domingo, 6 de março de 2022

Primeira corrida Curitiba homenageando os soldados polacos da resistência


A corrida "Pegada do Lobo" (TROPEM WILCZYM) está comemorando seu décimo aniversário! E é a primeira vez que acontece em Curitiba e também na América Latina.

O local da corrida foi o Parque Barigui, num percurso de 1963 metros. Cem (100) descendentes da maior colônia polaca latino-americana deram início às 8 horas da manhã, deste 6 de março de 2022, simultaneamente com mais de 300 cidades no mundo. Pelo fuso horário em Varsóvia era meio dia.


A primeira edição contou com a presença de cerca de uma dezena de entusiastas da história, mas foi graças a eles que tudo começou. A cada ano, a corrida reúne cada vez mais pessoas interessadas na história dos Soldados Polacos Amaldiçoados, razão pela qual este é atualmente o maior projeto esportivo e educacional desse tipo no mundo.

Os corredores curitibanos descendentes de imigrantes usaram uma fita azul e amarela nos braços e pulsos em apoio aos ucranianos que estão resistindo a invasão russa.


De 1944 a 1963, um grupo de soldados polacos lutou tenazmente e na clandestinidade contra o socialismo soviético implantado na Polônia através de eleições fraudulentas em 1949.

Em 2011, 1º de março foi declarado feriado - o Dia Nacional de Memória dos "Soldados Amaldiçoados".

É um feriado que homenageia e comemora os soldados da resistência poloca anti-socialismo soviético operando nos anos 1944-1963 dentro das fronteiras da República da Polônia pré II Guerra Mundial. O que fale dizer, territórios polacos que atualmente se encontram no Oeste da Ucrânia.



Em 2013, um grupo de entusiastas e ativistas sociais decidiu organizar "Tropem Wilczy. Corrida Memorial dos Soldados Amaldiçoados” na floresta perto de Zalew Zegrzyński.

A primeira edição da corrida foi de sobrevivência e nela participaram 50 participantes. Um ano depois, graças ao grande empenho de pessoas da Fundacja Wolność i Demokracja, que a organiza até hoje, a corrida começou a ganhar força e foi transferida para um local conhecido de edições posteriores em Varsóvia, no Parque Skaryszewski. 1500 corredores correram então!

O poeta polaco Zbigniew Hebert explica o porque da corrida ser chamada de nas pegadas do Lobo: 

"Porque eles viviam a lei do lobo. A história é silenciosa sobre eles. Foram deixados para trás na neve branca. Urina amarelada e vestígios das pegadas dos lobos." (tradução do autor)

Desde 2015, a corrida é nacional e se tornou permanente do calendário de eventos do país.

Em 2020, foi quebrado o próprio recorde e quando foram reunidos 75.000 corredores em 370 cidades. Sendo 9 delas em outros países (Chicago, Christchurch, Herdorf, Keysborough, Londres, Nova York, Penrose Park, Viena, Vilno), 50 cidades (como parte de guarnições militares) e 7 missões militares no exterior (Afeganistão, Bósnia e Herzegovina, Iraque, Kosovo, Letônia, República Centro-Africana, Romênia), onde a homenagem aos Soldados da  Resistência e denominados Amaldiçoados foi prestada não apenas por soldados polacos, mas também por soldados dos EUA, Hungria, Dinamarca e Ucrânia.

Em 2021, com as devido à pandemia, correram 66.000 pessoas em 290 lugares, incluindo 14 cidades estrangeiras!




o corredor brasileiro-polaco Iarochinski na chegada depois de quase 2 km

Texto, fotos e corredor: ulisses iarochinski

Em Curitiba, a organização do evento foi a Sociedade Marechal Józef Piłsudski, Consulado Geral da República da Polônia, Grupo Folclórico Wisła do Paraná, Presidência da República da Polônia, Fundacja Wolność i Demokracja, Wolne Dźwięki PL, Instytut Pamięci Narodowej, Pepe TV, TVP - Polonia e Prefeitura Municipal de Curitiba.

quinta-feira, 3 de março de 2022

“Hejnał” de Cracóvia

Foto: O.J.'s Trumpet Page

O toque de Cracóvia, ou “Hejnał”, já se tornou algo mítico depois de tantos séculos de existência. Lendas, ou histórias são contadas por todos os cracovianos. Para alguns, representa o anúncio da abertura e fechamento dos antigos portões medievais da cidade, mandados construir pelo Rei Casimiro - "O Grande".

Para outros, o toque é anterior ao reinado de Casimiro (último rei da dinastia Piast). Segundo a versão mais aceita, o toque marcial lembra o alarma dado por um corneteiro quando do ataque das forças tártaras em 1241.

A interrupção abrupta do toque representa o momento em que o corneteiro foi atingido por uma flecha dos soldados do mongol Genghis Khan. Mas o alerta colocou de prontidão as forças do rei polaco e após um dia inteiro de escaramuças, Cracóvia foi salva. O mais antigo relato sobre o “Hejnał” (pronuncia-se reinau) é uma crônica de 1392.

A palavra “hejnał” é de origem húngara e significa alvorecer (amanhecer). O uso desta palavra para desiginar o toque de alerta teria se iniciado sob o reinado do rei Ludwik I, também chamado de "O Húngaro", que reinou na Polônia entre 1370 e 1382.

Apenas em três momentos, o alerta não soou na cidade.

Durante a guerra napoleônica a cidade ficou na miséria completa, o toque deixou de ser executado por algum tempo. Mas com generosidade dos cidadãos Tomasz i Julianna Krzyźanowska, o “Hejnał” voltou a soar no alto da torre da Mariacka, em 1810.

Já no século vinte, como parte das lendas, a morte por causa natural do trompeteiro de turno, à meia noite, do dia 7 de julho de 1901, interrompeu o toque. E a terceira vez (o período mais longo) que o trompete emudeceu foi durante a ocupação alemã, na segunda guerra mundial.

De 1939 até as 19 horas do dia 24 de dezembro de 1941, o povo não pode ouvir o alerta. Desde então, mesmo sob o comunismo, o “Hejnał” nunca mais foi interrompido. O “Hejnał” foi tocado simultaneamente, em 18 de maio de 1944, na torre da igreja e também em campos da Itália, para anunciar a vitória da legião polaca na Batalha de Monte Cassino.

O toque é executado por policiais, que se revezam em turnos de 8 horas, em todas as horas cheias do dia, inclusive durante a madrugada. O corneteiro inicia seu ritual abrindo as janelinhas no alto da torre mais alta - uma em cada ponto cardeal - e repete quatro vezes o toque. O alerta cracoviano do meio-dia é transmitido ao vivo pela Rádio Polônia, desde 1927, para todo país.

Foto: O.J.'s Trumpet Page

Em 11 de junho de 2000, o “Hejnał” entrou para o “Guinness Book of Records”, depois de ter sido tocado ao mesmo tempo em várias partes do mundo por mais de 2 mil trompetistas civis e militares de orquestras da Polônia Inglaterra, Bélgica e Espanha. O mais jovem trompetista tinha 8 anos e o mais idoso 79 anos de idade.

O trompetista que por mais anos tocou o “Hejnał” foi Adolf Śmietana, por longos 36 anos, desde 1926. A família Kołton executa o “Hejnał” por três gerações. Em outubro de 2004, Jan Kołton se aposentou depois de 33 anos tocando no alto da torre. Seu pai tinha feito o mesmo durante 35 anos e a tradição agora continua com seu filho.

Clique para baixar e ouvir o "Hejnal" em

Assista o corneteiro tocando via Youtube
Para tocar use a pauta abaixo:



sábado, 26 de fevereiro de 2022

Informações para os refugiados ucranianos



Comunicado do Ministério do Interior e Administração da Polônia Informações para os refugiados da Ucrânia.

1. Se você estiver fugindo do conflito armado na Ucrânia, será admitido na Polônia.

2. Se você não tiver um local de estada na Polônia, dirija-se ao ponto de recepção mais próximo.

3. No ponto de recepção: você receberá informações mais detalhadas sobre sua estada na Polônia, iremos fornecer-lhe alojamento temporário na Polônia, você receberá uma refeição quente, bebida, assistência médica básica e um lugar para descansar.

PONTO DE PASSAGEM DE FRONTEIRA ENDEREÇO ​​DO PONTO DE RECEPÇÃO

- Dorohusk-Jagodzin Centro Comunitário de Cultura e Turismo do Palácio de Suchodolski, ulica (rua) Parkowa 5, 22-175 Dorohusk - conjunto habitacional 

- Dolhobyczów-Uhrynów Centro de Cultura e Recreação da Fronteira, ulica Spółdzielcza 8, 22-540 Dołhobyczów 

- Zosin-Ustyluh Complexo Escolar em Horodło, ulica Piłsudskiego 58, 22-523 Horodło 

- Hrebenne-Rawa Ruska Escola Primária em Lubycza Królewska (atrás do pavilhão desportivo), ulica Jana III Sobieskiego 5, 22-680 Lubycza Królewska 

- Korczowa-Krakowiec Salão, Korczowa 155, 37-552 Korczowa 

- Medyka-Szeginie Centro Esportivo - Medyka 285, 37-732 Medyka - Budomierz-Hruszew Escola Primária em Krowica Sama 183, 37-625 Krowica Sama 

- Krościenko-Smolnica Antiga escola primária em Łodyna, Łodyna 41, 38-700 Ustrzyki Dolne 

TELEFONE DIRETO
+48 47 721 75 75

MAIS INFORMAÇÕES





Інформація для біженців з України 1. Якщо Ви рятуєтесь від збройного конфлікту в Україні, Ви зможете в'їхати до Польщі. 3. Урецепційному центрі: Ви отримаєте додаткову інформацію про Ваше перебування в Польщі, ми надамо Вам тимчасове житло в Польщі, Ви отримаєте гаряче харчування, напої, базову медичну допомогу та місце для відпочинку. Пункт пропуску | 

АДРЕСА РЕЦЕПЦІЙНОГО ЦЕНТРА Дорогуськ-Ягодзін Комунальний центр культури і туризму «Палац Суходольських», вул. Паркова 5, 22-175 Дорогуськ - житловий масив Долгобичів-Угринів Прикордонний центр культури та відпочинку, вул. Spółdzielcza 8, 22-540 Dołhobyczów Зосін-Устилуг Шкільний комплекс у Городло, вул. Piłsudskiego 58, 22-523 Городло Гребенне-Рава Руська Початкова школа в Любичі Кролевській (задня частина спортивного залу), вул. Jana III Sobieskiego 5, 22-680 Lubycza Królewska Корчова-Краковець Загальна кімната, Korczowa 155, 37-552 Korczowa Медика-Сегінє Спортивний зал - Медика 285, 37-732 Медика Будомир-Грушів Початкова школа в Кровіці Сама 183, 37-625 Кровіця Сама Крощенко-Смольниця Колишня початкова школа в Лодині, Лодина 41, 38-700 Устшики Дольні 

ГАРЯЧА ЛІНІЯ +48 47 721 75 75 

БІЛЬШЕ ІНФОРМАЦІЇ 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Apelo de uma amiga ucraniana

MARTA ZBOROVSKA Colega no curso de idioma e cultura polaca da Universidade Iaguielônica de Cracóvia está pedindo a ajuda de amigos e conhecidos na cidade de Wrocław, na Polônia.


Zwracam się do wszystkich znajomych i kolegów. Sytuacja w moim kraju jest krytyczna. Mężczyźni bronią naszą ojczyznę, ale kobiety i dzieci muszą uciekać. Bardzo proszę o wsparcie! Przed chwilą do Wrocławia przejechało dużo kobiet z dziećmi z Ukrainy, a granicy jedzie jeszcze więcej. Wielu z nich nie mają przystanku, jest potrzeba w zapewnieniu mieszkania, pokojów, miejsca dla noclegów na okres od 2 do 15 dni. Jeżeli ktoś z twoich znajomych lub wasze znajomi mogą pomóc, będę bardzo wdzięczna. 

TRADUÇÃO
Apelo a todos os meus amigos e colegas. A situação no meu país é crítica.
Os homens defendem nossa pátria, mas as mulheres e as crianças devem fugir.
Estou pedindo seu apoio! Há alguns momentos, muitas mulheres com filhos da Ucrânia viajaram para Wrocław, e muitas outras ainda mais estão indo para a fronteira da Polônia.
Muitos deles não têm onde ficar, há a necessidade urgente de providenciar apartamento, quartos e um local de alojamento por um período de 2 a 15 dias.
Se algum de seus amigos ou conhecidos puder ajudar, ficarei muito grata.

Marta é natural da cidade de Iwano-Frankowsk, no atual território da Ucrânia.

P.S. ARRE!!! Como me lembro da Marta, a mais simpática, alegre, querendo enturmar todo mundo. Sempre sorridente e doce.

Ucrânia: Comunicado da Uniwersytet Jagielloński

Reitoria da UJ - Collegium Novum

Em relação à agressão armada da Rússia contra a Ucrânia e à brutal violação de acordos e padrões internacionais em vigor no mundo civilizado, a comunidade acadêmica polaca condena veementemente o ataque ao nosso vizinho e o uso da violência contra ele.

Expressamos nossa total solidariedade com todo o povo ucraniano e apoiamos a Ucrânia como um Estado soberano, e declaramos toda a assistência possível nestes tempos difíceis. Ao mesmo tempo, apelamos às autoridades do Ministério da Educação e Ciência para que lancem, em cooperação com a Agência Nacional de Intercâmbio Acadêmico, medidas especiais, incluindo as legais, para apoiar cientistas ucranianos, estudantes de doutorado e estudantes que expressem sua disposição de continuar suas atividades nas universidades polacas.

A comunidade acadêmica polaca intensificará e desenvolverá ainda mais a cooperação em todas as suas formas com nossos parceiros acadêmicos ucranianos.

Prof. Arkadiusz Mężyk - Presidente da Conferência de Reitores de Escolas Acadêmicas na Polônia
Prof. Marcin Pałys - Presidente do Conselho Geral de Ciência e Ensino Superior
Prof. Jerzy Duszyński - Presidente da Academia Polaca de Ciências
Prof. Dariusz Surowik - Presidente da Conferência de Reitores de Escolas Públicas Profissionalizantes
Prof. Waldemar Tłokiński - Presidente da Conferência de Reitores de Escolas Vocacionais na Polônia
Jaroslaw Olszewski -Presidente da Representação Nacional dos Estudantes de Doutorado
Doutor Igor Kilanowski - Presidente do Conselho de Jovens Cientistas
Matthew Grochowski - Presidente do Parlamento dos Estudantes da República da Polônia

O texto completo do comunicado está disponível no seguinte link:

A indignação de uma ucraniana

Mensagem da esposa do meu primo Grzegorz Jarosiński
de Bielsko-Biała, Sul da Polônia,
a ucraniana OLHA YAVORNYTSKA-JAROSIŃSKA



 Я багато над чиим думаю. Я пишаюся тим що я Українка. Жодна країна на цій сраній планеті не заслуговує на незалежність так сильно як ми. Другу добу нас нищить шизофренік, за те що ми хочемо жити безпечно. Я дуже розчарована тим що ми благаємо про допомогу, а ця Європа ціла дивиться на нас і каже "ой як шкода" і все більше нічого. Бо блядь гроші важливіші, бізнес важливіший. Ті до яких ми так хотіли приєднатися в 2014 році розводять руками і кажуть ми нічого вам не можем допо… 

Tradução
Tenho muito em que pensar.
Tenho orgulho de ser ucraniana.
Nenhum país neste maldito planeta merece tanto a independência quanto nós.

Segundo dia que estamos sendo destruídos por esquizofrênicos e tudo porque queremos viver em segurança.

Estou muito decepcionada por termos que implorarmos por ajuda, e essa Europa toda olha para nós e diz "ah que pena" e nada mais.

Isto porque a "merda" do dinheiro é mais importante, o negócio é mais importante. Aqueles a quem queríamos nos juntar em 2014 lavam as mãos e dizem que não há nada que não possam fazer para nos ajudar.

Que mundo é este?
Sinto muito que esta COVID não tenha destruído tudo. Porque as pessoas que fecham os olhos para a miséria e morte alheia não se merecem....

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Os dois nomes e dez sobrenomes mais populares na Polônia

"Jan Kowalski" é o nome e sobrenome mais popular na Polônia?
Não!
No país da águia branca, o nome feminino mais popular é Anna e masculino é Piotr (Pedro).
E os sobrenomes?
Kowalski não é o sobrenome com maior número de habitantes.

De acordo com os dados publicados pelo Departamento de Promoção de Políticas Digitais do gabinete do Primeiro-Ministro, o TOP 10 dos sobrenomes polacos mais populares são os seguintes:

1. Nowak - é o sobrenome de 102.503 mulheres e 100.617 homens.

2. Kowalska / Kowalski - este é o nome de 69.240 mulheres polacas e 68.061 polacos.

3. Wiśniewska / Wiśniewski - é um sobrenome de 55 329 mulheres e 54 170 homens.

4. Wójcik - 49 892 mulheres e 48 786 homens com este nome vivem no país.

5. Kowalczyk - é o sobrenome de 49.198 mulheres e 47.992 homens.

6. Kamińska / Kamiński - este é o sobrenome de 47 703 mulheres e 46 735 homens.

7. Lewandowska / Lewandowski - este é o sobre nome de 47.224 mulheres polacas e 45.363 polacos.

8. Zielińska / Zieliński - este é o sobre nome de 45 555 mulheres e 44 713 homens.

9. Szymańska / Szymański - este é o sobrenome de 44.529 mulheres e 43.499 homens.

10. Nesta posição, entre os homens, está o sobrenome Woźniak. 43.487 homens são assim chamados. Entre as mulheres, antes da Sra. Woźniak , está Dąbrowska com  44 204 pessoas.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Meus tetravôs polacos


Confesso que nem estava pensando nos meus parentes, nem polacos, nem mineiros, mas estava na Internet pesquisando sobre outras coisas que não ancestralidade e de repente apareceu um site polaco.

De brincadeira coloquei o nome dos meus trisavôs (pais do bisavô) para busca, algo que já tinha feito dezenas de vezes.

E não é que apareceu?

Jan (João) Jarosiński e Wiktoria Jackowska. Ele, com 29 anos, filho de Andrzej Jarosiński e Barbara Rogulska. Ela, filha de Józef Jackowski e Agnieszka Arament.

Casaram-se em 28 de outubro de 1878, na Vila de Stare Poręby, cidade de Dobre (50 km de Varsóvia), voivodia da Mazóvia.

Não bastasse esta descoberta, não é que apareceram dois filhos do casal?

Stanisław (Estanislau), nascido em 4 de maio de 1879 e PIOTR (Pedro - meu bisavô), em 22 de dezembro de 1880, ambos em Stare Poręby.

Andrzej e Barbara, Józef e Agnieszka são meus tetravôs polacos!!!

Já estive em Dobre, Mińsk Mazowiecki, Siedlce e Varsóvia algumas vezes e não tinha encontrado estes dados, que estão nos arquivos de uma das Cúrias de Varsóvia, no bairro de Praga, do outro lado do rio Vístula, e onde Polański gravou várias cenas de seu filme "O Pianista".


Poręby Stare pertenceu ao município de Radzymina, distrito de Rudzienko, paróquia de Stanisławów. Está distante 35 de Radzymina e era habitada por 12 pessoas em 254 m² de terra.

Em 1827, existiam 10 casas de 87 m² cada. Fazia parte da vila de Dobre. Mas em 1880, foi separada de Dobre e de Rudzienko. Havia, então, no lugar uma fábrica de vidro com 30 trabalhadores e uma fábrica de alcatrão.

Dobre, o atual distrito a que pertence Poręby Stare foi criado em 1530 e elevado a categoria de cidade em 1852.

Em 17 de fevereiro de 1831, na vila de Makówiec Duży, ocorreu uma batalha entre as tropas polacas comandadas pelo general Jan Skrzynecki e o batalhão russo liderado pelo general Rosen.


A escritora e poeta Maria Konopnicka descreveu essa batalha em um belo poema intitulado "Bitwa pod Dobrem", começando com as palavras: "Como Dwernicki em Stoczek, sim Skrzynecki em Dobrem ...".

Antes da Segunda Guerra Mundial, muitos polacos de origem judaica viviam em Dobre. De acordo com os dados do censo de 1921, 373 deles viviam em Dobre, o que constituía 34% da população da vila. Em 15 de setembro de 1942, os polacos- judeus de Dobre foram deportados para o campo de extermínio de Treblinka e a sinagoga da cidade foi destruída.

De acordo com o Censo Nacional de População e Habitação de 2011, a população da vila de Poręby Stare é de 94 pessoas, dos quais 50,0% são mulheres e 50,0% são homens.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Vinte e um anos do livro SAGA DOS POLACOS

 


Meu livro SAGA DOS POLACOS - A POLÔNIA E SEUS EMIGRANTES NO BRASIL completou agora no final de novembro 21 anos de seu lançamento.

O livro causou-me várias alegrias e algumas decepções. Amado por uns e desprezado por outros, Saga dos Polacos continua vendendo e servindo de referência bibliográfica para vários trabalhos de conclusão de cursos de graduação, dissertações de mestrado e teses de doutorado em universidade do Brasil e do exterior.

A maior alegria foi por causa dele ser agraciado com 4 cursos na Polônia com bolsa do ministério da educação daquele país: 2 de idioma e cultura polaca, 1 mestrado em cultura internacional e 1 doutorado em história.

As decepções foram várias, a começar por 3 agressões em Erechim-RS, São Paulo-SP e Curitiba-PR. Sem contar o desprezo de preconceituosos poloneses e polônicos que insistem em manchar com seu ódio e preconceito a bela palavra gentílica Polaca.

Reproduzo o prefácio do professor doutor argentino-brasileiro Hugo Daniel Mengarelli, que soube entender a importância de Saga dos Polacos para os milhares de brasileiros descendentes de imigrantes polacos:

Conheci Ulisses lá pelos idos de 1976, tão logo havia eu chegado a Curitiba na condição de imigrante argentino. Leitor de Érico Veríssimo, interessado pelo Brasil e seu futuro, não nos surpreende que venha a se preocupar por aqueles que deixaram a vida e o sangue para fazê-lo arvorar, por aqueles que estão na origem deste Ulisses Iarochinski. O resultado é uma consequência lógica, se quiser necessária: Saga dos Polacos.

Pretender que seja um livro de história é uma exigência a que a obra não se propõe, exigir que seja uma exaltação polonesa dos polacos é contrária à visão do autor. Entretanto é um livro de notável pesquisa e ricas informações, feito com a paixão de um descendente que rende homenagem a uma etnia da qual nosso Estado não pode deixar de sentir orgulho. Quem pode falar do Paraná sem falar dessa força, desse espírito que os polacos imprimiram? Paraná é tão polaca que quando casei com Jandyra (em tupy: "doce como mel") eu disse, casei com uma autêntica paranaense (na realidade ela não é tupy e sim filha e neta de polacos.)

O livro faz um percurso pela história da Polônia, tão sofrida e castigada ao longo dos séculos, e também pela história da imigração, não menos sofrida e castigada. Vida dura como pedra, mas não é em pedra dura onde melhor se lavra? Ulisses nos conta como eles mesmos lavraram em pedra dura, desafiaram a intempérie com suas butkas e domy, atravessaram as falsas promessas com suas wielki wosy, aqueceram suas noites com Kapuśniaki e adoçaram seus silêncios e suas broncas com sernik

Deparando-nos com a riqueza da etimologia das palavras, podemos notar que sendo o polaco eslavo, e o termo słowianie em polaco significa "verbo", "palavra", que é a arma da criação do mundo, e sua raiz sław significa "glória", deparamo-nos também que slavo em latim significa "escravo". Que relação poderia haver entre palavra, glória e escravo? Conforme nos ensinou Hegel, é o escravo quem faz a história - apesar de que seja o senhor quem leva a glória. Mas enquanto que o senhor precisa do escravo para se reconhecer, o escravo se reconhece através do seu próprio trabalho. Noutras palavras, ninguém escapa de ser escravo, mas parece que o senhor é o pior deles, já que precisa do outro para se reconhecer. Um, escravo do reconhecimento, o outro do trabalho. Não é que estes eslavos tinham como farol a frase da Bíblia: o trabalho dignifica? Se o verbum divino - palavra em latim - criou o mundo o trabalho humano deu a continuidade, essa é a glória neste povo de palavra. E não devemos em grande parte a esta gente o fato de sermos reconhecidos no Brasil como um povo trabalhador? Os primeiros plantaram batatas para fazerem crescer médicos, artistas, e poetas.

Ulisses preocupa-se em recuperar o termo polaco ao invés de polonês, pois que este surge do preconceito com os "polacos", do preconceito do sofrimento desta gente. Assim como os jovens da aristocracia paranaense usurpavam o corpo de uma polaquinha, também usurpavam a indígena, a negra, a italiana, a ucraniana, etc.. Preconceitos à parte, dos encantos femininos, quem é o verdadeiro escravo? Disse Golias a Sanuel: Escolham um de vocês para lutar contra mim. Se ele for suficientemente forte para me vencer, nós seremos seus escravos.(Livro de Samuel 17). Davi não era suficientemente forte, mas astuto o suficiente. A condição da mulher é outorgar na sua alteridade, um lugar ao homem. A força está no Dom e não no surrupiar, este livro nos mostra muito bem isso. Por quê negar aquilo que nos faz raiz, seja por seus aspectos positivos ou negativos? Ou por acaso todos os imigrantes de qualquer etnia foram fora de série, ninguém roubou, matou ou traiu? A história, não só na Polônia, nos fala disso, mas, por exemplo, nem por isso todos os italianos são carcamani. O termo "polonês" de alguma maneira surrupia o que de mais sacrificado, doloroso e glorioso este povo encerra. O grande poeta falou : Meu coração polaco voltou, e voltará sempre enquanto hajam Leminskis, Iarochinskis, Morozowiczs, Osinskis, etc. Voltarão através desta mistura "viralata" que tanto dignifica esta terra. E será mesmo que existe alguma raça pura, ou a história já se encarregou de "viralatá-la"?

O povo polaco é fundamentalmente sua língua e se ele existe hoje como nação foi porque existiram Kosciuszkos e Piłsudskis que falavam polaco, porque existiu uma religião, a católica, que os manteve unido diante da invasão protestante e ortodoxa, e porque eram slavos, eram verbo, palavra, escravos. Senão como poderiam ser tão facilmente enganados com as promessas feitas pela elite brasileira se eles não fossem gentes de palavra? Como bons eslavos sonhavam com a liberdade, não foi por acaso nas senzalas que surgiram os Quilombos?

Ulisses Iarochinski nos toca fundo quando fala de Cruz Machado e de todo o drama que representa este nome para a coletividade polaca, mas ao mesmo tempo que caboclos tiravam vantagem de um povo de figura e língua estranha, tinha outros como o farmacêutico Antiocho Pereira que entregou-se por inteiro, como um "Bom Samaritano", para salvar a este povo da epidemia.

Passarão os anos e o Brasil haverá de integrar as etnias que o engrandeceram e enalteceram, assim como a selva Amazônica tomou conta da Transamazônica. Mas marcas de sua passagem continuarão sto lat sto lat , "cem anos cem anos" nos hábitos, nos costumes e na origem gravada nos sobrenomes Leminski, Wachowicz, Nadolny, Saporski, Morozowicz, Iarochinski, Bodziak, etc.. Niech żyje żyje nam, que viva que viva para nós, paranaenses e brasileiros. 

 Hugo Mengarelli - Professor de Teatro e Cinema da UFPR. Diretor da Companhia de Teatro PalavrAção da UFPR e dramaturgo.