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Paulina Babiński-Hażelski e Bolesław Filip-Jarosiński avôs polacos de Ulisses Iarochinski nascidos na Polônia |
Quando comecei as pesquisas para criar meu portal Saga dos Polacos no ano de 1998, deparei-me com alguns preconceitos arraigados entre a comunidade de descendentes de imigrantes polacos no Brasil.
Palavras como Polonês, criado por uma elite em Curitiba, em 1927, para substituir o genuíno termo adotado em Portugal e consequentemente em 8 países lusófonos oficialmente, provocou-me uma aflição.
Mais recentemente comecei a ouvir de "doutos" que eu não era polaco, mas polônico, ou em idioma da Polônia: polonijne.
Ambos horríveis e preconceituosos.
No meu blogspot, e no meu canal de YouTube que completaram 20 anos, neste ano da graça de 2025, alerto aos visitantes que a única palavra gentílica para os polacos e seus descendentes em qualquer país do planeta é uma só: POLACO.
Neste blog, todos os textos apresentam tão somente as palavras ... polaco e polaca (também no plural), pois o autor está convicto que estes sejam os termos adequados e corretos para denominar o gentílico (e seus descendentes) da Polônia em língua portuguesa, como aliás, fazem os demais 7 países lusófonos ao redor do mundo. Se polaco é pejorativo para alguns, polonês é preconceituoso para outros tantos.
Por que?
Porque “Polonijny” é um termo que nasceu da burocracia estatal e diplomática da Polônia do pós-guerra, quando o país precisava nomear “os seus” espalhados pelo mundo — mas acabou soando como uma categoria administrativa, quase de exterioridade, como se os descendentes de polacos fossem “os de fora”.
Na prática, porém, os nascidos em outros países, são os mesmos, herdeiros do mesmo sangue, da mesma memória, da mesma língua ancestral — ainda que a língua tenha adormecido em algumas famílias, a cultura e o afeto pela Polônia permanecem vivos.
Usar “społeczność polskiego pochodzenia” (comunidade de origem polaca) ou “potomkowie Polaków” (descendentes de polacos) é uma escolha de respeito — ela reconecta a diáspora à sua fonte, sem paternalismo nem hierarquia.
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Anna Baniński e Wiktorio Hażelski bisavôs de Ulisses Iarochinski nascidos na Polônia |
Assim, a todos aqueles que acreditam ser Polaco um termo pejorativo, deveriam procurar saber porque este termo polonez (quando foi criado ainda não havia sido feita a reforma ortográfica de 1941) foi imposto para a grande comunidade de descendentes de imigrantes da Polônia nascidos no Brasil.
Ainda da fundação da mais antiga sociedade de imigrantes polacos da América Latina, a Sociedade Tadeusz Kościuszko, o termo polonijne já existia lá na Polônia ocupada por Rússia, Alemanha e Áustria. Tanto é verdade que a entidade recebeu o nome de Sociedade Polono Brasileira Tadeusz Kościuszko, e não Polônica.
Polônico nunca foi adotado em Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor Leste. Isso para não falar em Goa, Macau, Itália, Espanha e outros 26 países hispânicos. Todos herdeiros do termo Latim Polonia (sem acento circunflexo), usado pela diplomacia e academia polaca da Polônia.
A comunidade brasileira de descendentes de polacos permanece como um testemunho vivo da permanência da cultura e do espírito nacional da Polônia. Iniciativas artísticas conjuntas, não são apenas expressões de memória em torno de grandes criadores, mas também formas de preservar e desenvolver a identidade polaca em um novo contexto cultural. Por meio do teatro, da música, do artesanato, da poesia, do folclore e da palavra, constrói-se uma ponte entre o passado e o presente, entre a Polônia e o Brasil — uma ponte erguida com gratidão, paixão e o desejo constante de diálogo entre povos unidos pela história e por valores compartilhados.
Estes termos inventados por conveniência, vergonha ou patrulhamento ideológico, servem apenas para dividir, nunca para somar.
Se Portugal decidiu que era POLACO, que assim seja, agora, como no outrora Reino Unido Portugal, Brasil e Algarve.
MOJE SERCE BIJE PO POLSKU!!!