A Conferência da Ação Política dos Conservadores (CPAC, na sigla em inglês), o maior encontro da extrema-direita norte-americana, realizou esta terça-feira pela primeira vez uma encontro na Polônia, a cinco dias do segundo turno das eleições presidenciais naquele país da Europa Central.
"Precisamos que elejam o líder certo. Vocês serão os líderes que farão a Europa regressar aos valores conservadores", apelou no evento Kristi Noem, secretária da Segurança Interna dos Estados Unidos e aliada do presidente norte-americano, Donald Trump.
O segundo turno polaco, neste próximo domingo, coloca em confronto Karol Nawrocki, um historiador apoiado pelo principal partido da situação, os extrema-direitas populistas do PiS - Partido Lei e Direito, com o prefeito da capital Varsóvia, o liberal e pró-europeu Rafał Trzaskowski, que é apoiado pela Coligação Cívica,liderada pelo PO - Partido da Cidadania, o mesmo do primeiro-ministro Donald Tusk.
Kristi Noem descreveu Trzaskowski como "um completo desastre de líder" e Nawrocki como alguém que liderará a Polônia num estilo semelhante ao de Trump, de quem o candidato é assumido apreciador.
O presidente norte-americano já indicou que o historiador extremista como seu favorito ao triunfo nas eleições polacas, após tê-lo recebido na Casa Branca.
"Se vocês [elegerem] um líder que trabalhe com o Presidente Donald J. Trump, o povo polaco terá um aliado forte que garantirá que vocês serão capazes de lutar contra inimigos que não partilham os nossos valores", argumentou a secretária de Segurança Interna norte-americana.
A política republicana referiu-se ainda à manutenção de fronteiras fortes se Nawrocki vencer e à continuação da presença de militares norte-americanos no país, atualmente estimada em cerca de dez mil soldados, num contexto de ameaça russa e da guerra na vizinha Ucrânia.
Na abertura do encontro, o presidente da CPAC, Matt Schlapp, afirmou que os fascistas de todo o mundo estão a travar uma batalha contra os "globalistas", que descreveu como inimigos da fé, da família e da liberdade.
Schlapp lembrou que a organização apoiou Trump durante as suas batalhas jurídicas e declarou que ameaças semelhantes estavam a ocorrer em países como a Polônia.
"Quando um de nós está sob ataque, o resto de nós deve defendê-lo", acrescentou, destacando a importância dos conservadores ganharem eleições, incluindo na Polônia, para "a liberdade das pessoas em todo o lado".
As eleições presidenciais polacas colocam em disputa duas visões opostas para o país, com os liberais de Tusk e os seus aliados no Governo a alertar para um retrocesso, após o PiS ter sido retirado do poder, em outubro de 2023, ao fim de oito anos marcados por acusações de autoritarismo e confronto com a União Europeia.
Os dois candidatos estão empatados nas sondagens. A declaração de apoio do candidato derrotado de extrema-direita Sławomir Mentzen com seus 14,8% dos votos pode fazer a diferença nesta reta final de campanha.
Rafał Trzaskowski e Karol Nawrocki, que ficaram separados por uma curta margem, 31,3% e 29,5% respetivamente, lutam nas urnas para suceder o atual presidente da República Andrzej Duda de extrema-direita, que atingiu o limite de mandatos e tem usado amplamente o seu poder de veto para condicionar a agenda do Governo.
A reunião da CPAC, cujos encontros anuais decorrem desde 1974, teve lugar em Jasionka, perto da cidade de Rzeszów, no sudeste da Polónia, quase na fronteira com a Ucrânia, uma região fortemente conservadora.