UKR - Identidade ucraniana de refugiado, os registros eram  335.000, em dezembro de 2023.

Mas esses dados contradizem os dados do relatório do NBP, segundo os quais em julho de 2024 eram cerca de 70 %. Os refugiados adultos estavam ativos no mercado de trabalho e outros 19 % procuravam emprego, o que sugere que os dados do banco de dados Pesel-UKR poderiam estar incompletos.

De onde vem a diferença? Alguns podem trabalhar em empresas, nas quais as contribuições não são pagas. De qualquer forma, segundo os pesquisadores do CENEA, essa é outra premissa confirmando sua tese. Olhando para vários conjuntos de dados, parece que não se sabe realmente quantos refugiados da Ucrânia estão atualmente na Polônia.

Os dados sobre crianças de 7 a 17 anos nos registros escolares são mais 800 benefíciadas. Portanto, os refugiados da Ucrânia não teriam quase um milhão na Polônia, mas algo entre  600 a 700 mil.  

Embora provavelmente não seja mais possível retornar ao nível de atitudes positivas para com os cidadãos da Ucrânia, que se observava na Polônia em fevereiro e março de 2022, o grau de solidariedade que prevaleceu naqueles dias deve ser um importante ponto de referência na formação das relações futuras entre os dois países. Conclui Michał Mick.

Os refugiados descritos no relatório da CENEA são apenas parte dos ucranianos na Polônia e com isso todos concordam.

Com fontes das agências de notícias internacionais e jornais locais.

segunda-feira, 12 de maio de 2025

FECHAMENTO DO CONSULADO RUSSO EM CRACÓVIA


O Ministério das Relações Exteriores polaco anunciou hoje o fechamento do consulado russo em Cracóvia, localizado na rua Ulica Biskupia 7, Polônia  por suspeitas de que os serviços especiais da Rússia tenham ordenado um grande incêndio em Varsóvia no ano passado.


"Devido às provas de que os serviços especiais russos cometeram um ato repreensível de sabotagem contra o centro comercial (...) decidi retirar o meu consentimento para o funcionamento do consulado da Federação Russa em Cracóvia", escreveu Radosław Sikorski na rede social X.

A denúncia sobre a sabotagem feita pelos serviços especiais da Rússia foi tornada pública neste domingo. As autoridades polacas acreditam que a Rússia foi responsável pelo incêndio que destruiu um centro comercial da Rua Marywilska em Varsóvia.


O incêndio no dia 12 de maio de 2024, aconteceu num Shopping Center com de 1.400 lojas e pontos de serviço. Muitos dos vendedores eram vietnamitas e o incêndio provocou uma tragédia em muitos membros da comunidade vietnamita de Varsóvia. Os vietnamitas estão na Polônia desde a Guerra do Vietnã, quando a República Popular da Polônia recebeu milhares de refugiados daquele país asiático.


O Ministério das Relações Exteriores da Rússia já reagiu e prometeu uma "resposta adequada". "Varsóvia continua a destruir conscientemente as relações entre os dois países (...). Uma resposta apropriada a estas medidas inadequadas seguir-se-á em breve", disse a porta-voz do ministério russo, Maria Zakharova, citada pelas agências noticiosas russas.

sábado, 3 de maio de 2025

Duas receitas polacas ótimas

 De repente recebo dois pedidos de amigos nesta manhã, uma de descendente de polacos, e outra de descendente de espanhóis.

A primeira, a polaca, queria a receita do Polski Gulasz (gulache polaco) e o outra do sanduíche comunista polaco Zapiekanka para o "espanhol".

Então, busquei no meu grande livro Kuchnia Polska, comprado numa livraria da cidade de Lublin. Traduzi e enviei aos dois e reproduzo aqui:

GULACHE (GULYÁS em húngaro)


INGREDIENTES

UNIDADES 900 gramas de paleta suína (cortada em cubos)
2 pimentões vermelhos médios (picados)
2 cenouras grandes (fatiadas)
3 cebolas médias (picadas)
4 dentes de alho grandes (picados)
2 colheres de sopa de banha (ou gordura de bacon)
2 xícaras de caldo (de carne ou de legumes)
3 colheres de sopa de extrato de tomate
2 colheres de sopa de páprica doce
1/2 colher de chá de sal
1/2 colher de chá de pimenta-do-reino
1 pitada de pimenta-malagueta
1 colher de sopa de fécula de batata (opcional para engrossar)
1 colher de sopa de farinha de trigo

INSTRUÇÕES

Doure a carne: Em uma panela grande, aqueça a banha ou a gordura de ganso em fogo médio-alto.
Adicione os cubos de carne suína, tempere com sal e pimenta e doure-os bem de todos os lados.
Faça isso em porções, se necessário, para evitar encher a panela.

Refogue os vegetais: Assim que a carne estiver dourada, reserve.
Na mesma panela, adicione a cebola, a cenoura, o pimentão e o alho.
Refogue até que a cebola fique translúcida e os vegetais comecem a amolecer.

Misture e cozinhe em fogo baixo: Coloque a carne de porco de volta na panela.
Adicione o extrato de tomate, a páprica doce e a pimenta em pó.
Misture bem para garantir que a carne e os vegetais estejam uniformemente cobertos. 

Adicione os líquidos e cozinhe: Despeje o caldo, certificando-se de que a carne e os vegetais estejam apenas cobertos.
Deixe ferver, reduza o fogo, tampe e cozinhe em fogo baixo por cerca de 1,5 a 2 horas, ou até que a carne de porco esteja macia.

Engrosse o gulache: Se desejar um molho mais espesso, recomendamos misturar a fécula de batata e a farinha com um pouco de água para criar uma pasta.
Adicione ao gulache no final do cozimento e cozinhe em fogo baixo por mais 5 a 10 minutos até que o molho atinja a consistência desejada.
Repita se necessário.

Tempere o gulache: Prove e ajuste o tempero com mais sal, pimenta ou páprica, conforme necessário.

Sirva: Saboreie este gulache substancioso com purê de batatas, pão crocante ou macarrão de ovo tradicional. Decore com salsa fresca, se desejar, para um toque de cor.

ZAPIEKANKA

INGREDIENTES

1 baguete 300 g de cogumelos (funghi sec - shytaki, na verdade Borowników)
1 cebola pequena
150 g de queijo suave
1 colher de sopa de óleo de canola (para fritar)

INSTRUÇÕES

Pré-aqueça o forno a 200 °C.
Corte a baguete no sentido do comprimento.
Retire um pouco do miolo.

Lave os cogumelos, seque-os e pique-os em pedaços pequenos.
Descasque a cebola e pique-a em pedaços pequenos.
Adicione azeite à frigideira.
Refogue a cebola picada e os cogumelos por 7 a 10 minutos.
Tempere com sal e pimenta.
Rale o queijo.
Recheie as baguetes com a cebola e os cogumelos fritos.
Cubra com queijo ralado.
Asse até dourar (aproximadamente 8 a 10 minutos).
Sirva com ketchup.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Candidato Nawrocki na Casa Branca

O fascista Karol Nawrocki

O candidato presidencial apoiado pelo partido de extrema-direita da Polônia, o Lei e Direito (PiS), compareceu ao Dia Nacional de Oração na Casa Branca, nesta quinta-feira, segundo sua equipe de campanha.

Os polacos votarão no primeiro turno das eleições presidenciais em 18 de maio (nas três sessões eleitorais no Brasil, Curitiba, São Paulo e Brasília a votação será no dia 17 de maio), e manter boas relações com os Estados Unidos será uma tarefa fundamental para o próximo chefe de Estado do país, que vê o apoio de Washington como essencial para sua segurança.

Adam Bielan, membro do PiS no Parlamento Europeu, postou uma foto na rede X de Karol Nawrocki, o historiador conservador apoiado pelo partido na campanha presidencial, na multidão do evento em frente à Casa Branca, antes de um discurso do presidente Donald Trump.

O chefe da equipe de campanha de Nawrocki zombou do favorito na corrida presidencial, Rafał Traszkowski, da Coalizão Cívica (Partido da Plataforma da Cidadania), que realizou um comício com o primeiro-ministro Donald Tusk no resort litorâneo de Sopot, cidade natal de Tusk.

"Trzaskowski com Tusk em Sopot, Nawrocki com Trump na Casa Branca", escreveu Paweł Szefernaker no X.

Não houve comentários imediatos da equipe de Trzaskowski.

Espera-se que Trzaskowski e Nawrocki se enfrentem em um segundo turno em 1º de junho, supondo que nenhum candidato obtenha mais de 50% dos votos no primeiro turno.

Fonte: Reuters
Texto: Alan Charlish
Tradudução: Ulisses Iarochinski

quinta-feira, 17 de abril de 2025

"Dores da Polônia" emociona público e resgata memória histórica em Castro

Ulisses Iarochinski se apresentando ao público antes da exibição

Castro voltou a respirar cultura na noite desta quarta-feira (26) com a exibição de documentários e vídeos-poemas do cineasta e jornalista Ulisses Iarochinski. O evento, intitulado "Dores da Polônia", ocorreu na Casa da Praça e integrou a programação comemorativa dos 321 anos do município. A iniciativa promovida pelo jornal Página Um News, teve o apoio da Prefeitura de Castro, através da Secretaria Municipal de Cultura.

O auditório da Casa da Praça, com capacidade para 40 pessoas, recebeu bom público, e contou com a presença de descendentes de polacos, alguns vindos de outras cidades, além de lideranças empresariais e políticas. Entre os presentes, o prestigiamento de secretários municipais de Cultura, Ronie Cardoso Filho; do Governo, Ricardo Cardoso Filho, que também preside a Associação Comercial e Empresarial de Castro (Acecastro); de Administração, Rodrigo Morais da Silva, entre outros.



A programação teve pouco mais de duas horas de duração e incluiu a exibição de quatro documentários dirigidos por Iarochinski – “Wojcieszków – Minhas Origens”; “Cemitério sem Tumbas – Auschwitz Birkenau”; “80 anos de Libertação de Birkenau” e “Levante de Varsóvia – 1944”. Além disso, o público acompanhou a exibição de três vídeos-poemas – “Aos que vão nascer”, de Bertolt Brecht; “Nós, Polacos Judeus”, de Julian Tuwin e “Versos Íntimos”, de Augusto dos Anjos.

Todos os filmes apresentados foram roteirizados, produzidos, dirigidos, montados e narrados pelo próprio Ulisses Iarochinski. Os vídeos-poemas também foram recitados por ele. Após a exibição, houve sessão de autógrafos de dois dos 19 livros escritos pelo cineasta, seguida de um coquetel.

Iarochinski respondendo a uma série de perguntas da platéia


Identidade polaca em Castro

Em entrevista ao Página Um News, Iarochinski destacou a importância do evento e seu vínculo pessoal com a história da Polônia e de Castro. “Em agosto passado, completaram-se 80 anos da libertação dos campos de extermínio nazistas. Em 2005, estive lá registrando os 60 anos desse marco. Agora, produzi um novo documentário para somar àquele material e criar uma sessão única. Como esses filmes retratam muito sofrimento, nomeei o evento como ‘Dores da Polônia’”, explicou.

O cineasta também compartilhou sua conexão familiar com a cidade. Seus bisavós imigraram da Polônia para Castro em 1911, onde formaram família e ajudaram a construir a identidade cultural do município. “Eu não sou de Castro, sou de Harmonia, Monte Alegre. Mas estar nesta casa histórica me remete tanto às minhas origens em Monte Alegre quanto às minhas raízes polacas. Castro tem uma identidade polaca muito forte, com cinco colônias de imigrantes polacos. Estou aqui exibindo um documentário inédito para que meus parentes possam conhecer melhor a trajetória de nossa família”, afirmou.

Ao final da exibição, Iarochinski apresentou o documentário “Levante de Varsóvia – 1944”, relembrando um dos episódios mais trágicos da Segunda Guerra Mundial. Ele relatou o heroísmo da população polaca, que resistiu por dois meses contra 40 mil soldados nazistas, enquanto tropas russas e ucranianas assistiam do outro lado do rio Vístula sem intervir.

Alguns parentes do cineasta vieram de Pirai do Sul, Arapoti e Telêmaco Borba
e ele conheceu outros de Castro

Cultura em movimento

Para o secretário municipal de Cultura, Ronie Cardoso Filho, eventos como esse reforçam a importância do resgate histórico e da valorização da cultura local. “Castro sempre teve uma forte influência de imigrantes polacos e ucranianos, que trouxeram grandes contribuições para o município. O Ulisses retornou da Polônia com um material riquíssimo, e decidimos exibí-lo aqui, na Casa da Praça, um espaço que queremos reativar com uma programação mais intensa. O objetivo é movimentar o setor cultural, melhorar os espaços, capacitar funcionários e levar as atividades para todo o município, incluindo o interior”, destacou.

Publicado no Jornal PáginaUmNews
da Redação

quarta-feira, 12 de março de 2025

Trump volta a dar armas para Ucrânia através da Polônia

O ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radosław Sikorski, confirmou nesta quarta-feira, 12/03/25 que o fornecimento de armas dos Estados Unidos para Ucrânia voltou a ocorrer.
 
O fornecimento de armas americanas para a Ucrânia utilizando-se de um corredor na Polônia foi retomado.
 
Os emissários dos Estados Unidos presentes na reunião na Arábia Saudita após oito horas de conversações com autoridades ucranianas concordaram a continuar fornecendo armamento para a Ucrânia se defender da invasão russa.
 
"Eu confirmo isso. As entregas de armas através do aeroporto de Jasionka voltaram aos níveis anteriores." O aeroporto polaco está situado no sudeste do país, e é o principal centro de abastecimento por onde passa quase toda a ajuda dos demais países para a Ucrânia.
 
 

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, por sua vez, disse que a Polônia está satisfeita com as novas propostas sobre a Ucrânia.
 
Sybiha, reiterou que a Ucrânia apoiou e aceitou a proposta dos EUA para uma trégua de 30 dias. "Estamos prontos para criar a equipe apropriada do nosso lado que trabalhará nesse roteiro sobre como chegar a essa trégua, se ela acontecer", disse ele.

 
Fonte: Agência de Notícias Reuters
 

segunda-feira, 10 de março de 2025

DORES DA POLÔNIA NA CASA DA CULTURA


Aguardando o início das exibições
 
Na sexta-feira, dia 7 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher, a Casa da Cultura Polônia Brasil, recebeu o cineasta e jornalista Ulisses Iarochinski para exibição de seus documentários e vídeos-poemas.
 
 
Casa da Cultura Polônia Brasil

Noite concorrida na Sociedade Polono-Brasileira Tadeusz Kościuszko, sede da Casa da Cultura Polônia Brasil, onde compareceram, além dos associados das duas instituições vários jornalistas, atores e cineastas para assistir os filmes “Cemitério sem Tumbas – Auschwitz Birkenau”, “80 anos de Libertação de Birkenau”, “Levante de Varsóvia – 1944” e “Mulher – 8 de Março”, além dos vídeos poemas “Aos que vão nascer” de Bertolt Brecht, “Nós, Polacos Judeus” de Julian Tuwin, “Versos Íntimos” de Augusto dos Anjos e “Mulher – Samba da Benção” de Vinícius de Moraes. Todos os filmes têm roteiro, produção, direção, montagem e narração de Ulisses Iarochinski, e os vídeos-poemas são também recitados pelo cineasta.
 

 Iarochinski explicando sobre as agressões que sofreu por só usar o termo "Polaco"
 
“Dores da Polônia” é um evento criado pelo cineasta para comemorar datas significativas da Polônia, como os 80 anos de Libertação dos Campos de Concentração e Extermínio de Auschwitz, os 80 anos do Levante de Varsóvia, a participação das mulheres polacas na criação do Dia Internacional da Mulher, dos 215 anos de nascimento de Fryderyk Chopin e dos 1000 anos de coroação do primeiro rei da Polônia, Bolesław I.
 
O ano de 1944 foi marcante na história da Polônia, que viveu intensamente a Segunda Guerra Mundial, a qual terminaria em 8 de maio de 1945. A primeira lembrança da resistência polaca naquele ano é a revolta popular dos habitantes de Varsóvia, que teve lugar entre agosto e outubro. Durante esse período, os varsovianos enfrentaram 40 mil soldados das forças armadas nazistas alemãs, apesar de contarem com um número muito menor de combatentes. A chamada "Powstanie Warszawskie" ou Levante de 1944 foi a insurgência da "AK - Armia Krajowa" (Exército Paisano), na qual mulheres, crianças, jovens, adultos, idosos, católicos, protestantes, ciganos, polacos de origem judaica e alguns estrangeiros ousaram contra-atacar os ocupantes alemães.
 


A revolta explodiu no dia 1.º de agosto de 1944 e se estendeu até 2 de outubro quando os líderes da AK assinaram a rendição. Morreram 166 mil varsovianos, entre eles 11.500 polacos de origem judaica. De uma população de 1,7 milhão de pessoas antes da guerra, restaram menos de 6% dos habitantes da cidade. Como consequência dessa ousadia, a capital da Polônia foi devastada quase completamente ao final da Segunda Guerra Mundial. 
 
O segundo documentário exibido, "Cemitério sem Tumbas – Auschwitz Birkenau", foi produzido em 2005, quando Iarochinski registrou as comemorações dos 60 anos da libertação dos campos de concentração e extermínio nazistas. O filme apresenta cenas chocantes dos experimentos do médico Josef Mengele, a história dos campos nas cidades polacas de Oświęcim e Brzezinka, e a presença de líderes mundiais no Monumento das Vítimas do Holocausto.
 
O terceiro documentário apresenta os 80 anos de libertação de Auschwitz comemorados neste 27 de janeiro de 2025.
 
O quarto documentário conta que apesar da ONU só ter oficializado o 8 de março como Dia Internacional da Mulher, ele já era comemorado desde 1911 e teve nas polacas Rozalia Luksenburg, Klementina Hoffmanowa, Maria Dulębianka e Narciza Żmichowska suas ativistas, não só pelo dia da mulher, mas também pelo voto feminino.
 
Também forão apresentados trechos de poemas dos poetas Bertolt Brecht (alemão) e Julian Tuwim (polaco) sobre os horrores da segunda guerra mundial em terras polacas; versos de Vinícius de Moraes sobre a beleza da mulher, encerrando-se com o célebre poema de Augusto dos Anjos.
 
Ulisses Iarochinski

Ulisses Iarochinski, jornalista, historiador, cineasta, produziu e dirigiu mais 15 documentários de curta-metragem e 5 de longa-metragem. Também já escreveu e publicou mais de 16 livros sobre a imigração polaca, a guerra do contestado e o descobrimento do Brasil.
 
Fotos: Luiz Araújo

domingo, 9 de fevereiro de 2025

9 de Fevereiro - 82 anos do Massacre da Volínia

1943 - Crimes da Volínia - A verdade e a memória
 
Há 82 anos, os ucranianos iniciaram o massacre em massa de polacos na região da Volínia.
 
Em 9 de fevereiro de 1943, um destacamento do Exército Insurgente Ucraniano massacrou a população polaca da vila de Parośla I (voivodia de Volínia), assassinando bestialmente entre 149 e 173 pessoas, incluindo crianças, mulheres e idosos.
 
Os historiadores consideram esses eventos sangrentos como o início dos crimes hediondos da Volínia. O comandante do ataque - Hryhorij Perehijniak - foi condenado à prisão perpétua por assassinato por um tribunal polaco antes da guerra.
 
Apenas uma dezena de moradores sobreviveu ao crime. Já em setembro de 1939. Os ucranianos estavam cometendo assassinatos contra polacos nas fronteiras, mas o crime em Parośla foi o primeiro de natureza em massa.
 
No verão e no outono de 1943, o terror da OUN-UPA atingiu proporções enormes. O mês de julho foi particularmente sangrento, especialmente o domingo, 11 de julho de 1943. Nesse dia, ao amanhecer, unidades do Exército Insurgente Ucraniano - muitas vezes com o apoio ativo da população ucraniana local - cercaram e atacaram simultaneamente 99 vilarejos polacos.
 
Lá ocorreram massacres desumanos de civis e destruição de casas. As vilas rurais foram queimadas e os bens saqueados. Os pesquisadores calculam que cerca de 8.000 polacos - principalmente mulheres, crianças e idosos - foram mortos somente naquele dia.
 
A população polaca foi morta com balas, machados, foices, facas e outras ferramentas, muitas vezes em igrejas durante missas e cultos.
 
De acordo com as descobertas dos historiadores, um total de aproximadamente 100.000 polacos foram mortos pelas mãos dos nacionalistas ucranianos entre 1943 e 1945.
 
O Instituto de Memória Nacional coleta informações sobre os assassinados dentro da estrutura da Base de Vítimas do Massacre da Volínia. Uma parte integrante do projeto é um mapa interativo dos crimes, que marca os locais de morte vinculados aos dados e fatos das vítimas descritos na base.
 
A família Szwed (apelidada de Selvagens) de Wola Ostrowiecka. Da esquerda para a direita: Karolina (morta em Wola Ostrowiecka), Marianna (morta junto com seu marido), Wincentyna, Anaztacja, Anna (morta junto com seus cinco filhos), Michał (morto em Wola Ostrowiecka), Jadwiga.

O que foi o Massacre da Volínia?

Foi uma limpeza étnica antipolaca perpetrada por nacionalistas ucranianos, com caráter genocida. Incluiu não apenas a Volínia, mas também as voivodias de Lwów, Tarnopol e Stanisławów e até mesmo parte das voivodias que faziam fronteira com a Volínia: a região de Lublin (do oeste) e a Podláquia (do norte).

O Massacre da Volínia durou de 1943 a 1945. O genocídio de polacos indefesos foi obra da Organização dos Nacionalistas Ucranianos, a facção do líder fascista Stepan Bandera (OUN-B) e seu braço armado, o Exército Insurgente Ucraniano (UPA).

Nos seus próprios documentos estes enlouquecidos genocidas se referiram ao extermínio planejado da população polaca como uma "ação antipolaca".

 Capítulo do livro "Terras da Polônia"

Agressor ucraniano, na vila da Mina Stepańska, município de Kostopol, na voivodia da Volínia, em julho de 1943. Desenho feito pelo professor e vice-comandante de autodefesa da mina, Władysław Kurkowski. Fonte: Ewa Siemaszko.

Os massacres cometidos contra polacos nas regiões da Volínia, Podólia, Małopolska (Pequena Polônia) Oriental, voivodia Lubelska e voivodia da Podláquia cometidos pelo UPA-Exército Insurgente Ucraniano com o apoio de partes da população ucraniana, de 1943 a 1945, foram das mais covardes agressões executadas durante a Segunda Guerra Mundial.

A maior alta dos massacres ocorreu em julho e agosto de 1943. A maioria das vítimas era de mulheres e crianças. Muitas das vítimas polacas, foram torturadas até a morte. Estupravam, desmembravam, imolavam, entre outros métodos desumanos. Os crimes do UPA resultaram em cerca de 100.000 mortes.

Segundo Timothy Snyder, a limpeza étnica foi uma tentativa rutena-ucraniana de impedir que o Estado polaco do pós-guerra reafirmasse sua soberania sobre as aquelas terras seculares polacas.

Henryk Komański e Szczepan Siekierka afirmam que os assassinatos estavam diretamente ligados às políticas da facção de Stepan Bandera na OUNB-Organização dos Nacionalistas Ucranianos e seu braço militar, o Exército Insurgente Ucraniano.

 O objetivo dos guerrilheiros conforme especificado na Segunda Conferência da OUN-B, entre 17 a 23 de fevereiro de 1943 foi para expurgar todos os não-ucranianos do futuro Estado da Ucrânia.

A organização ilegal dos nacionalistas ucranianos que operava desde 1929 tinha como objetivo principal criar um Estado da "Ucrânia para os ucranianos". A OUN intensificou os planos organizacionais, de propaganda e de combate depois de 1935. Mas eles foram implementados somente depois que a Polônia foi atacada pelas fronteiras Oeste e Leste, respectivamente, pelas forças nazistas, soviéticas. Ataques cometidos contra camponeses desarmados.

Antes da grande guerra circulavam rumores sobre a prontidão de combate para uma revolta geral ucraniana, no caso, de um confronto armado polaco-alemão previsto pela OUN. Após a invasão alemã, em setembro de 1939, nas terras habitadas tantos por polacos, rutenos e “ucranianos”, a OUN-UPA passou a aniquilar a população polaca com assassinatos cruéis em grande escala, através de incêndios, saques e destruição de propriedades.

O resultado das investigações conduzidas pela Comissão de Acusação de Crimes contra a Nação Polaca do Instituto da Memória Nacional da Polônia, o massacre contra populações indefesas de polacos foi classificado como genocídio.

As dimensões dos crimes da OUN-UPA contra os polacos nas quatro voivodias pré-guerra, Volínia, Lwów, Stanisławów e Tarnopol foram determinadas pelos registros detalhados das atrocidades cometidas nas cidades e eventos individuais. Isto foi documentado considerando listas de nomes das vítimas.

A revolta ucraniana foi considerada uma das variantes da Polônia sendo tomada pela Alemanha, o que tinha sido acordado com o ramo emigrante da OUN (que cooperava com a Alemanha).

Quando as tropas soviéticas entraram na Polônia, em 17 de setembro de 1939, a Alemanha deixou de inspirar e apoiar a revolta ucraniana. No entanto, a revogação da rebelião não atingiu todos os elos da OUN. Subversões, brigas e assassinatos, provaram que a OUN estava pronta para agir contra o Estado polaco e contra os polacos indefesos.

Milícias ucranianas agiram na Volínia, Leste da Małopolska e na Podólia, desarmando soldados e policiais, roubando propriedades estatais e privadas, principalmente polacos fugindo dos nazistas para o Oriente.

Estas milícias assassinaram não apenas indivíduos, mas também grandes grupos. Os autores dos crimes, no Leste da Małopolska, onde a OUN preparou o levante foi onde obtiveram maior impacto sobre a população ucraniana que passou a apoiá-los. Já na Volínia, os polacos foram assassinados tanto por nacionalistas quanto comunistas, que anteriormente estavam associados ao Partido Comunista da Ucrânia Ocidental. Partido que dissolvido em 1938. 

Somente em 1939, os assassinatos e brigas cometidas pelos ucranianos totalizaram a morte de pelo menos 1036 polacos, na Volínia, e outras 2242 polacos, na Podólia.

Os crimes covardes dos ucranianos foram mais visível em cinco municípios, Brzeżany e Podhajecki, na voivodia de Tarnopol, em Łuck e Lubomel, na Volínia, e em Drohobyckie na voivodia de Lwów.

Mesmo antes da guerra, as regiões de Brzeżany e Podhajecki se distinguiam pela agressividade dos nacionalistas ucranianos contra os polacos. Em outras regiões, a ameaça era tão grande que soldados polacos se renderam aos soviéticos, para não cair em mãos ucranianas. Inclusive, pediram proteção reforçada em Bursztyń, no distrito de Rohatyń, na voivodia de Stanisławów (atualmente chamada de Iwano Frankiwski).

Os ataques contra os polacos incentivados pelos soviéticos com panfletos, assumiram dimensões inesperadas até mesmo para os russos. Estes acreditavam que os ucranianos iriam exterminar apenas os cavalheiros e meio-mestres, mas não todo e qualquer polaco. Em setembro, instruções apropriadas e um novo folheto foram emitidas para o exército soviético, estreitando o "incentivo" para exterminar os polacos proprietários de terras e casas

* Para saber mais sobre estes massacres, o livro "Terras da Polônia" de Ulisses Iarochinski está à venda na amazon.com (sem o .br):

 Terras da Polônia - Ulisses Iarochinski



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Especialista em polaquices

 

A fortuna que se pode amealhar ao longo da vida e que realmente vale a pena são as amizades. E amigos conhecedores profundos em assuntos específicos então, têm um viés diferenciado que nos enriquecem ainda mais. Tenho um amigo/colega que é especialista em assuntos de polacos. E aqui o termo nada tem de pejorativo, como alguns podem pensar. 

 
Durante anos tinha para comigo que os polacos e seus descendentes brasileiros não gostavam do termo "polaco", considerando-o uma forma depreciativa e até agressiva de tratá-los. Como uma legítima "polaquinha curitibana" (com a permissão de Dalton Trevisan, o criador do termo) interessei-me grandemente pelo assunto ao conhecer o jornalista, escritor, historiador e cineasta Ulisses Iarochinski, que pelo sobrenome já se descobre as origens. E aqui cabe um pequeno esclarecimento: o sobrenome de minha família materna é Zaduski; meus tataravós vieram da Polônia e meus avós - Pedro e Francisca - falavam polaco e um português ruim, carregado de sotaque e com aquele "erre" mal pronunciado.
 
Dito isso é compreensível meu imediato apreço pelo Ulisses, que conheci num grupo de WhatsApp que reúne jornalistas (os verdadeiros, com formação universitária). Ao me aprofundar na amizade descubro que Ulisses é locutor, repórter, ator de teatro, TV e cinema, poeta declamador de mais de 220 poemas no YouTube, e já publicou 19 livros. Além de possuir uma quantidade enorme de pós graduações, mestrado e doutorado feitos na Polônia, cujo idioma domina melhor que muitos polacos.
 
Já no nosso primeiro contato fui direto ao ponto: qual o termo certo, polaco ou polonês? E pacientemente ele me explicou (como bom professor que é) que ambos estão certos e que polaco é aceitável no mundo todo, sem qualquer depreciação aos filhos da Polônia. E logo foi me mostrando seus livros como "Polacos do Brasil", "Polaco" e "Saga dos Polacos". Um tsunami de cultura e conhecimento sobre a polacada da nossa terrinha. Leitura obrigatória para quem tem "ki" no final do sobrenome.
 
Ulisses Iarochinski
 
Eu, particularmente fiquei feliz e satisfeita com a explicação. Mas, nem sempre foi assim. O próprio Ulisses me contou os perrrengues que enfrentou para garantir o polaco em suas capas. Certa feita, num de seus primeiros lançamentos - e tendo ele mesmo que vender seus livros - foi de mala e cuia para uma cidadezinha do interior habitada por muitos polacos, na esperança de sucesso. Logo que montou seu stand de venda, uma pequena fila se fez até a chegada de um nada amistoso suposto leitor que se aproximou e lhe desferiu um certeiro murro no rosto, acabando com o modesto evento. Ele simplesmente não admitia que alguém ousasse usar a palavra "polaco" para se dirigir à sua etnia.
 


Outros inconformados passaram pelos lançamentos de livros do Ulisses, como um que juntou todos os exemplares que pode e os atirou pela janela do primeiro andar da livraria; e ainda outro que chegou gritando e virou a mesa, derrubando tudo o que tinha pela frente. Mas, superadas estas desagradáveis situações, a vida seguiu seu rumo.
 

 
 

 
Novos livros foram escritos e recentemente nosso intrépido jornalista estreou na tela grande o documentário "Cemitério sem Tumbas Auschwitz Birkenau", quando conversou com a plateia e contou sobre suas experiências como guia turístico nos campos de concentração de Auschwitz Birkenau e Plaszow por quatro anos. 
 
Texto: Mara Cornelsen

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

27 JANEIRO 2025 - LIBERTAÇÃO DOS CAMPOS NAZISTAS

Texto de Ulisses Iarochinski
Tenda da Cerimônia diante do Campo de Birkenau

 
 Neste 27 de janeiro de 2025, foram comemorados os 80 anos da libertação dos campos de concentração e extermínio nazistas alemães no Museu de Auschwitz – Birkenau – Monowitz. A cerimônia contou com a presença de reis, rainhas, presidentes e primeiros-ministros, e, à tarde, cerca de 50 sobreviventes participaram de um evento especial. Entre os ausentes estavam o presidente do Brasil e seu embaixador em Varsóvia, bem como o presidente e o primeiro-ministro de Israel. No entanto, o ministro da Educação israelense esteve presente. Também não compareceram o presidente e o primeiro-ministro da Rússia, mas o presidente da Ucrânia marcou presença. Vladimir Putin não é convidado há 3 anos, desde que invadiu a Ucrânia, mesmo sendo do país que libertou os Campos.
 

 
 
 
"Testemunhamos hoje uma enorme onda de antissemitismo, e foi precisamente o antissemitismo que levou ao Holocausto", alertou Marian Turski, de 98 anos - jornalista polaco de ascendência judaica. É presidente do Instituto Histórico Judaico em Varsóvia - em frente a um dos vagões de trem usados para transportar prisioneiros para Auschwitz.
 
 
 
 
 

 
Leon Weintraub, médico de 99 anos com cidadania sueca e nascido em Łódż, na Polônia, condenou a proliferação de movimentos de inspiração nazista na Europa.
 
 
 
 
Alguns sobreviventes vestiam bonés e cachecóis listrados em azul e branco, relembrando seus antigos uniformes de prisioneiros.
 
Em 2005, durante as comemorações dos 60 anos da libertação dos campos, a solenidade ocorreu ao ar livre, diante do Monumento Internacional às Vítimas do Campo, em Birkenau. Agora, nos 80 anos, o evento foi realizado em uma grande tenda branca montada em frente ao portão de entrada de Birkenau.
 

 
 No Brasil, as notícias, artigos e reportagens da imprensa e da televisão nacional deram a impressão de que o evento foi apenas uma comemoração do Holocausto (o genocídio do povo judeu) e não uma homenagem ao esforço do governo da Polônia em preservar todos os campos alemães situados em seu território. Esses incluem Majdanek (pronuncia-se máidánéc), Sobibór (pronuncia-se sóbibur), Chełmno (pronuncia-se réumno), Treblinka (pronuncia-se tréblincá), Bełżec (pronuncia-se béljéts), Monowice (pronuncia-se mónówits), Płaszów (pronuncia-se puachóv), entre outros campos menores nas proximidades.
 
A Segunda Guerra Mundial não teve como objetivo inicial o extermínio de pessoas de origem judaica, mas fazia parte de um plano muito mais amplo.
 
A ascensão de Adolf Hitler ao poder começou em setembro de 1919, pouco após o término da Primeira Guerra Mundial. Hitler ingressou no partido político conhecido como Deutsche Arbeiterpartei (abreviado como DAP – Partido Alemão dos Trabalhadores), que, em 1920, passou a se chamar Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como Partido Nazista).
 
Fatores como a Grande Depressão Americana (1929), o desemprego em massa, as decisões do Tratado de Versalhes (1919), o descontentamento social com o regime democrático ineficaz, o apoio popular a partidos nacionalistas e o temor de uma revolução socialista levaram a alta burguesia alemã, empresários e o clero a apoiarem a extrema-direita do espectro político, optando por partidos extremistas como o Partido Nazista.
 
Após as eleições de julho de 1932, os nazistas se tornaram o maior partido no Parlamento, com 230 cadeiras. No entanto, não alcançaram maioria parlamentar até que Hitler fosse nomeado chanceler da Alemanha, em 27 de fevereiro de 1933.
 
Em 14 de julho de 1933, a Alemanha foi oficialmente declarada um Estado de partido único por meio de um decreto-lei:
 
“O Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães constitui o único partido político da Alemanha. Aquele que tentar manter ou formar um novo partido será punido com trabalhos forçados por até três anos ou com prisão de seis meses a três anos, caso a ação não esteja sujeita a penalidade maior, em conformidade com outros regulamentos.”
 
Em 24 de maio de 1933, o Congresso aprovou o Ato de Autorização, transferindo suas funções legislativas para o poder executivo, que, no caso, estava sob o controle de Hitler.
 
Em 2 de agosto de 1934, Hitler unificou os cargos de Presidente e Chanceler (Primeiro-Ministro) sob o novo título de Führer und Reichskanzler (Líder e Primeiro-Ministro do Império), assumindo também o comando das forças armadas.
 
Em outubro de 1933, a Alemanha retirou-se da Sociedade das Nações. O país transformou-se em um Estado nacionalista, no qual não-arianos e opositores do nazismo foram excluídos da administração pública. O sistema judiciário tornou-se submisso ao regime nazista, e campos de concentração foram criados para aprisionar opositores políticos.
 
O primeiro deles, Dachau, localizado em território alemão, foi inaugurado em 20 de março de 1933. Na noite de 9 para 10 de novembro de 1938, ocorreu o evento conhecido como a "Noite dos Cristais" (Kristallnacht). Nesse pogrom organizado, forças das SA e civis alemães atacaram violentamente a comunidade judaica na Alemanha e na Áustria. O regime nazista apresentou o ataque como uma "resposta espontânea" ao assassinato do diplomata alemão Ernst vom Rath por Herschel Grynszpan, um polaco de origem judaica, em Paris.
 
Antes desses acontecimentos na Alemanha, a Polônia, que havia recuperado sua independência em 11 de novembro de 1918, firmou um acordo secreto com a França em fevereiro de 1921. Esse tratado estabelecia que, no caso de uma das nações ser atacada, "ambos os governos se comprometeriam a defender seus territórios e proteger seus legítimos interesses".
 
Em outubro do mesmo ano, a Polônia assinou outro acordo com a Romênia, assegurando ajuda mútua em caso de agressão externa.
 
Em 25 de julho de 1932, a Polônia firmou em Moscou um pacto de não agressão com a União Soviética. Temendo tempos difíceis, o governo polaco assinou em 26 de janeiro de 1934 um acordo de não agressão com a Alemanha.
 
O ministro das Relações Exteriores da Polônia, Józef Beck, acreditava que esses tratados tornariam a Polônia um parceiro estratégico para França e Inglaterra. No entanto, o primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain agravou a situação ao adotar uma política de apaziguamento diante da crescente ameaça de guerra.
 
Em 12 de março de 1938, a Alemanha invadiu a Áustria, anexando-a ao Império Nazista. Posteriormente, os governos da Itália, França e Grã-Bretanha firmaram um acordo com Hitler, entregando-lhe a região dos Sudetos (uma cadeia de montanhas localizada na fronteira entre a República Tcheca, a Polônia e a Alemanha). Ainda em março, a Alemanha invadiu a Tchecoslováquia, seguida pela Lituânia.
 
A Polônia esperava pelo apoio da França e da Inglaterra, mas o primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain, ignorou os acordos e afirmou: “De nós, evidentemente, dependerá que ação consideraremos como ameaçadora à independência da Polônia. Isso nos preservará de sermos envolvidos em uma guerra por causa de um problema fronteiriço.”
 
No final de 1938, Hitler exigiu que a Polônia aceitasse a anexação de Gdańsk e a construção de um corredor exclusivo para uma rodovia e uma ferrovia ligando Berlim a Gdańsk. Varsóvia, naturalmente, recusou tal exigência absurda.
 
Em 22 de agosto de 1939, Hitler ordenou que a Polônia fosse atacada quatro dias depois. Ele declarou: “A destruição da Polônia é a prioridade. Que a piedade não tenha espaço em vossos corações. Atuem brutalmente.”
 
No entanto, a data do ataque foi adiada para 1.º de setembro devido ao Pacto Ribbentrop-Molotov, assinado em 23 de agosto, que definiria as futuras fronteiras entre a Alemanha e a União Soviética após a extinção da Polônia.
 
Em 17 de setembro, os soviéticos (russos e ucranianos) invadiram a Polônia pelo leste.
 
Atacada por ambos os lados, a Polônia resistiu bravamente, mas não conseguiu deter a dupla invasão. A resistência polaca durou seis semanas sem capitular, um feito que a França, com um contingente militar superior, não conseguiu repetir, rendendo-se em apenas duas semanas.
 
Fatos menos conhecidos evidenciam o papel crucial da Polônia na derrota de Hitler e da Alemanha Nazista:
 
1. A Polônia organizou o maior movimento de resistência de toda a Europa ocupada. Os polacos sabiam que lutavam pela preservação de sua nação e de seu território.
2. O maior e mais terrível dos campos de concentração e extermínio nazistas foi construído em terras polacas.
3. Para expandir suas fronteiras para o oeste, a União Soviética assassinou 22 mil oficiais do exército polaco na Floresta de Katyń e outros 3 mil em Charków, Starobielsk e Ostaszków.
4. Entre 1.º de agosto e 2 de outubro de 1944, durante o Levante de Varsóvia, o povo varsoviano enfrentou sozinho 22 mil soldados nazistas, enquanto tropas russas e ucranianas observaram passivamente, sem prestar qualquer auxílio, do outro lado do rio Vístula.
 
Mas voltemos aos judeus, em sua maioria polacos natos. A decisão final de eliminar os europeus de origem judaica surgiu em uma carta do general nazista Reinhard Heydrich ao diplomata Martin Franz Juliusz Luther, do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha. 
 
Na carta, Heydrich solicitava a implementação da "Solução Final para a Questão Judaica", planejando remover os judeus dos territórios ocupados pela Alemanha. Em 31 de julho de 1941, Adolf Hitler ordenou que Heydrich lhe apresentasse um plano geral para exterminar todas as pessoas de origem judaica, independentemente de suas nacionalidades ou cidadanias. Esse plano começou a ser executado em 20 de janeiro de 1942.
 

 
 
 
 
 
No final da guerra, a Polônia sofreu mais do que qualquer outro país envolvido no conflito. Mais de 25% de sua população foi dizimada, e Varsóvia foi completamente destruída. Segundo o coronel polaco Eugeniusz Kozłowski, "a Polônia foi a primeira vítima da guerra iniciada pela Alemanha de Hitler e, ao mesmo tempo, o primeiro país da Europa que não capitulou sem luta, interrompendo as anexações do Terceiro Império Alemão." 
 
 
 
 
 
 
Do contingente de 1 milhão de soldados polacos, 239.800 foram mortos, 218.100 ficaram feridos e 619.900 foram feitos prisioneiros pelos exércitos alemães. Por outro lado, 76.100 soldados alemães morreram e outros 11.700 ficaram feridos. Nenhum soldado alemão foi capturado pelos polacos.
 
Quando a guerra começou, a Polônia tinha uma população de 23 milhões de habitantes. Desses, 18,5 milhões eram polacos de origem eslava, 3 milhões eram polacos de origem judaica, e 1 milhão era composto por ciganos, alemães, rutenos-ucranianos, eslovacos, tchecos, romenos e outros grupos étnicos. 
 
Segundo Paul Johnson, em toda a Europa viviam 8.861.800 pessoas de origem judaica. Na Polônia, residiam 3,5 milhões deles, o que representava 39,22% da população judaica europeia, tornando-se a maior concentração desse povo em um único território.
 
Isso se devia ao fato histórico de que os judeus estavam na Polônia há mais de mil anos. Foram crescendo em número desde que começaram a ser expulsos de diversos reinos europeus, como os sefarditas da Península Ibérica, em 1492 pelo reino católico da Espanha. 
 
Durante o reinado de Casimiro, o Grande, os judeus de todo o mundo conhecido foram convidados a se estabelecer no reino católico romano da Polônia. Nesse período, foi criada uma cidade murada ao lado da então capital do reino, Cracóvia, chamada Kazimierz, que hoje é um bairro da cidade.
 
Os seis grandes campos de concentração e extermínio nazistas na Polônia foram as principais áreas de genocídio em território ocupado. O complexo de Auschwitz, por exemplo, consistia em três unidades principais e 45 subcampos:
 
• Auschwitz I, na cidade de Oświęcim, era o centro administrativo do complexo. Antes da ocupação nazista, funcionava como um quartel do exército polaco. Ali, foram assassinadas cerca de 70 mil pessoas, a maioria composta por polacos étnicos, prisioneiros soviéticos e ciganos.
 
Auschwitz II, conhecido como Birkenau, foi construído sobre uma vila na cidade de Brzezinka e tornou-se o principal local de extermínio do complexo. Com quatro crematórios instalados, 960 mil judeus foram assassinados, incluindo polacos católicos, protestantes e ortodoxos; húngaros, alemães, gregos, eslovacos, tchecos e outras nacionalidades. Além disso, morreram 75 mil polacos não judeus (professores universitários, soldados e líderes políticos) e 19 mil ciganos polacos
 
Auschwitz III, localizado em Monowice, conhecido por Monowitz, servia como campo de trabalho forçado para a fábrica de borracha sintética Buna-Werke, da IG Farben.
 
Outros campos de extermínio em território polaco também testemunharam atrocidades em grande escala:
 
Majdanek, localizado em um bairro da cidade de Lublin, operava exclusivamente como campo de extermínio. Nele, morreram 1.380.000 pessoas, incluindo polacos étnicos, polacos de origem judaica e indivíduos de outras religiões e etnias.
 
Treblinka, próximo à cidade de Siedlce, foi responsável pela morte de 800 mil pessoas.
 
• Bełżec, nas proximidades da cidade de Tomaszów Lubelski, viu o extermínio de 600 mil pessoas.
 
Chełmno, próximo à cidade de Łódź, exterminou 340 mil pessoas.
 
Sobibór, perto da cidade de Włodawa, foi o local de morte de 250 mil pessoas. Destas, cerca de 180 mil eram de origem judaica, sendo metade deles nascidos na Polônia, e o restante formado por judeus da Holanda, Bielorrússia e Lituânia.
 
Segundo o Museu de Auschwitz, os nazistas trouxeram para os três campos do complexo do Campo de Concentração e Extermínio Alemão de Auschwitz 1.300.000 pessoas. Destas, 1.100.000 eram de origem judaica (incluindo polacos e indivíduos desta etnia de outros países), 150.000 eram polacos não judeus (católicos e protestantes), 23.000 eram ciganos (a maioria nascida na Polônia), 15.000 eram prisioneiros soviéticos (russos, ucranianos, bielorrussos e outras nacionalidades) e 25.000 pertenciam a outros grupos étnicos.
 
O professor doutor Czesław Madajczyk apresenta uma visão divergente em relação aos números geralmente aceitos sobre o genocídio de pessoas de origem judaica durante a Segunda Guerra Mundial. Enquanto o criador do termo "Holocausto", Simon Weisenthal (nascido na cidade polaca de Buczacz), estimou que 6 milhões de judeus foram assassinados, Madajczyk afirma que o número seria de aproximadamente 2,7 milhões de indivíduos desta origem étnica. Dentre esses, cerca de 500.000 morreram em assassinatos em massa nos guetos das principais cidades da Polônia, enquanto 200.000 foram executados nas ruas.
 
O restante, entre 1,6 milhão e 1,95 milhão de pessoas, incluindo polacos de diversas religiões e origens, foi assassinado nos campos de Treblinka, Sobibór, Bełżec, Majdanek e Chełmno. Assim, do total de 6 milhões de vítimas, cerca de 3,3 milhões eram polacos de origem não judaica. Desses, aproximadamente 500.000 polacos católicos foram mortos na União Soviética.
 
Entre os sobreviventes, 530.000 ficaram inválidos; 40.179 foram vítimas de experimentos médicos; 60.000 desenvolveram debilidade mental; e mais de 1 milhão sucumbiram a enfermidades adquiridas durante a guerra, mesmo após o término do conflito.
 
A Polônia foi o segundo país mais afetado economicamente durante o conflito, com prejuízos estimados em 50 bilhões de dólares. Em primeiro lugar, ficaram as 15 repúblicas socialistas soviéticas, que registraram perdas de 128 bilhões de dólares. Após a guerra, a Polônia foi entregue ao controle soviético, e Moscou retirou 40% de seu território, repassando-o para a Ucrânia, Bielorrússia e Lituânia. Alguns argumentam que a Polônia não deveria reivindicar seus antigos territórios na Volínia, Podólia e parte da Małopolska, uma vez que recebeu de volta regiões historicamente polacas, como a Silésia e a Pomerânia, que haviam sido ocupadas pela Alemanha por 127 anos, de 1793 até 1918.
 
Enquanto isso, a algoz Alemanha Ocidental, uma das principais responsáveis pela guerra, foi reconstruída com ajuda dos Estados Unidos por meio do Plano Marshall, idealizado pelo Secretário de Estado George Marshall. 
 
O país recebeu bilhões de dólares na época. No total, a Grã-Bretanha ficou com 26% dos recursos do Plano Marshall, a França com 18%, e a Alemanha com 11%. Moscou, por outro lado, bloqueou qualquer assistência às nações sob sua influência, como Tchecoslováquia, Hungria, Alemanha Oriental e Polônia. Até mesmo Portugal, que não participou ativamente da guerra, recebeu 140 milhões de dólares em ajuda do plano.
 
“Com a diminuição do número de sobreviventes do Holocausto, a responsabilidade pela memória recai sobre nossos ombros e sobre as futuras gerações”, afirmou o rei Charles III durante sua visita ao Centro de Justiça Comunitária de Cracóvia.
 
O presidente ucraniano, Volodymyr Żeleński, que se declara de origem judaica, esteve presente na cerimônia em Birkenau e declarou que o mundo precisa se unir "para deter o mal", uma afirmação amplamente interpretada como uma referência à Rússia.
 
 
BIBLIOGRAFIA
 
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